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Literatura - Vidas Secas - Graciliano Ramos -Vidas Secas

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Impresso por Pablo Ranieri de Barros Barros, E-mail imperadorpablo@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser
protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2023, 21:13:46
ATIVIDADE DE LEITURA - VIDAS SECAS 
 
 
 
Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu na cidade de 
Quebrângulo, Alagoas, no dia 27 de outubro de 1892. Era 
o primogênito de quinze �lhos, de uma família de classe 
média do sertão nordes�no. Passou parte de sua infância 
na cidade de Buíque, em Pernambuco, e parte em Viçosa, 
Alagoas. Fez seus estudos secundários em Maceió. Não 
cursou nenhuma faculdade. 
Em 1910, foi, com a família, morar em Palmeira dos Índios, 
Maceió, onde seu pai abriu um pequeno comércio. Em 
1914, foi para o Rio de Janeiro trabalhar como revisor dos 
jornais Correio da Manhã A Tarde e . Voltou para a cidade 
de Palmeira dos Índios onde trabalhou com o pai, no 
comércio. Em 1927, foi eleito prefeito da cidade, 
assumindo o cargo em 1928. Mudou-se para Maceió, em 
1930, onde assumiu a direção da Imprensa O�cial e da 
Instrução Pública do Estado. 
Graciliano Ramos estreou na literatura em 1933 com o 
romance Caet é s. Nessa época, man�nha contato com José 
Lins do Rego, Raquel de Queiros e Jorge Amado. Em 1934, 
publicou o romance São Bernardo e, em 1936, publicou 
Angust ia. Nesse mesmo ano, ainda no cargo de Diretor da 
Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado, foi 
preso sob acusação de par�cipar do movimento de 
esquerda. Após sofrer humilhações e percorrer vários 
presídios, foi libertado em janeiro de 1937. Essas 
experiências pessoais e dolorosas de sua vida foram 
retratadas no livro , publicado após Memórias do Cárcere
sua morte. O romance Vidas secas, escrito em 1938, é a 
sua obra mais importante. 
 
VIDAS SECAS foi publicado originalmente em 1938. O 
livro, narrado em terceira pessoa, aborda uma família de 
retirantes do sertão brasileiro condicionada a sua vida 
subumana, diante de problemas sociais como a seca, a 
pobreza, e a fome, e, consecu�vamente, no caleidoscópio 
de sen�mentos e emoções que essa sua condição lhe 
obriga a viver e a procurar meios de sobrevivência, 
criando, assim, uma ligação ainda muito forte com a 
situação social do Brasil hoje. 
 
O livro Vidas Secas retrata �elmente a realidade brasileira 
não só da época em que o livro foi escrito, mas também a 
dos dias de hoje, já que questões como injus�ça social, 
miséria, fome, desigualdade, seca, continuam até a época 
atual. Tais questões nos remetem à ideia de que o homem 
se animalizou sob condições sub-humanas de 
sobrevivência. 
 
Por conta da consciência social que existe no conteúdo do 
livro Vidas Secas, moldada através de uma estrutura 
dramá�ca, o enredo tem sido analisado pelos crí�cos por 
meio da relação do homem com os meios naturais e 
sociais. De acordo com alguns especialistas, em Vidas 
S ecas Graciliano contornou alguns es�los literários de sua 
época, o que lhe proporcionou pontos positivos no livro. 
Graciliano, por exemplo, foi cauteloso nas tradicionais 
ingerências do narrador opiniá�co e evitou o protesto ou 
o pan�etarismo (que poderia usar, como outros autores 
da época, para criticar os aspectos sociais de seu país), o 
que certos crí�cos caracterizam como um "estilo seco, 
reduzido ao mínimo de palavras". 
 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 
 
 De acordo com o capítulo “Mudança”, responda ao que se 
pede: 
 
1. O ambiente atua sobre as personagens de forma 
violenta e decisiva, determinando suas atitudes e seu 
modo de ser. Caracterize os elementos do ambiente, a 
par�r do texto: 
a) a terra: 
b) A vegetação: 
c) Os animais: 
 
2. Como o meio ambiente age sobre as pessoas, no 
capítulo? Indique o que cada uma das personagens sente: 
a) Fabiano: 
b) Sinhá Vitór ia: 
c) O menino mais velho: 
d) O menino mais novo: 
 
3. “O pirralho não se mexeu. Fabiano desejou matá-lo . ” 
Esse desejo do vaqueiro não se concretizou. Por quê? Isso 
tem alguma relação com os urubus e as ossadas? Explique. 
 
4. A linguagem usada pelas personagens parece estar 
condicionada ao ambiente. Jus�fique essa a�rmação. 
 
Impresso por Pablo Ranieri de Barros Barros, E-mail imperadorpablo@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser
protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 25/06/2023, 21:13:46
5. “Tinha o coração grosso.” Explique o significado desta 
oração, relacionando-a às características de Fabiano. 
 
