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VITOR PIVOTTO MT103 METABOLISMO DAS PROTEÍNAS 1 – EXPLIQUE O METABOLISMO DAS PROTEÍNAS DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS As proteínas são grandes demais para serem absorvidas diretamente pelo intestino, portanto, devem ser hidrolisadas, produzindo di e tripeptídeos, além de aminoácidos livres. As enzimas proteolíticas responsáveis por degradar as proteínas são produzidas no estômago, pâncreas e intestino delgado. DIGESTÃO POR SECREÇÃO GÁSTRICA A digestão das proteínas começa no estômago, que secreta: Ácido clorídrico: é secretado pelas células parietais e está muito diluído (pH 2 a 3) para hidrolisar as proteínas. Tem também função de matar algumas bactérias e desnaturar proteínas, tornando-as mais suscetíveis à hidrólise por proteases. Pepsina: endopeptidase estável em meio ácido, secretada pelas células principais na forma de zimogênio inativo (pró-enzima), o pepsinogênio. Zimogênios possuem aminoácidos que os impedem de ser cataliticamente ativos. Pepsinogênio é ativado produzindo pepsina, seja pelo HCl ou de moto autocatalítico por outra molécula de pepsina já ativa. Pepsina libera peptídeos e poucos aminoácidos livres a partir de proteínas da dieta. DIGESTÃO POR ENZIMAS PANCREÁTICAS Ao entrar no delgado, polipeptídeos produzidos no estômago pela pepsina são clivados por proteases pancreáticas, resultando em oligopeptídeos e aminoácidos. Especificidade: cada uma dessas enzimas possui diferente especificidade de acordo com o grupo R do aminoácido adjacente à ligação peptídica suscetível. Por exemplo, tripsina cliva somente quando grupo carbonila da ligação peptídica é fornecido por arginina ou lisina. Liberação de zimogênios: liberação e ativação dos pancreáticos é mediada pela secreção de colecistocinina e secretina. Ativação dos zimogênios: a enteropeptidase converte o zimogênio pancreático tripsinogênio em tripsina pela remoção de um hexapeptídeo da extremidade -NH2 do tripsinogênio. Depois, tripsina converte outros tripsinogênios em tripsina pela clivagem de um número limitado de ligações peptídicas específicas. Enteropeptidase, desse modo, desencadeia cascata de atividades proteolíticas, pois tripsina é ativador comum de todos os zimogênios pancreáticos. Em indivíduos com deficiência de secreção pancreática, a digestão e absorção de gorduras e proteínas é incompleta. Gera aparecimento de proteínas e gorduras não digeridas nas fezes. ABSORÇÃO DE AMINOÁCIDOS Aminoácidos livres são captados pelos enterócitos por um sistema de transporte secundário ligado ao Na+ da membrana apical. Já os di e tripeptídeos são captados por um sistema de transporte ligado ao H+. Peptídeos são hidrolisados no citosol, produzindo aminoácidos, antes de irem para o sistema porta por difusão facilitada. Assim, apenas aminoácidos livres são encontrados na veia porta pós refeição proteica. Esses aminoácidos serão metabolizados pelo fígado ou liberados na circulação. TRANSPORTE DE PROTEÍNAS PARA MEIO CELULAR Algumas proteínas são importadas para dentro das células, exemplos são LDL e transferrina. Existem várias vias para esse processo, em uma delas, as proteínas se ligam a receptores em invaginações da membrana, as depressões revestidas, onde existe concentração de receptores endocíticos em relação a outras proteínas da superfície celular. As depressões são revestidas, no lado citosólico, por uma rede formada pela proteína clatrina. Essa rede aumenta à medida que mais receptores vão sendo ocupados pelas proteínas-alvo. Por fim, uma vesícula endocítica completa ainda ligada à membrana se solta da membrana plasmática com ajuda da dinamina e entra no citoplasma. Clatrina rapidamente é removida por enzimas removedoras de revestimento e a vesícula se funde a um endossomo. A atividade ATPásica na membrana reduz pH do endossomo, facilitando dissociação dos receptores de proteínas-alvo. REMOÇÃO DE NITROGÊNIO DOS AMINOÁCIDOS A presença do grupo alfa-amino nos aminoácidos é o que impede que oxidação deles ocorra. Sua remoção é essencial para o catabolismo. TRANSAMINAÇÃO O primeiro passo para o catabolismo de aminoácidos á a transferência de seus grupos alfa-amino para o alfa-cetoglutarato. Os produtos são um alfa-cetoácido (derivado do aminoácido original) e glutamato. Esse glutamato pode ser desaminado oxidativamente ou usado como doador de grupo amino na síntese de aminoácidos não essenciais. Esse processo é catalisado pela família de enzimas