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APG 14 - SÍNDROME DO ABDOME AGUDO

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É definido como toda condição dolorosa de início súbito 
ou de evolução progressiva, localizada no abdome, que 
requer decisão terapêutica rápida, preferencialmente 
após definição diagnóstica 
Traumático 
Não traumático 
• Inflamatório 
• Obstrutivo 
• Perfurativo 
• Vascular 
• Hemorrágico 
Identificação: neoplasia do cólon e a doença diverticular, 
aumentam de frequência com a idade, já a apendicite 
predomina na adoescência e no adulto jovem, sendo 
mais comum em brancos que em negros. Gestação 
tubária e doença inflamatória pélvica (DIP) são específicas 
do sexo feminino e a úlcera perfurada é bem mais 
frequente no sexo masculino. 
A avaliação da atitude e da fácies: o indivíduo com cólica 
encontra-se agitado, impaciente, contorcendo-se no leito; 
por outro lado, os portadores de irritação peritoneal 
apresentam-se imóveis, assumindo posições antálgicas, 
procurando proteger o abdome. Palidez cutânea e 
sudorese se relacionam com hemorragia aguda, e rubor 
facial pode estar presente em indivíduos com síndrome 
inflamatória. 
 
 
 
DOR 
• Dor Visceral: fibras tipo C, não mielinizada, 
condução lenta, sensíveis a distensão, isquemia, 
tração, compressão e torção e conduzem uma 
dor difusa, de início lento e duração longa, com 
um componente emocional marcante e capaz 
de produzir manifestações sistêmicas, tais como 
náuseas, sudorese, diminuição da pressão arterial 
e da frequência cardíaca. Esta dor é percebida 
na projeção da linha mediana Ex: músculos, 
mesentério, vísceras, peritônio 
• Dor somática: parietl (T6-L1) fibras tipo A, 
mielinizadas condução rápida (músculos e pele) 
dor aguda, bem localizada, de curta duração e 
com componente emocional fraco. Essa dor 
piora com movimento de tosse e pode acarretar 
contratura muscular, que é reflexa à inervação 
comum do peritônio parietal e da musculatura 
abdominal. E seu exemplo clássico é a evolução 
da apendicite aguda, que se inicia com uma dor 
difusa pelo abdome e evolui para uma dor 
localizada no ponto de McBurney, isso quando o 
processo inflamatório atinge o peritônio parietal. 
• Dor referida: é percebida em local diferente do 
estímulo que a gerou. Dessa forma, um estímulo 
gerado em um nociceptor da serosa abdominal 
pode provocar contratura reflexa da musculatura 
do dermátomo correspondente, que apresenta 
inervação comum, ou uma mesma origem 
embrionária. Um exemplo clássico é a dor 
referida no ombro resultante de processos 
patológicos que afetam o diafragma ou a vesícula 
NAUSEA E VÔMITOS 
• obstrução dos órgãos de musculatura lisa, 
irritação intensa dos nervos do peritônio e a 
toxemia. 
• apendicite e na colecistite agudas típicas: vômito 
surge após o início da dor. 
• pancreatite aguda: o vômito é frequente, intenso 
e persistente, surgindo com o início da dor. 
• obstrução aguda do ureter e do colédoco: 
vômito surge simultaneamente à dor e também 
é frequente. 
• obstrução intestinal: está presente e será tão 
mais tardio quanto mais distai for o local da 
obstrução. 
FEBRE 
37,5°C pode estar presente em quase todos os quadros 
abdominais agudos; porém, a ausência de febre não 
descarta o diagnóstico de abdome agudo, principalmente 
em idosos e imunocomprometidos. Calafrio pode 
significar bacteriemia, achado comum nos quadros de 
colangite e de peritonite 
ANOREXIA 
precedendo o início da dor é comum em quadros de 
abdome agudo inflamatório 
precedendo o início do quadro em dias ou meses sugere 
doença maligna. 
FUNÇÃO INTESTINAL 
longo período de constipação é achado frequente na 
obstrução por fecaloma ou vólvulo do sigmoide. 
constipação intestinal com parada completa da eliminação 
de gases e fezes associada à dor abdominal em cólica e 
vômito caracteriza a tríade da obstrução intestinal. 
diarréia é frequente em vários tipos de abdome agudo 
inflamatório, como: apendicite (principalmente em 
crianças), abscessos paracecais e DIP. 
Eliminação de sangue, misturado ou não nas fezes, pode 
estar presente em quadros de invaginação intestinal 
(crianças) e na neoplasia de cólon. 
CICLO MENSTRUAL 
Nas mulheres em fase reprodutiva, interrogar sobre 
irregularidades nos três últimos ciclos, data da última 
menstruação, presença de dispareunia, características do 
corrimento vaginal, contato sexual e sangramentos, 
diferenciando se o sangue é coagulável, ou não. Várias 
doenças, como gravidez ectópica, ovulação dolorosa, 
endometriose e as anexites agudas, frequentemente são 
