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É definido como toda condição dolorosa de início súbito ou de evolução progressiva, localizada no abdome, que requer decisão terapêutica rápida, preferencialmente após definição diagnóstica Traumático Não traumático • Inflamatório • Obstrutivo • Perfurativo • Vascular • Hemorrágico Identificação: neoplasia do cólon e a doença diverticular, aumentam de frequência com a idade, já a apendicite predomina na adoescência e no adulto jovem, sendo mais comum em brancos que em negros. Gestação tubária e doença inflamatória pélvica (DIP) são específicas do sexo feminino e a úlcera perfurada é bem mais frequente no sexo masculino. A avaliação da atitude e da fácies: o indivíduo com cólica encontra-se agitado, impaciente, contorcendo-se no leito; por outro lado, os portadores de irritação peritoneal apresentam-se imóveis, assumindo posições antálgicas, procurando proteger o abdome. Palidez cutânea e sudorese se relacionam com hemorragia aguda, e rubor facial pode estar presente em indivíduos com síndrome inflamatória. DOR • Dor Visceral: fibras tipo C, não mielinizada, condução lenta, sensíveis a distensão, isquemia, tração, compressão e torção e conduzem uma dor difusa, de início lento e duração longa, com um componente emocional marcante e capaz de produzir manifestações sistêmicas, tais como náuseas, sudorese, diminuição da pressão arterial e da frequência cardíaca. Esta dor é percebida na projeção da linha mediana Ex: músculos, mesentério, vísceras, peritônio • Dor somática: parietl (T6-L1) fibras tipo A, mielinizadas condução rápida (músculos e pele) dor aguda, bem localizada, de curta duração e com componente emocional fraco. Essa dor piora com movimento de tosse e pode acarretar contratura muscular, que é reflexa à inervação comum do peritônio parietal e da musculatura abdominal. E seu exemplo clássico é a evolução da apendicite aguda, que se inicia com uma dor difusa pelo abdome e evolui para uma dor localizada no ponto de McBurney, isso quando o processo inflamatório atinge o peritônio parietal. • Dor referida: é percebida em local diferente do estímulo que a gerou. Dessa forma, um estímulo gerado em um nociceptor da serosa abdominal pode provocar contratura reflexa da musculatura do dermátomo correspondente, que apresenta inervação comum, ou uma mesma origem embrionária. Um exemplo clássico é a dor referida no ombro resultante de processos patológicos que afetam o diafragma ou a vesícula NAUSEA E VÔMITOS • obstrução dos órgãos de musculatura lisa, irritação intensa dos nervos do peritônio e a toxemia. • apendicite e na colecistite agudas típicas: vômito surge após o início da dor. • pancreatite aguda: o vômito é frequente, intenso e persistente, surgindo com o início da dor. • obstrução aguda do ureter e do colédoco: vômito surge simultaneamente à dor e também é frequente. • obstrução intestinal: está presente e será tão mais tardio quanto mais distai for o local da obstrução. FEBRE 37,5°C pode estar presente em quase todos os quadros abdominais agudos; porém, a ausência de febre não descarta o diagnóstico de abdome agudo, principalmente em idosos e imunocomprometidos. Calafrio pode significar bacteriemia, achado comum nos quadros de colangite e de peritonite ANOREXIA precedendo o início da dor é comum em quadros de abdome agudo inflamatório precedendo o início do quadro em dias ou meses sugere doença maligna. FUNÇÃO INTESTINAL longo período de constipação é achado frequente na obstrução por fecaloma ou vólvulo do sigmoide. constipação intestinal com parada completa da eliminação de gases e fezes associada à dor abdominal em cólica e vômito caracteriza a tríade da obstrução intestinal. diarréia é frequente em vários tipos de abdome agudo inflamatório, como: apendicite (principalmente em crianças), abscessos paracecais e DIP. Eliminação de sangue, misturado ou não nas fezes, pode estar presente em quadros de invaginação intestinal (crianças) e na neoplasia de cólon. CICLO MENSTRUAL Nas mulheres em fase reprodutiva, interrogar sobre irregularidades nos três últimos ciclos, data da última