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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NEUROCIÊNCIAS APLICADAS A EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3 
2 NEUROCIÊNCIA ........................................................................................................... 4 
3 NEUROCIÊNCIAS PELA HISTÓRIA ............................................................................ 8 
4 A EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO ..................... 19 
5 AS NEUROCIÊNCIAS E A EDUCAÇÃO .................................................................... 22 
5.1 Neuroeducação ........................................................................................................ 27 
5.2 A importância e os benefícios da “Neuroeducação” ................................................. 29 
6 O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM E A NEUROCIÊNCIA ............... 32 
7 A APRENDIZAGEM COM O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA ...................................... 36 
8 INTERATIVIDADE E DESENVOLVIMENTO PRECOCE DA MENTE ........................ 44 
9 NEUROCIÊNCIA E ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO ............................... 47 
9.1 Características de pessoas com altas habilidades/superdotação de acordo com a 
neurociência 49 
9.2 Propostas da neurociência para o currículo de alunos com altas 
habilidades/superdotação .............................................................................................. 51 
10 INTERVENÇÕES NEUROEDUCACIONAIS ............................................................. 53 
11 NEUROCIÊNCIA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS 
PEDAGÓGICAS.............................................................................................................56 
12 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 66 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para 
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça 
a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 NEUROCIÊNCIA 
 
Fonte: saladerecursos.com.br 
A Neurociência é a parte da ciência que descreve o estudo do sistema nervoso 
central tais como suas estruturas, funções, mecanismos moleculares, aspectos 
fisiológicos e busca compreender doenças do sistema nervoso. Essa, normalmente é 
confundida com a Neurologia que, por sua vez, é uma área especializada da medicina 
que se refere aos estudos das desordens e a doenças do sistema nervoso, esta envolve 
o diagnóstico e tratamento das condições patológicas dos sistemas nervoso central, 
periférico e autonômico. 
A Neurociência se ocupa em estudar o sistema nervoso, visando desvendar seu 
funcionamento, estrutura, desenvolvimento e eventuais alterações. Portanto, o objeto do 
estudo dessa ciência é complexo, sendo constituído por três elementos: o cérebro, a 
medula espinhal e os nervos periféricos, que são responsáveis por coordenar todas as 
atividades do nosso corpo, sendo de extrema importância para o funcionamento das 
atividades voluntárias, quanto as involuntárias (LENT, 2002). 
O estudo da Neurociência também se dá por diversos profissionais de diversas 
áreas e não somente por médicos neurologistas. Dentre os profissionais que se 
 
5 
 
interessam pela neurociência temos farmacêuticos, fisioterapeutas, enfermeiros 
médicos, nutricionistas, biólogos, biomédicos e até mesmo engenheiros, pois a 
capacitação nesta área pode elucidar as novas técnicas te arquitetura robótica baseadas 
na neurociência. 
Essa ciência pode ser dividida em cinco grandes grupos: a neurociência 
molecular, celular, sistêmica, comportamental e cognitiva. 
 
1. Neurociência molecular, neuroquímica ou neurobiologia molecular - ramo da 
neurociência responsável pelo estudo de moléculas que têm importância funcional 
e suas possíveis interações no sistema nervoso; 
2. Neurociência celular, neurocitologia ou neurobiologia celular- esta área estuda 
as células que compõem o sistema nervoso, suas estruturas e funções; 
3. Neurociência sistêmica, neurofisiologia, neuro-histologia ou neuroanatomia, 
estuda as possíveis ligações entre os nervos do cérebro (chamadas de vias) e 
diferentes regiões periféricas. São também considerados os grupos celulares 
situados nestas vias; 
4. Neurociência comportamental, psicobiologia ou psicofisiologia - estuda as 
estruturas que estão relacionadas ao comportamento ou a fenômenos como 
ansiedade, depressão, sono entre outros comportamentos; 
5. Neurociência cognitiva ou Neuropsicologia - trata de todas as capacidades 
mentais relacionadas a inteligência como a linguagem, memória, autoconsciência, 
percepção, atenção, aprendizado entre outras. 
Durante as últimas décadas, com o avanço de equipamentos que permitem 
mapear o cérebro com maior riqueza de detalhes, os estudos médico-científicos tiveram 
um aumento significativo procurando entender com maior clareza de que forma a 
atividade cerebral influi no nosso comportamento. Dentro desta análise pode-se dizer que 
a Neurociência procura estudar as variações entre o comportamento e a atividade 
cerebral. Porém trata-se de um campo interdisciplinar que abrange várias outras 
“disciplinas’: - neuroanatomia, neurofisiologia, neuroquímica, neuroimagem, genética, 
neurologia, psicologia, psiquiatria, pedagogia. 
 
6 
 
Todas essas ciências reunidas formam a Neurociência e juntas procuram 
investigar o sistema nervoso procurando entender como ele se desenvolve, como ele é 
parecido ou diferente entre indivíduos e entre espécies ou como ele deixa de funcionar. 
As Neurociências nos revelam como o cérebro produz nosso comportamento, porque nos 
emocionamos, porque precisamos comer, dormir, de que forma tomamos decisões, enfim 
como somos e o que somos. Também procura-se perceber a individualidade de cada um, 
e a partir disso, entender como as lesões no cérebro interferem no modo de ser dos 
indivíduos. 
Através dos estudos de Luria (2008), que durante a Segunda Guerra Mundial, 
desenvolveu um estudo de indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou 
cada paciente, mapeou as respectivas lesões cerebrais e anotou as alterações no 
comportamento, tendo como objetivo específico o estudo das bases neurológicas do 
comportamento, ocorreram mudanças significativas no experimento médico-cientifico, 
modificando muito dos tratamentos que era ofertado aos pacientes com lesões cerebrais, 
pois durante vários anos as doenças mentais eram incompreendidas e vistas numa 
dimensão mais psicológica. 
No período de 1940-1970, muitos psicanalistas americanos começaram a afirmar 
que todas as doenças mentais, incluindo a esquizofrenia e as doenças maníaco-
depressivas, eram causadas por conflitos psicológicos que podiam ser amenizados por 
meio da psicoterapia psicanalítica. Com frequência os pais, e principalmente as mães, 
eram acusados pelos transtornos mentais dos seus filhos. Era particularmentecruel o 
conceito da “mãe esquizofrenogênica”, que propunha que a esquizofrenia era causada 
devido a mãe rejeitar a criança de forma inconsciente, embora parecesse amá-la. 
Em uma série de livros bastante divulgados, Bruno Bettelheim (1987), teorizava 
que o transtorno autista era causado pela rejeição parental e que somente a 
“parentectomia” (isto é, retirar a criança do lar) poderia levar à cura. Aqueles que 
defendiam o conceito de que as doenças mentais têm causas estritamente “ambientais” 
ou “psicológicas” sentem com frequência que estão em um patamar moral superior – 
defendendo o paciente contra uma teoria biológica determinista. 
Em geral não conseguem ver que as suas próprias teorias da doença mental, na 
ausência de provas, culpam os pais e as famílias pelo problema de uma criança e, assim, 
 
7 
 
causam dor e sofrimento enormes. Isso seria o equivalente a negar a natureza biológica 
do câncer e dizer aos pais de uma criança com leucemia que foi o fracasso deles em ter 
um relacionamento amoroso com ela que levou à doença (PLISZKA, 2004, p. 13-14). 
Felizmente muitas mudanças já ocorreram no tratamento de pacientes com 
necessidades educativas especiais. Indivíduos que antes eram retirados do convívio de 
seus familiares, uma vez que se acreditavam que estes não teriam condições de 
reabilitação, hoje, através da Neurociência, sabe-se que existe a plasticidade cerebral e 
que com muito estímulo, estes indivíduos podem ser reabilitados. 
Fato é que o desenvolvimento atual das Neurociências é verdadeiramente 
fascinante e geram grandes esperanças de que, em breve, tenhamos novos tratamentos 
para uma grande gama de distúrbios do sistema nervoso, que debilitam e incapacitam 
milhões de pessoas todos os anos (BEAR, 2008). Apesar dos progressos durante a última 
década e os séculos que a precederam, ainda existe um longo caminho a percorrer antes 
que possamos compreender completamente como o encéfalo realiza suas 
impressionantes façanhas. 
Os estudos da neurociência são contínuos e podem revelar alguma descoberta 
para pesquisadores que desenvolvem máquinas, equipamentos e até mesmo chips para 
auxiliar algum indivíduo que seja portador de uma limitação física. Há estudiosos também 
que estudam as funções que o sistema nervoso representa para as atitudes mais básicas 
do ser humano, como fazer um simples movimento. Também estuda aquilo que é 
considerado objeto de maior complexidade no universo – o cérebro. 
Compreender o cérebro e como funciona o sistema nervoso pode parecer 
relativamente fácil. Mas não é. Perceber e estudar os mecanismos presentes na 
regulação do cérebro tem sido das temáticas, senão a temática, mais complicada que a 
humanidade já experimentou. 
Para compreender o complexo mecanismo que está por detrás de cada ser 
humano, cientistas têm estudado todos os detalhes anatómicos e fisiológicos do sistema 
nervoso, tentando desta forma evoluir no sentido de perceber que mecanismos nos 
regem e de que forma o fazem, ansiando encontrar respostas para tão difícil tarefa. 
Neurocientistas trabalham deste modo com o objetivo de compreender o cérebro 
humano, a sua estrutura, o seu funcionamento, o seu comportamento, a sua evolução e 
 
8 
 
a tradução de todas as suas características e modificações no comportamento do 
indivíduo, passando por um aspecto de inexorável importância e delicadeza: a 
investigação de doenças neurológicas e distúrbios mentais e a procura do respectivo 
tratamento e cura. 
Para percebermos como trabalha o cérebro é necessário compreender de que 
modo funcionam os processos a nível cognitivo, dentro dos circuitos neurais do sistema 
nervoso. É importante identificar funções, atividades e comportamentos, descodificar a 
linguagem dos neurónios na comunicação entre circuitos e compreender de que forma 
se transmite informações entre estes (sinapses). 
Como deu para você perceber, a neurociência é um campo de pesquisa de 
extrema complexidade e está sempre em pauta, em evolução, por se tratar do sistema 
nervoso e suas implicações na vida de uma pessoa. Ela abrange muitas áreas do 
conhecimento, a partir do momento em que o cérebro se torna o foco em comum de todas 
as neurociências; e como tudo em nossa vida se relaciona ao cérebro, essa 
multidisciplinaridade é plenamente justificável. 
3 NEUROCIÊNCIAS PELA HISTÓRIA 
 
Fonte: slideserve.com 
O ser humano sempre teve fascínio em saber o que nos faz ser seres humanos 
racionais, ou seja, o que diferencia o homem dos animais. Desde que houve uma 
 
9 
 
revolução cognitiva (HARARI, 2011) e passamos a usar línguas estruturadas como forma 
de simbolizar o mundo, temos nos perguntado o sentido das coisas e de onde vêm os 
pensamentos e sentimentos. Assim, não é de se espantar que os estudos nessa área 
existam desde a antiguidade, tentando dar respostas ao que nos faz humanos. 
Diversas disciplinas estudaram o encéfalo, como a filosofia e a medicina e, 
posteriormente, a biologia, a psicologia, entre outras. Para entender e darmos 
continuidades aos nossos estudos sobre neurociências, a princípio precisamos ver como 
se estrutura o nosso sistema nervoso central (SNC) (Figura 1). 
 
Figura 1 – Estruturas do SNC. 
 
Fonte: Adaptada de Kandell et al. (2014). 
O que muitas vezes chamamos de cérebro quando nos referimos ao que está 
dentro de nossa cabeça é apenas uma parte de um todo denominado encéfalo. O 
encéfalo é composto pelo cerebelo, a ponte, o bulbo, algumas estruturas antigas acima 
da ponte, o cérebro e a medula. A medula ainda participa do sistema que envia e recebe 
os sinais entre o encéfalo e os nervos no corpo (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013). 
O cérebro é uma estrutura que participa dos processos cognitivos superiores, como 
pensamento e linguagem. As outras estruturas do SNC estão basicamente mais ligadas 
à regulação dos movimentos e dos sinais vitais dos seres humanos (KREBS; 
WEINBERG; AKESSON, 2013). 
 
10 
 
Agora que vimos a divisão básica do SNC, vamos dar continuidade ao histórico 
das neurociências. Existem registros de estudos realizados até mesmo no Egito Antigo, 
os egípcios realizavam o procedimento de trepanação quando a pessoa apresentava 
problemas encefálicos. A trepanação era a técnica de realizar buracos no crânio com a 
finalidade de curar. Ainda nesse período, iniciou-se a crença de que o coração — não o 
encéfalo — era o responsável pelas emoções e memórias (BEAR; CONNORS; 
PARADISO, 2017). De acordo com Tieppo (2019), é justificável que os egípcios e outros 
povos não compreendessem a importância do encéfalo, dando prioridade ao coração. 
Afinal, o encéfalo se desfaz rapidamente após a morte, adquirindo uma consistência 
gelatinosa, sendo impossível de ser estudado sem materiais como o formol. 
Essa ideia relacionada ao coração se perpetuou até a Grécia Antiga, quando o 
filósofo Aristóteles descreveu que a função do encéfalo era a de resfriar o sangue. A partir 
dos estudos de Hipócrates, considerado o pai da medicina ocidental, definiu-se que o 
encéfalo seria um órgão de sensações e da inteligência, ampliando a concepção de suas 
funções (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). É a partir dessa concepção de uma 
mente no cérebro que se iniciam de fato os estudos da neurociência, pois passam a 
considerar a importância do encéfalo (TIEPPO, 2019). 
Em Roma, o médico Cláudio Galeno, no século II, observou encéfalos, 
percebendo que havia uma parte mais mole (o cérebro) e outra mais firme (o cerebelo). 
Assim, Galeno postulou que o cérebro seria o local das sensações por ser mais suave, 
enquanto o cerebelo seria o local dos músculos, que são mais enrijecidos, como o próprio 
cerebelo. Ele também observou que os cérebros apresentavam alguns espaços, 
conhecidos hoje como ventrículos, e que por eles passavam líquidos, o que ele chamou 
de humores. Dessa forma, para o médico, os humores (quatro tipos de fluidos vitais) eram 
levados ao corpo pelos nervos,que ele pensava serem como fios ocos por onde passava 
o líquido (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). 
No período do Renascimento, da metade do século XIV até o fim do século XVI, 
aconteceu a maior descrição do encéfalo feita até então, pelo médico belga Andreas 
Vesalius. Entretanto, ainda havia a crença dos ventrículos como centros dos humores. 
Nessa época, o encéfalo foi comparado a uma máquina, bombeando os fluidos para fora. 
O filósofo René Descartes, no século XVII, descreveu que, embora a teoria da mecânica 
 
11 
 
dos fluidos que acreditava nesse bombeamento de humores estivesse em certo grau 
correta, não conseguia explicar os comportamentos que são apenas humanos. 
A partir dessa conclusão, Descartes passa a descrever que haveria então uma 
mente, algo fora do encéfalo, que daria os comportamentos unicamente humanos. 
Segundo ele, a mente seria uma essência espiritual que realizava uma conexão com o 
encéfalo por meio da glândula pineal, uma pequena estrutura hormonal envolvida na 
regulação do sono e da reprodução. (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; KREBS; 
WEINBERG; AKESSON, 2013). Depois do século XVII, os estudiosos rompem com a 
teoria dos fluidos e começam a identificar que o cérebro é formado por uma substância 
branca e outra cinza (Figura 2). De acordo com os pesquisadores da época, a substância 
branca servia como condutora de informações para a massa cinzenta. 
 