causa de abdome agudo. 
MICÇÃO 
investigar a presença de transtorno da micção, como 
algúria, disúria, polaciúria e retenção urinária, bem como 
alteração no aspecto da urina. 
cólica nefrética, pielonefrite aguda, cistite e retenção 
urinária aguda, podem ser causa de abdome agudo. 
INSPEÇÃO GERAL 
Deve-se observar, mais uma vez, a fácies, modo de 
andar, decúbito preferencial, o tipo de respiração e as 
atitudes do paciente. Deve-se avaliar a forma do abdome 
e a presença de distensões localizadas. Distensões 
assimétricas podem ser causadas por tumores e torção 
do sigmoide; distensão infraumbilical pode sugerir 
aumento vesical ou uterino e distensão supraumbilical, 
obstrução do delgado superior. 
ECTOSCOPIA GERAL 
deve ser realizada no paciente completamente despido. 
Mucosas hipocoradas podem ser sinais de perda 
sanguínea, mucosas secas e olhos encovados são 
indicativos de desidratação, e a icterícia pode denotar 
colestase. A presença de manchas características na 
gengiva pode ser sinal de intoxicação por chumbo. Na 
pele, devem-se procurar púrpuras, que podem ser causa 
de abdome agudo, e lesões como herpes-zoster e 
equimoses, flancos (sinal de Gray-Turner) ou região 
periumbilical (sinal de Cullen), sugerem pancreatite aguda 
grave. O ingurgitamento venoso cervical pode denotar 
insuficiência cardíaca congestiva ou pneumotórax 
espontâneo, capazes de causar dor relatada no abdome 
superior. 
SINAIS VITAIS 
A temperatura discretamente elevada é vista na fase 
inicial do abdome agudo inflamatório, perfurativo e 
hemorrágico. Quando a dor abdominal é precedida de 
temperatura muito elevada, deve-se suspeitar de 
processo infeccioso renal ou pulmonar. A alteração mais 
expressiva da pressão arterial e do pulso é o choque, 
que pode estar presente nos casos de hipovolemia, 
sepse e de falso abdome agudo, como nos casos de 
infarto do miocárdio. Pulso arrítmico secundário à 
fibrilação atrial pode ser foco de êmbolos para a artéria 
mesentérica. Paciente com respiração superficial pode 
estar com irritação peritoneal, taquipneia pode ser 
secundária à acidose metabólica e diversas 
AUSCULTA 
pode revelar alterações do murmúrio vesicular e/ou a 
presença de ruídos adventícios, favorecendo o 
diagnóstico de doenças como a pneumonia e o 
pneumotórax. 
O peristaltismo se encontra aumentado nos quadros 
iniciais de obstrução intestinal mecânica e na hemorragia 
digestiva e pode estar reduzido ou abolido nos quadros 
de hemoperitônio, íleo reflexo e abdome agudo 
inflamatório. O silêncio abdominal em um paciente que 
evoluía com peristaltismo de luta e suspeita de obstrução 
intestinal vai apontar para sofrimento de alça 
PERCUSSÃO 
se presta para confirmar a presença de dor abdominal, 
pesquisar e localizar diferentes graus de irritação 
peritoneal e identificar massas, ar livre e líquido intra-
abdominais. 
sinal de Jobert: encontro de timpanismo ao nível da linha 
axilar média sobre a área hepática é sugestivo de 
pneumoperitônio e recebe o nome de. 
A presença de macicez móvel é sugestiva de ascite. 
sinal de Giordano: punho-percussão lombar, sugere 
processo inflamatório retroperitoneal, sendo muito 
comum nos casos de pielonefrite. 
PALPAÇÃO 
inicia-se do ponto de menor dor para o de dor mais 
intensa. A contratura muscular verdadeira (reflexa à 
irritação do peritônio parietal) constitui o sinal mais 
importante nos casos de abdome agudo. 
sinal do obturador: refere-se à rotação interna dacoxa 
previamente fletida até o seu limite externo, 
determinando dor referida no hipogástrio, e está 
presente em foco inflamatório pélvico como a apendicite 
pélvica e a pelviperitonite. 
sinal do psoas direito: coloca-se o paciente em decúbito 
lateral esquerdo (e vice-versa) e realiza-se a 
hiperextensão da coxa. Isso provocará intensa dor nos 
casos de afecções retroperitoneais, como apendicite 
retrocecal e abscesso perinefrético. 
manobra de Blumberg: é utilizada para avaliar irritação 
peritoneal de qualquer origem, e não apenas decorrente 
de apendicite aguda, e consiste em comprimir aparede 
abdominal até o máximo tolerado, descomprimindo-a 
rapidamente, o que ocasionará súbito aumento da dor. 
sinal de Rovsing: é a percepção da dor no quadrante 
inferior direito quando palpamos o quadrante inferior 
esquerdo, devido ao deslocamento de gases 
retrogradamente em direção ao ceco, que, distendido, 
provoca dor. Um exemplo clássico é a intensa dor 
provocada pela inspiração profunda, quando se palpa o 
ponto cístico de pacientes com colecistite, também 
conhecida como sinal de Murphy. 
 
