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1 DESIGNER INSTRUCIONAL 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2 2. PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NO PROCESSO ........................................... 3 2.1 Planejamento: Conceito ................................................................................. 3 2.2 Planejamento Didático- Pedagógico .............................................................. 5 3. DESIGNER INSTRUCIONAL ............................................................................... 8 3.1 Como surgiu o design instrucional? ............................................................... 9 3.2 Conceito de Design Instrucional ................................................................... 10 3.3 Etapas do Design Instrucional ...................................................................... 11 4. PLANEJAMENTO DIDÁTICO EM DESIGNER INSTRUCIONAL ...................... 16 4.1 Estudo do Contexto ...................................................................................... 16 4.2 Gestão das Mídias ....................................................................................... 17 4.3 Definição dos Objetivos do Curso ................................................................ 18 4.4 Delimitação dos Conteúdos.......................................................................... 18 4.5 Elaboração das Estratégias Pedagógicas .................................................... 19 4.6 Seleção de Instrumentos de Avaliação da Aprendizagem ........................... 20 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 22 2 1. INTRODUÇÃO Design Instrucional (DI) é uma área da Tecnologia Educacional (TE), definida pela American Association for Education and Communication (AECT, 2008) como “o estudo e a prática ética de facilitação da aprendizagem e melhoria do desempenho, por meio da criação, uso e gestão de processos e recursos tecnológicos apropriados”. Desdobrando os componentes da definição temos: Estudo (disciplina / área de pesquisa); Prática ética (profissão e seus valores); De facilitação de aprendizagem (ênfase no aluno) e melhoria de desempenho (competências); Para criação (design), uso (ensino), gestão de processos e recursos tecnológicos apropriados. Design instrucional, nesta abordagem, é projeto de ensino-aprendizagem. É atividade baseada em princípios de comunicação, aprendizagem e ensino, para melhoria de materiais e ambientes de aprendizagem. Envolve importantes aspectos ligados à qualidade, o que se traduz em constantes desafios para a sustentabilidade de projetos educacionais. Qualidade, neste contexto, significa aprendizagem do aluno. A educação, hoje, conta com um aumento de oportunidades, mas também desafios para compatibilizar a realidade, mais complexa e altamente dinâmica, com as necessidades do ensino-aprendizagem. São desafios para o Design Instrucional que, para um desenvolvimento qualitativo, requer competências e critérios pertinentes. Vamos discutir as bases e competências do DI como estratégia para seus referencias que qualidade. Utilizando as atividades de desenvolvimento de um modelo de DI como critérios de qualidade, básicos e específicos para o trabalho na área. 3 2. PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NO PROCESSO 2.1 Planejamento: Conceito O planejamento, visto estrategicamente, não é outra coisa senão a ciência e a arte de construir maior governabilidade aos nossos destinos, enquanto pessoas, organizações ou países. Diz respeito a um conjunto de princípios teóricos, procedimentos metodológicos e técnicas de grupo que podem ser aplicados a qualquer tipo de organização social que demanda um objetivo, que persegue uma mudança situacional futura. Não trata apenas das decisões sobre o futuro, mas questiona principalmente qual é o futuro de nossas decisões e é na ação concreta que o plano se decide e prova sua importância. O processo de planejamento não substitui a perícia dos dirigentes, nem o carisma da liderança, ao contrário, aumenta sua eficácia porque coloca estes aspectos a serviço de um projeto político coletivo. “O Planejamento é sinalizador para a condução do processo de ensino e para que sejam atingidos os resultados almejados.” 