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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Definir o papel histórico e social da mineração no Brasil. > Explicar o método de lavra a céu aberto e a relação estéril/minério. > Determinar as operações unitárias básicas no método de mineração a céu aberto. Introdução A mineração, que consiste na extração de bens minerais para utilização humana, é uma das atividades mais antigas que o homem realiza. Desde a época pré-histórica, a necessidade de conversão de bens minerais em produtos para uso humano é constante na sociedade. Essa demanda exigiu que aprimorássemos os métodos de extração e beneficiamento dos materiais. Considerando que o desenvolvimento de uma nação e o bem-estar de sua população não existem sem o uso intensivo, porém racional, dos bens minerais, o conhecimento desse segmento é essencial para qualquer sociedade que busque crescimento. Neste capítulo, você vai conhecer o papel histórico e social da mineração no Brasil e, mais especificamente, o método de lavra a céu aberto, desde o conceito de relação estéril/minério (REM) até as principais operações unitárias básicas. Introdução à lavra de minas a céu aberto Sheila Mena Barreto Silveira A mineração e o desenvolvimento do Brasil Histórico da mineração no Brasil Desde os primórdios da humanidade, a extração mineral é uma peça funda- mental para o desenvolvimento social e econômico das civilizações, o que não foi diferente no Brasil. Antes do final do século XVII, a busca por ouro, prata e pedras preciosas era constante, porém sem grande êxito, uma vez que os locais onde era realizada essa busca não continham jazimentos des- ses minerais. No entanto, com a queda do valor agregado do açúcar, devido à concorrência das Antilhas, a Coroa portuguesa aumentou a procura por minerais preciosos (como metais e diamantes) com a criação do movimento de interiorização denominado Bandeiras. Esta foi uma política social que incentivou a população para exploração mineral, pois o valor agregado do açúcar já não era atrativo. Os bandeirantes, pessoas que foram para as regiões não povoadas do Brasil, como Sudoeste e Centro-Oeste, buscavam índios e metais preciosos para comercialização nas cidades do Nordeste brasileiro e, consequentemente, na Europa. Juntamente a essa expansão territorial, foram descobertas diversas jazi- das minerais, o que deu início ao ciclo econômico do ouro, intensificando a extração mineral de diamante e ouro no atual estado de Minas Gerais. Esses bens minerais eram encontrados em aluviões, que são depósitos de areia, argila e cascalho, nas margens e nos leitos dos rios, transportados e acumu- lados por processos erosivos, logo, estando disponíveis para extração sem necessidade de escavação ou qualquer técnica além da utilização de bateia (espécie de peneira utilizada para separação física do minério e estéril). Com a facilidade de acesso e a inexistência de necessidade de especificação técnica do trabalhador, o esgotamento desse tipo de depósito mineral deu-se de forma consideravelmente rápida. A mineração por bateia, método de separação por densidade, representa muito bem as condições precárias de trabalho encontradas na época. Os escravos ficavam diariamente expostos a condições insalubres, como sol forte e água até os joelhos por longos períodos de tempo. À medida que rios e riachos menores eram exauridos, os proprietários passaram a exercer a ati- vidade mineira em corpos de água maiores a partir de sistemas de dragagem. Introdução à lavra de minas a céu aberto12 A Figura 1 ilustra como era feita a exploração do ouro em aluvião. Figura 1. Extração de ouro em aluvião realizada por escravos. Fonte: Cotrim (2002 apud FERREIRA, 2013, p. 4). A atividade mineira nos primeiros 70 anos do século XVIII foi de grandes proporções, alcançando 50% da produção mineral de ouro do mundo, cerca de 15 ton/ano de ouro em meados de 1750 (FIGUEIRÔA, 1994). O declínio da atividade se