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Aula 10
Português p/ PM-SP (Soldado e Oficial) - Com videoaulas
Professor: Décio Terror
Português para PM SP 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Décio Terror ʹ Aula 10 
 
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Aula 10: Literatura Portuguesa: desde as origens até a atualidade. 
 
SUMÁRIO Página 
1. Trovadorismo 1 
2. Classicismo 2 
3. Barroco 6 
4. Arcadismo 7 
5. Romantismo 8 
6. Realismo 10 
7. Modernismo 12 
8.Lista de questões 20 
9. Gabarito 25 
Olá, meus amigos! 
Esta aula abordará a literatura portuguesa, desde as origens até a 
atualidade, de forma simples e prática. 
São poucas as ocorrências em prova deste tema, mas devemos treinar, 
ok?! 
Vamos lá? 
Reis e nobres cavaleiros lutando para merecer a atenção de damas são 
alguns elementos que compõem uma certa representação da Idade Média. 
Essa imagem foi construída com base nos textos dos trovadores e das novelas 
de cavalaria. Conheça um pouco da produção desta época! 
 
“Se eu não a tenho, ela me tem 
O tempo todo preso, Amor, 
E tolo e sábio, alegre e triste, eu sofro e não dou troco” 
 Arnaut Daniel. 
TROVADORISMO 
O Trovadorismo corresponde à primeira fase da história de Portugal e 
está intimamente ligado à formação do país como reino independente. A 
cultura trovadoresca, surgida entre os séculos Xi e XII, reflete bem o momento 
histórico que caracteriza o período: os cristãos se organizavam para combater 
os mouros no Oriente ou nos territórios Europeus. 
O conjunto de suas manifestações literárias reúne os poemas feitos por 
trovadores para serem cantados em feiras, festas e castelos nos últimos 
séculos da Idade Média. 
A poesia trovadoresca pode ser dividida em dois gêneros: lírico e satírico. 
O gênero lírico se subdivide em duas categorias (cantigas de amigo e cantigas 
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de amor) e o satírico é caracterizado pelas cantigas de escárnio e cantigas de 
maldizer. 
As novelas de cavalaria são os primeiros romances, ou seja, longas 
narrativas em verso, surgidas no século XII. Elas contam as aventuras vividas 
pelos cavaleiros andantes e tiveram origem no declínio das poesias dos 
trovadores. 
Questão 1: (FUVEST-SP) 
Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto afirmar que: 
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teocentrismo, o feudalismo 
e valores altamente moralistas. 
b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada 
por setores mais baixos da sociedade. 
c) pode ser dividida em lírica e satírica. 
d) em boa parte de sua realização, teve influência provençal. 
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores, expressam o 
eu-lírico feminino. 
Comentário: A produção trovadoresca circulou sempre em torno da corte e refletia 
as regras do amor cortês, tendo sido produzida por nobres no ambiente palaciano. 
Portanto, não há como relacioná-la às camadas mais pobres da sociedade 
trovadoresca. 
Gabarito: B 
 
CLASSICISMO 
O Classicismo é a face literária do Renascimento, movimento de 
renovação científica, artística e cultural que marca o fim da Idade Média e o 
nascimento da Idade Moderna na Europa. O Renascimento é fruto do 
crescimento gradativo da burguesia comercial e das atividades econômicas 
entre as cidades europeias. 
A característica principal do Classicismo é a imitação dos modelos da 
antiguidade clássica Greco-romana. A literatura desta época caracteriza-se 
pela retomada da mitologia pagã e pela perfeição estética, marcada pela 
pureza de formas. Dessa forma, Platão, Homero e outros mestres da 
antiguidade passaram a servir de modelo. 
Os temas poéticos eram os mais variados: reflexão moral, filosófica e 
política. Quanto à métrica, foi introduzida a medida nova (versos 
decassílabos), versos típicos do Renascimento. 
Destaca-se nessa época Luís Vaz de Camões. Admite-se como data mais 
provável de seu nascimento o ano de 1524. Serviu como militar no norte da 
África, onde, ferido em combate, perdeu o olho direito. 
Camões é considerado o maior poeta lírico português. Sua poesia 
lírica é marcada pela dualidade: ora são textos de nítida herança tradicional da 
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poesia portuguesa, ora são poesias enquadradas no estilo novo do 
Renascimento. Vamos conhecer suas obras! 
Os Lusíadas é uma epopéia de imitação, pois segue o modelo 
estabelecido, na Antiguidade, pelos poemas homéricos. Quando Camões 
publicou a epopeia, cumpriu a função de relembrar a grandiosidade 
portuguesa. Faz uma crítica explícita à cobiça e à tirania no episódio do Velho 
Restelo. O velho, ao protestar contra as grandes navegações, deixa claro que o 
povo é quem navega e morre, enquanto o rei a e a burguesia dividem entre si 
os lucros. 
O Velho do Restelo representa a oposição passado x presente, antigo x 
novo. O Velho chama de vaidosos aqueles que, por cobiça ou ânsia de glória, 
por sua audácia ou coragem, se lançam às aventuras ultramarinas. Observe 
um fragmento de Os Lusíadas: 
 
 
Canto IV – Episódio O Velho do Restelo 
90 
 
"Qual vai dizendo: —" Ó filho, a quem eu tinha 
Só para refrigério, e doce amparo 
Desta cansada já velhice minha, 
Que em choro acabará, penoso e amaro, 
Por que me deixas, mísera e mesquinha? 
Por que de mim te vás, ó filho caro, 
A fazer o funéreo enterramento, 
Onde sejas de peixes mantimento!" — 
 
91 
 
"Qual em cabelo: —"Ó doce e amado esposo, 
Sem quem não quis Amor que viver possa, 
Por que is aventurar ao mar iroso 
Essa vida que é minha, e não é vossa? 
Como por um caminho duvidoso 
Vos esquece a afeição tão doce nossa? 
Nosso amor, nosso vão contentamento 
Quereis que com as velas leve o vento?" — 
 
 
92 
 
"Nestas e outras palavras que diziam 
De amor e de piedosa humanidade, 
Os velhos e os meninos os seguiam, 
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Em quem menos esforço põe a idade. 
Os montes de mais perto respondiam, 
Quase movidos de alta piedade; 
A branca areia as lágrimas banhavam, 
Que em multidão com elas se igualavam. 
 
