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Grasiele Aparecida de Alencar Felix Obras de terra © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Grasiele Aparecida de Alencar Felix Meu nome é Grasiele Aparecida de Alencar Felix, nasci na cidade de Londrina/PR e sou graduada, desde 2012, em Engenharia Civil pela UniCesumar, instituição situada na cidade de Maringá/PR. Possuo especialização em engenharia de edificações e uma vasta experiên- cia em controle tecnológico dos materiais empregados nas diversas vertentes da engenharia civil, experiência essa que adquiri ao traba- lhar em umas das mais importantes empresas do sul do Brasil nesse ramo, a Controlnort, na época presidida pelo renomado e já falecido engenheiro civil Mauro de Souza Araújo, o qual foi de extrema impor- tância na minha formação acadêmica e profissional. Atualmente atuo na área de perícia e verificação de patologias em edificações e também como docente na mesma instituição onde conquistei minha titulação, lecionando as disciplinas de Mecânica dos Solos e de Fundações e Obras de Terra. Sobre os autores Sumário Capítulo 1 Compressibilidade e teoria de adensamento dos solos .. 9 1.1 Compressibilidade ........................................................................................... 10 1.1.1 Parâmetros de compressibilidade ......................................................... 11 1.1.2 Ensaios de compressibilidade ............................................................... 13 1.2 Adensamento ................................................................................................... 18 1.2.1 Teoria de terzaghi ................................................................................... 18 1.3 Recalques ........................................................................................................ 22 1.3.1 Recalque inicial (teoria da elasticidade) ................................................ 23 1.3.2 Recalque primário (adensamento primário) .......................................... 26 1.3.3 Recalque secundário (adensamento secundário) ................................. 28 Capítulo 2 Resistência ao cisalhamento dos solos .........................31 2.1 Resistência ao cisalhamento dos solos........................................................... 32 2.1.1 Resistência por atrito ............................................................................. 33 2.1.2 Resistência por coesão .......................................................................... 36 2.2 Círculo de mohr ............................................................................................... 39 2.3 Métodos de avaliação ...................................................................................... 41 2.3.1 Cisalhamento direto ............................................................................... 41 2.3.2 Compressão simples .............................................................................. 44 2.3.3 Compressão triaxial ............................................................................... 45 Capítulo 3 Aterros sobre solos moles ..............................................51 3.1 Aterro sobre solos moles ................................................................................. 52 3.1.1 Origem dos solos moles......................................................................... 53 3.1.2 Investigação geotécnica......................................................................... 56 3.2 Estabilidade de aterros .................................................................................... 65 3.3 Soluções para construção de aterros sobre solos moles ............................... 68 3.3.1 Substituição da camada de solo mole ................................................... 68 3.3.2 Aterros leves ........................................................................................... 69 3.3.3 Bermas de equilíbrio .............................................................................. 70 3.3.4 Construção por etapas ........................................................................... 71 3.3.5 Pré-carregamento .................................................................................. 72 3.3.6 Drenos verticais ...................................................................................... 72 3.3.7 Aterro estaqueado .................................................................................. 74 3.3.8 Outros procedimentos ............................................................................ 75 3.4 Dimensionamento de aterros sobre solos moles ............................................ 75 3.5 Recalques em solos moles .............................................................................. 77 Capítulo 4 Empuxo de terra .............................................................79 4.1 Empuxo ............................................................................................................ 80 4.1.1 Empuxo em repouso .............................................................................. 82 4.1.2 Empuxo passivo e empuxo ativo ........................................................... 85 4.1.3 Teoria de rankine .................................................................................... 85 4.1.4 Teoria de coulomb .................................................................................. 89 4.1.5 Método das cunhas ................................................................................ 91 Capítulo 5 Estabilidade de taludes ..................................................93 5.1 Taludes ............................................................................................................. 94 5.1.1 Movimento de massas ........................................................................... 95 5.2 Análise de estabilidade de taludes .................................................................. 101 5.2.1 Fator de Segurança ............................................................................... 101 5.2.2 Método do Talude Infinito ....................................................................... 105 5.2.3 Método de Culmann ............................................................................... 105 5.2.4 Método das Cunhas ............................................................................... 106 5.2.5 Método das Fatias .................................................................................. 107 Capítulo 6 Estruturas de contenção e reforço .................................113 6.1 Estruturas de contenção .................................................................................. 114 6.1.1 Contenções provisórias .......................................................................... 116 6.1.2 Contenções definitivas ........................................................................... 118 6.2 Reforço de terreno ........................................................................................... 119 6.2.1 Terra Armada .......................................................................................... 120 6.2.2 Geossintéticos ........................................................................................ 120 6.2.3 Solo grampeado ..................................................................................... 122 6.2.4 Cortinaatirantada ................................................................................... 124 Capítulo 7 Estruturas de arrimo .......................................................127 7.1 Estrutura de arrimo .......................................................................................... 128 7.2 Tipos de muros de arrimo ................................................................................ 130 7.2.1 Muros de gravidade ............................................................................... 131 7.2.2 Muros de concreto ................................................................................. 135 7.2.3 Influência da água .................................................................................. 138 7.3 Estabilidade de muros de arrimo ..................................................................... 140 Capítulo 8 Barragens de terra e enrocamento ................................145 8.1 Aspectos gerais ................................................................................................ 146 8.1.1 Barragens de terra ................................................................................. 148 8.1.2 Barragens de enrocamento ................................................................... 149 8.1.3 Barragens de rejeitos ............................................................................. 151 8.2 Projetos de barragens...................................................................................... 153 8.2.1 Itens necessários para implantação ...................................................... 154 8.2.2 Auscultação geotécnica ......................................................................... 156 8.2.3 Elementos principais .............................................................................. 