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É causada pelo Ascaris lumbricoides, o maior parasita nematódeo intestinal, que alcança até 40 cm de comprimento. A maioria dos indivíduos infectados apresenta cargas baixas de vermes e se mostra assintomática. A doença clínica origina-se da migração de larvas nos pulmões ou dos efeitos dos vermes adultos nos intestinos. Os humanos – especialmente crianças pequenas – são infectados pela ingestão de solo contaminado por fezes contendo ovos de ascarídeos. EPIDEMIOLOGIA O Ascaris encontra-se amplamente distribuído nas regiões tropicais e subtropicais, bem como em outras áreas úmidas e regiões do mundo mais temperadas. Em geral, a transmissão ocorre por meio do solo contaminado por fezes e se deve à falta de instalações sanitárias ou ao uso de esterco humano como fertilizante. Com sua propensão à transmissão fecal da mão para a boca, as crianças menores geralmente são mais afetadas. A infecção fora de áreas endêmicas, embora incomum, pode ocorrer quando ovos em hortaliças transportadas são ingeridos. CICLO BIOLÓGICO Os vermes adultos vivem no lúmen do intestino delgado. Os ovos de Ascaris, notavelmente resistentes aos estresses ambientais, tornam-se infecciosos depois de várias semanas de maturação no solo e podem permanecer infecciosos por anos. Depois que os ovos infecciosos são deglutidos, as larvas liberadas no intestino invadem a mucosa, migram por meio da circulação até os pulmões, penetram os alvéolos, ascendem pela árvore brônquica e retornam – por deglutição – ao intestino delgado, onde se desenvolvem em vermes adultos. Passam-se cerca de 2 a 3 meses entre a infecção inicial e a produção de ovos. Os vermes adultos vivem por 1 a 2 anos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria das infecções é assintomática. Durante a migração do parasita para os pulmões (cerca de 9 a 12 dias após a ingestão dos ovos), os pacientes podem desenvolver tosse e desconforto subesternal, algumas vezes com dispneia ou escarro hemático, febre e eosinofilia. A pneumonite eosinofílica (síndrome de Löffler) pode ser evidente. Em certas ocasiões, as infecções maciças com numerosos vermes emaranhados causam dor, obstrução do intestino delgado, perfuração, vólvulo, obstrução e cólica biliar ou pancreatite Vermes isolados podem causar doença quando migram para dentro de locais aberrantes. Um grande verme pode penetrar e ocluir a árvore biliar, provocando cólica biliar, colecistite, colangite, pancreatite ou (raramente) abscessos intra-hepáticos. A migração de um verme adulto para cima, até o esôfago, pode provocar tosse e expulsão oral do verme. Em áreas altamente endêmicas, a ascaridíase intestinal e a biliar podem rivalizar com a apendicite aguda e com os cálculos biliares como causas de abdome agudo cirúrgico. DIAGNÓSTICO Detecção microscópica de ovos característicos de Ascaris (65 por 45 μm) PCR Durante a fase migratória transpulmonar inicial, quando ocorre a pneumonite eosinofílica, as larvas podem ser encontradas no escarro ou em aspirados gástricos antes que os ovos que confirmam o diagnóstico surjam nas fezes. A eosinofilia, proeminente durante esse estágio inicial, geralmente diminui para níveis mínimos na infecção estabelecida. Os vermes adultos podem ser visualizados, às vezes de maneira acidental, em exames contrastados do trato gastrintestinal. Uma radiografia simples de abdome pode revelar massas de vermes nas alças intestinais cheias de gás, em pacientes com obstrução intestinal. Os vermes pancreatobiliares podem ser detectados por ultrassonografia e colangiopancreatografia retrógrada endoscópica; o último método também já foi empregado para extrair vermes do tipo Ascaris do trato biliar. TRATAMENTO albendazol (400 mg, em dose única), mebendazol (100 mg, duas vezes ao dia, durante três dias, ou 500 mg, em dose única) ivermectina (150-200 μg/kg, em dose única) Contraindicadas na gravidez. Diarreia leve e dor abdominal são efeitos colaterais incomuns desses agentes. A obstrução intestinal parcial deve ser tratada com aspiração nasogástrica, hidratação intravenosa e instilação de piperazina por sonda nasogástrica, mas a obstrução completa e suas graves complicações exigem intervenção cirúrgica imediata. E. vermicularis é mais comum nos países