Quanto à poesia, Camões dominou com excelência várias formas do 
gênero lírico. Escreveu sonetos, odes e elegias. Os sonetos são a parte mais 
conhecida da lírica camoniana. Essa forma poética permitia ao poeta tratar de 
modo mais racional alguns temas, como: descontentamento do mundo e o 
sofrimento amoroso. 
Observe o poema abaixo: 
Correm turvas as águas deste rio, 
que as do Céu e as do monte as enturbaram; 
os campos florecidos se secaram, 
intratável se fez o vale, e frio. 
 
Passou o verão, passou o ardente estio, 
umas coisas por outras se trocaram; 
os fementidos Fados já deixaram 
do mundo o regimento, ou desvario. 
 
Tem o tempo sua ordem já sabida; 
o mundo, não; mas anda tão confuso, 
que parece que dele Deus se esquece. 
 
Casos, opiniões, natura e uso 
fazem que nos pareça desta vida 
que não há nela mais que o que parece. 
 
No poema acima, Camões procura demonstrar que aquilo que é 
observado não corresponde à realidade. Aqui, temos o desconcerto do mundo. 
Observe a seguir um soneto em que o eu lírico expressa seus 
sentimentos pela mulher amada. A mulher se mostra idealizada, exemplo da 
perfeição absoluta. 
 
Quem vê, Senhora, claro e manifesto 
O lindo ser de vossos olhos belos, 
Se não perder a vista só em vê-los, 
Já não paga o que deve a vosso gesto. 
 
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Este me parecia preço honesto; 
Mas eu, por de vantagem merecê-los, 
Dei mais a vida e alma por querê-los, 
Donde já não me fica mais de resto. 
 
Assim que a vida e alma e esperança, 
E tudo quanto tenho, tudo é vosso, 
E o proveito disso eu só o levo. 
 
Porque é tamanha bem-aventurança 
O dar-vos quanto tenho e quanto posso, 
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo. 
 
Questão 2: (UFSCar-2003) 
A questão seguinte baseia-se no poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de 
Camões, do qual se reproduzem, a seguir, três estrofes. 
 
Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto) 
Que ficava nas praias, entre a gente, 
Postos em nós os olhos, meneando 
Três vezes a cabeça, descontente, 
A voz pesada um pouco alevantando, 
Que nós no mar ouvimos claramente, 
C’um saber só de experiências feito, 
Tais palavras tirou do experto peito: 
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça 
Desta vaidade a quem chamamos Fama! 
Ó fraudulento gosto, que se atiça 
C’uma aura popular, que honra se chama! 
Que castigo tamanho e que justiça 
Fazes no peito vão que muito te ama! 
Que mortes, que perigos, que tormentas, 
Que crueldades neles experimentas! 
Dura inquietação d’alma e da vida 
Fonte de desamparos e adultérios, 
Sagaz consumidora conhecida 
De fazendas, de reinos e de impérios! 
Chamam-te ilustre, chamam-te subida, 
Sendo digna de infames vitupérios; 
Chamam-te Fama e Glória soberana, 
Nomes com quem se o povo néscio engana.” 
 
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Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O Velho 
do Restelo. Nela, o velho 
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à 
procura de uma vida melhor. 
b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na 
cobiça e busca de fama. 
c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares 
até chegar às Índias. 
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão 
importante empresa. 
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem 
encontrar para buscar fama em outras terras. 
Comentário: Como já mencionado no texto, A passagem de Velho Restelo 
critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na 
cobiça e busca de fama. 
Gabarito: B 
 
Questão 3: VUNESP 
São os principais representantes, na literatura portuguesa, do Classicismo: 
a) Gregório de Matos, Augusto dos Anjos, Padre José de Anchieta e Almeida 
Garret. 
b) Luiz de Camões, Gregório de Matos, Augusto dos Anjos e Antero de 
Quental. 
c) Luiz de Camões, Sá de Miranda, Antônio Ferreira e Bernardim Ribeiro. 
d) Almeida Garret, Florbela Espanca, Eça de Queiroz e Antônio Ferreira. 
Comentário: Na letra A, temos a presença do Padre Antônio Vieira, presença 
do Barroco. Na letra B, temos a presença de Antero de Quentel, poeta do 
modernismo. Na letra D, Almeida Garret que é um escritor do romantismo e 
de Eça de Queiroz que é do realismo. Assim, o correto é a letra C. 
Gabarito: C 
 
BARROCO 
O Barroco português desenvolveu-se entre 1580 e 1756, época em que 
Portugal estava em profunda crise econômica e social devido ao domínio da 
monarquia espanhola. 
O melhor da produção barroca portuguesa encontra-se na obra do padre 
Antônio Vieira – político e pregador de inteligência e sensibilidade acuradas, 
que sintetizou como poucos os conflitos do homem barroco. 
Os sermões constituem o principal da obra de Vieira. Eles trazem a 
essência do estilo barroco: a tentativa de promover uma síntese entre matéria 
e espírito. Nos sermões, Vieira busca cativar o ouvinte despertando sua 
consciência e convidando-o a pensar e agir. 
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Observe um de seus sermões mais conhecidos, Sermão da sexagésima: 
“Ora suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes 
três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos 
entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por 
parte de Deus?” 
No que toca à organização do discurso, a estética barroca apresenta duas 
tendências (como já foi visto no PDF de Literatura Brasileira): o cultismo 
(também chamado gongorismo) e o conceptismo. O primeiro, influenciado pelo 
poeta espanhol Gôngora, é marcado pela linguagem rebuscada, ornamental e 
culta, valorizando a forma textual. Enquanto o segundo, baseado na poesia do 
espanhol Quevedo, caracteriza o racionalismo e o pensamento lógico que tem 
como principal objetivo convencer o leitor. 
 