deu principalmente pelo exaurimento dos rios e riachos e os aumentos dos impostos pela coroa portuguesa. Nessa época surgiram diversas revoltas, entre elas pode-se destacar a inconfidência mineira, associada ao nome de Joaquim Jose da Silva Xavier, também conhecido como Tiradentes. A partir desse ciclo econômico, percebeu-se o potencial mineral do terri- tório brasileiro, o que deu início a diversas pesquisas por parte de empresas privadas e pelo próprio governo. Cabe ressaltar que a importância social e econômica da mineração durante os séculos XVII e XVIII foi diminuindo devido à migração dos trabalhadores para os grandes centros urbanos em busca de oportunidades no recém iniciado processo de industrialização. Embora a atividade mineira tenha esfriado, permaneceu desempenhando um papel de destaque na economia, principalmente nos arredores de sua instalação. No período industrial, tardio no Brasil quando comparado às nações europeias, a necessidade de matérias-primas para a construção civil e para as indústrias reaqueceu o segmento da mineração. Desde então, uma par- cela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é oriunda dessa atividade. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, em 2019, o setor mineral correspondia a 4% do PIB do país e a 22,6% da balança comercial (importações e exportações) (BRASIL, 2020). Introdução à lavra de minas a céu aberto 13 Mineração e impacto social na sociedade brasileira Quando se trata do viés social, é preciso destacar que a mineração contribuiu de forma significativa para a distribuição locacional das cidades e de seus habitantes. Quando foram “descobertas” as jazidas de metais na região em que hoje estão Minas Gerais e Goiás, houve uma migração mais acelerada para esses locais, com o desenvolvimento de sítios urbanos no entorno das áreas que estavam sendo lavradas. O mesmo ocorreu na região Norte, com a abertura dos complexos Serra Pelada e Carajás, ambos localizados no estado do Pará. O ciclo da implantação de um empreendimento mineiro, em áreas com pouco desenvolvimento urbano, consiste basicamente na criação de vilarejos para comportar os novos moradores, atraindo comerciantes e prestadores de serviços. Essa cadeia gera necessidade por novos insumos, como material de construção e itens básicos de alimentação e higiene, criando novos postos de trabalho e atraindo mais pessoas. Ao aumentar o porte do centro urbano e, consequentemente, a quantidade de pessoas na região, há demanda de implantação de serviços básicos (como maternidade, posto de saúde, sane- amento básico, eletricidade, etc.), expandindo ainda mais a rede de pessoas e serviços necessários. Com o tempo e com o aumento da densidade popula- cional, os antigos vilarejos se consolidam como municípios, e suas atividades primárias deixam de ser oriundas exclusivamente da mineração, já que ocorre uma diversificação nas atividades desenvolvidas pela população. Sendo assim, a implantação de empreendimentos de mineração acarreta desenvolvimento urbano no seu entorno. No entanto, se as atividades mineiras não forem bem conduzidas, os impactos ambientais podem sobrepor-se aos benefícios do empreendimento, o que ocasiona desconforto na população lindeira. A satisfação e o bem-estar da vizinhança de uma mineração são fatores essenciais para a manutenção do empreendimento, uma vez que a pressão popular pode inviabilizar, mesmo que de forma temporária, a implantação e/ou a operação da mineração. Um exemplo é a Mina Guaíba, complexo de extração mineral de carvão e areia no Rio Grande do Sul cujo projeto prevê torná-la a maior mina a céu aberto do Brasil. Apesar de demonstrar ser alta- mente tecnológica e lucrativa, devido às fragilidades ambientais elencadas no sítio e no próprio projeto, em 2020, foi suspensa a análise, por parte do órgão ambiental, dos estudos técnicos apresentados pelo empreendedor. Destaca-se, nesse sentido, o que o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) (2014, p. 