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ABACLASS AULA - 03 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) NO CONTEXTO ESCOLAR Prof. Maicon Douglas Ferreira de Almeida O QUE VEREMOS HOJE? Avaliação do repertório inicial do aprendiz; Ferramentas de avaliação; Práticas baseadas em evidências para o ensino de Novas Habilidades; Elaborando o Plano de Ensino Individualizado (PEI); Utilizando Análise de Tarefa para Ensino de novas habilidades de vida diária (AVDs); Encadeamento de respostas; Procedimentos de inserção e retirada de dicas/ajudas (prompting); Procedimento de Ensino por Tentativas Discretas (DTT); Procedimento de Ensino Naturalístico: Utilizando do ambiente natural e da motivação do aprendiz. AVALIAÇÃO NO ABA Avaliação como Linha de base; Linha de base: Uma condição de um experimento em que a variável independente não está presente; Dados obtidos durante a linha são a base para determinar os efeitos da variável independente (tratamento); Comparação do sujeito com ele mesmo (sujeito único) AVALIAÇÃO NO ABA Saber o repertório de entrada do aluno; “Mostrar os caminhos para se seguir” - Onde que o aluno está e para onde que ele pode ir! Definição de objetivos e planejamento da intervenção; Reavaliação Fases de uma avaliação comportamental Rastreamento de informações gerais sobre o cliente Identificação de comportamentos-alvo Monitoração do progresso Follow-up Métodos de Avaliação do Comportamento AVALIAÇÕES INDIRETAS - ENTREVISTAS As entrevistas são conduzidas a fim de se obter informações sobre os comportamentos-alvo da avaliação, bem como sobre as variáveis responsáveis pela manutenção desses comportamentos. Importantes para formulação da hipótese inicial das variáveis que mantem o comportamento. Uma entrevista comportamental difere de entrevistas tradicionais no que se refere ao tipo das questões e ao nível das informações que se procura obter. Analistas do comportamento confiam mais em questões do tipo O que e Quando, as quais estão relacionadas a condições ambientais que estão presentes antes, durante e depois da ocorrência de um comportamento. AVALIAÇÕES INDIRETAS - ESCALAS E CHECKLISTS Um checklist comportamental fornece descrições de comportamentos específicos e das condições sob as quais cada comportamento deveria ocorrer. Checklists específicos podem ser elaborados para avaliar um comportamento em particular (escovar os dentes) ou uma área específica (habilidades sociais), A maioria dos analistas do comportamento utiliza checklists publicados (o Child Behavior Checklist (CBCL) – ACHENBACH; RESCORLA, 2001). Avaliações semiestruturadas e estruturadas Avaliações semiestruturadas costumam prover sugestões de habilidades gerais a serem avaliadas, baseadas na sequência do desenvolvimento infantil as quais, muitas vezes, propõem a manipulação de variáveis ambientais para se avaliar a função do comportamento. Os resultados de avaliações semiestruturadas provêm sugestões de estabelecimento de prioridades, objetivos e currículos individualizados de ensino. PRINCIPAIS PROTOCOLOS EM ABA A ABA possui vários protocolos para avaliar várias áreas do comportamento, como linguagem, comportamento social, habilidades acadêmicas, habilidades de brincar, etc. Vamos nos debruçar nos que aparecem mais constantemente em pesquisas nacionais e internacionais. Os protocolos são: Inventário Portage Operacionalizado ABLLS AFLS PEAK VB-MAPP PEP-R INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO As avaliações e os métodos de ensino propostos pelo Portage são utilizados por milhares de pessoas por ser um guia bastante compreensivo de avaliação e de planejamento de ensino de habilidades para crianças de 0 a 6 anos de idade. É um instrumento de avaliação e de planejamento que abrange as cinco principais áreas de desenvolvimento infantil prevista para os 6 primeiros anos de vida: desenvolvimento motor, linguagem, cognição, socialização e autocuidados. ABLLS (The Assessment of Basic Language and Learning Skills) Desenvolvido pelo Dr. Partington, o sistema ABLLS é uma ferramenta de avaliação, guia curricular e sistema de rastreamento de habilidades usado para ajudar a orientar as instruções de linguagem e habilidades críticas do aluno para crianças com autismo ou outras deficiências de desenvolvimento. O ABLLS fornece uma revisão abrangente de 544 habilidades de 25 áreas de habilidades, incluindo linguagem, interação social, auto-ajuda, habilidades acadêmicas e motoras que geralmente desenvolvem crianças adquirem antes de entrar no jardim de infância. Os itens da tarefa dentro de cada área de habilidade são organizados de tarefas mais simples a mais complexas. ABLLS (The Assessment of Basic Language and Learning Skills) The Assessment of Functional Living Skills (AFLS) AFFLS – É uma