4 O planejamento é um alicerce fundamental para a construção de uma “educação corajosa, Isso porque, afinal, o maior compromisso do processo educativo está na crença de que é possível a mudança social. Essa mudança deve refletir-se em uma escola que promova uma aprendizagem pautada na construção de um planejamento sério e comprometido com a realidade dos estudantes; que reconhece esses sujeitos em suas singularidades, em suas identidades e com eles estabelece o diálogo esclarecedor, ensinando-os a pensar; procura, também, suprimir práticas voltadas à inclusão. Portanto, a necessária importância de tal prática, em muitos casos, não é considerada no contexto educacional. Muitos docentes recorrem a planejamentos “prontos”, a roteiros de transposição didáticas que contemplam os diferentes componentes curriculares, ou, o que é pior, agem de forma improvisada. Com base nessas observações, faz-se uma reflexão para abranger as finalidades do planejamento, que, segundo Vasconcellos (1999), consistem em: Despertar e fortalecer a esperança na história, Ser um instrumento de transformação da realidade, Combater a alienação, Ajudar a prever e superar dificuldades e racionalizar esforços, tempo e recursos. [...] de uma educação que leve o homem a uma nova postura de seu tempo e espaço” (FREIRE, 2011, p. 122). 5 Tipos De Planejamento Figura 1: Tipos De Planejamento. Fonte: (IBSTPI, 2002). 2.2 Planejamento Didático- Pedagógico A educação tem como princípio ser um processo de transformação do indivíduo cujo objetivo é libertar, conscientizar e comprometer a pessoa diante do mundo. Independente de esse processo acontecer na educação formal ou na não-formal, na modalidade presencial ou a distância, ele deve contribuir para que a pessoa se torne sujeito, cidadão, independente e autônomo. Para isso, o planejamento pedagógico de todo curso deve ser pensado e elaborado como um processo educativo que não limite o ser humano, mas que lhe dê condições para que possa escolher o seu próprio caminho. Conforme Perrenoud, não se pode programar as aprendizagens humanas como a produção de objetos industriais. Não é somente uma questão de ética. É simplesmente impossível, devido à diversidade dos aprendizes e à sua autonomia de sujeitos. (2000, p.41) [8]. Partindo dessa visão, “passar conteúdos” não é suficiente. Na educação a distância (EAD), é preciso que os designers instrucionais (DIs) criem cursos que instiguem os alunos, agucem a curiosidade deles apresentando os conteúdos como 6 problemas e desafios que suscitem e mobilizem o envolvimento e motivem a participação. Como o ato de planejar é uma atividade intencional e é por meio dela que se busca determinar fins (MASETTO, 1994) [6], é no planejamento pedagógico de um curso que se prevê os conhecimentos a serem desenvolvidos nos alunos. É na realização do planejamento pedagógico que se identifica os objetivos a serem atingidos, os conteúdos que serão trabalhados, selecionam-se recursos e procedimentos para utilizar como estratégias de ação e preveem-se quais instrumentos serão mais adequados para avaliar o progresso dos alunos. Todas estas etapas são tradicionais do planejamento pedagógico de todo e qualquer curso. Contudo, quando se trata decursos online, o planejamento tem de considerar elementos próprios da modalidade a distância como, por exemplo, selecionar as mídias que serão utilizadas, ou ainda definir o tipo de curso que será criado. Em todas as situações de ensino-aprendizagem o planejamento é importante, mas na EAD ele é imprescindível. Nesta modalidade é preciso que todas as situações tenham sido pensadas, estudadas e analisadas antes de o curso ter início. Como isto tudo só é feito por meio de planejamento, a função do planejamento pedagógico é: 1. Tentar prever as dificuldades que podem surgir no curso; 2. Evitar a repetição rotineira e mecânica de aulas; 3. Adequar o trabalho às mídias disponíveis e às características dos alunos; 4. Adequar os conteúdos, as estratégias pedagógicas e as avaliações aos objetivos do curso; 5. Garantir a distribuição adequada do trabalho em