Prévia do material em texto
1 ANATOMIA As adrenais são glândulas piramidais localizadas no polo superior dos rins, pesam em torno de 4 gramas, são ricamente vascularizadas por vários ramos provindos da aorta (aa. Frênicas e aa. Renais) e drenadas pelas veias adrenais que desembocam na veia cava. Pela sua alta vascularização, as glândulas adrenais são locais de vasta metastatização, principalmente de cânceres de pulmão e mama. Ademais, também pela alta vascularização, o paciente em choque pode sofrer infartos e hemorragias com mais facilidades nessa região. DIVISÃO DA GLÂNDULA Sua divisão é: córtex e medula. O córtex é divido em: • Zona glomerulosa, mais superficialmente e produtora de ALDOSTERONA. – 15% • Zona fasciculada, ao meio, sendo a maior zona e produtora de CORTISOL. – 75% • A zona reticulada é a mais profunda e menor do córtex, produz ANDROGÊNIOS ADRENAIS. – 10% A medula é responsável pela produção de ADRENALINA E NORADRENALINA. EMBRIOLOGIA O córtex é representante de 90% da glândula e sua origem é diferente da origem da medula, sendo originado através do tecido mesodérmico. A medula representa os outros 10% da glândula e origina-se de uma subpopulação de células na crista neural. Córtex adrenal Tecido mesodérmico Medula adrenal Crista neural FUNÇÃO A função das adrenais é de manter a homeostasia cardiovascular, metabólica e imunológica. Elas desempenham na regulação da resposta adaptativa do organismo, ao estresse, na manutenção do equilíbrio da água corporal, do sódio e do potássio, bem como no controle da pressão arterial. Em suma, os hormônios produzidos são essenciais para a vida. Funções das adrenais • Manutenção da homeostasia cardiovascular, metabólica e imunológica. • Regulação da resposta adaptativa do organismo ao estresse. • Manutenção do equilíbrio da água corporal, sódio e potássio. • Controle da pressão arterial ESTEROIDOGÊNESE ADRENAL A esteroidogênese adrenal é o processo de formação de todos os hormônios da glândula adrenal. Os hormônios esteroides adrenais são produzidos por colesterol LDL em 90% e por colesterol produzido pela adrenal em 10%. Obs. As abetalipoproteinemias são condições em que o indivíduo não consegue fabricar LDL. As células do córtex adrenal têm receptores BE, capazes de captar LDL circulante para síntese hormonal. Quando captado, é desesterificado, ficando em sua forma livre, sendo então transportado da membrana externa da mitocôndria para a membrana interna através da DOENÇAS DAS GLÂNDULAS ADRENAIS 2 proteína regulatória aguda esteroidogênica – StAR, que é estimulada pelo ACTH. Com o LDL dentro da mitocôndria → esteroidogênese. Em suma: necessitamos de colesterol para a produção de hormônios adrenais, onde 90% é LDL que é captado pelas células do córtex adrenal através dos receptores BE e 10% desse colesterol é produzido pela própria glândula. Com a captação do colesterol pela célula através dos receptores BE, há a sua desesterificação, e então a proteína StAR, que é estimulada pelo ACTH, será a responsável por transporta-lo membrana externa da mitocôndria para a membrana interna, uma vez que ocorre essa entrada, a esteroidogênese acontece. E QUANDO HÁ DEFICIÊNCIA DE LDL, RECEPTORES BE E/OU STAR? A adrenal consegue sintetizar o seu próprio colesterol pelo estímulo da enzima HMGCoA- redutase, ou seja, pacientes que apresentam deficiência de LDL (abetalipoproteinemia), receptores BE (hipercolesterolemia familiar) ou StAR, ainda assim conseguem sintetizar hormônios esteroides, mesmo que em pouca quantidade. Ou seja, as abetalipoproteinemias não causam insuficiência adrenal. A enzima HMGCoa-redutase é a responsável pela síntese desse colesterol. Obs. As estatinas são responsáveis pela inibição da enzima HMGCoA-redutase, reduzindo assim os níveis de colesterol. Obs. Além da glândula adrenal, o fígado é outro órgão capaz de produzir colesterol. ESTEROIDOGÊNESE 1. O ACTH é o principal regulador da glândula adrenal. 