6. Sinha Vitória, no capítulo “O Mundo Coberto por 
Pen a s ”, vê a chegada das aves ao bebedouro do gado 
como um sinal. De acordo com o enredo de Vidas Secas, o 
que simboliza a chegada das aves? 
 
7. Uma personagem constantemente mencionada em 
Vidas Secas é Seu Tomás da Bolandeira. Homem letrado, é 
�do como um exemplo de “sabedoria” por Fabiano, que 
muitas vezes o vê como um modelo. 
 
a) Cite um episódio do romance em que �ca evidente a 
dificuldade de expressão de Fabiano na presença de 
pessoas que julga super iores. 
 
b) Como o episódio escolhido por você exemplifica a 
relação, percebida por Fabiano, entre um uso mais “di�cil” 
da linguagem e o poder exercido por determinadas 
pessoas? 
 
Texto para a próxima questão 
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas 
manchas verdes. Os infelizes �nham caminhado o dia 
inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente 
andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na 
areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. 
Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos 
juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da 
ca�nga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória 
com o �lho mais novo escanchado no quarto e o baú de 
folha na cabeça; Fabiano sombrio, cambaio, o aió a 
�racolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, 
a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais 
velho e a cachorra Baleia iam atrás. 
(...) 
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o 
papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam 
descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais 
os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia 
jantara os pés, a cabeça e os ossos do amigo, e não 
guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia 
as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava 
não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave 
se equilibrava mal. (Graciliano Ramos, Vidas Secas) 
 
8. Em um ensaio dedicado ao romance, o crítico literário 
Antonio Candido a�rma que “o drama de Vidas Secas é 
justamente esse entrosamento da dor humana na tortura 
da paisagem”. 
 
a) Com base no trecho transcrito, aponte, no primeiro 
parágrafo, duas expressões em que o autor apresenta a 
paisagem agreste como uma paisagem torturada. 
 
b) O autor do romance estabelece uma relação entre a 
condição de vida dos retirantes e o des�no do papagaio. 
U�lizando informações do texto, explique essa relação. 
 
9. Considere o trecho: “Agora, enquanto parava, dirigia as 
pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não 
ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se 
equilibrava mal”. Percebe-se que a perspec�va narra�va 
se centra na cachorra Baleia. Como o autor apresenta essa 
personagem, considerando que ela tem consciência sobre 
os fatos que a circundam? 
 
10. O chamado “ciclo nordes�no” da moderna ficção 
brasileira compreende obras inspiradas em motivos 
sociais, entre os quais o flagelo das secas. Explique, com 
base em elementos do trecho do capítulo “Mudança”, por 
que Vidas Secas é considerado um romance regionalista. 
 
11. No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o 
vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o 
salário. Eis parte da cena: 
 
 Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. 
Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era 
dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar 
comonegro e nunca arranjar carta de alforria? 
 O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que 
o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. 
 Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. 
Não era preciso barulho não. 
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro, Record, 
2003.) 
 
a) Extraia do texto duas passagens em que haja discurso 
indireto livre. 
 
b) Extraia do texto expressões em que se veri�quem 
marcas de regionalismo. 
 
c) Comente a relação entre Fabiano e seu patrão. 
 
12. De acordo com a leitura da obra responda: 
a) Que importância Baleia tem na obra em que Graciliano 
Ramos dedica-lhe um capítulo? 
 
b) Por que Graciliano não dá nome aos meninos, chama-os 
de Menino mais velho e menino mais novo? 
 
13. (UFV) A respeito de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, 
somente NÃO podemos a�rmar que: 
a) os personagens, Fabiano, Sinhá Vitória e os �lhos, são 
conver�dos em criaturas brutalizadas, numa sugestão de 
que a dureza do solo nordes�no aproxima a vida humana 
da vida animal. 
b) embora composta de pequenas narra�vas isoladas, a 
obra mantém a estrutura de um romance pela presença 
quase constante de seus personagens e por uma sucessão 
temporal. 
c) a narra�va denuncia o �agelo do sertão nordestino, 
onde o homem, fundindo-se ao seu meio, é arrastado por 
um destino adverso e inú�l. 
d) o retirante Fabiano, incapaz de verbalizar seus próprios 
pensamentos, expressa-se, quase sempre, através do 
discurso indireto livre de um narrador onisciente. 
e) a obra insere-se no chamado por uma romance de 30
total �delidade aos experimentalismos linguísticos da fase 
heroica do movimento modernista. 
 
 
 
Impresso por Pablo Ranieri de Barros Barros, E-mail imperadorpablo@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser
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Gabarito 
 
1.a) A terra é seca e torturante, assim, as descrições 
indicam a estiagem: “Na planície avermelhada”, “a lama 
seca e rachada” 
b) A vegetação, assim como a terra, é vítima da seca. 
Assim, só é possível ver os juazeiros ao longe e também 
mandacarus e xique-xiques que resistem a ela. “A 
folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos 
pelados da ca�nga rala.” “A catinga estendia-se, de um 
vermelho indeciso”. 
c) Além dos urubus, que vivem da morte, e de Baleia, que 
sofria com a seca junto com a família de retirantes, os 
outros animais não conseguiram sobreviver à seca: “o voo 
negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos 
moribundos.”, “Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, 
as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da 
boc a .” 
 