8) afirma: Introdução à lavra de minas a céu aberto14 [...] a mineraçãoreflete positivamente na qualidade de vida dos cidadãos. É pouco percebido pela população, por exemplo, que o Índice de Desenvolvimento Huma- no – IDH dos municípios onde ocorre a mineração é maior do que a média do IDH dos Estados onde se localizam e superior, também, ao dos municípios onde não há essa atividade econômica. Outro aspecto a observar é que, mesmo em pontos distantes dos grandes centros urbanos ou em áreas onde se concentram bolsões de pobreza, a presença de um empreendimento mineral é fator concreto de estímulo ao desenvolvimento sustentável dessas localidades. Logo, o desenvolvimento do setor mineral está diretamente associado ao desenvolvimento social e econômico do Brasil, devendo ser expandido, de forma sustentável, para o fortalecimento da nação brasileira. O carvão mineral é um bem mineral controverso, uma vez que sua exploração é vista pela sociedade como altamente poluidora e gera- dora de impactos ambientais diversos. No entanto, sua participação na matriz energética brasileira é significativa, consistindo em 26,9%, de acordo com a Agência Internacional de Energia, e consolidada, já que as termoelétricas são acionadas quando há déficit hídrico para geração de energia elétrica no setor de hidroeletricidade (EPE, 2020). Lavra a céu aberto: conceitos básicos A extração mineral pode ocorrer a céu aberto (na superfície terrestre) ou de forma subterrânea (abaixo da superfície). A seleção do método de lavra a ser utilizado depende da disposição espacial do depósito mineral. Opta-se pelas operações a céu aberto sempre que o depósito estiver próximo da superfície ou quando a relação de custo-benefício for favorável. Destaca-se que, usualmente, os custos de implantação e operacional são mais baixos em minas a céu aberto do que em minerações subterrâneas. De acordo com De Carli (2013, p. 7-8), a lavra a céu aberto tem aplicação muito mais frequente do que a lavra subterrâ- nea, devido a diversas vantagens atribuídas a este método. Dentre as principais vantagens encontram-se o custo de lavra, a capacidade de produção, menor diluição, versatilidade para qualquer tipo de mineralização, grande recuperação de depósito e ambiente menos agressivo do que nas operações subterrâneas. Contudo, este método também tem suas desvantagens, como a limitação pela profundidade, necessidade de investimento inicial elevado, recuperação da área após as atividades, disponibilidade de terreno para locação de pilhas de material estéril e barragens de rejeito, entre outras. Introdução à lavra de minas a céu aberto 15 Existem inúmeros métodos de lavra a céu aberto, que podem ser classi- ficados de distintas formas. Os métodos utilizados mais usuais são a lavra por bancadas simples ou múltipla (open-pit mining), a lavra em tiras ou fatias (stripmining ou open-cast mining) e a lavra de pedreiras (quarry mining ou dimension stone mining). De acordo com Curi (2017), os principais métodos podem ser definidos da seguinte maneira: � Método de lavra por bancadas: trata-se do principal método de lavra a céu aberto e o mais utilizado nas minerações brasileiras, bastante pre- sente na lavra de minerais metálicos. As bancadas podem ser simples ou múltiplas, dependendo da profundidade final do corpo mineral. São desenvolvidas, consecutivamente, de cima para baixo e devem apresen- tar um ângulo de repouso que garanta sua estabilidade. Geralmente, são utilizadas quando o corpo de minério se encontra recoberto por espessa camada de solo. Após a extração mineral, o estéril é deposi- tado nas proximidades da cava para uma futura recuperação da área. � Método de lavra em tiras: conhecido pela alta produtividade e menor custo operacional, é utilizado principalmente em depósitos tabulares e camadas horizontais com pouco capeamento. Entre os minérios que são lavrados dessa forma, destacam-se a bauxita, o carvão e o xisto betuminoso. Esse