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ESQUISTOSSOMOSE, TENÍASE, CISTICERCOSE - Trematódeos digenéticos (apresentam ciclo heteroxeno) • Filo: Platyhelminthes • Subclasse: Trematoda • Infraclasse: Digenea • Corpo não segmentado • Par de ventosas: oral e ventral (acetábulo) • São hermafroditas • Reprodução sexuada no hospedeiro vertebrado – Schistosoma spp. • São achatados dorsoventralmente (formato de folha) • Schistosoma spp.: longo e largo, com dimorfismo sexual Miracídio= infecta o hospedeiro intermediário Cercária= infecta o hospedeiro definitivo ● ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA Agente etiológico: Schistosoma mansoni (Platelminto dióico) Verme adulto Possui tegumento constituído por uma camada sincicial de células anucleadas, sendo recoberto por uma citomembrana heptalamelar espessa, a qual é constantemente renovada. • O tubo digestivo comunica-se com o exterior unicamente através da boca (não possui ânus) Nutrem-se do sangue. Os produtos não aproveitáveis na digestão são eliminados pela boca. A excreção é realizada por células especializadas denominadas solenócitos. • Sem aparelho circulatório H. INTERMEDIÁRIO: Caramujo biomphalaria H. DEFINITIVO: Ser humano A forma infectante é a cercária que penetra a pele íntegra. Como profilaxia temos controle da população do caramujo, saneamento básico e tratamento dos doentes. - CICLO Ovos → larva ciliada (miracídio) → eclosão do ovo → liberação do miracídio → infecção do caramujo → reprodução mitótica dentro do caramujo → esporocisto → cercárias → infecção do hospedeiro vertebrado ou encistamento (metacercárias) TRANSMISSÃO: penetração ativa da cercária na pele (Dermatite cercariana) ELIMINAÇÃO DE OVOS: A partir da 5a semana de infecção Não ocorre transmissão: Por contato direto ou autoinfecção - ETIOLOGIA Alojam-se aos pares vênulas terminais do plexo mesentérico inferior. Faz hipersensibilidade do tipo 4 (granulomas) que causam hipertensão portal hepática. O verme adulto (parasita intravascular obrigatório): vênulas do plexo hemorroidário superior e nas ramificações mais finas das veias mesentéricas, particularmente da mesentérica inferior • Encontrados preferencialmente do fígado e intestinos • Vida média: 3 a 5 anos, podendo chegar a 25 anos - SUSCETIBILIDADE À INFECÇÃO Qualquer pessoa, independente de idade, sexo ou grupo étnico, que entre em contato com as cercárias, pode vir a contrair a infecção Áreas hiperendêmicas: certo grau de resistência (infecções com carga parasitária menor), com quadro clínico menos grave - FORMA CLÍNICA Evolução crônica: Vermes habitam os vasos sanguíneos do fígado e intestinos Fase inicial • Penetração das cercárias e resposta inflamatória local • Assintomática: na infância com sintomas inespecíficos. O diagnóstico laboratorial inclui eosinofilia e presença de ovos nas fezes • Sintomática: presença de dermatite cercariana (podem permanecer até 5 dias pós exposição) • Febre de Katayama (QUADRO AGUDO): linfodenopatia, febre, cefaléia, anorexia, dor abdominal e, com menor frequência, o paciente pode referir diarreia, náuseas, vômitos e tosse seca. Ao exame físico, pode ser encontrado hepatoesplenomegalia. O achado laboratorial é de eosinofilia e presença de IgM específica elevada é bastante sugestivo, quando associado a dados epidemiológicos. Fase tardia: Forma crônica: 6 meses pós infecção Podem surgir os sinais de progressão da doença para diversos órgãos, chegando a atingir graus extremos de severidade, como hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de varizes do esôfago • Hepatointestinal/Hepática: caracteriza-se pela presença de diarreias e epigastralgia. Ao exame físico, o paciente apresenta fígado palpável, com nodulações que, nas fases mais avançadas dessa forma clínica, correspondem a áreas de fibrose decorrentes de granulomatose periportal ou fibrose de Symmers • Hepatoesplênica compensada: a característica fundamental desta forma é a presença de hipertensão portal, levando