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Comentario sobre Independencia do Brasil na Bahia

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COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NA BAHIA. 
Luana Teixeira Barros– UESB
sevenlua@outlook.com
TAVARES, Luís Henrique Dias. Independência do Brasil na Bahia. Editora da UFBA, Salvador, 2005. 
 
Capítulo I: Os acontecimentos de fevereiro de 1822 na Cidade do Salvador. 
	Nesse capítulo, Tavares descreve os fatos que se desencadearam em Salvador, o que acabou por resultar nos conflitos políticos e militar entre os comandantes da Legião Constitucional Lusitana, Regimento número 12 e Legião de caçadores, com o destaque para a figura do tenente-coronel brigadeiro Madeira de Melo, e os oficiais brasileiros, até então representados pelo brigadeiro Freitas Guimarães, governante provisório das Armas na província da Bahia. 
	O autor tem a preocupação em contextualizar a realidade histórica do período abordado, visto que, ao se tratar de Independência, há uma errônea generalização dos fatos, com ênfase na questão política e militar do Rio de Janeiro, o que difere-se de outras situações, como o caso da Bahia, objeto de estudo do livro aqui tratado. É interessante, dessa forma, observar as particularidades e diversidade desse período de Independência Brasileira, em que se tem posições políticas muito divergentes. Enquanto há um apoio pelo movimento constituinte e uma formação ainda prematura de identidade territorial e nacional brasileira, principalmente ao pós Dia do fico, no qual Dom Pedro I, contrário as ordem das Cortes, consolida-se enquanto governador do reino do Brasil, há ainda o apego a Portugal, ou pelo menos, a figura monárquica e as Cortes portuguesas, já que o próprio governo português estava imerso em conflitos políticos entre o “movimento constitucional” e a absolutismo monárquico. No caso da Bahia, até fevereiro de 1822 não havia um reconhecimento da figura de D. Pedro I enquanto governador do Brasil, quem administrava politicamente a província baiana era a Junta governativa provisória controlada, de certa forma, pelas Cortes e por D. João VI. 
	A respeito da situação desencadeada na Bahia em fevereiro de 1822, é de suma importância ressaltar que a história dos fatos foi construída e contada, muitas vezes, por versões, por lados. Entretanto, por meio de documentos e demais fontes, Tavares procura entender essa conjuntura política, administrativa, militar, ideológica, econômica e social, descontruindo a generalização, abordando dinâmica dos acontecimentos, em busca por um entendimento dessa Independência Brasileira na realidade histórica baiana do século XIX.
	No que tange A posse do brigadeiro Madeira de Melo no governo das Armas da Província da Bahia, há um contexto de fatos complexos, acusações e disputas políticas, como a tentativa do Madeira de Melo convencer a corte portuguesa a enviar mais tropas para a Província baiana, mediante a insurgência da atividade de partidos ligados a ideia de independência, ressalta ainda a importância de tal envio para a manutenção do território brasileiro sob os domínios de Portugal. Tal fato acontece devido a resistência que Madeira de Melo encontra ao tentar tomar posse e substituir Freitas Guimarães no governo da província, tanto em meio aos comandantes e oficiais, como da própria população. 
	Mesmo com a tentativa de realizar uma assembleia para solucionar tal situação de forma apaziguada, no qual foi até formada uma junta com caráter militar, a disputa política acaba por resultar em confronto armado, desencadeado no Forte de São Pedro, com convicta resistência dos oficiais brasileiros. Entre esses é possível destacar Sabino Vieira que, tempos depois, lideraria a revolta intitulada em sua homenagem de Sabinada (1838). O desfecho dos acontecimento nos dias 18 à 21 de fevereiro é envolto por violência e mortes, estima-se um número de 200 a 300 de pessoas que foram mortas, entre elas a Sóror Joana Angélica, nomeada por alguns posteriormente como a primeira heroína da independência, sua morte gerou comoção e foi de conhecimento de muitos, inclusive da corte de Portugal, mediante a sua vida religiosa e sua tentativa de impedir que os soldados portugueses invadissem o convento. Quanto ao Freitas Guimarães, brigadeiro Madeira de Melo envia-o para Lisboa e comunica o rei. 