menstruação, presença de dispareunia, características do corrimento vaginal, contato sexual e sangramentos, diferenciando se o sangue é coagulável, ou não. Várias doenças, como gravidez ectópica, ovulação dolorosa, endometriose e as anexites agudas, frequentemente são causa de abdome agudo. MICÇÃO investigar a presença de transtorno da micção, como algúria, disúria, polaciúria e retenção urinária, bem como alteração no aspecto da urina. cólica nefrética, pielonefrite aguda, cistite e retenção urinária aguda, podem ser causa de abdome agudo. INSPEÇÃO GERAL Deve-se observar, mais uma vez, a fácies, modo de andar, decúbito preferencial, o tipo de respiração e as atitudes do paciente. Deve-se avaliar a forma do abdome e a presença de distensões localizadas. Distensões assimétricas podem ser causadas por tumores e torção do sigmoide; distensão infraumbilical pode sugerir aumento vesical ou uterino e distensão supraumbilical, obstrução do delgado superior. ECTOSCOPIA GERAL deve ser realizada no paciente completamente despido. Mucosas hipocoradas podem ser sinais de perda sanguínea, mucosas secas e olhos encovados são indicativos de desidratação, e a icterícia pode denotar colestase. A presença de manchas características na gengiva pode ser sinal de intoxicação por chumbo. Na pele, devem-se procurar púrpuras, que podem ser causa de abdome agudo, e lesões como herpes-zoster e equimoses, flancos (sinal de Gray-Turner) ou região periumbilical (sinal de Cullen), sugerem pancreatite aguda grave. O ingurgitamento venoso cervical pode denotar insuficiência cardíaca congestiva ou pneumotórax espontâneo, capazes de causar dor relatada no abdome superior. SINAIS VITAIS A temperatura discretamente elevada é vista na fase inicial do abdome agudo inflamatório, perfurativo e hemorrágico. Quando a dor abdominal é precedida de temperatura muito elevada, deve-se suspeitar de processo infeccioso renal ou pulmonar. A alteração mais expressiva da pressão arterial e do pulso é o choque, que pode estar presente nos casos de hipovolemia, sepse e de falso abdome agudo, como nos casos de infarto do miocárdio. Pulso arrítmico secundário à fibrilação atrial pode ser foco de êmbolos para a artéria mesentérica. Paciente com respiração superficial pode estar com irritação peritoneal, taquipneia pode ser secundária à acidose metabólica e diversas AUSCULTA pode revelar alterações do murmúrio vesicular e/ou a presença de ruídos adventícios, favorecendo o diagnóstico de doenças como a pneumonia e o pneumotórax. O peristaltismo se encontra aumentado nos quadros iniciais de obstrução intestinal mecânica e na hemorragia digestiva e pode estar reduzido ou abolido nos quadros de hemoperitônio, íleo reflexo e abdome agudo inflamatório. O silêncio abdominal em um paciente que evoluía com peristaltismo de luta e suspeita de obstrução intestinal vai apontar para sofrimento de alça PERCUSSÃO se presta para confirmar a presença de dor abdominal, pesquisar e localizar diferentes graus de irritação peritoneal e identificar massas, ar livre e líquido intra- abdominais. sinal de Jobert: encontro de timpanismo ao nível da linha axilar média sobre a área hepática é sugestivo de pneumoperitônio e recebe o nome de. A presença de macicez móvel é sugestiva de ascite. sinal de Giordano: punho-percussão lombar, sugere processo inflamatório retroperitoneal, sendo muito comum nos casos de pielonefrite. PALPAÇÃO inicia-se do ponto de menor dor para o de dor mais intensa. A contratura muscular verdadeira (reflexa à irritação do peritônio parietal) constitui o sinal mais importante nos casos de abdome agudo. sinal do obturador: refere-se à rotação interna dacoxa previamente fletida até o seu limite externo, determinando dor referida no hipogástrio, e está presente em foco inflamatório pélvico como a apendicite pélvica e a pelviperitonite. sinal do psoas direito: coloca-se o paciente em decúbito lateral esquerdo (e vice-versa) e realiza-se a hiperextensão da coxa. Isso provocará intensa dor nos casos de afecções retroperitoneais, como apendicite retrocecal e abscesso perinefrético. manobra de Blumberg: é utilizada para avaliar irritação peritoneal de qualquer origem, e não apenas decorrente de apendicite aguda, e consiste em comprimir aparede abdominal até o máximo tolerado, descomprimindo-a rapidamente, o que ocasionará súbito aumento da dor. sinal de Rovsing: é a percepção da dor no quadrante inferior direito quando palpamos o quadrante inferior esquerdo, devido ao deslocamento de gases retrogradamente em direção ao ceco, que, distendido, provoca dor. Um exemplo clássico é a intensa dor provocada pela inspiração profunda, quando se palpa o ponto cístico de pacientes com colecistite, também conhecida como sinal de Murphy. É o tipo mais comum de abdome agudo. O processo se inicia com a obstrução mecânica de vísceras ocas normais, ou anatomicamente alteradas (divertículos, por exemplo), originando diversos fenômenos inflamatórios na parede da víscera, com tendência à progressão para infecção franca e comprometimento da vascularização do órgão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O início do quadro geralmente é insidioso, com sintomas a princípio vagos • dor abdominal incaracterística, pode levar de uma a várias horas para atingir seu pico, ocasionalmente até dias, sendo inicialmente mal definida • náuseas • anorexia • vômito • alteração do trânsito intestinal Com o evoluir da doença, e com o acometimento do peritônio parietal adjacente ao órgão afetado, a dor torna-se bem localizada e piora progressivamente. É comum a presença de massas à palpação do abdome, resultantes da reação do peritônio à agressão, na tentativa de limitar o processo e preservar o restante da cavidade. Caso o peritônio não consiga bloquear o processo, e o tratamento adequado demore a ser instituído, observa-se evolução para peritonite disseminada. ETIOLOGIA 1. Apendicite: constitui a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico. M.C: A fase inicial apresenta dor epigástrica ou periumbilical, tipo visceral, seguida por anorexia, náuseas e vômito (menos comuns), e posterior localização da dor em quadrante inferior direito, tipo somática. A constipação intestinal e a parada de eliminação de flatos é comum, mas ocasionalmente pode haver diarréia. A febre é baixa e a leucocitose moderada (até 15.000), com desvio para a esquerda. A leucopenia não afasta a hipótese de apendicite, mas geralmente orienta para outros diagnósticos, como adenite mesentérica. A localização retrocecal do apêndice modifica a apresentação clínica da apendicite, sendo a dor menos intensa, podendo estar localizada em hipocôndrio direito, especialmente quando o apêndice é ascendente, e com exame de urina revelando hematúria e piúria. De fato, o apêndice retrocecal e ascendente, quando inflamado, pode mimetizar uma colecistite aguda. DIAG: Os raios X simples mostram achados inespecíficos, pode ter imagem de acúmulo de fezes no ceco. A ultrassonografia apresenta uma sensibilidade de 94%, confirmando o diagnóstico clínico, especialmente ao demonstrar o apêndice inflamado, visto como uma estrutura tubular aperistáltica, não compressível, com paredes espessadas, ou a imagem “em alvo” no corte transversal. 2. Colecistite: está associada à litíase biliar em 95% dos casos. A diferença em relação à cólica biliar simples é a presença de resposta inflamatória na parede da vesícula. M.C: A dor inicialmente é epigástrica, visceral, acompanhada de náuseas e vômito, e posteriormente mais intensa e localizada no quadrante superior direito, podendo irradiar-se para as regiões lombar direita e escapular direita. A febre geralmente é baixa, e a leucocitose, moderada (até 15.000). Alterações das enzimas hepatobiliares são discretas. A presença de icterícia intensa no início do quadro faz pensarem colangite. DIAG: O método de imagem de escolha para é a ultrassonografia abdominal. Sinal de Murphy ecográfico associado à litíase biliar e ao espessamento da parede vesicular indica colecistite em 95% dos casos. Na ausência de cálculos, o espessamento da parede da vesícula acima de 3,5 mm, associado a sintomas, faz o diagnóstico de colecistite alitiásica. 