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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................... 4 3 O LÚDICO: DEFINIÇÃO E ORIGEM .......................................................... 7 3.1 O lúdico e a legislação na educação infantil ......................................... 9 3.2 O lúdico na infância e a pedagogia .................................................... 11 3.3 O lúdico e o desenvolvimento infantil ................................................. 17 3.4 A importância do lúdico na prática pedagógica na educação infantil . 23 3.5 A relação entre a ludicidade e aprendizado ....................................... 25 4 JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA ................................................... 29 4.1 A presença dos jogos na educação infantil ........................................ 32 5 BENEFÍCIOS DA LUDICIDADE NO ENSINO E APRENDIZAGEM DO ALUNO 49 6 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 52 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Fonte: br.pinterest Baseado nas discussões de teóricos como Fortuna (2013 apud BERNARDO H; 2018) e Piaget (1978 apud BERNARDO H; 2018), entre outros, é possível perceber a importância do brincar para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, à qual é compreendida como uma atividade bastante significativa desenvolvidas no âmbito das instituições de educação infantil. Todos os avanços existentes até hoje passaram por um grande processo de mudanças até chegar ao que é atualmente. A partir da existência de alguns aspectos contextuais muitas coisas só são compreendidas quando se conhece o histórico e a cultural. Portanto, para se entender esta discussão é necessário conhecer um pouco sobre a educação das crianças nos séculos passados, a partir de um breve histórico da Educação Infantil, conforme BERNARDO H; (2018). Pode-se evidenciar que mudanças ocorreram na sociedade de modo geral, em vários setores, principalmente na educação e a partir dessas concepções atuais se faz importante evidenciar a forma da educação antes das transformações sociais sobre a mesma. Portanto, Segundo OLIVEIRA (2005 apud BERNARDO H; 2018), o desenvolvimento da ciência e do comércio que aconteceu durante o período do Renascimento, fez com que a mulher entrasse no mercado de trabalho, instigando assim o nascimento de novas visões sobre criança e sobre como ela precisaria ser 5 educada. As turmas nessa época eram muito grandes e o básico a ser ensinado para essas crianças eram a obediência, moralidade e o valor do trabalho. Para (ARIÉS, 1981 apud BERNARDO H; 2018), a criança, que por muito tempo fora educada no seio familiar, começava a ser um ser integrante do mundo considerado moderno. Marcado pelos processos de industrialização e urbanização, esse “novo” mundo foi responsável pelas mudanças na função da mulher, consumindo sua força de trabalho, o que trouxe contribuições para o início de um processo de valorização da infância e sua educação. Oliveira (2005 apud BERNARDO H; 2018) ainda afirma que, nos séculos XVIII e XIX, importantes mudanças ocorreram no campo educacional, especialmente no atendimento para a infância, e nas concepções teóricas que embasavam o trabalho pedagógico. As crianças passariam a despertar, nos adultos, o interesse por cuidar delas e pensa-las. Desta forma, a valorização da criança ganha forças especialmente com as contribuições de Comênio (1592-1670 apud BERNARDO H; 2018), que é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação, Rousseau (1712-1778 apud BERNARDO H; 2018), foi um importante filósofo-teórico que contribuiu muito com suas ideias pedagógicas e Pestalozzi (1746-1827 apud BERNARDO H; 2018) que considerava a força vital da educação, o amor e a bondade. O autor Jean Jacques Rousseau (1712-1778 apud BERNARDO H; 2018), ia totalmente contra as entidades religiosas daquela época. O mesmo criou proposta para combater os preconceitos e os autoritarismos e destacava que o papel da mãe era como educadora natural da criança. Contudo, vale ressaltar que Rousseau foi um revolucionário da educação, pois o mesmo afirmava que a educação era para ser seguida de forma liberta, contrariando assim os paradigmas religiosos da época. (OLIVEIRA, 2005 apud BERNARDO H; 2018). Durante o século XX, as ideias desses e outros autores ganharam mais importância, e tiveram estudos mais rigorosos sobre as concepções de infância. Alguns teóricos se destacaram na Pedagogia e na Psicologia, como Vygotsky, Piaget e Freinet, que se tornaram alvo de especial atenção na educação infantil. A pedagogia de Freinet (1896-1966 apud BERNARDO H; 2018) organiza-se ao redor de uma série de técnicas ou atividades, entre elas as aulas passeio, o desenho livre, o texto livre, o jornal escolar e etc. A partir da história da educação infantil, podemos perceber os 6 avanços das concepções sobre o desenvolvimento