2. O ACTH é possuidor da proteína StAR (proteína regulatória) → esta primeira é a etapa limitante de todo o processo da esteroidogênese. Isso quer dizer que: aumento de proteína StAR causa aumento na produção de esteróis, assim como a proteína StAR diminuída, diminui a produção dos esteróis. Sendo o ACTH, responsável por ativar e inibir StAR → 3. Logo, o ACTH é capaz de ativar a proteína StAR, o que faz com que o colesterol entre na célula, passando da membrana externa para a membrana interna da mitocôndria, onde é feito todo o processo enzimático de produção dos hormônios. Logo, a falta de ACTH dificulta a entrada de colesterol na célula, impactando a produção hormonal provinda da adrenal. Logo, qual a etapa LIMITANTE do processo de esteroidogênese adrenal? Etapa de regulação da proteína StAR. Cada zona possui suas enzimas, com seu produto ao final. Ex. aldosterona sendo produzida na zona glomerulosa, cortisol na zona fasciculada e testosterona na zona reticulada. Há enzimas em certas zonas que não são as mesmas de outras zonas, por isso os produtos são diferentes. A enzima CYP21A2, também chamada de 21- hidroxilase está tanto na zona glomerulosa como na zona fasciculada. Obs. A falta da 21-hidroxilase é a causa da hiperplasia adrenal congênita, a principal falta de doença adrenal na infância. Alguns nascem totalmente sem a enzima (forma clássica da hiperplasia), outros nascem sem a enzima parcialmente (forma não clássica da hiperplasia). Logo, observando o esquema da imagem, se falta 21-hidroxilase, o que é produzido através dela vai estar diminuído e o que precede a sua ação vai estar aumentado → os metabólitos antes da enzima vão estar aumentados → progesterona e 17-OH- progesterona. Logo, o excesso de progesterona e 17-hidroxi-progesterona pela falta de 21-hidroxilase, há uma superprodução de andrógenos. Isso acontece pois todo o substrato vai para a zona reticulada, formadora de andostrenediona e assim, mais testosterona. 3 Obs. Tendo em vista isso, sei que na hiperplasia adrenal congênita, vou ter um paciente androgeneizado, ou seja, masculinizado pelo aumento de testosterona. Criança que nasce com muitos pelos ou clitoromegalia, por exemplo. Esse paciente que tem deficiência de 21-hidroxilase terá excesso de testosterona, mas será deficiente em cortisol e aldosterona, assim: o paciente terá alterações em volemia, sódio e potássio. __________________________________________________ Na zona glomerulosa, o ACTH não é tão potente, regulando apenas de 10-20% da zona glomerulosa. O maior fator regulador (80%) da zona glomerulosa é o status de volemia do paciente. Exemplo: um paciente com hipovolemia causada por diarreia e vômitos, levando a desidratação → o rim possui a macula densa dentro do aparelho justaglomerular, no evento de uma hipovolemia, há liberação de renina pela menor chegada de sangue → angiotensina I → angiotensina II → produção de aldosterona → a aldosterona reabsorve sódio e excreta potássio, afim de restaurar o volume normal. Obs. A deficiência da enzima 21-hidroxilase resulta na deficiência de aldosterona e de corticoides, além de superprodução andrógena. Dois grupos de enzimas fazem parte da esteroidogênese adrenal: citocromo P450 (catalisam reações irreversíveis) e hidroxiesteroides desidrogenases - HSD (catalisam reações reversíveis). FISIOLOGIA ADRENAL SEGUNDO O VILAR: As glândulas adrenais (ou suprarrenais) são constituídas de dois componentes diferentes: o córtex (local de produção dos esteroides adrenais, os glicocorticoides, os mineralocorticoides e os androgênios) e a medula (local de produção das catecolaminas). O córtex responde por cerca de 90% do peso das adrenais e consiste em três zonas, com distintas característicasmorfológicas e funcionais: a zona glomerulosa, que constitui a única fonte do mineralocorticoide aldosterona; a zona fasciculada, que produz os glicocorticoides (cortisol e corticosterona) e os androgênios (deidroepiandrosterona [DHEA], sulfato de DHEA e androstenediona); e a zona reticular, que se desenvolve a partir dos 2 anos de idade e também produz glicocorticoides e androgênios. O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também chamado corticotrofina, é produzido pelas células corticotróficas da hipófise anterior e estimula a síntese dos glicocorticoides e androgênios adrenais. A secreção de ACTH é regulada pelo hormônio liberador da corticotrofina (CRH), produzido pelo hipotálamo. O cortisol (principal glicocorticoide) inibe a biossíntese e a secreção de CRH e de ACTH, em um exemplo clássico de retroalimentação hormonal (feedback) negativa. O ACTH também pode retroalimentar negativamente o hipotálamo. Isso permite que o sinal original seja inibido quando os níveis plasmáticos de ACTH ou cortisol se tornem muito altos. Esse circuito estreitamente regulado é conhecido como o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA). A secreção de catecolaminas é regulada pelo sistema nervoso simpático e é também estimulada pelo cortisol. Epinefrina e norepinefrina, por sua vez, podem estimular a secreção de ACTH. A síntese da aldosterona na zona glomerulosa, principal mineralocorticoide, é primariamente regulada pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona e pelos níveis séricos de potássio (K+), com efeito mínimo do ACTH. Por isso, na deficiência de ACTH (IA secundária), a secreção de aldosterona encontra-se normal. A secreção de aldosterona aumenta principalmente em resposta a quedas na pressão arterial e no volume sanguíneo (mediados pela angiotensina II) e pela hipercalemia. A aldosterona leva à retenção de Na+, aumento moderado da secreção de hidrogênio (H+) e aumento da excreção de K+. Também aumenta o número de moléculas de sódio (Na+)-K+-ATPase nas células-alvo. A pró-opiomelanocortina (POMC) é um pró-hormônio precursor sintetizado pelos corticotrofos da adeno-hipófise. Sua clivagem proteolítica origina ACTH, βendorfina, e os hormônios estimulantes dos melanócitos α, β e γ (MSH; do inglês, melanocyte-stimulating hormones). O CRH aumenta a transcrição do gene da POMC na hipófise anterior, bem como os níveis citoplasmáticos de seu RNA mensageiro. Os efeitos biológicos dos peptídeos derivados da POMC são mediados, em grande parte, pelos receptores de melanocortina (MCR; do inglês, melanocortin receptors), dos quais cinco foram descritos. O MC1R, o MC2R e o MC5R desempenham funções definidas na pele, na produção de hormônios esteroides adrenais e na termorregulação, respectivamente. O MC4R é expresso no cérebro e foi implicado no comportamento alimentar, bem como na regulação do apetite. O papel do MC3R não está bem definido. O ACTH liberado na 4 circulação se liga a MC2R na zona fasciculada do córtex adrenal, predominantemente para estimular a síntese de glicocorticoides. REGULAÇÃO DA SÍNTESE HORMONAL ZONA GLOMERULOSA A zona glomerulosa é produtora de aldosterona e sua regulação é feita principalmente pelo nível de volemia do paciente, sendo o ACTH, menos participante (10-20%). A diminuição do volume plasmático aumenta renina, angiotensina I e então angiotensina II, que então leva a adrenal a liberar mais aldosterona, que reabsorve sódio e água e aumenta a secreção de potássio, restaurando o volume plasmático. ZONA FASCICULADA A zona fasciculada é produtora de cortisol e sua regulação é feita principalmente pelo ACTH. O hipotálamo produz CRH → o CRH ao chegar na hipófise produz ACTH → o ACTH estimula a glândula adrenal a produzir cortisol. Há ainda uma retroalimentação negativa: o aumento no cortisol inibe o eixo, inibindo a produção de ACTH. Outra coisa que favorece a produção de cortisol é o estresse (físico e emocional) → o estresse aumenta a produção de CRH → ACTH → cortisol circulante. ZONA RETICULADA A zona reticulada é responsável pela formação dos andrógenos adrenais: • DHEA → forma ativa • S-DHEA → forma inativa circulante • Androstenediona – ACTH A regulação principal dessa produção hormonal é feita pelo ACTH. Quando se usa muita dehidroepiandrosterona (DHEA), o sulfato de dehidroepiandrosterona (S- DHEA) para formais mais dehidroepiandrosterona. No mesmo sentido, o excesso de DHEA é transformado em S-DHEA para estoque. O sulfato de dehidroepiandrosterona é mais fácil de dosar no sangue e mais confiável, porém não mostram variação diurna. 5 INTRODUÇÃO Como a maioria das doenças hormonais, a insuficiência adrenal pode ser primária ou secundária. A insuficiência adrenal primária é conhecida também como doença de Addison, que é resultante da destruição de 90% ou mais do córtex da adrenal, levando a produção subnormal de cortisol, aldosterona e andrógenos. A doença de Addison ocorre principalmente por causa autoimune, mas não é sua única causa, podendo ocorrer por tuberculose, por exemplo. A insuficiência adrenal secundária ocorre por um comprometimento na glândula hipófise, levando assim à um comprometimento da produção de ACTH ou pode ocorrer por um comprometimento hipotalâmico, afetando a produção de CRH. A deficiência crônica de ACTH resulta principalmente da sua supressão pelo uso de corticosteroides de forma prolongada, sendo a principal causa de insuficiência adrenal secundária. Obs. Se tenho deficiência de ACTH (insuficiência adrenal secundária), quais as zonas do córtex serão mais afetadas? Fasciculada e reticulada, pois a glomerulosa depende mais de volemia para funcionar do que do ACTH. Já se o paciente tem insuficiência primária, há manifestações de zona glomerulosa, como hiponatremia + hipercalemia. Insuficiên cia adrenal primária • Destruiçã o de 90% ou mais do córtex adrenal • Produção subnormal de cortisol, aldosterona, andrógenos. Insuficiên cia adrenal secundár ia • Acometi mento hipotalâ mico – CRH. • Acometi mento hipofisári o – ACTH. • Comprometi mento na produção de CRH. • Comprometi mento na produção de