à esplenomegalia e ao aparecimento de varizes no esôfago Hepatoesplênica descompensada: inclui as formas mais graves de esquistossomose mansônica, responsáveis por óbitos por essa causa específica. Caracteriza-se por diminuição acentuada do estado funcional do fígado. Essa descompensação relaciona-se à ação de vários fatores, tais como os surtos de hemorragia digestiva e consequente isquemia hepática e fatores associados (hepatite viral, alcoolismo). Outras formas clínicas: • Vasculopulmonar: apresentando hipertensão pulmonar, verificadas em estágios avançados da doença, e a glomerulopatia. • Neuroesquistossomose: caracterizada pela presença de ovos e de granulomas esquistossomóticos no sistema nervoso central (adormecimento, dor, parestesia- vértebras) - DIAGNÓSTICO ***ASCITE (barriga d'água): fazer punção para saber se é exsudato (inflamatório) ou transudato (obstrutivo). Direto • Parasito, suas partes, ovos, substâncias antigênicas ou fragmentos celulares, sendo os mais frequentes os exames de fezes, biópsia retal, pesquisa de antígenos circulantes e reação de polimerase em cadeia (PCR) • Técnicas quantitativas de sedimentação. Dentre elas, destaca-se a técnica de Kato-Katz Indireto • Exames ultrassonográficos e os testes imunológicos de reação intradérmica ou sorológica Reação intradérmica: Esquistossomina Material: Antígeno de Schistosoma mansoni. Procedimento: injeção de 0,05 mL do antígeno na face flexora do antebraço. Leitura após 20 minutos. Método: Intradermo- reação. Interferentes: Uso de corticóides ou anti-histamínicos. (falso negativo) Valores normais: São consideradas positivas reações com pápulas iguais ou superiores a 1,2 cm. ● FASCIOLA HEPÁTICA trematódeo digenético Infecta herbívoros e, ocasionalmente, o homem Hospedeiro intermediário: caramujo do gênero Lymnaea e Galba • Vermes adultos habitam as porções proximais dos ductos biliares e a vesícula biliar • As cercárias (sem cauda bifurcada) nadam por até 2 horas até encistarem-se em folhas de plantas aquáticas, casca de árvores ou no solo. • Encistadas, as metacercárias sobrevivem por vários meses no ambiente, mantendo sua capacidade infectante • Se ingeridas, teoricamente podem originar uma infecção no hospedeiro vertebrado • Hospedeiros definitivos infectam-se ao ingerir metacercárias encistadas em plantas ou mesmo livres Ingestão de metacercárias → parede digerida no intestino delgado em 1 hora → atravessam a parede intestinal → caem na cavidade abdominal cerca de 2 horas após a infecção → atinge o parênquima hepático de 4 a 6 dias (causam hemorragia e fibrose) → em 7 semanas acometem as vias biliares → tornam-se sexualmente maduros e iniciam a oviposição → 8 a 12 → hospedeiro definitivo elimina ovos no lúmen dos ductos biliares → bile → intestino → eliminados com as fezes alguns meses depois da infecção inicial • Os vermes sobrevivem no hospedeiro vertebrado por até 13 anos • A maioria das infecções humanas é assintomática ● TENÍASE E CISTICERCOSE Classe: Cestoda • Subfilo: Neodermata • Filo: Platyhelminthes (platelminto) H. DEFINITIVO= Ser humano H. INTERMEDIÁRIO= porco ou ser humano (neurocisticercose) Transmissão: ingestão de carne bovina ou suína mal cozida contendo cisticercos • Os vermes adultos habitam o trato intestinal de vertebrados carnívoros (hospedeiros definitivos) - helmintos achatados dorsoventralmente e as larvas habitam os tecidos de diversos vertebrados e invertebrados (hospedeiros intermediários). • A teníase e a cisticercose, causadas por T. solium (porcos) - Cestóides • Corpo dividido em 3 porções: escólex que contém as estruturas de fixação (acúleos), seguido do colo (região de crescimento) e o estróbilo, composto pelas proglotes • Ausência sistemas digestório, circulatório e respiratório • Possuem sistema nervoso simples e sistema excretor • Tegumento dos cestóides por onde se dão todas as trocas nutritivas e metabólicas • São hermafroditas, cada proglote tem conjunto completo de órgãos reprodutores