infantil, sobre o papel da família e da comunidade. Atualmente os objetivos são relacionados aos aspectos corporal, intelectual e afetivo da criança. A questão da qualidade deve incluir algumas participações e concepções mediadoras da prática pedagógica, tais elas como familiares, educadores, teóricos e outros adultos. Em virtude dessas participações, as crianças que tem esse serviço tendem a desenvolver mais o raciocínio e a capacidade de resolver problemas. Com isso, grande parte desses efeitos contribui em relação à aprendizagem escolar, favorecendo-as o sucesso em seus estudos futuros, conforme BERNARDO H; (2018). As brincadeiras na escola de educação infantil tem sido alvo de discussões no meio educacional. A partir disso, percebemos que o brincar é a atividade presente na infância, mas ainda existem pessoas que acreditam que estas são incapazes de aprender algo, utilizando esses brinquedos somente como meio de distração. Há quem acredite também que estas são capazes de desenvolver habilidades com a brincadeira mesmo dependendo de um adulto, conforme BERNARDO H; (2018). De acordo com BERNARDO H; (2018), com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI, o qual resgata também a importância do brincar no dia a dia nas Unidades de Educação Infantil, onde tem uma contribuição enorme para esses centros infantis é um documento criado em 1998 pelo Ministério da Educação e Cultura do Brasil que relata de uma maneira geral a função da educação infantil na vida da criança no espaço escolar. Segundo o RCNEI, [...] a educação assume as funções: social, cultural e política, garantindo dessa forma, além das necessidades básicas (afetivas, físicase cognitivas) essenciais ao processo de desenvolvimento e aprendizagem, a construção do conhecimento de forma significativa, através das interações que estabelece com o meio. Essa escola promove a oportunidade de convívio com a diversidade e singularidade, a participação de alunos e pais na comunidade de forma aberta, flexível e acolhedora. (BRASIL, 1998, p.14 apud BERNARDO H; 2018). Partindo disso, pode-se perceber tamanha importância que as Unidades de Educação Infantil têm na vida da criança como um todo. Mas, vale ressaltar que para isso, o educador deve estar sempre presente, oferecendo-lhes aprendizagens lúdicas a partir das diversas brincadeiras. Com isso o brincar é realmente uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e autonomia. O fato de a criança, 7 desde muito cedo, se comunicar por meio de gestos, sons, e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. (BRASIL, 1998, v. 2, p. 22 apud BERNARDO H; 2018). O brincar é necessário no ambiente de educação infantil por fazer parte das necessidades das crianças bem como o seu próprio desenvolvimento. É através das brincadeiras que elas sentem o prazer e a liberdade de aprender desenvolvendo experiências que jamais poderiam praticá-las de outra maneira, o que faz fortalecer a sua importância e inclusão no ambiente de instituições infantis, conforme BERNARDO H; (2018). 3 O LÚDICO: DEFINIÇÃO E ORIGEM Fonte: vejaonline.jp.com De acordo com Almeida (2009 apud HENRIQUES I; 2019), o termo lúdico provém do latim "ludus", que quer dizer “jogo”. Porém, esse termo possui um sentido bem amplo, já que está diretamente ligado à brincadeira, diversão, cooperação, alegria, motivação e imaginação. Segundo Kishimoto (1995, p.108 apud HENRIQUES I; 2019), “o jogo assume a imagem e o sentido que cada sociedade lhe atribui” e essa imagem e sentido são construídos de acordo com cada contexto social, conforme seus valores e modo de vida. 8 Em tempos passados, o jogo era visto como inútil, sendo denominado apenas como divertimento, ocupação, atividade de lazer ou como uma coisa não séria. No entanto, depois do romantismo, a partir do século XVIII, o jogo aparece como algo sério e destinado a educar a criança, e a brincadeira passou a ser vista como uma “conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo” (KISHIMOTO, 1995; apud HENRIQUES I; 2019). E atualmente, no caso específico da educação, o jogo é visto como uma ferramenta facilitadora e fomentadora do aprendizado, no qual proporciona uma aprendizagem eficaz e significativa por ter a espontaneidade como base. Convém acrescentar que, ao atender necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares. Assim, para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, [...] o pedagogo deveria dar forma lúdica aos conteúdos (KISHIMOTO, 1995, p. 119; apud HENRIQUES I; 2019). No Brasil, a ludicidade que temos é herança da mistura de raças, crenças e cultura trazidas pelos índios e portugueses nos últimos séculos. Sant’anna (2011; apud HENRIQUES I; 2019) aponta que embora esses povos sejam os precursores dos atuais modelos e maneiras de desenvolvimento do lúdico mantidos até hoje, “é incerto afirmar de qual povo exatamente seriam suas origens” (SANT’ANNA, 2011, p. 