Figura 2 – Substâncias branca e cinzenta vistas em corte coronal. 
 
Fonte: Adaptada de [Arteria...] (2008). 
Na Figura 2 é possível notar que existe uma leve coloração diferenciada entre a 
parte mais interna e a mais externa do cérebro. A substância cinzenta, mais externa, é 
formada pelos corpos celulares dos neurônios, enquanto a substância branca é formada 
pelos axônios, ou filamentos dos neurônios, entre outras células que auxiliam o SNC 
(MARTIN, 2013). 
Ao final do século XVIII, o SNC já estava detalhadamente descrito e dividido entre 
encéfalo e sistema nervoso periférico (SNP), composto pela medula e pelos nervos. Além 
disso, a partir desse século, o cérebro foi dividido em lobos (Figura 3), e seus giros 
 
12 
 
também foram explorados. Os giros são todas as voltas e dobras que o cérebro tem para 
se acomodar dentro da caixa craniana. Os lobos apresentam funções diferentes entre si 
e são divididos em quatro, nomeados de acordo com o osso mais próximo. 
 
Figura 3 – Lobos cerebrais 
 
Fonte: Martin (2013, p. 18). 
Os lobos apresentam funções distintas, mas se comunicam entre si. Eles são 
encontrados em ambos os hemisférios. Embora a maior parte das funções cognitivas seja 
espelhada, ou seja, aconteça nos dois hemisférios, algumas se estabelecem 
majoritariamente em um deles, um exemplo é a linguagem, que ocorre quase que 
completamente no hemisfério esquerdo. Veja a seguir algumas funções de cada um dos 
lobos (KANDELL et al., 2014; MARTIN, 2013; KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013). 
 
Lobo frontal: entre suas diversas funções estão o comportamento, a cognição, 
os pensamentos, o raciocínio lógico, o planejamento, entre outras. 
Lobo parietal: funções como dor, sensação tátil e a posição do corpo e seus 
membros, entre outras. 
Lobo occipital: visão, forma, cor, reconhecimento facial, etc. 
Lobo temporal: linguagem, audição, memória, emoções, etc. 
Lobo insular: equilíbrio, dor, paladar, entre outras funções. 
 
13 
 
Como visto, por muitos séculos houve a ligação entre o encéfalo e o espírito ou 
a alma. Entretanto, à medida que as pesquisas foram avançando e novas formas de ver 
o SNC foram desenvolvidas, os cientistas começaram a compreender o órgão mais 
complexo do corpo humano, excluindo teorias que o conectam a algo imaterial e tão 
abrangente quanto o conceito de mente. Kandell et al. (2014) afirmam que já avançamos 
muito. Esse avanço, em especial, ocorreu a partir do século XIX. Segundo Bear, Connors 
e Paradiso (2017), os 100 anos do século XIX representaram um avanço gigantesco em 
comparação a todos os séculos anteriores, moldando as neurociências atuais. 
Uma das grandes descobertas foi a existência de potenciais elétricos gerados no 
sistema nervoso que percorrem os nervos, fazendo os músculos se movimentarem. Isso 
acabou com a teoria dos fluidos e humores. Assim, “o novo conceito era de que os nervos 
eram como ‘fios' que conduzem sinais elétricos do e para o encéfalo” (BEAR; CONNORS; 
PARADISO, 2017, p. 9). Foi também no século XIX que cientistas entenderam a 
localização de algumas funções a partir de observações e experimentos com animais. 
Flourens descobriu as funções motoras do cerebelo, enquanto, Broca, identificou a região 
responsável pela expressão da linguagem, ou seja, pela produção da fala. 
Outros estudiosos ainda descobriram diversas áreas envolvidas em funções 
motoras e na visão. Portanto, a partir dessas pesquisas iniciais, hoje sabemos que há 
diversas áreas especializadas em funções distintas. Atualmente avançamos a passos 
largos na tentativa de decifrar o encéfalo, e isso só é possível com a evolução das 
tecnologias, que possibilitem realizar exames mais precisos e cada vez mais detalhados. 
Entretanto, além de equipamentos, são necessários investimentos em pesquisas tanto 
para a produção de tais equipamentos quanto para a produção dos conhecimentos que 
possibilitem o uso desses equipamentos. 
 Ainda, é importante que existem diversas pesquisas e experimentos que nos 
tragam maior luz sobre o sistema nervoso, sua formação, seu desenvolvimento, seu 
funcionamento e sua capacidade de regeneração. É muito importante lembrar dos 
cientistas que possibilitaram o progresso cada vez maior nas neurociências. Entre eles, 
é possível citar o neurocientista naturalizado brasileiro Ivan Izquierdo, falecido em 2021. 
Sua contribuição para as bases biológicas da memória com os estudos das vias 
 
14 
 
hormonais no cérebro foi extremamente importante para muitas áreas, como a de 
aprendizagem (2011). 
Quando pensamos em neurociências, às vezes nos referimos à área no singular. 
Porém, como vimos, essa área de estudos é composta por distintas disciplinas que 
tentam explicar como o nosso sistema nervoso funciona. Por isso, não podemos falar em 
apenas uma neurociência, já que são várias ciências que se debruçam sobre a “neuro”. 
O Quadro 1 mostra a divisão das distintas neurociências. 
 
Quadro 1 – Áreas das neurociências 
 
Fonte: Adaptado de Lent (2001). 
Como é possível notar no Quadro 1, existem muitas disciplinas que se 
complementam no estudo do sistema nervoso, pois não há como apenas uma disciplina 
abordar tudo. Veja que é preciso passar pelo estudo das moléculas, as menores 
partículas, para então entender as células, o conjunto de células (o sistema), o 
comportamento e a cognição. Todos esses estudos caminham juntos para a 
compreensão de como o ser humano funciona a nível neurológico. 
 
15 
 
Os profissionais que pesquisam todas essas áreas podem ser chamados de 
neurocientistas. Eles vão realizar seus estudos a partir de uma das visões descritas no 
Quadro 1. Portanto, os neurocientistas são aqueles que fazem a ciência ligada às 
descobertas nessa área, trabalhando, em sua maioria, em universidades, laboratórios e 
centros de pesquisa. Eles tentam decifrar como o encéfalo funciona e como ajudá-lo em 
suas dificuldades (LENT, 2001). Definir as neurociências é compreender, portanto, que 
distintas áreas tentam entender o funcionamento do sistema nervoso. De acordo com 
Kandell et al. (2014): 
O objetivo das neurociências é a compreensão de como o fluxo de sinais elétricos 
através de circuitos neurais origina a mente — como percebemos, agimos, 
pensamos, aprendemos e lembramos. Embora ainda estejamos muitas décadas 
distantes de alcançar tal nível de compreensão, os neurocientistas têm feito 
progressos significativos na obtenção de informações acerca dos mecanismos 
subjacentes ao comportamento, os sinais de saída que podem ser observadosem relação ao sistema nervoso de seres humanos e outros organismos. Estamos 
também começando a compreender os transtornos do comportamento 
associados a doenças neurológicas e psiquiátricas. (KANDELL et al. 2014, p.25). 
Portanto, compreender como somos e quem somos necessita de uma visão de 
como nossos neurônios se formam e se comunicam entre si, produzindo sinais que 
formam pensamentos, ações e emoções. Há muitos profissionais envolvidos nesse 
contexto pois ainda estamos compreendendo os transtornos e comportamentos 
associados a disfunções encefálicas. 
Dessa forma, Lent (2001) relata que é possível identificar duas categorias para 
classificarmos os profissionais que se ocupam do estudo do sistema nervoso. Uma delas 
é o campo da pesquisa, com os pesquisadores que conduzem experimentos para 
compreender como tudo funciona. A outra categoria é a dos profissionais da saúde, da 
educação, das engenharias e das ciências humanas e sociais, que aplicam os 
conhecimentos levantados pelos cientistas. 
Tudo o que é descoberto sobre o cérebro exerce grande fascínio no público. 
Entretanto, quando o senso comum utiliza alguns desses achados, muitas vezes faz de 
maneira errônea, criando alguns mitos que a sociedade acaba perpetuando. Um desses 
mitos existe há um bom tempo entre nós: o de que utilizamos apenas 10% da capacidade 
do nosso cérebro. Essa ideia surgiu provavelmente com os estudos de Lahsley sobre a 
 
16 
 
estimulação de partes lesionadas, na década de 1930. Outro grande mito muito difundido 
é que há cérebros que aprendem de forma diferente, como cérebros visuais ou auditivos 
(LOPES et al., 2020). 
Entretanto, algumas descobertas são bem aceitas e parcialmente compreendidas 
pelo senso comum, como é o caso do próprio sistema nervoso e da evolução das 
espécies. A partir desse conhecimento iniciado por Darwin, os cientistas puderam aplicar 
estudos comparativos entre espécies, compreendendo que há famílias comuns entre as 
espécies, que apresentam semelhanças no sistema nervoso. Outra descoberta muito 
importante foi a de como funcionam os neurônios, as células do sistema nervoso. Esse 
conhecimento só foi possível com as melhorias dos aparelhos, principalmente os 
microscópios (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). 
Todos esses experimentos em diferentes áreas formam o que hoje chamamos 
de neurociências. Assim, ao pensarmos em uma definição para a área, podemos atribuir 
também como um campo composto por diversas disciplinas que tentam compreender o 
funcionamento do sistema nervoso em seus diversos níveis: biológico, químico, elétrico, 
sistêmico, cognitivo e comportamental. 
Como vimos, as neurociências podem advir de diversas áreas e produzir 
inúmeros conhecimentos. Assim, podemos ter pesquisas que são mais experimentais, 
teóricas ou aplicadas. As neurociências teóricas se utilizam de tecnologia e cálculos para 
compreender o sistema nervoso, enquanto as pesquisas experimentais incluem 
experimentos de todas as áreas que mencionamos na seção anterior. 
As neurociências aplicadas abordam a prática. A primeira aplicação das 
neurociências aplicadas é a aplicação clínica. Na clínica psicológica, médica Introdução 
à neurociência ou farmacológica, os conhecimentos produzidos pelas neurociências 
teóricas e experimentais enriquecem muito a compreensão de inúmeros transtornos, 
como Parkinson, Alzheimer, ansiedade, depressão, epilepsia, esquizofrenia, entre outros 
(BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). 
Além de lançar luz sobre como doenças e transtornos que acometem o sistema 
nervoso funcionam, elas também indicam caminhos para que as áreas possam descobrir 
formas de avaliação e tratamento. Pense como exemplo um transtorno de depressão. No 
caso de um experimento, é bem provável que neurocientistas da psicologia queiram 
 
17 
 
avaliar as funções cognitivas envolvidas na depressão, produzindo diferentes 
instrumentos. Talvez biólogos estudem as ligações neuronais e os déficits hormonais na 
depressão. Farmacêuticos podem fazer estudos com fármacos diversos. Assim, esses 
conhecimentos serão aplicados na clínica psicológica e psiquiátrica, informando como 
realizar o melhor tratamento para o transtorno depressivo. 
Outras aplicações podem ser vistas, por exemplo, na neuropsicologia, quando 
pessoas sofrem alguma lesão cerebral, como um acidente vascular cerebral (AVC). 
Nesses casos, a neuropsicologia pode avaliar os danos a funções cognitivas e propor 
processos de reabilitação, como no caso de afasias (problemas na compreensão ou na 
expressão da linguagem). Agora que entendemos como funciona na área clínica, vamos 
para a educação. 
Já faz tempo que pesquisadores tentam decifrar como podemos aprender mais 
e melhor. As neurociências trouxeram maior conhecimento de que emoção e aprendizado 
andam juntos. Logo, se para aprender bem é preciso se emocionar e se motivar, a fim de 
que o sistema nervoso consolide o aprendizado, então precisamos repensar a forma 
como ensinamos. 
Quando pensamos em aprendizado, precisamos considerar que ele é promovido 
por meio de outras funções ou pela cognição. A cognição é uma função que se dá pelos 
diferentes processos (memória, atenção, emoção, pensamento, linguagem, entre outros). 
Assim, empregar os conhecimentos das neurociências na educação significa olhar para 
o espaço escolar, as metodologias utilizadas, os conteúdos e as atividades trabalhadas 
em sala, considerando uma ligação emocional entre aprendizes e o ensino. 
Além da emoção, a compreensão de como a memória atua, bem como os 
processos atencionais, permite entender que, a cada faixa etária, são necessárias 
atividades coerentes com o grau de atenção suportado pelo aluno. Deve-se considerar 
também o tempo em que conseguimos prestar atenção e a quantidade de informações 
que conseguimos absorver e guardar na memória. Afinal, passar o conteúdo é 
importante, mas igualmente fundamental é a forma como esse conteúdo é passado 
(COSENZA; GUERRA, 2011). 
Para fixar os conhecimentos aprendidos até aqui, veja a seguir o Quadro 2, que 
sintetiza alguns dos conceitos vistos. 
 
18 
 
Quadro 2 – Síntese de termos empregados 
 
 
Fonte: Adaptado de Bear, Connors e Paradiso (2017) e Kandell et al. (2014). 
Neste capítulo, vimos um histórico de como as neurociências se desenvolveram 
desde a antiguidade, buscando entender como funciona o encéfalo. A partir desse 
reconhecimento histórico, definimos as áreas distintas que atuam nas neurociências, 
 
19 
 
compreendendo de forma ampla como os conhecimentos levantados pelas disciplinas 
podem afetar nosso cotidiano. 
4 A EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA E SEU CONTEXTO HISTÓRICO 
 
 
Fonte: slideserve.com 
Estudar o sistema nervoso pode parecer relativamente fácil, mas não é. O 
entendimento sobre o funcionamento dos mecanismos de regulação desse órgão tem 
sido um dos maiores desafios da humanidade desde a Antiguidade. O termo 
Neurociência surgiu recentemente, em 1970, mas os estudos do cérebro humano são de 
muitos anos atrás, datam desde a filosofia grega, antes de Cristo. Isso se deve ao fato 
de que esse é o órgão mais complexo do corpo humano, constituído por milhares de 
células. 
Os filósofos da Grécia desenvolveram teorias sobre o cérebro através de simples 
observações, já os romanos iniciaram seus estudos dissecando animais. No século XVIII, 
levado pelo Iluminismo, surgiram os estudos mais aprofundados do sistema nervoso. A 
teoria da evolução de Charles Darwin também contribuiu significativamente para o 
entendimento da estrutura e funcionamento cerebrais. Mas foi o surgimento de 
 
20 
 
tecnologias como Raio X e tomografias computadorizadas que otimizaram as pesquisas 
nas áreas e inauguraram efetivamente a Neurociência (PINTO, 2015). 
Atualmente, a cibernética também tem oferecido contribuições para essa 
disciplina, principalmente por meio da neurociência computacional. O seu principal 
objetivo é compreender e imitaro funcionamento do sistema nervoso para o 
desenvolvimento de máquinas que auxiliem o ser humano em diversos campos. Como 
todas as grandes áreas a neurociência teve grandes cientistas que mudaram o rumo da 
humanidade e da medicina com suas descobertas dentre eles os que receberam 
premiação Nobel em fisiologia ou medicina; 
Por mais que a Neurociência seja um campo novo, entretanto, possui influências 
de longas datas históricas; pautada em estudos científicos e não científicos que são 
descritas desde a filosofia grega até os modernos exames de imagens atuais como já 
vimos anteriormente. Perguntas tais como: "onde está a mente?" e "como a mente 
interage com o corpo" deram vazão a muitas pesquisas que constituíram alicerces 
importantes do que hoje se entende por neurociência, entre os quais podem ser 
destacados os seguintes fatos: 
 
Período Neolítico: Trepanações cerebrais para expulsar os demônios do corpo. 
Era utilizado um trépano (uma ferramenta de pedra) para cortar fora uma seção do crânio 
da pessoa, supostamente para fazer sair do corpo os espíritos malignos que causavam 
transtornos (ARAUJO, 2012). 
Grécia: Surgem as perguntas mais sistematizadas sobre onde está a mente e 
como ela interage com o corpo. 
 Demócrito (460 – 370 AC) e Hipócrates sugerem que a mente está no cérebro e 
que os nervos são ocos. Essas intuições filosóficas foram baseadas na instrumentação 
clínica, pois à época, não se dissecava os cadáveres. 
 Hipócrates (460 – 379 AC) acreditava que o cérebro estava envolvido com as 
sensações e que era a sede da inteligência. 
 Aristóteles (384 – 322 AC) propôs que o coração era a sede da inteligência e o 
cérebro, uma espécie de radiador responsável pelo resfriamento do sangue. Pelo 
coração ter alterações durante eventos emocionais, só podia ser nele a origem da mente. 
 