aminotransferases. Quanto ao equilíbrio, a reação pode ocorrer em ambos os sentidos, degradando aminoácidos pela remoção do grupo alfa-amino (pós consumo de refeição proteica) e sintetizando pela adição de grupos amino a esqueletos carbonados de alfa-cetoácidos (suprimento de aminoácidos da dieta não supre necessidades de síntese das células). DESAMINAÇÃO OXIDATIVA A desaminação pela glutamato-desidrogenase resulta na liberação de um grupo amino como amônia livre (NH3). Essas reações ocorrem principalmente no fígado e rim. Elas fornecem alfa-cetoácidos que podem entrar nas vias centrais do metabolismo energético, e amônia, fonte de nitrogênio na síntese de ureia. Os grupos amino da maioria dos aminoácidos são afunilados na síntese de glutamato por meio da transaminação com o alfa-cetoglutarato. O glutamato é o único aminoácido que sofre desaminação oxidativa rápida, catalisada pela glutamato-desidrogenase. Portanto, a reação de transaminação (grupo amino inserido no alfa-cetoglutarato produzindo glutamato), com a subsequente desaminação oxidativa desse glutamato (regenerando alfa-cetoglutarato), fornece uma via pela qual os grupos amino da maioria dos aminoácidos podem ser liberados como amônia. O trifosfato de guanosina (GTP) é inibidor alostérico da glutamato-desidrogenase, enquanto o ADP é ativador dessa enzima. Assim, quando nível energético da célula está baixo, a degradação pela enzima está aumentada, facilitando a produção de energia a partir dos esqueletos carbonados derivados dos aminoácidos. AMÔNIA TRANSPORTE Dois mecanismos de transportes são usados para levar a amônia para o fígado para ser convertida em ureia. O primeiro, presente na maioria dos tecidos, usa a enzima glutamina-sintetase para combinar amônia (NH3) com glutamato e formar glutamina – forma não tóxica de transporte de amônia. A glutamina é transportada pelo sangue ao fígado, onde é clivada pela glutaminase, produzindo glutamato e amônia livre. O segundo mecanismo é usado principalmente pelo músculo, envolve a transaminação do piruvato (produto final da glicólise aeróbia) para formar alanina. A alanina é transportada pelo sangue ao fígado, onde é novamente convertida em piruvato por transaminação. Esse piruvato pode ser usado na gliconeogênese para gerar glicose que será usada no músculo – via glicose-alanina. CICLO DA UREIA A ureia é a principal forma de eliminar os grupos amino oriundos de aminoácidos e perfaz cerca de 90% dos componentes nitrogenados da urina. Um átomo de nitrogênio da ureia é fornecido pelo NH3 livre e o outro é fornecido pelo aspartato. O carbono e oxigênio da ureia são derivados do CO2. Ela é produzida pelo fígado e transportada pelo sangue até os rins, para ser excretada na urina. As duas primeiras reações do ciclo ocorrem na mitocôndria, ao passo que as demais enzimas usadas estão no citosol. Depois de sair do fígado por difusão, chega aos rins pelo sangue, onde é filtrada e excretada na urina. Parte dela difunde do sangue para o intestino, onde é clivada em CO2 e NH3 pela urease bacteriana. Essa amônia é parcialmente perdida nas fezes e parcialmente absorvida para o sangue. Insuficiência renal: níveis de ureia no plasma aumentam, promovendo maior transferência de ureia do sangue para o intestino. A urease intestinal sobre essa ureia torna-se uma fonte clinicamente importante de amônia, contribuindo para a hiperamonemia observadanesses pacientes. Uso de neomicina reduz bactérias intestinais responsáveis pela produção de NH3. 2 – EXPLIQUE O METABOLISMO ENERGÉTICO DURANTE LONGAS PRIVAÇÕES ALIMENTARES No jejum, os níveis plasmáticos de glicose, aminoácidos e triglicerídeos caem, acarretando um declínio na secreção de insulina e aumento na secreção de glucagon. Esse processo gera o catabolismo, caracterizado pela degradação de triglicerídeos, glicogênio e proteína. Assim, ocorre troca de substratos entre fígado, tecido adiposo, músculo e cérebro, guiada por prioridades: - Necessidade de manter níveis plasmáticos adequados de glicose para o metabolismo energético do cérebro e outros tecidos; - Necessidade de mobilizar ácidos graxos do tecido adiposo e corpos cetônicos do fígado para suprir energia a todos os outros tecidos. Apenas um terço da proteína corporal pode ser usada para a produção energética sem comprometer funções vitais. FÍGADO NO JEJUM Carboidratos: O fígado utiliza primeiramente a degradação do glicogênio e em seguida a gliconeogênese para manter a glicemia e sustentar o