relação ao tempo de curso. (HAIDT, 2004). Além disso, Palloff e Pratt (2002) [7] afirmam que um bom planejamento de curso online, além de ser centrado no aluno, deve privilegiar as seguintes estratégias para obter a confiança do aluno e estimulá-lo à participação: a) Estabelecer diretrizes claras para a participação do aluno; b) Na nota final; c) Informar como a participação será avaliada d) O peso que receberá. e) Possuir estrutura flexível e de fácil compreensão; 7 f) Informar sobre o tempo que será necessário para a participação do aluno no curso online; g) Possibilitar condições para a criação de uma comunidade virtual de aprendizagem. Para definir e estabelecer tudo isso, o planejamento pedagógico é um processo progressivo que se desenvolve numa sequência dinâmica e que está sempre em construção. Figura 2: Planejamento. Fonte: (IBSTPI, 2002). 8 3. DESIGNER INSTRUCIONAL O design instrucional é considerado hoje um dos grandes recursos de tecnologia na educação. Para entendê-lo de uma forma mais fácil, podemos dizer que o design instrucional objetiva facilitar o processo de aprendizagem por parte dos alunos de cursos online ou treinamentos corporativos, este último caso esteja sendo trabalhado a educação corporativa nas empresas. A educação a distância (EAD), por sua vez, está presente em nossa sociedade há muito tempo. No entanto, somente a partir do avanço tecnológico que a maneira como essa modalidade de educação se dá atualmente evoluiu de forma considerável, proporcionando níveis de crescimento altíssimos para tal. Nos dias de hoje, podemos perceber essa evolução a partir, por exemplo, da possibilidade de disponibilizar um mesmo curso ou conteúdo para diversas pessoas entre si, separadas por suas localidades e tempos distintos. Com essa possibilidade, a modalidade de ensino online cresceu muito nos últimos anos e a tendência é que cresça ainda mais. No entanto, ainda existe hoje uma concreta falta de planejamento e de conhecimento quanto ao processo de aprendizagem online e muitos erros são cometidos. Somado a este fato, muitas empresas e instituições de ensino buscam priorizar unicamente a diminuição de custos dos seus processos fazendo com que essa modalidade de educação começasse a ser por vezes desvalorizada por algumas pessoas durante algum período de tempo. A nossa sorte é que hoje existem diversos profissionais que de fato se preocupam com o verdadeiro propósito no que diz respeito a capacitação e desenvolvimento de competências de pessoas em geral, principalmente das que buscam formas mais dinâmicas e interativas de aprendizagem. Esse profissional é o designer instrucional. O mesmo trabalha com o objetivo de demonstrar a importância de um processo de ensino online bem elaborado e didático para os seus usuários, além de demonstrar como o mesmo gera um real aprendizado, assim como o formato presencial tradicional. Esses profissionais começaram a desenvolver de forma cada vez mais estruturada o que chamamos de design instrucional. 9 Figura 3: Recursos didáticos. Fonte: (IBSTPI, 2002). 3.1 Como surgiu o design instrucional? O design instrucional surgiu há muitos anos atrás em um período de Segunda Guerra Mundial. Nessa época, o governo norte americano começou a perceber que muitos dos seus soldados estavam perdendo seus equipamentos, e muitos suas vidas, justamente por não saberem utilizar de maneira correta seus materiais bélicos. Para minimizar esse problema, o governo criou um processo, a partir de uma equipe multidisciplinar, para organizar uma técnica unificada de treinamento que tinha como objetivo instruir os soldados a respeito de tudo o que era relevante o mesmo conhecer para se preparar bem para os confrontos. Os resultados foram bastante positivos e no pós guerra muitos pesquisadores começaram a estudar mais sobre a técnica utilizada e também a fazer novos experimentos com o intuito de deixar o processo cada vez mais refinado e eficiente, visto que o mesmo gerou bons resultados e melhorou bastante o desempenho dos soldados. Nesse contexto, a metodologia foi cada vez mais aprimorada e novos segmentos começaram a se aproveitar da mesma, além das forças armadas, como 10 