21 
 
Ele tinha essa ideia por observação, pois uma pessoa com uma emoção forte fica com o 
coração acelerado, por exemplo. Disso, ele fez a associação inversa de causa e efeito. 
Essa constatação Aristotélica tem heranças até hoje. Por exemplo, quando falamos que 
decoramos um texto de cor, significa que decoramos o texto de coração, situando a 
memória também no coração e não no cérebro. 
Idade Média: Galeno pela primeira vez refuta o que diz Aristóteles a partir da 
dissecação de animais. Na época, o animal que ele tinha como escolha era o Boi. Galeno 
(130 - 200 DC) aceitou as ideias de Hipócrates - Sugeriu que o cérebro fosse responsável 
pelas sensações e o cerebelo pelo controle dos músculos. Ele associou a imaginação, a 
inteligência e a memória com a substância cerebral, atribuindo ao cérebro o papel 
fundamental de sede de todas as faculdades mentais (ARAUJO, 2012). 
Raios X: Poucos acontecimentos na história da ciência provocaram impacto tão 
forte quanto a descoberta dos raios X, por Wilhelm Konrad Roentgen, professor de física 
na Universidade de Würzburg. Em 22 de dezembro de 1895, Roentgen obteve a primeira 
chapa radiográfica da história: a mão de sua mulher. 
Tomografia: Em 1972, a primeira máquina de tomografia é criada, que é um 
método de imagem que utiliza raios-x para captação de imagens de estruturas 
cranioencefálicas. Em vários congressos, a palavra Neurociência começa a surgir. 
Tomografia Computadorizada por Emissão de Pósitrons Em 1973, o primeiro 
PET, porém, devido ao alto preço, seu uso ficou limitado até 1990. Também conhecida 
pela sigla PET, é um exame imagiológico da medicina nuclear que utiliza radionuclídeos 
que emitem um positrão no momento da sua desintegração, o qual é detectado para 
formar as imagens do exame. A PET é um método de obter imagens que informam acerca 
do estado funcional dos órgãos e não tanto do seu estado morfológico como as técnicas 
da radiologia propriamente dita. A PET pode gerar imagens em 3D ou imagens de "fatia" 
semelhantes à tomografia computorizada (ARAUJO, 2012). 
Década do cérebro: Em 1990, Bush declara que estamos, oficialmente, na 
década do cérebro. A partir daí vários projetos de pesquisa iniciaram-se com o objetivo 
de mapear o cérebro, pois a pesquisa e o interesse em neurociências têm crescido em 
resposta à necessidade de, não somente entender os processos neuropsicobiológicos 
normais, mas também ajudar àqueles que sofrem de distúrbios neurológicos. 
 
22 
 
Projeto Conectoma: Termo criado em 2005, por Olaf Sporns, professor da 
Universidade de Indiana – USA. Trata-se das pesquisas científicas realizadas na tentativa 
de se mapear a rede neural (o conjunto das ligações entre os neurônios) do cérebro. 
A Neurociência busca compreender o funcionamento do sistema nervoso, 
integrando suas diversas funções (movimento, sensação, emoção, pensamento etc.). 
Compreender como o sistema nervoso - e em particular o córtex cerebral – funciona é 
um importante passo para aperfeiçoarmos suas diversas funções, intervindo de forma 
eficaz no processo de aprendizagem (PRIMO, 2013). 
Em 1986, um grupo de pesquisadores liderado pelo americano John White 
concluiu o mapeamento do sistema nervoso de um verme, o C. Elegans. Em 2005, o 
neurocientista alemão Olaf Sporns foi o primeiro a usar o termo Conectoma para se referir 
ao mapa das conexões neurais no cérebro. 
5 AS NEUROCIÊNCIAS E A EDUCAÇÃO 
 
Fonte: revistareacao.com.br 
As funções intelectuais como a memória, linguagem, atenção, emoções, assim 
como ensinar e aprender, são produzidas pela atividade dos neurônios no nosso encéfalo 
(KOLB; WHISHAW, 2002). Ele é o órgão da aprendizagem. O encéfalo humano é 
 
23 
 
composto por aproximadamente 86 bilhões de neurônios, as células nervosas, que 
interagem entre si e com outras células formando redes neurais para que possamos 
aprender o que é significativo e relevante para a vida. Os neurônios são células altamente 
excitáveis que se comunicam entre si ou com outras células por meio de uma linguagem 
eletroquímica. 
O nosso comportamento depende do número de neurônios envolvidos nesta rede 
de comunicação neural e dos seus neurotransmissores, que são substâncias químicas 
que modulam a atividade celular, acentuando ou inibindo a comunicação entre os 
neurônios. A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções 
especializadas: corpo celular, dendritos e axônio (MACHADO, 2013). Observe na figura 
4 o corpo celular que contém o núcleo celular, os prolongamentos chamados dendritos e 
o axônio. 
 
Figura 4 – Desenho esquemático de um neurônio 
 
Fonte: sogab.com.br 
As sinapses, ou seja, as conexões entre as células nervosas que compõe as 
diversas redes neurais vão se tornando mais bem estabelecidas e mais complexas, à 
medida que o aprendiz interage com o meio ambiente interno e externo. Desta forma, 
fato é que crianças, pouco ou não estimuladas durante a infância, podem apresentar 
dificuldade de aprendizagem. Nestes casos, ao encéfalo delas, não foram dadas as 
oportunidades de se desenvolver plenamente, alcançando toda a sua potencialidade. 
 
24 
 
Estas crianças, para alcançarem os objetivos de desenvolvimento e competência, 
precisarão de estímulos bem direcionados e de estratégias alternativas de aprendizagem 
para poderem ter chances de desenvolverem as habilidades não desenvolvidas 
(GUERRA, 2011). 
Além dos neurônios, o sistema nervoso é composto por células da glia, que 
possuem funções importantes e distintas, como suporte, defesa, auxílio na transmissão 
do impulso nervoso, produção de líquor, entre outras. No sistema nervoso central, além 
dos 86 bilhões de neurônios, existem 85 bilhões de células da glia, que são os astrócitos, 
oligodendrócitos, micróglia e células ependimárias (Figura 5). Estas células possuem 
funções variadas e primordiais. 
Resumidamente, os astrócitos captam o excesso de neurotransmissores e dão 
suporte para o estabelecimento dos neurônios em seus devidos lugares durante o 
desenvolvimento. Os oligodendrócitos produzem bainha de mielina, uma substânciaisolante lipoproteica que reveste os axônios, facilitando e acelerando a transmissão do 
impulso nervoso nos neurônios. A micróglia atua como célula de defesa, enquanto as 
células ependimárias produzem o líquor ou líquido encéfalo-espinhal, que reveste todo 
nosso sistema nervoso, funcionando como uma barreira mecânica contra impactos 
(LENT, 2012). 
 
Figura 5 – Neurônios e células da glia 
 
Fonte: portalsaofrancisco.com.br 
 
25 
 
Todas estas células sejam elas neurônios ou células da glia compõem o tecido 
nervoso, que é a base de construção do encéfalo. O encéfalo humano é um órgão único, 
nobre, que juntamente ao cerebelo e tronco encefálico formam o encéfalo. O encéfalo é 
todo o conjunto de estruturas localizadas no interior do crânio. O cérebro é responsável 
pelas emoções, raciocínio, aprendizagem, é a sede das sensações e movimentos 
voluntários. Ele possui áreas responsáveis por funções específicas e globais. 
(MACHADO, 2013). O cérebro humano possui cinco divisões anatômicas, os lobos 
cerebrais. Existem cinco lobos: frontal, parietal, occipital, temporal e insular. 
 
 O lobo frontal é responsável pela tomada de decisão, julgamento, memória 
recente, crítica, raciocínio. 
O lobo parietal está relacionado às sensações e a interpretação das sensações, 
pelo senso de localização do corpo e do meio ambiente. 
O lobo occipital ocupa-se basicamente com a visão, enquanto o temporal, com 
a audição. 
O lobo insular está relacionado a processos emocionais fortemente 
influenciados pelos órgãos dos sentidos. 
Além desta divisão anatômica, podemos notar que a superfície do cérebro do 
homem apresenta depressões denominadas sulcos, que delimitam os giros cerebrais. A 
existência dos sulcos permite considerável aumento de superfície sem grande aumento 
do volume cerebral e sabe-se que cerca de dois terços da área ocupada pelo córtex 
cerebral estão "escondidos" nos sulcos (MACHADO, 2013). Como as neurociências 
podem contribuir para melhorar o processo ensino e aprendizagem? O conhecimento 
sobre funcionamento do encéfalo pode contribuir para beneficiar o processo ensino e 
aprendizagem? 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
As estratégias pedagógicas utilizadas por professores durante o processo 
ensino-aprendizagem são estímulos que produzem a reorganização do sistema nervoso 
em desenvolvimento, resultando em mudanças comportamentais (GUERRA, 2011). 
Neuroplasticidade 
A neuroplasticidade é a capacidade que o encéfalo possui em se reorganizar ou 
readaptar frente a novos estímulos, seja eles positivos ou negativos. As sinapses ou 
conexões entre os neurônios se modificam durante o processo de aprendizagem, quando 
há evocação da memória, quando adquirimos novas habilidades. Ao analisar os 
neurônios após um processo de aprendizagem, pode-se observar várias modificações 
estruturais que ocorreram, tais como o brotamento de espículas dendríticas, brotamento 
axonal colateral e desmascaramento de sinapses silentes. 
A neuroplasticidade possibilita a reorganização da estrutura do encéfalo e 
constitui a fundamentação neurocientífica do processo de aprendizagem. As estratégias 
pedagógicas devem utilizar recursos que sejam multissensoriais, para ativação de 
múltiplas redes neurais que estabelecerão associação entre si. Se as 
informações/experiências forem repetidas, as atividades mais frequentes dos neurônios 
As neurociências descrevem a estrutura e 
funcionamento do sistema nervoso, enquanto 
a educação cria condições que promovem o 
desenvolvimento de competências. Os 
professores atuam como agentes nas 
mudanças cerebrais que levam à 
aprendizagem (COCH E ANSARI, 2009, p. 6). 
 
 
27 
 
relacionados a elas, resultará em neuroplasticidade e produzirá sinapses mais 
consolidadas. (CRUZ, 2017). 
Aprender, entretanto, não depende só dos neurônios em suas redes neurais, das 
células da glia e do cérebro com seus lobos, mas, também, do estado de saúde em que 
a pessoa se encontra. Existem cinco fatores que contribuem para um encéfalo saudável: 
 
Fonte: Adaptado de Cruz (2017) 
5.1 Neuroeducação 
A Neuroeducação é como se fosse uma disciplina que promove integração entre 
as ciências da educação e a neurologia. Nessa área, o intuito é aprimorar os métodos de 
ensino em diferentes programas educativos, como ensino básico, ensino médio e escolas 
técnicas se propondo a compreender o processo de aprendizagem, analisando o 
indivíduo em um contexto amplo onde se avalia a eficácia das metodologias e meios de 
ensino no processo de aprendizagem, o contexto psicológico e comportamental do aluno 
e os efeitos que todo o processo tem no funcionamento do sistema nervoso. Agora você 
verá como a neurociência pode ajudar a escola e o professor a tornar o aprendizado mais 
eficiente e mais interessante para o aluno. 
A prática regular de 
exercícios físicos que 
sejam prazerosos a quem 
os realiza. Estes exercícios 
podem ser caminhadas, 
dança, natação, 
musculação, etc...; 
Alimentação balanceada, 
incluindo proteínas, 
carboidratos, gorduras, 
sais minerais e 
vitaminas; 
Sono tranquilo, regular e 
satisfatório; 
Bom humor e otimismo 
ao se viver
Manter a mente em 
funcionamento, 
aprendendo algo novo a 
cada dia. 
 
