Buscar

38815335-questoes-prejudiciais-e-processos-incidentes - Direito Processual Penal - 2020GRAN CURSOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL
Questões Prejudiciais 
e Processos Incidentes
Livro Eletrônico
2 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Apresentação .................................................................................................................4
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes .................................................................5
1. Introdução às Questões Prejudiciais ............................................................................5
1.1. Conceito e Natureza Jurídica .....................................................................................6
1.2. Características ......................................................................................................... 7
1.3. Diferença entre Questão Prejudicial e Questão Preliminar .......................................8
1.4. Sistemas de Solução das Questões Prejudiciais .......................................................9
1.5. Classificação das Questões Prejudiciais ................................................................. 10
1.6. Recursos Cabíveis .................................................................................................. 18
1.7. Vinculação entre os Juízos Cível e Criminal ............................................................ 18
1.8. Princípio da Suficiência da Ação Penal .................................................................... 19
2. Introdução aos Procedimentos Incidentais .............................................................. 20
2.1. Das Exceções – Conceito ........................................................................................ 21
2.2. Suspeição, Impedimento e Incompatibilidade do Órgão do Ministério Público ........27
2.3. Exceções de Incompetência, Ilegitimidade, Litispendência e Coisa Julgada .............29
2.4. Restituição de Coisas Apreendidas ........................................................................34
2.5. Medidas Assecuratórias ........................................................................................38
2.6. Incidente de Falsidade ...........................................................................................55
2.7. Incidente de Insanidade Mental ..............................................................................57
Resumo ........................................................................................................................65
Questões de Concurso ..................................................................................................67
Gabarito ...................................................................................................................... 88
Gabarito Comentado .................................................................................................... 89
3 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
ApresentAção
Olá, aluno(a)! Aula nova é sempre motivadora, não é mesmo? E aqui vamos tratar de al-
guns temas que muitos candidatos “deixam para lá”, ou porque consideram chatos ou porque 
entendem que são de menor importância. Mas aqui já fica o meu alerta! Chato é tudo aquilo 
que a gente não conhece bem – a consequência já é o desestímulo para estudar. E avançando 
na nossa aula, você vai perceber que é um tema que tem alguns “detalhes” a serem desta-
cados e, após fazermos isso, tudo fica bem mais claro e até legal! E eu te garanto: o domínio 
desse conteúdo te permite trabalhar com o processo penal com uma desenvoltura singular! 
E isso vai se refletir na sua prova objetiva, mas também em provas dissertativas em que você 
tenha que enfrentar questões práticas, vai por mim!
E ainda que fosse um tema, digamos assim, desinteressante, não poderíamos fugir dele. 
Sabe por quê? Aquela justificativa de que se cuida de um tema de menor importância esbarra 
facilmente na quantidade de vezes em que ele é cobrado em provas de concurso!
Mas, afinal de contas, de que assunto estou falando? Estou me referindo às questões pre-
judiciais, aos processos incidentes, às medidas assecuratórias e aos incidentes de falsidade 
e de insanidade mental! Nossa, professora, já fiquei cansado(a) só de “ouvir” tudo isso. Não 
se assuste! Vamos desenvolver um por um, com cuidado, para que você passe a ser o(a) fã 
número 1 desses nossos amigos aí. E tem mais: você vai perceber, principalmente quando for 
resolver as questões, que os examinadores não têm muita criatividade quando vão perguntar 
sobre essas matérias. O resultado disso: a repetição de questões. Por isso, nosso material vai 
direto ao que importa: vamos destacar os aspectos que são mais comumente questionados 
pelo examinador. Ao trabalho?
4 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
QUESTÕES PREJUDICIAIS E PROCESSOS INCIDENTES
1. Introdução às Questões prejudIcIAIs
Vamos começar nossa aula falando sobre questões prejudiciais. E temos que ter bastan-
te atenção aqui, porque cai muito em prova de concurso! Também temos que estar atentos, 
diante da necessidade de memorizar algumas classificações e expressões que são comu-
mente questionados pelo examinador.
Para iniciarmos o estudo das questões prejudiciais e facilitar o entendimento, vou me 
valer de um exemplo não muito usual. Você quer muito fazer uma viagem incrível ao redor 
do mundo. Um grande amigo seu, sabendo disso e tendo vontade semelhante, aparece com 
algumas promoções de pacotes viagem, afirmando não ter conseguido ainda definir qual a 
melhor das opções. Ele quer sua ajuda para definir qual a melhor opção, para que vocês dois 
façam essa viagem juntos. Mas aí você diz para ele: “sim, essa é a viagem dos meus sonhos 
(inclusive, qualquer um desses pacotes aí cairia bem!). Mas tem um problema: como ainda 
não fui aprovado no concurso, não tenho dinheiro suficiente para fazer essa viagem. Além 
disso, tenho que me preparar para a prova que está se aproximando, o que me impede de fazer 
qualquer tipo de viagem por agora”. Pronto! Encontramos a questão prejudicial. Primeiro, você 
precisa resolver o problema da falta de dinheiro, que vai ocorrer com a aprovação no concurso 
(questão prejudicial), para depois poder decidir a questão prejudicada: qual a melhor proposta 
entre aquelas apresentadas pelo seu amigo?
Isso nos ajuda a entrar nesse tema com tranquilidade. Como isso se aplica no processo 
penal? Vamos lá.
O exemplo mais tradicional de questão prejudicial (agora juridicamente falando) é aquele 
que se extrai do tipo penal descrito no art. 235 do Código Penal, que trata do crime de bigamia.
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Qual o ponto importante aqui? Só é possível processar criminalmente alguém pelo crime 
de bigamia se o imputado for casado e contrair casamento novamente. Então, uma das linhas 
da defesa do réu, nesse caso, pode ser justamente afirmar que o seu primeiro casamento é 
nulo e que há ação cível justamente visando à anulação daquele casamento! Perceba: sendo 
5 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
nulo o casamento anterior, não há que se falar em bigamia. A questão referente à validade ou 
não do casamento anterior é prejudicial – deve necessariamente ser enfrentada, tendo em 
vista que repercute diretamente no julgamento da causa. Sendo nulo o casamento, não há 
que se falar em bigamia. Sendo válido, agora sim posso me ocupar do mérito da minha ação 
principal. Dito isso, vamos avançar no estudo das questões prejudiciais, conhecedores que já 
somos do que elas representam.
1.1. conceIto e nAturezA jurídIcA
Denominam-se questões prejudiciais aquelas que devem ser enfrentadas pelo juiz,com 
valoração penal ou extrapenal, antes de decidir quanto ao mérito da ação principal.
Portanto, aquelas questões que me impedem de avançar no mérito da causa principal, po-
dendo ser de natureza penal – a prática de outro crime, por exemplo, ou extrapenal, a exemplo 
do que ocorre com o crime de bigamia, em que a análise da validade do primeiro casamento 
está no campo do direito civil, mas repercute na tipicidade penal.
Dito isso, qual a natureza jurídica da questão prejudicial?
Parte da doutrina defende que as questões prejudiciais consistem em elementar da infra-
ção penal. Em que sentido?
Antes de mais nada: o que são elementares da infração penal? Doutrinariamente, são dados 
essenciais da figura típica. Dados que, se ausentes, conduzem à atipicidade absoluta ou rela-
tiva.
E por que a questão prejudicial teria a natureza jurídica de elementar da infração penal? Vamos 
nos valer novamente do art. 235 do Código Penal para explicar. Quando aquele dispositivo diz “con-
trair alguém, sendo casado, novo casamento”, a questão prejudicial está inserida dentro do tipo 
penal. O “ser casado” é a questão prejudicial e também está inserida dentro do tipo penal. Portanto, 
o que teríamos aqui? Uma elementar da infração penal. O Código de Processo Penal, inclusive, se-
gue linha que reforça essa corrente, ao tratar nos artigos 92 e 93 das questões prejudiciais como 
condicionantes quanto à decisão sobre a existência da infração a ser julgada.
6 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Outra parte da doutrina, hoje majoritária, defende que a questão prejudicial é uma espécie 
de conexão. Em que sentido? Há entre a questão prejudicial e a questão prejudicada uma de-
pendência tal que cria entre elas um nexo necessário. Esse vínculo entre as duas questões é 
apresentada como forma de conexão.
1.2. cArActerístIcAs
Três são as características das questões prejudiciais:
• Anterioridade: a questão prejudicial tem de ser decidida antes da questão prejudicada. 
Há uma subordinação lógica que conduz à necessidade de resolução prévia da questão 
prejudicial. Sem a solução dela, não se avança no deslinde da questão prejudicada;
• Essencialidade, interdependência ou necessariedade: a subordinação que há entre questão 
prejudicial e prejudicada não é apenas de ordem lógica. Há uma essencialidade, tendo em 
vista que o enfrentamento da questão prejudicial pode conduzir à aferição da existência ou 
inexistência da infração penal que se analisa, consistente na questão prejudicada. Valho-me 
dessa vez do exemplo que se extrai do art. 244 do Código Penal, que diz:
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (de-
zoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, 
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia 
judicialmente acordada, fixada ou majorada deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou 
ascendente, gravemente enfermo:
Imagine você que determinada pessoa esteja sendo processada em relação a esse crime 
do abandono material e esteja tramitando no cível uma ação negatória de paternidade. Como 
é que ele poderá ser condenado pelo crime de abandono material se não for o pai da pessoa 
que, em tese, teria abandonado materialmente? Esse é o raciocínio: há uma relação de essen-
cialidade: só posso julgar a demanda penal após resolver essa questão prejudicial.