indústria, comércio e serviços. Em um primeiro momento, instituições de ensino relutaram para aceitar essa nova metodologia e não houve uma evolução muito grande em termos de planos pedagógicos. No entanto, como sabemos, com o avanço tecnológico as possibilidades de ensino online evoluíram bastante e o design instrucional começou a ser visto de forma extremamente relevante para o segmento de educação a distância e até hoje se faz de maneira essencial para este processo como um todo. 3.2 Conceito de Design Instrucional O design instrucional, também conhecido como design educacional, é um termo bastante conhecido e utilizado na área de educação, principalmente na modalidade de ensino a distância, onde diz respeito à engenharia pedagógica. Logo, podemos dizer que o design instrucional trata de um conjunto de técnicas, métodos e recursos que podem ser utilizados em um processo de aprendizagem por parte de um aluno EAD. É interessante dizer, apenas como forma de curiosidade, que a expressão design instrucional vem do termo em inglês “instructional design”. Este termo busca capturar o mesmo significado do francês “ingénierie pédagogique”, sendo ligado à engenharia pedagógica, expressão citada anteriormente. O design instrucional é um campo de estudo que trata do processo de aprendizagem em qualquer contexto, desde a modalidade de educação tradicional presencial até a tendência de ensino online, disponibilizado através de uma plataforma EAD para tal, além de treinamento corporativos. Logo, o design instrucional funciona através da: 1. Concepção de cursos; 2. Aulas individuais; 3. À construção de materiais didáticos, tais como: a) Impressos b) Vídeos c) Softwares d) Ou qualquer objeto de aprendizagem. De acordo com Andréa Filatro, autora do livro Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia, o design instrucional corresponde à “ação 11 intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos”. De forma resumida, o design instrucional serve para a construção de qualquer material que facilite o processo de educação e aprendizagem. Estes materiais poderão ser utilizados para qualquer modalidade de ensino, isto é, online, presencial ou semipresencial. 3.3 Etapas do Design Instrucional O trabalho de um designer instrucional consiste em responder a três grandes perguntas: 1. Aonde vamos? (os objetivos da instrução) 2. Como chegaremoslá? (as estratégias e as mídias instrucionais) 3. Como saberemos quando chegarmos? (a avaliação) Existem muitos modelos que representam as etapas do processo de DI. O modelo ADDIE é bem simples e um dos mais utilizados. Sua sigla significa: Analize (analisar) Design (planejar) Develop (desenvolver) Implement (implementar) Evaluate (avaliar) Analisar A fase de análise corresponde ao exame e à descrição do problema instrucional a ser solucionado. A expressão “problema instrucional” refere-se a uma diferença entre o desempenho atual e o desempenho desejado para um determinado público- alvo. Esse desempenho pode ser acadêmico ou profissional. É muito importante para um designer instrucional saber que o desempenho insatisfatório nem sempre se deve à falta de competências. Diversos outros fatores 12 influenciam o desempenho humano, tais como: baixa motivação, equipamentos de trabalho inadequados ou processos de trabalho ineficientes e mal definidos. É um erro comum das organizações criar cursos ou materiais didáticos na expectativa de resolver problemas que não podem ser completamente atendidos por iniciativas de educação ou treinamento. Em muitos casos, a solução exige ações integradas de treinamento e comunicação, além de mudanças em práticas organizacionais. Quando a falta de conhecimento ou de competências é um elemento real e precisa ser atendido para o aprimoramento do desempenho, seja este profissional ou acadêmico, então isso é o que se chama de “problema instrucional”. A fase de análise corresponde ao exame e à descrição do problema instrucional a ser solucionado. A expressão “problema instrucional” refere-se a uma diferença entre o desempenho atual e o desempenho desejado para um determinado público- alvo. Esse desempenho pode ser acadêmico ou profissional. É muito importante