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Síndrome nefrótica: proteinúria maciça, com tendência a edema, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia. A glomerulopatia primária que representa melhor essa síndrome é a doença por lesões mínimas, mas a glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) e a nefropatia membranosa (NM) também se encaixam bem nesse grupo. Algumas vezes, as GNMP ou glomerulopatias de depósito também se manifestam como síndromes nefróticas. As principais causas de síndrome nefrótica são glomerulopatias primárias, como lesão histológica mínima., glomerulopatia membranosa e glomeruloesclerose focal; as doenças sistêmicas mais envolvidas são lúpus eritematoso sistêmico, diabetes melito e amiloidose. A frequência relativa dessas causas varia com a idade. Na faixa etária abaixo de 15 anos, a síndrome nefrótica quase sempre é causada por doenças glomerulares idiopáticas primárias, enquanto nos adultos geralmente é um distúrbio secundário. Nos EUA, o diabetes melitos constitui a principal causa. Cerca de 33% dos pacientes com diabetes tipo 1 e 2, com pelo menos 25 anos de duração desenvolveram síndrome nefrótica, levado à insuficiência renal. Outras doenças sistêmicas também podem resultar em síndrome nefrótica, como lúpus eritematoso sistêmico, amiloidose e leucemia. Reflete lesão não inflamatória da parede capilar glomerular. A doença glomerular subjacente resulta em proteinúria, que ocorre em consequência da alteração na seletividade da carga ou de tamanho da parede capilar glomerular, o que aumenta a permeabilidade glomerular às proteínas plasmáticas. A albumina é a principal proteína perdida na urina, porém pode ocorrer perda de outras proteínas transportadoras de hormônios, como a proteína de ligação da Vitamina D, transferrina e inibidores da coagulação. A síndrome nefrótica se manifesta classicamente com proteinúria maciça, hematúria mínima, hipoalbuminemia, hipercolesterolemia, edema e hipertensão. Se não for estabelecido o diagnóstico ou se não for instituído tratamento, algumas dessas síndromes irão progressivamente lesar um número de glomérulos suficiente para causar uma queda na TFG, levando à disfunção renal. Proteinúria é o principal componente da SN e resulta da perda de proteínas plasmáticas nos glomérulos. Hipoalbuminemia deve-se sobretudo a proteinúria, mas também a hipercatabolismo proteico e alterações na síntese de proteínas. Edema, que é causado principalmente por redução da pressão oncótica do plasma (hipoalbuminemia), pode ser intenso e difuso, incluindo hidroperitônio e hidrotórax (anasarca). Redução do fluxo sanguíneo renal, aumento na reabsorção tubular de Na+ e diminuição do volume urinário também contribuem para o edema. Quando o edema é considerável, surge hiperaldosteronismo secundário a redução do compartimento intravascular, por estimulação de receptores de volume (arco aórtico, átrio esquerdo); há ainda ativação do sistema nervoso simpático e diminuição de fatores natriuréticos, como os peptídeos atriais. A aldosterona aumenta a reabsorção de Na+ nos túbulos distais e a eliminação de K+ e H+. Inicialmente, o edema acumula-se nas partes inferiores do corpo (inclusive membros inferiores), mas torna-se generalizado à medida que a doença avança. Os pacientes com síndrome nefrótica podem ter dispneia causada por edema pulmonar, derrames pleurais e compressão diafragmática pela ascite Uderfilling: proteinúria – hipoalbunemia – reduz pressão coloidosmostica – perda de volume – hipoperfusão renal – ativa SRAA (edema com PA normal) Overfilling: proteinúria – estimula canais Enac nos rins – aumenta absorção de sódio e água – hipervolemia – aumento da pressão hidrostática (edema com aumento da PA e inibição do SRAA) Hiperlipidemia associa-se a aumento na síntese de lipoproteínas pelo fígado (albumina e lipoproteínas são sintetizadas no fígado pelos mesmos estímulos; com a perda renal de albumina, surge estímulo para maior síntese de albumina, o que resulta em maior produção também de lipoproteínas); elevam-se os níveis plasmáticos de colesterol, triglicerídeos e lipoproteínas de muito baixa e baixa densidades. Com a hiperlipidemia e o aumento da permeabilidade dos glomérulos para lipoproteínas, ocorre lipidúria. Perda proteica urinária reduz imunoglobulinas e componentes do complemento, o que aumenta o risco de infecções, particularmente por pneumococos e estafilococos. Os níveis das lipoproteínas de densidade alta (HDL) geralmente estão normais. Por causa da elevação das concentrações de LDL, é mais provável que pacientes com síndrome nefrótica desenvolvam aterosclerose. Pode haver hipercoagulabilidade sanguínea, por aumento da filtração de fatores anticoagulantes, o que pode levar a trombose da veia renal. Anemia deve-se a eliminação urinária de ferro fixado à transferrina, que possui baixo peso molecular (76 kD). Em alguns pacientes, pode haver perda apenas de proteínas de baixo peso molecular (proteinúria seletiva) ou de peso molecular variável, como as globulinas (proteinúria não seletiva); no primeiro caso, o prognóstico e a resposta terapêutica são melhores. Espectro de achados que vão desde proteinúria assintomática até a apresentação mais comum de edema, o qual aparece inicialmente nas áreas periorbital e escrotal. Se o edema for grave e generalizado apresenta-se como anasarca. No exame de urina, as tiras reagentes para análise urinária frequentemente revelam proteinúria de 3 a 4 cruzes e coleta de urina de 24h com >3,5g de proteína/1,73m2. A proteinúria também pode ser estimada a partir de uma única amostra de urina, calculando a razão entre a proteína urinária total em mg/dl e a creatinina urinária em mg/dl. Tipicamente, o sedimento urinário apresenta poucas células ou cilindros. Podem-se verificar lipídeos no sedimento