28 
 
Estímulos Multissensoriais: as pesquisas mostram que o aprendizado será 
mais eficaz e a recordação da informação mais fácil se mais sentidos forem estimulados. 
Recompensas e motivação: a necessidade de uma recompensa imediata é 
característica das gerações atuais. 
Recompensas externas: podem ser preocupantes no ambiente escolar, mas a 
criatividade do professor pode encontrar formas de recompensar o aluno em sala de aula 
de forma a motivá-lo nas atividades e conquistar sua atenção. Algo como dedicar um 
intervalo da aula para piadas, canções, jingles, se a atenção e participação de todos 
foram adequadas no momento combinado. (HENNEMANN, 2013). 
Memória: sem repetição a memorização não acontece, a rememoração falha, 
perde-se a informação, o tempo e a motivação. A quantidade de repetição vai depender 
da emoção envolvida na passagem da informação. Quanto mais emoção maior a chance 
de a informação ficar gravada na memória dos seus alunos. 
Conhecimento prévio: dificilmente vai haver aprendizagem se a informação 
nova não está contextualizada e conectada a conhecimentos que já existem no cérebro 
da criança. 
Do concreto para o abstrato: o lobo frontal, sede do nosso pensamento 
abstrato, demora mais a se desenvolver, como vimos aqui isso se estende até a segunda 
década de vida. Dessa forma, use de exemplos concretos para atingir ideações abstratas. 
Práticas: quando uma informação é colocada em prática ela se torna patente em 
nosso cérebro. Mas certifique-se de que na prática a criança realmente entendeu, ela 
deve ser capaz de falar e escrever sobre um conceito que praticou. 
Histórias: elas ativam muitas áreas cerebrais, mexem conosco, com nossas 
emoções, memórias e ideias. Elas têm início, meio e fim, o que também estimula o 
desenvolvimento de habilidades de sequenciação e organização (córtex pré-frontal). 
Computadores e outras tecnologias: muitos sentidos são estimulados quando 
os estudantes trabalham em grupos fazendo pesquisas no computador. O trabalho é 
bastante visual, auditivo e cinestésico, além de estimular habilidades sociais. 
O cérebro procura por padrões: a informação é guardada em nosso cérebro 
através de padrões de reconhecimento. Daniel Pink (2005) ressalta que a era atual requer 
uma forma de pensar que inclua a capacidade de detectar padrões e criar algo novo. É 
 
29 
 
fundamental que o Educador apresente a nova informação, auxilie o aluno a identificar o 
padrão, associar esse padrão a padrões já armazenados por ele em seu cérebro e aí seja 
capaz de criar novos padrões. Dois métodos principais funcionam muito bem para isso, 
um é o uso de organizadores gráficos como mapas mentais e diagramas de Venn, outroé através da organização da informação em blocos lógicos e contextualizados. 
O estresse inibe a aprendizagem: numerosas evidências apontam para isso, 
sobretudo os efeitos do cortisol (hormônio do estresse) provocando a morte de neurônios 
no hipocampo (área da memória de longo prazo). Nesse sentido ofereça um ambiente de 
ensino seguro, confortável e acolhedor. Estabeleça rotinas, regras, objetivos e 
procedimentos padrão. Os rituais de sala de aula podem contribuir para reduzir o 
estresse. (Pink, 2005) 
O cérebro é um órgão social: a interação e desenvolvimento de habilidades 
sociais são fundamentais no processo de aprendizagem. Nossas crianças da era digital 
encontram-se talvez mais aptas a se relacionar através de um teclado do que com a fala, 
o olhar e o toque. É importante para elas desenvolver a linguagem não verbal, reconhecer 
sentimentos através da face e dos gestos, interagir com diferentes grupos sociais, 
aprender a escutar, expressar suas emoções e ser empática. 
Arte e atividade física melhoram o desempenho intelectual: explore essas 
atividades o mais que puder. 
Contrabalance tecnologia e criatividade, utilize música e muito, muito visual! 
5.2 A importância e os benefícios da “Neuroeducação” 
A partir da segunda metade do século XX, surgem os primeiros estudos sobre as 
funções neuronais relacionadas ao processo de aprendizagem. E graças aos avanços 
em tecnologia e apoio à pesquisa em neurociência cognitiva, pesquisadores afins 
descobriram como as conexões neurais permitem que o aprendizado ocorra, bem como 
o conceito de flexibilidade cerebral que existe nesse processo. 
Como resultado do desenvolvimento da neurociência e do estudo específico 
dessas ideias sobre educação, esses estudos foram denominados como 
“Neuroeducação”. Segundo Silva, Santana Filha e Fonseca (2018) a neuroeducação 
 
30 
 
provê processos de ensino e aprendizagem como suporte para que os educadores 
compreendam o comportamento do aluno diante de situações didáticas. Eles também 
tendem a fazer suas pesquisas no campo da educação mais especificamente nas 
escolas, pois as escolas são espaços privilegiados para atividades de ensino e 
aprendizagem. 
 A pesquisa sobre aprendizagem e transferência identificou princípios para 
estruturar experiências de aprendizagem que permitem que as pessoas apliquem o que 
aprenderam em novos ambientes. Para Bransford (2007), o estudo da psicologia social, 
cognitiva e antropologia revela que toda aprendizagem ocorre em situações que 
apresentam normas e expectativas culturais e sociais específicas. 
Compreendendo como tais processos evoluem e se interrelacionam 
sistemicamente no cérebro, estaremos certamente mais próximos do que são 
efetivamente as funções cognitivas da aprendizagem, podendo, por esse meio, 
identificar os obstáculos que a bloqueiam ou prevenir disfunções ou dificuldades 
(ou descapacidades) que a impedem de florescer. (FONSECA, 2009, p 62). 
De acordo com Bransford (2007), a visão atual referente à aprendizagem é que 
o novo conhecimento e compreensão são baseados no que as pessoas acreditam. Para 
o referido autor, se os pensamentos e crenças iniciais dos alunos são ignorados, eles 
podem desenvolver entendimentos diferentes das intenções do professor. Nesse sentido, 
é importante que os alunos assumam o controle de sua própria aprendizagem enquanto 
aprendem a reconhecer quando entendem e quando precisam de mais informações. Com 
esses princípios, a educação pode se beneficiar de novos conhecimentos em 
neurociência, melhorando significativamente a capacidade das pessoas de se tornarem 
aprendizes ativos comprometidos em compreender e se preparar para aplicar o que 
aprenderam para resolver novas situações complexas ou novos problemas. 
Vale salientar que a neuroeducação pode aumentar o conhecimento sobre a 
função cerebral e facilitar a criação de diversas estratégias educacionais que promovam 
a aprendizagem do aluno. Essa ciência traz novas contribuições baseadas na 
neurociência para a promoção de inovações nas práticas de ensino voltadas para a 
melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras e o sucesso das crianças nas 
escolas. (MARQUES, 2016). 
 
31 
 
Os próximos passos da neuroeducação são promissores e podem ajudar a 
reverter a crise educacional no Brasil, mas para que haja essa aproximação entre 
neurociência e educação, é necessário que os professores compreendam e dominem os 
conhecimentos atuais sobre qual é a estrutura do cérebro que mediam o aprendizado, 
bem como as células, redes neurais e neuroplasticidade (CRESPI, 2017). 
Como se sabe o cérebro é o único órgão que aprende ensinando, assim, quanto 
mais interações houver, maior será a rede de neurônios que contribuem para o processo 
de aprendizagem. A aprendizagem é uma mudança comportamental que envolve o 
desenvolvimento da função cerebral. A aprendizagem modifica o comportamento 
complexo que constrói relações entre pensamentos, emoções, vias neurais e 
neurotransmissores. O comportamento de aprendizagem, envolve a complexidade do ser 
humano em seu relacionamento consigo mesmo e com o ambiente. (TOKUHAMA-
ESPINOSA, 2008). 
Para concretizar a aprendizagem dos alunos, as práticas utilizadas pelos 
professores exercem um papel fundamental, pois aprender é proporcionar novos 
conhecimentos a partir daqueles já existentes. Assim o conhecimento é 
gerado/construído quando um sujeito organiza as informações que recebe e as direciona, 
consegue transferir o conhecimento adquirido de uma situação para outra. Esses 
pressupostos que ajudam a organizar o processo de ensino e aprendizagem. 
Segundo Rodrigues (2014), a neurociência não apresenta uma receita pronta 
para estimular a aprendizagem, ela direciona um caminho para que os educadores 
interessados no grande desafio de entregar um currículo que promova a função 
neurológica dos alunos promovendo novas habilidades. Os professores devem ter uma 
compreensão básica de neurofisiologia e neurociência para entender como o cérebro 
aprende para que possam aplicar o conhecimento da neurociência sobre o aprendizado 
na sala de aula. Como você pode ver, a neurociência ajuda a entender melhor os alunos 
e saber escolher uma estratégia de ensino que promova o aprendizado para todos da 
turma. Assim, Grossi e Borja (2016) explicam que é possível utilizar o mesmo programa 
com todos os alunos, praticar utilizando métodos que abordam cada aluno de forma 
diferente, garantindo a aprendizagem apesar das suas limitações. 
 
32 
 
Quando o educador tem conhecimento o sistema nervoso, ele se apropria de 
sugestões diferenciadas para implementações de propostas pedagógicas. Entretanto, de 
acordo com Rolim; Sousa (2016), a aquisição desse conhecimento não significa 
necessariamente solucionar por completo todas as dificuldades ou transtornos de 
aprendizagem ou uma mudança brusca na experiência intelectual do aluno, mas 
corresponde a uma motivação totalmente estimulada para liberar o potencial do indivíduo. 
Os professores com esse conhecimento podem obter uma maior compreensão dos 
processos neurobiológicos que mediam a aprendizagem, além de reconhecer que esse 
processo é influenciado por diversos aspectos internos e externos que os alunos devem 
considerar em sala de aula. 
Os estudos neurocientíficos contribuem para a formação dos profissionais da 
Educação visto que o conhecimento sobre o funcionamento do cérebro tende a 
ser um auxílio na prática educativa. É importante entendermos como nosso 
cérebro aprende e quais as dificuldades no desenvolvimento de habilidades e de 
potencialidades por meio de novas técnicas de ensino e de aprendizagem, assim 
os educadores precisam entender como ocorre a aquisição de conhecimento, 
para ser eficiente o processo de ensino e de aprendizagem. (NICOLA E NEVES, 
2016, p.1). 
 
6 O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM E A NEUROCIÊNCIA 
 
Fonte: fundacaotelefonica.org.br 
 
33 
 
Oespaço escolar é um ambiente repleto de interação social e um dos lugares 
mais propícios para se aprender. Quando se discute o conceito de aprendizagem 
baseado na neurociência é correto afirmar de acordo com Rotta; Ohlweiler; Riesgo 
(2016), que a aprendizagem é um evento sináptico, durante o qual ocorrem mudanças 
moleculares. Na aprendizagem, há uma fase de aquisição e uma fase de consolidação. 
De um modo geral, a aprendizagem envolve mudanças nas conexões entre os neurônios, 
ou seja, é o processo pelo qual o cérebro responde a estímulos externos, fortalecendo 
algumas sinapses e enfraquecendo outras (BROCKINGTON, 2011). Nesse sentido, 
Bortoli e Teruya (2017) afirmam que: 
 
[...] a aprendizagem, do ponto de vista biológico, traduz-se como o processo pelo 
qual se possibilita a formação e a consolidação das ligações entre as células, ou 
seja, é resultado de uma experiência sensitiva que provocou alterações químicas 
e estruturais no sistema nervoso. [...] (BORTOLI E TERUYA, 2017, p. 74). 
Por isso a importância do papel do professor como mediador e orientador das 
atividades, pois viabiliza o desejo de aprender com o grupo; quando ele motiva e observa 
continuamente as respostas dos alunos, orientando quando necessário; aponta os 
aspectos não observados pelo grupo que são importantes para articular o conhecimento 
deles, podemos dizer houve uma aprendizagem efetiva. 
De acordo com pesquisas em neurociência Sousa; Alves (2017), aprendizado e 
memória são estágios distintos do mesmo mecanismo contínuo e progressivo. Sem 
memória, o aprendizado é impossível, e sem aprendizado, não há memória. 
Aprendizagem, memória e emoção são exemplos de interconectividade quando ativados 
por processos de aquisição de conhecimento. O desafio na educação não é apenas saber 
ensinar ou avaliar, mas também apresentar o conhecimento de uma forma que seja mais 
fácil para o cérebro aprender. 
Para Oliveira (2014), a mediação da aprendizagem através de novas propostas 
pode melhorar qualidade de vida das pessoas. A escola precisa oferecer não apenas 
formação pessoal, mas também formação social, política e cultural. Para atingir esses 
objetivos, os alunos devem adquirir e assimilar novos conhecimentos. Neste processo de 
ensino e aprendizagem, os professores desempenham uma importante função de 
 
34 
 
mediadores, sendo eles o elo entre o conhecimento e o aluno, devendo criar as melhores 
condições e meios para a aprendizagem. 
Precisamos aprender a facilitar o processo de aprendizagem. Em vez de 
simplesmente acumularmos novas teorias e mais informações, que estarão 
ultrapassadas em alguns anos, devemos nos concentrar em aprender como 
aprender (MARKOVA, 2000, p. 17). 
Portanto, o aprendizado e a conquista de novas informações estão intimamente 
ligados ao sistema nervoso do indivíduo, envolvendo a recepção, transmissão, análise, 
organização e desencadeamento de respostas a tudo o que acontece dentro e fora do 
corpo, sendo considerado uma complexa rede que controla que coordena todos os 
sistemas de um organismo, após receber estímulos do ambiente, são capazes de 
interpretá-los e desencadear respostas apropriadas a eles. (CONSTANZO, 2007). 
Comparado a outras espécies, o sistema nervoso humano, especialmente o 
cérebro, é único em sua evolução. Nenhum grau de desenvolvimento foi encontrado em 
outras espécies. A evolução pode ser encontrada em seu volume, massa, espessura do 
córtex cerebral e número de vias neurais. Além disso, o ser humano é um dos poucos 
animais conhecidos como girencéfalos (apenas alguns mamíferos e aves possuem essa 
característica): apresenta-se dobrado na forma de giros, o que aumentam sua área total. 
Todos esses fatores levam a habilidades muito superiores a qualquer outra espécie. 
(DeFELIPE, 2011). 
Do ponto de vista da aprendizagem, a aquisição de conteúdos teóricos está 
relacionada principalmente à estrutura cerebral, mais especificamente à estrutura do 
sistema límbico temporomedial, como hipocampo, amígdala e córtex entorrinal. (Dalgara 
Rondo, 2008). Curiosamente, o hipocampo é a região do sistema nervoso onde os 
neurônios são capazes de se dividirem, ao contrário das suposições anteriores de que 
esse tipo de célula não pode se dividir. Talvez tenha algo a ver com a obtenção de novas 
informações. Portanto, como ressaltam Guerra, Pereira e Lopes (2004), essa 
compreensão é necessária em sala de aula: 
Do ponto de vista da aprendizagem, a aquisição de conteúdos teóricos está 
relacionada, sobretudo com estruturas do cérebro, mais especificamente estruturas do 
sistema límbico temporomedial, como o hipocampo, a amígdala e o córtex entorrinal. 
 