para um designer instrucional saber que o desempenho insatisfatório nem sempre se deve à falta de competências. Diversos outros fatores influenciam o desempenho humano, tais como: baixa motivação, equipamentos de trabalho inadequados ou processos de trabalho ineficientes e mal definidos. É um erro comum das organizações criar cursos ou materiais didáticos na expectativa de resolver problemas que não podem ser completamente atendidos por iniciativas de educação ou treinamento. Em muitos casos, a solução exige ações integradas de treinamento e comunicação, além de mudanças em práticas organizacionais. Quando a falta de conhecimento ou de competências é um elemento real e precisa ser atendido para o aprimoramento do desempenho, seja este profissional ou acadêmico, então isso é o que se chama de “problema instrucional”. Mesmo quando existe de fato um problema que pode ser atendido por meio de instrução, é preciso que esta seja bem planejada. Outro erro comum é a implementação de medidas desproporcionais ou inadequadas ao problema. Por exemplo: um curso online com 200 telas animadas, que só podem ser acessadas diante do computador, pode ser uma solução pior que um guia impresso de consulta rápida acessível durante o trabalho. Por esse motivo é necessário analisar fatores como o contexto, as características dos aprendizes e os objetivos de aprendizagem, no intuito de 13 fundamentar decisões a respeito de uma solução viável e com boas chances de sucesso. Uma vez definidos os problemas organizacionais e identificados os problemas instrucionais procedemos com: 1. A análise do contexto de aprendizagem que inclui fatores como a infraestrutura tecnológica, verbas disponíveis, elementos restritivos, prazos, políticas organizacionais, cultura local etc.; 2. A análise do público-alvo que verifica as características cognitivas dos aprendizes, seu conhecimento prévio e competências relacionadas ao assunto em questão, características sociais e motivacionais etc.; 3. A análise dos objetivos de aprendizagem que decompõe objetivos gerais em objetivos específicos e subobjetivos, para permitir que sejam identificados os tipos de aprendizagem necessários para se criar uma solução instrucional completa sem lacunas nem excessos no conteúdo. São perguntas-chave do DI na fase de análise: 1. Levantamento de necessidades: qual é o problema? Que tipos de habilidades e conhecimentos se pretende ensinar/promover 2. Análise do contexto: quais as condições? 3. Análise do público-alvo: quem são os aprendizes? 4. Análise dos objetivos: o que os aprendizes devem se tornar capazes de fazer? Planejar Na etapa de planejamento, determinam-se as estratégias que serão aplicadas para atender ao problema instrucional, a fim de estimular as aprendizagens identificadas como necessárias. Nessa fase selecionam-se os mediadores (professores, tutores etc.), as mídias e as tecnologias que melhor atendem à instrução em seu contexto. No planejamento, selecionam-se ainda os métodos de ensino/aprendizagem como: presencial ou a distância, supletivo (dar informação) ou generativo (propor desafios), em grupos ou individualizado, estratégias motivacionais etc. O conteúdo é sequenciado em disciplinas, unidades, lições e atividades. As fases de análise e planejamento da solução costumam ser sistematizadas em um documento chamado “projeto instrucional”. Além dos aspectos educacionais, a criação de materiais didáticos ou a implementação de programas de educação ou treinamento significa bastante trabalho. 14 Iniciativas de grande envergadura exigem projetos gerenciais que tratam de questões como o cronograma de tarefas a cumprir, a composição da equipe de desenvolvimento, orçamento, riscos etc. Com frequência o designer instrucional desempenha o papel de gerente de projeto devido à sua formação abrangente e visão de conjunto sobre o propósito geral da instrução. São perguntas-chave do DI nesta fase: Quais são as estratégias mais adequadas para promover os diferentes tipos de aprendizagem? Como motivar os aprendizes? Quais são as mídias e as metodologias mais adequadas? Devem ser usadas abordagens generativas e/ou supletivas? Como deve ser sequenciada a