método costuma utilizar equipamentos de grande porte, tais como shovels e draglines ou mineradores contínuos (bucket wheel excavator — BWE). � Pedreiras: método direcionado à lavra de materiais de uso direto na construção civil, como pedras para revestimentos, pisos e britas. Entre as rochas extraídas por esse método, destacam-se os gnaisses, granitos e calcários. As pedreiras são conhecidas pela produção de granulados, e seu método segue a sequência desmonte e britagem, separando o material através de uma série de peneiras em dimensões distintas. Destaca-se que o tipo de lavra conhecido por lavra ornamental ou quarry mining está englobado na classificação de pedreiras, uma vez que é consi- derado um material para uso na construção civil, apesar de não passar pelo processo de britagem. As Figuras 2, 3 e 4 ilustram os métodos de lavra a céu aberto por bancadas, em tiras e pedreira, respectivamente. Nota-se a similaridade da geometria Introdução à lavra de minas a céu aberto16 das cavas, sempre em patamares, cujas operações ocorrem de forma des- cendente (de cima para baixo). Figura 2. Método de lavra a céu aberto — bancadas. Fonte: Rodovalho (2019, documento on-line). Figura 3. Método de lavra a céu aberto — em tiras. Fonte: De Carli (2013, p. 11). Introdução à lavra de minas a céu aberto 17 Figura 4. Método de lavra a céu aberto — pedreira. Fonte: Investimento... (2020, documento on-line). Com o conhecimento dos tipos de métodos de lavra a céu aberto definidos, é possível imaginar que, ao retirar o material de interesse (minério), será necessário extrair material sem valor agregado, que é denominado estéril. Portanto, ao lavrar um depósito mineral, extrai-se o minério, que vai ser aproveitado economicamente, e o estéril, que deve ser depositado em local próprio definido, chamado de pilha de estéril. O parâmetro que correlaciona a quantidade de estéril a ser removida para a extração do minério é chamado de relação estéril/minério (REM) e usualmente é expresso em m³/m³ para material agregado de construção civil, em t/t para minerais metálicos, e em m³/t para carvão (DE CARLI, 2013). Esse parâmetro é essencial para a viabilidade econômica do empreendimento, uma vez que, durante o planejamento mineiro, a REM determina, juntamente a critérios operacionais, a geometria da cava final. A maior mina a céu aberto em operação no Brasil, denominada Carajás, está localizada no sudeste do Pará e foi “descoberta” de forma inusitada. Em 31 de julho de 1967, o geólogo Breno Augusto dos Santos, que buscava jazidas de manganês na região, desceu do helicóptero em que se encontrava, durante o seu abastecimento, e começou a examinar algumas rochas no local. O que ele notou foi que, em vez de manganês, a região possuía ferro, ocasionando o início dos estudos geológicos para esse mineral na região. Foi uma feliz coincidência para todos os envolvidos na área de mineração (CONHEÇA..., 2018, documento on-line). Introdução à lavra de minas a céu aberto18 Lavra a céu aberto: principais operações unitárias As principais operações unitárias em mineração a céu aberto consistem no decapeamento (ou descobertura), na perfuração e no desmonte do maciço rochoso, no carregamento e no transporte do material detonado para o beneficiamento. Algumas dessas etapas podem ser mais longas que o usual ou mesmo suprimidas, dependendo das condições geológicas, locacionais e operacionais do empreendimento. As etapas de recomposição topográfica e/ou recuperação de mina estão sendo inseridas, aos poucos, como uma operação unitária, visto que, no passado, ao se exaurir uma mina, não havia exigência legal de recuperação da área degradada. As atividades ligadas diretamente às etapas de extração do bem mineral, relacionadas às operações unitárias básicas, são denominadas operações de produção, enquanto as demais atividades que têm por finalidade apoiar esse processo são definidas como operações auxiliares. A etapa de decapeamento consiste na