3. Pancreatite: principal causa aguda é a litíase biliar. M.C: O quadro clínico é polimorfo, sendo a dor de início súbito, contínua, localizada em epigástrio, hipocôndrios ou região umbilical. A dor tipicamente é em faixa, com irradiação dorsal, acompanhada de náuseas e vômito frequentes, além de distensão abdominal. A repercussão clínica pode ser catastrófica, especialmente nos casos que evoluem com necrose pancreática. DIAG: Na avaliação laboratorial, observa-se elevação da amilase e da lipase; essas enzimas podem elevar- se em outras situações de abdome agudo, mas uma elevação superior a 4 vezes o valor de referência máximo será indicativa de pancreatite aguda. Leucograma, hematócrito, ionograma, glicemia, cálcio, gasometria arterial e principalmente a PCR. O papel da ultrassonografia é, sobretudo, identificar colelitíase. A tomografia é o método ideal para avaliação do parênquima pancreático, determinando a gravidade da doença e fornecendo critérios prognósticos (critérios de Balthazar). 4. Diverticulite: localizada principalmente no sigmoide, e cólon descendente, comum em idosos M.C: manifesta-se clinicamente por dor em quadrante inferior esquerdo, febre e constipação intestinal. Náuseas e vômito não são proeminentes, mas há distensão abdominal leve. Pode haver disúria e polaciúria devido à proximidade com a bexiga. DIAG: Leucocitose é comum. O método de imagem de escolha na fase aguda é a tomografia. Deve-se evitar a realização da colonoscopia na fase aguda, devido ao risco de perfuração. 5. OUTRAS: Peritonite; Doençainflamatória pélvica; Linfadenite mesentérica; Megacólon tóxico; Pielonefrite; Gastrenterite Trata-se de uma das causas mais frequentes de cirurgia abdominal de urgência. MAIFESTAÇÕES CLÍNICAS A dor tem início súbito, geralmente dramático, já começando de forma intensa, rapidamente atingindo seu pico. Os pacientes costumam precisar a hora exata do início do sintoma. - peritonite O problema advém do extravasamento de secreção contida no trato gastrintestinal para a cavidade peritoneal, o que é traduzido por peritonite. A dor tipo somática vem da irritação química do peritônio, e, quanto menor o pH, maior a irritação. Sinal Couevousie Nas perfurações mais baixas de delgado (delgado distal e cólon), a dor abdominal é mais discreta, e os sinais de irritação peritoneal são menos exuberantes, mas originam quadros sépticos mais precoces, em função da flora bacteriana local. Perfurações do intestino grosso traduzem manifestações clínicas e peritoneais intensas, com evolução rápida para peritonite fecal, devido ao conteúdo altamente infectado desse segmento. Perfurações altas (delgado proximal) comportam-se como as gastroduodenais, com dor abdominal intensa e grande irritação peritoneal. DIAGÓSTICO O exame clínico demonstra silêncio abdominal e rigidez muscular, detectada como “abdome em tábua”. A temperatura é normal, e náuseas e vômito podem estar presentes. A radiografia simples revela pneumoperitônio, sendo o exame de imagem de escolha para o diagnóstico. Em 12 h de evolução do quadro, a peritonite química torna-se bacteriana, aparecendo os sinais de infecção. ETIOLOGIA 1. Úlcera péptica: perfuração é a primeira manifestação da doença ulcerosa em 30 a 40% doscasos. Os pacientes idosos são os mais afetados, devido ao uso crônico de anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico. M.C: Inicialmente, a dor se localiza no epigástrio, seguida de dor abdominal difusa. A dor pode simular apendicite aguda à medida que migra para o quadrante inferior direito, refletindo o escoamento do líquido extravasado pela goteira parietocólica. O paciente procura manter-se imóvel, com restrição respiratória, devido à irritação peritoneal. DIAG: Os exames laboratoriais revelam leucocitose e possível hiperamilasemia. O pneumoperitônio está presente em 80% dos casos. Quando a suspeita de perfuração é forte e não se observa pneumoperitônio, pode-se insuflar ar através de sonda nasogástrica. Endoscopia digestiva não deve ser realizada na suspeita de perfuração. 