Questão 4: (FUVEST-SP) 
A respeito do Padre Antônio Vieira, pode-se afirmar: 
a) Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de 
problemas locais. 
b) Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava. 
c) Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos 
mundanos. 
d) Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar todos os 
acontecimentos políticos e sociais. 
e) Mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos. 
Comentário: Vieira usou a retórica jesuítica para trabalhar idéias e conceitos 
bíblicos. 
Gabarito: B 
 
ARCADISMO 
Durante 1707 e 1750, no governo de João V de Portugal, houve 
alterações no país possibilitando a abertura intelectual e política de forma que 
o arcadismo chegasse até Portugal. 
Um marco importante para a época ocorre em 1756, com a fundação da 
“Arcádia Lusitana”, no qual era responsável por reunir os principais artistas 
para discussões sobre Arte. O “slogan” responsável por mover a corrente e 
difundir o movimento era “acabe-se com as inutilidades”. 
 As características são as mesmas apresentadas no PDF de Literatura 
Brasileira: é uma escola literária empenhada em apresentar um estilo de vida 
simples e bucólica, longe dos centros urbanos. 
Os principais autores são: Bocage, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da 
Gama, Frei José de Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga. 
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Falaremos, agora, um pouco de Bocage. Nasceu em Setúbal, em 15 de 
setembro de 1765. É preciso considerar que ele escreveu dois tipos de 
poemas: o lírico e o satírico. 
No aspecto lírico, a influência do Arcadismo limitou-se aos aspectos mais 
formais. No aspecto temático, a poesia de Bocage é pré-romântica, marcada 
pela luta interminável entre razão e sentimento, entre a razão e a emoção: 
 
“Razão, de que serve o teu socorro? 
Mandas-me amar, eu ardo, eu amo; 
Dizes-me que sossegue, eu penso, eu morro.” 
 
O aspecto satírico, Bocage ironizou contemporâneos seus, assim como o 
clero e a nobreza decadente. 
 
Questão 5: (FUVEST-SP) 
Bocage só não escreveu: 
a) poesia satírica e obscena; 
b) poesia lírica bucólica; 
c) poesia lírica reflexiva; 
d) poesia encomiástica e de circunstância; 
e) poesia épica. 
Comentário: Bocage não escreveu poesia épica. 
Gabarito: E 
 
ROMANTISMO 
 
O Romantismo floresceu em todos os países ocidentais. Em Portugal, a 
tendência se desenvolveu a partir de 1836, nessa época o país passava por 
uma profunda crise econômica, política e social. Apresenta como marco inicial 
a publicação, em 1825, do poema “Camões”, escrito por Almeida Garret 
durante seu exílio em Paris. 
Observe um fragmento deste poema: 
 
A situação do país se agravava com a invasão napoleônica e a 
independência econômica do Brasil, em 1820, iniciou-se uma revolução liberal 
para a modernização do país. 
Em 1836, as idéias românticas começaram a fluir, foram levadas da 
França e da Inglaterra pelos emigrados durante a revolução. 
Em Portugal, podemos considerar a existênciade duas gerações românticas: 
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- Primeira Geração: marcada por preocupações históricas e políticas; nela se 
destacam Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de 
Castilho. 
Falaremos, aqui, de Almeida Garret. Nasceu na cidade de Porto, em 
1799, e faleceu em Lisboa, em 1854. Em um primeiro momento, escreveu 
poemas com características árcades; em um segundo momento, podemos 
destacar poemas de caráter histórico, como “Camões” e “D. Branca”; em um 
terceiro momento encontramos uma poesia tipicamente romântica, como 
“Flores sem Fruto” e “Folhas Caídas”. 
 
- Segunda Geração: as características românticas estão definidas e 
amadurecidas; nela se destacam Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Soares 
dos Passos e João de Deus. 
Falaremos, aqui, de Camilo Castelo Branco. Nasceu em Lisboa, em 1825 
e faleceu em 1890, após suicídio com um tiro de pistola. Foi ele que fixou um 
gênero literário típico do Romantismo, e fácil consumo e bem próximo do 
público: a novela. Foram 54 novelas, entre as quais se destacam as de terror, 
satíricas, históricas e passionais. 
A partir de “Amor de perdição’ e “Amor de salvação”, Camilo nos dá a 
receita de seu sucesso como escritor: o contraste entre a mulher fatal e a 
mulher angelical e os obstáculos do amor. 
Observe, agora,um fragmento de “Amor de perdição”: 
“Ao romper da manhã apagara-se a lâmpada. Mariana saíra a pedir luz, e 
ouvira um gemido estertoroso. Voltado às escuras, com os braços estendidos 
para tatear a face do agonizante, encontrou a mão convulsa, que lhe apertou 
uma das suas, e relaxou de súbito a pressão dos dedos. 
 
Entrou o comandante com uma lâmpada, e aproximou-lha da respiração, que 
não embaciou levemente o vidro. 
 
- Está morto! - disse ele. 
 
Mariana curvou-se sobre o cadáver, e beijou-lhe a face. Era o primeiro beijo. 
Ajoelhou-se depois ao pé do beliche com as mãos erguidas, e não orava nem 
chorava. [...] 
 