Capítulo II: Situações que levaram ao reconhecimento da autoridade do príncipe dom Pedro na Bahia. 
	Após a tomada do governo das Armas na província baiana houve resistência por parte dos oficiais e civis brasileiros, temendo a organização do chamado “partido da independência”, e com o objetivo de fortalecer o poder militar português em Salvador, o brigadeiro Madeira de Melo pede a Portugal o reforço das tropas, inclusive com o envio de navios e dinheiro para o armamento. Tavares conclui, a partir disso, que Madeira de Melo não estava isento do apoio das Cortes e do Rei de Portugal, visto que o governante das Armas se apresentava naquele momento como uma peça fundamental para manutenção do domínio político de Portugal, ao menos na Província da Bahia. Esse entendimento de resistência e formação de partido revolucionário liderado por um desejo de independência, entretanto, não foi aceito por governadores de outras províncias, como o de Pernambuco o e o de São Paulo, que defendiam o conceito de união entre Portugal e Brasil. Mas, vale lembrar que a dinâmica política local era variável, a situação baiana não era a mesma que de outras províncias. 
	Entre os meses de março, abril e maio de 1822 aconteceram várias formas resistência na Cidade de Salvador, segundo Tavares, “Essa Bahia é basicamente contra o brigadeiro Inácio Madeira de Melo e as tropas portuguesas”. Não há uma tentativa, a um primeiro momento, de lutar pela proclamação da Independência brasileira na Bahia, o que propicia, na verdade, a guerra pela independência é a necessidade de expulsar o governador das Armas e toda a Legião Lusitana do domínio político na província, já que esse proporcionava aos portugueses o controle militar, econômico-comercial na Bahia, o que desperta conflitos movido por interesses políticos diversos, visto que a manutenção das tropas portuguesas era financiado pela própria província. 
	Com a fuga de oficiais brasileiros e das famílias baianas da cidade de Salvador, o brigadeiro Madeira de Melo, em seu discurso, oferecia “perdão pelo crime de desobediência e deserção” aos oficiais e pedia aos civis que voltassem ao “sossego” de suas moradias. Segundo Tavares, essas fugas poderiam ser resultado de uma defesa ao reconhecimento de D. Pedro como governante, visto que a associação do Brasil ao governo de Portugal manifestava mais ainda, naquele momento, como “escravidão à metrópole”. Dessa forma, o autor conclui o capítulo enfatizando a realidade sociopolítica no pós-guerra peninsular, “Independência, para os brasileiros, queria dizer o Brasil separado de Portugal”. 
Capítulo III: O reconhecimento de dom Pedro em diversas Vilas da província da Bahia. 
	Nesse capítulo Tavares descreve como os conflitos políticos de salvador em fevereiro de 1822 influenciaram no apoio a dom Pedro I enquanto governador do Reino do Brasil e na guerra pela independência. Vale ressaltar que São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro já tinham reconhecido a autoridade do príncipe regente em abril do mesmo ano o que, entretanto, não representava uma unidade política no Brasil. Existia rivalidade entre as províncias, os interesses políticos se manifestavam de forma muito mais local, não há uma identidade nacional formada ao ponto de defender interesses voltados para o todo, ou seja, pela pátria. Os proprietários de terras e escravos, por exemplo, queriam um governo que proporcionasse a manutenção do comércio de escravos, já a Junta de governo da Bahia manifesta apoio a D. Pedro I em 15 de abril, mas que de nada interferia na atual situação, já que a autoridade política de salvador estava concentrada sob o domínio de Portugal, na figura de brigadeiro Madeira de Melo. 
	Com a considerável presença das forças armadas de Portugal em Salvador, a inimizade entre brasileiros e portugueses ampliou, a necessidade de tirar Madeira deMelo do controle provincial era a principal questão para os baianos, em que figuras com destaque econômico, social, político e administrativo veem no reconhecimento e na proclamação de D. Pedro I como autoridade no Reino do Brasil a saída mais urgente para livrar-se do domínio português. O entendimento de uma independência brasileira na Bahia só vai ser difundido de forma considerável em junho de 1822, o que se tem antes disso é a resistência contra a autoridade político-militar-administrativa sobre a Província da Bahia. 	