2. Doenças inflamatórias e infecciosas, os corpos estranhos e tumores: causas mais comuns de perfurações de intestino delgado 3. Processos inflamatórios (diverticulite, megacólon tóxico, colite pseudomembranosa grave), neoplásicos e corpos estranhos: são as causas mais comuns de perfurações no intestino grosso. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 2 tipo mais comum O sintoma cardinal do abdome agudo obstrutivo é a cólica intestinal, demonstrando o esforço das alças para vencer o obstáculo que está impedindo o trânsito normal. A dor é visceral, localizada em região periumbilical, nas obstruções de delgado, e hipogástrica, nas obstruções de cólon, intercalada com períodos livres de dor no início da evolução. Os episódios de vômito surgem após a crise de dor, inicialmente reflexos, e são progressivos, na tentativa de aliviar a distensão das alças obstruídas. O peristaltismo está aumentado, exacerbado, e é chamado de peristaltismo de luta. Este é mais bem caracterizado quando se ausculta o abdome no momento da crise dolorosa e se manifesta por uma cascata de ruídos. Quanto mais alta a obstrução, mais precoces, frequentes e intensos serão os vômitos, menor a distensão abdominal e mais tardia a parada de eliminação de gases e fezes. Quanto mais baixa a obstrução, maior distensão abdominal, mais precoce a parada de eliminação de flatos e fezes, e, devido ao supercrescimento bacteriano no segmento obstruído, os vômitos, que são tardios, adquirem aspecto fecaloide. Febre normalmente não está presente. A desidratação é acentuada pelas perdas provocadas pelo vômito, sendo pior nas obstruções mais altas. Alcalose metabólica Com o progredir da doença, ocorre o comprometimento da vascularização do segmento obstruído, surgindo irritação do peritônio parietal, manifesta por dor somática, contínua, e contratura da parede abdominal, o que geralmente indica sofrimento de alça. DIAGNÓSTICO Não existem, entretanto, sinais radiológicos, clínicos ou laboratoriais capazes de predizer com certeza a presença de sofrimento de alça no pré-operatório, sinal de rigler - pneumoperitoneo na radiografia ausculta metálica baixa - acidose metabólica apesar de dor contínua, mudança da característica da dor, febre, leucocitose, irritação peritoneal e acidose metabólica serem consideradas sugestivas. Os exames laboratoriais são inespecíficos, prestando-se mais para avaliar as condições clínicas do paciente, além de orientar a correção dos distúrbios hidreletrolíticos e metabólicos. Na abordagem inicial, mais importante do que diagnosticar a causa da obstrução, é responder a três questões: • se a obstrução é parcial ou completa • se é alta ou baixa • se há necrose ou não Tais fatores irão nortear a decisão terapêutica. O método de imagem de eleição são raios X simples de abdome em três incidências, que revelam níveis hidroaéreos, edema e distensão das alças, além de localizar o nível e o grau de obstrução, possibilitando também a identificação de corpos estranhos. Porém, não detectam sinais precoces de complicação isquêmica, e, em casos de forte suspeita clínica de quadro obstrutivo, raios X normais têm baixo valor preditivo negativo. Nesses casos, outros métodos de imagem devem ser realizados. Radiografia contrastada tem valor limitado, podendo entretanto ser utilizada em casos de obstrução intestinal parcial. A ultrassonografia não é de uso rotineiro. A tomografia é útil em distinguir as obstruções simples das em alça fechada (hérnia, vólvulo), que tendem a estrangular mais facilmente e devem ser operadas precocemente. A tomografia pode identificar espessamento de paredes das alças ou do mesentério, bem como a presença de gás na parede intestinal ou líquido livre na cavidade, o que pode definir a indicação cirúrgica imediata pela suspeita de complicação vascular. ETIOLOGIA 1. Bridas/aderências: principal causa de obstrução no adulto e obstrução mecânica do delgado (75% dos casos), e a laparotomia constitui a maior causa de formação das aderências peritoneais. 2. Hérnias parietais: vêm em seguida como causadoras de obstrução intestinal. 3. Câncer colorretal: é a causa mais comum de obstrução colônica no adulto, seguida de diverticulite complicada e vólvulo. 