159 CONCLUSÃO ...................................................................................170 REFERÊNCIAS ................................................................................174 Caro(a) aluno(a), Com enfoque na disciplina de Obras de Terra, este material foi elaborado com o intuito de proporcionar a você um conhecimento mais amplo e técnico do assunto. Obras de Terra constitui um tema cada vez mais presente no co- tidiano da Engenharia Civil, seja em obras de pequeno porte, por exemplo, estruturas de arrimo, seja em obras de grande escala, como barragens de terra. Este material foi elaborado com base nos textos dos mais reno- mados autores da engenharia geotécnica nacional e internacional, oferecendo uma visão geral das práticas de campo, laboratório e realização de projetos de Obras de Terra. O material está organizado em oito capítulos. Os dois primeiros relatam as características dos solos quanto à compressibilidade, adensamento e cisalhamento, indispensáveis para compreensão dos temas seguintes, que são aplicações diretas dessas proprie- dades físico-mecânicas dos solos. Já o capítulo quatro relata as condições de empuxo de terra, seus tipos, aplicações e procedi- mentos de cálculo. Os capítulos três, cinco, seis, sete e oito rela- tam os procedimentos executivos e de verificação de segurança de: aterros sobre solos moles, estabilidade de taludes, estruturas de contenção e reforço, estruturas de arrimo, e barragens de terra e enrocamento, respectivamente. Apresentação Grasiele Aparecida de Alencar Felix Introdução Compressibilidade e teoria de adensamento dos solos Capítulo 1 É necessário destacar que os efeitos da compressibilidade e adensamento dos solos infl uenciam diretamente na formação de recalques, tema esse que é de grande importância na engenharia geotécnica, já que, se esses efeitos forem desprezados, danos, desde pequenas deformações até mesmo rupturas (colapsos), podem acontecer na fundação (infraestrutura) e, consequentemente, na supraestrutura da edifi cação. O tema exposto tem como base de estudo literaturas atuais e aplicadas no contexto da engenharia civil, focando, principalmente, em autores conceituados na engenharia geotécnica nacional e internacional, como Ortigão e Terzaghi, respectivamente. Para tal tema, é necessário um conhecimento prévio de Mecânica dos Solos, sobre origem e formação dos solos, critérios de classifi cação e características físico-mecânicas dos solos, visto que a compressibilidade e o adensamento desses depende diretamente da sua tipologia. É válido ressaltar que a compreensão deste capítulo será de extrema importância para a aplicação de outras temáticas a serem avaliadas nesta unidade, principalmente no que se refere à execução de aterros sobre solos moles. 12 UNIUBE • Compreender os fatores que interferem no recalque da camada de solo abaixo da zona de carregamento. • Explicar os processos de compressibilidade e adensamento dos solos. • Identificar os processos de recalque existentes. • Apontar procedimentos para determinação dos recalques. • Compressibilidade • Adensamento • Recalques Objetivos Esquema Neste capítulo, serão abordados os parâmetros e os fatores que influenciam a compressibilidade dos solos, as tensões de pré-adensamento, a compressibilidade em solos argilosos e arenosos, os recalques e os adensamentos (conceituação, cálculos e ensaios). Compressibilidade1.1 Independentemente do tipo de obra a ser edificada, conhecer os parâmetros de compressibilidade e adensamento do solo devido aos carregamentos verticais é de extrema importância, pois é com base nisso que o engenheiro conseguirá projetar e/ou executar uma obra obedecendo aos critérios mínimos de segurança e não atingindo o Estado Limite de Segurança (ELS). As cargas são transmitidas ao solo, gerando uma redistribuição dos estados de tensão do maciço, seja ela de origem estrutural ou, até mesmo, provinda de um aterro, o que causa um acréscimo de tensões, que acarretará deformações em maior ou menor inten- sidade na área próxima ao carregamento, resultando, assim, em recalques superficiais (MARAGON, 2013). UNIUBE 13 1.1.1 Parâmetros de compressibilidade Cavalcante (2006) afirma que a compressibilidade (deforma- ções) se caracteriza como sendo a propriedade que têm os ma- teriais de sofrerem diminuição de volume quando lhes são apli- cadas forças externas. Uma das principais causas de recalques é a compressibilidade do solo. A NBR 6122 (2010, p. 3) define recalque como “um movimento vertical descendente de um elemento estrutural. Quando o movi- mento for ascendente, denomina-se levantamento”. Ela menciona, também, que as pressões e cargas admissíveis em fundações su- perficiais e profundas, respectivamente, podem provocar recalques apenas que a construção possa suportar. As deformações podem acontecer rapidamente (característica de solos arenosos e solos argilosos não saturados) ou de maneira len- ta (observado em solos argilosos saturados), as quais são analisa- das de duas maneiras gerais: ou seguindo a Teoria da Elasticidade ou pela compressibilidade edométrica (BASTOS, 2005). PARADA OBRIGATÓRIA A Teoria da Elasticidade e compressibilidade edométrica será explanada mais profundamente neste mesmo capítulo. 14 UNIUBE Maragon (2013) define que o solo é um sistema particulado com- posto de partículas sólidas e espaços vazios, os quais podem estar parcial ou totalmente preenchidos com água. Os decréscimos de volume dos solos podem ser atribuídos, de maneira genérica, a três causas principais: • Compressão das partículas sólidas; • Compressão dos espaços vazios do solo, com a consequente expulsão da água (no caso de solo saturado); • Compressão da água (ou do fluido) existente nos vazios do solo. O autor ressalta, também, que as deformações que ocorrem na água e nos grãos sólidos são desprezadas (pois são incompressíveis), cal- culando-se, portanto, apenas as deformações volumétricas do solo a partir da variação do índice de vazios (MARAGON, 2013). Gonçalves, Marinho e Futai (2014, p. 94) afirmam que: O recalque por adensamento ocorre em argilas, e podeser entendido como a deformação lenta de solos argilosos, devido à expulsão da água dos vazios do solo. Esta expulsão é devida a um acréscimo de tensão externa (adensamento primário) ou ao rearranjo interno da estrutura do solo sob uma tensão efetiva constante (adensa- mento secundário). Gerscovish, Martins e Lima (2013, p. 5) destacam que “a magnitude destas deformações deve ser avaliada e comparada com aquelas admissíveis para o bom funcionamento da construção projetada, ao longo da sua vida útil”. UNIUBE 15 Saiba mais As deformações nem sempre serão uniformes, o que pode acar- retar em danos às estruturas assentes sobre o solo de fundação e inviabilizar a sua utilização. Muitas obras de engenharia ficaram conhecidas por conta dos recal- ques ocorridos em suas estruturas de fundações ocasionados pela compressibilidade e adensamento dos solos, como exemplos têm-se a Torre de Piza (Itália) e os diversos edifícios na orla de Santos. Mais detalhes sobre esses recalques e, até mesmo, sobre proces- sos de reforço e estabilização de fundações, disponíveis em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/multimidia/torre_de_pisa.html> <http://joaofarias03.blogspot.com.br/2010/07/os-predios-tortos-de- santos.html> 1.1.2 Ensaios de compressibilidade Pinto (2006, p. 178) menciona que: O comportamento dos solos perante os carrega- mentos depende de sua constituição e do estado em que o solo se encontra, e pode ser expresso por parâmetros que são obtidos em ensaios ou através de correlações estabelecidas entre estes parâmetros e as diversas classificações. As propriedades de compressibilidade dos solos podem ser defini- das a partir de ensaios de compressão, que podem ser classifica- dos de acordo com o grau de confinamento (CAVALCANTE, 2006): 16 UNIUBE • Não confinados. • Confinados parcialmente. • Confinados integralmente. 1.1.2.1 Ensaio não confinado O ensaio de compressão não confinado é também conhecido como ensaio de compressão simples ou, ainda, como ensaio U (ORTIGÃO, 2007). Cavalcante (2006) resume o ensaio como sendo a moldagem de um corpo de prova cilíndrico, onde o carregamento ocorre pela ação de uma carga axial, aplicada em uma única direção,permi- tindo que o corpo de prova se deforme em outras direções sem qualquer restrição (Figura 01). Figura 01- Representação do ensaio de compressão sim- ples - Ocorrência de deformações verticais e horizontais Fonte: adaptada de Cavalcante (2005, p. 34). UNIUBE 17 Da imagem é possível extrair a equação de deformação longitudinal: (1) Em que: = Deformação longitudinal (mm). Δh = Decréscimo da altura do corpo de prova (mm). h = Altura inicial do corpo-de-prova (mm). Valejos (2005) cita que, nesse ensaio, também é possível calcular a pressão exercida sobre o corpo de prova por meio da equação: (2) Em que: σ = Pressão (kgf/cm²). C = Carga do anel dinamométrico (kgf). PN = Peso do nivelador (kgf). A = Área corrigida (cm²). 18 UNIUBE Por meio de de tais relações, obtêm-se os valores do módulo de elasticidade e do coeficiente de Poisson, pois o solo não é um ma- terial elástico, mas admite-se com frequência um comportamento elástico-linear (CAVALCANTE, 2006). (3) (4) Em que: E = Módulo de elasticidade (MPa). = Coeficiente de Poisson. = Deformação radial (mm). 1.1.2.2 Ensaio parcialmente confinado É normalmente conhecido como ensaio de compressão triaxial. Nesse caso, aplicam-se, além da tensão axial, pressões laterais que impe- dem parcialmente a liberdade de deformação (CAVALCANTE, 2006). PARADA OBRIGATÓRIA Esse ensaio está detalhado no capítulo 02, no tópico 3.3. UNIUBE 19 1.1.2.3 Ensaio totalmente confinado Cavalcante (2006) afirma que o ensaio totalmente confinado é tam- bém chamado de ensaio de compressão edométrica. Nesse caso, o corpo de prova a comprimir é colocado dentro de um recipiente inde- formável, sendo aplicada externamente a tensão axial. O anel impede qualquer tendência de deformação lateral e o confinamento é total. No estudo das deformações volumétricas de amostras de solo sem de- formações laterais, é utilizado um aparelho desenvolvido por Terzaghi, denominado edômetro, conforme Figura 02 (ORTIGÃO, 2007). Figura 02 - Edômetro Fonte: Ortigão (2007, p. 134). O ensaio é realizado aplicando-se uma tensão vertical na superfície de uma amostra de solo e medindo-se a evolução das deformações verticais ao longo do tempo. Esse ensaio reproduz em laboratório a condição de fluxo e deformação unidimensional, já que a amostra é impedida de se deformar horizontalmente e a drenagem é imposta no topo e na base (GERSCOVISH; MARTINS; LIMA, 2013). 