	A chamada “revolução do Brasil” de 1822, como chamou o brigadeiro Madeira de Melo, não aconteceu só no centro urbano de Salvador, sua repercussão estendeu-se até as vilas da província baiana, como a Vila de Santo Amaro (14 de junho), Vila de Cachoeira (25 de junho), e Maragogipe (26 de junho), e entre outras. Nessas vilas foram realizadas reuniões em que se pautavam questões como a implantação de um exército e a marinha próprios do Brasil, a existência de um Tesouro Nacional, uma Junta governativa formada a partir da eleição do “povo”, construção de uma universidade bem como de um tribunal supremo de justiça, entre outras pautas. Isso significava mudanças que estavam ainda “banhadas” pelo “conservadorismo baiano”, o rompimento do Brasil com Portugal era ainda um fato novo que despertava temor e incertezas. Entretanto, como é perceptível na escrita de Tavares a respeito dessas reuniões nas Vilas, as realidades propiciadas pela intervenção portuguesas eram limitadoras, coercitivas e políticas, e foi isso que levaram a uma guerra pela Independência. 
	O que deve se destacar é que as manifestações da população baiana que defendia e reconhecia a autoridade de D. Pedro I não ficaram isentas da intervenção militar portuguesa. Não se sabe o número exato de mortes, mas a violência por parte dos portugueses foi o estopim definitivo para o início da guerra pela independência do Brasil na Bahia. 
Capítulo IV: A fase exclusivamente baiana na guerra pela Independência. 
	A guerra pela Independência do Brasil na Bahia aconteceu de forma mais complexa do que se pode imaginar. Tavares aborda nesse capítulo os mecanismos utilizados tanto pelos portugueses quanto pelos brasileiros em meio ao confronto e a disputa pelo governo da província da Bahia. Por um lado, o brigadeiro Madeira de Melo procurava meios de se fortalecer as suas tropas, mas estava convicto do domínio político e militar que exercia sobre a província, visto que recebeu o apoio de figuras importantes e realizava a manutenção do seu exército por meio dos recursos provinciais. Enquanto isso, os “revoltosos” brasileiros procuraram formar uma Comissão administrativa de Caixa Militar, ou seja, uma organização que fosse capaz de atender as demandas que uma guerra ocasionava. Além disso, houve a necessidade de formar batalhões com integrantes voluntários, entre esses destacava-se o denominado de Periquitos. Tais batalhões foram mobilizados por comandantes, em uma dessas mobilizações partiram para o povoado de Nossa Senhora de Nazaré, o qual forneceu mantimentos para as tropas, não enviando nada mais para a Cidade de Salvador o que resultou no início da escassez de comida na sede provincial, já que tal povoado era um dos mais importante fornecedores de alimentos. Salvador, mediante a falta de mantimentos, sofreu impactos no comércio: o preço da carne e da farinha aumentaram consideravelmente e, sendo produtos de primeira necessidade, o que leva o brigadeiro Madeira de Melo comunicar ao governo de D. João. 
	A tentativa de implantar um governo para que atendesse toda província foi difundida pelas Vilas, local em que os brasileiros contrários ao domínio político português estavam situados depois dos conflitos de fevereiro, seria uma administração que procuraria governar em nome de D. Pedro I. Entretanto, as diferenças políticas e locais impediam um consenso, mas isso não evitou que o Conselho interino elegesse 17 representantes das vilas baianas, num período de setembro a novembro esse conselho ganhou força militar e política em seu governo. Os recursos que financiavam os brasileiros envolvidos na guerra pela independência eram oriundos de doações voluntárias e de empréstimos, segundo o representante da Vila de Abrantes e importante figura para a organização política dos brasileiros, Miguel Calmon. 
Capítulo V: A luta armada na Bahia: participação do Exército e da Marinha do Brasil. 
	Mesmo com o envio de Vasconcelos de Drumond para Salvador, na tentativa de convencer o governador das Armas, brigadeiro Madeira Melo, em renunciar seu posto e enviasse as tropas portuguesas para Portugal em troca de recompensa em cargos e dinheiro. Madeira de Melo recusou a proposta. 