Dois homens ergueram o morto ao alto sobre a amurada. Deram-lhe o balanço 
para o arremessarem longe. |E, antes que o baque do cadáver se fizesse ouvir 
na água, todos viram, e ninguém já pôde segurar Mariana, que se atirara ao 
mar. 
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À voz do comandante desamarraram rapidamente o bote, e saltaram homens 
para salvar Mariana. 
 
Salvá-la!... 
 
Viram-na, um momento, bracejar, não para resistir à morte, mas para abraçar-
se ao cadáver de Simão, que uma onda lhe atirou aos braços.” 
 
O fragmento acima foi o último capítulo do livro, é o típico exemplo de 
final romântico: a morte do triângulo amoroso: Simão, Teresa e Mariana. 
 
Questão 6: (Mackenzie -SP) 
É uma característica da obra de Camilo Castelo Branco: 
a) a influência rica em sua poesia de símbolos, imagens alegóricas e 
construções. 
b) a oscilação entre o lirismo e o sarcasmo, deixando páginas de autêntica 
dramaticidade, vibrando com personagens que comumente intervêm no 
enredo, tecendo comentários piedosos, indignados ou sarcásticos. 
c) a busca de uma forma adequada para conter o sentimentalismo do passado 
e das formas românticas. 
d) o fato de deixar ao mundo um alerta sobre o mal-estar trazido pela 
civilização moderna e industrializada. 
e) o apego ao conto como principal realização literária, através do qual se 
tornou um dos autores mais respeitados na literatura portuguesa. 
Comentário: O tom dramático e passional das novelas e romances de Camilo, 
muitas vezes é acompanhado de certo desengano, do qual resulta uma visão 
sarcástica e contundente. 
Gabarito: B 
 
REALISMO 
 
 Preocupando-se com a verdade dos fatos e a realidade concreta, o 
Realismo surge como reação ao idealismo e ao subjetivismo românticos. Inicia-
se na França, em 1857, com o romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, 
considerado o primeiro romance realista da literatura universal. 
Em Portugal, o Realismo começa com a polêmica entre seus partidários e 
seguidores do Romantismo – a chamada Questão Coimbrã (1865). Ela 
representou uma polêmica travada em 1865 entre os literatos portugueses: 
Antônio Feliciano de Castilho, escritor romântico português, e o grupo de 
estudantes da Universidade de Coimbra: Antero de Quental, Teófilo Braga e 
Vieira de Castro. 
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Além de ser o marco inicial do movimento realista em Portugal, ela 
representou uma nova forma de fazer literatura, trazendo à tona aspectos de 
renovação literária aliado as ideias que surgiram na época em torno de 
questões científicas. 
Na poesia destacam-se os poetas Antero de Quental e Cesário Verde. 
Antero de Quental: adotando uma postura oposta ao lirismo ultra-
romântico, defende a missão social da poesia e apresenta em sua obra uma 
busca filosófica da verdade através da própria experiência. 
Observe um fragmento de seu poema “O palácio de Ventura’: 
 
Sonho que sou um cavaleiro andante, 
Por desertos, por sóis, por noite escura, 
Paladino do amor, busco anelante 
O palácio encantado da Ventura! 
 
Mas já desmaio, exausto e vacilante 
Quebrada a espada já, rota a armadura... 
E eis que súbito o avisto, fulgurante 
Na sua pompa e aérea formosura! 
 
Com grandes golpes bato à porta e brado: 
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado... 
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais! 
 
Abrem-se as portas d'ouro com fragor... 
Mas dentro encontro só, cheio de dor, 
Silêncio e escuridão - e nada mais! 
 
 
Na prosa, destaca-se Eça de Queirós: admirador de Gustav Flaubert, 
Émile Zola e Honoré de Balzac, produz romances marcados pelo uso do 
determinismo e do impressionismo para construir críticas (à burguesia e ao 
clero, por exemplo). Dono de um estilo direto e contundente, é hábil na 
descrição de locais e comportamentos. O pessimismo, a ambição, o humor e a 
ironia com que constrói personagens são tipicamente realistas. 
Observe o fragmento do livro mais comentado do autor, O Primo Basílio: 
“A minha ambição seria pintar a sociedade portuguesa, e mostrar-lhe, 
como num espelho, que triste país eles formam – eles e elas. É o meu fim das 
cenas portuguesas. É necessário acutilar o mundo oficial, o mundo sentimental 
(...)” 
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O autor dedica-se a montar um vasto painel da sociedade portuguesa, 
retratando vários aspectos: a sociedade provinciana, a influência do clero, a 
pequena e média burguesia de Lisboa, etc. 
 
Questão 7: (FUVEST-SP) 
Ao criticar O Primo Basílio, Machado de Assis afirmou: “(…) a Luísa é um 
caráter negativo, e no meio da ação ideada pelo autor, é antes um títere que 
uma pessoa moral.” 
Títere é um boneco mecânico, acionado por cordéis controlados por um 
manipulador. Nesse sentido, as personagens que, principalmente, manipulam 
Luísa, determinando-lhe o modo de agir, são: 
a) Basílio e Juliana. 
b) Jorge e Justina. 
c) Jorge, Conselheiro Acácio e Juliana. 
d) Basílio, Leopoldina e Conselheiro Acácio. 
e) Jorge e Leopoldina. 
Comentário: Em sua crítica ao romance de Eça de Queirós, Machado de Assis 
condena uma das principais características da prosa de viés naturalista de 
Portugal: o determinismo biológico e social. 
Gabarito: A 
 
