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Complicações pós-operatórias Introdução · Pré-operatório · Intra-operatório · Pós-operatório Pós-operatório Complicações: · Ferida cirúrgica · Gastrointestinal · Renal e metabólica · Termorregulação · Neurológicas · Cardiovascular · Respiratória Complicações da ferida operatória · Seroma · Hematoma · Deiscência de ferida · Infecção de ferida Seroma Coleção de gordura liquefeita, soro e líquido linfático que se forma sob a incisão · Quadro clínico: · Edema localizado e bem circunscrito · Drenagem de líquido claro pela ferida não cicatrizada · Tratamento · Prevenção: drenos · Drenagem: · Percutânea · Cirúrgica Hematoma Coleção anormal de sangue em cavidade (subcutânea, abdominal etc.) · Quadro clínico: · Formação: hemostasia e coagulopatia · Formação expansiva com dor e equimose · Drenagem de líquido hemático · Tratamento: · Prevenção: correção de coagulopatia pré-operatória · Drenagem cirúrgica Deiscência de ferida Separação das camadas musculoaponeuróticas no início do curso pós-operatório · Fatores associados: · Erro técnico no fechamento aponeurótico · Cirurgia de emergência · Infecção intra-abdominal · Idade avançada · Serosa, hematoma ou infecção de ferida · Pressão intra-abdominal elevada · Obesidade · Doença sistêmica · Desnutrição · Quadro clínico: · Evisceração · Eventração · Hérnia incisional · Tratamento: · Deiscências pequenas: conservador · Evisceração: reabordagem · Prevenção: · Cuidados técnicos · Faixa abdominal Infecção de ferida Infecção de sítio cirúrgico: infecção que ocorre na incisão cirúrgica ou nos tecidos manipulados durantes a operação · Quadro clínico: dentro de 30 dias a 1 ano após a cirurgia (material sintético) · Tratamento: · Depende do plano anatômico acometido · Eliminação/controle foco infeccioso · Antibioticoterapia Infecção de sítio cirúrgico Infecção que ocorre na incisão cirúrgica ou nos tecidos manipulados durante a operação; dentro de 30 dias a 1 ano após a cirurgia (material sintético) · Classificação: · Superficial: pele e tecido subcutâneo · Profunda: fáscia e músculos · Órgão ou cavidade: região ou órgão manipulado durante cirurgia · Fatores associados: · ASA maior ou igual a 3 · Ascite · Inflamação crônica · Desnutrição e obesidade · Diabetes mellitus · Extremos de idade · Hiporexia · Cirurgias em sítios tratados com radioterapia · Imunossupressão · Desinfecção/esterilização/antissepsia inadequada · Corpo estranho · Cirurgia emergência · Antibioticoprofilaxia inadequada · Cirurgia prolongada · Critérios diagnósticos CDC: · Infecção de sítio cirúrgico incisional superficial: · Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia e envolve apenas pele e tecido subcutâneo · + pelo menos 1 dos seguintes: · Drenagem purulenta da incisão superficial · Cultura positiva de fluido ou tecido da incisão superficial obtido assepticamente · Dor local, eritema ou edema da ferida · Diagnóstico por um cirurgião ou médico assistente · Infecção de sítio cirúrgico incisional profunda: · Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia (em caso de uso de prótese até um ano se a infecção parece ter relação com o procedimento) · Envolve tecidos moles profundos à incisão (fáscia e músculos) · + pelo menos 1 dos seguintes: · Drenagem purulenta proveniente da incisão profunda, mas sem extensão para órgão ou cavidade · Abscesso em incisão profunda (exame direto, intra-op, exame histopatológico e radiológico) · Febre, dor local, eritema ou edema da ferida · Diagnóstico por um cirurgião ou médico assistente · Infecção de sítio cirúrgico de órgãos ou cavidade: · Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia (em caso de uso de prótese até um ano se a infecção parece ter relação com o procedimento) · Envolve região, cavidade ou órgão manipulado durante a cirurgia · + pelo menos 1 dos seguintes: · Drenagem purulenta a partir de dreno em órgão ou cavidade · Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo órgão/cavidade (exame direto, intra-op, exame histopatológico e radiológico) · Febre, dor local, eritema ou edema da ferida · Diagnostico por um cirurgião ou médico assistente Complicações gastrointestinais · Deiscência de anastomose · Fístula gastrointestinal · Obstrução intestinal: · Funcional · Mecânica · Síndrome compartimental Deiscência de anastomose Descontinuidade em algum ponto de uma anastomose em cirurgia do aparelho digestivo · Quadro clínico · Peritonite difusa + sepse · Abscesso intracavitário · Fístula gastrointestinal/enterocutanea · Tratamento: · Prevenção: técnica cirúrgica; drenos · Conservador: dieta zero · Reabordagem: estoma -Se for um extravasamento guiado, continuado, pode ocorrer uma fistula; se