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TOXICOLOGIA DAS DROGAS DE ABUSO COCAÍNA Disciplina: Toxicologia Profª Drª Dalva Pazzini Grion Alcaloide extraído da folha de coca Erythroxylum coca 1884 - Sigmund Freud descreveu seu efeito supressor de fome, sono e fadiga e seu potencial no tratamento da depressão e da dependência à morfina, sendo referida a recomendação da dose de 50 a 100 mg por via oral como estimulante e euforizante em estados depressivos Freud retificou sua publicação em 1892 - verificou que o tratamento com cocaína resultava em complicações psiquiátricas, como delírios paranoides e dependência COCAÍNA COCAÍNA Propriedade anestésica local e estimulante do sistema nervoso central (SNC) Pode gerar distúrbios psiquiátricos e situações de fragilidade social ao usuário Atualmente é a droga de abuso ilícita mais consumida nas Américas (depois da maconha), e representa um grande mercado ilícito, com grande impacto na segurança pública FORMAS DE APRESENTAÇÃO COCAÍNA PÓ CRACK PASTA BASE OXI FOLHAS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ● oral ● intranasal ● injetável (IV) ● pulmonar + devastadora que o Crack MERLA COCAÍNA Versão 1.0: 30/08/2007 Maristela Ferigolo, Luciana Signor COCAÍNA - PRODUÇÃO ADULTERANTES ● anestésicos locais: benzocaína, procaína, tetracaína, bupivacaína, etidocaína, lidocaína, mepivacaína, dibucaína, prilocaína ● estimulantes: cafeína, teofilina, ergotamina, estricnina, efedrina, fenilpropanolamina, metilfenidato e anfetamina ● nootrópico: piracetam DILUENTES glicose, lactose, sacarose, manitol, amido, talco, carbonatos, sulfatos e ácido bórico AMÔNIA ácido sulfúrico, querosene e cal virgem bicarbonato de sódio e amoníaco 40-70% 40-85% Velocidade de absorção e concentração plasmática máxima atingida dependem das vias de introdução de auto-administração da droga COCAÍNA- Absorção COCAÍNA Adulterantes e resíduos do processo de produção da droga também são absorvidos ● Via Respiratória: Solventes Orgânicos presentes na pasta de coca Formação do produto de combustão da cocaína = Éster Metilanidroecgonina (EMA) Biodisponibilidade: ● Fumada: 70% (influenciada pela T de vaporização, recipiente utilizado e tragada) ● Via Intranasal: 49% - 94% COCAÍNA - Distribuição Tem alta afinidade pela proteína plasmática α-glicoproteína ácida e baixa afinidade pela albumina Velocidade de distribuição rápida (SNC) Tem meia-vida biológica de 20 min Se distribui para órgãos periféricos com velocidades em ordem decrescente: coração - rins - glândulas adrenais - fígado A fração livre situa-se entre 67% e 68% da quantidade absorvida COCAÍNA - Metabolismo e Excreção A eliminação da cocaína, (ÉSTER METILBENZOILECGONINA) inalterada é pequena na urina Sua biotransformação origina vários metabólitos ● Benzoilecgonina (BE) – por ação de carboxilesterases (Fíg.) - cerca de 45% ● Éster Metilecgonina (EME) – ação da butirilcolinesterase (Sangue)- cerca de 40% ● Em menor %: norcocaína (CYP450 - fígado: hepatotóxica e SNC), norbenzoilecgonina, ecgonina, benzoilnorcocaína e n-hidroxi-norcocaína COCAÍNA - Metabolismo e Excreção COC administrada juntamente com ETANOL, é formado, pela ação de carboxilesterases, um produto denominado cocaetileno (CE), etilcocaína ou éster etilbenzoilecgonina = marcador de uso de COC + etanol Possui ação farmacológica comparável à da COC, sendo mais apolar (mais tempo no organismo) COCAÍNA MECANISMO DE AÇÃO DOPAMINA ● regulação do humor e estresse ● controle de funções motoras ● estimulação da memória e comportamentos relativos a raciocínio, concentração, funções mentais ● apetite ● sono ➔ Cocaína é classificada como anestésico local e ESTIMULANTE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) ➔ Interfere na neurotransmissão dopaminérgica, noradrenérgica e serotoninérgica ➔ Os efeitos caracterizados por sensação de estímulo e euforia no SNC são atribuídos ao bloqueio dos transportadores de dopamina, com consequente elevação da concentração extracelular de dopamina que atua nos receptores D1 e D2 Os neurônios dopaminérgicos estão relacionados com a sensação de prazer atribuído ao sistema de recompensa SEROTONINA ● regula o humor, ● o sono, ● a atividade sexual, ● o apetite, ● o ritmo circadiano, a ● s funções neuroendócrinas, ● temperatura corporal, ● sensibilidade à dor, ● atividade motora ● funções cognitivas NORADRENALINA ● quebra de glicogênio no fígado e músculos esqueléticos, além de ácidos graxos pelas células adiposas ● aumento da glicemia ● midríase ● hipertensão (vasoconstrição) ● induz o estado de vigília EFEITOS AGUDOS DA COCAÍNA Efeitos agudos: aparecem imediatamente após única dose e desaparecem em poucos minutos ou horas - Euforia; - Sensação de bem-estar; - Autoconfiança elevada; - Aceleração do pensamento; - Distúrbios do sono, insônia; - Excitação motora; - Desejo sexual (libido); - Agressividade, inquietação; - Anorexia leve; - Aumento das percepções