Autonomia: a questão prejudicial pode ser resolvida em uma ação autônoma. É o que se 
dá no crime de bigamia, em que a validade ou não do primeiro casamento pode ser discutida e 
resolvida de forma definitiva no juízo cível. Ainda que o processo penal, tratando daquele cri-
me de bigamia, venha a ser extinto por causas outras, o processo cível que discute a validade 
do casamento tem vida própria, e irá prosseguir normalmente.
7 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
1.3. dIferençA entre Questão prejudIcIAl e Questão prelImInAr
As questões prejudiciais não se confundem com as questões preliminares. Há diferenças 
entre elas, que passo a analisar.
As questões prejudiciais dizem respeito a questões que devem ser valoradas pelo juiz 
antes de decidir o mérito da causa posta a sua apreciação. Isso porque, as questões prejudi-
ciais interferem diretamente no direito material, pois se relacionam à existência da infração 
penal. Ademais, são autônomas, existem independentemente do processo penal. Portanto, 
a depender de sua natureza (como veremos adiante), podem ser decididas tanto pelo juízo 
penal quanto pelo extrapenal.
Por outro lado, as questões preliminares dizem respeito ao direito processual. Relacio-
nam-se não com a existência do crime, mas sim, com os pressupostos processuais e com as 
condições da ação. Justamente por serem questões processuais, não gozam de autonomia, 
vale dizer, inexistindo o processo penal, não há que se falar em questões preliminares. Por 
consequência, apenas serão analisadas pelo juízo penal, precisamente aquele que irá deci-
dir a lide principal. Por fim, as questões preliminares, se reconhecidas, impedem a decisão 
quanto às questões principais. Vamos a um exemplo para facilitar a compreensão. Uma im-
portante preliminar, comumente utilizada no processo penal, é a referente à incompetência do 
juízo. Perceba. Cuida-se de questão relacionada ao direito processual, que em nada interfere 
na existência do crime, mas sim diz respeito a qual será o órgão julgador. Reconhecida pelo 
juiz a incompetência, impedido estará de avançar na análise do mérito, devendo encaminhar 
o feito para julgamento pelo juízo competente.
QUESTÃO PREJUDICIAL QUESTÃO PRELIMINAR
Penal ou extrapenal Processual ou de mérito
Ligada ao direito material Ligada ao direito processual
Ligadas ao mérito da infração penal Ligadas à existência de pressupostos processuais
Autônomas Sempre vinculadas ao processo criminal
Decidida por um juízo penal ou extrapenal (a depender 
da natureza)
Sempre decidida pelo juízo penal
8 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Questão 1 (CESPE/2010/MPE-ES/PROMOTOR DE JUSTIÇA) A questão prejudicial diz res-
peito ao processo e seu regular desenvolvimento, merecendo solução antes de a decisão ser 
proferida.
Como se percebe, a alternativa está incorreta, pois se refere, em verdade, a uma questão pre-
liminar.
1.4. sIstemAs de solução dAs Questões prejudIcIAIs
Como faço para resolver uma questão prejudicial? São quatro os sistemas trabalhados 
pela doutrina para solução das questões prejudiciais, que veremos a seguir.
Sistema da Cognição Incidental ou do Predomínio da Jurisdição Penal. Segundo esse sis-
tema, o juiz penal será sempre competente para conhecer a questão prejudicial, mesmo que 
ela pertença a outro ramo do direito, por exemplo, ainda que diga respeito ao estado civil das 
pessoas.
Sistema da Prejudicialidade Obrigatória ou da Separação Jurisdicional Absoluta. De acor-
do com esse sistema, a questão prejudicial não será decidida pelo juiz penal, sequer de ma-
neira incidental, caso ela seja de natureza extrapenal. Assim, caso o juiz penal se depare com 
questão prejudicial de outro ramo do direito, ele para tudo e manda para o juízo extrapenal. 
Ele não pode decidir.
Sistema da Prejudicialidade Facultativa. Aqui, o juiz penal tem a faculdade de enfrentar ou 
não as questões prejudiciais que digam respeito a outro ramo do direito. Está no campo de 
decisão do juiz verificar se deve ou não enfrentar as prejudiciais heterogêneas.
Sistema Eclético ou Misto. Cuida-se da fusão dos sistemas de prejudicialidade obrigató-
ria com o de prejudicialidade facultativa. É o sistema adotado pelo nosso Código de Processo 
9 de 129www.grancursosonline.com.brDanielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Penal: cuidando-se de questão prejudicial heterogênea relativa ao estado civil das pessoas, 
conforme o art. 92 do CPP, o juízo penal tem de remeter as partes ao juízo cível (prejudiciali-
dade obrigatória). Por outro lado, se a questão prejudicial heterogênea não disser respeito ao 
estado civil das pessoas, o juízo penal poderá decidir ou não a questão, conforme o disposto 
no art. 93 do CPP, em uma aplicação do sistema da prejudicialidade facultativa. Mais adiante 
trataremos com mais cuidado dessas regras extraídas dos arts. 92 e 93 do CPP.
1.5. clAssIfIcAção dAs Questões prejudIcIAIs
1.5.1. Quanto à Natureza
Questão prejudicial homogênea, comum ou imperfeita. É aquela que pertence ao mesmo 
ramo do direito da questão prejudicada. Assim, as duas questões, prejudicial e prejudicada, 
pertencem ao mesmo ramo, ou seja, ao  direito penal. O  melhor exemplo aqui se extrai do 
crime de receptação, descrito no art. 180 do Código Penal, que considera criminosa a condu-
ta de quem adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, 
coisa que sabe ser produto de crime, ou influi para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba 
ou oculte. Perceba. Para que alguém seja condenado pelo crime de receptação, uma questão 
prejudicial que se coloca é que a coisa seja produto de crime. Ser o bem produto de crime 
está dentro do tipo penal. Ademais, é homogênea porque saber se aquele bem é produto de 
crime é uma análise que também pertence ao direito penal. Não é questão patrimonial, não 
é questão relativa ao estado civil, nada disso. É questão de direito penal. Na mesma linha o 
crime de lavagem de capitais: a questão prejudicial homogênea diz respeito à verificação de 
que está sendo ocultado valor proveniente de crime antecedente. Logo, a existência do crime 
antecedente é prejudicial.
Tanto em uma quanto em outra hipótese (receptação e lavagem de capitais), o  juiz irá, na 
fundamentação da sentença, falar sobre a questão prejudicial, ou seja, irá verificar se há um 
10 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
crime antecedente, o qual é pressuposto para a existência do crime prejudicado. No entanto, 
essa análise não faz coisa julgada quanto ao crime antecedente, pois não se trata do objeto 
principal daquela ação penal.
Aí eu te pergunto: quando o Código de Processo Penal trata “das questões prejudiciais”, 
a quais questões prejudiciais o Código se refere, às homogêneas ou às heterogêneas? Vamos 
analisar os dispositivos.
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz 
repute séria e fundada (até aí podia ser receptação, mas aí vem:), sobre o estado civil das pessoas 
(...).
Se está falando sobre o estado civil das pessoas, obviamente está tratando de questão 
prejudicial heterogênea, que não é abarcada pelo direito penal. Não é diferente com o art. 93. 
Vejamos:
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão 
diversa da prevista no artigo anterior (...).
Aqui também está se referindo a lei a questões de competência do juízo cível, muito em-
bora não seja relativa ao estado civil. Portanto, também estamos diante de uma questão pre-
judicial heterogênea.
Essa análise nos faz concluir que o Código de Processo Penal não trata das questões 
prejudiciais homogêneas em seus artigos 92 e 93. Diante da inexistência de regramento, 
como resolver a questão prejudicial homogênea no processo penal? As questões prejudiciais 
homogêneas são resolvidas por meio da conexão probatória ou instrumental. Caso os dois 
crimes sejam objetos do mesmo processo, o juiz vai julgar ambos, na mesma sentença. No 
entanto, se não houver o reconhecimento da conexão probatória ou instrumental, o primeiro 
crime (questão prejudicial homogênea), deverá ser apreciado apenas de maneira incidental 
para que o juiz possa julgar a imputação (tal qual exemplifiquei anteriormente, quanto ao cri-
me de receptação, caso não tenha se dado a reunião dos feitos em decorrência da conexão). 
Neste caso, repito por importante, a decisão incidental sobre o primeiro crime não faz coisa 
julgada formal e material.