 
MODERNISMO 
 
Assim como o modernismo no Brasil, o modernismo em Portugal foi 
fruto das novas concepções estéticas que circulavam na Europa no início do 
século XX. Irreverente, contestador e anárquico, rompeu com os padrões até 
então vigentes ao proporuma nova linguagem, absolutamente diferente 
daquela adotada pelos poetas românticos e simbolistas. O modernismo teve 
início com a publicação do primeiro número de Orpheu- revista trimestral de 
literatura, em 1915. 
O ano de 1915 nos remete a outros fatos muito importantes, como: A 
Europa vivia a 1º guerra mundial, os meios artísticos estavam envolvidos pelas 
vanguardas européias, Portugal assistia as turbulências inicias do período 
republicano. Foi neste quadro que surgiu um dos mais fantásticos e polêmicos 
escritores: Fernando Pessoa e seus heterônimos. 
O Orfismo (1915-1927) corresponde à primeira fase do modernismo 
português. Recebeu esse nome por causa da revista Orpheu, primeira 
publicação a divulgar os ideais modernistas e as tendências culturais que 
circulavam na Europa no início do século XX. Foi fundada em 1915 por um 
grupo de escritores e artistas plásticos, entre eles Fernando Pessoa, Mário de 
Sá-Carneiro, Raul Leal, Almada Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho. 
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Os orfistas tinham como objetivo chocar a burguesia ao apresentar uma poesia 
livre da métrica e inserir a literatura portuguesa no contexto cultural europeu, 
que àquela época estava sob forte influência das tendências futuristas. 
 
Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes 
escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 
1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de 
novembro de 1935, vitimado por uma cirrose hepática. 
 
Pessoa passou a ter contato mais efetivo com a literatura portuguesa, 
principalmente Padre Antônio Vieira e Cesário Verde. Foi também influenciado 
pelos estudos filosóficos de Nietzsche e Schopenhauer. Recebeu também 
influências do simbolismo francês. 
 
O ortônimo e os heterônimos de Fernando Pessoa 
 
Fernando Pessoa usou em suas obras diversas autorias. Usou seu próprio 
nome (ortônimo) para assinar várias obras e pseudônimos (heterônimos) para 
assinar outras. Os heterônimos de Fernando Pessoa tinham personalidade 
própria e características literárias diferenciadas. São eles: 
 
Álvaro de Campos 
 
 Era um engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo 
simbolismo e futurismo, apresentava certo niilismo em suas obras, além, é 
claro, de grande lucidez. 
Observe um fragmento de um poema, o qual ele fala de si mesmo: 
 
Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa 
Aquele homem mal vestido, pedinte por profissão que se lhe vê na cara, 
Que simpatiza comigo e eu simpatizo com ele; 
E reciprocamente, num gesto largo, transbordante, dei-lhe tudo quanto tinha 
(Excepto, naturalmente, o que estava na algibeira onde trago mais dinheiro: 
Não sou parvo nem romancista russo, aplicado, 
E romantismo, sim, mas devagar…) 
 
Sinto uma simpatia por essa gente toda, 
Sobretudo quando não merece simpatia. 
Sim, eu sou também vadio e pedinte, 
E sou-o também por minha culpa. 
Ser vadio e pedinte não é ser vadio e pedinte: 
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É estar ao lado da escala social, 
É não ser adaptável ás normas da vida, 
Às normas reais ou sentimentais da vida(...) 
 
Ricardo Reis 
 
 Era um médico que escrevia suas obras com simetria e harmonia. O 
bucolismo estava presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e 
demonstrava grande interesse pela cultura latina. 
 Observe um fragmento de seu texto: 
 
 “ Mas tal como é, gozemos o momento, 
 Solenes na alegria levemente, 
 E aguardando a morte 
 Como quem a conhece” 
 
Alberto Caeiro 
 
 Com uma formação educacional simples (apenas o primário), este 
heterônimo fazia poesias de forma simples, direta e concreta. Suas obras estão 
reunidas em Poemas Completos de Alberto Caeiro. 
 Observe um fragmento de sua obra: 
 
“Sou um guardador de rebanhos. 
O rebanho é os meus pensamentos 
E os meus pensamentos são todos sensações. 
Penso com os olhos e com os ouvidos 
E com as mãos e os pés 
E com o nariz e a boca. 
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la 
E comer um fruto é saber-lhe o sentido. 
 
Por isso quando num dia de calor 
Me sinto triste de gozá-lo tanto, 
E me deito ao comprido na erva, 
E fecho os olhos quentes, 
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, 
Sei a verdade e sou feliz.” 
 
 Os heterônimos apresentavam diferentes visões de mundo e diferentes 
personalidades poéticas, como atesta o próprio autor: 
 
 “Multipliquei-me, para me sentir, 
Para me sentir, precisei sentir tudo, 
Transbordei-me, não fiz senão extravasar-me” 
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Principais obras de Fernando Pessoa: 
 
· Do Livro do Desassossego 
· Ficções do interlúdio: para além do outro oceano 
· Na Floresta do Alheamento 
· O Banqueiro Anarquista 
· O Marinheiro 
· Por ele mesmo 
 
Algumas poesias de Fernando Pessoa: 
 
· A barca 
· Aniversário 
· Autopsicografia 
· À Emissora Nacional 
· Amei-te e por te amar... 
· Antônio de Oliveira Salazar 
· Elegia na Sombra 
· Isto 
 