metabolismo energético do cérebro e demais tecidos. Níveis baixos de glicose no sangue causam maior secreção de glucagon, essa alta causa mobilização dos depósitos de glicogênio hepático. O glicogênio hepático é exaurido após 10 a 18 horas de jejum, assim, essa resposta de glicogenólise hepática é uma resposta transitória ao jejum inicial. Ocorre aumento da gliconeogênese. Os esqueletos de carbono para esse processo são derivados principalmente de aminoácidos, glicerol e lactato. A gliconeogênese inicia cerca de 4 a 6 horas após a última refeição e torna-se muito ativa assim que os depósitos de glicogênio hepático são exauridos. Lipídeos: A oxidação dos ácidos graxos derivados do tecido adiposo aumenta e é a principal fonte de energia no tecido hepático no estado pós-absortivo. Ainda existe aumento na síntese de corpos cetônicos. Essa síntese é favorecida quando a concentração de acetil-CoA, produzido pelo metabolismo dos ácidos graxos, excede a capacidade absortiva do ciclo de Krebs. Uma produção significativa de corpos cetônicos inicia durante os primeiros dias de jejum. Eles podem ser usados como combustível para a maioria dos tecidos, incluindo o cérebro, desde que seus níveis sanguíneos estejam suficientemente elevados. Isso reduz a necessidade de gliconeogênese a partir dos esqueletos de carbonos dos aminoácidos, diminuindo perda de proteína essencial. TECIDO ADIPOSO NO JEJUM Carboidratos: Transporte de glicose ao adipócito e seu metabolismo subsequente estão deprimidos pelos baixos níveis de insulina circundante. Isso leva a diminuição na síntese de ácidos graxos e triglicerídeos. Lipídeos: Aumento na degradação de triglicerídeos. O aumento nos níveis de catecolaminas (epinefrina) favorece aumento da ativação de lipase sensível a hormônio e hidrólise subsequente de triglicerídeo armazenado. A epinefrina e, particularmente, a norepinefrina liberadas no tecido adiposo são ativadores da LHS. Aumento na liberação de ácidos graxos. Os ácidos graxos obtidos pela hidrólise de triglicerídeos armazenados são liberados no sangue. Ligados a albumina são transportados a uma série de tecidos para serem usados como combustível. O glicerol produzido pós degradação do triglicerídeo é usado como precursor gliconeogênico pelo fígado. No jejum, a ação da lipase lipoproteica do tecido adiposo é baixa. Assim, o triglicerídeo circulante proveniente das lipoproteínas não está disponível para a síntese de triglicerídeo no tecido adiposo. MÚSCULO ESQUELÉTICO NO JEJUM Carboidratos: Transporte de glicose às células do musculo esquelético via proteínas de transporte dependentes de insulina na membrana plasmática e subsequente metabolismo da glicose estão deprimidos devido aos baixos níveis de insulina circulante. Lipídeos: Durante as primeiras duas semanas de jejum, o músculo usa ácidos graxos do tecido adiposo e corpos cetônicos do fígado como combustíveis. Após 3 semanas de jejum, o musculo reduz sua utilização de corpos cetônicos e oxida os ácidos graxos quase exclusivamente. Isso leva ao aumento de corpos cetônicos circulantes, que já estava elevado. - Aumento do uso de corpos cetônicos pelo encéfalo está relacionado ao amento desses compostos no sangue, portanto, relaciona-se ao decréscimo do consumo deles pelos músculos. Proteínas: Nos primeiros dias de jejum, ocorre degradação rápida de proteínas musculares, fornecendo aminoácidos que serão usados no fígado para a gliconeogênese (alanina e glutamina os mais importantes). A proteólise provavelmente é estimulada pela diminuição da insulina e mentida pelo aumento de glicocorticoides, pois o musculo não possui receptores para o glucagon. Após semanas em jejum, a proteólise muscular diminui pelo declínio da necessidade de glicose como combustível ao encéfalo, já que ele começa a usar os corpos cetônicos. ENCÉFALO NO JEJUM Nos primeiros dias de jejum, SNC usa exclusivamente glicose como fonte de energia (glicemia mantida pela gliconeogênese hepática). No jejum prolongado, corpos cetônicos atingem níveis elevados no plasma e, junto com a glicose, se tornam combustível no encéfalo. Isso reduz a necessidade de catabolismo proteico para a gliconeogênese. Os corpos cetônicos poupam glicose e, assim, proteína muscular. As mudanças metabólicas durante o jejum asseguram que todos os tecidos tenham suprimento adequado de combustíveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Bioquímica ilustrada – Harvey.
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