11 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Questão Prejudicial Heterogênea, Incomum, Perfeita ou Jurisdicional. Aqui, as questões 
prejudiciais pertencem a outro ramo, que não o direito penal. Essa questão pode dizer respeito 
ao estado civil das pessoas, ou a questão diversa. Exemplo de questão prejudicial heterogê-
nea referente ao estado civil das pessoas já foi por nós explorado: aquele que diz respeito à 
validade do casamento, diante de uma ação penal que imputa ao réu a prática do crime de bi-
gamia. Por outro lado, exemplo de questão prejudicial heterogênea que diz respeito a questão 
diversa do estado civil das pessoas é aquele em que, em um crime patrimonial, há discussão 
sobre a propriedade do bem. Vamos lá. Determinada pessoa é acusada da subtração de um 
veículo. No entanto, o réu daquela ação penal afirma peremptoriamente que ele, em verdade, 
adquiriu o bem da suposta vítima, e que tem testemunhas dessa transação. Ora, não há furto 
de coisa própria. Então, para concluir quanto à existência ou não desse fato criminoso atri-
buído ao réu, precisa o juiz de solucionar anteriormente uma questão prejudicial, justamente 
aquela que diz respeito à propriedade do bem. É uma questão extrapenal, que impede a aná-
lise quanto ao fato criminoso imputado ao réu.
1.5.2. Quanto à Competência para Apreciação
Questão Prejudicial Não Devolutiva é aquela que será sempre analisada pelo juízo penal. 
Aqui, o juízo penal não vai devolver o conhecimento da matéria a qualquer outro órgão jurisdi-
cional. Quais são as questões prejudiciais que sempre são decididas pelo juízo penal? As ho-
mogêneas, pois pertencem ao mesmo ramo. Então, as questões prejudiciais não devolutivas 
coincidem exatamente com as questões prejudiciais homogêneas.
Questão Prejudicial Devolutiva: aqui, o juiz penal devolve o conhecimento da questão pre-
judicial ao juiz natural. É o juiz natural quem vai decidir a questão prejudicial, restando ao 
juízo criminal a análise da questão prejudicada. Atenção! A questão prejudicial devolutiva 
subdivide-se em:
• Questão prejudicial devolutiva ABSOLUTA: é aquela que em hipótese alguma poderá 
ser analisada pelo juízo penal. Quais são elas? São as questões heterogêneas relacio-
nadas ao estado civil das pessoas. Sempre que o juiz penal se deparar com uma ques-
tão dessa, terá que remeter as partes para o juízo cível, visando à resolução da questão; 
12 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O que acontece se o juiz penal decidir uma prejudicial heterogênea relativa ao estado 
civil das pessoas? Estaremos diante de uma nulidade absoluta, pois o juiz é incompe-
tente absolutamente para decidir quanto aquela matéria. E isso pode ser questionado a 
qualquer tempo, mesmo após a formação da coisa julgada.
• Questão prejudicial devolutiva RELATIVA: é a questão que pode, eventualmente, ser 
analisada pelo juízo penal. E quais são essas questões? As heterogêneas que não di-
zem respeito ao estado civil das pessoas. Assim, caso você esteja diante de uma ques-
tão prejudicial heterogênea que não diga respeito ao estado civil das pessoas, essa 
questão tanto pode ser resolvida pelo juízo cível quanto pelo juízo penal. Sabe aquele 
exemplo da propriedade do carro? É justamente aqui que ele entra. Se aquele veículo 
foi comprado ou não pelo suposto autor do crime, é uma questão prejudicial devolutiva 
relativa. Por essa razão, o juiz penal vai decidir se ele analisa essa questão ou se vai 
aguardar adecisão do cível sobre essa questão patrimonial. Mais adiante vamos tratar 
com mais minúcia sobre como isso funciona.
1.5.3. Quanto aos Efeitos
Questão Prejudicial Obrigatória ou Necessária ou Em Sentido Estrito: é aquela que SEM-
PRE conduz à suspensão do processo. Caso o juiz penal se depare com uma prejudicial obri-
gatória, DEVE suspender o processo penal. E  qual questão prejudicial causa essa obriga-
toriedade? A heterogênea relacionada ao estado civil das pessoas: como ela não pode, em 
hipótese alguma, ser enfrentada pelo juiz penal, ele se vê obrigado a suspender o processo.
Questão Prejudicial Facultativa ou em Sentido Amplo:: é aquela que apenas eventualmen-
te irá acarretar a suspensão do processo. O juiz penal tem, de acordo com a lei, a faculdade de 
determinar ou não a suspensão do processo. Corresponde justamente à questão prejudicial 
devolutiva relativa, pois ela pode ser decidida pelo juízo penal ou pelo juízo extrapenal.
Vamos agora tratar com mais cuidado de cada uma dessas espécies de questões preju-
diciais.
Questão Prejudicial Devolutiva Absoluta (Heterogêneas Relativas ao Esta-
do Civil das Pessoas)
O que é necessário para que eu tenha configurada uma questão prejudicial devolutiva 
absoluta?
13 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
A prejudicial deve dizer respeito à EXISTÊNCIA da infração penal. Com efeito, para que eu 
possa falar em questão prejudicial que gera a suspensão do processo, tenho que estar diante 
de uma questão prejudicial a que a existência da infração penal esteja condicionada. Ou seja, 
tenho que estar diante de uma elementar do crime. Se a questão disser respeito a uma cir-
cunstância (e não a uma elementar), não vai se operar a necessária suspensão do processo, 
pois não estou diante de uma prejudicial devolutiva absoluta. Quer ver um exemplo? Filho que 
pratica roubo contra o próprio pai. Incide sobre o caso a agravante descrita no art. 61, II, e:
São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
II – ter o agente cometido o crime:
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge.
Perceba: se o acusado, no curso do feito, nega ser filho da vítima e afirma que, inclusive, 
há ação negatória de paternidade no juízo cível, questiono a você: preciso suspender obriga-
toriamente o meu processo penal? Veja, muito embora a questão referente à paternidade diga 
respeito ao estado civil das pessoas, no caso em análise ela repercute tão somente quanto a 
uma circunstancia agravante e não quanto à própria existência do crime. Seja o acusado filho 
ou não da vítima, o crime de roubo estará configurado (claro, se provadas as elementares do 
tipo, a materialidade e a autoria delitivas). Assim, não se trata de uma questão prejudicial de-
volutiva absoluta. O juiz vai sem qualquer tipo de problema. Havendo condenação, e fazendo 
o juiz incidir a agravante, em caso de posterior resultado da ação cível que reconheça a ine-
xistência da paternidade, a solução que restará vai ser uma revisão criminal visando a afastar 
a agravante.
A prejudicial deve ser séria e fundada. Para que o juiz suspenda o processo, não basta 
uma mera alegação da prejudicialidade. A parte tem de demonstrar plausibilidade da prejudi-
cial que está sendo invocada. Se o juiz perceber que a atitude da parte é apenas para retardar 
o curso do feito, pois carente de qualquer embasamento, deve negar a existência de prejudi-
cialidade e avançar na análise do feito.
A prejudicial deve dizer respeito ao estado civil das pessoas. A questão deve recair sobre a 
existência, séria e fundada, que verse sobre o estado civil das pessoas, tais como casamento, 
filiação etc.
14 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Deparando-se o juiz com uma questão prejudicial devolutiva absoluta, deve OBRIGATORIA-
MENTE suspender o processo, assim como o prazo prescricional.
E aqui eu te pergunto: essa suspensão do processo e da prescrição vai ocorrer até quan-
do? Naquele nosso exemplo da bigamia: suspendo o processo penal para aguardar o resul-
tado da decisão cível quanto à validade do casamento. Até quando dura essa suspensão? 
O art. 92 do Código de Processo Penal responde a essa questão, dizendo que a ação penal 
ficará suspensa até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em 
julgado. A suspensão da prescrição está prevista também no Código Penal, em seu art. 116, I:
antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I  – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da 
existência do crime.
A suspensão é do processo! Não há que se falar em suspensão do inquérito policial em de-
corrência de uma possível prejudicial. O inquérito pode seguir normalmente e ser encerrado, 
sem qualquer influência de eventual questão que será tida como prejudicial ao avanço do 
processo penal.
A despeito disso, abre-se aqui a possibilidade de produção de provas consideradas ur-
gentes, bem como de inquirição de testemunhas, o que se depreende, também, da leitura do 
art. 92 do Código de Processo Penal.
Outro ponto interessante aqui é a regra que decorre do parágrafo único do art. 92:
Em razão do princípio da obrigatoriedade, nos crimes de ação penal pública, o Ministério Público 
pode promover a ação civil referente à questão prejudicial, ou dar prosseguimento àquela já inicia-
da, ainda que originariamente não tivesse legitimação para isso.
15 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Veja bem. O Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia, caso haja elementos de 
convicção suficientes. Se, diante de uma prejudicial heterogênea, relativa ao estado civil das 
pessoas, ficasse o Ministério Público impossibilitado de atuar, certo é que o acusado não 
iria ingressar com a ação civil para discutir o estado civil das pessoas. Ele não teria o menor 
interesse em assim agir, pois ele sabe que enquanto a ação civil não for proposta, o proces-
so penal não terá seguimento contra ele. Por isso, a lei prevê a possibilidade de o Ministério 
Público ingressar com essa ação civil, mesmo que não tivesse legitimidade originariamente.
Questão Prejudicial Devolutiva Relativa
Para que eu possa falar em questão prejudicial devolutiva relativa, que conduza à possi-
bilidade de suspensão do feito, preciso me deparar com alguns elementos:
• a prejudicial deve dizer respeito à EXISTÊNCIA da infração penal. Nesse ponto, a questão 
se assemelha ao que já conversamos sobre a questão prejudicial devolutiva absoluta;
• deve ser de difícil solução;
• não pode ser uma questão prejudicial heterogênea relativa ao estado civil das pessoas. 