ACTH. • Comprometi mento na produção de hormônios adrenais. INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA • Incidência de 0,8 casos a cada 100mil habitantes e prevalência de 4-11 casos a cada 100mil habitantes. ETIOLOGIA: • A sua principal causa é a adrenalite autoimune – AAI. O anticorpo mais importante é o anticorpo anti-21-hidroxilase. • A segunda maior causa é a infecciosa, tendo como principal exemplo a tuberculose. • Hemorragia e trombose. • Fármacos → alguns fármacos inibem o processo de esteroidogênese. • Metástases (CA de mama e pulmão). ADDISON AUTOIMUNE Uma doença autoimune “caminha junto” com outras e quando temos mais de uma doença autoimune, chamamos isso de doença poliglandular autoimune ou síndromes poliglandulares autoimunes – SPA. O principal é o tipo 2, por ser a mais comum. Consiste em doença tireoidiana autoimune, podendo ser de hashimoto ou graves, associada a diabetes mellitus do tipo 1 e doença de Addison. Vale ressaltar que nem sempre as 3 caminham juntas, mas posso ter uma Doença de Addison + doença tireoidiana autoimune. Nesses casos, o medico não pode deixar de investigar se o paciente tem o Anti-TPO positivo, ou seja, uma doença autoimune de tireoide, caso ele seja portador de INSUFICIÊNCIA ADRENAL 6 DM1. Em suma, no diabético do tipo 1, devo pesquisar outras doenças autoimunes como Addison e doenças tireoidianas autoimunes para saber se ele tem uma SPA. Na doença de Addison autoimune há presença de autoanticorpos anticórtex adrenal – ACA no soro. • ACA: imunoglobulinas IgG1, IgG2 e IgG4. • Efeitocitotóxico: direto sobre as células adrenais, causando opsonização e ativação de monócitos. • ACA estão presentes em 64-89% dos casos. O anticorpo mais sensível e específico da insuficiência adrenal autoimune é o anticorpo anti- 21-hidroxilase. Quando eu tenho a presença do anticorpo, para fazer o diagnóstico de insuficiência adrenal primária, faço a dosagem de 17- hidroxiprogesterona, que como mostrado no esquema da esteroidogênese, estará aumentada quando eu não tenho 21-hidroxilase. • O anticorpo contra P450ssc e a 17-alfa- hidroxilase são menos prevalentes, exceto em pacientes com SPA tipo 1 e na doença de Addison com falência ovariana precoce. • 17-hidroxiprogesterona: descartar hiperplasia adrenal congênita por deficiência de 21-hidroxilase, especialmente em crianças. Ex. criança de baixa estatura e excesso de pelos → será que a criança não está hiperandrogenizada? Peço 17-hidroxiprogesterona para avaliar. Toda doença autoimune tem sua fase pré-clínica, onde só o anticorpo é positivo, tem também uma fase subclínica e uma fase clínica. A doença de Adisson é crônica e tem um longo período pré clínico silencioso. Suas fases são: • Potencial (ACA + sem clínica) • Latente ou subclínica (> APR e aldosterona normal) • Clínica ADDISON DE CAUSA INFECCIOSA Tuberculose: • Segunda causa mais comum Paracoccidioidomicose: • Endêmica no sul, sudeste e CO. • Paracoccidioides brasiliensis Histoplasmose – EUA AIDS: • Infecções oportunistas ADDISON CAUSADA POR FÁRMACOS Medicamentos que inibem a esteroidogênese adrenal: • Cetoconazol, fluconazol, itraconazol • Etomidato Medicamentos que aumentam a depuração dos esteroides adrenais: • Rifampicina, fenitoína e fenobarbital ADDISON CAUSADA POR DOENÇAS GENÉTICAS Adrenoleucodistrofia – ALD: • Herança recessiva ligada ao X • Mutação do gene ABCD1 e ABCD2 • Incidência de 1:17000 a 25000 • 3ª causa de insuficiência adrenal em indivíduos do sexo masculino 7 Mecanismo: a proteína transportadora anormal dentro de peroxissomos, impedindo a oxidação de ácidos graxos de cadeia muito longa. Ocorre acúmulo no cérebro, córtex adrenal, testículos, fígado e plasma. ADL cerebral: • Infância – 5-12 anos • IA primária precede os sintomas neurológicos em 30% dos casos • Labilidade emocional, distúrbios visuais e da marcha, progredindo para cegueira e tetraplegia Adrenomieloneuropatia: • Segunda a quarta década de vida • Desmielinização do cordão medular e nervos periféricos Na adrenoleucodistrofia há concentração de ácidos graxos de cadeia muito longa – AGCML → á dosagem desses ácidos graxos no sangue que leva ao diagnóstico. Tratamento: • Ácidos graxos monoinsaturados, que bloqueiam a síntese de AGCML. • Ácido erúcico e ácido oleico – óleo de Lorenzo • O tratamento NÃO altera a deterioração neurológica, mas pode prevenir o dano neurológico em casos assintomáticos • Transplante de medula INSUFICIÊNCIA ADRENAL SECUNDÁRIA A principal causa de insuficiência adrenal secundária decorre do uso de corticoides em forma crônica e em doses suprafisiológicas; • Doses