Segunda Fase: Presencialismo (1927–1940): O segundo momento 
modernista recebeu esse nome por causa da revista literária Presença, cujo 
primeiro exemplar foi publicado no ano de 1927. Fortemente influenciada pela 
revista Orpheu, a publicação foi a principal responsável por divulgar e dar 
continuidade às ideias modernistas, embora seus representantes tenham 
defendido uma literatura mais intimista, voltada para a introspecção e para o 
experimentalismo. O grupo encerrou suas atividades no ano de 1940, quando 
o mundo ainda vivia sob as tensões provocadas pela Segunda Guerra Mundial, 
era também o fim da época conhecida como modernismo. 
Seus principais representantes foram José Régio, Adolfo Rocha, João 
Gaspar Simões, Miguel Torga, Irene Lisboa, entre outros. 
Falaremos, aqui, de José Régio – pseudônimo de José Maria dos Reis 
Pereira. Nasceu em Vila do Conde, Portugal, em setembro de 1901. A principal 
característica de sua poesia é a dualidade, fruto de um intenso conflito entre: 
Deus e o Diabo, o bem e o mal, o amor espiritual e o carnal. 
 Leia um fragmento do poema “Cântico Negro”: 
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com olhos doces, 
Estendendo-me os braços, e seguros 
De que seria bom se eu os ouvisse 
Quando me dizem: "vem por aqui"! 
Eu olho-os com olhos lassos, 
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) 
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E cruzo os braços, 
E nunca vou por ali... 
 
A minha glória é esta: 
Criar desumanidade! 
Não acompanhar ninguém. 
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade 
Com que rasguei o ventre a minha mãe. 
 
Não, não vou por aí! Só vou por onde 
Me levam meus próprios passos... 
 
Se ao que busco saber nenhum de vós responde, 
Por que me repetis: "vem por aqui"? 
Prefiro escorregar nos becos lamacentos, 
Redemoinhar aos ventos, 
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, 
A ir por aí... 
 
Se vim ao mundo, foi 
Só para desflorar florestas virgens, 
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! 
O mais que faço não vale nada. 
 
Como, pois, sereis vós 
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem 
Para eu derrubar os meus obstáculos?... 
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, 
E vós amais o que é fácil! 
Eu amo o Longe e a Miragem, 
Amo os abismos, as torrentes, os desertos... 
 
Ide! tendes estradas, 
Tendes jardins, tendes canteiros, 
Tendes pátrias, tendes tetos, 
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.Eu tenho a minha Loucura! 
 
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, 
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... 
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Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém. 
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; 
Mas eu, que nunca principio nem acabo, 
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. 
Tendências contemporâneas 
Neorrealismo (1940-1974): surgiu em um conturbado contexto histórico-
social. A Europa sofria com as consequências de uma forte crise econômica, 
com a tirania de regimes totalitários e também com a constante tensão 
provocada pela Segunda Guerra Mundial. 
O neorrealismo teceu duras críticas ao individualismo e ao esteticismo — 
temas caros ao Presencialismo — e divulgou na literatura o pensamento 
marxista e a forte rejeição ao socialismo utópico. As revistas Seara Nova, Sol 
Nascente e o Diabo foram responsáveis por divulgar a estética neorrealista em 
Portugal. 
Dentre alguns nomes que tiveram destaque nesta época, podemos citar 
José Saramago. Nasceu em 1922, na província de Ribatejo. Ainda menino 
mudou-se para Portugal, onde viveu por um bom tempo. Alguns aspectos de 
sua obra merecem atenção: um dos mais significativos é a tentativa de 
reinterpretar o passado. Como exemplo, o Memorial do Convento, romance 
ambientado no século XVIII e que retoma a construção do gigantesco 
Convento de Mafra. 
Observe um fragmento do livro em que ele explica os motivos que o 
levaram a escrever: 
“A construção do convento de Mafra foi uma demonstração, entre outros, 
da megalomania de D.João V, graças à exploração do ouro e dos diamantes do 
Brasil. Ali foi enterrada uma fortuna incalculável. Mas é impossível apurar 
quanto, porque todos os documentos foram destruídos. Pois bem, sendo eu um 
homem de esquerda, com um pensamento marxista, não poderia deixar de me 
impressionar com o fato de 40 mil homens terem construído aquela obra...” 
Homens e mulheres que formam a massa anônima da plebe também 
estão representados em diversos outros romances do autor, como na família de 
trabalhadores rurais de “Levantando do Chão”. 
 
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Questão 8: UFMG 
Sobre o Modernismo português estão corretas as seguintes proposições: 
I. O Modernismo em Portugal costuma ser dividido em duas partes, Orfismo 
(primeira geração) e Presencismo (segunda geração), muito embora 
alguns estudiosos considerem os movimentos neorrealistas e surrealistas 
como vertentes modernistas. 
II. Entre os principais ideais dos presencistas, estavam a busca por uma 
literatura inovadora influenciada pelo Futurismo e pelo Cubismo, o 
rompimento com o passadismo da literatura de caráter histórico e a 
retratação do homem e seu espanto de existir. 
III. A Revista Presença, publicação literária de maior êxito durante os anos do 
Modernismo, foi responsável por divulgar os ideais do Presencismo, 
consolidando as conquistas dos escritores que representaram a primeira 
fase do movimento. 
IV. Surgido em um período de lutas de classes sociais e de crises religiosas, o 
Modernismo português foi marcado por uma literatura cuja linguagem 
refletia os estados de tensão da alma humana e que era permeada pelo 
rebuscamento e por figuras de linguagem de difícil compreensão. 
V. Marcado pelo subjetivismo, nostalgia, melancolia e combinação de vários 
gêneros literários, o Modernismo português marcou o fim do 
Neoclassicismo, instaurando um novo modo de expressão em Portugal e 
em toda a Europa. 
a) I e III. 
b) Todas estão corretas. 
c) II, IV e V. 
d) I e II. 
e) III e IV. 
Comentário:Em II, temos características do Orfismo; em IV, temos 
características do Barroco; e em V, características do Romantismo. 
Gabarito: A 
 