remoção da cobertura vegetal e de solo presentes acima do minério. Essa etapa pode ser curta,se não houver muita cobertura, ou longa, se houver solo espesso ou densa vegetação. Normalmente, são utilizados equipamentos de carregamento para remover o solo, como carregadeiras ou retroescavadeiras. Usualmente, os órgãos ambientais exigem que, nos projetos mineiros, o solo vegetal seja guardado para a recuperação da área impactada; logo, deve-se prever local para estoque durante a fase de planejamento mineiro. Uma operação auxiliar é o desenvolvimento de vias que permitem o acesso ao minério e às áreas de depósito de estéril e solo. Os acessos são normalmente planejados pelo profissional responsável pelas operações de infraestrutura da mina. O objetivo é maximizar a extração de minério e minimizar a remoção do estéril, sempre buscando o menor deslocamento dos equipamentos presentes no empreendimento, o que representa uma economia significativa de combustível e desgaste do maquinário. Parâmetros como largura, raio de curvatura e declividade da rampa são alguns dos pontos que devem ser observados na construção dos acessos. Além disso, deve-se levar em consideração as dimensões dos equipamento utilizados nas operações unitárias, como caminhões e escavadeiras (SOUSA et al., 2012). Os processos de perfuração e desmonte ocorrem quando o maciço ro- choso não é friável, ou seja, necessita de força externa para ser removido. A perfuração consiste na confecção de furos no maciço rochoso para inserção de material que possa realizar a fragmentação, como argilas expansivas Introdução à lavra de minas a céu aberto 19 ou explosivos. Para a realização da perfuração,utiliza-se o equipamento denominado perfuratriz, que pode ser simples ou altamente tecnológico. O desmonte de rochas é o processo realizado após a perfuração do maciço e consiste no carregamento do material (argila expansiva ou explosivo) nos furos até a fragmentação da bancada do maciço. A perfuração e o desmonte de rochas são etapas vitais para o êxito da lavra, uma vez que é a partir delas que o minério será carregado e transpor- tado, assim como o estéril. Logo, uma correta locação dos furos e um plano de fogo adequado são essenciais para que a fragmentação seja a planejada e condizente com o esperado para as etapas posteriores (carregamento, transporte e beneficiamento). Em ambientes nos quais o minério e o estéril não necessitam de uso de explosivos para a sua fragmentação, a etapa de perfuração e desmonte é suprimida, passando diretamente para o carregamento e para o transporte. Quando se utiliza apenas o equipamento de carregamento para remoção do material, trata-se de desmonte mecânico, que pode ser utilizado apenas em matérias pouco consolidados — em algumas situações, é necessário antecedê-lo por etapas que provocam de maneira artificial essa friabilidade. Entre os métodos conhecidos para esse formato de lavra, pode-se destacar a dragagem e o desmonte hidráulico. Quando o material já está fragmentado, a próxima etapa é o carregamento, que consiste na retirada da bancada e na alocação na caçamba dos caminhões. O carregamento do material é realizado por equipamentos como carregadeiras, retroescavadeiras, pás carregadeiras ou até mesmo dragline — esta última utilizada em maior escala no método de lavra em tiras. Por mais que pareça simples,a tarefa de carregamento é primordial para o desenvolvimento mineiro. A correta locação do equipamento de carrega- mento e do caminhão permite a otimização da operação, não gerando filas de caminhões para serem carregados. Souza (2001 apud ROCHA, 2017, p. 31), nesse sentido, afirma que: a seleção do melhor equipamento é determinada por diversos fatores, sendo o principal deles a escavabilidade do solo, que por sua vez depende da dureza do solo intacto, resistência mecânica, propriedades abrasivas dos minerais constituintes, densidade in situ e empolado, grau de preparação do solo, fragmentação, etc. Introdução