20 UNIUBE 1.2 Adensamento Um depósito de solo saturado e de baixa permeabilidade, quando submetido a uma sobrecarga, apresenta recalques que tendem a aumentar lentamente com o tempo. Aterros em solos aluvionares de baixada ou em regiões de formação marinha, como os man- gues, e, até mesmo, edificações assentadas sobre camadas fracas são exemplos típicos da ocorrência desse fenômeno denominado adensamento ou consolidação (ORTIGÃO, 2007). Cavalcante (2006) afirma que o processo de adensamento é lento e gradual, pois há uma redução do índice de vazios de um solo por expulsão do fluido intersticial e transferência da pressão do fluido para os sólidos, devido às cargas aplicadas ou ao peso próprio das camada sobrejacentes. O processo de compactação (manual ou mecânico) é uma opção para reduzir o índice de vazios por expul- são do ar, antes do carregamento. 1.2.1 Teoria de terzaghi Gonçalves, Marinho e Futai (2014) citam que a Teoria de Terzaghi foi desenvolvida em 1925 e, para ser aplicada, as seguintes hi- póteses são levadas em consideração: o solo é homogêneo e totalmente saturado; as partículas sólidas e a água são pratica- mente incompressíveis; o solo é considerado um elemento infi- nitesimal; a compressão e o fluxo d’água são unidimensionais; o fluxo de água é governado pela lei de Darcy; as propriedades do solo não variam no processo de adensamento; o índice de va- zios varia linearmente com o aumento da tensão efetiva durante o processo de adensamento. UNIUBE 21 Das (2007, p. 266) cita que: No momento em que uma camada de argila com- pressível saturada é submetida a um aumento de tensão, o recalque elástico ocorre imediatamente. Com a condutividade hidráulica da argila é signifi- cativamente menor do que a da areia, o excesso de poropressão gerado pelo carregamento gradu- almente se dissipa, durante um longo período. AMPLIANDO O CONHECIMENTO Para compreender melhor o Modelo Analógico de Terzaghi, acesse as páginas 23 à 27, item 2.2.6.1., Mecanismos da Sobrecarga a Vácuo, do material disponível em: < h t t p : / / w w w 2 . d b d . p u c - r i o . b r / p e r g a m u m / t e s e s a b e r - tas/1112027_2013_cap_2.pdf>. Gerscovish, Martins e Lima (2013) comentam que, quando um solo saturado é submetido a um carregamento, parte da carga é trans- mitida para o arcabouço sólido e parte é resistida pela água. É pos- sível observar essa analogia hidromecânica na Figura 03. 22 UNIUBE Figura 03 - Analogia Hidromecânica (h =0).. (a) Modelo Real; (b) Modelo Físico; (c) Recalque Imediato ou Não Drenado; (d) Início Recalque de Adensamento; (e) Após Dissipação dos Excessos de Poropressão Fonte: Gerscovish, Martins e Lima (2013, p. 23). Nessa analogia, o deslocamento do pistão representa o recalque observado na superfície do solo devido à aplicação de uma tensão vertical, gerando o recalque por adensamento ou primário. É impor- tante ressaltar que nesse modelo a deformação horizontal é nula (GERSCOVISH; MARTINS; LIMA, 2013). Para simular o recalque por adensamento que o solo sofre no campo, é realizado um ensaio de adensamento em laboratório, em que, de maneira resumida, um corpo de prova é carregado UNIUBE 23 sob carga constante durante um intervalo de tempo, até que a de- formação dele mostre tendência à estabilização (GONÇALVES; MARINHO;FUTAI, 2014). A partir desse ensaio, várias informações são obtidas por meio grá- fico. Uma das relações entre a deformação (Ɛ) ocorrida em um elemento em uma certa profundidade (z), em um determinado tem- po (t), e a deformação desse elemento quando todo o processo tiver ocorrido (Ɛf) é o grau de adensamento (U) em porcentagem (CAVALCANTE, 2006). (5) Em que: Ɛ = Variação da altura, expressa na equação (1). Ɛf = Deformação final, obtida pela expressão: [(e1-e2) / (1+e1)] Tominaga, Santoro e Amaral (2009, p. 93) citam que: A evolução do adensamento (ou recalque) com o tempo irá depender do tipo de solo. Por exem- plo, em solos arenosos saturados, devido à sua alta permeabilidade, o adensamento ocorrerá rapidamente, pois a água presente nos vazios do solo pode ser drenada facilmente. Em con- trapartida, nos solos argilosos saturados, quan- do sob aplicação de carga, a saída de água dos vazios do solo é lenta devido à baixa permea- bilidade e, portanto, a magnitude dos recalques irá aumentar com o tempo. 24 UNIUBE 1.3 Recalques Pinto (2006, p. 180) afirma que “os recalques provenientes de um carregamento na superfície do terreno podem ser estimados pela Teoria da Elasticidade ou pela analogia edométrica”. Cavalcante (2006) divide os recalques em três tipos principais: imediatos ou iniciais (por deformação elástica); por adensamento (devido à saída de água do solo); por escoamento lateral (desloca- mento das partículas do solo das zonas mais carregadas para as menos solicitadas). A base para essa divisão é o tempo em que decorrem. Com base nessas três categorias, é possível determinar o recalque total do solo, conforme aponta Figura 04 (GERSCOVISH; MARTINS; LIMA, 2013). Figura 04 - Evolução dos recalques com o tempo Fonte: Gerscovish, Martins e Lima (2013, p. 26). UNIUBE 25 Cavalcante (2006) enfatiza que as causas de tais recalques podem ter como princípio aplicação de cargas estáticas, cargas dinâmicas, erosão do subsolo e, até mesmo, por conta das variações do nível d’água. O recalque total (ρT) é dado por (GERSCOVISH; MARTINS; LIMA, 2013): (6) Em que: ρT = Recalque total. ρc = Recalque por adensamento ou primário. ρs = Recalque por compressão secundária. ρi = Recalque elástico ou imediato. 1.3.1 Recalque inicial (teoria da elasticidade) Gerscovish, Martins e Lima (2013) definem que, quando as defor- mações e o deslocamento são pequenos, os recalques podem ser calculados pela Teoria da Elasticidade. Para aplicação da Teoria da Elasticidade em cálculos de recal- ques, Gonçalves, Marinho e Futai (2014) afirmam que é preciso admitir as seguintes hipóteses: Tensão uniformemente distribuí- da; Material isotrópico; Relação tensão-deformação linear. Área carregada flexível. 26 UNIUBE Pinto (2006) afirma que os recalques provenientes de um carregamen- to feito na superfície do terreno podem ser expressos pela equação: (7) σ = Tensão média na superfície de contato da base da fundação com a camada de solo. Es = Módulo de elasticidade do solo, também denominado de mó- dulo de deformabilidade. = Coeficiente de Poisson. B = Menor dimensão ou diâmetro da área carregada. IP = Coeficiente que leva em conta a forma da superfície carregada e do sistema de aplicação das pressões, obtido na Tabela 01. Tabela 01 - Fatores de influência para fundações superficiais Fonte: adaptada de Das (2007, p. 246). UNIUBE 27 Da tabela, pode-se entender que a geometria da fundação vai afe- tar diretamente esse fator de influência, em que relacionam-se L (maior dimensão da fundação) com B, em função do carregamento e da distribuição de tais cargas. Já o coeficiente de Poisson pode ser obtido com relação direta ao tipo de solo em que o carregamento será aplicado (Tabela 02). Tabela 02 - Coeficiente de Poisson Fonte: adaptada de Das (2007, p. 247). Assim como aplicado na obtenção do coeficiente de Poisson, o mó- dulo de deformabilidade utiliza como parâmetro a classificação do solo (Tabela 03). 28 UNIUBE Tabela 03 - Valores típicos de Módulo de deformabilidade Fonte: adaptada de Gonçalves, Marinho e Futai (2014, p. 42-43). 1.3.2 Recalque primário (adensamento primário) O recalque primário ocorre, geralmente, em solos não saturados; no caso de solos saturados, quando as condições de contorno possibili- tam a existência de deformações verticais e horizontais, os excessos iniciais de poropressão não se igualam ao carregamento aplicado (Δuo UNIUBE 29 ≠ Δ v), fazendo que a variação da tensão efetiva resulte em recal- ques imediatos (GERSCOVISH; MARTINS; LIMA, 2013). Ortigão (2007, p. 189) cita que “O recalque primário é o que ocorre por adensamento devido à expulsão da água dos vazios do solo, sendo o único que pode ser tratado pela teoria do adensamento”. Para determinar o recalque primário, é possível utilizar a expressão: (8) Em que: H0 = Espessura inicial da camada. Maragon (2013) diz que o valor da razão de pré-adensamento pode influenciar na determinação de diversos parâmetros que expres- sam o comportamento dos solos, a partir dessa ideia, é possível determinar o Coeficiente de Compressibilidade (av) por: (9) , logo Em que: Cc = Índice de compressão. Δe = Variação do índice de vazios. Δσ’v = Variação da tensão vertical. 30 UNIUBE 1.3.3 Recalque secundário (adensamento secundário) Das (2007, p. 286) cita que “no fim do adensamento primário, algum recalque é observado por causa do ajuste plástico do tecido do solo. Esse estágio de adensamento é chamado de compressão secundária”. Com tal afirmação, é possível determinar o valor da compressão secundária: (10) Em que: t1 e t2 = Tempo do adensamento. C’α = Índice de compressão secundária efetiva (para argilas so- breadensadas= 0,001 ou menos; argilas normalmente adensadas= 0,005 a 0,03; solo orgânico= 0,04 ou mais). Hp = Espessura da camada após adensamento primário. Reflita Existem duas definições básicas de argilas com base no histórico de tensões (DAS, 2007): • Normalmente adensadas: cuja pressão efetiva presente é a pressão máxima a que o solo foi submetido no passado. • Sobreadensadas: cuja pressão efetiva presente é inferior aquela que o solo experimentou no passado, também conhe- cida como pressão pré-adensamento. UNIUBE 31 Uma das maneiras de facilitar tal teoria às práticas da engenharia ge- otécnica é utilizar o coeficiente de adensamento (cv) ou coeficiente de consolidação, que deve ser expresso em m²/ano (ORTIGÃO, 2007). (11) ou Em que: Hd = Altura do corpo-de-prova. t50 = Tempo em que ocorreu 50% do recalque. O coeficiente de adensamento é determinado por meio de ensaios laboratoriais ou de campo, utilizando-se piezômetros ou marcos de recalque (GONÇALVES; MARINHO; FUTAI, 2014). 