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Psicologia social e os Campos de Atuação

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Psicologia social e os campos de atuação
1. Percurso histórico:
● A partir da década de 80, inaugurou a Psicologia um movimento de abertura dos
novos campos de atuação, em contraposição ao modelo clínico tradicional.
● Nesse período desencadeou-se diversas críticas e questionamentos acerca da
prática psicológica curativa e de “ajudamento”, que privilegiam apenas a população
que poderia custear o trabalho clínico.
● Após a década de 90 consta uma inserção crescente do profissional de psicologia
no campo de políticas públicas, em especial o da assistência social.
2. A Assistência Social como Política Pública:
● Até a Constituição de 1988, a assistência social no Brasil não era considerada
política pública de garantia de direitos do cidadão e dever do Estado.
● Foi com a Constituição Brasileira de 1988 que se instituiu um marco significativo no
processo histórico de constituição de um sistema social.
● O conjunto de necessidades básicas dos cidadãos brasileiros de âmbito pessoal e
individual inscreve-se definitivamente nos compromissos e responsabilidade de
poder público
➔ A Assistência Social passou a ser entendida como:
● A Assistência Social constitui-se como política de Proteção Social, a partir de sua
articulação a outras políticas sociais destinadas à promoção e garantia da cidadania.
● Para o Brasil o reconhecimento da Assistência Social como política pública, dever do
Estado e direito do cidadão que dela necessitar, rompe, portanto, com paradigmas e
concepções conservadoras de caráter benevolente e assistencialista.
2.1 Implementação de Serviço Único de Assistência Social - SUAS:
● O SUAS teve sua implementação na Política Nacional de Assistência Social (PNAS)
em 2004, apesar de ter tido uma primeira versão entre 1997 e 1998.
● o SUAS tem como objetivos e diretrizes a universalização do sistema; a
territorialização da rede; a descentralização político administrativa; a padronização
dos serviços; a integração de objetivos, ações, serviços, benefícios, programas e
projetos; a proteção social; a substituição do paradigma assistencialista e a
articulação de ações e competências com os demais sistemas de defesa dos direitos
humanos, políticas sociais e esferas de governo.
● Está organizado em dois níveis de proteção:
1. Proteção Social Básica (PSB): conjunto de serviços, programas, projetos e
benefícios que visam prevenir situações de vulnerabilidade e riscos pessoais e
sociais, a partir do desenvolvimento de potencialidades e fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários.
2. Proteção Social Especial (PSE): destina-se a famílias e indivíduos em situação de
risco pessoal e social, cujos direitos tenha sido violado ou ameaçados por ocorrência
de violência física e psicológica, abuso e/ou exploração sexual, abandono,
rompimento ou fragilização de vínculos familiares, ou afastamento do convívio
familiar .
2.2. Localizando o CRAS na Política de Proteção Social:
● O CRAS é a unidade pública municipal, descentralizada, responsável pela
organização e oferta de serviços de Proteção Social Básica.
● Oferecer atenção às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social no
âmbito do SUAS.
➔ O CRAS atua:
● O CRAS atua na minimização dos fatores de risco no sistema familiar e na sua
relação com demais sistemas sociais e serviços públicos, através da garantia de
direitos e acesso a informações.
● O profissional precisa ter elementos para apreender tanto as relações complexas
presentes no contexto de vulnerabilidade social associado a violação de direitos,
quanto à maneira como esse sujeito percebe a vivência deste contexto.
➔ Principais técnicas utilizadas são:
● Entrevista: processo que oferece acolhimento, conhecimento, coleta de dados,
orientação, acompanhamento e avaliação da família em busca de mudanças.
● Visita: tem intuito de identificar as famílias que necessitam de ações públicas e
compreensão de sua realidade, tanto as que já participam do programa quanto as
que foram identificadas e encaminhadas.
● Acompanhamento individual da família: é um trabalho qualificado de acolhimento,
escuta, orientação e reflexão com famílias que tiveram seus vínculos fragilizados.
● Grupos: visam trabalhar a dimensão da convivência, reflexão e ação, no qual a
postura dos coordenadores deve ser de cooperação, participativa, compreensiva e
reflexiva para propiciar a comunicação entre todos e a aprendizagem, cooperação,
atribuição de papéis, superação das dificuldades e a autonomia de seus
componentes.
3. Psicologia, Políticas Públicas e o CRAS:
● O psicólogo, a partir do SUAS, passou a ser juntamente com assistente social, um
dos principais profissionais que compõem as equipes multidisciplinares, atuando
desde a proteção básica até a proteção especial.
● Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2013), a Psicologia tem o desafio de
contribuir para os processos subjetivos de emancipação, empoderamento e
autonomia dos sujeitos. Para tanto, atuaria para além do atendimento às famílias,
contribuindo na formulação e implementação dessas políticas.
● Conforme Yamamoto e Oliveira, o serviço de proteção social básica exige dos
psicólogos não apenas uma adequação do trabalho, ou do conhecimento teórico-
técnico, mas, sim, a criação de novos conhecimentos e uma mudança na postura
que marca historicamente a sua atuação.
● Segundo Silva e Cezar, para que se possa fazer um trabalho efetivo de promoção da
cidadania, pela busca dos direitos fundamentais, é preciso levar em conta, os
seguintes aspectos: as pessoas, as suas circunstâncias e dentre elas seu núcleo de
apoio primeiro, ou seja, a família e suas formas de organização sejam elas do ponto
de vista estrutural, funcional ou relacional.