for um extravasamento contido, bloqueado, pode ocorrer um abcesso; se for um extravasamento por toda a cavidade pode ocorrer uma peritonite; algumas cirurgias apresentam um risco maior para deiscência de anastomose (cirurgia de emergência, paciente desnutrido, paciente com instabilidade hemodinâmica... evita-se fazer ressecção seguida de anastomose primaria); fazer anastomose livre de tensão, aproximar as bordas de forma correta e um bom aporte sanguíneo (para evitar que algumas áreas, principalmente extremidades, fiquem sem aporte sanguíneo) são essenciais para evitar a deiscência; drenos são uma forma de ter vigilância sobre a deiscência; algumas anastomoses tem um risco maior de deiscência, então recomenda-se a colocação de drenos; se for uma fistula guiada para o dreno podemos optar por um tratamento conservador; se for um abcesso intracavitário, a depender da situação do paciente, se ele tiver muito estável, sem outros sintomas, pode-se optar por uma drenagem per-cutânea (reabordagem); mas em geral esses paciente tem um quadro clinico muito exuberante, muito grave (peritonite e sepse), necessitando de reabordagem (nova ressecção dessa área, ou seja, uma nova anastomose, ou, a realização da ostomia, que é o mais feito, pois é um paciente que já está sobre uma condição de risco maior e geralmente apresenta outros fatores de risco para deiscência de anastomose, então não faz sentido submeter o paciente a uma nova anastomose); · Fatores associados: · Aspectos técnicos · Localização no TGI: pancreaticoentéricas, colorretais, esôfago · Fatores relacionados ao intestino: radioterapia previa; doença de Crohn · Malignidade avançada e terapia neoadjuvante · Cirurgia de emergência · Obesidade · Tabagismo · Fatores locais: · Sepse · Coleção de líquido próximo a anastomose -Qualquer infecção abdominal é fator de risco; terapia neoadjuvante com quimio ou radioterapia; cirurgia de emergência tem um risco aumentado para todo tipo de complicação; Fístula gastrointestinal Comunicação entre duas superfícies epiteliais, sendo uma delas órgão ou víscera oca · Causas: · Deiscência de anastomose · Lesão inadvertida · Inflamação de órgãos · Doença de Crohn · Enterite actínica (radioterapia) · Quadro clínico: · Enterocutânea: secreção entérica pelo dreno/incisão · Ausência sintomas peritonite -Pode ser comunicação de um órgão com a pele ou de um órgão com outro órgão; paciente com doença de Crohn tem uma propensão para fistula e de deiscência muito aumentada, evitando-se ao máximo fazer abordagem cirúrgica nesses pacientes; o quadro clínico vai depender de onde é a fistula, a mais comum é a enterocutânea; · Tratamento: · Reabordagem · Conservador: fechamento espontâneo (sem abordagem cirúrgica): · Reposição hídrica e eletrolítica · Controle sepse (antibiótico) · Dieta zero · Suporte nutricional · Fatores que afetam fechamento das fistulas: · Trajeto (> 2cm, único, não epitelizado) · Origem (jejuno, cólon) · Abscesso associado · Doença intestinal associada · Obstrução intestinal · Defeito entérico (< 1cm) · Parede abdominal · Nutrição paciente e sepse · Débito fistula (<200ml/24h) -A maioria é tratamento conservador, a depender das características da fistula; vai ficar observando o fechamento espontâneo; se não houver sucesso no tratamento conservador ou se o paciente tiver características desfavoráveis para o fechamento dessa fistula, opta-se pela reabordagem(fechamento cirúrgico); trajetos mais longos são mais fáceis de serem fechados pois o débito da fistula acaba sendo menor; fistulas de jejuno ou de cólon a chance de fechamento é maior; defeito entérico é o orifício da víscera que sai a fistula, caso tenha menos de 1 cm é um fator favorável; parede abdominal integra e um paciente bem nutrido são fatores favoráveis; o débito da fistula é um dos fatores mais importantes, fistula de baixo debito = < 200 ml/24H; Obstrução intestinal funcional · Íleo pós-operatório: adinamia intestinal com resolução em 2-4 dias, sem fator precipitante resposta normal a agressão cirúrgico-anestésica · Íleo adinâmico ou paralitico: adinamia intestinal com resolução tardia, com fator precipitante identificável -Geralmente a obstrução intestinal inicial (logo após a cirurgia) a causa é funcional; essa obstrução intestinal funcional é comum; · Distúrbios precipitante para íleo paralitico: · Pancreatite · Infecção intra-abdominal (abscesso ou peritonite) · Hemorragia e inflamação retroperitoneal · Distúrbio hidroeletrolítico · Cirurgia prolongada · Medicações (uso de narcóticos e agentes psicotrópicos) · Pneumonia -Inflamações abdominais em geral; pancreatite causa quadros de íleo paralitico muito prolongados; os mais fácies de corrigir