1.3.3.1 Fator tempo O fator tempo (T) é definido como um adimensional do tempo (t), em que, com a obtenção desse fator, é possível determinar o grau de adensamento, já que este é definido como a relação entre o recalque ocorrido até o instante t e o recalque total (GONÇALVES; MARINHO; FUTAI, 2014). (12) 32 UNIUBE Em que: Hd = Altura de drenagem. Para relacionar o fator tempo, utilizam-se as correlações: • Para U < 60%, utilizar T= ( /4).U². • Para U ≥ 60%, utilizar T= -0,933.log(1-U)-0,085. Caputo (1988) afirma que o recalque é devido, exclusivamente, a uma redução de vazios, e a seção também se manterá constante durante a deformação, pois não é possível admitir a expansão la- teral do elemento. Conciderações finais É perceptível que a compressibilidade é um assunto fundamental de aplicação na engenharia geotécnica, principalmente no que se diz respeito ao controle de recalques, sendo eles imediatos ou os que ocorrem ao longo do tempo; esse último ocorre com mais fre- quência, principalmente em solos argilosos. Compreender as características de compressibilidade e adensa- mento será de grande auxílio na avaliação de solos moles como base para edificações, estabilidade de taludes, dentre outros,visto que tais aplicações são realizadas em solos que, sem exceção, deformam-se mediante ação de uma carga aplicada. Ter controle sobre essas propriedades garantirá estabilidade e segurança às edificações assentes sobre tais solos. Grasiele Aparecida de Alencar Felix Introdução Resistência ao cisalhamento dos solos Capítulo 2 A grande maioria dos elementos sólidos resistem bem aos esforços de compressão, entretanto, sua capacidade de suporte a tensões de tração e de cisalhamento é bem limitada, e os solos não fogem desse conceito. Conhecer os esforços cisalhantes são de extrema importância em algumas áreas de aplicação da engenharia geotécnica, como estabilização de taludes, empuxos, capacidade de carga de fundações etc., em que tais esforços são baseados, principalmente, nas teorias de tensão e ruptura dos solos, com ênfase nos critérios estabelecidos por Mohr-Coulomb. É imprescindível que, para o estudo de cisalhamento, tenha-se conhecimento das distribuições de tensões e da Teoria da Elasticidade. Este capítulo será de fundamental importância para aplicação dos conceitos a serem estudados nos capítulos 4, 5, 6, 7 e 8, sobre estabilidade de taludes, estruturas de contenção, instabilidade de encostas e taludes naturais, empuxos de terra e muro de arrimo, barragens de terra e de enrocamento, respectivamente. Neste capítulo, abordaremos alguns conceitos e critérios de ruptura, fatores que infl uenciam a resistência ao cisalhamento, bem como os ensaios e cálculos utilizados para determinação dessas tensões. • Compreender os critérios de ruptura dos solos. • Correlacionar valores obtidos em ensaios com características físico-mecânicas dos solos. • Explicar as principais diferença de resistência por coesão e resistência por atrito. • Relacionar métodos empíricos e semiempíricos para obtenção do ângulo de atrito dos solos. • Avaliar os critérios de ruptura estabelecidos por Mohr- Coulomb para obtenção das tensões aplicadas nos solos. • Resistência ao Cisalhamento dos Solos • Círculo de Mohr • Métodos de Avaliação Objetivos Esquema Resistência ao cisalhamento dos solos2.1 De maneira geral, é possível definir resistência ao cisalhamento de uma massa de solos como a resistência interna por área unitária que a massa de solo pode oferecer para resistir a rupturas e a des- lizamentos ao longo de qualquer plano no seu interior (DAS, 2007). A ruptura em si é caracterizada pela formação de uma superfície de cisalhamento contínua na massa de solo (GERSCOVISH, 2010). A autora firma, ainda, que a camada de solo em torno da superfície de cisalhamento que perde suas características durante o proces- so de ruptura forma a zona cisalhada. Gonçalves, Marinho e Futai (2014) mencionam que o solo, em ge- ral, rompe por cisalhamento e que essa resistência é composta por duas parcelas: atrito e coesão. UNIUBE 35 O mecanismo físico que controla a resistência no solo é muito di- ferente dos demais materiais, pois o solo é um material particulado (Figura 05). Dessa forma, a ruptura por cisalhamento ocorre quan- do as tensões entre as partículas são tais que deslizam ou rolam umas sobre as outras (CAVALCANTE, 2006). Figura 05 - Partículas de solo Fonte: Cavalcante (2006, p. 57). 2.1.1 Resistência por atrito É possível compreender a resistência ao cisalhamento fazendo-se uma analogia, nesse caso, pensando-se apenas no atrito, em que, por exemplo, para um bloco se mover em um plano, sua inclinação ( ) tem que ser diferente de zero. Esse ângulo é o próprio ângulo de atrito (Figura 06) e independe do peso do bloco, pois o ângulo não depende da componente normal N. Figura 06 - Deslizamento de um corpo rígido Fonte: Ribeiro Junior (2012, p. 170). 36 UNIUBE Sendo que: N= Força normal transmitida pelo corpo. T= Força necessária para provocar o deslizamento do corpo, força tangencial. P= Peso próprio do bloco. = Ângulo de atrito. O ângulo de atrito dos solos é similar ao conceito de atrito entre os corpos, porém, nos solos, as forças são transmitidas grão a grão (GONÇALVES; MARINHO; FUTAI, 2014). O ângulo de atrito pode ser entendido, também, como o ângulo máximo que a força transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contato sem que ocorra deslizamento (SCHMITZ, 2005). O critério mais utilizado para determinação da ruptura é o do Mohr- Coulomb, em que se estabelece uma função linear escrita por: (13) Em que: = Resistência ao cisalhamento. σ = Tensão normal. = Ângulo de atrito interno do solo. UNIUBE 37 Em solos granulares, é possível determinar o ângulo de atrito por meio de correlação com os resultados do SPT (standard penetra- tion test), conforme Tabela 04. Tabela 04 - Correlação entre compacidade de solos granulares e o Nspt e o ângulo de atrito interno do solo Fonte: Ribeiro Junior (2012, p. 186). O ângulo de atrito de argilas normalmente adensadas também pode ser obtido de maneira indireta, correlacionando os resultados dos ensaios de limites de consistência, apresentado na Tabela 05. Tabela 05 - Correlação entre o ângulo de atrito efetivo de solos argiloso e o IP Fonte: Ribeiro Junior (2012, p. 189). 38 UNIUBE 2.1.2 Resistência por coesão Perin (2011, p. 2) cita que na “mecânica dos solos a coesão pode ser definida, de uma forma genérica, como a resistência ao cisalhamento de um solo quando não há nenhuma pressão externa sobre ele”. A resistência ao cisalhamento do solos é essencialmente devido ao atrito. Entretanto, a atração química entre partículas (principalmen- te, no caso de estruturas floculadas) e a cimentação de partículas (cimento natural, óxidos, hidróxidos e argilas) podem provocar a existência de uma coesão verdadeira (RIBEIRO JUNIOR, 2012). IMPORTANTE! As areias puras não apresentam coesão e, nos solos sedimenta- res, a contribuição da coesão na resistência é muito pequena. Maragon (2005) afirma que a coesão depende da ocorrência de água nos vazios e suas condições de arrumação estrutural. Assim como na resistência por atrito, a resistência por coesão tem seu fundamento no critério de Mohr-Coulomb, dado por: (14) Em que: c = Coesão. UNIUBE 39 Supondo o mesmo esquema apresentado no item anterior, em que a superfície de contato entre os corpos esteja colada, a for- ça normal é nula e a resistência ao cisalhamento é independente dela (Figura 07), esta parcela é definida como coesão verdadeira (RIBEIRO JUNIOR, 2012). Figura 07 - Resistência ao cisalhamento devido à coesão Fonte: Ribeiro Junior (2012, p. 171). Saiba mais A coesão verdadeira, conhecida também como coesão real é diferen- te da coesão aparente, pois a coesão aparente é uma parcela de re- sistência de solos úmidos, não saturados, devido à pressão capilar da água, saturando o solo, essa coesão desaparece, de onde provém o nome aparente. Esse fenômeno é mais visível em areias, em que se tem o exemplo de esculturas de areias feitas nas praias. Com base em todos esses critérios, é possível estabelecer que a resistência ao cisalhamento dos solos depende, predominante- mente, da tensão normal ao plano de cisalhamento, conforme ob- serva-se na Figura 08. 40 UNIUBE Figura 08 - Representação gráfica da resistência ao cisalhamento dos solos Fonte: Ribeiro Junior (2012, p. 171). IMPORTANTE! Pinto (2006, p. 248) ressalta que, na “Mecânica dos Solos, as ten- sões normais são consideradas positivas quando são de compres- são, e as tensões de cisalhamento são positivas quando atuan- tes no sentido anti-horário, considerando-se, também, os ângulos como positivos quando no sentido anti-horário”. Quando o solo encontra-se em um estado saturado, a tensão nor- mal total em um ponto será: (15) Em que: σ’= Tensão efetiva. u= Poropressão. UNIUBE 41 Então, adaptando a equação (14) às condições de tensões efetivas (DAS, 2007), tem-se: (16) 2.2 Círculo de mohr Pinto (2006) afirma que os estados de tensões atuantes passando por um ponto podem ser representadosgraficamente em um siste- ma de coordenadas, em que, nesse sistema, as equações (17) e (18) definem um círculo, o conhecido círculo de Mohr. (17) (18) Ao se conhecer as duas tensões principais, fica simples determinar as tensões em qualquer plano (Figura 09), sejam elas tensões verticais e horizontais (em um terreno com superfície horizontal) ou tensões normais e de cisalhamento em dois planos quaisquer (PINTO, 2006). Figura 09 - Determinação das tensões em um pla- no genérico por meio do círculo de Mohr Fonte: Pinto (2006, p. 245). 