temperados que nos trópicos. Nos Estados Unidos, cerca de 40 milhões de pessoas se infectam com Enterobius, com maior número de casos entre crianças. CICLO BIOLÓGICO Os vermes Enterobius adultos têm cerca de 1 cm de comprimento e habitam o ceco. Vermes fêmeas grávidas fazem migração noturna para a região perianal e liberam até 2 mil ovos imaturos cada uma. Os ovos tornam-se infecciosos dentro de horas e são transmitidos pela passagem da mão à boca. A partir dos ovos ingeridos, as larvas eclodem e amadurecem, tornando-se adultas. Esse ciclo evolutivo leva aproximadamente um mês, e os vermes adultos sobrevivem por cerca de 2 meses. A autoinfecção resulta da coçadura perianal e do transporte de ovos infecciosos nas mãos ou sob as unhas até a boca. Devido à facilidade da propagação interpessoal, as infecções por Enterobius são comuns entre membros da mesma família. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria das infecções por Enterobius é assintomática. Prurido perianal é o sintoma principal. A coceira, que frequentemente é pior à noite como um resultado da migração noturna dos vermes fêmeas, pode levar a escoriação e infecção bacteriana secundária. Alega-se que infecções massivas causam dor abdominal e perda de peso. Em raras ocasiões, os oxiúros invadem o trato genital feminino, causando vulvovaginite e granulomas pélvicos ou peritoneais. Eosinofilia é incomum. DIAGNÓSTICO Como os ovos de Enterobius não são liberados nas fezes, o diagnóstico não pode ser feito pelos exames parasitológicos de fezes convencionais. Em vez disso, os ovos são detectados pela aplicação de fita adesiva transparente na região perianal pela manhã. Depois que a fita é transferida para uma lâmina, o exame microscópico revela os ovos de oxiúros, que são ovais, medem 55 por 25 μm e são achatados em um lado. TRATAMENTO Crianças e adultos infectados devem ser tratados com mebendazol (100 mg, em dose única) ou albendazol (400 mg, em dose única), repetindo o tratamento depois de 2 semanas. O tratamento de todas as pessoas do domicílio também é recomendado a fim de eliminar os reservatórios assintomáticos contra a reinfecção em potencial. A esquistossomose humana é causada por cinco espécies do gênero Schistosoma: S. mansoni, S. japonicum, S. mekongi e S. intercalatum causam doença intestinal, e S. haematobium causa doença urogenital A infecção pode causar morbidade considerável intestinal, hepática e geniturinária. Os esquistossomos aviários podem penetrar na pele humana, mas, então, morrem no tecido subcutâneo, produzindo apenas manifestações cutâneas. EPIDEMIOLOGIA Devido ao complexo ciclo vital dos esquistossomos, com os caramujos como um hospedeiro intermediário e os humanos como hospedeiro final, a transmissão depende de habitats de água doce que sejam adequados para os caramujos, sejam áreas de atividade de seres humanos e tenham condições climáticas que favoreçam a sobrevida de caramujos e o desenvolvimento dos parasitas dentro do hospedeiro caramujo. Para S. mansoni, S. haematobium e S. intercalatum, os humanos são o hospedeiro definitivo mais importante. S. japonicum e S. mekongi são parasitas zoonóticos, com ampla gama de hospedeiros definitivos, como porcos, búfalos d’água e diversos roedores. Estima-se que 230 milhões de pessoas estejam infectadas no mundo todo, com cerca de 800 milhões de pessoas vivendo em regiões onde há risco de infecção Mais de 70% das pessoas infectadas vivem na África Subsaariana. A esquistossomose é a mais importante entre as doenças tropicais negligenciadas,ficando atrás apenas da malária em termos de impacto em saúde pública. Trata-se de uma doença relacionada à pobreza, e a infecção é prevalente em regiões sem suprimento de água adequado e sem instalações sanitárias. Em algumas regiões, os adultos têm alto risco ocupacional de exposição; pescadores, limpadores de canais e trabalhadores de plantações de arroz estão nessa categoria. Entre as crianças, brincar na água e nadar são atividades de risco. A irrigação em grande escala e as usinas hidrelétricas podem criar habitats adequados para os caramujos hospedeiros e, assim, aumentar o risco de transmissão da esquistossomose Um achado característico da esquistossomose em populações humanas é uma curva convexa de idade- prevalência, com