É o tipo mais comum de abdome agudo. 
O processo se inicia com a obstrução mecânica de 
vísceras ocas normais, ou anatomicamente alteradas 
(divertículos, por exemplo), originando diversos 
fenômenos inflamatórios na parede da víscera, com 
tendência à progressão para infecção franca e 
comprometimento da vascularização do órgão. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O início do quadro geralmente é insidioso, com sintomas 
a princípio vagos 
• dor abdominal incaracterística, pode levar de 
uma a várias horas para atingir seu pico, 
ocasionalmente até dias, sendo inicialmente mal 
definida 
• náuseas 
• anorexia 
• vômito 
• alteração do trânsito intestinal 
Com o evoluir da doença, e com o acometimento do 
peritônio parietal adjacente ao órgão afetado, a dor 
torna-se bem localizada e piora progressivamente. 
É comum a presença de massas à palpação do abdome, 
resultantes da reação do peritônio à agressão, na 
tentativa de limitar o processo e preservar o restante da 
cavidade. Caso o peritônio não consiga bloquear o 
processo, e o tratamento adequado demore a ser 
instituído, observa-se evolução para peritonite 
disseminada. 
ETIOLOGIA 
1. Apendicite: constitui a causa mais comum de abdome 
agudo cirúrgico. 
M.C: A fase inicial apresenta dor epigástrica ou 
periumbilical, tipo visceral, seguida por anorexia, 
náuseas e vômito (menos comuns), e posterior 
localização da dor em quadrante inferior direito, tipo 
somática. A constipação intestinal e a parada de 
eliminação de flatos é comum, mas ocasionalmente 
pode haver diarréia. A febre é baixa e a leucocitose 
moderada (até 15.000), com desvio para a esquerda. A 
leucopenia não afasta a hipótese de apendicite, mas 
geralmente orienta para outros diagnósticos, como 
adenite mesentérica. 
A localização retrocecal do apêndice modifica a 
apresentação clínica da apendicite, sendo a dor 
menos intensa, podendo estar localizada em 
hipocôndrio direito, especialmente quando o apêndice 
é ascendente, e com exame de urina revelando 
hematúria e piúria. De fato, o apêndice retrocecal e 
ascendente, quando inflamado, pode mimetizar uma 
colecistite aguda. 
DIAG: Os raios X simples mostram achados 
inespecíficos, pode ter imagem de acúmulo de fezes 
no ceco. A ultrassonografia apresenta uma 
sensibilidade de 94%, confirmando o diagnóstico 
clínico, especialmente ao demonstrar o apêndice 
inflamado, visto como uma estrutura tubular 
aperistáltica, não compressível, com paredes 
espessadas, ou a imagem “em alvo” no corte 
transversal. 
 