equivalentes a mais de 30mg de hidrocortisona/dia (7,5mg de prednisolona/ 0,75mg de dexametasona) por mais de 3 semanas. • Falha no ajuste da dose de reposição adequada em situações de estresse. Obs. Um paciente com doenças autoimunes pode desenvolver uma insuficiência adrenal secundária se retirarem os corticoides sem desmame. Em casos de doses >/= 7,5mg por menos de 3 semanas eu retiro a droga sem precisar de desmame. Caso passe de 3 semanas o desmame precisa ser feito. QUADRO CLÍNICO INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA Na insuficiência adrenal primária, os sintomas costumam ser inespecíficos. • Na doença de Addison, a manifestação clínica ocorre quando pelo menos 90% do tecido adrenocortical está destruído. Dentre os principais: • Hiperpigmentação → na insuficiência adrenal primária, temos resposta do eixo hipotálamo hipófise → aumento no ACTH → o ACTH é produzido através da próopiomelanocortina → ocorre hiperpigmentação, ocorrendo especificamente na primária. Hiperpigmentação principalmente na palma das mão, mucosa e regiões de dobras. • Astenia • Fraqueza • Anorexia • Perda de peso • Hipotensão INSUFICIÊNCIA ADRENAL SECUNDÁRIA • Ausência de hiperpigmentação → aqui o ACTH estará diminuído. • Ausência de depleção de volume e hipercalcemia (mineralocorticoides preservados) • Sinais e sintomas de hipopituitarismo • Sintomas compressivos → cefaleia e distúrbios visuais DIAGNÓSTICO O primeiro teste a ser solicitado na suspeita de insuficiência adrenal é a dosagem do cortisol sérico basal às 8h. • Em casos de resultado </= 3ug/dL há confirmação de insuficiência adrenal. • Se o cortisol for >/= 18ug/dL há exclusão de insuficiência adrenal. • Um resultado entre 3ug/dL e 18ug/dL é duvidoso. Em casos duvidosos, o que deve ser feito é passar para um teste de estímulo: • Teste da estimulação rápida com ACTH. 8 • iTT • Teste do glucagon • Teste do CRH O médico generalista deve sempre solicitar o cortisol sérico basal de 8h. ITT O iTT (teste de tolerância à insulina) é o principal exame de estímulo. A hipoglicemia é um teste potente para avaliar o aumento de ACTH e por consequência, cortisol. Como o iTT é feito: é administrada insulina regular (0,05U/Kg EV) para que o paciente faça uma hipoglicemia <40mg/dL, então é feita a dosagem do seu cortisol basal em 30 e em 60 minutos após, normalmente deverá estar >18ug/dL pelo alto nível de estresse. Se <18ug/dL é dito que há insuficiência adrenal total ou parcial. Contraindicações do iTT: • Idosos • Doenças cardiovasculares • Doenças cerebrovasculares • Epilepsia Em contraindicados, realizar algum dos outros testes. ACHADOS LABORATORIAIS DA INSUFICIÊNCIA ADRENAL • Anemia normocítica e normocrômica • Eosinofilia/ leucopenia com linfocitose • Hiponatremia/ hiperpotassemia • Aumento do TSH (por falta de feedback negativo do cortisol sobre tireotrofos) • Hipomagnesemia e acidose metabólica leve Fazer dosagem de APR e de aldosterona em pacientes com insuficiência adrenal primária para detectar a deficiência de mineralocorticoides. DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO DE IA PRIMÁRIA Em caso de suspeita de doença autoimune: dosagem de anticorpos antiadrenais → principalmente anti-21-hidroxilase. Na suspeita de adrenoleucodistrofia, deve ser solicitada a dosagem de ácidos graxos de cadeia longa. Para pacientes do sexo masculino com insuficiência adrenal de etiologia não identificada. TRATAMENTO INSUFICIÊNCIA ADRENAL CRÔNICA É feito a partir da reposição hormonal. As adrenais produzem cerca de 7mg/m2 de cortisol ao dia. Temos um ritmo circadiano, onde o pico de produção ocorre entre 4-8 da manhã e a mínima produção ocorre à noite. O principal objetivo do tratamento é tentar mimetizar o fisiológico. Hidrocortisona apresenta a mesma potência que o cortisol, sendo o melhor corticoide para fazer a reposição. Apresenta meia-vida curta e pode ser feita a administração 3x/dia. É usada principalmente na criança. No adulto é usada prednisona com mais frequência, devido a necessidade de precisar usar 3x/dia hidrocortisona, o adulto esquece e será mal tratado. O mimetismo da prednisona não é tão bom quando o da hidrocortisona, mas sua reposição é melhor feita, bastando tomar 1x/dia pela manhã. Deve-se idealmente calcular a dose de corticoide por superfície corpórea. Os pacientes com insuficiência adrenal mesmo quando adequadamente tratados, tem pior qualidade de vida e maior mortalidade que os indivíduos normais. Modo de repor corticoide: • Prednisona 5mg ao acordar (a maioria já fica bem), associado ou não a uma dose de 2,5mg às 16h. • Hidrocortisona 15-25mg/diaem 2-3 tomadas (15/10/05 ou 15/10/0 ou 10/10/0 ou 10/5/5 ou 10/5/0). Mais usado em crianças. • Acetato de cortisona manipulada em 25- 50mg/dia (25/12,5/12,5 ou 25/12,5/0 ou 12,5/12,5/0). • Dexametasona em 0,5mg 1x/dia. Tem longa ação e alta potência, podendo causar Cushing com mais facilidade. 