baixa prevalência nas crianças muito jovens, maiores prevalências em crianças maiores com pico aos 10 a 15 anos de idade e redução da prevalência em adultos. Além disso, vários estudos indicaram que a imunidade adquirida contra a esquistossomose se desenvolve ao longo de vários anos, de modo que os adultos são reinfectados em grau muito menor que as crianças. Esses fatores, combinados com a morte espontânea progressiva dos vermes adultos de infecções adquiridas durante a infância, leva a menores níveis de infecção na população adulta. CICLO BIOLÓGICO A infecção por Schistosoma é contraída por meio de contato com corpos de água doce que abrigam o hospedeiro intermediário caramujo infectado. As cercárias, o estágio larval infectante liberado pelo caramujo, penetram na pele humana intacta em poucos minutos após aderir à pele. Após a penetração, as cercárias se transformam em esquistossômulos, os quais entram em uma pequena veia ou vaso linfático, circulam na corrente sanguínea através de capilares pulmonares e são bombeados pelo coração para todas as partes do corpo para chegar até o sistema portal. Lá, os vermes amadurecem tornando-se adultos machos ou fêmeas, unem-se e migram para sua localização final no plexo venoso mesentérico ou pélvico. O intervalo entre a penetração da cercária até a maturação sexual e produção de ovos, chamado de período pré-patente, dura 5 a 7 semanas (até 12 semanas para S. haematobium). O verme fêmea começa a produzir ovos, os quais são excretados nas fezes ou, no caso do S. haematobium, na urina. Cerca de 50% dos ovos são retidos nos tecidos, onde são responsáveis por morbidade orgânica específica Quando os ovos excretados alcançam a água, eles eclodem e liberam um estágio larval nadante livre (miracídio), o qual, após penetrar em um caramujo hospedeiro, passa por várias etapas de multiplicação assexuada. Após cerca de 4 a 6 semanas, as cercárias infectantes são espalhadas na água pelo caramujo infectado. Um caramujo infectado por um miracídio pode espalhar milhares de cercárias por dia durante vários meses; assim, o potencial de transmissão dos esquistossomas é enorme. O ovo de esquistossoma é o único estágio do ciclo vital do parasita que pode ser detectado em humanos, nos produtos excretados ou em biópsias de tecidos. Os ovos são grandes e podem facilmente ser diferenciados morfologicamente daqueles de outros helmintos. Os esquistossomos adultos têm cerca de 1 a 2 cm de comprimento. O verme masculino é plano e o corpo forma um sulco ou canal ginecóforo no qual a fêmea adulta madura é mantida como uma salsicha em um cachorro-quente. As fêmeas são mais compridas, finas e arredondadas. A longevidade de um esquistossomo adulto é, em média, de 3 a 5 anos, mas pode ser de até 30 anos. Os vermes de esquistossomos se alimentam de eritrócitos; os debris são regurgitados no sangue do hospedeiro, onde podem ser detectados como antígenos circulantes Os esquistossomos persistem na corrente sanguínea por anos e desenvolveram estratégias para escapar dos ataques usando mecanismos efetores imunes. Essa evasão imune é resultado de vários processos, como a ligação de proteínas do hospedeiro à superfície do esquistossomo, o que torna o parasita invisível ao sistema imune do hospedeiro. FISIOPATOLOGIA A invasão das cercárias pode estar associada com dermatite que surge por reações inflamatórias dérmicas e subdérmicas em resposta a cercárias que morrem desencadeando respostas imunes inatas. Porém, a maioria das manifestações da esquistossomose – nas fases aguda, estabelecida e crônica da infecção – se devem a reações imunológicas aos ovos retidos nos tecidos do hospedeiro. Na época de começar a oviposição pode ocorrer esquistossomose aguda (febre de Katayama). O excesso de antígeno dos ovos resulta na formação de complexos imunes solúveis, que podem ser depositados em vários tecidos, iniciando uma doença semelhante à doença do soro. Cerca de metade dos ovos não são excretados nas fezes ou na urina, mas ficam presos em tecidos intestinais ou hepáticos (S. mansoni, S. japonicum e S. mekongi) ou na bexiga e sistema urogenital (S. haematobium). Os ovos induzem uma resposta imune granulomatosa do hospedeiro, composta primariamente de linfócitos, eosinófilos e de macrófagos ativados