instrução? Como os aprendizes serão agrupados? Desenvolver Na fase de desenvolvimento, os materiais instrucionais e as atividades de aprendizagem são criados. Conforme o caso, será necessário capacitar professores, comprar equipamentos ou recursos didáticos que existam no mercado. É comum fazer protótipos ou rascunhos dos produtos para fins de testes. Diversos modelos de DI enfatizam a necessidade da “avaliação formativa”, isto é, a avaliação dos materiais e dos métodos instrucionais ao longo de todas as etapas do desenvolvimento. Existem quatro métodos básicos para a avaliação formativa: a revisão do planejamento, a validação pelos futuros alunos, a validação por especialistas e a avaliação contínua durante a implementação (Smith e Ragan, 1999). São perguntas-chave do DI nesta fase: 1. Os produtos em desenvolvimento estão de acordo com o plano instrucional ? 2. Como podem ser melhorados antes de sua implementação? Implementar Em seguida, a instrução é oferecida (promovida, realizada) aos aprendizes conforme definido no plano instrucional. Com a finalidade de fazer ajustes e correções, é comum oferecer a instrução a um grupo-piloto antes de aplicá-la em grande escala. É pergunta-chave do DI nesta fase: 1. A instrução está sendo implementada corretamente? 15 Avaliar Por fim, os resultados da instrução são analisados em sua efetividade em face dos objetivos propostos inicialmente. Isso se chama “avaliação somativa”. Com tais resultados, os processos e os materiais didáticos podem ser revisados e melhorados. São perguntas-chave do DI nesta fase: 1. Qual a efetividade dos resultados de aprendizagem? 2. Como melhorar processos e materiais didáticos para as próximas implementações? Figura 4: Fases do Planejamentodo Designer Instrucional. Fonte: Fonte: (IBSTPI, 2002). 16 4. PLANEJAMENTO DIDÁTICO EM DESIGNER INSTRUCIONAL 4.1 Estudo do Contexto Em uma descrição breve, nesse momento, deve-se realizar um estudo do contexto em que o curso estará inserido. Essa fase consiste basicamente em entender o problema educacional da instituição para a qual o curso será criado, e projetar a melhor solução possível para a situação proposta. Conhecer os princípios da instituição como, por exemplo, o conceito que tem da EAD e qual é a sua filosofia educacional, permite ao DI – designer instrucional, traçar um perfil da instituição e de qual a expectativa dela para com o curso. Embora o interesse esteja no processo como um todo, para que o DI compreenda as finalidades e objetivos do curso, a ênfase principal dessa pesquisa inicial deve estar no público-alvo do curso. Portanto, é necessário obter o máximo de informação a respeito deles quanto for possível, uma vez que são dados essenciais para se tomar decisões sobre o programa a ser proposto. O estudo dessa primeira etapa deverá considerar os condicionantes socioculturais, econômicos e políticos desse público-alvo. O objetivo principal desta etapa é configurar o universo sociocultural dos possíveis alunos, possibilitando a caracterização dos interesses e das necessidades deles. O resultado desta etapa será um diagnóstico da realidade do aluno, elaborado de forma comprometida com seus interesses e necessidades (LOPES, 2004) [5]. Este diagnóstico será a base para as etapas seguintes. Algumas das definições elaboradas nessa primeira etapa permanecerão inalteradas no decorrer do planejamento do Isso é feito por meio da análise contextual, que abrange o levantamento das necessidades educacionais propriamente dito, a caracterização dos alunos e a verificação das restrições” (Filatro, 2008, p.28) [2]. 17 projeto, entretanto outras poderão ser aprimoradas posteriormente. As decisões são tomadas nas diversas fases do planejamento, sempre baseadas em dados relevantes. Sendo assim, à medida que mais informação se torna evidente e relevante, deve-se voltar e adicionar mais detalhes ao planejamento do curso, num movimento espiral. 