35 
 
(DALGALARRONDO, 2008). Curiosamente, o hipocampo é uma região do sistema 
nervoso onde neurônios são capazes de se dividir, contrariando a suposição prévia de 
que esse tipo celular era incapaz disto. Talvez isto esteja relacionado à aquisição de 
novas informações. Portanto é essa compreensão que se faz necessária na sala de aula, 
como ressaltado por Guerra, Pereira e Lopes (2004): 
As estratégias pedagógicas utilizadas pelo educador no processo de ensino e 
aprendizagem são estímulos que reorganizam o sistema nervoso em 
desenvolvimento, produzindo aquisição de comportamentos, objetivo da 
educação. (GUERRA, PEREIRA e LOPES, 2004, p. 41). 
Em suma, compreender as potencialidades e os limites do sistema nervoso torna 
o processo de aprendizagem mais tranquilo, eficaz e prazeroso. Logicamente, preencher 
a lacuna entre a neurociência e a educação é a solução para uma aprendizagem mais 
significativa. A pesquisa em neurociência na educação recentemente aumentou 
significativamente e avançou em todas as áreas do processo educacional. Rato e Caldas 
(2010) relacionam esses estudos com a importância de algumas dessas pesquisas sobre 
percepção, atenção e memória, considerando a valorização do comportamento 
instrucional e da educação, e o objetivo da aprendizagem significativa para os alunos. 
Goswami (2004), aponta que a pesquisa em aprendizagem vincula inevitavelmente a 
educação à neurociência. 
De acordo com Ausubel (1968), existem três tipos de aprendizagem: 
aprendizagem cognitiva, aprendizagem eficaz e aprendizagem psicomotora: 
 A aprendizagem cognitiva é uma aprendizagem em que a informação é 
organizada na mente do aprendiz, segundo os mesmos autores, trata-se de um complexo 
organizado conhecido como estrutura cognitiva. 
A aprendizagem efetiva é resultado de sinais internos do indivíduo, que podem 
ser identificados por meio de experiências como prazer e dor, satisfação ou insatisfação, 
alegria ou ansiedade. Algumas experiências válidas são sempre acompanhadas de 
experiências cognitivas. 
A aprendizagem psicomotora é simultânea a aprendizagem cognitiva. E a 
aprendizagem psicomotora se aplica a respostas musculares adquiridas por meio de 
treinamento e prática, contudo, algumas aprendizagens cognitivas são muitas vezes 
 
36 
 
importantes para a aquisição de habilidades psicomotoras, como, por exemplo, aprender 
a tocar piano (AUSUBEL, 1968). 
Nesse contexto, a aprendizagem significativa é entendida como o processo pelo 
qual novas informações são associadas a aspectos específicos relevantes da estrutura 
de conhecimento de um indivíduo. Em outras palavras, como apontado por Ausubel 
(1968), esse processo envolve a interação de novas informações com estruturas de 
conhecimento específicas que existem dentro da estrutura cognitiva do indivíduo. A 
aprendizagem significativa ocorre quando novas informações são ancoradas em 
conceitos ou proposições relevantes que são pré-existentes na estrutura cognitiva do 
aprendiz. 
7 A APRENDIZAGEM COM O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA 
 
Fonte: appai.org.br 
A aprendizagem é um processo e depende fundamentalmente de experiência, o 
nosso cérebro aprende por tentativa e erro, ele vai se esculpindo a si próprio conforme 
ele é usado (HERCULANO-HOUZEL, 2009). Aprendemos namedida em que 
 
37 
 
experimentamos e fazemos novas associações. Dessa forma existe uma demanda muito 
grande pela aplicação prática do conhecimento: como podemos aprender melhor? 
Os fatores que mais influenciam no aprendizado elencados pela Neurociência 
são: EXPERIÊNCIA (ter muitas vivências, explorar diversos materiais, locais, interagir 
com diversas pessoas de diferentes contextos), PRÁTICA (métodos adequados, lembrar 
que não existe um método para tudo cada indivíduo possui as suas sincrasias, diante de 
suas facilidades ou dificuldades particulares, cada um vai precisar de um método), 
dedicar a ATENÇÃO (para aquilo que se está fazendo, não há como fazer duas coisas 
ao mesmo tempo, pois nosso foco fica alternando entre uma coisa e outra) e o principal 
é a MOTIVAÇÃO (se o indivíduo não tiver interesse, poderá até praticar, mas o resultado 
não será tão eficiente). 
Com as novas descobertas da neurociência, percebe-se que com todo o histórico 
da educação de jovens e adultos, não poderia deixar de destacar as lacunas encontradas 
na vida escolar desses alunos. Segundo o autor Chalita (2001), A escravidão não subjuga 
o corpo, mas a mente. 
A verdadeira escravidão existe quando o escravo nem desconfia de sua condição 
de escravo. Ela é sutil e discreta. Na sociedade moderna, pretensamente democrática, a 
escravidão apresenta-se de outras formas. Aquele que é disléxico, hiperativo; que 
apresenta qualquer disfunção neurológica passam sem ser notados. Isso muito contribui 
para o Aluno de Educação de Jovens e Adultos, ter uma autoestima baixa. Como diz 
Relvas (2009): “Temos duas memórias, uma que se emociona, sente, comove outra que 
compreende, analisa, pondera, reflete...” Trata-se de emoção e razão. A escola é um 
local, dentre outros (trabalho, família,) onde professores e alunos exercem a sua 
cidadania, ou seja, comportam-se em relação a seus direitos e deveres de alguma 
maneira. 
Portanto o desenvolvimento da cidadania, a formação da consciência do eu, tem 
na escola um local adequado para sua realização através de um ensino ativo e 
participativo, capaz de superar os impasses e insatisfações vividas de modo geral pela 
escola na atualidade, calcado em modos tradicionais. 
É preciso usar o conhecimento que o professor já dispõe sobre o trabalho escolar 
com a informação baseada no livro que atesta a importância que as informações das 
 
38 
 
neurociências trazem a educação. Vivemos em uma sociedade em que o conteúdo está 
em baixa, temos muitas informações, mas pouco conteúdo, sutilmente estamos sempre 
defasados ao que acontece no mundo, as informações são muitas, pouco se apreende. 
É a neurociência que seria este norteador para nos mostrar as possíveis falhas do 
sistema Educacional. 
O princípio básico desse profissional é a compreensão das respostas cerebrais 
aos estímulos externos e assim, o desenvolvimento das potencialidades. Em geral, o 
neurocientista é responsável por investigar a integração do indivíduo com o meio 
ambiente, detectando os processos físicos e químicos, que desencadeiam respostas 
musculares e glandulares. 
Dentre as mais diversas formas de investigação, um dos principais objetivos do 
neurocientista é interpretar as mais variadas mudanças que possam ocorrer no 
comportamento fixo ou variante e, através da análise, contribuir para modificar esse 
comportamento. Essa mudança chama-se: aprendizado. Ela ocorre no sistema nervoso 
e pode ser chamada de plasticidade cerebral como já vimos anteriormente. (MIETTO, 
2009) 
Fundamentalmente a neurociência possibilita um aprofundamento do estudo dos 
processos da percepção, da consciência e da cognição. Em sua máxima, consciência é 
o atributo pelo qual o indivíduo se integra ao mundo. É a percepção dos fenômenos 
internos, afetivos, volitivos, intelectuais e das realizações externas. Nas últimas décadas 
a neurociência tem se tornado uma ciência amplamente pesquisada e bastante 
reconhecida, contribuindo de maneira significativa para o desenvolvimento de soluções 
de diversas doenças e transtornos, sobretudo educacionais (ARANTES, 2003). 
O profissional em Neuropedagogia tem como princípio compreender as 
respostas cerebrais que surgem através dos estímulos externos. É responsável pela 
investigação e integração deste indivíduo com o meio onde ele está inserido, observando 
seu processo físico e químico e as respostas que emanam deste sujeito. O Neurocientista 
deve interpretar as mais variadas mudanças que ocorre em todo processo em volta do 
indivíduo desde seu comportamento fixo há suas variantes. 
Em suma o neuropedagogo através de seu olhar visa observar: 
 
39 
 
 
Na visão de Jean Piaget a aprendizagem ocorre de maneira construtiva, 
iniciando-se desde os primeiros momentos da vida no curso das interações do ser 
humano com o meio. As sensações e percepções contribuem para os primeiros “passos” 
até se alcançar a autonomia. O desenvolvimento da inteligência relaciona-se à adaptação 
ao meio. A aprendizagem acontece a partir da construção de estruturas de inteligências, 
as quais possibilitam ao indivíduo conseguir uma adaptação ao mundo real em um 
processo cada vez mais intenso (PIAGET, 1994). 
No entendimento de Corrêa (2017), a concepção de aprendizagem de Piaget 
está associada à capacidade do ser humano conhecer os objetos, agir sobre eles e 
transformá-los, atribuindo-lhes significados. “O ser humano conhece, compreende, 
inventa, cria, constrói e reconstrói” (CORRÊA, 2017, p.381). Um modo de exemplificar 
como o sujeito faz uma abstração do objeto fica evidente quando uma criança caracteriza 
um lápis menor que outro, a qualidade “menor que” não está no lápis, mas foi atribuída 
pelo sujeito. Saber que o ser humano age sobre os objetos criando significados foi um 
passo importante no entendimento acerca da aprendizagem, porém, não explica como o 
cérebro funciona nesse processo, qual a relação entre estímulos e alterações de ordem 
biológicas com reflexos no emocional e cognitivo, questões a serem investigadas para se 
conhecer tais aspectos do ato de aprender. 
Outro expoente do construtivismo foi Vygotsky, o qual elaborou a teoria 
socioconstrutivista da aprendizagem. Ele, como Piaget, reconheceu a formação de 
estruturas mentais. Na sua concepção o ser humano aprende por mediação, convivência 
e partilha até que diversas estruturas sejam internalizadas. Estabeleceu o conceito de 
Processo interno: 
- A Cognição;
- A Decisão;
- O Fazer;
- O Aprender;
Processo externo: 
- A adaptação;
- A forma de adequação ao novo ambiente
- Habilidades de adaptação;
- Alterações no processo de interação
 
40 
 
zona de desenvolvimento proximal (ZDP), como o espaço-momento em que o papel do 
outro é crucial na condução da aprendizagem (VYGOTSKY, 2009). 
A ZDP concebida por Vygotsky é, portanto, a distância entre o desenvolvimento 
real de uma criança e o que ela ainda possui de potencial para aprender. Essa 
“potencialidade” não é maximizada sem a ajuda de um mediador. A ênfase no aspecto 
social da aprendizagem é notória, mas não se verifica um aprofundamento acerca de 
como o sistema nervoso (SN) funciona durante o processo de mediação. 
Enquanto Piaget considerava que o desenvolvimento das estruturas intelectuais 
vem antes do aprendizado, para Vygotsky o aprendizado vem primeiro, porque este não 
se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas. O correto, na visão de 
Vygotsky, seria ensinar antecipadamente aquilo que a criança ainda não sabe e nem é 
capaz de aprender (VYGOTSKY, 2009). 
A visão sociointeracionista deixou grandes contribuições para o entendimento do 
processo de aprendizagem, mas há questões sem resposta que encontram na 
Neurociência um horizonte ainda não explorado. Por exemplo, Piaget reconheceu o 
fortalecimento da solidariedade dos adolescentes na escola a tal ponto de levá-los a 
refletir sem insensatez em determinadas situações (PIAGET, 1994).Porém, as causas 
associadas ao sistema nervoso desse tipo de comportamento e as relações com o 
processo de aprendizagem não foram investigadas. Vygotsky considerou a relevância da 
linguagem na formação do pensamento generalizante, sem, contudo, haver explicações 
de como o (SNC) funciona em termos de estímulo na aprendizagem da língua, e quais 
as reações biológicas no contato com diferentes formas de aprender as palavras, dentre 
outras situações a serem respondidas. 
Em Neurociência, quando se fala em aprendizagem refere-se a processos 
neurais, redes que se estabelecem e neurônios que estabelecem novas sinapses. A 
aprendizagem é um processo complexo pelo qual o encéfalo reage aos estímulos do 
ambiente, ativa sinapses, tornando-as mais intensas (BEAR, CONNORS & PARADISO, 
2017; KANDEL et al, 2014; LENT, 2010). 
A cada estímulo novo, a cada repetição de um comportamento que se deseja 
consolidar, circuitos são acionados e processam as informações que deverão ser, então, 
consolidadas. O SNC é ativo no processo de aprender. Suas regiões, lobos, sulcos, 
 
41 
 
reentrâncias desempenham funções e real importância em um trabalho conjunto, onde 
cada um interage com o outro. Assim através da Neurociência poderemos entender como 
as redes neurais são estabelecidas no momento da aprendizagem e como os estímulos 
chegam e saem do SNC, como as memórias se consolidam e como obtemos acesso às 
informações armazenadas no momento em que precisamos lembrar um evento. 
A esse respeito as reflexões de Salla (2014) comungam das explicações de 
Kandel et al (2014), esclarecendo que o SNC sofre modificações em contato com o meio 
durante toda a vida humana. As experiências vivenciadas no ambiente interferem no SNC 
e causam alterações anatômicas no cérebro. A quantidade de neurônios e as conexões 
entre eles (sinapses) são modificadas com as novas experiências. Essa descoberta 
fortalece a possibilidade de interlocução Neurociência e Educação, pois o próprio 
Vygotsky afirmou que a interação social possibilita ao ser humano desenvolver funções 
psicológicas superiores com o tempo. 
Entende-se, assim, a possibilidade dos aspectos biológicos, a exemplo da 
anatomia do cérebro, sofrerem alterações com a participação do ser humano no meio 
social. Essa descoberta representa uma das primeiras explicações de caráter 
neurocientífico para importância da zona de desenvolvimento proximal (ZDP) no alcance 
das potencialidades necessárias às novas aprendizagens, devido sua ligação com a 
interação social. Porém, os benefícios dessa interatividade não dependem apenas dos 
aspectos da sociabilidade em si, pois surtem efeitos na estrutura do SNC, restando 
ampliar pesquisas para entender melhor esse processo. 
No âmbito da Neurociência já se descobriu que ambientes ricos contribuem para 
ampliar as sinapses. Nesse aspecto particular é possível recorrer à Pedagogia para 
explorar sobre quais estratégias de ensino podem mais adequadamente estimular o 
aprendizado do estudante (SALLA, 2014). Como afirmava Piaget (1994), não basta ter 
apenas um meio provocativo e motivador, mas o organismo dos indivíduos precisa estar 
apto, ser capaz de se sensibilizar com os estímulos oferecidos e reagir a eles. Por isso, 
a aprendizagem não é igual para todos, difere com os níveis de desenvolvimento de cada 
um. A construção de determinados conhecimentos também depende certos domínios. 
O fato de a aprendizagem não ser igual para todos representa um desafio ainda 
para compreendê-la no âmbito da interlocução Neurociência e Educação, porque essa 
 
42 
 
“desigualdade” não se limita apenas à interação entre ser humano e contexto ambiental, 
mas abrange também, a estrutura do SNC, as disfunções e necessidades especiais de 
cada indivíduo. 
Nesse sentido, os estudos de Kandel et al (2014) incrementam novos elementos 
de análise, esclarecem que a informação visual também contribui na comunicação infantil 
para aprendizagem da língua, porque influencia a percepção da fala na vida diária. Sendo 
assim, as categorias da fala são afetadas tanto auditiva, quando visualmente. Portanto, 
a percepção humana é controlada pela imagem e pelo som, no processo de 
aprendizagem da linguagem “(...) as crianças precisam descobrir como os sons são 
agrupados em sua língua para diferenciá-los de maneira significativa” (KANDEL et al, 
2014, p. 1.180). 
 No caso das crianças pequenas elas memorizam associando imagens uma à 
outra. Com o desenvolvimento, a criança passa a memorizar e aprender pela influência 
também da linguagem, estabelecendo uma relação conceitual. A memória deixa de ser 
apoiada mais especificamente nos sentidos para ser mais ancorada na própria prática 
cultural da linguagem (SALLA, 2014). As “pistas” visuais são de grande relevância no 
processo de aprendizagem, porque desde as primeiras descobertas da linguagem a 
criança que possui visão sem deficiência a utiliza para compreender a fala, como 
evidencia Kandel et al (2014): 
Estudos adicionais indicam que uma informação visual de outro tipo, o 
rosto falante, não só é muito útil para a comunicação, mas também influencia a 
percepção da fala na vida diária. Todos já devem ter experimentado os benefícios 
da leitura labial em festas barulhentas. Observar os movimentos da boca auxilia 
a compreender a fala em ambiente ruidoso. A demonstração em laboratório mais 
convincente de que a visão desempenha um papel na percepção da fala na vida 
diária é a ilusão que resulta quando são enviadas informações visuais 
discrepantes em relação à fala ouvida. Quando os sujeitos escutam o som /ba/ 
enquanto observam uma pessoa pronunciar “ga”, eles relatam ouvir uma 
articulação intermediária /da/. Tais demonstrações apoiam a ideia de que as 
categorias da fala sejam definidas tanto auditiva quanto visualmente e de que a 
percepção seja controlada tanto pela imagem quanto pelo som. (KANDEL et al, 
2014, p. 1.184). 
As colocações evidenciadas na citação anteriormente exposta, permitem cogitar 
que os elementos visuais auxiliam o ser humano a aprender a linguagem. Essa 
constatação fortalece o argumento de que mesmo em anos posteriores do 
 