4. Doença inflamatória intestinal: especialmente na doença de Crohn, deve-se diferenciar o quadro obstrutivo por componente inflamatório, reversível na maioria das vezes com a medicação específica, daquele quadro obstrutivo que exige tratamento cirúrgico mais precoce, 5. Cápsula endoscópica impactada: provocando obstrução intestinal, especialmente em áreas de suboclusões não conhecidas previamente à realização do exame. 6. íleo funcional: (obstrução funcional) ocorre no pós- operatório de cirurgias abdominais e extra-abdominais, assim como em associação com diversas doenças e uso de drogas. 7. Síndrome de Olgivie (pseudo-obstrução isolada do cólon) é comum nos pacientes idosos cronicamente doentes. (obstrução funcional) Constitui doença grave, às vezes pouco lembrada no momento do exame clínico, com mortalidade atingindo 80% na maioria dos estudos. Tal fato se deve ao diagnóstico quase sempre tardio, e pelo fato de acometer principalmente pacientes idosos, que já apresentam várias doenças crônicas, por si sós graves, além da frequente progressão da isquemia após as cirurgias de revascularização. A fisiopatologia envolve uma lesão isquêmica inicial, decorrente da redução do fluxo arterial ou venoso (o que leva a lesões precoces na mucosa, tomando-se posteriormente transmurais), perpetuada pelo vasospasmo reflexo da circulação mesentérica e completada pela lesão de reperfusão (principalmente pela formação e ação de radicais livres de oxigênio, que desencadeiam a síndrome da resposta inflamatória sistêmica, podendo evoluir para falência de múltiplos órgãos). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A dor abdominal é o sintoma inicial, geralmente muito intensa, fora de proporções com os achados clínicos, que são inespecíficos. – não tem peritonite A chave para o diagnóstico precoce é valorizar os sinais, ainda que inespecíficos, em pacientes com fatores de risco para isquemia mesentérica aguda (maiores de 60 anos, portadores de doença aterosclerótica, infarto agudo do miocárdio recente, arritmias cardíacas, em especial a fibrilação atrial, passado de eventos tromboembólicos em outros segmentos do organismo, situações de baixo débito cardíaco como insuficiên cia cardíaca congestiva, estados hiperdinâmicos com má perfusão periférica, como na sepse, uso de vasoconstritores, e uso de nutrição enteral, pelo aumento não regulável do consumo de oxigênio no intestino). Passada a fase inicial de dor abdominal, vem a fase intermediária, caracterizada por peritonite, que frequentemente confunde o quadro clínico com outras causas de abdome agudo inflamatório. Na terceira fase, acentuam-se os sinais abdominais, surgindo a instabilidade hemodinâmica, o choque refratário e o óbito. DIAGNÓSTICO Os exames laboratoriais também são inespecíficos, não existindomarcadores de isquemia ou necrose intestinal, mas hemoconcentração, leucocitose e acidose metabólica, associados aos achados clínicos de distensão, defesa e ausência de peristaltismo sugerem doença avançada. Toque retal sanguinolento A radiologia convencional afasta outras causas de abdome agudo e pode mostrar espessamento da parede das alças intestinais, alças tubuliformes, fixas e imutáveis, e pneumoperitônio, o que indica lesões em fase bem avançada. A ultrassonografia, principalmente associada ao recurso Doppler, pode identificar a obstrução vascular e estudar o fluxo dos vasos mesentéricos, especialmente dos segmentos proximais. A angiotomografia e a angiorressonância podem ser muito úteis, ao mostrar as alterações isquêmicas nas paredes intestinais e demonstrar o local da obstrução mesentérica, mas um exame normal não exclui o diagnóstico de isquemia mesentérica. O diagnóstico de certeza é dado pela arteriografia, que é considerada o padrão-ouro no estudo da isquemia mesentérica, por suas possibilidades diagnósticas e terapêuticas. ETIOLOGIA 1. Embolia da artéria mesentérica superior: é o tipo mais frequente (50%). A maioria dos êmbolos tem origem cardíaca, derivados de trombo mural associado a fibrilação atrial ou infarto agudo do miocárdio. Os êmbolos normalmente se instalam nos ramos distais da artéria mesentérica superior, após a origem da artéria cólica média. M.C:A dor abdominal é súbita, intensa, inicialmente periumbilical, associada a vômito e diarréia sanguinolenta. 