	Em agosto de 1822 foi publicado dos manifestos assinados e autorizados para divulgação por D. Pedro I, esses eram dirigidos ao chamado “povo do Brasil) e aos “governos e nações amigas”. O do dia1° de agosto pautava questões como a Independência do Brasil, a “união” do Amazonas ao Prata com o objetivo de se separar de Portugal sem, entretanto, romper a ligação da “Fraternidade Portuguesa”, referia os brasileiros como “Povo Soberano”, especificando os indivíduos de algumas províncias, como os “Ilustres Baianos”, “Valentes Mineiros”, “Intrépidos Pernambucanos” e etc. Ressaltava ainda sobre as províncias que possuía uma resistência portuguesas, que os brasileiros deveriam “expelir do vosso seio esses monstros, que sustentam do vosso sangue [...]”. Tavares identifica nesse documento um certo caráter monárquico-absolutista representado na figura de D. Pedro I e que, logo após a divulgação dos manifestos, procura eleger um militar estrangeiro que pudesse comandar a Expedição Auxiliadora rumo à província da Bahia, a fim de tirar o comando do governo das Armas das mãos do português Madeira de Melo. 
	A escolha por um militar de origem estrangeira ainda é um debate com suposições, mas sem uma conclusão definitiva. O que se sabe é que Pedro Labatut, um francês, foi escolhido para desempenhar uma função tão importante que de estenderia entre os meses de julho e, mais fortemente em novembro de 1822, até maio de 1823, ano da proclamação da Independência brasileira na Bahia. Labatut só vai conseguir adentrar com suas tropas no território baiano em novembro, visto que encontrou uma considerável resistência e defesa portuguesa nos limites da província. A expedição, entretanto, não foi cancelada, somente adiada, pois Labatut parte para Recife em busca de mais soldados, agrega novas forças por onde passa, além de aclamar D. Pedro enquanto governador do Reino do Brasil. Em outubro o militar estrangeiro chega a província da Bahia, procura organizar um exército, mas encontra as tropas em um estado crítico, informa tal situação ao ministro José Bonifácio e intima o general Madeira de Melo ordenando-o, em nome do príncipe regente, que abandonasse seu posto pacificamente ou, caso contrário, se preparasse para o combate. Labatut não obteve uma resposta do governador das Armas. 
	É interessante abordar que a guerra da Independência do Brasil na Bahia proporcionou uma mobilização para além da província sede desses conflitos, já que o militar estrangeiro e líder da Expedição Auxiliadora recorreu a outras províncias com o interesse de se fortalecer militarmente, até porque a situação financeira das Vilas não estava favorável. Enquanto isso, navios e mais navios chegavam de Portugal como reforço para as tropas portuguesas lideradas por Madeira de Melo, tal “vantagem” aparente fomentou o ataque ao Exército brasileiro, desencadeando na Batalha do Pirajá. 
	A respeito dessa batalha, Tavares informa que pouco se conhece sobre os combates, visto que as fontes que se tem são limitadas e de difícil entendimento. Sabe-se que o confronto iniciou na madrugada de 8 de novembro e durou aproximadamente 8 horas; Plataforma, Cabrito e escarpas do Pirajá, foram os principais locais em que os ataques aconteceram de forma mais dura. O interessante é que mesmo com a investida portuguesa, as linhas brasileiras defenderam fortementee resistiram ao ataque português levando esse a recuar. Existem algumas versões de como esse confronto aconteceu, entretanto, a partir da análise da carta que Madeira de Melo ao Rei de Portugal, enviada três dias após o confronto, pode-se perceber a preocupação do general com sua condição na guerra, frente as tropas brasileiras que se fortaleciam. Segundo o governador das Armas “não estamos em estado de fazer guerra com vantagem”, e informa ao rei os problemas de doença, comunicação, formação e fortalecimento de tropas, a escassez de mantimentos para alimentação e para o armamento. É reconhecido, portanto, a probabilidade de se proclamar a independência por meio da guerra. 
Capítulo VI: Sangue, doenças e fome. 
	Segundo Tavares, o que predomina nos meses de novembro de 1822 a julho de 1822 é o sangue, doenças e fome. Sangue devido aos novos confrontos travados, como o ataque à ilha de Itaparica nos dias 7, 8 e nove de janeiro, no qual o General Labatut se posicionava como vitorioso, promovendo oficiais e recompensando tropas pelo bom desempenho, enquanto o lado português era rodeado por perdas e por feridos. A fome e as doenças, entretanto, era algo que ambos os lados tinham em comum, talvez bem mais na Cidade do que nas vilas, (já que existia um hospital na Vila de Cachoeira) no lado brasileiro havia deserções mesmo com o discurso autoritário de Labatut sobre as punições que seriam dadas a quem abandonasse seu posto, sua “pátria”. 