alternativamenete. Os linfócitos produzem várias citocinas TH2, como as interleucinas (IL) 4, 5 e 13. Mais tarde, na fase crônica da infecção, as citocinas reguladoras são responsáveis pela imunomodulação ou sub-regulação das respostas do hospedeiro aos ovos de esquistossomos, desempenhando um papel importante na redução do tamanho dos granulomas. Quando os ovos de S. mansoni ou S. japonicum são varridos para dentro dos ramos portais pequenos do fígado pela veia porta, eles se alojam nos tecidos periportais pré-sinusoidais. A formação de granulomas ao redor dos ovos pode causar aumento significativo do baço e do fígado. As infecções de alta densidade em crianças costumam ser acompanhadas por hepatoesplenomegalia, a qual costuma diminuir com o passar do tempo, parcialmente porque o número de ovos depositados nos tecidos diminui gradualmente após o início da adolescência com o desenvolvimento de imunidade parcial a novas infecções, e parcialmente devido à sub-regulação imunológica da resposta granulomatosa. Porém, em algumas pessoas infectadas, as respostas granulomatosas induzidas pelos ovos levam a fibrose periportal intensa (fibrose em haste de cachimbo de barro de Symmers) com deposição de colágeno ao redor da veia porta, oclusão dos ramos portais menores e patologia grave e geralmente irreversível. A oclusão dos ramos portais pode resultar em marcada hipertensão portal. Os sinais e sintomas da infecção por S. haematobium estão relacionados com a predileção dos vermes pelas veias do plexo urogenital, resultando da deposição de ovos na bexiga, ureteres e órgãos genitais. Durante a infecção ativa estabelecida, agregados de ovos vivos nos tecidos urogenitais podem ser encontrados circundados por intensa reação inflamatória e intensa eosinofilia tecidual. O movimento de agregados de ovos na luz da bexiga costuma ser seguido por descamação do epitélio superficial, ulceração e sangramento. A intensa inflamação tecidual induzida pelos ovos pode resultar em espessamento da parede vesical e desenvolvimento de massas e pseudopólipos. A inflamação e a formação de granulomas ao redor do óstio ureteral podem levar a hidronefrose. Em geral, as infecções tardias em estágios crônicos se caracterizam pelo acúmulo de ovos mortos calcificados nos tecidos. Lesões características são encontradas no colo uterino nas infecções por S. haematobium, incluindo lesões em estágios ativos com inflamação tecidual intensa ao redor de ovos vivos e placas arenosas em estágio crônico com agregados de ovos calcificados. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A esquistossomose ocorre em três estágios que variam de acordo com espécie, intensidade da infecção e fatores do hospedeiro (p. ex., idade, genética). A dermatite por cercárias causa uma erupção cutâneamaculopapular (“prurido do nadador”) que dura 1-2 semanas. A esquistossomose aguda (febre Katayama) apresenta-se entre 2 semanas e 3 meses após a exposição ao parasita com febre, mialgia, mal-estar geral, fadiga, cefaleia, tosse, dor abdominal, eosinofilia e infiltrados pulmonares transitórios. A esquistossomose crônica causa manifestações que dependem primariamente da espécie de esquistossoma. A esquistossomose intestinal envolve inflamação granulomatosa da mucosa com microulcerações, sangramento superficial e, algumas vezes, pseudopolipose. A doença causada por S. mansoni e S. japonicum é geralmente mais grave e também pode envolver manifestações hepatoesplênicas que podem progredir para fibrose periportal. A esquistossomose urogenital causada por S. haematobium consiste de um estágio inflamatório ativo (disúria; hematúria, particularmente ao final da micção; excreção de ovos na urina; uropatia obstrutiva) em crianças e adultos jovens que progride mais tarde para um estágio de fibrose crônica (noctúria, retenção urinária, gotejamento e incontinência). A doença pulmonar (p. ex., hipertensão pulmonar, cor pulmonale) e a doença do SNC (p. ex., convulsões, encefalopatia, mielite transversa) podem ocorrer e se devem a granulomas e fibrose. DIAGNÓSTICO informações da anamnese sobre viagens recentes para regiões endêmicas e exposição a água doce em atividades recreativas ou de outro tipo são importantes no diagnóstico da esquistossomose em viajantes. Parasitológico de