2. Trombose da artéria mesentérica superior: (10 a 25%), quadro clínico tem início mais insidioso, podendo durar dias. Habitualmente, o paciente apresenta angina intestinal crônica, com dor pós- alimentar, perda de peso e alteração do hábito intestinal. Tende a ocorrer na origem da artéria mesentérica superior e está associada à aterosclerose difusa avançada. 3. Isquemia mesentérica aguda não oclusiva: habitualmente ocorre em situações de baixo fluxo, que cursam com vasoconstrição. (20-30%). É comum nos estados de choque, hipovolemia, redução do débito cardíaco, uso de vasoconstritores ou agentes inotrópicos, e pelo uso de cocaína. O paciente típico é aquele portador de insuficiência cardíaca congestiva hospitalizado que evoluiu com hipotensão prolongada. O quadro clínico pode cursar sem dor em até 25% dos casos, mas há distensão abdominal importante e sangramento intestinal. É comum a cianose periférica conhecida como “síndrome dos pés azuis”. DIAG: arteriografia mostra estenoses sequenciais segmentares, decorrentes de vasospasmos de múltiplos ramos dos vasos mesentéricos, sendo indicado o uso de papaverina. . 4. Trombose da veia mesentérica superior: pode ser primária (onde não se identifica situação de risco associado) ou secundária a estados de hipercoagulabilidade, doenças hematológicas, uso de contraceptivos orais, sepse abdominal, doença maligna, hipertensão portal. M.C: A dor tem início insidioso, e o quadro pode ser marcado por grande distensão abdominal, desidratação precoce, náuseas e vômito (50% dos casos), com pouca alteração do hábito intestinal. O paciente normalmente tem história prévia de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. Normalmente, acomete o segmento ileal ou jejunal da veia mesentérica superior. DIAG: Arteriografia pode ser normal. MAIFESTAÇÕES CLÍNICAS Nos quadros de abdome agudo hemorrágico, além da dor súbita, chama a atenção o rápido comprometimento hemodinâmico, com palidez intensa e hipovolemia acentuada. Apesar da forte dor, não se encontra contratura muscular no hemoperitônio, visto que o sangue não é tão irritante para a serosa peritoneal. DIAGNÓSTICO Os exames mostram queda progressiva dos níveis hematimétricos. – choque ETIOLOGIA 1. Ruptura espontânea de vísceras parenquimatosas e a ruptura vascular: não são situações comuns 2. Trauma, pós-operatório e complicações pós- procedimentos (biopsias hepáticas, por exemplo): mais comum 3. Gravidez ectópica rota: ponderar em mulher em idade fértil 4. Ruptura de aneurisma de aorta abdominal: acomete geralmente pacientes idosos do sexo masculino, população na qual a incidência de aneurisma é maior. A aterosclerose é a causa principal, mas trauma, infecção (sífilis) e arterites são causas possíveis. A sede mais comum do aneurisma é a aorta abdominal, estando quase todos localizados abaixo das artérias renais. M.C: dor abdominal difusa, intensa, associada a hipotensão e massa abdominal pulsátil. Antes da ruptura, o aneurisma passa por um processo de distensão aguda (dito expansão), o que leva ao estiramento do plexo nervoso perivascular, gerando dor intensa nos flancos ou no dorso. O local mais comum de ruptura é no retroperitônio, e o hematoma que se forma contém a hemorragia por algumas horas. DIAG: é confirmado por ultrassonografia. Na suspeita clínica, não é necessário realizar exames, indicando- se laparotomia imediata a doença extra-abdominal evolui com dor abdominal aguda intensa, especialmente quando associada a náuseas, vômito e distensão abdominal. Os maiores responsáveis são infarto agudo do miocárdio, embolia pulmonar e pneumonia de base DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2011. E-book. ISBN 978-85-277- 1970-4. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85- 277-1970-4/. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970-4/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970-4/
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