Caso seja, será era devolutiva absoluta, conforme já estudamos;
• não deve o direito civil limitar a prova quanto à questão prejudicial. Esse pressuposto 
se depreende da leitura do art. 93 do Código de Processo Penal que diz: se o reconhe-
cimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa 
da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido 
proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de 
difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso 
do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de 
natureza urgente. Então veja você: um dos pressupostos para o reconhecimento desta 
prejudicial é que a lei civil não limite a produção da prova quanto a ela.
Qual a justificativa para a existência desse pressuposto? Presta atenção: aqui a lei civil 
não pode limitar a prova. Raciocine comigo: no processo penal, em sede de provas, vige um 
princípio muito importante, o chamado princípio da liberdade das provas.
No processopenal, devido à importância do bem jurídico em disputa, qual seja, a liber-
dade de locomoção, há liberdade para produção de provas. Essa mesma liberdade se repete 
16 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
no processo civil? Não, lá há certas limitações. Assim, caso a lei civil limite a prova quanto à 
questão prejudicial, o acusado estaria sendo prejudicado.
Então, o raciocínio é esse: Eu não posso mandar alguém para o cível se no lá a produção 
probatória vai sofrer algum cerceamento. Estaria sendo violado o princípio da ampla defesa.
Portanto, a  razão de ser desse pressuposto é exatamente o princípio da liberdade das 
provas.
Então, se a lei civil estabelecer limitações à prova (ex. art. 227 CC), o acusado estaria sen-
do prejudicado caso fosse remetido ao civil, porquanto no processo penal vigora o princípio 
da busca da verdade e da liberdade das provas.
Já deve ter sido proposta a ação civil – a ação civil, aqui, já deve ter sido proposta para 
não provocar uma lentidão ainda maior no processo. Diferente é o que ocorre na prejudicial 
obrigatória, em que não é preciso que a ação civil já tenha sido proposta.
Diante de uma questão prejudicial devolutiva relativa, quais as consequências para o pro-
cesso penal?
Em primeiro lugar, aqui o juiz tem a faculdade de reconhecer a existência ou não da ques-
tão prejudicial. A lei diz que “o juiz criminal poderá”.
Então, é o juiz quem verifica se é caso ou não de reconhecer a prejudicialidade. Se ele 
reconhecer, qual é a consequência? Suspensão do processo e também a suspensão da pres-
crição. 
Mas, cuidado! Por quanto tempo esse processo fica suspenso? Na prejudicial devolutiva 
absoluta, a suspensão se dá até o trânsito em julgado. Aqui, é o juiz quem estabelece um 
prazo para a suspensão do processo! O prazo pode até ser posteriormente prorrogado, se a 
demora não for imputável à parte, mas de todo modo ele é fixado pelo juiz.
Caso exaurido o prazo, sem decisão do juízo extrapenal, a prescrição volta a correr e o 
juízo penal reassume a competência para decidir a prejudicial e o faz de maneira incidental. 
É o que se depreende do § 1º do art. 93 do CPP, que diz:
O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não 
for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal 
fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a 
matéria da acusação ou da defesa.
17 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Desse modo, proferida decisão pelo juízo cível quanto à questão prejudicial, volta a correr 
o curso do prazo prescricional, bem como o juízo criminal retoma a possibilidade de decidir a 
questão prejudicada (não mais a prejudicial, pois já decidida). Perceba que não há exigência 
expressa aqui de trânsito em julgado da decisão proferida pelo juízo cível para que possa o 
juízo criminal decidir o mérito da causa.
Durante a suspensão, pode ser realizada a produção de provas de natureza urgente, assim 
como a oitiva de testemunhas.
Cuidando-se de crime de ação penal pública, o Ministério Público deve intervir na ação 
civil já proposta. Atenção! Aqui o Ministério Público não tem legitimidade para iniciar a ação 
extrapenal. Ele apenas poderá intervir na ação civil já proposta, visando a que ela transcorra 
o mais rapidamente possível.
1.6. recursos cAbíveIs
O § 2º, do art. 93 do Código de Processo Penal é categórico ao dispor que do despacho 
que denegar a suspensão não caberá recurso A doutrina afirma ser possível a impetração de 
habeas corpus ou de mandado de segurança.
Por outro lado, caso o juiz ordene a suspensão do processo em razão de questão prejudi-
cial, diga ela ou não respeito ao estado civil das pessoas, contra essa decisão cabe o Recurso 
em Sentido Estrito, nos termos do art. 581, XVI do CPP.
1.7. vInculAção entre os juízos cível e crImInAl
Diante de uma questão prejudicial heterogênea, fica o juízo criminal vinculado à decisão 
tomada pelo juízo cível? De outro modo, decidindo o juízo criminal a questão heterogênea 
(quando isso for possível), fica o juízo cível vinculado a essa decisão? Vamos pensar a partir 
de exemplos.
Exemplo: determinada pessoa está sendo processado pelo crime de bigamia, previsto no 
art. 235 do Código Penal. O acusado afirma que o primeiro casamento dele é nulo. Pronto, 
18 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
estamos diante de uma prejudicial heterogênea relativa ao estado civil. O juiz penal não pode 
decidir sobre a validade desse casamento e, por isso, remete para o cível apreciar essa ques-
tão. A decisão do juízo cível vincula o juízo penal? O juízo penal está obrigado a acatar o que 
o juiz cível decidir? Sem dúvida alguma que sim. Essa decisão do juiz cível repercute no juízo 
penal. E cuidado! Mesmo que não fosse sobre estado civil das pessoas. Só para ficar bem 
claro! Caso o juízo criminal entenda por remeter para o cível determinada questão, ainda que 
diversa do estado civil das pessoas, havendo decisão no cível, também haverá vinculação do 
juízo penal!
E o contrário? Imagine o exemplo do furto do veículo, em que o réu afirmou que não pode ser 
processado pelo crime de furto, pois, em verdade, ele adquiriu aquele bem, sendo impossível 
a prática de crime patrimonial, cuidando-se de bem de sua propriedade. Imagine que o juiz 
penal, nesse exemplo, entenda que a questão não é de difícil solução e, portanto, que ele quem 
deve decidir sobre a questão patrimonial. Quando o juiz penal aprecia essa prejudicial hete-
rogênea, essa decisão dele vincula o juízo cível? Não! Quando o juiz penal aprecia a questão 
patrimonial, ele faz isso de maneira incidental porque, em verdade, o que interessa e vai estar 
protegido pela coisa julgada é o crime. O juiz cível não vai ficar preso ao juízo penal.
Em resumo: tem força de coisa julgada na esfera penal a decisão cível quando a ques-
tão prejudicial for heterogênea, pouco importando se houve ou não a suspensão do pro-
cesso criminal e independente se verse ou não sobre o estado civil da pessoa.
Por outro lado, a decisão do juiz criminal sobre questão prejudicial heterogênea não 
relativa ao estado civil das pessoas, não faz coisa julgada na esfera civil, na medida em 
que sua apreciação se dá de maneira incidental.
1.8. prIncípIo dA sufIcIêncIA dA Ação penAl
O que é princípio da suficiência da ação penal? Por que esse ponto está ligado às ques-
tões prejudiciais?
Em algumas espécies de questões prejudiciais, a ação penal já é suficiente, ou seja, ela 
basta para que a prejudicial seja resolvida. É o que se dá nas questões prejudiciais 
19 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
homogêneas e nas heterogêneas que não digam respeito ao estado civil das pessoas. É essa 
a ideia do princípio da suficiência da ação penal.
Já em outras questões prejudiciais, que é o caso das prejudiciais heterogêneas relativas 
ao estado civil das pessoas, ou mesmo nas prejudiciais heterogêneas não relativas ao estado 
civil das pessoas, mas que sejam de difícil solução, a ação penal não é suficiente. Por isso 
que é preciso remeter para o cível. Quanto a estas últimas, portanto, não se aplica o princípio 
da suficiência da ação penal.
É isso! Com essa abordagem, nós encerramos o estudo das questões prejudiciais, pas-
sando por todos os temas mais relevantes, especialmente sob o ponto de vista dos examina-
dores de concursos. Mas eu não quero parar por aqui. Sabe por quê?
2. Introdução Aos procedImentos IncIdentAIs
Saímos das questões prejudiciais e vamos avançar mais um pouco, tratando dos proces-
sos incidentais em sentido estrito,aqueles relacionados ao processo, e que devem ser decidi-
dos pelo próprio juiz criminal. Aqui temos as exceções, o conflito de competência, a restitui-
ção de coisas apreendidas, as medidas assecuratórias, o incidente de falsidade e o incidente 
de insanidade mental do acusado. A doutrina costuma classificar esses incidentes em:
• Questões tipicamente preliminares: são aquelas que devem ser decididas antes da 
análise do mérito da causa. Compreendem as exceções de suspeição, de incompatibi-
lidade e de impedimento; as exceções de incompetência de juízo, de litispendência, de 
ilegitimidade de parte e de coisa julgada, assim como o conflito de competência;
• Questões de natureza acautelatória de cunha patrimonial: aqui está a restituição de 
coisas apreendidas, assim como as medidas assecuratórias – sequestro, especializa-
ção e registro de hipoteca legal e arresto;
• Questões probatórias: nesse grupo estão compreendidos os incidentes de insanidade 
mental, que interfere na constatação da culpabilidade do réu, e de falsidade documen-
tal, que repercute na materialidade do crime.