42 UNIUBE O ângulo α é obtido pela relação direta do ângulo de atrito do solo, em: (19) Para compreender melhor o conceito de envoltória de ruptura, suponha-se quatro estados de tensões associadas a um ponto (RIBEIRO JUNIOR, 2012), apresentados na Figura 10: Figura 10 - Envoltória de ruptura: (a) tensão cisalhante nula; (b) ten- são cisalhante é menor que a resistência ao cisalhamento do solo; (c) resistência ao cisalhamento do solo atingida; (d) tensões ci- salhantes é superior à resistência ao cisalhamento do solo Fonte: adaptada de Ribeiro Junior (2012, p. 171-173). UNIUBE 43 2.3 Métodos de avaliação É possível determinar a resistência ao cisalhamento, principalmen- te, por meio de ensaios laboratoriais, sendo: • Cisalhamento direto. • Compressão simples. • Compressão triaxial. 2.3.1 Cisalhamento direto O ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para a determinação da resistência ao cisalhamento e se baseia direta- mente no critério de Mohr-Coulomb (MARAGON, 2005). Gerscovish (2010, p. 26) afirma que “o ensaio consiste na imposição de um plano de ruptura em uma amostra prismática, podendo representar a condição de campo”, tal esquema pode ser observado na Figura 11. Figura 11 - Detalhes do equipamento de cisalhamento direto Fonte: Ortigão (2007, p. 221). 44 UNIUBE Para o ensaio, um corpo de prova (resultado de coleta de amostra indeformada), é colocado parcialmente no equipamento, ficando sua metade superior dentro de um anel, onde é aplicada uma carga verti- cal N e uma força tangencial T, essa última aplicada na parte superior do corpo de prova, provocando seu deslocamento (PINTO, 2006). Maragon (2005, p. 10) diz que “as forças T e N, divididas pela área da seção transversal do corpo de prova, indicam as tensões nor- mais e de cisalhamento que nele estão ocorrendo”. Gerscovish (2010) ressalta que, previamente, tem-se a necessi- dade de determinar alguns índices físicos do solo (teor de umida- de, peso específico, densidade dos grãos e índice de vazios), para que, após aplicação da força normal (posteriormente, ao processo de consolidação), um novo índice de vazios (e) e o grau de satura- ção (S) sejam calculados. A tensão normal e cisalhante no plano de ruptura após realização do ensaio serão determinadas por: (20) (21) Em que: a= É a área da seção transversal da amostra. Das (2007) menciona que o ângulo de atrito do solo pode ser deter- minado a partir de resultados experimentais, sendo: (22) UNIUBE 45 AMPLIANDO O CONHECIMENTO O ensaio de cisalhamento direto possui uma deficiência importan- te, devido à impossibilidade de controle da drenagem no corpo de prova, pois a caixa não tem um sistema de vedação adequado, com isso, as pressões efetivas são alteradas, a única solução é conduzir o ensaio em condições totalmente drenadas, mantendo nula as poropressões (ORTIGÃO, 2007). Apesar de ser um ensaio prático e relativamente simples, o ensaio de cisalhamento direto não permite a determinação de parâmetros de deformabilidade do solo, mas é muito útil quando se deseja me- dir simplesmente a resistência e, principalmente, quando se deseja conhecer a resistência residual (MARAGON, 2005). Das (2007, p. 323) comenta que “a confiabilidade dos resultados pode ser questionada porque não se permite que o solo rompa ao longo do plano mais fraco, pois ele é forçado a romper ao longo do plano de separação da caixa de cisalhamento”. Maragon (2005, p. 11) afirma que durante muitos anos o ensaio de cisalhamen- to direto foi, praticamente o único para deter- minação da resistência dos solos devido a sua simplicidade. A necessidade de maiores sofis- ticações para representar as ocorrências de campo, tem sido, em muitos casos, substituídos pelos ensaios de compressão triaxial. 46 UNIUBE 2.3.2 Compressão simples Cavalcante (2006, p. 64) explica que o ensaio de compressão simples visa a determi- nação da resistência à compressão não confina- da (ou simples) de corpos de prova constituídos por solos coesivos, mediante aplicação de carga axial com controle de deformação. Tais corpos de prova podem ser indeformados ou obtidos por compactação ou mesmo por remoldagem. Terzaghi e Peck (1948 apud RIBEIRO JUNIOR, 2012) correlacio- naram o número de golpes obtido no ensaio SPT com a resistência à compressão simples de argilas saturadas (Tabela 06). Tabela 06 - Correlação empírica entre consistência de argilas, número de golpes obti- dos em sondagens de percussão e resistência à compressão simples Fonte: Terzaghi e Peck (1948 apud RIBEIRO JUNIOR, 2012, p. 182). A resistência à compressão simples é identificada por RCS, em que pode ser obtida por meio dos dados de ensaio de compressão e analogia gráfica: (23) UNIUBE 47 (24) Ribeiro Junior (2012) cita, ainda, que, por meio do ensaio de com- pressão simples em argilas, pode-se definir a sua sensibilidade, que ocorre pelo amolgamento (perda da estrutura). 2.3.3 Compressão triaxial Das (2007) cita que o ensaio de compressão triaxial em mecânica dos solos é tão importante que pode ser considerado como ensaio padrão. O ensaio de compressão triaxial convencional consiste na aplicação de um estado hidrostático de tensões e de um carregamento axial (dentro de uma câmara de ensaio) sobre um corpo de prova cilíndrico do solo envolto por uma membrana de borracha, conforme Figura 12. Figura 12 - Esquema da câmara de ensaio triaxial Fonte: Pinto (2016, p. 254). 48 UNIUBE Um fator importante a ser observado no corpo de prova cilín- drico é que, a relação altura/diâmetro deve ser na ordem de 2 (GERSCOVISH, 2010). Na primeira fase do ensaio, aplica-se uma tensão confinante iso- trópica (σc) e, na fase de cisalhamento, mantém-se constante o valor de σc e aumenta-se o valor da tensão axial ( σd = σ1 - σ3), é possível observar tais fases na Figura 13. A trajetória de tensões é composta por um trecho horizontal e o outro inclinado de 45º à direita (GERSCOVISH, 2010). Figura 13 - Ensaio triaxial: (a) compressão isotrópica; (b) cisalhamento Fonte: Gerscovish (2010, p. 37). PARADA OBRIGATÓRIA É importante entender a conceituação de isotropia e aniso- tropia, em que a primeira é a propriedade que caracteriza as substâncias que possuem as mesmas propriedades físicas independentemente da direção considerada, e a segunda, a substân- cia possui uma certa propriedade física que variará com a direção. UNIUBE 49 Perin (2011) detalha as informações básicas que esse ensaio pode fornecer: resistência compressiva; ângulo interno de fricção; coe- são; resistência ao cisalhamento; módulo de elasticidade; estimati- va da deformação do solo submetido à pressão. O módulo de elasticidade do solo, nesse caso, depende da pressão a que o solo está confinado (CAVALCANTE, 2006). O autor ressal- ta, ainda, que se pode indicar os valores apresentados na Tabela 07 como módulo de elasticidade para argilas sedimentares satura- das, em solicitações rápidas, que não permite a drenagem dessa. Tabela 07 - Módulo de Elasticidade para argilas sedimentares saturadas Fonte: Cavalcante (2006, p. 36). Assim, também é possível determinar a ordem de grandeza do módulo de elasticidade para solos arenosos, para pressão de confinamento na ordem de 100 KPa, conforme especificação de Cavalcante (2006), observado na Tabela 08. 50 UNIUBE Tabela 08 - Módulo de Elasticidade para areias drenadas Fonte:Cavalcante (2006, p. 36). Como o controle da drenagem é feito por meio de uma válvula, o ensaio pode ser realizado em condições drenadas e não drenadas (RIBEIRO JUNIOR, 2012). Pinto (2006) cita ainda que o ensaio de compressão triaxial pode ser dividido em três processos distintos, dependendo dos resulta- dos necessários a serem obtidos, podendo ser um ensaio aden- sado drenado (CD), um ensaio adensado não drenado (CU) e um ensaio não adensado não drenado (UU). Conciderações finais Pode-se concluir que ter conhecimento da resistência ao cisalha- mento dos solos é de extrema importância nas obras de engenharia geotécnica, visto que é essa resistência que garante estabilidades nas estruturas de terra, sendo possível, assim, determinar o plano de ruptura dos elementos, evitando colapsos nelas. É perceptível, também, que alguns solos possuam essa resistên- cia devido ao atrito, à coesão verdadeira ou à coesão aparente existente entre as partículas sólidas do solo, mas que, das três, a que garante maior resistência ao cisalhamento é o atrito e que um mesmo solo em condições distintas de compactação (o que afeta UNIUBE 51 diretamente o índice de vazios) possuirá ângulo de atrito diferente. Entende-se que, quanto maior a tensão normal ao plano, maior a resistência ao cisalhamento. Para determinação das tensões (normal e cisalhante), tem-se a opção de realizar ensaios laboratoriais, como cisalhamento direto, compressão simples e compressão triaxial, sendo o último o mais utilizado e o mais preciso. Existe, também, a possibilidade de de- terminar tais tensões por meio de analogias com ensaios de cam- po, por exemplo, por meio o NSPT. Grasiele Aparecida de Alencar Felix Introdução Aterros sobre solos molesCapítulo 3 É mais comum do que se imagina a presença de solos moles em obras de engenharia, desde a construção de edifi cações até grandes obras de arte e rodovias. O grande questionamento é: como estabilizar e evitar que o adensamento gere recalques de grande porte em tais obras? Este capítulo tem como base pesquisas, artigos, dissertações e literaturas nacionais, as quais têm enfoque no solo brasileiro. Foram levadas em consideração condições reais de aterro sobre solos moles em algumas regiões do país. Para melhor