à lavra de minas a céu aberto20 O transporte do material fragmentado usualmente é realizado por cami- nhões, mas também pode ser feito por correias transportadoras, dependendo do layout da mineração. O importante é que esse transporte, desde a frente da lavra até o beneficiamento, seja realizado por equipamento adequado ao porte do empreendimento e seguindo as regras de segurança de direção defensiva. Segundo Souza (2001 apud ROCHA, 2017, p. 31), as unidades de transporte pertencem quase que totalmente aos ramos convencio- nais (rodoviário, ferroviário e hidroviário), podendo, também, ser os não convencio- nais, como oleodutos, gasodutos, minerodutos e transportador por correias, sendo a seleção do tipo definida por três fatores básicos: caraterísticas do jazimento (determinam o método de acesso e sistema de explotação, comprimento das vias, inclinações etc.), tamanho da explotação (determina a capacidade necessária dos meios de transporte), e intensidade de condução dos trabalhos. Cabe destacar que a seleção de equipamentos das etapas de carregamento e transporte deve ser realizada de forma criteriosa, considerando os tamanhos de fragmentos, os ciclos esperados e, especialmente, a frota disponível. As Figuras 5 e 6 mostram as principais operações unitárias para empre- endimentos com desmonte mecânico e com desmonte de rochas com uso de explosivos. Figura 5. Operações unitárias de transporte e carregamento com desmonte mecânico. Fonte: Ferreira (2013, p. 92). Introdução à lavra de minas a céu aberto 21 Figura 6. Operações unitárias de transporte e carregamento com desmonte com uso de explosivos. Fonte: Rocha (2017, p. 28). Então, com essa breve exposição sobre o contexto histórico da mineração no Brasil, foi possível verificar a relevância do setor mineral para o desen- volvimento da sociedade brasileira. O conhecimento dos métodos de lavra a céu aberto e das suas princi- pais operações unitárias é essencial para qualquer profissional atuante em mineração, já que o bom entendimento desses conceitos permite otimizar processos, assim como aumentar o retorno financeiro, social e ambiental dos empreendimentos mineiros. Na etapa de planejamento mineiro, normalmente, são montadas equipes com diversos profissionais para que estudem as diversas áreas de interesse relacionadas à implantação de um empreendimento mineiro, como geologia, meio ambiente e engenharia. Nesse cenário, o engenheiro de minas necessita ter pleno conhecimento dos critérios técnicos para determinação do método de lavra, do sequenciamento de mina e da seleção de equipamentos de lavra e beneficiamento. Quando o engenheiro se depara com as informações oriundas da equipe de geologia, a primeira tomada de decisão é sobre o tipo de método de lavra mais adequado para ser aplicado no sítio. Critérios econômicos e operacionais devem estar presentes, associados aos dados geológicos. Então, quando você estiver nessa situação, avalie com clareza os prós e contras de implantar uma mineração a céu aberto e subterrânea, considere diversos cenários, busque referências bibliográficas de áreas e situações si- milares, e converse com profissionais da área com mais experiência — ou seja, Introdução à lavra de minas a céu aberto22 estude antes de qualquer tomada de decisão, pois essa premissa influencia todo o projeto. Lembre-se: a reavaliação do método de lavra exige alteração de todo o projeto. Portanto, se praticamente tudo o que é utilizado na sociedade moderna contém ou provém de minérios e de outras substâncias minerais, estimular a produção mineral é um componente fundamental das políticas públicas (IBRAM, 2014). Logo, a contextualização da necessidade de minerações sus- tentáveis advém de embasamento teórico e conhecimento técnico adequado dos profissionais que atuam nesse segmento. Referências BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Boletim do setor mineral 2019. 