avaliação que também é do Dr. James Parttington e que busca avaliar habilidades de vida funcional. Compreende 5 cadernos dentre os quais são avaliadas diversas áreas que tem haver com a independência da criança e adolescente. The Assessment of Functional Living Skills (AFLS) PEAK É uma ferramenta de avaliação e um currículo guia para ensinar habilidades básicas e avançadas de linguagem numa perspectiva analitíco comportamental. PEAK contém 4 livros separados, com 4 módulos separados se referindo a 4 dimensões do Comportamento. PEAK VB-MAPP O VB-MAPP é uma avaliação comportamental de linguagem para crianças com TEA e outros atrasos do desenvolvimento. Seu foco está na função do comportamento verbal e em habilidades relacionadas. O Guia, por sua vez, é composto de cinco elementos: (a) avaliação dos marcos do desenvolvimento; (b) avaliação das barreiras; (c) avaliação de transição; (d) análise de tarefas e rastreamento de habilidades; e (e) objetivos do Plano de Ensino Individualizado (PEI) e colocação curricular. PEP-R O PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) é um instrumento de avaliação voltado para crianças, entre 1 e 12 anos, com autismo e transtornos correlatos da comunicação. Este instrumento nos auxilia na compreensão e descrição de padrões irregulares de aprendizado e comportamentos que podem comprometê-lo, fornecendo informações valiosas para elaboração de um planejamento psicoeducacional individualizado. As dimensões avaliadas são: coordenação motora ampla, coordenação motora fina, coordenação visomotora, percepção, imitação, performance cognitiva e cognição verbal (escala de Desenvolvimento); e as áreas de relacionamento são afeto, brincar e interesse por materiais, respostas sensoriais e linguagem (escala de Comportamento). PRÁTICAS BASEADAS EM EVIDÊNCIA PARA O ENSINO DE NOVAS HABILIDADES Análise de Tarefas (Task Analysis) Crianças com Autismo possuem dificuldades em adquirir naturalmente habilidades complexas (linguagem, leitura, escrita, etc..) Serve para identificar todas as unidades menores e ensináveis de um comportamento, que compõe uma cadeia de comportamento; Uma vez comportamentos encadeados são divididos em etapas menores, os membros da equipe trabalham com o cliente e o ensina sistematicamente os passos individuais. Quando o aprendiz domina as etapas individuais, gradualmente se tornará mais independente usando a habilidade ou comportamento alvo. Ex. escovar os dentes, amarrar os sapatos, etc... Ex. Escovar os dentes Encadeamento de análise de tarefas Duas ténicas: Encadeamento de frente para atrás e encadeamento de trás para frente; Encadeamento de frente para trás: Ensinado na sua ordem natural, cada etapa é ensinada e reforçada quando concluída corretamente; Encadeamento de trás pra frente: Todos os comportamentos identificados na análise de tarefas são concluidos pelo aplicador, exceto o comportamento final da cadeia. Quando o aluno completar a sequência final o reforço é entregue. Em seguida, o reforço só será entregue quando o último e o próximo da sequência for realizado e assim, sucessivamente... PRÁTICA Faça uma análise de tarefas do Comportamento de “Amarrar o Sapato” PromptingAprendizagem sem erro: consiste na apresentação de oportunidades de ensino no qual o manejo das condições antecedentes é tal que as chances de erros são reduzidas consideravelmente; Procedimentos de prompt (dica) demonstraram ser eficazes para ajudar os alunos com TEA a adquirir habilidades fornecendo e removendo sistematicamente as dicas para que os alunos desempenhem habilidades de forma independente. “A aprendizagem sem erro é utilizado no contexto de procedimentos de modificação gradual de estímulos que resultam em desempenhos precisos, com nenhum ou pouco erro, quando comparado com o procedimento de tentativa-e-erro.” (Melo, Carmo & Hanna, 2014) Tipos de Dica: Prompts de Estímulo Prompts de Estímulo Posição Movimento Redundância http://www.youtube.com/watch?v=RdYGwgqr2es http://www.youtube.com/watch?v=6e-jz2WTJso Tipos de Prompt (Dicas): Prompts de Resposta Prompts de Resposta Modelação Físicas Verbais Tipos de Prompt (Dicas) - Dicas Físicas - Modelo - Dicas Visuais - Dicas gestuais - Dicas verbais Esvanecimento de dica (Fading) - Retirada Fading é um procedimento onde pequenas mudanças no estímulo antecedente são introduzidas ao longo de uma sucessão de tentativas; As mudanças são feitas até que o controle de estímulos de um antecedente tenha sido estabelecido; No ensino de crianças com autismo prompt fading é a mudança no nível de ajuda que é provido para criança até que a resposta ocorra de modo independente (sem ajuda). Tipos de esvanecimento de dicas - Least-to-most (Da menor para a maior): Apresenta-se a MENOR dica da hierarquia no nível de prompt definido pelo