2. Colecistite: está associada à litíase biliar em 95% dos 
casos. A diferença em relação à cólica biliar simples é 
a presença de resposta inflamatória na parede da 
vesícula. 
M.C: A dor inicialmente é epigástrica, visceral, 
acompanhada de náuseas e vômito, e posteriormente 
mais intensa e localizada no quadrante superior direito, 
podendo irradiar-se para as regiões lombar direita e 
escapular direita. A febre geralmente é baixa, e a 
leucocitose, moderada (até 15.000). Alterações das 
enzimas hepatobiliares são discretas. A presença de 
icterícia intensa no início do quadro faz pensarem 
colangite. 
DIAG: O método de imagem de escolha para é a 
ultrassonografia abdominal. Sinal de Murphy ecográfico 
associado à litíase biliar e ao espessamento da parede 
vesicular indica colecistite em 95% dos casos. Na 
ausência de cálculos, o espessamento da parede da 
vesícula acima de 3,5 mm, associado a sintomas, faz 
o diagnóstico de colecistite alitiásica. 
 
3. Pancreatite: principal causa aguda é a litíase biliar. 
M.C: O quadro clínico é polimorfo, sendo a dor de 
início súbito, contínua, localizada em epigástrio, 
hipocôndrios ou região umbilical. A dor tipicamente é 
em faixa, com irradiação dorsal, acompanhada de 
náuseas e vômito frequentes, além de distensão 
abdominal. A repercussão clínica pode ser catastrófica, 
especialmente nos casos que evoluem com necrose 
pancreática. 
DIAG: Na avaliação laboratorial, observa-se elevação 
da amilase e da lipase; essas enzimas podem elevar-
se em outras situações de abdome agudo, mas uma 
elevação superior a 4 vezes o valor de referência 
máximo será indicativa de pancreatite aguda. 
Leucograma, hematócrito, ionograma, glicemia, cálcio, 
gasometria arterial e principalmente a PCR. O papel da 
ultrassonografia é, sobretudo, identificar colelitíase. A 
tomografia é o método ideal para avaliação do 
parênquima pancreático, determinando a gravidade 
da doença e fornecendo critérios prognósticos 
(critérios de Balthazar). 
 
4. Diverticulite: localizada principalmente no sigmoide, e 
cólon descendente, comum em idosos 
M.C: manifesta-se clinicamente por dor em quadrante 
inferior esquerdo, febre e constipação intestinal. 
Náuseas e vômito não são proeminentes, mas há 
distensão abdominal leve. Pode haver disúria e 
polaciúria devido à proximidade com a bexiga. 
DIAG: Leucocitose é comum. O método de imagem 
de escolha na fase aguda é a tomografia. Deve-se 
evitar a realização da colonoscopia na fase aguda, 
devido ao risco de perfuração. 
 