2. Fa b ian o pensa que a seca é necessária, sente fome, 
sede, quer culpar alguém pela desgraça, mas sonha com 
condições melhores para sua família. 
Sinha Vitória senta-se e tem seus pensamentos 
desconexos, lembra-se do papagaio que matou para 
amenizar a fome da família e tenta justificar esse ato para 
si. 
O menino mais velho está faminto, quase morto por causa 
da seca e, consequentemente, da falta de alimento. 
O menino mais novo deve sen�r fome e cansaço, como os 
outros, apesar de haver poucas informações no primeiro 
capítulo acerca do menino. 
 
3. Apesar de possuir um coração grosso Fabiano não pôde 
abandonar o próprio �lho naquele local, pois era uma 
crueldade sem fim. Ao examinar os arredores e pensar nos 
urubus e nas ossadas vistas ao longo da jornada, teve a 
certeza de que aquilo não era o certo a se fazer. 
 
4. A seca tem aspectos monstruosos porque limita a vida 
dos sertanejos do Nordeste e expõe um lado seco, doído 
desumano do Brasil, tanto no aspecto paisagístico quanto 
no aspecto social: a terra é seca e as relações são secas. 
Assim, a linguagem que traduz essa realidade é também 
seca. O narrador utiliza períodos curtos e enxutos e as 
personagens não conseguem se comunicar, tornando-se, 
por isso, animalizadas. 
 
5. Fabiano é rude, grosseiro, animalizado. Deseja 
abandonar seu filho para não atrasar a marcha em busca 
daquilo que nem sabe se encontrará, sendo assim, possui 
um coração grosso. 
 
6. A chegada das aves indica a seca que está por vir. 
 
7. a) Um episódio que caracteriza a di�culdade de Fabiano 
em ar�cular o seu discurso está no capítulo “Contas”, em 
que o patrão fala em juros e prazos e ele não consegue 
argumentar em seu favor. 
b) Fabiano percebia que as pessoas mais cultas falavam de 
uma maneira difícil para encobrir ladroeiras, exercendo, 
portanto, poder sobre os mais simples: “Ouvira falar em 
juros e em prazos. Isto lhe dera uma impressão bastante 
penosa: sempre que os homens sabidos lhe diziam 
palavras difíceis, ele saía logrado. Sobressaltava-se 
escutando-as. Evidentemente só serviam para encobrir 
ladroeiras. Mas eram bonitas.” (p.98) 
 
8) a) “rio seco”; “galhos pelados da ca�nga rala”. 
b) Como os retirantes já não �nham o que comer, 
resolveu-se matar o papagaio, que serviu de alimento à 
família e à cachorra Baleia. 
 
9) a) Enquanto os retirantes vão sofrendo um processo de 
brutalização, a cachorra Baleia é apresentada como que 
dotada de um olhar e sensibilidade “humanos”. 
 
10) A presença da paisagem semiárida do sertão 
nordes�no e as alusões a aspectos da caatinga e do 
xerofi�smo permitem localizar a ação num espaço 
geográ�co determinado, cuja unidade é evidenciada por 
“juazeiros”, “planície avermelhada”, “areia do rio seco”, 
“galhos pelados da ca�nga [= caatinga] rala”. O Nordeste 
também se evidencia pelo aspecto sociocultural, na 
descrição dos hábitos e utensílios da família de Fabiano: 
“baú de folha”, “aió”, “cuia”, “espingarda de pederneira”; 
além, naturalmente, da imprecação de Fabiano, que 
reproduz a fala nordes�na. 
 
11) a) “Passar a vida inteira assim no toco, entregando o 
que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? 
Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria?”; 
“Bem, bem. Não era preciso barulho não.” 
b) “Passar a vida inteira assim no ”; “perdeu os to c o 
estribos”; “Fabiano baixou a pa n cad a e amunhecou”. 
c) A relação existente entre o patrão e Fabiano é de 
opressão. O patrão explora Fabiano, rouba-lhe nas contas 
e Fabiano, apesar de ter consciência do que acontece, não 
tem voz para lutar contra o patrão, já que ele não tem 
condições para libertar-se. 
 
12.a) Baleia é importante, pois tem sonhos: deseja um 
mundo cheio de preás. Ela também tem nome enquanto 
os filhos de Fabiano e sinhá Vitória não. Além disso, é 
humanizada: pensa, preocupa-se com a família e é 
carinhosa com o menino mais velho. 
 
b) Os meninos, o mais velho e o mais novo, não têm 
nomes próprios para caracterizar a representação de uma 
condição de anonimato e opressão em que vivem os 
sertanejos. Já a cadela Baleia é humanizada e faz 
contraponto à animalização da família. 
 
13 - E

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