Proglotes ou proglótides Taenia solium: menor atividade locomotora Taenia saginata: notadas pelo hospedeiro (eliminadas ativamentecom movimentos perceptíveis) - CICLO PARASITÁRIO Hospedeiro intermediário vertebrado (Taenia solium – suínos, Taenia saginata – bovinos) → ingestão dos ovos (oncosfera) → atravessam a mucosa intestinal → atingem a circulação venosa/linfática → tecido → forma larvária patogênica (cisticerco) • Infecção do hospedeiro definitivo (homem) → ingestão de carne contaminada do hospedeiro contendo o cisticerco → intestino → verme adulto → TENÍASE • Hospedeiro intermediário acidental (homem) da Taenia solium → ingestão dos ovos → passam pelo tubo digestivo → atravessam a parede intestinal → atingem a circulação venosa/linfática → tecidos (musculatura esquelética e sistema nervoso central) → forma larvária patogênica (cisticerco) → CISTICERCOSE - TENÍASE Teníase (solitária): parasitose intestinal humana • Assintomática • Sintomas mais frequentes: perda de peso, dor abdominal, inapetência, náuseas, vômitos • +/- 3 meses – forma adulta no intestino: eliminação primeiras proglotes - DIAGNÓSTICO • Exames coproparasitológico • Observação pessoal da eliminação espontânea das proglotes - CISTICERCOSE ingestão dos ovos da T. solium: Cysticercus cellulosae (Taenia solium) Parasitose extra intestinal (larva) Auto infecção externa: • Ingestão de proglotes e ovos da própria tênia • Coprofagia (pacientes psiquiátricos) Auto infecção interna: • Vômitos ou movimentos retroperistálticos do intestino – proglotes grávidas no estômago Heteroinfecção: • Ingestão de alimentos e água contaminada com ovos Dados epidemiológicos: • Estudos clínicos e necroscópicos • Avaliações soro epidemiológicas • Os casos da doença não são de notificação compulsória e não há padronização dos métodos de diagnóstico (autópsia): dados de incidência e prevalência podem ser subestimados - PATOGENIA Fase inicial: invasão do embrião (oncosfera): enzimas proteolíticas e os acúleos desempenham importante papel. Os embriões que sobrevivem atingem inúmeros tecidos, notadamente nos sistema nervoso central e nos olhos (mais de 80% dos casos), locais em que o calibre dos vasos é menor e o fluxo sanguíneo mais lento Fase intermediária: na qual a resposta imune é demorada e persistente, possibilitando a sobrevivência do cisticerco no hospedeiro imunocompetente. Resposta Th1: resposta protetora. Resposta Th2: favorece a doença Destruição do cisticerco por reação inflamatória: formação de granuloma rico em eosinófilos *Os cistos podem ser calcificados ou viáveis - NEUROCISTICERCOSE Neurocisticercose (NCC): 90% dos casos – epilepsia, hipertensão intracraniana, meningite, distúrbios psíquicos. Forma assintomática: aproximadamente 50% dos casos de NCC - Diagnóstico • Tomografia computadorizada • Ressonância nuclear magnética • Análise do líquido cefalorraquidiano: técnicas imunológicas • NCC: múltiplas calcificações arredondadas ou ovais no interior do parênquima cerebral, com diâmetro de 1 a 2mm • Detecção de anticorpos • Detecção de antígenos circulantes • Técnicas moleculares • Eosinofilia: pode ou não ocorrer - Prevenção e controle • Interrupção do ciclo evolutivo do parasita – diagnóstico e tratamento de indivíduos acometidos pela teníase • Melhorias das condições sanitárias da população • Melhorias das condições sanitárias dos criadouros de animais • Campanhas educativas – adoção de hábitos de higiene adequados • Inspeção sanitária dos alimentos • Tratamento carcaças com cisticerco para consumo – Congelamento carne -15 oC por 6 dias ou -10 oC por 10 dias – Salgar a carne por 21 dias • Controle de abates clandestinos ***Cisticercose animal (parasitose extra intestinal) • Sintomas: suínos e bovinos apresentam infecções localizadas (tecido muscular, ocasionalmente no fígado, pulmão, globo ocular, cérebro, baço e rins) • Assintomáticos • Diagnóstico: inspeção sanitária • Importância econômica: condenação parcial ou total da carcaça ● CASOS CLÍNICOS