5. OUTRAS: Peritonite; Doençainflamatória pélvica; 
Linfadenite mesentérica; Megacólon tóxico; 
Pielonefrite; Gastrenterite 
 
Trata-se de uma das causas mais frequentes de cirurgia 
abdominal de urgência. 
MAIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A dor tem início súbito, geralmente dramático, já 
começando de forma intensa, rapidamente atingindo seu 
pico. Os pacientes costumam precisar a hora exata do 
início do sintoma. - peritonite 
O problema advém do extravasamento de secreção 
contida no trato gastrintestinal para a cavidade peritoneal, 
o que é traduzido por peritonite. 
A dor tipo somática vem da irritação química do 
peritônio, e, quanto menor o pH, maior a irritação. 
Sinal Couevousie
Nas perfurações mais baixas de delgado (delgado distal e 
cólon), a dor abdominal é mais discreta, e os sinais de 
irritação peritoneal são menos exuberantes, mas 
originam quadros sépticos mais precoces, em função da 
flora bacteriana local. 
Perfurações do intestino grosso traduzem manifestações 
clínicas e peritoneais intensas, com evolução rápida para 
peritonite fecal, devido ao conteúdo altamente infectado 
desse segmento. 
Perfurações altas (delgado proximal) comportam-se 
como as gastroduodenais, com dor abdominal intensa e 
grande irritação peritoneal. 
DIAGÓSTICO 
O exame clínico demonstra silêncio abdominal e rigidez 
muscular, detectada como “abdome em tábua”. 
A temperatura é normal, e náuseas e vômito podem 
estar presentes. 
A radiografia simples revela pneumoperitônio, sendo o 
exame de imagem de escolha para o diagnóstico. Em 12 
h de evolução do quadro, a peritonite química torna-se 
bacteriana, aparecendo os sinais de infecção. 
ETIOLOGIA 
1. Úlcera péptica: perfuração é a primeira manifestação 
da doença ulcerosa em 30 a 40% doscasos. Os 
pacientes idosos são os mais afetados, devido ao uso 
crônico de anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico. 
M.C: Inicialmente, a dor se localiza no epigástrio, 
seguida de dor abdominal difusa. A dor pode simular 
apendicite aguda à medida que migra para o 
quadrante inferior direito, refletindo o escoamento do 
líquido extravasado pela goteira parietocólica. O 
paciente procura manter-se imóvel, com restrição 
respiratória, devido à irritação peritoneal. 
DIAG: Os exames laboratoriais revelam leucocitose e 
possível hiperamilasemia. O pneumoperitônio está 
presente em 80% dos casos. Quando a suspeita de 
perfuração é forte e não se observa 
pneumoperitônio, pode-se insuflar ar através de 
sonda nasogástrica. Endoscopia digestiva não deve 
ser realizada na suspeita de perfuração. 
 
2. Doenças inflamatórias e infecciosas, os corpos 
estranhos e tumores: causas mais comuns de 
perfurações de intestino delgado 
 