compreensão deste capítulo, será necessário ter conhecimentos prévios de compressibilidade e adensamento e, principalmente, sobre as condicionantes geradoras de recalques em obras sobre solos moles. A compreensão desse capítulo será de grande valia no estudo de empuxo e estabilidade de taludes e sistemas de contenção, a serem estudados nos próximos capítulos. Este capítulo tem como ênfase o estudo da origem dos solos moles, bem como procedimentos de investigação para caracterização desses e processos efi cazes para estabilização e controle de recalques. • Explicar a origem dos solos moles. • Identificar processos investigativos eficazes para classificação e definição das características dos solos moles. • Organizar processos de estabilização logo após construção. • Definir valores reais dos recalques ao longo do tempo. • Aterro sobre Solos Moles • Estabilidade dos Aterros • Soluções para Construção de Aterros sobre Solos Moles • Dimensionamento de Aterros sobre Solos Moles • Recalques em Solos Moles Objetivos Esquema Aterro sobre solos moles3.1 Lins (2014, p. 2) define solos moles como “solos com baixa capa- cidade de suporte e alta compressibilidade e quando situados sob a base de aterros apresentam problemas de estabilidade e recal- ques, caso não sejam feitos tratamentos adequados”. Pode-se dizer que solos moles são, também, solos sedimentares com baixa resistência à penetração. Em geral, são argilas moles ou areias argilosas fofas de deposição recente (GONÇALVES, 2009). Maragon (2006) vai mais fundo na descrição de tal tipo de solo, citando que solos com NSPT entre 2 e 4 são classificados como mo- les e com NSPT menor do que 2 são ditos muito moles, sendo que ambos têm resistência ao cisalhamento extremamente baixas, sa- turação e compressibilidade elevadas, sendo essas características predominantes de solos argilosos. UNIUBE 55 Gusmão (2008 apud LINS, 2014) cita, ainda, que, além da argi- la, outro material possui tais características, conhecido como turfa, que é uma massa de restos de planta decomposta, com coloração predominantemente preta, praticamente sem estrutura, mole, pe- gajosa, com teor de umidade elevado. Regiões que possuem presença de solos moles apresentam pro- blemas característicos nas obras edificadas sobre ele, abrangendo recalques, falta de estabilidade das fundações sobre a camada de solo e, até mesmo, afetando a estabilidade das fundações de edifi- cações próximas a solos moles (GONÇALVES, 2009). Massad (2010) aponta ainda outros problemas, como a estabilidade dos aterros sobre solo mole após a construção, os recalques que acon- tecerão ao longo do tempo, os efeitos colaterais de estaqueamento (como empuxos de terra e atrito negativo), amolgamento da superfície do terreno e, até mesmo, riscos de ruptura durante a construção. Carrion (2003, p. 2) afirma que “a construção de edificações sobre solos moles é bastante comum, devendo ser analisados dois as- pectos fundamentais, o problema de ruptura de base e a ocorrência de recalques excessivos”. 3.1.1 Origem dos solos moles Massad (2010) enfatiza que é conveniente conhecer a formação do solo, pois, assim, é possível conhecer melhor suas propriedades, por exemplo, o seu sobreadensamento. Gonçalves (2009) afirma que, em geral, as argilas moles ou areias argilosas fofas possuem formação durante o período quaternário e 56 UNIUBE que tais deposições podem ter acontecido por meio de água doce, salgada ou salobra, por meio de processo fluvial ou marinho. A deposição depende da litologia da área de erosão, do seu clima e da forma de transporte dos sedimentos. Esse é um fenômeno mui- to complexo, pois diversos fatores influenciam na sedimentação, desde a velocidade das águas, quantidade e composição da maté- ria em suspensão na água, salinidade e floculação das partículas e presença de matéria orgânica (MASSAD, 2010). Gonçalves (2009) cita que pode ocorrer deposição de tais sedi- mentos em várzeas, planícies de inundação, praias, canais de mar, dentre outros locais. Saiba mais O Brasil possui diversos locais com solos moles, sendo que alguns pontos são bem conhecidos, como o Pantanal Matogrossense, áre- as de igapós do Amazonas, bacias do Alto Xingu, regiões do rio São Francisco (GONÇALVES, 2009). Alguns desses temas podem ser aprofundados acessando os links: <http://www.scielo.br/pdf/aa/v42n1/a03v42n1.pdf> <http://www.infoescola.com/biomas/igapo/> UNIUBE 57 3.1.1.1 Solo mole de origem fluvial São conhecidos como aluviões e formam-se por deposição de se- dimentos nas planícies de inundação ou nas áreas alagáveis pelas cheias dos rios, em que, nas partes mais baixas, ocorre a decanta- ção do sedimento mais fino, podendo haver estratificações e essas camadas mais finas ficarem sujeitas a ressecamentos, podendo apresentar-se sobreadensadas (MASSAD, 2010). 3.1.1.2 Solo mole de origem marinha Gonçalves (2009) cita que existem dois tipos de sedimentos para solos de origem marinha: • Formação no ciclo Pleistoceno: Argiloso (argila transicionais - AT) ou arenoso em sua base e arenoso no topo (areias transgressivas). • Formação no ciclo Holocênicos: Sedimentos marinhos, às vezes formados pelo retrabalhamento dos sedimentos, das areias e das argilas. Massad (2010, p. 116) cita que: Esses dois ciclos estão diretamente relacionados aos dois episódios de ingressão do mar em dire- ção ao continente: a Transgressão Cananeia, que ocorreu há 120 mil anos (Pleistoceno), de nível marinho mais elevado (8 ± 2m) , e a Transgressão Santos, iniciada há 7 mil anos (Holoceno), de ní- vel marinho mais baixo (4 ± 2m). 58 UNIUBE Tais ciclos podem ser observados na Figura 14 a seguir, que repre- sentam bemas características dos solos das planícies paulistas, por exemplo. Figura 14 - Ilustração da gênese das planícies sedimentares paulistas Fonte: Suguio e Martin (1978, apud DULEBA; PETRI; COIMBRA, 2009, p. 12). Massad (2010) afirma que esse histórico geológico permite entender por que as AT são fortemente sobreadensadas. O autor cita, também, que tais características somente aparecerão nos perfis de sondagem. 3.1.2 Investigação geotécnica O primeiro requisito para se abordar qualquer problema de Mecânica dos Solos, segundo Caputo (1988, p. 189): Consiste num conhecimento, tão perfeito quanto possível, das condições do subsolo, isto é, no reconhecimento da disposição, na- tureza e espessura das suas camadas, assim como das suas características, com respeito ao problema em exame. UNIUBE 59 Almeida e Marques (2010) ressaltam que a programação das in- vestigações geotécnicas se iniciam com o reconhecimento inicial do depósito por meio de mapas geológicos e pedológicos, dentre outros, e que as fases seguintes consistem nas investigações pre- liminares e complementares. Segundo Francelino (2008), a investigação geotécnica compreen- de algumas atividades obrigatórias, como estudos preliminares, projeto básico e projeto executivo. As investigações do solo podem ser feitas por meio de sondagens, ensaios “in situ” e de laboratório, variando desde sondagem de simples reconhecimento (SPT), ensaio de palheta, dilatométrico e piezométrico (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM,1998). Os ensaios de palheta e dilatométrico são utilizados apenas em casos excepcionais, já que esses são indicados para argilas moles (VELLOSO; LOPES, 2010), sendo adequados para avaliação do tema em estudo neste capítulo. MT - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1998) estabe- lece a quantidade mínima de ensaios de sondagem a serem realizados (Tabela 09), de acordo com a classe do aterro, que se divide em três: • Classe I: aterros junto a estruturas rígidas, por exemplo, en- contro de pontes e viadutos e demais interseções ou, até mesmo, aterros próximos a estruturas sensíveis, como oleo- dutos. A extensão de cada aterro dessa classe deve ter, pelo menos, 50 m para cada lado da interseção. • Classe II: não estão próximos a estruturas sensíveis, porém possuem altura elevada, acima de 3 m. • Classe III: têm alturas menores do que 3m e são afastados de estruturas sensíveis. 60 UNIUBE Tabela 09 - Quantidade mínima de ensaios geotécnicos Fonte: MT - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1998, p. 08). Para trechos rodoviários assentes sobre camada de solo mole, as in- vestigações devem ser programadas e executadas sob rígidos crité- rios, sob a pena de problemas nas fases de projeto e de execução da obra e, fatalmente, na operação da rodovia (MARAGON, 2006). Saiba mais O processo de escavação de solo mole para execução de funda- ção pode ser bem observado no vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OjpGfhTD6t8> Ainda a respeito de sondagens, Maragon (2006, p. 50) diz que: Para possibilitar a caracterização integral do de- pósito mole, a amostragem deve ser contínua ao longo da camada e os ensaios executados com espaçamento entre si de 1,0 m. A quantidade de furos será determinada em função da natureza e do vulvo da obra, devendo entretanto ser execu- tados no mínimo três furos para amostragens e três para ensaio de palheta. UNIUBE 61 Almeida e Marques (2010) apresentam, de maneira resumida, as vantagens e desvantagens de realizar investigação em campo e laboratório (Tabela 10). Tabela 10 - Vantagens e desvantagens de ensaio de laboratório e campo aplica- dos em argila moles Fonte: Almeida e Marques (2010, p.51). 