43 
 
desenvolvimento, o ser humano se beneficia dos meios visuais para aprender. Um 
exemplo é o ensino da geometria, pois as figuras geométricas encontram-se 
representadas no cotidiano, e ao serem visualizadas favorecem a memorização das 
relações (fórmulas) e as utilidades dos cálculos. 
Portanto, a memorização é tomada como um fenômeno que desde os primeiros 
anos de aprendizagem auxilia os bebês a desenvolver a linguagem. Tal fato cognitivo 
ocorre por meio de pistas prosódicas na fala, como tom, duração e mudanças de 
sonoridade das palavras. O desenvolvimento desses processos depende da ativação de 
circuitos ou redes neurais, que ocorre por associações. Uma rede é ativada por outra e 
assim sucessivamente. 
Quanto mais frequente essa associação acontece, maior é a probabilidade de se 
tornar estáveis e fortes as conexões sinápticas estabelecidas, favorecendo a 
recuperação da memória. A repetição da informação e a associação do novo dado aos 
conhecimentos já adquiridos favorece a aprendizagem, que se torna consolidada quando 
o aprendiz consegue criar ativamente vínculos e relações do conteúdo com o que já está 
armazenado no seu “arquivo”, na forma de conhecimentos (KANDEL et al, 2014). 
Por esta razão, Oliveira (2015) pontua a necessidade de o professor 
compreender a relevância do diálogo com os alunos para saber o que eles trazem de 
conteúdo, conceitos, entendimentos, e a partir desse repertório cognitivo associar novas 
informações, e se possível utilizar o método da repetição para favorecer a memorização. 
A oportunidade de escutar é fundamental para a aprendizagem. Um dos argumentos a 
favor dessa afirmativa ancora-se no fato das crianças aprenderem a língua escutando, 
como ressaltam Kandel et al (2014): 
Na realidade, as crianças aprendem alíngua por meio de uma análise 
detalhada e sofisticada da linguagem que escutam, uma análise capaz de revelar 
padrões de variação da língua natural. O aprendizado desses padrões, por sua 
vez, altera a percepção para favorecer a língua nativa (...). (KANDEL et al, 2014, 
p. 1.184). 
Essa tarefa não é tão simples porque o sistema auditivo precisa rastrear as 
mudanças rápidas ocorridas nos ritmos e frequências da fala. É mais fácil realizar as 
distinções na linguagem escrita porque ela apresenta espaços entre as palavras, mas na 
fala não há intervalos acústicos entre as palavras (KANDEL et al, 2014). 
 
44 
 
A potencialidade das crianças para aprender a linguagem desde seus primeiros 
anos de vida foi confirmada pelo psicólogo Peter Eimas, no início da década de 1970, ao 
demonstrar que os bebês são particularmente bons em escutar mudanças acústicas e 
apresentam a capacidade de distinguir unidades fonéticas dos idiomas existentes no 
mundo. Identificou que os bebês são capazes de distinguir tais mudanças nas fronteiras 
entre categorias fonéticas, inclusive em idiomas que nunca tenham experimentado 
(KANDEL et al, 2014). 
 Todavia, o desenvolvimento da criança se caracteriza por mudanças nas 
habilidades associadas à aprendizagem da linguagem. Por exemplo, “(...). Ao final do 
primeiro ano, as crianças não discriminam mudanças fonéticas que reconheciam bem 
seis meses antes. Ao mesmo tempo, elas tornam-se significativamente mais aptas a 
escutar distinções fonéticas da língua nativa. (...)” (KANDEL et al, 2014, p.1.184) 
8 INTERATIVIDADE E DESENVOLVIMENTO PRECOCE DA MENTE 
 
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br 
Por um longo período, os psicólogos que estudam desenvolvimento mental 
infantil, têm se debruçado em estudos sobre como a criança cresce e aprende. 
 
45 
 
Observaram e testaram os comportamentos e habilidades de crianças em diferentes 
idades (Gopnik, et al.,1999). Mas, seus achados sobre o desenvolvimento precoce da 
mente e os possíveis desdobramentos a longo prazo, não despertaram a atenção do 
público em geral (SLATER & LEWIS, 2001; ASTINGTON ET AL., 1988; ASTINGTON, 
1998;). Nos últimos 10 anos houve uma “explosão” de conhecimentos a respeito da 
neurociência do cérebro e o relacionamento entre os primeiros anos de aprendizagem, 
comportamento e saúde das crianças que se transformam em adultos. No rol de 
descobertas inclui-se pesquisa básica, técnicas de neuroimageamento (análise do 
cérebro em atividade), e acima de tudo a integração destes conhecimentos pela 
transdisciplinaridade (KOIZUMI, 2001, RAMOS, 2003). 
Era amplamente aceito que a cito arquitetura do cérebro estava estabelecida no 
nascimento, em decorrência das características herdadas dos pais. Sabe-se nos dias 
atuais, que ocorre substancial parcela de desenvolvimento cerebral no período entre a 
concepção do novo ser e o primeiro ano de vida. Hoje, tem-se uma nova compreensão 
de como agem os estímulos sobre as experiências vivenciadas pela criança antes dos 3 
anos, de maneira como influenciam a circuitaria das redes neuronais deste cérebro em 
crescimento. 
Há uma intensa interação entre a estimulação precoce, via órgãos dos sentidos 
e a carga genética. Como consequência, produz-se um efeito decisivo no 
desenvolvimento cerebral da criança, com impacto de longa duração na fase adulta. O 
desenvolvimento do cérebro humano é mais do que natureza (patrimônio genético) 
versus criação (vivências, meio ambiente, cultura), mas uma grande ênfase na interação 
(SHONKOFF & PHILLIPS, 2000). 
Uma porção considerável do desenvolvimento cerebral se dá na fase 
embrionária. No início do desenvolvimento, cerca de duas semanas após a concepção, 
forma-se o tubo neural o qual irá constituir o cérebro e a medula espinhal (HEPPER, 
2001). A maioria dos neurônios é produzido entre o 4º e 6º meses da gestação. 
Uma vez formados os neurônios são programados para migrar para certos sítios 
no cérebro onde exercerão sua função. Mutações nos genes que controlam a migração 
podem criar destinação incorreta destes, provocando distúrbios como epilepsia, 
deficiência intelectual e suspeita de dislexia (KAPCZINSKI, ET AL., 2000, VAN HOUT & 
 
46 
 
ESTIENNE, 2001). Uma migração maciça tem lugar quando o feto está com 4,5 meses. 
Um bebê nasce com bilhões de neurônios e células de sustentação e manutenção a glia 
(FIELDS, 2004), os quais deverão formar quatrilhões de conexões para que o sistema 
nervoso central (cérebro e medula espinhal) e o sistema nervoso periférico funcionem 
efetivamente. 
Em resposta a estímulos ambientais, por exemplo língua (sabores), pele (toque), 
os neurônios localizados nas partes específicas do cérebro, formam ligações 
eletroquímicas- as sinapses- que permitem ao cérebro, reconhecer a codificação dos 
sinais oriundos dos receptores sensoriais (COSTANZO, 2004). Há uma intensa produção 
de sinapses e vias neurais na vida uterina e 1º ano de vida da criança, com progressivo 
decréscimo até os 10 anos, embora para certas funções se estenda ao longo da vida 
(CONEL, 1939). 
Ainda que haja múltiplas formações de circuitos, se observa um importante 
“podamento” de neurônios, sinapses e mesmo vias neurais, que não são estimulados. 
Aquelas estruturas neurais que não são usadas ou são pouco eficientes são eliminadas. 
É como se houvesse um “suicídio” programado de neurônios, cujo mecanismo começa a 
ser desvendado. Este processo de racionalização do número dos componentes da rede 
neuronal, é como se fossem esculpidos pela evolução na expectativa de estímulos 
ambientais naturais e para a emergência de reconhecimento de novos padrões. 
O reconhecimento de faces, animais, vegetais, parece ser filogenético, isto é, um 
conhecimento inato que partilhamos com os outros animais (COSMIDES E TOOBY, 
1997). Na eliminação do tecido nervoso, leva-se em conta a “economia” cerebral, pois 
este é uma entidade metabolicamente voraz (consumo comparativamente elevado de 
oxigênio e glicose, 10% quando o cérebro está em repouso, 50% durante atividade 
mental). 
 
47 
 
9 NEUROCIÊNCIA E ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO 
 
Fonte: maeemdia.com 
O sistema nervoso humano é constituído de diversos órgãos, tais como cérebro, 
cerebelo, bulbo, medula espinhal e ponte neural. Todas essas estruturas realizam 
funções específicas que, em conjunto, coordenam e regulam diversas atividades do 
corpo humano, como movimentos voluntários, sentimentos e ações comportamentais 
(PIOVESAN, 2017). Essas estruturas são formadas, principalmente, por um tipo especial 
de células: os neurônios. Neurônios são considerados unidades processadoras de 
informação. 
Essas células devem adquirir as informações (por meio de receptores 
sensoriais), transmiti-las para neurônios próximos e codificar nossas memórias, além de 
originar pensamentos e emoções (KOLB; WHISHAW, 2002). Diante da natureza 
multifacetada do sistema nervoso e das funções neurais, a neurociência está organizada 
em cinco principais disciplinas, conforme o Quadro 3. 
 
Quadro 3 – Cinco principais disciplinas da neurociência 
 
48 
 
 
Fonte: Adaptado de Lent (2001). 
Cada uma dessas disciplinas da neurociência promoveu um avanço considerável 
no estudo do comportamento e no desenvolvimento de pessoas com AH/SD. Por 
exemplo, os estudos dos aspectos neurofisiológicos de pessoas consideradas talentosas 
ou com inteligência acima da média investigaram a relação conjunta entre a estrutura 
cerebral e o processamento de informações neurais. Nesses estudos, foi possível 
observar que o alto grau de inteligência dos indivíduos com AH/SD é dado em função de 
processos integrados bastante avançados e velozes dentro de seus cérebros. Esses 
processos são, ao mesmo tempo, eficientes em relação ao gasto energético (ou seja, 
eles são econômicos em relação ao gasto de glicose) quando comparados aos cérebros 
de pessoas consideradas “normais” em relação às suas capacidades neurais 
(ANDERSON;DAVIS, 2001; HAIER, 2003). 
A quantificação da inteligência (QI) para a identificação de indivíduos com AH/SD 
também é utilizada no campo da neuropsicologia (neurociência cognitiva), visando a 
construção de estratégias educacionais que possam ter relevância para o processo de 
aprendizagem do aluno com AH/SD. O desenvolvimento de novas técnicas de imagem, 
 
49 
 
em especial aplicadas à neurociência molecular/funcional, permitiu a observação in vivo 
de variações moleculares na atividade neural em diferentes áreas do cérebro. 
Essas técnicas permitiram detectar uma correlação positiva entre a inteligência 
fluida e o grau de ativação do circuito frontal-parietal em atividades que exigem raciocínio. 
Além disso, a neurociência molecular traz fortes indícios de que as diferenças de 
desempenho entre alunos estão fortemente associadas a diferenças funcionais, 
estruturais e anatômicas dos seus cérebros. Esses achados trazem à tona a necessidade 
de incluir esses tipos de avaliações no planejamento de atividades para alunos com 
necessidades especiais, especialmente no seu desenvolvimento cognitivo. 
Apesar de abordarem diferentes aspectos do sistema nervoso ou de utilizarem 
metodologias distintas, essas disciplinas não são mutuamente exclusivas, e os 
conhecimentos produzidos em cada uma dessas áreas pode ser perfeitamente aplicado 
em outras áreas da neurociência. 
9.1 Características de pessoas com altas habilidades/superdotação de acordo 
com a neurociência 
Os processos de aprendizagem e, consequentemente, de memorização têm 
funcionamentos específicos em pessoas com AH/SD. De forma geral, o processo de 
memorização consiste em mecanismos complexos que transferem a informação recém 
obtida para os chamados bancos de memória de longa duração. Nesses bancos, essas 
informações serão consolidadas e poderão ser utilizadas posteriormente 
(BARTOSZECK, 2014). 
Existem diversos centros de consolidação da memória distribuídos ao longo do 
cérebro, cada um especializado na memorização de determinados tipos de atividade. 
Atividades como andar, correr ou praticar qualquer outro tipo de atividade física ativam 
os centros de memorização motora. Já atividades que influenciam o sistema de memória 
emocional vão promover aprendizagens relacionadas à expressão (por exemplo, 
música). Os indivíduos com AH/SD apresentam precocemente realce nos padrões de 
sensibilidade de determinadas áreas de memorização, tanto de curta quanto de longa 
duração (BARTOSZECK, 2014). 
 
50 
 
Estudos neurocientíficos com indivíduos com AH/SD também detectaram 
características peculiares nos cérebros dos indivíduos analisados durante as pesquisas, 
sobretudo no que diz respeito a sua eficiência na codificação de informações de entrada. 
Em cérebros de pessoas ditas “normais”, a estrutura neural, o potencial sináptico e o 
sistema neural (circuitos neurais) são alterados a cada nova experiência vivenciada pelo 
indivíduo. Em termos biológicos, podemos dizer que a relação entre o estímulo promovido 
pelo ambiente e a resposta produzida pelo sistema nervoso do indivíduo acabam 
alterando as características e os processos neurológicos já existentes. 
 Essas alterações podem ser traduzidas em aprendizagem. Porém, os 
especialistas observaram que o cérebro de indivíduos com AH/SD utiliza um número 
muito maior de áreas cerebrais especializadas no processo de codificação da informação 
de entrada. Consequentemente, o desempenho do cérebro é traduzido em uma memória 
de trabalho mais eficiente, ou seja, a informação fica retida mais tempo na memória. 
Como resultado, esses indivíduos têm uma facilidade muito maior de reconhecer 
padrões, resolver problemas, fazer deduções, praticar e repetir atividades 
(BARTOSZECK, 2014; SILVA; ROLIM; MAZOLI, 2016). 
Pessoas com AH/SD também apresentam uma comunicação mais eficiente entre 
os hemisférios direito e esquerdo do cérebro. De acordo com Sousa e Alves (2017), essa 
característica lhes confere agilidade durante o processo de aprendizagem. Além disso, 
alguns indivíduos podem apresentar alta eficiência no processo de cognição cerebelar 
(VANDERVERT; SCHIMPF; LIU, 2007). 
Alguns estudiosos da neurociência das AH/SD defendem fortemente que o 
cerebelo tem papel fundamental na função cognitiva e tem uma relação íntima com o 
córtex cerebral (ambos estão ligados pela substância branca do cérebro (KOZIOL; 
BUDDING; CHIDEKEL, 2010). Como resultado, a interação entre a cognição cerebelar e 
a memória de trabalho acelera o alto controle da atenção desde o início da infância 
(VANDERVERT; SCHIMPF; LIU, 2007). Por fim, o cerebelo com AH/SD também pode 
apresentar um aumento considerável na densidade de matéria cinzenta, o que estaria 
relacionado, principalmente, à superioridade no desempenho de habilidades de cunho 
espacial e de processamento de informações. 
 