	No que tange a questão naval, o inglês Lord Cochnare foi promovido pelo governo do então aclamado imperador Pedro I como 1° almirante do Brasil. Esse ficou responsável de comandar a esquadra marinha que partiria em direção a Província da Bahia, mas encontrou diversas complicações em seu trajeto, os oficiais ingleses não se relacionavam muito bem com os oficiais brasileiros, a estrutura dos navios estavam em péssimas condições e, em meio ao combate naval que ocorreu em 4 de maio de 1823 entre as esquadras brasileira e portuguesa, o almirante encontrou dificuldades com o armamento, fazendo com que recuasse do confronto. Para Cochnare, os brasileiros que estavam na tripulação eram amadores, sem vocação para a atividade naval por terem idade avançada para aprender. 
	Em relação ao governo e ao comando na guerra da independência do Brasil na Bahia, podemos perceber a presença de conflitos internos no que tange aos comandantes e oficiais brasileiros. O militar Labatut, pelo fato de ter apanhado o dinheiro dos irmãos Teixeira e não ter devolvido, passou a ser questionado por seus aliados. Segundo Tavares, houve um possível motim para organizar uma revolta contra Labatut e que, possivelmente, por esse motivo o militar tenha ordenado a prisão de duas importantes figuras aliadas: Felisberto Gomes Caldeira e José Joaquim de Lima. A autoridade política de Labatut, entretantanto, não foi muito após isso visto que o militar é preso e depositado de sua função, sendo substituído pelo coronel José Joaquim de Lima e Silva. Esse, por sua vez, estabelece logo após sua nomeação a reorganização do exército que, segundo Tavares, pode ser considerado de fato o primeiro Exército Brasileiro composto por brasileiros e por um chefe militar brasileiro. Ainda sobre a prisão de Labatut, Tavares explica que “errou mais ao prender o coronel [...] e ao tentar se impor como única autoridade na Bahia em guerra pela Independência do Brasil”.
	O caminho para o 2 de julho ainda passou por combates, dos quais não se tem uma descrição ampla, mas que servem para identificar o quão a guerra pela independência estava no seu fim. Somente em 23 de junho de 1823 que foi realizada a posse da Junta provisória do governo, mesmo tendo sida nomeada pelo Imperador Pedro I em dezembro de 1822. Nesse mesmo período acontecia as negociações para que as tropas portuguesas e que o brigadeiro Madeira de Melo deixasse a Cidade do Salvador de forma pacífica. Foi na madrugada de 2 de julho que Madeira de Melo, juntamente com a esquadra portuguesa, e deixou a Província da Bahia sem, entretanto, pedir capitulação. O dia 2 de julho, portanto, foi um marco para a Independência do Brasil, representava a vitória sobre os estrangeiros portugueses, segundo Tavares cerca de 8.686 oficiais e soldados, sem contar as mulheres, se aglomeraram. O autor chama atenção, entretanto, sobre a denominação de tal data como marco festivo. Na verdade, os ritos festivos do 2 de julho só ganharam forma anos depois, o que se tinha naquele dia era a realidade do fim de uma guerra que se estendeu por mais de um ano: “sangue, doenças e fome”, nas palavras de Tavares, resume bem a realidade daquele momento. 	
	O pós-independência, nesse contexto de retomada brasileira ao poder, foi conflituoso e complexo. Houve instabilidades administrativas, políticas, questões sociais ligadas ao militar, como a condição dos soldados baianos na guerra que queriam se unir ao exército, sendo esses “negros escravos, negros e pardos libertos, e brancos pobres”. A liberdade para os cativos ainda era uma questão muito complexa. Dessa forma, podemos perceber que a dinâmica da guerra não se resumia ao político-militar, as questões econômicas e sociais eram mais que presentes e merecem destaque ao abordarmos um período de tão impotência para a formação de um Estado e uma Nação.

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