fezes ou urina (Sedimentação espontânea, Kato-Katz). ovos também podem ser detectados em biópsias retais (para S. mansoni e S. haematobium), além de, ocasionalmente, em esfregaços de Papanicolaou e amostras de sêmen (S. haematobium). Detecção baseada em reação em cadeia da polimerase (PCR), Sorologia TRATAMENTO O fármaco de escolha para tratamento da esquistossomose é o praziquantel. Ele é administrado por via oral, está disponível como comprimidos de 600 mg e é efetivo contra todas as espécies de esquistossoma que infectam seres humanos. A tênia da carne bovina, T. saginata, ocorre em todos os países onde carne crua ou mal cozida é comida. Ela é mais prevalente na África Subsaariana e em países do Oriente Médio. A Taenia asiatica é proximamente relacionada com a T. saginata e é encontrada na Ásia, tendo porcos como hospedeiros intermediários. CICLO BIOLÓGICO Os humanos representam o único hospedeiro definitivo para a fase adulta de T. saginata e T. asiatica. As tênias, que podem alcançar 8 metros de comprimento, com 1.000 a 2.000 proglótides, habitam a porção superior do jejuno. O escólex da T. saginata tem quatro ventosas proeminentes, ao passo que a T. asiatica tem um rostelo desarmado. Cada segmento grávido tem 15 a 30 ramos uterinos (em contraste com 8-12 para a T. solium). Os ovos são indistinguíveis dos da T. solium; eles medem 30 a 40 μm, contêm a oncosfera e têm uma casca espessa marrom estriada. Os ovos depositados em vegetação podem viver por meses ou anos até que sejam ingeridos por gado bovino ou outros herbívoros (T. saginata) ou porcos (T. asiatica). O embrião liberado após a ingestão invade a parede intestinal e é carreado ao músculo estriado ou víscera, onde se transforma em um cisticerco. Quando ingeridos na carne crua ou mal cozida, os cisticercos saem e formam uma tênia no intestino humano. Ao longo de cerca de 2 meses, o verme adulto amadurece e começa a produzir ovos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O mais comum é que os pacientes se tornem cientes da infecção ao observar a passagem de proglótides em suas fezes. As proglótides de T. saginata são móveis, e os pacientes podem sentir desconforto perianal quando elas são eliminadas. Dor leve ou desconforto abdominal, náusea, alteração do apetite, fraqueza e perda de peso podem ocorrer. DIAGNÓSTICO Detecção de ovos ou proglótides nas fezes. Os ovos também podem estar presentes na região perianal; assim, se proglótides ou ovos não forem encontrados nas fezes, a região perianal deve ser examinada com o uso de um swab em fita de celofane (como na infecção por oxiúros; Distinguir T. saginata ou T. asiatica de T. solium requer o exame de proglótides maduras. Todas as três espécies podem ser diferenciadas pelo exame do escólex. Os testes sorológicos disponíveis não são úteis para fins diagnósticos. Eosinofilia e níveis séricos elevados de IgE costumam estar ausentes. TRATAMENTO Uma dose única de praziquantel (10 mg/kg) é altamente efetiva. A tênia do porco, T. solium, pode causar duas formas distintas de infecção em seres humanos: as tênias adultas no intestino ou as formas larvárias nos tecidos (cisticercose). Os humanos são os únicos hospedeiros definitivos para a T. solium; os porcos são os hospedeiros intermediários usuais, embora outros animais possam albergar as formas larvárias. A T. solium é encontrada mundialmente em áreas onde porcos são criados e têm acesso a fezes humanas. Entretanto, ela é mais prevalente na América Latina, África Subsaariana, China, Índia e Sudeste Asiático. A cisticercose ocorre em nações industrializadas em consequência da imigração de pessoas infectadas vindas de áreas endêmicas. CICLO BIOLÓGICO A tênia adulta geralmente reside na parte superior do jejuno. O escólex se fixa tanto por ventosas como por duas filas de ganchos pequenos. O verme adulto geralmente vive poucos anos. A tênia, geralmente com cerca de 3 metros de comprimento, pode ter até 1.000 proglótides, cada uma das quais produzindo até 50 mil ovos. As proglótides são liberadas e excretadas nas fezes, e os ovos nessas proglótides infectam tanto humanos como animais. Após a ingestão de ovos pelo porco hospedeiro intermediário, as larvas são ativadas, escapam do ovo, penetram a parede intestinal e são carreadas para muitos