62 UNIUBE 3.1.2.1 Sondagem à percussão Deve ser executada conforme especificação da ABNT NBR 6484 e é fundamental que a sondagem seja locada por coordenadas e que a cota do furo seja obtida, como tem-se no exemplo apresentado na Figura 15 (ALMEIDA; MARQUES, 2010). Figura 15 - Curvas de isoespessuras de solo mole de um depósito do Rio de Janeiro, obtidas por meio de investigações geotécnicas Fonte: Almeida e Marques (2010, p. 47). De maneira resumida, utiliza-se um tripé como suporte onde a per- furação será revestida em condições de solos instáveis (Figura 16), e a medição da resistência se dá a cada metro perfurado por meio do amostrador, anota-se o número de golpes necessários para cra- var os últimos 45 cm do amostrador, sendo que o resultado final é a quantidade necessária para cravar os últimos 30 cm (VELLOSO; LOPES, 2010). UNIUBE 63 Figura 16 - Equipamento e etapas de execução de sonda- gem: a) circulação de água; b) penetração dinâmica Fonte: Velloso e Lopes (2010, p.38). A sondagem à percussão mede a resistência do solo ao longo da profundidade perfurada, tornando conhecido, também, o tipo de solo atravessado, a posição do nível freático (HACHICH, 1998). 3.1.2.2 Ensaio de cone (CPT) Conhecido como ensaio de penetração estática, consiste, basica- mente, na cravação com velocidade contínua e lenta de uma haste com ponta cônica, medindo-se a resistência encontrada na ponta e a resistência por atrito lateral, com utilização de um equipamento mecânico, observado na Figura 17 (VELLOSO; LOPES, 2010). 64 UNIUBE Figura 17 - Equipamento e etapas de execução de sondagem: a) princípio do funcionamento; b) vista do equipamento Fonte: Velloso e Lopes (2010, p. 42). De acordo com Caputo (1988, p. 204), utiliza-se esse ensaio “como um elemento a mais de informação para esclarecer a natureza do subsolo”. Com esse ensaio, também é possível medir a poropressão durante o ensaio, utilizando um transdutor de pressão de água acoplado próximo à ponta do cone, tal procedimento passou a ser conhecido como CPTU (VELLOSO; LOPES, 2010), muito apropriado para si- tuações de solos moles. 3.1.2.3 Ensaio de palheta Segundo Velloso e Lopes (2010), o ensaio de palheta é também conhecido como “vane test”, em que é possível obter a resistência não drenada da argila Su, e é obtido admitindo-se que a ruptura se UNIUBE 65 dá na superfície do cilindro, onde o torque necessário para causar a ruptura é medido (Figura 18). Figura 18 - Ensaio de palheta (versão simplificada) Fonte: Velloso e Lopes (2010, p. 45). Caputo (1988) afirma que esse ensaio, determina diretamente “in situ” a resistência ao cisalhamento de solos coesivos e, como não há pos- sibilidade de drenagem, o ensaio é classificado como não drenado. 3.1.2.4 Ensaio dilatométrico (DMT) O ensaio dilatométrico, de acordo com Velloso e Lopes (2010), con- siste na cravação no terreno de uma membrana até a profundidade desejada, a qual recebe ar comprimido até que esta passe pela condição de repouso e expanda-se 1 mm, quando são registradas pressões correspondentes, conforme demonstra a Figura 19. 66 UNIUBE Figura 19 - Ensaio dilatométrico Fonte: Velloso e Lopes (2010, p. 46). AMPLIANDO O CONHECIMENTO Tais ensaios de campo podem ser melhor observados nos links a seguir: SPT: <https://www.youtube.com/watch?v=SRNbJx6ldv0> CPT: <https://www.youtube.com/watch?v=0YWbIWerbvE> Palheta: <https://www.youtube.com/watch?v=5AXm6NdoXfw> DMT: <https://www.youtube.com/watch?v=6vzxR-rIkkQ> UNIUBE 67 3.1.2.5 Amostragem e ensaios laboratoriais A norma DNER-PRO 381 (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998) cita que as amostragens de- vem ser realizadas de acordo com ABNT NBR 9820, coletando, pelo menos, uma amostra a cada dois metros para camadas com espessura maior ou igual a 3 m, ou uma amostra a cada meio me- tro para camadas com espessura menor do que 3m. Usualmente, aplicam-se os ensaios de caracterização completa, incluindo análise granulométrica, limites de consistência, massa específica dos grãos, ensaios de adensamento e outros mais que se fizerem necessários (ALMEIDA; MARQUES, 2010). 3.2 Estabilidade de aterros Para análise da melhor solução, Massad (2010) recomenda anali- sar a estabilidadedos aterros, aplicando-se métodos de equilíbrio limite, com a consideração da resistência ao cisalhamento em ter- mos de tensões totais. Lins (2014) recomenda a utilização do método das fatias, em que subdivide a superfície potencial de ruptura em fatias, podendo se- guir o método de Fellenius, Bishop, Janbu ou, até mesmo, progra- mas computacionais. A DNER-PRO 381 (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998) divide tais metodologias de acordo com a superfície de ruptura (Tabela 11). 68 UNIUBE Tabela 11 - Métodos de equilíbrio limite de fatias recomendados para análise de estabilidade Fonte: MT - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1998, p. 9) Na teoria de Fellenius, admite-se, também, uma superfície circu- lar de ruptura e igualdade dos momentos atuante e resistente, em que, para situações de carregamento uniformemente distribuídos e flexíveis, tem-se a equação 25 e, para um carregamento flexível qualquer, tem-se a equação 26 (MASSAD, 2010). (25) (26) Em que: qr = Carga que leva o terreno à ruptura. C = Coesão do solo. Qr = Resultante das pressões que levam o terreno à ruptura. b = Linha de ação da ruptura. UNIUBE 69 Para compreender melhor os sistemas de ruptura, pode-se observar a Figura 20, em que se tem os dois processos ocorrendo, sendo o primeiro ruptura circular e o segundo ruptura poligonal (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998). Figura 20 - Superfícies de ruptura Fonte: MT - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1998, p.10). De acordo com as classes de aterros, existem limites de segurança que devem ser atingidos (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998), em que aterros de classe I, devem possuir FS mínimo de 1.4, já os de classe II, um FS de 1.3, por fim, os aterros de classe III, com FS mínimo de 1.2. 70 UNIUBE 3.3 Soluções para construção de aterros sobre solos moles De acordo com Lins (2014), existem algumas alternativas princi- pais para projeto de aterros sobre solos moles, sendo: • Evitar o solo mole por meio de relocação do aterro ou do uso de estruturas elevadas (viadutos). • Remover o solo mole e substituí-lo por material adequado. • Tratar o solo melhorando suas propriedades. • Projetar o aterro de acordo com o solo fraco. Almeida e Marques (2010, p. 28) afirmam que: A escolha do método construtivo mais adequado está associada a diversas questões: caracterís- ticas geotécnicas dos depósitos; utilização da área, incluindo a vizinhança; prazos construtivos e custos envolvidos. 3.3.1 Substituição da camada de solo mole A substituição consiste na retirada total ou parcial desses solos por meio de dragas ou escavadeiras, o que diminui ou elimina os recal- ques e aumenta o fator de segurança (ALMEIDA; MARQUES, 2010). Massad (2010) ressalta que a remoção total é possível para espes- suras pequenas, entre 4 e 5 m e com o valor máximo 7m. No caso de pavimentos rodoviários, DNER-PRO 381 (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, UNIUBE 71 1998) sugere que a remoção deve ser considerada para depósitos pouco extensos, com comprimento inferior a 200 m, e ressalta, ain- da, que, nesse caso, não é permitida a remoção parcial , por ser muito cara e pouco eficaz. 3.3.2 Aterros leves Lins (2014) afirma que a utilização de aterros leves reduz a mag- nitude de recalques. Como material comum nesse processo, tem- se o EPS (poliestireno expandido), que é um material plástico que consiste de pequenas partículas de forma esférica, contendo, na sua estrutura, aproximadamente, 98% de ar. “O uso de aterros de materiais de construção leves, deverá ser considerado uma alternativa viável em aterros de classe I. Essa solução é tecnicamente viável se o aterro for alto e próximo a uma região produtora de material leve” afirma DNER-PRO 381 (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998), tal processo pode ser observado na Figura 21. Figura 21 - Aterro leve com EPS Fonte: MT - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1998, p.13). 72 UNIUBE 3.3.3 Bermas de equilíbrio Almeida e Marques (2010) citam que as bermas de equilíbrio tam- bém são uma boa solução para aumentar o fator de segurança e que, quando houver restrições ao comprimento das bermas, são instalados reforços, em geral geossintéticos na base do aterro. As bermas de equilíbrio, de acordo com DNER-PRO 381 (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998, p.14), São empregadas para estabilizar a inclinação média de um talude de um aterro, levando a um aumento do fator de segurança contra a ruptura. O projeto de bermas é feito por tentativas, variando-se a geome- tria do problema até obter o FS desejado. Pode-se compreender melhor esse sistema observando a Figura 22. Figura 22 - Berma de equilíbrio Fonte: MT - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1998, p.14). UNIUBE 73 3.3.4 Construção por etapas De acordo com Massad (2010), a construção por etapas consiste em se construir um aterro por partes, em situações em que a altura final do aterro (H) é maior que a altura crítica. A construção do aterro acontece em função da subdivisão da altura de aterro em duas ou três etapas, em que a primeira é construída além da altura crítica, para que se estabilize e haja dissipação da poropressão e o solo mole ganhe resistência; a segunda acontece após um tempo, quando houver a estabili- zação dos primeiro níveis, é possível observar tal sistema na Figura 23 (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998). Figura 23 - Construção de um aterro por etapas Fonte: MT - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1998, p.14). Lins (2014) destaca que esse sistema permite um ganho consi- derável de resistência ao longo do tempo, o que é uma grande vantagem, mas que, ao mesmo tempo, por conta dessa longa permanência, torna-se uma desvantagem, que, na maioria das vezes, é inaceitável para um projeto rodoviário sobre solos mo- les de baixa permeabilidade. 