são os distúrbios hidroeletrolíticos (pois está sempre em vigilância) e o uso de medicações; · Tratamento: · Hidratação venosa · Correção distúrbios hidroeletrolítico · Suspensão opiáceos · Dieta zero + sonda nasogástrica · Eritromicina (pró-cinético) · Correção agentes precipitantes -Pode postergar o uso da sonda nasogástrica a depender do quadro do paciente (pode incomodar muito o paciente) mas de regra costuma-se usar; Síndrome compartimental abdominal · Disfunção orgânica crescente resultante de hipertensão intra-abdominal: · Pressão intra-abdominal > 20 mmHg (3 medições em intervalo 1 – 3h) · Falha de um ou mais sistemas orgânicos que não estavam presentes anteriormente · Hipertensão intra-abdominal: · Aumento consistente do valor da pressão intra-abdominal > 12 mmHg · Mínimo de 3 medidas realizado com intervalo de 4 – 6 h · Medida ao final da expiração em um paciente relaxado -A detecção precoce da síndrome compartimental pode mudar muito a evolução do paciente no pós-operatório, podendo evitar a morte do paciente; indivíduos normais tem um pressão abdominal de até 5 mmHg (podendo variar até mesmo com a própria respiração); paciente obesos tem uma pressão intra abdominal maior; em todas as cirurgias, no pós – operatório já há uma tendência de aumento da pressão intra – abdominal (cirurgias não complicadas: entre 13 e 15 mmHg); nos pós operatórios normais geralmente não é feita essa medida de pressão, apenas quando o paciente começa a ter uma evolução desfavorável; · Quadro clínico: · Risco: trauma extenso, procedimento abdominal complexo · Redução do volume torácico e restrição a ventilação respiratória · Compressão venosa (VCI e porta) – Redução do retorno venoso e pré-carga – queda no débito cardíaco · Compressão renal e obstrução do fluxo venoso renal – Redução da taxa filtração glomerular – Disfunção renal · Compressão vascularização mesentérica – Redução perfusão esplâncnica -Normalmente esses pacientes estão entubados; restrição a ventilação por conta do diafragma (que está sofrendo com o aumento da pressão intra-abdominal); · Diagnóstico: mensuração da pressão intra-abdominal: cateter na bexiga de 3 vias · Tratamento: descompressão (laparotomia): · Peritoniostomia – fechamento primário · Curativo a vácuo -Nem todos os casos precisam de abordagem cirúrgica (vai depender da pressão abdominal e das condições do paciente); entre 15 e 25 mmHg deve-se avaliar a condição do paciente; entre 25 e 35 mmHg, em geral, já indica a intervenção; acima de 35 mmHg a intervenção deve ser imediata; Complicações pulmonares · Atelectasia · Pneumonia · Pneumonite por aspiração · Embolia pulmonar -Atelectasia é a complicação pulmonar mais comum, seu quadro clinico é uma febre baixa e algumas vezes um desconforto respiratório; é a causa mais comum nas primeiras 72 horas de febre nesses pacientes, se complicar pode gerar uma pneumonia, mas isso não é comum, o tratamento é a fisioterapia motora principalmente, mas se houver falha ou se o acometimento for muito extenso pode ser utilizada uma ventilação não invasiva com pressão positiva para fazer a abertura desses alvéolos; alguns fatores predispõem a broncoaspiração, como o rebaixamento do nível de consciência, paciente com jejum inadequado para cirurgia, paciente com obstrução intestinal, trauma, gastroparesia diabética, cirurgia de urgência, é sempre uma complicação muito grave; Complicações cardiovasculares · Hipertensão pós-operatória · IAM · Choque · Arritmia -Hipertensão pós-operatória é muito comum, no próprio peri operatório temos fatores que favorecem a sua ocorrência como o uso de laringoscopia, sobrecarga de volume, a própria abordagem cirúrgica, hipotermia, normalmente ocorre no período pós-anestésico imediato, pode evoluir com complicações quando é uma hipertensão refrataria e muito alta; IAM no pós-operatório é sempre muito grave e silencioso; Febre no pós-operatório · 22 a 33% dos pacientes submetidos a cirurgia de médio porte · Significado clínico variável: · Tipo de cirurgia, infecção sintomática/subclínica, uso de drogas ou hemoderivados, dispositivos invasivos, evidencias de síndromes inflamatórias ou infecciosas · Tempo de aparecimento -Muito comum; · Causas: · Intra-operatória: · Infecção preexistente · Reação transfusional · < 48h: · Atelectasia (anestesia geral, cirurgia abdominal alta) · Fasceíte necrotizante · Lesão inadvertida de alça intestinal · Flebite superficial · > 72h: · Infecção secundaria (foco urinário) · Complicações abdominais (deiscência, infecção ferida cirúrgica) Referências: · Sabiston – Tratado de Cirurgia - A Base Biológica da Prática Cirurgica Moderna 2015 19ª Edição
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