2. ed. Brasília: MME, 2020. Disponível em: http://antigo.mme.gov.br/documents/36108/1006289/ Boletim+do+Setor+Mineral+-+fevereiro+2020/8c0e9fca-1f80-7fcb-15e7-f32779f6ca60?version=1.0. Acesso em: 8 fev. 2021. COTRIM, G. História global: Brasil e geral. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. CURI, A. Lavra de minas. São Paulo: Oficina de Textos, 2017. DE CARLI, C. Análise de projetos limite: lavra a céu aberto vs lavra subterrânea. 2013. 110 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/han- dle/10183/77760/000893362.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 8 fev. 2021. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Matriz energética e elétrica. Empresa de Pesquisa Energética, 2020. Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/ matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: 8 fev. 2021. FERREIRA, L. A. Escavação e exploração de minas a céu aberto. 2013. 118 f. Trabalho Final de Conclusão de Curso (Curso de Engenharia Civil) — Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013. Disponível em: https://www.ufjf.br/engenhariacivil/ files/2012/10/ESCAVA%c3%87%c3%83O-E-EXPLORA%c3%87%c3%83O-DE-MINAS-A- -C%c3%89U-ABERTO.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021. FIGUEIRÔA, M. F. M. Mineração no Brasil: aspectos técnicos e científicos de suas histórias na Colônia e no Império (séculos XVIII-XIX). América Latina en la Historia Econômica, v. 1, n. 1, 1994, p. 41–55. INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO (IBRAM). A indústria da mineração para o de- senvolvimento do brasil e a promoção da qualidade de vida do brasileiro. Brasília: Ibram, 2014. Disponível em: http://portaldamineracao.com.br/wp-content/uplo- ads/2017/06/00005649.pdf?x73853. Acesso em: 8 fev. 2021. INVESTIMENTO em tecnologia é diferencial importante para a produção de agregados. Conexão Mineral, 2020. 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Disponível em: https://attena.ufpe.br/bitstream/123456789/26893/1/ DISSERTA%C3%87%C3%83O%20Suellen%20Silva%20Rocha.pdf. Acesso em: 8 fev. 2021. RODOVALHO, E. 4 dicas para a melhor elaboração de planos de lavra de longo prazo. Brasil Mining Site, 2019. Disponível em: https://brasilminingsite.com.br/4-dicas-para- -a-melhor-elaboracao-de-planos-de-lavra-de-longo-prazo/. Acesso em: 8 fev. 2021. SOUSA, L. M. L. S; OLIVEIRA FILHO, W. L; LIMA, H. M. Dimensionamento estrutural de estradas de mina a céu aberto. Revista Escola de Minas. Ouro Preto, v. 65, n. 2, 2012, p. 279–284. SOUZA, J. C. Métodos de lavra a céu aberto. Recife: UFPE, 2001. (Apostila do Curso de Métodos de Lavra a Céu Aberto, Departamento de Engenharia de Minas, Universidade Federal de Pernambuco — UFPE). Leitura recomendada CONHEÇA mais sobre a história de Carajás, a maior mina de minério de ferro do mundo. Vale, 2018. Disponível em: http://www.vale.com/hotsite/PT/Paginas/conheca-mais- -sobre-historia-carajas-maior-mina-minerio-ferro-mundo.aspx. Acesso em: 8 fev. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Introdução à lavra de minas a céu aberto24 https://attena.ufpe.br/bitstream/123456789/26893/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20Suellen%20Silva%20Rocha.pdf https://attena.ufpe.br/bitstream/123456789/26893/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20Suellen%20Silva%20Rocha.pdf https://brasilminingsite.com.br/4-dicas-para�-a-melhor-elaboracao-de-planos-de-lavra-de-longo-prazo/ https://brasilminingsite.com.br/4-dicas-para�-a-melhor-elaboracao-de-planos-de-lavra-de-longo-prazo/ https://brasilminingsite.com.br/4-dicas-para�-a-melhor-elaboracao-de-planos-de-lavra-de-longo-prazo/ http://www.vale.com/hotsite/PT/Paginas/conheca-mais�-sobre-historia-carajas-maior-mina-minerio-ferro-mundo.aspx http://www.vale.com/hotsite/PT/Paginas/conheca-mais�-sobre-historia-carajas-maior-mina-minerio-ferro-mundo.aspx http://www.vale.com/hotsite/PT/Paginas/conheca-mais�-sobre-historia-carajas-maior-mina-minerio-ferro-mundo.aspx
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