9 BIOEQUIVALÊNCIA DOS GLICOCORTICOIDES MONITORAMENTO DA REPOSIÇÃO DE GLICOCORTICOIDES Sinais e sintomas da reposição de glicocorticoides: Sempre tomar cuidado para não repor demais e o paciente não desenvolver síndrome de Cushing iatrogênico. • Sinais e sintomas de hipercortisolismo • Manter o ACTH <80 mg/dL • Monitorar densitometria óssea a cada 2 anos → corticoide aumenta o RANK-L. • Em situações de estresse, orientar o paciente a duplicar ou triplicar a dose até 1 dia da estabilização do quadro Procedimentos cirúrgicos de baixo porte: • Hidrocortisona 25mg EV na intubação Procedimentos cirúrgicos de médio porte: • Hidrocortisona 50-75mg EV na intubação anestésica e 25mg 8/8h por 24 a 48h. Procedimentos cirúrgicos de grande porte: • Hidrocortisona 100mg EV na intubação anestésica e 50 mg 8/8h por 72h. O paciente sem esse ajuste poderá ter um choque circulatório por baixa na volemia. Obs. O paciente com insuficiência adrenal que irá passar por situações de estresse, deverá aumentar a dose do corticoide. REPOSIÇÃO DE MINERALOCORTICOIDES Só é indicada no paciente com insuficiência adrenal primária. • Flurocortisona (flurinef) 25-200 ug/dL ao dia e aumentar a dose de 50 em 50 até encontrar a dose adequada. • Monitorar pela resposta clínica e pela APR que deve ser menor que 5ng/ml/h. REPOSIÇÃO DE ANDRÓGENOS Só é considerada a reposição de andrógenos no paciente sintomático. • Administrar DHEA de 25-100mg VO 1x/dia. • Manter DHEA, S-DHEA e testosterona no limite da normalidade. Não se faz DHEA para fins estéticos. TRATAMENTO DA CRISE ADRENAL A crise adrenal é uma condição potencialmente fatal que requer tratamento imediato. Diante de uma forte suspeita clínica, não se deve protelar o tratamento para realizar testes diagnósticos. SINAIS E SINTOMAS DA CRISE ADRENAL: • Hipotensão • Hipoglicemia • Hiponatremia • Hipercalemia • Desidratação OBJETIVOS DO TRATAMENTO: • Corrigir a depleção do volume com soro fisiológico 0,9%. • Tratar a infecção ou outros fatores precipitantes. • Hidrocortisona 100mg EV, seguido de 50mg de 4/4h ou 6/6h. reduzir lentamente em 72h. • Quando o paciente tolerar alimentos via oral, passar a administrar glicocorticoide VO e se necessário, Flurocortisona. 10 DIAGNÓSTICO EXÓGENA A causa exógena (exposição contínua aos glicocorticoides) é a mais comum de síndrome de Cushing: O uso de doses altas por mais de 3 semanas, ter cuidado com síndrome de Cushing. • > 7,5 mg de prednisona • > 0,75 mg de dexametasona • > 30 mg de hidrocortisona • Tópicos dermatológicos, nasais e colírios também podem causar ENDÓGENA • São mais raras • 2-3 casos a cada 1 milhão de habitantes • A causa mais comum é o adenoma hipofisário INTRODUÇÃO Tem elevada morbimortalidade, sendo 3,8 a 5x maior. Seu diagnóstico é desafiador: • Síndrome de Cushing não suspeitada: 2 a 3% dos diabéticos mal controlados • 0,5-1% dos hipertensos • Até 10% dos incidentalomas adrenais • Até 11% daqueles com osteoporose inexplicada e fraturas vertebrais Ou seja, diabéticos que não conseguimos controlar, hipertensos, pacientes com nódulos descobertos de forma incidental – incidentalomas, pacientes com osteoporose ou fraturas, podem ter a síndrome de Cushing que não foi suspeitada. ETIOLOGIA ACTH DEPENDENTE Representa 80% dos casos • Doença de Cushing • Síndrome do ACTH ectópico → os níveis de ACTH estão muito elevados, associados a hipocalemia e hiperpigmentação. • CRH ectópico ACTH INDEPENDENTE Representa cerca de 20% dos casos • Adenoma adrenal – principal causa • Carcinoma adrenal – segunda principal causa • Hiperplasia macronodular SÍNDROME DE CUSHING A doença de Cushing representa 65-70% das síndromes de Cushing ACTH dependente. A principal forma é o microadenoma hipofisário, que são tumores < 1cm. • Predomínio no sexo feminino – 8:1 • 20-40 anos • Hiperplasia adrenal • Progressão lenta SÍNDROME DO ACTH ECTÓPICO Acomete principalmente homes > 40 anos. • A produção do ACTH originada de tumores → mais comum é o câncer pulmonar de pequenas células. • 12% dos canceres de pulmão de pequenas células irão cursar com produção de ACTH. SÍNDROME DE CUSHING ACTH INDEPENDENTE Distúrbios adrenais primários representam 20-30% das síndromes de Cushing. • Adenomas 80% • Carcinoma 20% • Doença adrenal nodular pigmentada primária • Complexo Carney • Hiperplasia adrenal macronodular • Mccune Albright OUTRAS FORMAS CLÍNICAS PSEUDO-CUSHING • O falso positivo • Fenótipo de Cushing + hipercortisolismo leve • Hiperativação do eixo hipotálamo-hipófise- adrenal → CRH. SÍNDROME DE CUSHING 11 • Obesidade, alcoolismo e distúrbios psiquiátricos – principais causas de falso positivo. • É importante fazer 2 testes de triagem. SÍNDROME DE CUSHING SUBCLÍNICO • Hipercortisolismo sem alterações clínicas • 4-6% da população adulta • Até 30% incidentalomas adrenais • 1-10% dos pacientes com DM ou osteoporose • Alta prevalência de obesidade, DM2 e HAS • Maioria não evolui para Cushing O Cushing subclínico pode ser tratado e curar enfermidades como o DM e a osteoporose. SÍNDROME DE CUSHING NA GRAVIDEZ • Na gravidez ocorre raramente → o cortisol suprime o eixo gonadotrófico, logo, pacientes com Cushing não conseguem engravidar, salvo casos subclínicos, onde a gravidez é possível. • Alta morbimortalidade materno-fetal • Mais comum: adenomas adrenais • Diagnóstico difícil • A gravidez leva uma maior produção de cortisol e de globulina ligante de cortisol ASPECTOS CLÍNICOS • Fáceis em lua cheia • Pletora facial • Presença de giba • Pele fina e adelgaçada • Depósitos de gordura supraclaviculares • Hematomas de aparecimento fácil • Estrias violáceas, com espessura maior que 1cm • Ganho de peso, principalmente em tronco • Pernas e braços finos, principalmente por perda muscular • Cicatrização difícil • Hirsutismo • Criança com dificuldade no crescimento e inicia a engordar PARA DIAGNOSTICAR Primeiro excluir causa exógena – uso de corticoide • O diagnostico precoce é importante para reduzir a morbimortalidade • Definir hipercortisolismo e depois a etiologia A diretriz recomenda o uso de dois dos três testes de triagem para estabelecer o diagnóstico: 1. Cortisol livre urinário de 24h 2. Cortisol salivar no final da noite 3. Teste de supressão com dexametasona 1mg QUEM DEVE SER TESTADO • O paciente jovem com hipertensão e/ou diabetes resistentes e em pacientes com outras manifestações de Cushing • Osteoporose vertebral e fraturas podem se beneficiar • Pacientes com incidentalomas adrenal TESTE DE SUPRESSÃO COM DEXAMETASONA 1MG • Perda do feedback normal hipotálamo- hipófise-adrenal • 1mg de dexametasona às 23h • Dosagem de cortisol sérico entre 8-9h do dia seguinte • Interpretação: > 1,8 mcg/dL • Falsos positivos e falsos negativos Em suma, o paciente toma dois comprimidos de 0,5mg de dexametasona às 23h horas do dia anterior ao exame. No dia seguinte, às 8-9h o paciente dosa o cortisol → se >1,8 o diagnóstico é positivo para Cushing. Os principais falsos-positivos são: obesidade, alcoolismo e doenças psiquiátricas. DOSAGEM DO CORTISOL LIVRE URINÁRIO (>=2) • Amostra urinária 24h: boa perspectiva sobre a fisiologia do cortisol • Acurácia de 89-100% • Falsos-positivos e falsos-negativos • Pode estar elevado no pseudo-cushing 12 CORTISOL SALIVAR NO FINALDA NOITE (>=2) • Há perda no ritmo circadiano do cortisol • SalivetteR → o paciente é orientado a colocar o algodão sobre a língua e aguardar 2-3 minutos • Interpretação: > 350mg/dL é síndrome de Cushing. • < 150 ng/dL exclui doença de Cushing • 150-350 ng/dL → zona cinzenta • Sensibilidade de 92-100% e especificidade de 93-100% • Aumenta com a idade, HAS, DM DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO Depois de dar o diagnóstico de síndrome de Cushing, preciso saber se é dependente ou não de ACTH. Peço a dosagem do ACTH em pelo menos 2 dosagens. • O valor normal é até 46pg/ml • ACTH < 10pg/ml → tumores adrenais • ACTH > 20pg/ml → causa ACTH dependente Só existe um local que causa Cushing ACTH independente → a adrenal. Vai direto para a tomografia. Se maior que 20, posso ter uma doença de Cushing ou uma doença ectópica. Realizar testes mais específicos. Nunca pedir o exame de imagem antes do diagnóstico definitivo. TRATAMENTO DA DOENÇA DE CUSHING Como 90% dos tumores são menores que 1cm, o tratamento curativo é cirurgia trans-esfenoidal. 5-20% não são curados, necessitando de terapias mais especificas e alternativas. Medicações que inibem a produção de cortisol, como o cetoconazol são uma opção. 13 INTRODUÇÃO Os incidentalomas adrenais são achados ao acaso. Todos os incidentalomas devem ser investigados. Primeiro devo afastar que o paciente tenha malignidade. Segundo, devo saber se a neoplasia é funcionante → produtora de algum hormônio (cortisol, aldosterona, adrenalina/noradrenalina). Três doenças devem ser investigadas no evento de um incidentaloma adrenal: 1. Hipercortisolismo São feitos os 3 testes: onde 2/3 devem ser positivos para síndrome de Cushing. 