51 
 
Existem fortes indícios de que as variações neurobiológicas da inteligência 
resultam de fatores hereditários. Elas são produzidas pelos genes oriundos dos pais e 
podem atravessar gerações (DAVIES et al., 2011). Contudo, as habilidades cognitivas e 
o desenvolvimento da inteligência são altamente dinâmicas e apresentam plasticidade, 
ou seja, podem ser moldadas pelo ambiente (interação gene-ambiente). Assim, a 
escolaridade influenciaria o desenvolvimento intelectual-cognitivo dos alunos; a prática 
em uma determinada atividade escolar aprimoraria não só o desempenho nesta, mas 
também em outras tarefas não treinadas, desde que estas compartilhem os mesmos 
circuitos neurais de funcionamento (efeito de transferência) (DAVIES et al., 2011). 
As adversidades vivenciadas por indivíduos em desenvolvimento afetam 
diretamente o seu neurodesenvolvimento. Por exemplo, alunos com AH/SD que foram 
expostos a situações de vulnerabilidade psicossocial (estimulação insuficiente ou 
ausente) apresentaram comprometimento nas suas funções executivas. Daí a 
importância do contexto social e de um ambiente saudável para o desenvolvimento de 
crianças e adolescentes. 
9.2 Propostas da neurociência para o currículo de alunos com altas 
habilidades/superdotação 
Os avanços teóricos trazidos pela neuropsicologia e pela neurociência 
enriqueceram o repertório de informações sobre o funcionamento das funções cognitivas 
e socioafetivas dos indivíduos com AH/SD (SILVA; ROLIM; MAZOLI, 2016). Esses 
indivíduos apresentam alta diversidade de características e variáveis de ordem cognitiva, 
social e emocional, que tornam o seu processo de aprendizagem único. 
Joseph Renzulli (1986), um dos estudiosos mais notórios das AH/SD, construiu 
a teoria dos três anéis, afirmando que os indivíduos com AH/SD têm compromisso com 
uma ou mais tarefas de sua preferência, apresentando habilidades acima da média e 
realização criativa. Formulada na década de 1970, apresenta uma conceituação centrada 
mais na atuação do que na potencialidade do indivíduo com AH/SD. A teoria dos anéis 
de Renzulli, como também é chamada, não se atém no Quociente Intelectual (QI), e sim 
 
52 
 
na confluência de três principais fatores que determinarão os indivíduos com AH/SD, 
quais sejam: 
1. habilidade/capacidade acima da média: permanece relativamente estável e não 
necessita ser excepcional; 
2. comprometimento com a tarefa (motivação): persistência, dedicação, esforço e 
autoconfiança. 
3. criatividade elevada: flexibilidade e originalidade do pensamento. 
As abordagens utilizadas para o ensino de alunos com AH/SD devem ser 
desenvolvidas de forma específica e direcionada para a sua área de domínio de tal forma 
a maximizar as suas aptidões (MATOS; MACIEL, 2016). Além disso, é de extrema 
importância o planejamento do currículo para esses indivíduos, uma vez que muitos deles 
acabam por apresentar baixo rendimento ou por abandonar a vida acadêmica (escolar) 
pelo simples fato de não considerar o currículo importante ou atraente (BECKER, 2014). 
O sucesso no processode aprendizagem se dá integrando o assunto a ser 
aprendido com atividades que envolvam objetos que o aluno possa aprender e que ao 
mesmo tempo sejam cativantes. Para o aluno com AH/SD, esse tipo de experiência 
prática é extremamente importante. A aprendizagem promove alterações por meio do 
processo de neuroplasticidade, com mudanças neuroanatômicas e neuroquímicas no 
cérebro. 
A reestruturação neural e o número de sinapses nervosas aumentam 
significativamente quando a aprendizagem é promovida com a experimentação 
(BARTOSZECK, 2014; KOLB; WHISHAW, 2002; OLIVEIRA, 2014). As atividades 
realizadas de forma diversa e progressivamente mais complexas farão com que o cérebro 
desses alunos se adeque às suas necessidades intelectuais e comportamentais (ZAGO; 
RIBEIRO, 2017). 
A neurociência pode também ser considerada uma importante ferramenta que 
auxilia na renovação teórica dos docentes. O conhecimento do funcionamento do cérebro 
e do processo cognitivo mediado por conexões neurais facilita a compreensão do 
desenvolvimento do aluno. Sobretudo, a neurociência mostra caminhos mais claros para 
que o educador compreenda a complexidade do processo de ensino e de aprendizagem 
 
53 
 
e crie novas ferramentas para o desenvolvimento cognitivo saudável de seus educandos, 
especialmente os com AH/SD (SOUSA; ALVES, 2017). 
Bartoszeck (2014) propôs uma série de atividades que podem ser incluídas no 
currículo de alunos com AH/SD, por promoverem o aumento das conexões 
neurais/consolidação da memória: 
✓ atividades de repetição; 
✓ atividades de pensamento integrado, como as que integram tópicos de 
biologia, física e química; 
✓ currículo do tipo espiral, abordando conceitos repetidamente, mas com 
alternância dos contextos (por exemplo, hora trabalhar com os conceitos de 
profundidade, hora de extensão); 
✓ apresentação de conceitos com materiais diferentes, como livros didáticos 
e mídias digitais; 
✓ atividades que envolvam a resolução de casos. 
10 INTERVENÇÕES NEUROEDUCACIONAIS 
 
Fonte: sinapsys.news 
 
54 
 
Os Neuropedagogos estudam sobre o processo de aquisição de aprendizagem 
e da memória tendo o cérebro como elemento principal, fazem pesquisas, testes e teorias 
as quais resultarão em benefícios para todos por outro lado, encontram-se os educadores 
que anseiam em pôr em prática tais pesquisas, testes e teorias, é um trabalho significativo 
e juntar estes dois segmentos é compensador uma vez que irá exigir dos envolvidos as 
análises e aplicações destes conhecimentos científicos traduzindo-os para as salas de 
aulas. 
Esta colaboração mútua, enriquece tanto o trabalho dos cientistas cognitivos 
como dos educadores onde estes poderão desenvolver e aplicar métodos de ensino que 
melhor possam ser adaptados a seus alunos, em busca de que estes métodos facilitarão 
a aprendizagem. A Neurociência tem um papel fundamental de intima ligação com a 
prática pedagógica ela investiga o processo de como o cérebro aprende e lembra, desde 
o nível molecular e celular até as áreas corticais, o estudo da aprendizagem une estas 
duas áreas logo quanto mais se estuda a fisiologia nervosa cada vez menos se pode 
dissociar o estudo anatômico da abordagem funcional ao sistema nervoso. 
Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para que elas aprendam 
novos conhecimentos, habilidades e destrezas e se tornem mais eficientes naquilo que 
fazem. É sobretudo, dar-lhes a formação básica para que elas aprendam novas atitudes, 
soluções, ideias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e comportamentos e se 
tornem mais eficazes naquilo que fazem. Formar é muito mais do que simplesmente 
informar, pois representa um enriquecimento da personalidade humana" (Chiavenato, 
1999). 
O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro, conhecer como este 
cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor maneira de ajudar 
os alunos a aprender. A aprendizagem, a neurociência e a educação estão intimamente 
ligadas ao desenvolvimento cerebral o qual se molda aos estímulos do ambiente, o 
ensino bem-sucedido provoca alterações significativas na taxa de conexões sinápticas. 
Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no transcurso 
de nova experiência de aprendizagem, situações que reflitam o contexto da vida real, de 
forma que a informação nova se junte a compreensão anterior. A neurociência oferece 
 
55 
 
um grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em sala de 
aula (LEITE, 2011). 
É fundamental que professores entendam que os sentimentos que impulsionam 
a aprendizagem positiva ou negativamente, devem compreender que o ser humano é um 
ser emocional, que pensa coerente com esta nova visão, é primordial que os educadores 
aprendam a ler e entender as emoções, alegria, tristeza, raiva, medo de seus alunos e 
principalmente a lidar adequadamente de forma competente com elas. 
Sob este aspecto considera-se como importante em primeiro lugar criar um 
ambiente seguro e convidativo para a aprendizagem, livre de desrespeito, ofensas e 
humilhações. Em ambiente de medo e insegurança, o aluno torna-se passivo além de 
perturbar a disciplina naturalmente indesejáveis em sala de aula além de que caso uma 
criança seja ridicularizada por erro, irá se sentir em perigo, logo, o cérebro desta criança, 
reagirá imediatamente adotando uma postura de fuga ou ataque, ao contrário de que 
quando o erro é aceito e tratado de forma natural como parte do processo de crescimento, 
o estudante aprende com ele, deve-se incrementar um clima emocional positivo dentro 
da escola e da sala de aula com alegria, respeito mútuo, elogios e brincadeiras sadias. 
Neste aspecto, vários fatores influenciam a ação do professor em sala de aula e 
suas ações dificultando o processo ensino\aprendizagem, o uso de metodologia 
inadequada, a falta de recursos didáticos, as condições insatisfatórias de trabalho, sem 
contar a dinâmica emocional do ser humano soma-se a isto, os desajustes familiares na 
vida do aluno, a violência hoje presente tanto fora como dentro da escola e o lugar do 
fracasso ocupado apenas pelo aluno, quando deveriam lá estar, o professor, o aluno e a 
escola. 
O professor deve se aproveitar de meios e recursos no sentido de que o seu 
aluno tenha motivação com a finalidade especifica que a aprendizagem venha acontecer 
de forma plena e eficaz, deve ainda conhecer a bagagem que o aluno traz incentivando-
o para que seja sempre capaz de produzir e criar. 
A motivação nada mais é que criar motivos, causar entusiasmo e ânimo, 
entusiasmar o indivíduo fazendo-o chegar até a eficácia do conhecimento. E mais ainda, 
cabe criar nestes indivíduos a vontade de aprender através de estratégias e estímulos a 
 
56 
 
fim de que estes indivíduos se sintam motivados em aprender, naturalmente a realização 
dos objetivos propostos. 
Nos adolescentes e jovens, exerce um enorme fascínio e influência ao despertar 
não só o seu lado curioso como além da disponibilidade de vários equipamentos, o 
contato com o novo, a facilidade de aquisição e os resultados imediatos. O uso da 
tecnologia é um recurso bastante significativo ao desenvolver conhecimentos, porém, 
deve ser usada de forma correta, tornando-se um auxilio fabuloso na aprendizagem ao 
proporcionar aos estudantes a oportunidade de desenvolver habilidades tecnológicas 
básicas do mundo de hoje. 
11 NEUROCIÊNCIA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS 
PEDAGÓGICAS 
Para entender o quanto é importante reorientarmos nosso entendimento sobre a 
mente humana devemos olhar para a complexidade do mundo presente e compararmos 
com o que tínhamos há cinquenta anos passados. Que tipo de mente era necessária 
naquele período para interagir com o meio, enfrentar problemas cotidiano, relacionar-se 
com as pessoas, adquirir informações para sobreviver, e de qual precisamos hoje para 
realizar as mesmas atividades?É possível situarmo-nos no mundo e viver hoje com os 
conceitos de quatro ou cinco séculos passados, concebendo ainda a mente humana 
como única estrutura e com uma visão tradicional da inteligência (“paleolítico digital”)? 
Cada momento que passa aprendemos mais sobre a evolução humana e o 
funcionamento do cérebro, fruto da revolução científica de diferentes áreas da biologia, 
da fisiologia, neurologia. 
Muitas das descobertas científicas recentes sobre a mente humana chocam-se 
com muitas as práticas pedagógicas tradicionais que vêm sendo desenvolvidas há anos 
e que não levam em consideração como o cérebro evoluiu e como está organizado nos 
seres humanos. Não há duas pessoas com o mesmo perfil, para tanto se deve procurar 
conhecer o estilo de aprendizagem de cada sujeito para criar modelos pedagógicos que 
permitam que cada um aprenda mais e melhor do seu jeito. Não conseguiremos, de um 
 
57 
 
momento para outro, romper com uma longa tradição centrada em ensinar e avaliar de 
uma única maneira, de forma padronizada. 
Entretanto é que pela primeira vez, em toda história da humanidade, esta geração 
de docente tem conhecimentos que permitem entender e demonstrar que isso é possível 
e produz resultados mais palpáveis e melhores na aprendizagem. Não se trata de um 
conhecimento que sirva somente para compreender e estudar as crianças com perfis 
irregulares (como num primeiro momento se pensou em função dos casos analisados e 
estudados), mas para todas. 
Com o avanço da Neurociência determinados procedimentos e acontecimentos 
pedagógicos não mais serão vistos da forma: “eu acho que meu aluno aprende melhor 
seu eu fizer desse jeito do que daquele”. Passa-se a ter dados objetivos para afirmar que 
funciona melhor que no que se refere aos métodos de ensino, portanto surge a 
demonstração de que estratégias de ensino podem ser usadas com melhores resultados. 
Passa a ser possível ensinar o que é importante a ser aprendido de maneiras 
diferentes, utilizando linguagens diferentes, a arte, o humor, a imagem, o desenho, 
contando histórias etc. Quantos mais conseguirem aprender maiores serão as 
possibilidades de converterem isso para outras linguagens e para o meio onde vivem, 
reestruturando outras redes neurais (oportunizando novas sinapses) e quanto maior for 
a ativação de novas redes neurais maior será seu entendimento sobre a vida e as coisas 
(SANTANGELO, 2017). 
Como ignorar o que ocorreu com o cérebro humano quando nosso trabalho 
envolve esta evolução e seus progressos, quando ele é afetado diretamente por eles? 
Por exemplo: crianças que não aprendem, que apresentam dislexia, de posse das 
imagens de seu cérebro torna-se possível tratá-las e também orientar educadores sobre 
como agir para explorar o potencial intelectual de áreas não comprometidas do cérebro 
ou como obter resultados por meio da intervenção adequada a partir do conhecimento 
das características desta criança ou adolescente. 
Outro exemplo e campo onde a neurociência pode auxiliar é o que diz respeito às 
transformações provocadas pela revolução digital na mente humana que tem impacto 
profundo na educação, pois as redes neurais formadas como resultado do uso das novas 
tecnologias possibilitam mensagens instantâneas e multitarefas, o que dificulta a atenção 
 