20 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
2.1. dAs exceções – conceIto
As exceções são conceituadas como procedimentos incidentais em que são alegados 
fatos processuais que dizem respeito a pressupostos processuais ou a condições da ação, 
buscando a extinção ou dilação do processo.
Nos termos do art. 95 do Código de Processo Penal, podem ser opostas exceções de sus-
peição, incompetência de juízo; litispendência; ilegitimidade de parte; coisa julgada.
Todas essas exceções podem ser também conhecidas de ofício pelo juiz, o que leva a 
doutrina a criticar o termo exceção, afirmando que tecnicamente se cuidam de verdadeiras 
objeções – estas sim não demandam provocação para que sejam apreciadas pelo juiz. A des-
peito disso, o Código utiliza o termo exceção, e é dele que vamos nos valer em nossa aula.
2.1.1. Modalidades de Exceções
2.3.1. Quanto aos Efeitos
Exceções dilatórias – buscam apenas procrastinar o processo. O reconhecimento delas 
não gera a extinção do feito, mas tão somente o retardamento do andamento processual.
São duas: exceção de suspeição (aqui incluído o impedimento e a incompatibilidade) e 
exceção de incompetência do juízo
Exceções Peremptórias – são aquelas que tem por objetivo a extinção do processo. 
São elas:
• exceção de litispendência – uma vez reconhecida a litispendência, o processo instau-
rado em segundo lugar será extinto;
• exceção de coisa julgada – reconhecida a coisa julgada, o processo será extinto;
• exceção de ilegitimidade de parte – causa divergência na doutrina. Alguns doutrinado-
res entendem que a exceção de ilegitimidade é dilatória, enquanto outros defendem que 
é peremptória. Mas devemos distinguir: aqui deve ser feita uma análise que passa pelo 
tipo de ilegitimidade que está sendo arguida. Isso porque, cuidando-se de ilegitimidade 
ad causam, a consequência será a extinção do processo: se o Ministério Público inicia 
ação penal em crime que se processa mediante ação penal privada, a consequência 
será a extinção do processo, em razão da ilegitimidade ativa. Por outro lado, caso a 
21 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
hipótese seja de ilegitimidade ad processum, a exemplo de queixa-crime oferecida por 
menor de 18 anos, por meio de advogado por ele constituído, abre-se a possibilidade de 
intimação do representante legal do menor para regularização, tendo em vista que ele 
poderá ratificar os atos processuais já praticados. 
2.1.2. Quanto à Natureza
Exceções processuais – trazem alegação de fato processual. São elas: de suspeição, in-
competência de juízo; litispendência; ilegitimidade de parte; coisa julgada.
Exceções substanciais ou materiais. Subdividem-se em:
• direta (ou defesa direta de mérito) – aqui é atacada a própria imputação contida na 
inicial acusatória: o acusado nega a autoria delitiva, ou afirma que agiu em legítima 
defesa, por exemplo;
• indireta ou preliminar de mérito – é alegado fato extintivo, modificativo ou impeditivo 
do direito do autor. É exemplo a alegação de prescrição.
2.1.3. Procedimento das Exceções – Notas Introdutórias
Quanto ao procedimento das exceções, importa saber que são processadas em autos 
apartados e, em regra, não suspendem o curso do processo, tudo isso nos termos do art. 111 
do CPP. Excepcionalmente, pode ser determinada a suspensão do feito, mediante decisão 
fundamentada. Quanto a essa regra do artigo 111, duas considerações merecem ser feitas.
Primeira delas: a despeito da previsão de que a exceção se processa em autos apartados, 
caso a matéria venha veiculada em outra peça (como resposta à acusação, alegações finais), 
não se cuida de óbice para que o juiz dela conheça. Questão formal não pode impedir o juiz de 
apreciar a matéria. Até porque, temos que lembrar: se as exceções veiculam matérias que po-
dem ser, inclusive, conhecidas de ofício pelo juiz, não haveria qualquer razão para o julgador 
deixar de apreciar questão de que tomou conhecimento no curso do feito, apenas por não ter 
sido seguida formalidade prevista em lei. Por isso, em razão do princípio da instrumentalidade 
das formas, caso a matéria venha arguida em peça formulada no curso do processo, deve ser 
examinada pelo juiz. No entanto, fique atento(a), apesar disso ocorrer na prática, a questão de 
22 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
prova vai mencionar a literalidade da lei, que fala sobre a necessidade de formação de autos 
apartados.
O outro ponto que quero destacar quanto ao art. 111 é o seguinte. Cuidando-se de ex-
ceção de suspeição, se a parte contrária reconhecer a alegação de parcialidade, poderá ser 
atribuído efeito suspensivo. Como assim? Diz o art. 102 do CPP, ao trazer o procedimento da 
exceção de suspeição (que estudaremos em seguida, inclusive destacando que ele se aplica 
também ao impedimento e à incompatibilidade) que quando a parte contrária reconhecer a 
procedência da arguição, poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até 
que se julgue o incidente da suspeição. Logo, apesar de, em regra, as exceções não terem 
efeito suspensivo, no caso da suspeição, caso a parte contrária concorde com a afirmação de 
parcialidade, o processo poderá ser suspenso.
Procedimento da Exceção de Suspeição (e de Impedimento e de Incompati-
bilidade)
Vamos agora analisar o procedimento das exceções. Lembrando: na aula sobre sujeitos 
processuais, já tratamos e estudamos sobre as hipóteses de suspeição, impedimento e in-
compatibilidades. Aqui, vamos nos ater a analisar o procedimento para instrumentalizar o 
reconhecimento daquelas hipóteses, tá certo? Vamos lá.
Diz o Código de Processo Penal, em seu art. 112, que o procedimento do impedimento e 
incompatibilidade é aquele utilizado para a arguição da suspeição. Por conta disso, vamos 
nos balizar pelos arts. 96 a 103 do CPP, que disciplinam a exceção de suspeição dos juízes, 
tendo em vista que esse regramento será o utilizado também para as exceções de impedi-
mento e de incompatibilidade. Outros dispositivos importantes serão analisados, tratando 
da suspeição dos serventuários e funcionários da Justiça, assim como do órgão ministerial. 
Vamos em frente.
As hipóteses de suspeição do juiz estão dispostas do art. 254 do CPP. Estão diretamente 
ligadas à imparcialidade do juiz que irá aplicar o direito naquele caso concreto. Apenas para 
lembrar: são hipóteses exemplificativas e que se referem a uma relação externa ao processo. 
Já no que diz respeito ao impedimento, referem-se a uma relação interna com o processo e o 
23 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUALPENAL
código traz, em seu art. 252, hipóteses taxativas. Incompatibilidades, por fim, são causas que 
prejudicam a imparcialidade do juiz, mas não estão elencadas pelo legislador como provoca-
doras do impedimento ou da suspeição. Dito isso, questiono: como deve ser provocado o juiz 
para que diga sobre essas hipóteses?
Primeiro ponto que temos que observar: diante da constatação da suspeição o juiz DEVE 
reconhecê-la de ofício, em decisão irrecorrível. Nesse caso, os autos serão remetidos ao subs-
tituto legal, conforme as leis de organização judiciárias locais ou provimentos dos tribunais.
No entanto, se a suspeição não for reconhecida de ofício pelo juiz, as partes poderão opor 
a exceção, por meio de petição escrita. Quanto a isso, há que se destacar: as exceções de 
suspeição, impedimento ou incompatibilidade devem ser feitas por escrito. A petição deve ser 
assinada pela própria parte, ou por procurador com poderes especiais. A ausência de poderes 
especiais na procuração pode ser suprida se a parte assinar a petição juntamente com o ad-
vogado. E por que isso? Por causa das consequências, pois em algumas hipóteses se imputa 
ao juiz uma conduta grave, podendo configurar crime contra a honra (cometido por aquele 
que alega a causa que entende gerar a parcialidade do juiz). Ademais, da exceção já devem 
constar as razões, acompanhadas de prova documental ou rol de testemunhas.
Importante: o Código de Processo Penal autoriza, em seu art. 108, que a exceção de incom-
petência seja oposta verbalmente ou por escrito. As exceções de litispendência, ilegitimidade 
de parte e coisa julgada seguem o mesmo procedimento da exceção de incompetência (con-
forme veremos adiante). Por conta disso, pode-se afirmar que a única exceção que deve ser 
feita por escrito é a de suspeição (e por consequência, a de impedimento e incompatibilidade, 
pois seguem o mesmo procedimento).
Por outro lado, cuidando-se de exceção de suspeição no Plenário do Júri, o procedimento 
é distinto. A arguição de suspeição do juiz presidente é feita oralmente. Sendo aceita, o julga-
mento é suspenso, devendo a sessão ser presidida pelo substituto legal. Caso não seja pos-
sível fazer a substituição de imediato, ou naquele mesmo dia, o julgamento será adiado. Caso 
24 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
o juiz não concorde com a arguição, o julgamento é realizado normalmente, devendo o inci-
dente ser registrado em ata. Em caso de apelação, pode ser arguida a nulidade do processo.