Questão 9: UFAL 
Estão, entre os principais escritores do modernismo português (do Orfismo ao 
Surrealismo): 
a) Eça de Queiros, Antero de Quental, Florbela Espanca e Fernando Pessoa. 
b) José Saramago, Graciliano Ramos, Eugênio de Castro e Euclides da Cunha. 
c) Fernando Pessoa, José Régio, Fernando Namora e Alexandre O'Neill 
d) Sophia de Mello Breyner Andresen, Camilo Castelo Branco, Mário de Sá-
Carneiro e Cesário Verde. 
e) Almeida Garrett, Júlio Dinis, José Agostinho de Macedo e Miguel Torga. 
Comentário: Fernando Pessoa foi fundador e um dos principais 
representantes do Orfismo; José Régio é considerado o principal escritor e 
teórico do Presencismo; Fernando Namora é um dos principais nomes do 
Neorrealismo, e Alexandre O'Neill, do Surrealismo. 
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Gabarito: C 
 
Questão 10: (UNIFESP) 
Considere os fragmentos a seguir. 
Texto I 
Ao longo do sereno 
Tejo, suave e brando, 
Num vale de altas árvores sombrio, 
Estava o triste Almeno 
Suspiros espalhando 
Ao vento, e doces lágrimas ao rio. 
Luís de Camões. Ao longo do sereno. 
Texto II 
Bailemos nós ia todas três, ay irmanas, 
so aqueste ramo destas auelanas 
e quen for louçana, como nós, louçanas, 
se amigo amar, 
so aqueste ramo destas auelanas 
uerrá baylar. 
Aires Nunes. In: Nunes, J.J., Crestomatia arcaica. 
Texto III 
Tão cedo passa tudo quanto passa! 
morre tão jovem ante os deuses quanto 
Morre! Tudo é tão pouco! 
Nada se sabe, tudo se imagina. 
Circunda-te de rosas, ama, bebe 
E cala. O mais é nada. 
Fernando Pessoa. Obra poética. 
Texto IV 
Os privilégios que os Reis 
Não podem dar, pode Amor, 
Que faz qualquer amador 
Livre das humanas leis. 
Mortes e guerras cruéis, 
Ferro, frio, fogo e neve, 
Tudo sofre quem o serve. 
Luís de Camões. Obra completa. 
Texto V 
As minhas grandes saudades 
São do que nunca enlacei. 
Ai, como eu tenho saudades 
Dos sonhos que nunca sonhei!... 
Mário de Sá-Carneiro. Poesias. 
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Assinale a alternativa que contém textos de autoria de poetas do Modernismo 
português. 
a) I e V. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) III e V. 
e) IV e V. 
Comentário: Luís de Camões, um dos maiores nomes da literatura em língua 
portuguesa, é representante do Classicismo. Aires Nunes é representante do 
Trovadorismo, primeiro movimento literário da língua portuguesa, surgido em 
um período no qual a escrita era pouco difundida, por esse motivo, os poetas 
transmitiam suas poesias oralmente. Assim sendo, os primeiros textos 
receberam o nome de cantigas, tradicionalmente divididas em cantigas de 
amor, de amigo, escárnio e maldizer. Assim, alternativa correta é a D. 
Gabarito: D 
 
 
Questão 1: (FUVEST-SP) 
Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto afirmar que: 
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teocentrismo, o feudalismo 
e valores altamente moralistas. 
b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada 
por setores mais baixos da sociedade. 
c) pode ser dividida em lírica e satírica. 
d) em boa parte de sua realização, teve influência provençal. 
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores, expressam o 
eu-lírico feminino. 
 
Questão 2: (UFSCar-2003) 
A questão seguinte baseia-se no poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de 
Camões, do qual se reproduzem, a seguir, três estrofes. 
 
Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto) 
Que ficava nas praias, entre a gente, 
Postos em nós os olhos, meneando 
Três vezes a cabeça, descontente, 
A voz pesada um pouco alevantando, 
Que nós no mar ouvimos claramente, 
C’um saber só de experiências feito, 
Tais palavras tirou do expertopeito: 
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“Ó glória de mandar, ó vã cobiça 
Desta vaidade a quem chamamos Fama! 
Ó fraudulento gosto, que se atiça 
C’uma aura popular, que honra se chama! 
Que castigo tamanho e que justiça 
Fazes no peito vão que muito te ama! 
Que mortes, que perigos, que tormentas, 
Que crueldades neles experimentas! 
Dura inquietação d’alma e da vida 
Fonte de desamparos e adultérios, 
Sagaz consumidora conhecida 
De fazendas, de reinos e de impérios! 
Chamam-te ilustre, chamam-te subida, 
Sendo digna de infames vitupérios; 
Chamam-te Fama e Glória soberana, 
Nomes com quem se o povo néscio engana.” 
 
Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O Velho 
do Restelo. Nela, o velho 
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à 
procura de uma vida melhor. 
b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na 
cobiça e busca de fama. 
c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares 
até chegar às Índias. 
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão 
importante empresa. 
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem 
encontrar para buscar fama em outras terras. 
 
Questão 3: VUNESP 
São os principais representantes, na literatura portuguesa, do Classicismo: 
a) Gregório de Matos, Augusto dos Anjos, Padre José de Anchieta e Almeida 
Garret. 
b) Luiz de Camões, Gregório de Matos, Augusto dos Anjos e Antero de 
Quental. 
c) Luiz de Camões, Sá de Miranda, Antônio Ferreira e Bernardim Ribeiro. 
d) Almeida Garret, Florbela Espanca, Eça de Queiroz e Antônio Ferreira. 
 
Questão 4: (FUVEST-SP) 
A respeito do Padre Antônio Vieira, pode-se afirmar: 
e) Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de 
problemas locais. 
f) Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava. 
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g) Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos 
mundanos. 
h) Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar todos os 
acontecimentos políticos e sociais. 
e) Mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos. 
 