74 UNIUBE 3.3.5 Pré-carregamento Nesse processo, o solo mole é submetido a um carregamento maior que aquele que atuará durante a vida útil da obra. Esse carregamento é, geralmente, realizado com vácuo, de acordo com a Figura 24. Figura 24 - Variantes da técnica de sobrecarga temporária, com uso de vácuo: a) sob membrana de borracha; b) em poços. Fonte: Massad (2010, p.136). Basicamente, é a aplicação de uma sobrecarga temporária, entre 25% e 30% do peso do aterro, para acelerar os recalques, em que o tempo de permanência é determinado por ensaios de adensa- mento, estudado no capítulo I (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998). 3.3.6 Drenos verticais Massad (2010, p. 137) cita que: Quando o solo mole é muito espesso, ou o seu coeficiente de adensamento é muito baixo, a pré- compressão (sobrecarga temporária) torna-se ineficiente. Nesses casos pode-se lançar mão de drenos verticais, que encurtam as distâncias de drenagem e aceleram o adensamento. UNIUBE 75 De acordo com Almeida e Marques (2010, p. 34), “os primeiro dre- nos verticais utilizados eram de areia, os quais foram substituídos pelos drenos verticais pré-fabricados, também denominados geo- drenos e drenos fibroquímicos”, conforme demonstra Figura 25. Figura 25 - Aterro sobre drenos verticais Fonte: Almeida e Marques (2010, p.35). Os geodrenos são elementos drenantes constituídos de material sinté- tico, que são cravados verticalmente no terreno, dispostos em malha, de forma a permitir a drenagem e acelerar os recalques, por conta da sua composição (miolo drenante e revestimento), ele permite a pas- sagem de água e retém o ingresso de solo (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998). Conforme Lins (2014), o miolo drenante tem como objetivo condu- zir a água até a superfície do terreno e drená-la por meio de um colchão drenante, em que tal colchão está representado na Figura 25 com o nome “camada drenante”. 76 UNIUBE 3.3.7 Aterro estaqueado É um processoque consiste em transferir a carga de um aterro para as partes mais profundas do subsolo, espaçadas entre si de 1 a 2 m, aproximadamente, e que, geralmente, possuem um custo mais elevado, comparado aos outros sistemas (MASSAD, 2010). Lins (2014) explica que as cargas podem ser distribuídas total ou parcialmente nessas estacas e, como vantagens principais, desta- ca-se a redução ou a eliminação dos recalques, além de melhorar a estabilidade do aterro e, é claro, a diminuição do tempo de exe- cução, pois pode ser realizado em uma única etapa. No geral, essas estacas são pré-moldadas de concreto arma- do ou madeira tratada, em que, no topo delas, instala-se um ca- pitel (pequena laje) de concreto armado (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998). O sistema de estaqueamento pode ser observado na Figura 26. Figura 26 - Aterro estruturado com estacas, capitéis e geogrelha Fonte: Lins (2014, p.26). UNIUBE 77 De acordo com Almeida e Marques (2010), esse tipo de aterro usa o efeito de arqueamento de Terzaghi, fazendo que haja um aumento da altura do aterro. Atualmente, utiliza-se geogrelha sobre os capitéis para aumentar o espaçamento das estacas, observado na Figura 26. 3.3.8 Outros procedimentos Além dos procedimento supracitados, outros se mostram bem eficazes, como as colunas de brita, que, de acordo com Massad (2010), são perfurações espaçadas entre 1 a 2,5 m e com 70 a 90 cm de diâmetro, posteriormente, são preenchidas com britas, den- sificadas por vibração. Outro processo bem comum é a construção de aterro com lança- mento em ponta, em que se trabalha com o deslocamento do solo mole por meio do peso próprio do aterro, que consiste no avanço de uma ponta de aterro em cota mais elevada que a do aterro pro- jetado, que vai empurrando e expulsando a camada de solo mole (ALMEIDA; MARQUES, 2010). 3.4 Dimensionamento de aterros sobre solos moles Lins (2014) ressalta que é necessário determinar a altura crítica (equação 27) e a altura admissível (equação 28), pois a ruptura do aterro é um problema de capacidade de carga, nesse caso, consi- dera-se ângulo de atrito nulo e com resistência não drenada. (27) 78 UNIUBE (28) Em que: hcrítica = Altura crítica do aterro. Nc = Fator de capacidade de carga (aproximadamente 5,5). Su = Resistência não drenada do solo (obtida por meio de ensaios de campo ou de laboratório). aterro = Peso específico natural do aterro. hadmissível = Altura crítica do aterro. FS= Fator de segurança. Quando se utiliza o sistema de bermas de equilíbrio, define-se a posição do círculo crítico para que as bermas cubram a parte su- jeita a levantamento de ruptura, para garantir estabilidade, a par- tir daí, é possível definir sua altura (equação 29) e largura, sendo essa última verificada por meio de ábaco (MASSAD, 2010). (29) Em que: h1 = Altura do aterro. h2 = Altura admissível do aterro. C = Coesão do solo. UNIUBE 79 3.5 Recalques em solos moles Toda obra importante sobre solos moles deve ser instrumentada, princi- palmente para acompanhamento dos recalques e para verificar o tempo de permanência de uma sobrecarga temporária (MT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1998). Massad (2010) explica que, com o adensamento (ao longo do tem- po), a camada de argila mole se torna cada vez mais rija, conse- quentemente, aumenta o FS e, ao mesmo tempo, acontecem os recalques. O autor comenta, ainda, que, para estimativa de tais recalques, recorre-se aos resultados dos ensaios de adensamento. PARADA OBRIGATÓRIA Para determinação de tais recalques, consultar Capítulo I, tópico 3. Conciderações finais É nítida a importância e a seriedade de tal assunto, pois qualquer negligência ao lhe dar com aterros sobre solos moles pode gerar grandes problemas a curto e a longo prazo. Com tantas opções de estabilização de taludes, é necessário verifi- car o que se adapta melhor a cada situação, é importante ressaltar, também, que, no Brasil, algumas técnicas são mais comuns e viá- veis, por exemplo, drenos verticais, aterros com reforço ou berma de equilíbrio, construído por etapa ou aterros de ponta. 80 UNIUBE É importante ressaltar, também, que o controle realizado anterior à execução, processos investigativos, e o posterior, controle de re- calques, sejam feitos com a instrumentação adequada a cada caso e sempre seguindo as especificações normativas aplicáveis. Grasiele Aparecida de Alencar Felix Introdução Empuxo de terraCapítulo 4 Todo elemento que possui inclinação (talude) vai sofrer, de alguma maneira, esforços provenientes de empuxo, seja ele ativo, seja ele passivo, os quais dependerão de características bem específi cas como posição do nível d’água e características do solo, por exemplo. É importante ter entendimento desse tipo de esforço, visto que praticamente todas as obras de terra serão atingidas direta ou indiretamente por ele. Para sua compreensão, é necessário abordar as Teorias de Rankine e Coulomb e ter uma vasta noção sobre distribuição de tensões nos solos. Estel capítulo será de extrema valia no estudo dos temas de Estabilidade de Taludes, Estruturas de Contenção, Estruturas de Arrimo e Barragens de Terra e Enrocamento, expostos nos capítulos 5, 6, 7 e 8, respectivamente. A ênfase deste capítulo é compreender quais são os fatores que influenciam o empuxo ativo, passivo e em repouso, e determinar por meio de conceitos empíricos seus reais valores. • Explicar o que é empuxo de terra. • Identificar os possíveis tipo de empuxo de terra. • Compreender quais métodos são mais eficazes para obtenção do valor do empuxo. • Identificar possíveis patologias decorrentes de empuxo de terra. • Empuxo • Empuxo em repouso, ativo e passivo • Metodologias de obtenção do empuxo Objetivos Esquema Empuxo4.1 De acordo com Gerscovich (2014), empuxo de terra é toda ação horizontal produzida por um maciço de solo sobre as estruturas com ele em contato. Albuquerque (2003) também comenta que o empuxo é a resultan- te das pressões laterais, de terra ou de água, o qual é calculado geralmente por uma faixa de largura unitária da estrutura. Essas pressões laterais podem ocorrer na perspectiva de três magnitu- des, pressão em repouso, ativa ou passiva (DAS, 2007). Mello e Teixeira (1963, p. 51) comentam que “pela experimentação em modelos, Terzaghi observou que as intensidades das pressões la- terais sobre um anteparo variavam em função das translações dadas ao mesmo”. Essa variação pode ser observada na Figura 27. UNIUBE 83 Figura 27 - Empuxos ativo (EA) e passivo (EP) Fonte: Albuquerque (2003, p. 27) Diante dessa ideia, tem-se, de maneira geral, que o valor mínimo do empuxo é denominado empuxo ativo, o valor máximo, de em- puxo passivo e a resultante da pressão lateral, quando o anteparo não sofreu nenhum movimento, é denominada empuxo em repou- so (MELLO; TEIXEIRA, 1963). Albuquerque (2003) comenta que a magnitude do empuxo depende: • Do desnível vencido pela estrutura de arrimo. • Do tipo e das características do solo. • Da deformação sofrida pela estrutura. • Da posição do nível d’água (NA). • Da inclinação do terrapleno etc. 84 UNIUBE 4.1.1 Empuxo em repouso Quando a massa de solo não se move nem para a direita nem para a esquerda de sua posição inicial, entende-se que a massa do solo estará em um estado de equilíbrio estático, então, nesse caso, a chamada pressão efetiva vertical é denominada de pressão de ter- ra em repouso (DAS, 2007). (30) Em que: K0 = coeficiente de empuxo em repouso; σ’h = pressão efetiva horizontal; σ’0 = pressão efetiva vertical. Gerscovish (2014) cita ainda que, no cálculo do empuxo, deve ser acrescida a parcela de poropressão (u), conforme equação 31. (31) Aplicando: (32) UNIUBE 85 Em que: σ’ho = tensão efetiva horizontal inicial; σ’vo = tensão efetiva vertical inicial; ko = coeficiente de empuxo no repouso; γ = peso específico do solo; z = profundidade do ponto considerado.
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