urinário, os quais podem estar retidos em cilindros, livres na urina ou contidos na membrana plasmática de células epiteliais degeneradas, com a designação de corpúsculos gordurosos ovais. Diminuição da albumina sérica, diminuição da proteína sérica total e hiperlipidemia. Os pacientes podem apresentar elevações da ureia sanguínea e creatinina, porém a TFG pode estar normal. Alguns pacientes podem manifestar anemia, velocidade de hemossedimentação elevada, hipocalemia e deficiência de vitamina D. Outros exames laboratoriais podem incluir eletroforese das proteínas séricas e eletroforese de proteínas urinárias para avaliação de mieloma ou amiloidose, e anticorpo antinuclear FAN na avaliação do LES. Outros exames são sorologia para sífilis, HIV, complemento, crioglobulina e provas de função tireoidiana. Exames Especiais: indicações e benefícios da biopsia renal permanecem controversos. Entretanto, trata-se do procedimento-padrão para estabelecer a causa da proteinúria em adultos.. DOENÇA POR LESÃO MÍNIMA Caracteriza-se por destruição difusa (causada por fusão) dos pseudópodos das células da camada epitelial da membrana glomerular. A nefrose lipoídica é encontrada mais comumente nas crianças, mas pode ocorrer ocasionalmente nos adultos. A causa dessa doença é desconhecida. Embora a doença de lesão mínima não evolua para insuficiência renal, pode produzir complicações significativas, inclusive predisposição às infecções por bactérias gram-negativas, tendência a episódios tromboembólicos, hiperlipidemia e desnutrição proteica. A DLM costuma manifestar-se como uma doença renal primária, mas pode estar associada a várias outras condições, incluindo doença de Hodgkin, alergias ou uso de anti-inflamatórios não esteroides; uma nefrite intersticial significativa frequentemente acompanha os casos associados ao uso de anti-inflamatórios não esteroides. Na biópsia renal, a DLM não demonstra nenhuma lesão glomerular evidente à microscopia óptica, e é negativa para depósitos à imunofluorescência ou, ocasionalmente,revela pequenas quantidades de IgM no mesângio. Há o apagamento de pedicelos que sustentam os podócitos epiteliais, com enfraquecimento dos poros da membrana da fenda. A DLM manifesta-se clinicamente com o aparecimento súbito de edema e síndrome nefrótica acompanhada por um sedimento urinário acelular. A excreção urinária média de proteína em 24 horas é de 10 g com hipoalbuminemia grave. GLOMERULOSCLEROSE SEGMENTAL FOCAL Caracteriza-se por esclerose (i. e., aumento da deposição de colágeno) de alguns, mas não de todos, os glomérulos; nas unidades glomerulares afetadas, apenas uma parte do tufo glomerular está afetada. Essa é uma causa especialmente comum de síndrome nefrótica nas populações afro-americana e hispânica. Embora a esclerose segmentar focal geralmente seja uma síndrome idiopática, também pode estar associada à redução da concentração de oxigênio no sangue (p. ex., doença falciforme e cardiopatia congênita cianótica), à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou ao uso de substâncias intravenosas, ou também pode ser um distúrbio secundário associado à fibrose glomerular em consequência de outros tipos de glomerulonefrite. O comprometimento da autofagia (processo de reparo necessário para manter a homeostase após lesão celular) seria responsável pela capacidade limitada de regeneração dos podócitos. A ocorrência de hipertensão arterial e redução da função renal diferencia a esclerose focal da doença por alteração mínima. Proteína nefrina parece ser um marcador de lesão de podócitos. Pessoas com doença por alteração mínima respondem em graus variáveis aos corticosteroides. Pessoas tratadas e que não sofreram perda de nefrina apresentaram taxa de remissão de 96%, em comparação com a taxa de remissão de 61% entre pacientes que apresentaram perda de néfrons. A maioria dos pacientes evolui para insuficiência renal em 5 a 10 anos. Os achados clínicos da GESF se manifestam em grande parte como proteinúria. A patogênese da GESF provavelmente é multifatorial. Os possíveis mecanismos incluem um fator de permeabilidade circulante mediado por células T, níveis aumentados do receptor de urocinase solúvel, proliferação celular e síntese da matriz mediadas por TGF-β, bem como anormalidades dos podócitos associadas a mutações genéticas GLOMERLONEFRITE MEMBRANOSA É a causa mais comum de nefrose primária dos adultos, mais comumente entre a quinta e a sexta décadas de vida, quase sempre depois dos 30 anos. A doença é causada por espessamento difuso da MBG em consequência da deposição de imunocomplexos. A glomerulonefrite membranosa pode ser idiopática ou estar associada a alguns distúrbios, inclusive doenças autoimunes (p. ex., LES), infecções (p. ex., hepatite B crônica) e transtornos metabólicos (p. ex., diabetes melito). Imunoglobulinas e complemento nos depósitos subendoteliais sugerem que a doença seja um distúrbio crônico mediado por imunocomplexos. Em geral, a glomerulonefrite membranosa começa com síndrome nefrótica de início insidioso ou, em uma porcentagem pequena dos casos, com proteinúria fora da faixa nefrótica. Também pode haver hematúria e hipertensão branda. A progressão da doença é variável. Alguns pacientes têm remissões completas, outros apresentam remissões e recidivas repetidas e, por fim, outros evoluem para insuficiência renal terminal e até mesmo morte. As remissões espontâneas e uma evolução relativamente JAMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Medicina interna de Harrison - 2 volumes. Grupo A, 2019. 9788580556346. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978858 0556346/. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2021. 9788527737876. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852 7737876/.
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