4.2 Gestão das Mídias A etapa dois é uma das especificidades do planejamento de cursos a distância online. Neste processo estão envolvidas várias reflexões e tomada de decisões que orientarão as próximas etapas do projeto. Diariamente utilizamos diversas mídias para realizar diferentes tarefas como, por exemplo, a mídia impressa para ler um jornal ou um livro; o rádio, televisão e/ou internet para entretenimento. Da mesma forma, são muitas as mídias que podem ser utilizadas na educação a distância online. Contudo, diferentes mídias exigem tratamentos diferenciados para um mesmo conteúdo e diferentes situações (públicos, objetivos, tempo de duração do curso, etc.). Tratar todas da mesma forma é um erro. Cada uma tem particularidades que não podem ser esquecidas no momento do planejamento de um curso a distância como, por exemplo, possibilidades e limitações, equipe envolvida e tempo de produção. “Cada tipo de mídia requer planejamento cuidadoso e que vai além da disponibilidade dos equipamentos e da definição de seu uso em determinada aula, ou não” (KENSKI, 2005) [4]. Sendo assim, um dos requisitos profissionais do DI é conhecer as diferentes mídias e suas potencialidades pedagógicas para saber como explorá-las da melhor forma possível na elaboração de atividades, bem como nas formas de avaliação e apresentação de conteúdo. O DI não precisa ser um especialista em tecnologias e mídias. Isto não é necessário, pois a equipe de EAD deverá contar com profissionais técnicos que tenham esses conhecimentos. No entanto, é importante para o designer instrucional conhecer o suficiente sobre o assunto para saber de que forma e em que situação usar determinada mídia, de maneira a possibilitar melhor aproveitamento pedagógico dela. 18 4.3 Definição dos Objetivos do Curso Após conhecer o contexto em que o curso estará inserido, ter em mãos o diagnóstico da realidade do aluno e ter realizado a seleção das mídias, o próximo passo do planejamento pedagógico é a elaboração dos objetivos educacionais (geral e específicos) do curso. Grosso modo, objetivos educacionais são metas ou resultados propostos para que os alunos alcancem a partir da aquisição de determinados conhecimentos. Eles indicam aquilo que o aluno deverá ser capaz de fazer como consequência de seu aprendizado em uma determinada disciplina ou curso. As decisões sobre os objetivos, conteúdos, estratégias pedagógicas e avaliação – partes tradicionais de um plano pedagógico - são interligadas, interdependentes e derivadas das diretrizes e valores adotados. Contudo, são os objetivos educacionais que influenciam todas as etapas seguintes do planejamento. São eles que direcionam a definição do conteúdo e, posteriormente, das estratégias pedagógicas e de avaliação. Assim, a escolha entre uma atividade de web conferência ou chat, um trabalho em grupo ou individual ou uma discussão no fórum, depende dos objetivos propostos pelo curso. Da mesma forma, os objetivos e a avaliação estão estreitamente vinculados, pois para os alunos as reais intenções do curso aparecem nos instrumentos de avaliação. Na definição dos objetivos deve-se atentar para que contemplem os diferentes níveis de aprendizagem a serem atingidos: aquisição, reelaboração dos conhecimentos aprendidos e a produção de novos conhecimentos. Para tanto, deverão expressar ações, tais como a reflexão, a curiosidade, a investigação e a criatividade (LOPES, 2004) [5]. 4.4 Delimitação dos Conteúdos A quarta etapa deve ser realizada de forma crítica com vistas à identificação dos conhecimentos que se mostram essenciais e aqueles que podem ser considerados secundários na fase de aprendizado. Para isto, terá como base o diagnóstico obtido como resultado da etapa um. Para a maioria das pessoas envolvidas com o planejamento de cursos (presenciais ou a distância) o conteúdo possui relevância especial. 19 Não é raro encontrarmos cursos sendo planejados a partir dos conteúdos, e esses definirem as demais partes do plano – objetivos, atividades e avaliação. Contudo, essa é uma conduta equivocada, pois a definição dos conteúdos não é o ponto inicial para a elaboração de um curso. São os objetivos educacionais que determinam as etapas seguintes do planejamento pedagógico. Isto significa que é a partir dos objetivos propostos que são escolhidos os conteúdos, as estratégias e o processo de avaliação. Desta forma, os conteúdos passam a ser considerados como um dos instrumentos para que o aluno possa atingir o objetivo proposto. Via de regra, na EAD, quem faz a seleção e elaboração dos conteúdos é o conteudista. Mas, em geral, o DI e o coordenador do projeto participam do processo dando sugestões e/ou apontando adequações a serem feitas. Algumas vezes pode acontecer de os objetivos serem revistos e até reformulados a partir do trabalho com os conteúdos. Para Abreu e Masetto (1980) [8], isto faz parte do amadurecimento do processo de realizar um planejamento pedagógico que por vezes acontece num ir-e-vir constante sobre as partes que o compõem. 