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O Barroco na Literatura Brasileira

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TÓPICO 02: O “SEQUESTRO” DO BARROCO
Fonte [1]
Na literatura brasileira, a presença do Barroco em nossas letras tornou-
se uma questão controvertida a partir do lançamento da obra Formação da 
literatura brasileira, de Antonio Candido, em 1959. Afirmando que “A nossa 
literatura é galho secundário da portuguesa, por sua vez arbusto de segunda 
ordem no jardim das musas...” (p. 9),
CANDIDO localiza o início da formação da literatura brasileira em 
meados do século XVIII, ignorando assim o Barroco brasileiro, que em sua 
abordagem não constitui uma LITERATURA COMO SISTEMA, que 
pressuporia obras ligadas por denominadores comuns, que permitem 
reconhecer as notas dominantes, quais sejam: características internas 
(língua, temas, imagens) e elementos externos (natureza social e psíquica). 
Os elementos externos, por sua vez, seriam produtores literários mais ou 
menos conscientes de seu papel, receptores, sem os quais a obra não vive, e 
um mecanismo transmissor (linguagem), comum a ambos.
Literatura é, segundo o autor, um tipo de comunicação inter-humana, 
sistema simbólico “por meio do qual as veleidades mais profundas do 
indivíduo se transformam em elementos de contato entre os homens, e de 
interpretação das diferentes esferas da realidade” (CANDIDO, 2000, p. 
23). Nesse sentido, o sistema literário brasileiro começa a se delinear com 
os árcades mineiros, as últimas academias e certos intelectuais ilustrados, 
formando conjuntos orgânicos que querem fazer literatura brasileira. Os 
pontos de partida seriam então a Academia dos Seletos e dos Renascidos, e 
as primeiras obras de Cláudio Manuel da Costa.
Fonte [2]
O crítico AFRÂNIO COUTINHO, em seu ensaio “Formação da literatura 
brasileira”, de 1960 (pp. 53-75), ressalta o caráter histórico-sociológico da 
concepção de Antonio Candido, que considera a literatura como forma de 
conhecimento, deixando de fora o caráter estético, propriamente artístico. 
Coutinho acata o critério sociológico, mas afirma que sua aplicação teria sido 
errônea, por conter uma visão ideológica: para Coutinho a tese de Candido é 
eurocêntrica. A formação da literatura brasileira teria começado então no 
séc XVI, porque havia aí autor, havia obra, havia público, pequeno mas 
público.
Desconsiderar essa literatura como brasileira equivaleria então a 
considerá-la portuguesa, ou “luso-brasileira”, critério político que abre 
mão de nosso patrimônio literário. Nossa formação, assim, deu-se com o 
Barroco, de influência espanhola, não com o Neoclassicismo. Para 
Coutinho, Candido confundiu “formação” com “autonomia”, porque 
formação já havia no século XVII (e até XVI). A atitude de Candido faz eco 
com os românticos sobre a chamada verdadeira literatura. Afrânio 
Coutinho considera essa atitude de Antonio Candido uma renúncia a todo 
LITERATURA BRASILEIRA I
AULA 02: O BARROCO
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