Analista, podendo aumentar a intensidade da dica até que a criança exiba a resposta correta; *Oportunidade de responder -> Dica pouco intrusiva -> Dica mais intrusiva Ex. Menor para maior https://www.youtube.com/watch?v=7UF2kmhiMGw Tipos de esvanecimento de dicas - Most-to-least (Da Maior para a menor): Esta sequência de prompt fornece inicialmente a MAIOR dica do nível de prompt definido removendo gradualmente até o MENOR nível de prompt da hierarquia; - Ajuda total -> Ajuda Parcial -> Independente Ex. Maior para Menor https://www.youtube.com/watch?v=IFlwdJlVAeA http://www.youtube.com/watch?v=0tUONJPNomU Fading / Esvanecimento em prompts de Estímulos Os procedimentos de esvanecimento de estímulos modificam propriamente a tarefa ou os materiais de forma gradual e sistemática para evocar a resposta correta. O esvanecimento do estímulo pode envolver em exagerar uma dimensão de um estímulo para aumentar a probabilidade de uma resposta correta. A dimensão exagerada é gradualmente diminuída e retirada. Exemplos ENSINO POR TENTATIVAS DISCRETAS Antecedente ◦ Materiais (se houver) ◦ Instrução: clara e sucinta inicialmente, depois variada ◦ Dica/ajuda (evitar dicas inadvertidas, como olhar para o correto) Resposta ◦ Previamente definida, de forma clara, como ação. Muito importante saber identificar se a resposta foi correta. Componentes da DTT Consequência ◦ Se resposta correta: elogio curto + ficha ou reforçador (imediatamente) ◦ Se resposta incorreta: procedimento de correção de erro – cuidado para não ser reforçador para o erro e nem punitivo para o tentar. Intervalo entre as respostas ◦ 3-5 segundos, as vezes menos (ritmo acelerado é melhor para a atenção) ◦ Preparar para a próxima tentativa Componentes da DTT ANTECEDENTE RESPOSTA CONSEQUÊNCIA INTERVALO ENTRE TENTATIVAS ANTECEDENTE RESPOSTA CONSEQUÊNCIA INTERVALO ENTRE TENTATIVAS EXEMPLO DTT https://www.youtube.com/watch?v=YayN3YppXPw Procedimentos de ensino em IN PROCEDIMENTOS DE MODELAGEM (SHAPING) PROCEDIMENTOS DE DICAS E ESVANECIMENTO (PROMPTING) REFORÇAMENTO INTERVENÇÃO NATURALÍSTICA Passo 1: Terapeuta espera pela iniciação da criança; (SIGA A LIDERANÇA) O terapeuta deve organizar o ambiente de maneira que se estabeleça uma operação motivacional para a iniciação da criança. Isso compreende dispor brinquedos e atividades de interesse da criança de maneira que estejam visíveis, mas fora de seu alcance sem o suporte ou assistência de outra pessoa. INTERVENÇÃO NATURALÍSTICA Passo 2: Terapeuta solicita uma resposta mais elaborada da criança; Após a iniciação da criança, o terapeuta solicita a resposta que deverá ser o alvo do treino. Essa solicitação deve ser feita por meio de dicas. O terapeuta pode começar com uma dica menos intrusiva, como fazer contato visual com a criança e esperar. A depender da resposta da criança, o terapeuta continuará a introduzir dicas hierarquicamente mais intrusivas (LIBBY et al., 2008). INTERVENÇÃO NATURALÍSTICA Passo 3: Criança emite a resposta. Caso não emita, é utilizado procedimento de modelagem e o uso de dicas. Passo 4: Terapeuta fornece o objeto/material que gerou a iniciação da criança. **Atenção: Se a atividade preferida for interrompida muitas vezes, por muito tempo, dificultando o acesso ao reforçador, a chance de aquisição e manutenção da habilidade treinada diminui e a criança perde o interesse pelo item ou atividade (FOVEL, 2002). PLANO DE ENSINO INDIVIDUALIZADO (PEI) DEVE CONTER NO MÍNIMO: - OBJETIVO: CLAROS E MENSURÁVEIS - MATERIAIS NECESSÁRIOS - PROCEDIMENTO GERAL - RESPONSÁVEL PELA COLETA DE DADOS - FORMA DE COLETA DE DADOS - CRITÉRIO DE APRENDIZAGEM PLANO DE ENSINO INDIVIDUALIZADO (PEI) - LINGUAGEM RECEPTIVA DE NÚMEROS - Objetivo: Quando apresentada uma instrução, o aprendiz apontará para o número correto em um conjunto de 3 números. - Materiais: Folha de registro, imagem dos números impressos. - Procedimento: Sente-se na frente da criança e estabeleça sua atenção. Apresente 3 imagens de números em uma superfície plana e dê a instrução “me mostre” ou “aponte” juntamente com o nome do número desejado. Aguarde 3-5 segundos para que a criança responda. Registrar + se a criança realizar corretamente independentemente. Registrar o erro caso a resposta esteja errada. Reforce respostas corretas. PLANO DE ENSINO INDIVIDUALIZADO (PEI) - LINGUAGEM RECEPTIVA DE NÚMEROS - Procedimento de prompting: - Ajuda física total – Ajuda moderada – Ajuda leve – Ajuda gestual – Independente (+). - Most-to-least - Do maior para o menor. Iniciar com ajuda total e ir diminuindo gradativamente o nível de ajuda (conforme hierarquia listada a acima) até a criança realizar de forma independente a discriminação dos números propostos. - Critério de Aprendizagem: 80% de acertos das tentativas apresentadas em 3 dias consecutivos.