3. Processos inflamatórios (diverticulite, megacólon 
tóxico, colite pseudomembranosa grave), neoplásicos 
e corpos estranhos: são as causas mais comuns de 
perfurações no intestino grosso. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
2 tipo mais comum 
O sintoma cardinal do abdome agudo obstrutivo é a cólica 
intestinal, demonstrando o esforço das alças para vencer 
o obstáculo que está impedindo o trânsito normal. 
A dor é visceral, localizada em região periumbilical, nas 
obstruções de delgado, e hipogástrica, nas obstruções de 
cólon, intercalada com períodos livres de dor no início da 
evolução. 
Os episódios de vômito surgem após a crise de dor, 
inicialmente reflexos, e são progressivos, na tentativa de 
aliviar a distensão das alças obstruídas. 
O peristaltismo está aumentado, exacerbado, e é 
chamado de peristaltismo de luta. Este é mais bem 
caracterizado quando se ausculta o abdome no momento 
da crise dolorosa e se manifesta por uma cascata de 
ruídos. 
Quanto mais alta a obstrução, mais precoces, frequentes 
e intensos serão os vômitos, menor a distensão 
abdominal e mais tardia a parada de eliminação de gases 
e fezes. 
Quanto mais baixa a obstrução, maior distensão 
abdominal, mais precoce a parada de eliminação de flatos 
e fezes, e, devido ao supercrescimento bacteriano no 
segmento obstruído, os vômitos, que são tardios, 
adquirem aspecto fecaloide. 
Febre normalmente não está presente. A desidratação 
é acentuada pelas perdas provocadas pelo vômito, sendo 
pior nas obstruções mais altas. Alcalose metabólica 
Com o progredir da doença, ocorre o comprometimento 
da vascularização do segmento obstruído, surgindo 
irritação do peritônio parietal, manifesta por dor somática, 
contínua, e contratura da parede abdominal, o que 
geralmente indica sofrimento de alça. 
DIAGNÓSTICO 
Não existem, entretanto, sinais radiológicos, clínicos ou 
laboratoriais capazes de predizer com certeza a 
presença de sofrimento de alça no pré-operatório, 
sinal de rigler - pneumoperitoneo na radiografia
ausculta metálica
baixa - acidose metabólica
apesar de dor contínua, mudança da característica da 
dor, febre, leucocitose, irritação peritoneal e acidose 
metabólica serem consideradas sugestivas. 
Os exames laboratoriais são inespecíficos, prestando-se 
mais para avaliar as condições clínicas do paciente, além 
de orientar a correção dos distúrbios hidreletrolíticos e 
metabólicos. 
Na abordagem inicial, mais importante do que diagnosticar 
a causa da obstrução, é responder a três questões: 
• se a obstrução é parcial ou completa 
• se é alta ou baixa 
• se há necrose ou não 
Tais fatores irão nortear a decisão terapêutica. 
O método de imagem de eleição são raios X simples de 
abdome em três incidências, que revelam níveis 
hidroaéreos, edema e distensão das alças, além de 
localizar o nível e o grau de obstrução, possibilitando 
também a identificação de corpos estranhos. Porém, não 
detectam sinais precoces de complicação isquêmica, e, 
em casos de forte suspeita clínica de quadro obstrutivo, 
raios X normais têm baixo valor preditivo negativo. 
Nesses casos, outros métodos de imagem devem ser 
realizados. Radiografia contrastada tem valor limitado, 
podendo entretanto ser utilizada em casos de obstrução 
intestinal parcial. A ultrassonografia não é de uso rotineiro. 
A tomografia é útil em distinguir as obstruções simples 
das em alça fechada (hérnia, vólvulo), que tendem a 
estrangular mais facilmente e devem ser operadas 
precocemente. A tomografia pode identificar 
espessamento de paredes das alças ou do mesentério, 
bem como a presença de gás na parede intestinal ou 
líquido livre na cavidade, o que pode definir a indicação 
cirúrgica imediata pela suspeita de complicação vascular. 
ETIOLOGIA 
1. Bridas/aderências: principal causa de obstrução no 
adulto e obstrução mecânica do delgado (75% dos 
casos), e a laparotomia constitui a maior causa de 
formação das aderências peritoneais. 
2. Hérnias parietais: vêm em seguida como causadoras 
de obstrução intestinal. 
3. Câncer colorretal: é a causa mais comum de 
obstrução colônica no adulto, seguida de diverticulite 
complicada e vólvulo. 
4. Doença inflamatória intestinal: especialmente na 
doença de Crohn, deve-se diferenciar o quadro 
obstrutivo por componente inflamatório, reversível na 
maioria das vezes com a medicação específica, 
daquele quadro obstrutivo que exige tratamento 
cirúrgico mais precoce, 
5. Cápsula endoscópica impactada: provocando 
obstrução intestinal, especialmente em áreas de 
suboclusões não conhecidas previamente à realização 
do exame. 
6. íleo funcional: (obstrução funcional) ocorre no pós-
operatório de cirurgias abdominais e extra-abdominais, 
assim como em associação com diversas doenças e 
uso de drogas. 
7. Síndrome de Olgivie (pseudo-obstrução isolada do 
cólon) é comum nos pacientes idosos cronicamente 
doentes. (obstrução funcional) 
 
