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Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 1 Complicações pós-operatórias O cirurgião espera curar o paciente através de uma ferida. Após a remição de um foco patológico, pode-se gerar uma doença pós-operatória de evolução imprevisível. Nenhuma cirurgia é isenta de complicações. Os componentes fisiológicos e metabólicos que garantem a homeostasia do organismo sofrem modificações circunstanciais associadas a procedimentos cirúrgicos. Essas alterações podem variar de acordo com o biotipo do paciente e com o tipo de cirurgia. No trauma, as alterações são influenciadas também pela gravidade e extensão das lesões. A classificação das complicações pós-operatórias se dá pelo tempo de instalação (imediatas ou precoces – até 24 horas; mediatas – até o 7º dia; tardias – após retirada de pontos e alta hospitalar) ou pela forma de acometimento (locais ou sistêmicas). ➔ COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIA GERAIS ❖ SANGRAMENTOS = Ruptura de ligadura ou hemostasia deficiente. ❖ REPERCUSSÃO CLÍNICA = Hipovolemia e choque hemorrágico; insuficiência renal; fenômenos trombo embólicos; efeitos compressivos de um hematoma – cervical pode levar a óbito. ❖ DOR PÓS-OPERATÓRIA = Mais intensa nas primeiras 24-36 horas; começa melhora após 48 horas; dor dificulta a mobilização pós-operatória; restringe o esforço para a tosse produtiva; leva a hiperventilação; compromete o estado geral do paciente. ❖ FEBRE PÓS-OPERATÓRIA = Até 48 horas (Temperatura até 38ºC) leva a elevação do metabolismo e ao trauma cirúrgico. Até 3º dia pós-operatório (Atelectasia e a pneumonite). Do 3º ao 6º pós-operatório (em infecção de cateteres vasculares – infecção urinaria ou incisional, peritonite localizada ou generalizada, além de tromboflebite de membros inferiores). Do 6º ao 10º pós- operatório (complicações sépticas – abcessos incisionais e coleções purulentas). Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 2 • APARELHO RESPIRATÓRIO As complicações pulmonares são as mais comuns no pós-operatório. DPOC são pacientes mais vulneráveis, devido a aumento de volume da secreção brônquica e diminuição da atividade ciliar do epitélio e tendencia a acumulo de secreções. As atelectasias (fibrose que levam ao colapso parcial ou total dos pulmões) são mais comuns nas 48 hrs de PO. O paciente apresenta também febre, taquicardia e taquipneia. A Pneumonia (complicação de uma atelectasia) leva o paciente a apresentar febre mais alta, dor pleurítica e tosse com expetoração. • EMBOLIA PULMONAR FATORES DE RISCO = Estado de hipercoagulabilidade sanguínea (imobilização prolongada; nos idosos; nas cirurgias pélvicas; cirurgias de fêmur; nos cardiopatas; nos obesos; pacientes com historia de acidentes tromboembólicos; uso de anovulatórios. Apenas cerca de 10% dos casos de embolização venosa produzem infarto pulmonar com manifestações clínicas características. ➔ COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS LOCAIS A infecção de sítio cirúrgico é uma infecção na incisão ou próxima dela até 30 dias após o procedimento ou 90 dias se houver implantes. SUPERFICIAIS = Na pele e subcutânea; PROFUNDAS = Na fáscia e nos músculos; DE ÓRGÃOS/CAVIDADES = Acometem os órgãos e as cavidades torácicas e abdominais. Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 3 O sítio cirúrgico é infectado quando: Drenagem de secreção francamente purulenta; secreção drenada com cultura positiva; abertura espontânea do local e drenagem da secreção purulenta; abertura da incisão pelo médico. As complicações locais podem ser identificadas por sinais fisiológicos, como: Hiperemia; Dor; Calor; Rubor; Edema e febre (nos casos de infecções profundas e de órgãos/cavidades). • FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES LOCAIS ➔ INFECÇÃO DE FERIDA CIRÚRGICA Em casos de infecção de ferida cirúrgica, o tratamento é por meio da abertura dos pontos da pele; lavagem da ferida com solução salina; desbridamento da ferida e, se necessário, mantê-la aberta para cicatrização por segunda intenção; antibioticoterapia é indicada quando houver sinais de infecção sistêmica. • COMPLICAÇÕES LOCAIS ❖ Deiscência (abertura da incisão) de ferida operatória (falha na cicatrização); ❖ Fatores de Risco = O principal deles é a infecção de sitio cirúrgico, mas pode também ser por erro técnico no fechamento da fáscia; cirurgia de emergência; infecção intra abdominal; diabetes; icterícia; neoplasia e radioterapia. ❖ Principal Sinal Clínico = Secreção serohemática. A deiscência pode ser classificada como eventração ou evisceração. EVENTRAÇÃO é o afastamento da camada musculoaponeurótica, mas com pele integra, sem exposição de conteúdo intra-abdominal; nesse caso, o tratamento envolve ressutura da parede em centro cirúrgico. EVISCERAÇÃO é a ruptura total da camada musculoaponeurótica com exposição de conteúdo intra-abdominal. MORTALIDADE DE 10% (Infecção). NÃO BLOQUEADA: Saída de vísceras da cavidade abdominal. BLOQUEADA: Exposição de conteúdo intra-abdominal sem real saída de vísceras; com intensas aderências. Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 4 • COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIA SISTÊMICAS Há o envolvimento de funções fisiológicas. Os sinais mais comuns em complicações sistêmicas são febre pós-operatória. É fundamental determinar o tempo pós-operatório. Até 48 hrs (T até 38ºC) -> Elevação do metabolismo e ao trauma cirúrgico. Até o 3º PO -> Atelectasia e a pneumonite. 3º ao 6º PO -> em infecção de cateteres vasculares (infecção urinaria ou incisional; peritonite localizada ou generalizada; tromboflebite de membros inferiores). 6º ao 10º PO -> Complicações sépticas (abcessos incisionais e coleções purulentas). Se superior a 72 hrs de pós-operatório, pensar nos 6W’s: Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 5 • GASTROINTESTINAIS No Íleo pós-operatório, há a presença de alguns sinais característicos, como: Obstrução funcional do transito intestinal; inapetência; náuseas; vômitos; ausência de flatos; redução dos ruídos hidroaéreos; distensão abdominal. O tratamento para problemas relacionados ao íleo se baseia em: suspensão de opioides; suporte nutricional; hidratação venosa; jejum VO; correção de potássio e magnésio; sonda nasogástrica. Pode haver complicações sistêmicas em decorrência de deiscência de anastomose (vazamento do conteúdo luminal por falha na cicatrização da anastomose), que geralmente ocorre entre o 5º e 7º dia após a cirurgia. CAUSAS POR FATORES DEFINITIVOS = Aspectos técnicos; localização no trato gastrointestinal; fatores locais; fatores relacionados ao intestino. CAUSAS POR FATORES IMPLICADOS = Presença de drenos; neoplasia avançada; tabagismo; choque e coagulopatia; desnutrição; obesidade; transfusão sanguínea etc. SINAIS CLINICOS DE DEISCENCIA DE ANASTOMOSE = Taquicardia (mais frequente); febre; mal-estar; queda do estado geral; taquipneia; dor abdominal; descompressão brusca abdominal; drenagem de secreção purulenta ou entérica; sinais flogisticos; infecção de sitio cirúrgico; leucocitose no hemograma; íleo paralitico; deiscência de ferida pós-operatória ou formação de fistula (que pode ser uma das evoluções do quadro). FÍSTULA INTESTINAL é a comunicação anormal entre duas superfícies epitelizadas, sendo que uma delas é umórgão oco. FATORES DE RISCO PARA FÍSTULA INTESTINAL = Doença intestinal intrínseca; enterite crônica; obstrução distal ao fluxo gastrointestinal; presença de ambiente hostil; paciente imunossuprimido; cirurgia de emergência; tabagismo; desnutrição calórico-proteica. FÍSTULAS INTERNAS: entre dois órgãos digestivos ou entre órgãos de sistemas diferentes. FÍSTULAS EXTERNAS: entre o trato gastrointestinal e a pele ou outra superfície epitelizada. Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 6 • SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL A Síndrome Compartimental Abdominal leva a hipertensão intra-abdominal, sendo PRIMÁRIA quando há patologia intra-abdominal (tratamento por descompressão da cavidade, com retirada do conteúdo intra-abdominal ou abertura da cavidade peritoneal) ou SECUNDÁRIA quando não há essa patologia (tratamento preferível é o conservador). SINAIS = Oligúria; aumento da pressão de pico das vias aéreas; aumento da pressão intra-abdominal. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS = Queda do retorno venoso; aumento da pressão intracraniana; alterações gastrointestinais; aumento da pressão intratorácica; compressão da veia renal; vasoconstrição da artéria renal. • CONSIDERAÇÕES FINAIS ❖ Aumento do risco de reoperação; ❖ Tempo de permanência hospitalar. ❖ Aumento da morbimortalidade; ❖ Taxas de complicação variam entre 5,8% e 43,5% nos primeiros 30 dias após o procedimento; ❖ Taxa de mortalidade geral varia entre 0,79% e 5,7%, relacionadas ao tipo de cirurgia e a gravidade da complicação.
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