2. Hiperaldosteronismo Deve ser feita a dosagem de aldosterona. 3. Feocromocitoma ESTRATÉGIA DIAGNÓSTICA O melhor exame é a tomografia computadorizada: • Método de imagem de escolha • Adenomas: HU<10 na TC sem contraste e na fase pós-contraste tardia, clareamento rápido (washout >50% em 10min). • TC sugerindo mielolipoma ou cisto em pacientes assintomáticos → manejo não cirúrgico, sem considerar o tamanho. O tamanho da lesão é usado para pensar em malignidade ou não. Densidade também é algo a ser visto, onde o mais denso é mais sugestivo de malignidade. AVALIAÇÃO HORMONAL HIPERCORTISOLISMO Correlação entre sinais/sintomas e níveis de cortisol. Tem difícil reconhecimento no início – Sd Cushing subclínica: ganho de peso, IOG, HAS (prevalência de 5,3-9,2%). Guideline da endócrino Society: 02 testes de screening anormais (cortisol livre urinário, TSD 1mg e cortisol salivar da meia-noite) Estudo dos incidentalomas: ACTH, resposta ao CRH, s-DHEA, TSD anormal (2-5mcg/dL). HIPERALDOSTERONISMO • Incidentaloma + HAS • Prevalência de 1,1-10% • Razão aldosterona/ARP para detectar o caso • Valores entre 20-40 • Massa < 2-3 cm que desejam cirurgia – excluir HAC com amostra venosa adrenal ABORDAGEM SUGERIDA Todo incidentaloma adrenal deve passar por investigação de Cushing e de Feocromocitoma. Se hipertenso e hipocalêmico, investigar Hiperaldosteronismo. • A TC é o melhor exame • Se alta densidade, avaliar o washout • Se tem densidade pequena, avaliar o tamanho • A depender do tamanho, o tratamento é cirúrgico ou acompanhamento FEOCROMOCITOMA O Feocromocitoma é um tumor de medula adrenal ou paraganglioma (Feocromocitoma extra- adrenal), produtor de adrenalina ou noradrenalina. São tumores raros de células cromafins, que se caracterizam pela produção, armazenamento, metabolização e secreção de catecolaminas. SINAIS • Infarto miocárdico • Acidente cerebrovascular INCIDENTALOMA ADRENAL 14 • Arritmias • Choque irreversível • Falência renal • Dissecção de aneurisma de aorta QUADRO CLÍNICO Ocorre em todas as faixas etárias, embora seja uma doença mais frequente na vida adulta, preferencialmente entre a 3ª e 4ª década de vida. Não parece haver predomínio de um sexo sobre o outro. Duração prolongada da história clínica não deve afastar a possibilidade do diagnóstico desse tumor. Os principais sintomas são: • Dor de cabeça • Sudorese • Taquicardia • Ansiedade • Tremor • Fadiga • Náuseas e vômitos • Dor no peito e abdominal • Dispneia A síndrome do pânico é diagnóstico de exclusão. Sempre investigar no paciente jovem com hipertensão. A ocorrência de paroxismos de hipertensão arterial, associados a sudorese, cefaléia e/ou palpitação é um dado bastante sugestivo de Feocromocitoma e, portanto, tem valor preditivo positivo para este diagnóstico. Os paroxismos adrenérgicos ocorrem com uma frequência variável, de esporádicos a varias vezes por dia; a duração de cada episódio também pode variar de minutos a horas, sendo em geral, menor que 15 minutos. TUMOR DOS 10% • 10% são malignos • 10% são bilaterais • 10% são extra abdominais • 10% são extra adrenais - paragangliomas • 10% são em crianças • 10% cursam com hipertensão • 10% recidivam após retirada cirúrgica • 10% se apresentam como incidentalomas adrenais. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de Feocromocitoma pode ser dividido em 3 etapas: 1. Diagnóstico clínico 2. Diagnóstico bioquímico 3. Diagnóstico topográfico No laboratorial: dosar catecolaminas e metanefrinas na urina e no sangue. Os ´métodos de imagem: a TC é a melhor. A RM e a cintilografia são exames de boa sensibilidade. TRATAMENTO O tratamento consiste na retirada cirúrgica que DEVE ter um preparo pré-operatório em 7 dias antes do procedimento (antes era 15 dias). 1. Alfabloqueadores adrenérgicos: • Prazozina: 0,5-1,0mg/d • Terazozina: 1-20mg/d • Doxasozina: 1-16mg/d 2. Betabloqueadores adrenérgicos: • Propranolol: 10mg 3-4x/dia • Labetalol e metoprolol como alternativa • Lidocaína/ amiodarona em caso de contraindicações aos BB. 3. Bloqueadores dos canais de cálcio tem se revelado como boas opções no manuseio pré-operatório dos pacientes • Nicardipina: 20-40mg 8/8h • Nifedipina: 30-60mg/d; cápsulas mastigáveis de 10mg em crises. 4. Outras drogas: IECA, BRA, alisquireno. Abordagem cirúrgica: Convencional x Laparoscópica FEO pequenos bilaterais: possibilidade de ressecção laparoscópica seletiva dos tumores. HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO Uma das principais causas de hipertensão secundária. Deve ser investigado.