58 
 
ao foco e ao que deve ser aprendido. O digital passa a ser um “competidor” com as 
atividades de estudo da escola. Como criar mecanismos para resgatar a atenção e 
concentração no que deve ser aprendido? É neste momento que deverá aparecer a 
criatividade e a arte do professor. 
O aprendizado contínuo durante uma vida inteira e com instrumentos cada vez 
mais sofisticados diferencia as novas gerações de outras anteriores, das quais, algumas 
nem sequer tinham educação institucionalizada. O cérebro humano aprendeu 
rapidamente isso desenvolvendo a capacidade de adquirir permanentemente novas 
informações que geram uma dinâmica interna de ciclo contínuo de expansão e ativação 
de novas sinapses, deixando-o cada vez mais ativo num processo de permanente 
retroalimentação, o que alguns estudiosos denominam de neuroplasticidade do cérebro. 
Ao conhecer o funcionamento do sistema nervoso, os profissionais da educação 
podem desenvolver melhor seu trabalho, fundamentar e melhorar sua prática diária, com 
reflexos no desempenho e na evolução dos alunos. Podem intervir de maneira mais 
efetiva nos processos de ensinar e aprender, sabendo que esse conhecimento precisa 
ser criticamente avaliado antes de ser aplicado de forma eficiente no cotidiano escolar. 
Os conhecimentos agregados pelas neurociências podem contribuir para um avanço na 
educação, em busca de melhor qualidade e resultados mais eficientes para a qualidade 
de vida do indivíduo e da sociedade. (COSENZA, 2011, p. 145). 
Há muito por vir no que diz respeito ao conhecimento sobre o cérebro humano, há 
muitos questionamentos em aberto ainda, quem sabe o que virá no futuro poderá até 
desconstruir muitas das “verdades” de hoje, isto não nos autoriza a ignorar sua 
importância para quem quer trabalhar como professor. Sem este conhecimento nossa 
prática poderá se tornar ainda mais pobre e enclausurada. Como as possibilidades da 
genética e da biologia ainda são limitadas (apesar do uso de substâncias e 
medicamentos), quem sabe a grande alternativa seja mudar as condições e o ambiente 
da aprendizagem. 
Como os alunos aprendem naturalmente por meio das linguagens que suas 
mentes usam para processar informações, os professores precisam escolher métodos 
de ensino que acomodem os estilos de aprendizagem deles. Isso sugere considerar 
como aplicar estratégias educacionais ao ensinar. Os professores precisam estar cientes 
 
59 
 
das potencialidades individuais dos alunos ao criarem estratégias de ensino respeitando 
as individualidades. As tecnologias possibilitam que os docentes utilizem redes de 
informações para potencializar e estimular o conhecimento a seus discentes. Esse 
método de ensino promove a compreensão ao exigir que os professores considerem 
como aplicar as estratégias educacionais com o objetivo de oferecer aos alunos o 
domínio do conteúdo da disciplina e assim, promover a aprendizagem significativa. 
 De acordo com as ideias de Markova e de Bartoszeck, foi elaborado um quadro 
que apresenta diversas alternativas de estratégias pedagógicas que devem ser pensadas 
e escolhidas de acordo com a aplicação dos princípios da neurociência no ambiente 
escolar quando considerado a linguagem natural da mente, que é responsável pela 
maneira como cada aluno aprende. 
Como em uma sala de aula o professor não tem condições de adotar metodologias 
de ensino que atenda a todos os alunos ao mesmo tempo, o aconselhável é que ele 
diversifique suas estratégias pedagógicas, alternando-as e assim atentando a todos os 
alunos em algum momento. Portanto, para que os professores consigam atingir os 
resultados esperados, é necessário combinar, modificar, adaptar e alternar as diversas 
estratégias pedagógicas, de acordo com o perfil dos alunos e da turma. E isso, somado 
com os recursos didáticos disponíveis, como o quadro branco, livros textos e 
complementares, computadores, filmes, vídeos, TV, rádio, data show, apostilas, dentre 
outros. 
Se o professor tem o conhecimento do funcionamento cerebral e entende a 
importância de preparar as aulas que explorem os diferentes estilos de aprendizagem, 
ele será capaz de ressignificar sua prática docente (SOARES, 2003). Além disso, o 
professor deve ter a sensibilidade de perceber as necessidades de seus alunos e 
compreender que ensinar é assumir as responsabilidades daquilo que é novo e abster-
se de tudo que possa fazer distinção de pessoas. Fernandes (2010). 
Além de inúmeras capacidades de aprender, existem várias doenças que afetam 
o sistema nervoso de diferentes formas. Algumas atuando em sua porção central e outras 
em sua porção periférica.Dependendo da área atingida, diferentes sinais e sintomas se 
emergem. Portanto, conhecendo qual o mecanismo de ação de uma doença neurológica 
é possível adequar melhor a didática para um aluno com deficiência intelectual, por 
 
60 
 
exemplo, garantido assim, um efetivo aprendizado. Adicionalmente, as perspectivas de 
contribuições se aplicam dentro e fora da sala de aula e na interação entre educador-
aluno e aluno-aluno. 
O ambiente em que se encontra o aluno com deficiência intelectual, por exemplo, 
deve ser estimulante, calmo e interativo. A presença de figuras coloridas nas paredes, 
excesso de ruídos e assentos com pouca ou nenhuma ergonomia podem vir a influenciar 
negativamente no aprendizado. Somando - se a isso, o uso da linguagem, que deve ser 
clara, simples, tranquila e objetiva. Os progressos e descobertas na área da neurociência 
unida ao processo de aprendizagem é com certeza uma revolução para o meio 
educacional. 
Quando pensamos em educação e aprendizagem, estamos pensando em 
processos neurais, redes que se constituem, neurônios que se conectam e realizam 
novas sinapses. E o que compreendemos por aprendizagem? Aprendizagem, é do esse 
magnífico e complicado procedimento no qual o cérebro reage aos estímulos do 
ambiente, aciona essas sinapses (conexões entre os neurônios por onde passam os 
estímulos), deixando-as mais “fortes”. A cada novo estímulo, a cada cópia de um 
comportamento que desejamos que seja firmado, temos circuitos que conferem as 
informações que deverão ser então firmadas. 
De acordo com Mietto (2009), a neurociência vem nos mostrar o que antes 
desconhecíamos sobre a ocasião da aprendizagem. O cérebro é matricial nesse 
procedimento do aprender, visto que seus sulcos, lobos, reentrâncias e suas demais 
regiões tem seu papel e real importância num trabalho em grupo, onde precisam interagir 
umas com as outras. Mas qual é esse papel de cada região cerebral? Aonde o aprender 
tem verdadeiramente a sua sede e deve ser excitada apropriadamente? 
Reconhecer a função do hipocampo na concretização de nossas memórias, a 
importância do sistema límbico, responsável por nossas emoções, descobrir os mistérios 
que abrangem a região frontal, onde ocorre a escrita, cognição e linguagem e poder 
compreender os mecanismos atencionais e comportamentais das crianças com TDAH, 
os papéis executivos e o sistema de comando inibitório do lobo pré-frontal é hoje capital 
na educação, bem como, entender as vias e rotas que direcionam a leitura e escrita, que 
 
61 
 
distinguem as formas visuais das letras e posteriormente acessando outros campos para 
que a codificação e decodificação dos sons sejam efetivas. 
Trabalhos na área neurocientífica, focados em como lidar com o aluno em sala de 
aula, vem nos elucidar que a aprendizagem acontece quando dois ou mais sistemas 
trabalham de maneira conjunta. Dessa forma, podemos entender como é precioso aliar 
a música e os jogos em atividades escolares, por exemplo, pois existe a possibilidade de 
se trabalhar concomitantemente mais de um sistema: o visual, o auditivo e até mesmo o 
tátil (música possibilita dramatizações). 
Os games, ainda em debate na questão acadêmica, são extraordinários na sua 
maneira de manter nossos alunos antenados e podem ser mais um instrumento 
facilitador, já que permite excitar o raciocínio lógico, a concentração, a atenção, os 
conceitos matemáticos e por meio de cruzadinhas e caça-palavras interativos, 
desenvolver a ortografia de maneira desafiadora e prazerosa para os alunos. 
Assim, o grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula que ‘facilite' esse 
gatilho neural, as sinapses e o funcionamento desses sistemas, sem que essencialmente 
o professor tenha que conhecer se a melhor maneira de seu aluno lidar com os elementos 
externos é: visual, auditiva ou tátil. Quando conhecedor da forma de aprendizagem do 
seu aluno, o professor conhecerá quais táticas mais apropriadas para empregar e 
certamente utilizará esse grande e incomparável meio facilitador na metodologia ensino 
– aprendizagem (MIETTO, 2009). 
Outro importante descobrimento das neurociências é que por meio de atividades 
prazerosas e desafiadoras o “gatilho” entre as células neurais ocorre mais facilmente: as 
sinapses se fortalecem e redes neurais se constituem com mais facilidade. Porém a 
dúvida é; como aplicar em sala de aula? Como o professor pode auxiliar nesse 
“fortalecimento neural”? Todo ensino desafiador fornecido de maneira lúdica possui esse 
efeito: aulas divertidas, dinâmicas, ricas em conteúdo visual e palpável, em que o aluno 
não é apenas um observador, distante e passivo, e sim, participante, questionador e ativo 
nessa formação do seu próprio saber. 
O conteúdo antes, desestimulante e maçante para o aluno e professor recebe uma 
nova cara: agora propicia novas descobertas, novos saberes, é dinâmico e flexível, 
antenado em uma época informatizada onde a cada momento novas informações 
 
62 
 
aparecem ao mundo desse aluno. Professor e aluno interagem ativamente, criam, 
viabilizam possibilidades de inventar esse saber, construindo a aprendizagem em 
conjunto. 
Uma aula enriquecida com esses requisitos é espetacular, atraente e dinâmica. É 
saber utilizar uma estratégia assertiva onde conhecimentos neurocientíficos e educação 
andam lado a lado. Mas como isso é possível? O que realizar em sala de aula? Aqui 
temos algumas sugestões que podem ser seguidas (MIETTO, 2009): 
 
 
 
 
 
 
 
1- Institua regras para que exista um convívio harmonioso de todos 
em sala de aula, fazendo com que os alunos sejam responsáveis pela 
disposição, limpeza e utilização dos materiais. Opinando e inventando as 
regras e normas seguidas, eles se sentirão responsáveis pelo ambiente. 
 
2- Utilize materiais diversificados que procurem todos os sentidos. 
Visual: filmes, cartazes coloridos, livros, mural, filmes educativos; Tátil: 
material palpável e objetos de sucata esquematizados. Há uma infinidade 
de sites na internet que nos fornecem atividades muito ricas e prazerosas. 
A criatividade aflora e a aula fica muito mais divertida; Auditivo: músicas e 
bandinhas feitas com instrumentos de sucata. 
 
3- Guarde um lugar com tapete e almofadas, para tempos de 
descanso e reflexão. O “cantinho da leitura” é essencial na sala de aula 
quando não se tem uma biblioteca. Descansar após o trabalho prazeroso 
quer dizer dar tempo para o cérebro processar todo o conteúdo que vai ser 
assimilado, acionar o hipocampo e concretizar o que se aprendeu. 
 
63 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sendo assim, cientes deste mecanismo neural que incita a aprendizagem, das 
táticas facilitadoras que estimulam as sinapses e concretizam o conhecimento, onde cada 
estrutura cerebral se conecta para que todos os canais se ativem. Então, como numa 
orquestra bem afinada, possuir estes importantes conhecimentos será como conduzir 
4- Forme rotinas onde possam fazer trabalhos sozinhos, em dupla 
e grupais. Rotinas pré-definidas reforçam comportamentos assertivos e 
organização. Crianças com TDAH, que exibem mal funcionamento das 
funções executivas se favorecem de rotinas. Os trabalhos grupais são 
extremamente prazerosos, ativam as regiões límbicas e, como sabemos que 
o aprender está conectado à emoção, a firmação do conteúdo se dá de 
maneira mais efetiva. 
5- Trabalhar o mesmo conteúdo de diversas maneiras permite aos 
alunos oportunidades de experimentarem a aprendizagem de acordo com 
suas próprias possibilidades neurais. Àqueles mais rápidos, entregue 
atividades que avigorem ainda mais esse conteúdo, que os deixem atentos 
e focados, para que os outros que precisem de mais tempo para completar 
as atividades não sejam prejudicados com conversas paralelas e 
agitamento dos mais rápidos. 
 
6- A flexibilidade em sala de aula possibilita uma aprendizagem 
mais dinâmica e melhor entendida por todos os alunos. O professor queadministra bem as confusões em sala de aula e ministra o conteúdo com 
prazer, mantém seus alunos "antenados" na aula. 
 
 
64 
 
esta orquestra, em que o maestro perfeitamente conhecerá a afinação de seus 
instrumentos e a maneira de extrair deles melodias harmoniosas e suaves (MIETTO, 
2009). 
A neurociência é uma boa aliada do professor para poder entender o indivíduo 
como ser singular, atuante, pensante, que aprende de uma forma única e especial. 
Descobrindo os mistérios que abrangem o cérebro no momento da aprendizagem, a 
neurociência fornece ao educador contemporâneo (neuroeducador), excelentes 
conhecimentos sobre como se processam a memória, a linguagem, o esquecimento, o 
desenvolvimento infantil e suas nuances do desenvolvimento cerebral, e os 
procedimentos que estão envolvidos na aprendizagem. A posse destes novos 
conhecimentos é indispensável, e de suma importância para uma pedagogia 
contemporânea. 
Conceitos como neurônios, sinapses, sistemas atencionais, mecanismos 
mnemônicos, neurônios espelho, que permitem à espécie humana avanços na 
compreensão, comunicação, aprendizado e plasticidade cerebral, isto é, o conhecimento 
de que o cérebro permanece evoluindo, aprendendo e mudando não mais estarão sendo 
debatidos somente por neurocientistas, como se pensava até então. Se farão presente 
no dia a dia do educador em sala agora, já que uma nova visão de aprendizagem está 
se formando. O fracasso escolar hoje possui uma nova visão, já que um novo leque de 
informações e conhecimentos está ao dispor do educador moderno (MIETTO, 2009). 
Graças a neurociência da aprendizagem, os transtornos comportamentais e da 
aprendizagem começaram a ser mais comumente compreendidos pelos educadores já 
que proporcionam mais contribuições para a formação de estratégias mais apropriadas 
a cada caso. Um professor capacitado, uma estratégia de ensino apropriada e uma 
família facilitadora dessa aprendizagem são quesitos essenciais para que esse 
conhecimento que a neurociências nos disponibiliza seja efetivo, junto com as 
especialidades do cérebro do aluno. Esta nova base de conhecimentos capacita o 
educador a expandir ainda mais as suas atividades educacionais, abrindo um novo 
caminho no campo do aprendizado. 
Com relação a memória e a aprendizagem, a aprendizagem, ela é um “mix” de 
memória, atenção, concentração, interesses, desejos, estímulos intrínsecos 
 
65 
 
(neurotransmissores/hormônios) e informações externas do ambiente que permeiam a 
mente e o cérebro humano. Quanto mais aprendemos mais conexões neurais formamos. 
Somos o que vivenciamos, experimentamos e lembramos. 
Aprende-se com o cérebro, e todas as ações perpassam como um filme na 
máquina fotográfica, ou comparando a um hardware, onde vários softwares são 
“rodados” por meio de impulsos elétricos, e pela centelha dos afetos ou desafetos 
existentes e recebidos ao longo de nossas vidas. 
O cérebro sozinho não possui função nenhuma, ele só estabelece um 
funcionamento quando em conjunto com outros sistemas que se interconectam, recebem 
e respondem aos estímulos para realizarem um potencial de atividades elétricas e 
químicas. JÁ CORRIGIDO 
A relação Neurociências-Educação ainda se encontra em crescimento, somente 
agora, mais de meio século após a configuração do termo ‘Neurociências’ estamos 
construindo uma conexão mais íntima entre o funcionamento cognitivo e as práticas 
pedagógicas, o que parece apresentar diversas vantagens. Entretanto, é necessário 
cautela, afinal as neurociências não se propõem a desenvolver receitas prontas para o 
ensino, mas se mostra como uma possibilidade para o aperfeiçoamento da prática, 
principalmente se discutida com graduandos da pedagogia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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