4.5 Elaboração das Estratégias Pedagógicas Estratégias pedagógicas são os meios que utilizamos para facilitar a aprendizagem dos alunos. Tendo como referência os objetivos e os conteúdos selecionados, a etapa cinco deve articular uma metodologia de ensino-aprendizagem que se caracterize pela variedade de atividades e de recursos didáticos que estimule e motive o aluno ao estudo. Tais estratégias deverão atender os diferentes níveis de aprendizagem previstos nos objetivos elaborados. Todasas estratégias são mais bem-sucedidas quando a informação acessada é relevante a uma tarefa de aprendizagem específica. É aonde se pretende que os alunos cheguem que se torna o ponto orientador das decisões tomadas em relação ao como chegar lá. (ABREU e MASETTO, 1980) Sendo assim, as estratégias podem ser um forte elemento de motivação para os alunos, pois podem favorecer (ou não) o dinamismo das aulas. Segundo Masetto (1994), saber escolher adequadamente e variar as estratégias utilizadas favorece uma séria de situações educativas, como: Dinamismo nas aulas; 20 Participação dos alunos; Integração e coesão grupal; Motivação e interesse dos alunos; Atendimento às diferenças individuais, uma vez que nem todos aprendem da mesma forma; Ampliação das experiências de aprendizagem; Criatividade do aluno. Para a formação do DI, é importante que ele compreenda a amplitude das estratégias pedagógicas; Identifique a relação das estratégias pedagógicas com os objetivos educacionais e elabore estratégias de acordo com o tipo de curso online a ser criado. Contudo, é necessário que o DI tenha bom senso na elaboração das estratégias para que as variações não sejam exageradas, pois ao invés de facilitar a aprendizagem isto pode gerar confusão para o aluno. 4.6 Seleção de Instrumentos de Avaliação da Aprendizagem Por fim, na última e sexta etapa do planejamento pedagógico, a seleção dos instrumentos de avaliação da aprendizagem não podem ter o sentido apenas de classificação dos resultados em que se destacam quem foi aprovado ou quem foi reprovado. Em um processo de ensino que privilegia a reflexão, a curiosidade, a investigação e a criatividade dos alunos, a avaliação deverá ter a função de acompanhamento contínuo de forma que a maior preocupação seja com a qualidade da reelaboração e a produção de novos conhecimentos, e não com a quantidade de conteúdos aprendidos. (LOPES, 2004) [5]. O processo de avaliação da aprendizagem na educação a distância, em princípio, não difere muito do método utilizado na educação presencial. Partimos das mesmas bases teóricas: os diferentes modelos avaliativos. As diferenças entre a avaliação em cursos presenciais e em cursos a distância são provocadas pelas especificidades do último e pelo modelo de curso online, que traz consigo a predominância de uma teoria de ensino e, como consequência, de um modo de avaliação. Não existe melhor ou pior forma de fazer a avaliação da aprendizagem. O que existe são diferentes tipos de cursos com diferentes objetivos, e o processo avaliativo deve ser coerente com isso. Assim como dentre os diferentes tipos de cursos não há 21 o melhor ou pior, mas sim o mais adequado aos objetivos da instituição, do curso e ao perfil do público-alvo, a avaliação também segue essa lógica. Figura 5: Designer Instrucional – ETAPAS DE PLANEJAMENTO. Fonte: (IBSTPI, 2002). 22 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Gellevij. M. (2001). Disciplina ´Principles of learning and instructional design´ Universidade de Twente, (não publicado). Romiszowski, A.J. (1999). 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