tecidos; elas são identificadas mais frequentemente nos músculos estriados do pescoço, na língua e no tronco. Dentro de 60 a 90 dias, a fase larvária encistada se desenvolve. Esses cisticercos podem sobreviver por meses a anos. Pela ingestão de carne de porco mal cozida contendo cisticercos, os seres humanos adquirem infecções que levam às tênias intestinais. As infecções que causam cisticercose humana ocorrem após a ingestão de ovos de T. solium. Os ovos são pegajosos e podem ser encontrados sob as unhas de portadores de tênias. A transmissão costuma estar associada ao contato íntimo com um portador de tênia. A autoinfecção pode ocorrer se um indivíduo com uma tênia produtora de ovos ingerir ovos oriundos de suas próprias fezes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As infecções intestinais com T. solium podem ser assintomáticas. A eliminação intestinal de proglótides pode ser notada pelos pacientes. Outros sintomas são incomuns. Na cisticercose, as manifestações clínicas são variáveis. Cisticercos podem ser encontrados em qualquer parte do corpo, mas são detectados mais comumente no cérebro, no líquido cerebrospinal (LCS), nos músculos esqueléticos, no tecido subcutâneo ou no olho. A apresentação clínica da cisticercose depende do número e da localização dos cisticercos, assim como da extensão das respostas inflamatórias associadas, ou da fibrose cicatricial. Manifestações neurológicas são as mais comuns As convulsões estão associadas à inflamação que circunda os cisticercos no parênquima cerebral. Essas convulsões podem ser generalizadas, focais ou jacksonianas. Hidrocefalia resulta de obstrução do fluxo de LCS por cisticercos e pela inflamação acompanhante ou pela obstrução do fluxo de saída do LCS por aracnoidite. Sinais de aumento da pressão intracraniana, compreendendo cefaleia, náusea, vômitos, alterações da visão, tontura, ataxia ou confusão, frequentemente são evidentes. Os pacientes com hidrocefalia podem desenvolver papiledema ou exibir alteração do estado mental. Quandocisticercos se desenvolvem na base do cérebro ou no espaço subaracnoidiano, eles podem causar meningite crônica ou aracnoidite, hidrocefalia comunicante ou acidente vascular cerebral. DIAGNÓSTICO Parasitológico de fezes, pesquisa de proglótides, método da fita gomada. Uma conferência de consenso estabeleceu critérios para o diagnóstico da neurocisticercose. Os achados nos exames de neuroimagem incluem lesões císticas com ou sem realce, uma ou mais calcificações nodulares ou lesões focais com realce. Critérios diagnósticos revisados para a neurocisticercose: 1. Critérios absolutos • Demonstração histológica do parasita em biópsia de uma lesão de cérebro ou medula espinal • Visualização de cisticercos sub-retinianos • Demonstração conclusiva de um escólex dentro de uma lesão cística em exame de neuroimagem 2. Critérios de neuroimagem • Critérios de neuroimagem maiores: Lesões císticas sem um escólex discernível, lesões pequenas típicas com realce pelo contraste, lesões císticas multilobuladas no espaço subaracnóideo, calcificações cerebrais parenquimatosas típicas • Critérios de neuroimagem confirmatórios: Resolução de lesões císticas espontaneamente ou após a terapia com fármaco cisticida. Migração de cistos ventriculares documentada em exames de neuroimagem sequenciais • Critérios de neuroimagem menores: Hidrocefalia obstrutiva ou realce anormal com contraste das leptomeninges basais 3. Critérios clínicos/de exposição • Critérios clínicos/de exposição maiores: Detecção de anticorpos anticisticercos específicos (p. ex., por imunoblot por eletrotransferência ligado à enzima [EITB]) ou antígenos de cisticercos por testes imunodiagnósticos bem padronizados. Cisticercose fora do sistema nervoso central. Evidência de contato domiciliar com infecção por T. solium • Critérios clínicos/de exposição menores: Manifestações clínicas sugestivas de neurocisticercose. Pessoas oriundas ou que vivem em região onde a cisticercose é endêmica TRATAMENTO Praziquantel e glicocorticoide. JAMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Manual de medicina de Harrison. Grupo A, 2021. 9786558040040. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978655 8040040/.
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