No que diz respeito aos jurados, diz o Código de Processo Penal que a suspeição dos ju-
rados deverá ser arguida oralmente, decidindo de plano o presidente do Tribunal do Júri. No 
caso, se a suspeição for negada pelo jurado recusado, o Juiz Presidente recusará a exceção 
se a causa indicada pela parte que a opôs não for comprovada imediatamente, fazendo cons-
tar tudo da ata. Na nossa aula sobre procedimento do Tribunal do Júri, trataremos com mais 
cuidados dessas questões.
A exceção de suspeição deve preceder a qualquer outra, salvo quando fundada em motivo 
superveniente.
Há várias questões de prova justamente indagando qual exceção deve preceder a qualquer 
outra. É justamente a de suspeição. Então, muito cuidado aqui! Quer ver como é assim?
Questão 2 (CESPE/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2016) De acordo com o CPP, em regra, a ex-
ceção cuja arguição precederá a qualquer outra é a exceção de
a) litispendência.
b) incompetência do juízo.
c) ilegitimidade da parte.
d) coisa julgada.
e) suspeição.
Letra e.
A alternativa E está em conformidade com o art. 96 do CPP: a arguição de suspeição precede-
rá a qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente.
25 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Assim, caso o Ministério Público tenha conhecimento da suspeição já antes do início da 
ação penal, pois o inquérito foi distribuído para juiz suspeito, deverá, ao oferecer a ação penal, 
já apresentar a exceção respectiva. A defesa, por outro lado, deverá opor exceção de suspei-
ção em resposta à acusação. No entanto, em qualquer caso, se o juiz suspeito passar a atuar 
no feito após essas fases, as partes podem se valer da exceção assim que tomarem conhe-
cimento da causa que conduz à imparcialidade do juiz. Com base nisso, parte da doutrina 
defende que a não arguição da suspeição na primeira oportunidade conduz à preclusão. No 
entanto, certo é que a suspeição do magistrado está ligada ao devido processo legal e à ga-
rantia de imparcialidade do juiz, o que permite sustentar correte diversa, que diz que ela pode 
ser ela arguida a qualquer momento.
A suspeição também pode ser arguida antes mesmo do início da ação penal, visando a 
que as medidas cautelares sejam analisadas por juiz imparcial.
Prosseguindo, já verificamos como é oposta a exceção de suspeição. Só para recapitular: 
é feita arguição por escrito, em petição assinada pela parte ou por procurador com poderes 
especiais (ou por ambos), acompanhada de documentos ou rol de testemunhas, nos termos 
do art. 98 do CPP. Mas o estudo do procedimento não para por aí. Encaminhada a petição para 
o juiz, ele poderá:
• Acolher a exceção de suspeição: caso se declare suspeito, imediatamente o juiz sustará o 
andamento do processo, juntará aos autos a petição e os documentos que a instruíram e 
ordenará sejam os autos remetidos ao substituto legal, tudo nos termos do art. 99 do CPP. 
Contra essa decisão que acolhe a exceção de suspeição, não há previsão legal de recurso;
• Não acolher a exceção de suspeição: se o juiz não acolhe, ele vai mandar autuar a peti-
ção em apartado e apresentará resposta, em até três dias, podendo juntar documentos, 
se possível, ou rol de testemunhas. Além disso, determinará que os autos da exceção 
sejam remetidos ao tribunal a quem competir o julgamento, em 24 horas. Muito embora 
o Código fale em remessa juiz ou ao tribunal a quem competir o julgamento, é o tribunal 
quem julga a exceção de suspeição. Chegando os autos ao julgador, abre-se a possi-
bilidade de ser reconhecida preliminarmente a relevância da arguição, hipótese em que 
será marcada dia e hora para oitiva das testemunhas e, em seguida, será realizado o 
julgamento, independentemente de mais alegações, devendo ser citadas as partes – 
26 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
excipiente e excepto. Por outro lado, se a suspeição for manifestamente improcedente, 
o juiz ou relator a rejeitará liminarmente. Contra a decisão do Tribunal, não há previsão 
legal de recurso cabível, o que, no entanto, não impede a utilização do HC ou do Man-
dado de Segurança, nem tampouco dos recursos extraordinários.
Diz o art. 101 do CPP que julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do pro-
cesso principal, pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável; rejeitada, evidencian-
do-se a malícia do excipiente, a este será imposta a multa de duzentos mil-réis a dois contos 
de réis.
Contra a decisão que acolhe a exceção de suspeição, não cabe recurso, conforme o 
art. 581, III do CPP, que diz que cabe Recurso em Sentido Estrito contra a decisão que julgar 
procedente as exceções, salvo a de suspeição. Isso é intuitivo, pois como o RESE visa a atacar 
decisões proferidas por juiz de primeiro grau, e a exceção de suspeição é julgada pelo tribunal, 
não haveria margem para o cabimento do RESE. A despeito disso, possível o manejo do ha-
beas corpus ou do mandado de segurança, ou mesmo dos recursos especial e extraordinário.
2.2. suspeIção, ImpedImento e IncompAtIbIlIdAde do Órgão do 
mInIstérIo públIco
Dispõe o art. 258 do CPP que os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos pro-
cessos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou 
afim,em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhes 
for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.
Portanto, tudo o que analisamos em relação à suspeição, ao impedimento e à incompati-
bilidade do juiz, também se aplica ao órgão do Ministério Público. Mas aqui há alguns deta-
lhes que devemos destacar.
Primeiro ponto: a participação de membro do Ministério Público na fase investigatória 
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia, nos 
termos do enunciado 234 da Súmula do STJ. Já conversamos sobre ela na aula sobre sujeitos 
processuais, mas a importância do tema (um dos preferidos das bancas!) torna obrigatória a 
repetição do teor da súmula aqui!
27 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
As causas de suspeição, impedimento e incompatibilidade podem ser arguidas tanto 
quando o Ministério Público atua como parte, quanto quando ele atua como fiscal da lei.
Quem decide a arguição de suspeição do Ministério Público é o juiz de primeira instância. 
Nos termos do art. 104 do CPP, o juiz, depois de ouvir o órgão do Ministério Público, decidirá, 
sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 3 (três) dias.
2.2.1. Suspeição da Autoridade Policial
Muita atenção aqui! O art. 107 do CPP dispõe que não se poderá opor suspeição às autori-
dades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer 
motivo legal. Portanto: a autoridade policial, constatando uma hipótese que a torne suspeita, 
deverá declarar sua suspeição. Se não o fizer, não há procedimento que possa ser utilizado 
para afastá-la em juízo. Defende-se a possibilidade de recurso administrativo ao chefe de 
Polícia, em uma analogia ao que dispõe o art. 5, 2º do CPP.
2.2.2. Suspeição nos Tribunais de 2ª Instância e Tribunais Superiores
O art. 103 do CPP disciplina a questão. Dispõe que se o revisor se declarar suspeito, o pro-
cesso passará para seu substituto, na ordem de precedência. Caso se cuide do relator, os au-
tos serão apresentados em mesa para nova distribuição. Não sendo o relator ou o revisor, 
a suspeição deve ser reconhecida verbalmente, na sessão de julgamento, o que deverá ser 
lançado em ata. Caso a suspeição seja do presidente do tribunal, o seu substituto – o vice-
-presidente, determinará dia e hora para julgamento. Caso a suspeição não seja aceita de 
imediato pelo exceto, será observado o procedimento previsto nos arts.  98 a 101 do CPP, 
justamente aqueles dispositivos que trazem o regramento a ser seguido em caso de exceção 
de suspeição dos juízes, no que for aplicável. Nesse caso, será julgada pelo tribunal pleno, e o 
relator será o presidente, salvo quando for ele o recusado, hipótese em que o relator será o 
vice-presidente.
2.2.3. Suspeição dos Peritos, Intérpretes e dos Serventuários ou Funcioná-
rios da Justiça
Aqui, dispõe o Código e Processo Penal em seu art. 105, que o juiz deverá decidir de plano 
e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata.
28 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
2.3. exceções de IncompetêncIA, IlegItImIdAde, lItIspendêncIA e coIsA 
julgAdA
Vamos analisar o procedimento previsto no nosso Código de Processo Penal para se ar-
guir incompetência, ilegitimidade, litispendência e coisa julgada. Antes de iniciar a tratar de 
cada um deles, quero deixar algo bem claro: quando falo do procedimento das exceções, pas-
so rapidamente por conceitos e pontos que entendo relevantes para que você compreenda o 
tema. No entanto, o aprofundamento em cada um deles é feito em aula própria. Assim, você 
adquire todo o conhecimento necessário sobre competência, por exemplo, na aula preparada 
para abordar esse tema, o mesmo que acontece com relação aos demais, tá certo? Meu avi-
so vem aqui para que você não ache que estou “pulando” partes importantes do seu estudo. 
Tudo isso acontece para evitarmos repetições desnecessárias, tratando de cada assunto no 
lugar certo. Assim, assentada essa premissa, vamos avançar!
2.3.1. Exceção de Incompetência
Também é conhecida como declinatoria fori. Cuida-se de defesa indireta, em que a parte 
pretende seja reconhecida a incompetência do juízo.