sensoriais (sexuais, auditivas, táteis e visuais) - Irritabilidade e distúrbios do humor; - Alucinação; - Delírio - Hostilidade; - Ansiedade; - Medo, paranóia; - Abstinência; - Extrema energia ou exaustão; - Compulsão motora estereotipada; - Diminuição do desejo sexual; - Violência extrema; - Anorexia; - Tolerância e dependência EFEITOS CRÔNICOS DA COCAÍNA OVER DOSE Falência de um ou mais órgãos decorrente do uso (crônico, eventual ou iniciante); - Mecanismo de ação: excesso de estimulação do sistema nervoso simpático, por meio de bloqueio da recaptação de catecolaminas; - Os principais sistemas envolvidos são o circulatório, nervoso central, renal e térmico; - A dose letal depende da via de administração Sintomas da overdose da cocaína: - Agitação; - Delirium; - Taquicardia; - Hipertensão; - Arritmia cardíaca; - Dor no peito; - Infarto do miocárdio; - Sudorese; - Convulsões; - Hiperpirexia (febre extrema); - Acidose metabólica A morte ocorre devido à insuficiência cardíaca ou respiratória; • Metade das mortes por overdose de cocaína, envolvem cocaína usada com outra droga. Ex.: Cocaína + álcool = COCAETILENO = potencialização da euforia TRATAMENTO O tratamento é de suporte ➔ (desintoxicação) ● Psicoestimulantes (para crises de abstinência): Metilfenidato; Modafinil; Bupropiona ● Anticonvulsivantes: Topiramato ● Antidepressivos: Mirtazapina; Citalopram ● Benzodiazepínicos : Midazolam IM, Diazepam ● Antipsicóticos: Haloperidol AMOSTRAS BIOLÓGICAS ● SANGUE - matriz de eleição - Benzoilecgonina ● SALIVA - uso recente - Benzoilecgonina ● URINA - ideal para uso recente - analitos mais encontrados - COC, Benzoilecgonina, Éster Metilecgonina (EME), Cocaetileno (com álcool) e EMA (éster metilanidroecgonina- produto da combustão - fumada - CRACK) ● CABELO: ideal para uso pregresso - Benzoilecgonina e COC ● UNHAS: ideal para uso pregresso - Benzoilecgonina e COC - uso pregresso ● VÍSCERAS e HUMOR VÍTREO: POST MORTEM (suspeita over dose - CÉREBRO) - Benzoilecgonina e COC COCAÍNA -TEMPO DE DETECÇÃO ● No sangue: em até 4 a 12 horas após uso de cocaína ● Na urina: a detecção do metabólito benzoilecgonina pode variar de 1 a 2 dias após administração Após uma alta dose (aproximadamente 1,5mg/Kg) via intranasal, a benzoilecgonina pode ser detectada de 2-3 dias. Uso crônico – 10 a 14 dias – (até 22 dias) ● Na Saliva: a cocaína pode ser detectada por 5 a 12 horas após uma única dose e, para usuários crônicos, até 10 dias. Métodos Analíticos MÉTODOS PRESUNTIVOS ● métodos colorimétricos ● de precipitação ● de cristalização MÉTODOS CONFIRMATÓRIOS ● métodos espectroscópicos UV/ Vis ● cromatografia em camada delgada (CCD) ● cromatografia gasosa (CG) e com detectorde ionização de chamas (CG-/FID) 21 MÉTODOS PRESUNTIVOS Teste de Scott é o método colorimétrico e de precipitação de eleição O princípio do método se baseia na formação de um complexo de coloração azul que se forma na reação do tiocianato de cobalto com a cocaína em meio ácido http://www.youtube.com/watch?v=Xf08agWuo4I MÉTODO CONFIRMATÓRIO Cromatografia em Camada Delgada (CCD) Permite a separação de uma mistura de dois ou mais compostos para distribuição entre duas fases, uma estacionária e uma móvel Essa separação resulta em um deslocamento menor ou maior na fase estacionária Esse método é usado para confirmar a presença de cocaína e adulterantes (fenacetina, cafeína, lidocaína, benzocaína e aminopirina) quando se comparam as amostras com uma série de padrões diferentes Cromatografia em Camada Delgada para Crack/Cocaína a) Colocar uma pequena amostra da suspeita droga em um tubo de ensaio; b) Acrescentar aproximadamente 1,0 mL de H2O; c) Acrescentar 3 gotas de Hidróxido de Amônio; d) Adicionar aproximadamente 1,0 mL de Éter; e) Na placa, com auxílio de um capilar de vidro, aplicar o conteúdo extraído a aproximadamente 1 cm da base inferior; f) Após a aplicação sobre a placa, colocá-la em uma cuba revestida de papel filtro com reagentes Clorofórmio e Metanol (1:1); g) Após o deslocamento da fase móvel (solvente) sobre a placa, realizando a separação de eventuais componentes da amostra, retirá-la da cuba, e em seguida revelá-la Revelador utilizado: Drangendorf Figura 2- Placa Cromatográfica após a revelação, sendo positivas as amostras que apresentaram coloração laranja. Fonte: ICJ- Laboratório de Toxicologia REFERÊNCIAS DA MARTINIS, Bruno Spinosa D.; DORTA, Daniel J.; COSTA, José Luiz. Toxicologia forense. Editora Blucher, 2018. E-book. ISBN 9788521213680. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521213680/ MOREAU, Regina Lúcia de M. Ciências Farmacêuticas - Toxicologia Analítica, 2ª edição. Grupo GEN, 2015. E-book. ISBN 978-85-277-2860-7. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2860-7/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521213680/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2860-7/
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