Questão 5: (FUVEST-SP) 
Bocage só não escreveu: 
a) poesia satírica e obscena; 
b) poesia lírica bucólica; 
c) poesia lírica reflexiva; 
d) poesia encomiástica e de circunstância; 
e) poesia épica. 
 
Questão 6: (Mackenzie -SP) 
É uma característica da obra de Camilo Castelo Branco: 
a) a influência rica em sua poesia de símbolos, imagens alegóricas e 
construções. 
b) a oscilação entre o lirismo e o sarcasmo, deixando páginas de autêntica 
dramaticidade, vibrando com personagens que comumente intervêm no 
enredo, tecendo comentários piedosos, indignados ou sarcásticos. 
c) a busca de uma forma adequada para conter o sentimentalismo do passado 
e das formas românticas. 
d) o fato de deixar ao mundo um alerta sobre o mal-estar trazido pela 
civilização moderna e industrializada. 
e) o apego ao conto como principal realização literária, através do qual se 
tornou um dos autores mais respeitados na literatura portuguesa. 
 
Questão 7: (FUVEST-SP) 
Ao criticar O Primo Basílio, Machado de Assis afirmou: “(…) a Luísa é um 
caráter negativo, e no meio da ação ideada pelo autor, é antes um títere que 
uma pessoa moral.” 
Títere é um boneco mecânico, acionado por cordéis controlados por um 
manipulador. Nesse sentido, as personagens que, principalmente, manipulam 
Luísa, determinando-lhe o modo de agir, são: 
a) Basílio e Juliana. 
b) Jorge e Justina. 
c) Jorge, Conselheiro Acácio e Juliana. 
d) Basílio, Leopoldina e Conselheiro Acácio. 
e) Jorge e Leopoldina. 
 
 
 
 
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Questão 8: UFMG 
Sobre o Modernismo português estão corretas as seguintes proposições: 
I. O Modernismo em Portugal costuma ser dividido em duas partes, Orfismo 
(primeira geração) e Presencismo (segunda geração), muito embora 
alguns estudiosos considerem os movimentos neorrealistas e surrealistas 
como vertentes modernistas. 
II. Entre os principais ideais dos presencistas, estavam a busca por uma 
literatura inovadora influenciada pelo Futurismo e pelo Cubismo, o 
rompimento com o passadismo da literatura de caráter histórico e a 
retratação do homem e seu espanto de existir. 
III. A Revista Presença, publicação literária de maior êxito durante os anos do 
Modernismo, foi responsável por divulgar os ideais do Presencismo, 
consolidando as conquistas dos escritores que representaram a primeira 
fase do movimento. 
IV. Surgido em um período de lutas de classes sociais e de crises religiosas, o 
Modernismo português foi marcado por uma literatura cuja linguagem 
refletia os estados de tensão da alma humana e que era permeada pelo 
rebuscamento e por figuras de linguagem de difícil compreensão. 
V. Marcado pelo subjetivismo, nostalgia, melancolia e combinação de vários 
gêneros literários, o Modernismo português marcou o fim do 
Neoclassicismo, instaurando um novo modo de expressão em Portugal e 
em toda a Europa. 
a) I e III. 
b) Todas estão corretas. 
c) II, IV e V. 
d) I e II. 
e) III e IV. 
 
Questão 9: UFAL 
Estão, entre os principais escritores do modernismo português (do Orfismo ao 
Surrealismo): 
a) Eça de Queiros, Antero de Quental, Florbela Espanca e Fernando Pessoa. 
b) José Saramago, Graciliano Ramos, Eugênio de Castro e Euclides da Cunha. 
c) Fernando Pessoa, José Régio, Fernando Namora e Alexandre O'Neill 
d) Sophia de Mello Breyner Andresen, Camilo Castelo Branco, Mário de Sá-
Carneiro e Cesário Verde. 
e) Almeida Garrett, Júlio Dinis, José Agostinho de Macedo e Miguel Torga. 
 
Questão 10: (UNIFESP) 
Considere os fragmentos a seguir. 
Texto I 
Ao longo do sereno 
Tejo, suave e brando, 
Num vale de altas árvores sombrio, 
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Estava o triste Almeno 
Suspiros espalhando 
Ao vento, e doces lágrimas ao rio. 
Luís de Camões. Ao longo do sereno. 
Texto II 
Bailemos nós ia todas três, ay irmanas, 
so aqueste ramo destas auelanas 
e quen for louçana, como nós, louçanas, 
se amigo amar, 
so aqueste ramo destas auelanas 
uerrá baylar. 
Aires Nunes. In: Nunes, J.J., Crestomatia arcaica. 
Texto III 
Tão cedo passa tudo quanto passa! 
morre tão jovem ante os deuses quanto 
Morre! Tudo é tão pouco! 
Nada se sabe, tudo se imagina. 
Circunda-te de rosas, ama, bebe 
E cala. O mais é nada. 
Fernando Pessoa. Obra poética. 
Texto IV 
Os privilégios que os Reis 
Não podem dar, pode Amor, 
Que faz qualquer amador 
Livre das humanas leis. 
Mortes e guerras cruéis, 
Ferro, frio, fogo e neve, 
Tudo sofre quem o serve. 
Luís de Camões. Obra completa. 
Texto V 
As minhas grandes saudades 
São do que nunca enlacei. 
Ai, como eu tenho saudades 
Dos sonhos que nunca sonhei!... 
Mário de Sá-Carneiro. Poesias. 
Assinale a alternativa que contém textos de autoria de poetas do Modernismo 
português. 
a) I e V. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) III e V. 
e) IV e V. 
 
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