● A atuação do psicólogo junto às Políticas Públicas de Assistência Social requer ainda
um profissional que intervém em serviços, programas e projetos, de forma inter e
transdisciplinar, visando sempre à garantia dos direitos dos cidadãos, ampliando o
debate entre os diversos atores da política social, além de sistematizar sua atuação,
visando uma maior clareza no estabelecimento de parâmetros para uma intervenção
comprometida com a transformação social,conforme Senra.
3.1 As práticas psicológicas no CRAS:
● A inserção no campo da Assistência Social acarreta inúmeros desafios para o
profissional de psicologia
● As dificuldades encontradas em sua prática advém, sobretudo, de uma formação
pouco articulada com o campo de atuação da Psicologia Social, como também da
tensão entre o papel profissional da psicóloga e da assistente social diante das
demandas do trabalho.
● A dificuldade caracteriza-se como estrutural, oriunda do processo de precarização do
serviço público, ocasionada pela ausência de reposição de recursos humanos e de
investimento em recursos materiais e infraestrutura.
● A histórica falta de investimento em formação continuada dos profissionais e uma
indefinição de proposta de trabalho para as diversas ações desenvolvidas na área.
● Duas tendências na prática psicológica que podem ser classificadas como práticas
convencionais ou práticas emergentes:
1. As práticas convencionais são aquelas que historicamente a Psicologia desenvolveu
a partir da visão da clínica tradicional, centrada no plano individual, onde o indivíduo
é visto como um sujeito a-histórico. Esta prática ainda tem por base a prática
unidisciplinar e a intervenção é intra-psi, com caráter curativo e remediativo.
2. Já as práticas emergentes são as práticas que possibilitam uma atuação em
consonância com os propósitos das políticas públicas, ao priorizarem práticas
centradas em contextos e grupos, com ações de caráter preventivo, que valorizam
uma pluralidade de abordagens, ou seja, uma ação inter e multidisciplinar.
● Segundo Fontenele e o Conselho Federal de Psicologia, o profissional que trabalha
no CRAS, deve ter sua prática embasada na promoção de liberdade, dignidade,
igualdade e integralidade das pessoas atendidas, trabalhando no sentido depossibilitar a saúde, qualidade de vida, não somente do indivíduo, mas também do
grupo onde está inserido, quer seja a família quer seja a comunidade.
● Para o Conselho Federal de Psicologia, o profissional de Psicologia deve aprender a
reconhecer o sofrimento psíquico não somente como demanda de psicoterapia, mas
enquanto um sofrimento humano que é ético e político e não tem origem somente no
indivíduo, mas também nas relações sociais.
● Segundo Romagnoli (2012), a inserção do profissional de Psicologia no campo da
Assistência Social, é também uma inserção micropolítica, e daí a relevância de
trabalhos inter e transdisciplinares, como elemento fundamental para uma prática
profissional comprometida ética e politicamente com a transformação social.
● As atividades desenvolvidas no CRAS tem por objetivo a diminuição das
vulnerabilidades e desigualdades sociais, pobreza e violação de direitos, o
profissional de psicologia deve atuar na promoção da atenção e prevenção a
situações de risco e vulnerabilidades, como também por meio do fortalecimento dos
vínculos familiares e comunitários, possibilitando o desenvolvimento de
potencialidades e aquisições pessoais e coletivas no enfrentamento do problema.
● Conforme, o Conselho Federal de Psicologia (2013), a intervenção da Psicologia no
campo da Assistência Social requer a construção de estratégias que exige da(o)
psicóloga(o) ir além dos modelos teóricos, assumindo a função política e social da
ação, ou seja, perceber-se enquanto sujeito desta prática.
● Apesar do CRAS não ser um local para atendimentos clínicos individualizados,
ressalta-se que o atendimento psicossocial tem um efeito terapêutico, na medida em
que busca a compreensão do sofrimento do indivíduo ou de sua família, e cujo
vínculo estabelecido entre profissional e o público deve ser construído a partir do
reconhecimento de uma história de vida, imersa em um contexto social, sem uma
perspectiva individualizante.
4. Psicologia Social comunitária e a atuação no CRAS:
● A Psicologia Social Comunitária entra como um eixo teórico para a execução das
ações, de modo que a(o) psicóloga(o) ao atuar junto à comunidade, consiga
estabelecer um vínculo expansivo e mais próximo com os moradores dos territórios
em situação de vulnerabilidade e risco social.
● Nesta perspectiva Bock citada por Fontenele, destaca três critérios para avaliar se
uma intervenção demonstra compromisso social. O primeiro diz respeito a uma
dimensão ética, comprometida e engajada com a transformação da comunidade. O
segundo é verificar se a prática psicológica escapa do modelo médico, e o último, é o
tipo de técnica ou metodologia que são utilizadas.
● O psicólogo que atua no CRAS deverá: compreender cada sujeito a partir de sua
inserção social e histórica, sem individualizar ou culpabilizar ninguém; atuar na
promoção da autonomia e na perspectiva de potencializá-los como autores de suas
próprias histórias; e inserir a saúde na dimensão política do ser humano, almejando
construir práticas coerentes com uma visão integral do sujeito em suas instâncias
morais, sociais, psíquicas, cognitivas, afetivas, biológicas.
● A atuação dos profissionais envolvidos na política de assistência social passa por um
processo de transformação, em que a ação técnica deve romper com o
assistencialismo e a benemerência, sair da escuta apenas do explícito da demanda
manifesta, ou seja, ir além, buscar uma escuta comprometida com uma reflexão
provocativa, revelando contextos e suas tensões.

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