Constitui doença grave, às vezes pouco lembrada no 
momento do exame clínico, com mortalidade atingindo 
80% na maioria dos estudos. 
Tal fato se deve ao diagnóstico quase sempre tardio, e 
pelo fato de acometer principalmente pacientes idosos, 
que já apresentam várias doenças crônicas, por si sós 
graves, além da frequente progressão da isquemia após 
as cirurgias de revascularização. 
A fisiopatologia envolve uma lesão isquêmica inicial, 
decorrente da redução do fluxo arterial ou venoso (o 
que leva a lesões precoces na mucosa, tomando-se 
posteriormente transmurais), perpetuada pelo 
vasospasmo reflexo da circulação mesentérica e 
completada pela lesão de reperfusão (principalmente 
pela formação e ação de radicais livres de oxigênio, que 
desencadeiam a síndrome da resposta inflamatória 
sistêmica, podendo evoluir para falência de múltiplos 
órgãos). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A dor abdominal é o sintoma inicial, geralmente muito 
intensa, fora de proporções com os achados clínicos, que 
são inespecíficos. – não tem peritonite 
A chave para o diagnóstico precoce é valorizar os sinais, 
ainda que inespecíficos, em pacientes com fatores de 
risco para isquemia mesentérica aguda (maiores de 60 
anos, portadores de doença aterosclerótica, infarto agudo 
do miocárdio recente, arritmias cardíacas, em especial a 
fibrilação atrial, passado de eventos tromboembólicos em 
outros segmentos do organismo, situações de baixo 
débito cardíaco como insuficiên cia cardíaca congestiva, 
estados hiperdinâmicos com má perfusão periférica, 
como na sepse, uso de vasoconstritores, e uso de 
nutrição enteral, pelo aumento não regulável do 
consumo de oxigênio no intestino). 
Passada a fase inicial de dor abdominal, vem a fase 
intermediária, caracterizada por peritonite, que 
frequentemente confunde o quadro clínico com outras 
causas de abdome agudo inflamatório. 
Na terceira fase, acentuam-se os sinais abdominais, 
surgindo a instabilidade hemodinâmica, o choque 
refratário e o óbito. 
DIAGNÓSTICO 
Os exames laboratoriais também são inespecíficos, não 
existindomarcadores de isquemia ou necrose intestinal, 
mas hemoconcentração, leucocitose e acidose 
metabólica, associados aos achados clínicos de distensão, 
defesa e ausência de peristaltismo sugerem doença 
avançada. 
Toque retal sanguinolento 
A radiologia convencional afasta outras causas de 
abdome agudo e pode mostrar espessamento da parede 
das alças intestinais, alças tubuliformes, fixas e imutáveis, 
e pneumoperitônio, o que indica lesões em fase bem 
avançada. 
A ultrassonografia, principalmente associada ao recurso 
Doppler, pode identificar a obstrução vascular e estudar 
o fluxo dos vasos mesentéricos, especialmente dos 
segmentos proximais. 
A angiotomografia e a angiorressonância podem ser 
muito úteis, ao mostrar as alterações isquêmicas nas 
paredes intestinais e demonstrar o local da obstrução 
mesentérica, mas um exame normal não exclui o 
diagnóstico de isquemia mesentérica. 
O diagnóstico de certeza é dado pela arteriografia, que é 
considerada o padrão-ouro no estudo da isquemia 
mesentérica, por suas possibilidades diagnósticas e 
terapêuticas. 
ETIOLOGIA 
1. Embolia da artéria mesentérica superior: é o tipo mais 
frequente (50%). A maioria dos êmbolos tem origem 
cardíaca, derivados de trombo mural associado a 
fibrilação atrial ou infarto agudo do miocárdio. Os 
êmbolos normalmente se instalam nos ramos distais 
da artéria mesentérica superior, após a origem da 
artéria cólica média. 
M.C:A dor abdominal é súbita, intensa, inicialmente 
periumbilical, associada a vômito e diarréia 
sanguinolenta. 
2. Trombose da artéria mesentérica superior: (10 a 
25%), quadro clínico tem início mais insidioso, 
podendo durar dias. Habitualmente, o paciente 
apresenta angina intestinal crônica, com dor pós-
alimentar, perda de peso e alteração do hábito 
intestinal. Tende a ocorrer na origem da artéria 
mesentérica superior e está associada à 
aterosclerose difusa avançada. 
3. Isquemia mesentérica aguda não oclusiva: 
habitualmente ocorre em situações de baixo fluxo, 
que cursam com vasoconstrição. (20-30%). É comum 
nos estados de choque, hipovolemia, redução do 
débito cardíaco, uso de vasoconstritores ou agentes 
inotrópicos, e pelo uso de cocaína. O paciente típico 
é aquele portador de insuficiência cardíaca congestiva 
hospitalizado que evoluiu com hipotensão prolongada. 
O quadro clínico pode cursar sem dor em até 25% 
dos casos, mas há distensão abdominal importante e 
sangramento intestinal. É comum a cianose periférica 
conhecida como “síndrome dos pés azuis”. 
DIAG: arteriografia mostra estenoses sequenciais 
segmentares, decorrentes de vasospasmos de 
múltiplos ramos dos vasos mesentéricos, sendo 
indicado o uso de papaverina. . 
4. Trombose da veia mesentérica superior: pode ser 
primária (onde não se identifica situação de risco 
associado) ou secundária a estados de 
hipercoagulabilidade, doenças hematológicas, uso de 
contraceptivos orais, sepse abdominal, doença 
maligna, hipertensão portal. 
M.C: A dor tem início insidioso, e o quadro pode ser 
marcado por grande distensão abdominal, 
desidratação precoce, náuseas e vômito (50% dos 
casos), com pouca alteração do hábito intestinal. O 
paciente normalmente tem história prévia de 
trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. 
Normalmente, acomete o segmento ileal ou jejunal da 
veia mesentérica superior. 
DIAG: Arteriografia pode ser normal. 
 
MAIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Nos quadros de abdome agudo hemorrágico, além da 
dor súbita, chama a atenção o rápido comprometimento 
hemodinâmico, com palidez intensa e hipovolemia 
acentuada. 
Apesar da forte dor, não se encontra contratura 
muscular no hemoperitônio, visto que o sangue não é 
tão irritante para a serosa peritoneal. 
DIAGNÓSTICO 
Os exames mostram queda progressiva dos níveis 
hematimétricos. – choque 
ETIOLOGIA 
1. Ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas e a 
ruptura vascular: não são situações comuns 
2. Trauma, pós-operatório e complicações pós-
procedimentos (biopsias hepáticas, por exemplo): 
mais comum 
3. Gravidez ectópica rota: ponderar em mulher em 
idade fértil 
4. Ruptura de aneurisma de aorta abdominal: acomete 
geralmente pacientes idosos do sexo masculino, 
população na qual a incidência de aneurisma é maior. 
A aterosclerose é a causa principal, mas trauma, 
infecção (sífilis) e arterites são causas possíveis. A 
sede mais comum do aneurisma é a aorta abdominal, 
estando quase todos localizados abaixo das artérias 
renais. 
M.C: dor abdominal difusa, intensa, associada a 
hipotensão e massa abdominal pulsátil. Antes da 
ruptura, o aneurisma passa por um processo de 
distensão aguda (dito expansão), o que leva ao 
estiramento do plexo nervoso perivascular, gerando 
dor intensa nos flancos ou no dorso. O local mais 
comum de ruptura é no retroperitônio, e o 
hematoma que se forma contém a hemorragia por 
algumas horas. 
DIAG: é confirmado por ultrassonografia. Na suspeita 
clínica, não é necessário realizar exames, indicando-
se laparotomia imediata 
 
a doença extra-abdominal evolui com dor abdominal 
aguda intensa, especialmente quando associada a 
náuseas, vômito e distensão abdominal. Os maiores 
responsáveis são infarto agudo do miocárdio, embolia 
pulmonar e pneumonia de base 
 
 
 
 
DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. 
Gastroenterologia Essencial, 4ª edição . [Digite o Local 
da Editora]: Grupo GEN, 2011. E-book. ISBN 978-85-277-
1970-4. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-
277-1970-4/. 
 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970-4/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970-4/

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