Antes de falarmos sobre a exceção de incompetência propriamente dita, vamos passar 
rapidamente por alguns aspectos que dizem respeito à competência absoluta e à competên-
cia relativa.
A competência absoluta é fixada com base no interesse público. Por isso, ela não admi-
te modificações. Então, temos uma competência improrrogável. Já a competência relativa é 
prorrogável, o juiz que, em tese, não seria competente, pode acabar se tornando competente, 
diante da possibilidade de flexibilização.
No processo penal, tanto a incompetência absoluta como a relativa podem ser apreciadas 
pelo juiz de ofício. Esta, de acordo com a maioria, até o instante da absolvição sumária. A ab-
soluta, por outro lado, pode ser reconhecida, inclusive de ofício, a qualquer tempo.
A exceção de incompetência pode ser manejada tanto para arguir incompetência relativa 
quanto absoluta. Apesar de a incompetência absoluta poder ser arguida em qualquer peça 
processual, nada impede que seja manejada por exceção – por se tratar de matéria de ordem 
29 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
pública, o  juiz irá apreciá-la tanto de ofício, quanto por provocação, o que pode se dar por 
qualquer meio.
Nos termos do art. 108 do CPP, a exceção de incompetência deverá ser oferecida no prazo 
da resposta à acusação. Pode ser oposta verbalmente ou por escrito e não suspende o cur-
so do processo principal. Prossegue aquele dispositivo legal, em seus parágrafos, tratando 
sobre o procedimento da exceção de incompetência, dispondo que o juiz ouvirá o Ministério 
Público antes de decidir quanto à exceção. Caso seja aceita, os autos serão remetidos ao juí-
zo competente, que ratificará os atos anteriores e determinará o prosseguimento do feito. Se, 
por outro lado, o juiz recusar a incompetência, continuará no feito, fazendo tomar por termo a 
declinatória, se formulada verbalmente.
A despeito da previsão de que a exceção de incompetência será oferecida no prazo da res-
posta à acusação, há também a possibilidade de o Ministério Público fazer uso dela, visando 
a arguir a incompetência do órgão jurisdicional, ainda antes do oferecimento da denúncia, 
ao observar a distribuição dos autos para juízo que entende ser incompetente.
Sendo reconhecida a incompetência do juízo, caberá Recurso em Sentido Estrito com base 
no artigo 581, II do CPP. Por outro lado, se o juiz julga procedente a exceção de incompetên-
cia, caberá RESE, com fundamento no artigo 581, III. No entanto, se o juiz julga improcedente 
a exceção de incompetência, não há previsão legal de recurso cabível, o que não impede a 
utilização de habeas corpus ou de mandado de segurança, sequer que seja a matéria arguida 
como preliminar de eventual apelação.
2.3.2. Exceção de Ilegitimidade
Conforme dispõe o art. 110, caput, do Código de Processo Penal, o procedimento da exce-
ção de ilegitimidade é semelhante ao da incompetência do juízo.
Aqui podemos tratar tanto da ilegitimidade ad causam como também abordar a ilegitimi-
dade ad processum e temos que ter cuidado para não confundir. A ilegitimidade ad causam 
é uma condição da ação penal, que diz respeito à legitimidade para agir: Ministério Público 
na ação penal pública, ofendido ou representante legal ou sucessores na ação penal privada. 
A ilegitimidade de parte conduz a uma nulidade absoluta. A ilegitimidade ad processum, por 
30 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENALoutro lado, cuida-se de pressuposto processual de existência da relação processual. Assim, 
em uma ação penal privada iniciada pelo ofendido, ele tem legitimidade ad causam, mas não 
terá legitimidade ad processum se for menor de 18 anos. Aqui temos uma nulidade relativa, 
abrindo-se a possibilidade de ser a queixa ratificada pelo representante legal.
A ilegitimidade ad causam ou ad processum deve ser reconhecida de ofício pelo juiz, já 
quando do recebimento da peça de início. Caso não o seja, pode ser posteriormente analisa-
da, a qualquer tempo. Sendo reconhecida a ilegitimidade ad causam já no curso do processo, 
este será anulado desde o início – nulidade absoluta. Já o reconhecimento da ilegitimidade 
ad processum pode ser sanada a todo tempo, mediante ratificação dos atos processuais, nos 
termos do art. 568 do CPP.
Quais os recursos cabíveis contra a decisão que aprecia a legitimidade? São quatro as 
possibilidades:
• se o juiz rejeita a peça acusatória, em razão da ilegitimidade, cabe o Recurso em Senti-
do Estrito, nos termos do art. 581, I;
• se o juiz julga procedente a exceção de ilegitimidade, também cabe RESE, porém com 
base no inciso III, do art. 581;
• se o juiz anula a instrução processual, em razão da ilegitimidade também cabe RESE, 
só que com base no art. 581, XIII;
• se o juiz julga improcedente a exceção, não cabe recurso. Pode caber, a depender do 
caso, habeas corpus ou mandado de segurança. A matéria também pode ser veiculada 
como preliminar de apelação.
2.3.3. Exceção de Litispendência
A litispendência se dá quando o mesmo acusado responde a dois processos penais con-
denatórios diferentes, mas que digam respeito à mesma imputação, independentemente da 
classificação que lhe seja atribuída. Está, portanto, ligada a um princípio importante – princí-
pio do ne bis in idem. A litispendência tem seu amparo exatamente nesse princípio, tendo em 
vista que ninguém pode responder duas vezes pelo mesmo fato delituoso.
E quando haverá identidade de ações no processo penal?
31 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O pedido no processo penal será sempre o mesmo – o de condenação. Então o que tenho 
que ter em mente aqui, para verificar a ocorrência ou não de litispendência, é que se faz ne-
cessário verificar quais são os fatos atribuídos a um mesmo acusado em dois processos di-
ferentes. Se a imputação feita ao réu for a mesma, em dois processos diferentes, que estejam 
em curso, está configurada a litispendência. Quer ver um exemplo? A vítima, entendendo estar 
o órgão ministerial inerte, vale-se do direito que lhe é conferido constitucionalmente e inicia 
uma ação penal privada subsidiária da pública. Acontece que dias depois o órgão ministerial, 
desconhecendo a existência daquela ação penal proposta, oferece denúncia contra aquele 
mesmo réu, imputando a ele justamente o fato criminoso que consta da queixa subsidiária 
de que se valeu a vítima. Clara está aqui a litispendência – duas ações penais, atribuindo ao 
mesmo réu a prática da mesma conduta delitiva. E pouco importa que a vítima tenha, na ação 
que movimentou, capitulado aquela conduta em determinado tipo penal, enquanto o Minis-
tério Público tenha entendido cuidar-se de outro fato típico: o que gera a litispendência é a 
imputação feita ao réu, é o fato que lhe é atribuído. Também não importa o fato de que não 
há identidade de partes, sob a perspectiva do sujeito ativo: Ministério Público movendo uma 
ação, vítima movendo a outra. O que caracteriza a litispendência no processo penal, portanto, 
é meramente a imputação do mesmo FATO ao mesmo ACUSADO.
Dito isso, importa ressaltar que o procedimento da exceção de litispendência é aquele da 
exceção de incompetência, também em conformidade com o art. 110 do CPP.
A exceção de litispendência pode ser arguida a todo momento. Para saber qual processo 
deve ser extinto, devem ser observados os critérios de prevenção e de distribuição: havendo 
juízo prevento, será ele o competente para continuar a processar o réu. Não havendo preven-
ção de nenhum dos juízes, observa-se a distribuição.
Quais são os recursos cabíveis, relacionados à exceção de litispendência?
• Se o juiz julga procedente a exceção, o  recurso cabível será o RESE, nos termos do 
art. 581, III;
• Se o juiz julga improcedente a exceção, não há previsão de recurso, porém, é cabível o 
manejo de habeas corpus em favor do acusado, assim como do mandando de seguran-
ça, sem deixar de mencionar a possibilidade de a matéria ser aventada como preliminar 
de apelação;
32 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
• Se o juiz reconhecer a litispendência de ofício, tal decisão tem força de definitiva, assim 
caberá Apelação, com fundamento no artigo 593 II do CPP.
2.3.4. Exceção de Coisa Julgada
A decisão judicial torna-se imutável caso não seja recorrida, ou quando se exaurirem as 
vias recursais. Assim, transitada em julgado determinada decisão, estamos diante da coisa 
julgada. Está ligada à segurança jurídica.
Caso estejamos diante de uma sentença condenatória ou absolutória imprópria, podemos 
falar em uma coisa julgada relativa, tendo em vista a possibilidade de utilização, a qualquer 
momento, da revisão criminal ou mesmo do habeas corpus, visando a modificar aquele pro-
vimento jurisdicional. No entanto, diante de uma sentença absolutória ou declaratória da ex-
tinção da punibilidade, a coisa julgada, no processo penal, tem caráter absoluto. Aqui se tem 
o que a doutrina denomina coisa soberanamente julgada, que impede novo processo pelo 
mesmo fato, ainda que aquela primeira decisão tenha sido proferida por juízo absolutamente 
incompetente.
Os limites objetivos da coisa julgada dizem respeito ao fato natural imputado ao acusado, 
pouco importando a qualificação que lhe seja atribuída. Se o acusado for absolvido como 
autor de um crime, pode ser novamente processado, agora como partícipe, daquele mesmo 
crime, tendo em vista que as imputações são diferentes. Já os limites subjetivos, dizem res-
peito à pessoa do acusado. Por isso, a absolvição de um dos coautores, não faz coisa julgada 
quanto aos demais, exceto se o juiz reconhecer a inexistência do fato criminoso.
Caso haja duas condenações, transitadas em julgado, em razão do mesmo fato, decorren-
tes de processos distintos, prevalecerá a que primeiro transitou em julgado.
O procedimento da exceção de coisa julgada é o mesmo da exceção de incompetência, 
nos termos do art. 110 do CPP.
Quais são os recursos cabíveis relacionados ao tema exceção de coisa julgada? Aqui, 
é quase idêntico ao que falamos sobre litispendência:
• se o juiz julga procedente a exceção, o  recurso cabível será o RESE, nos termos do 
art. 581, III do CPP;
33 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
• se o juiz julga improcedente a exceção, não há previsão de recurso, porém, nada impede 
o uso do habeas corpus, do mandado de segurança ou a arguição como preliminar de 
eventual apelação;
• se o juiz reconhece de ofício, extinguindo o processo sem a apreciação do mérito, 
tal decisão tem força de definitiva, e o recurso cabível será o de apelação, conforme 
art. 593, II do CPP.
2.4. restItuIção de coIsAs ApreendIdAs
O Código de Processo Penal trata nos artigos 118 a 124 do procedimento legal para de-
volução de coisas que tenham sido apreendidas no curso de investigação e que não mais 
interessem à persecução penal. Isso porque, havendo dúvida quanto à propriedade do bem 
apreendido, há que se instaurar verdadeiro procedimento incidental, visando à restituição 
dos bens.
Antes de mais nada, importa fazer uma rápida digressão aos dispositivos do Código de 
Processo Penal que tratam sobre a possibilidade de apreensão de bens. O § 1º do art. 240do CPP traz a possibilidade de que sejam apreendidos: coisas achadas ou obtidas por meios 
criminosos; instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contra-
feitos; armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim 
delituoso; objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; cartas, abertas ou não, 
destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do 
seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato. O objetivo, em linhas gerais, da apreensão 
desses bens é para que: sejam periciados, o que se mostra imprescindível quando a infração 
penal deixa vestígios; possam ser os instrumentos do crime exibidos futuramente (o que é 
mais comum de ocorrer no plenário do tribunal do Júri); realizar contraprova; devolver o bem 
ou valor ao legítimo proprietário ou possuidor; decretar o perdimento em favor da União.
Esses objetos apreendidos ficam sob custódia da autoridade policial, durante o curso da 
investigação. Após, são remetidos à autoridade judiciária.
O produto direto da infração é objeto de apreensão, nos termos aqui tratados. Por outro lado, 
o produto indireto é passível de sequestro, instituto que estudaremos adiante. O que seria 
34 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
produto indireto? Aquele que decorre de alienação do bem subtraído, por exemplo. Por isso 
a doutrina afirma que o art. 121 do Código de Processo Penal está tecnicamente incorreto, 
ao falar sobre a apreensão de coisa adquirida com os proventos da infração, pois nesse caso 
é cabível o sequestro. Para exemplificar: o dinheiro subtraído da vítima pode ser apreendido. 
No entanto, o celular adquirido com o valor subtraído é objeto de sequestro. Esse aspecto 
pode ser destacado em uma questão subjetiva. Apesar disso, fique atento à literalidade da lei 
(que fala em proventos da infração) para questões objetivas.
Feitas essas considerações iniciais, vamos tratar especificamente da restituição das coi-
sas apreendidas.
O Código de Processo Penal traz algumas vedações à restituição de coisas apreendidas. 
Vamos a elas:
• as coisas apreendidas não podem ser restituídas, antes do trânsito em julgado da sen-
tença final, enquanto ainda interessarem ao processo (art. 118 CPP). Apesar de a lei se 
referir a “sentença final”, certo é que a devolução é possível após decisões definitivas 
outras, que ponham fim ao processo, como aquela que determina o arquivamento do 
inquérito ou que declara extinta a punibilidade do réu;
• os instrumentos do crime, desde que seu fabrico, alienação, uso, porte ou detenção 
constitua fato ilícito, não poderão ser restituídos, sequer depois do trânsito em julgado 
da sentença final, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé (art. 119 CPP). 
O que se depreende desse dispositivo é que a restituição de instrumentos do crime 
apenas é vedada quando se cuidar de objeto proibido ou que esteja ilegal quando da 
infração penal. Por exemplo, não serão restituídas, em momento algum, cédulas falsas 
ou drogas apreendidas em poder do réu, ainda que venha ele a ser absolvido. Cuidando-
-se de objeto lícito, pode ser restituído, quando não mais interessar à persecução penal. 
Também deve ser respeitado o direito do terceiro lesado ou de boa-fé. Não é incomum 
que crimes sejam cometidos fazendo uso de objetos de terceiros, a exemplo de armas 
de fogo anteriormente subtraídas. Muito embora o autor da infração penal não tenho 
o direito de porte daquela arma, certo é que o terceiro, que foi vítima de crime anterior, 
pode tê-la restituída, quando não mais interessar à persecução penal (necessidade de 
perícias, por exemplo);
35 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
• não podem ser restituídos quaisquer bens ou valores que constituam proveito auferido 
pelo agente com a prática do crime, mesmo depois do trânsito em julgado, salvo se 
pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Assim, seja o produto direto do crime, 
seja o produto indireto, ou proveito da infração, não podem ser, em hipótese alguma, 
restituídos ao autor da infração penal. Possível, obviamente, a restituição ao lesado ou 
a terceiro de boa-fé;
• sem o comparecimento pessoal do acusado. Nos termos do art.  60, §  3º da Lei n. 
11.343/2006 e art. 4º, § 3º da Lei de Lavagem de Capitais, no que diz respeito aos bens 
apreendidos em decorrência de crimes previstos naquelas leis, o pedido de restituição 
não será conhecido se o acusado não comparecer pessoalmente.
Não havendo dúvida quanto ao direito, e não interessando o bem ao feito, será restituí-
do em seara criminal, seja pela autoridade policial, seja pela judiciária, independentemente 
da instauração de incidente. É o que dispõe o art. 120 do CPP: a restituição, quando cabível, 
poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que 
não exista dúvida quanto ao direito do reclamante. Isso porque, sendo certa a propriedade e 
não havendo interesse para a investigação/instrução, o bem é restituído, sem necessidade 
de qualquer incidente. Por outro lado, se houver dúvida quanto ao direito de quem pleiteia a 
restituição, ou quando o bem foi apreendido em poder de terceiros de boa-fé, a hipótese é de 
instauração de procedimento, o qual passamos a analisar.
2.4.1. Incidente de Restituição de Coisas Apreendidas
Não havendo interesse na manutenção da coisa nos autos, e não havendo dúvida quanto 
ao direito do interessado, a coisa apreendida poderá ser restituída, mediante simples pedido 
nos autos, sem necessidade de autuação em apartado, tanto pela autoridade policial, ainda 
no curso das investigações, quanto pelo juiz, já em andamento o processo penal. Podem 
requerer a restituição o proprietário ou o possuidor, aqui incluídos o investigado, o acusado, 
o lesado e o terceiro de boa-fé. A restituição pode ocorrer até noventa dias após o trânsito 
em julgado, nos termos do art. 123 do CPP. Decorrido esse prazo, sem requerimento de resti-
tuição, ou se não pertencerem os objetos ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o 
saldo à disposição do juízo de ausentes.
36 de 129www.grancursosonline.com.br
Danielle Rolim
Questões Prejudiciais e Processos Incidentes
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Havendo dúvida quanto ao direito de quem pleiteia o bem, ou quando as coisas forem 
apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, vai ser instaurado o incidente de restituição de 
coisas apreendidas. O incidente é autuado em apartado, perante o juízo criminal, sempre que 
se cuidar de apreensão vinculada a inquérito policial ou processo penal que apure fato crimi-
noso ou contravenção penal.
Questão 3 (FCC/2014/MPE-PE/PROMOTOR DE JUSTIÇA) A restituição de coisas apreen-
didas poderá ser ordenada pela autoridade policial, se encontradas em poder de terceiro de 
boa-fé e não houver dúvida quanto ao seu direito.
Errado.
A alternativa está incorreta, pois estando o bem em poder de terceiro de boa-fé, só pode ser 
ordenada pela autoridade judicial, nos termos do art.120, § 2º do CPP.
Nesse caso em que há dúvida quanto ao direito de quem pleiteia o bem, após a autuação 
do pedido em apartado, será assinado o prazo de 5 dias para que o requerente prove o seu 
direito. Aqui, apenas o juiz criminal pode decidir quanto à restituição, não mais a autoridade 
policial. Por outro lado, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, ele 
será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, 
tendo um e outro dois dias para arrazoar. O procedimento será autuado em apartado, e ape-
nas poderá ser resolvido pelo juiz.
Em qualquer caso, o Ministério Público será SEMPRE ouvido quanto ao incidente de res-
tituição.
Sendo necessária ampla dilação probatória, o juízo criminal remeterá

Outros materiais