23 apud HENRIQUES I; 2019). Esse autor também afirma que “desde os primórdios, a metodologia lúdica sempre foi valorizada pelos povos, sejam quais forem”, e exemplifica: Na Grécia antiga era através dos jogos que se passava ensinamento às crianças. Os índios ensinavam e ensinam seus costumes através da ludicidade. No Brasil da Idade Média, os jesuítas ensinavam utilizando brincadeiras como instrumentos para a aprendizagem (SANT’ANNA, 2011, p. 22 apud HENRIQUES I; 2019). O lúdico sempre fez parte da vida da criança e do ser humano em geral. Quanto a isso, Sant’anna (2011 apud HENRIQUES I; 2019) alega que os modelos de ensino seguem a mesma linhagem desde muito tempo atrás, e embora modificações aconteçam constantemente, a finalidade é sempre a mesma: alcançar uma aprendizagem significativa. Diante dessa perspectiva, fica claro que o contexto lúdico sempre possuiu uma contribuição significativa para a sociedade, sendo valorizado por diferentes povos em todos os tempos. E, no âmbito escolar, mesmo após a 9 globalização e os diferentes métodos inovadores de ensino, essa prática ainda continua sendo primordial na educação. 3.1 O lúdico e a legislação na educação infantil O desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre a educação infantil e a importância da criança na sociedade levou-se a criação de legislações que as contemplem como sujeitos de direitos. As legislações possuem forte influência nas ações relacionadas à criança, conforme BARROS A; et al., (2018). Assim, a educação infantil passa fazer parte da legislação do ensino no Brasil, com isso, a criança começa a ser reconhecida como sujeito em desenvolvimento. De modo que a constituição de 1988, em seu Art. 208, garante o dever do Estado referente à educação infantil, no parágrafo IV refere esse dever “à Educação infantil, em creches e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade”. A criança obteve no período referido um destaque significante, é bem verdade que grandes avanços foram conquistados a fim de garantir os devidos direitos da criança, conforme BARROS A; et al., (2018). [...] ressalta-se também a presença no texto constitucional do princípio da igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, avanços fundamentais na perspectiva da qualidade e da ampliação dos direitos da criança independentemente de sua origem, raça, sexo, cor, gênero ou necessidades educacionais especiais (BRASIL, 2006, v. 1 apud BARROS A; et al., 2018). A importância da garantia dos estudos a partir da educação infantil, sobretudo o respeito aos direitos da criança, em meio a esses direitos o divertimento e a brincadeira devem fazer parte do contexto escolar da referida fase. Temos como um dos referenciais de garantia desses direitos o Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme BARROS A; et al., (2018). O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – artigo 2º diz que: “Considera- se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos [...]”. E ainda no artigo 59, diz que os Municípios, Estados e União, devem estimular destinar recursos e espaços que proporcione programações culturais, esportivas e de lazer para a infância e a juventude. Dessa forma entende -se que se faz necessário o despertar para o lúdico na fase mencionada, pois atividades esportivas e lazer estão diretamente ligados ao conceito do termo lúdico, conforme BARROS A; et al., (2018). 10 Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil relatam o seguinte, no Brasil, a partir da década de 1980, no bojo do processo de redemocratização do país, o campo da Educação Infantil ganhou um grande impulso, tanto no plano das pesquisas e do debate teórico quanto no plano legal, propositivo e de intervenção na realidade. Em 1988, a Constituição Federal reconhece o dever do Estado e o direito da criança a ser atendida em creches e pré-escolas e vincula esse atendimento à área educacional [...] (BRASIL, 2006, v. 1 apud BARROS A; et al., 2018). Já as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) (Resolução CEB nº 01, de 7 de abril de 1999) – estipula em seu artigo 3º, inciso I, que, as propostas pedagógicas das instituições de educação Infantil devem respeitar os seguintes Fundamentos Norteadores: [...] Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais, conforme BARROS A; et al., (2018). Assim, as atividades lúdicas são elementos pertinentesà educação infantil a fim de estimular a capacidade de criatividade da criança e ainda propiciar momentos de interação social partindo da concepção de que a criança se trata de um sujeito em construção, nesse sentido ela precisa encontrar significados no processo de desenvolvimento na vida escolar, conforme BARROS A; et al., (2018). Outro documento que concerne à educação infantil é o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) – destaca que as brincadeiras façam parte das atividades permanentes, que devem ocorrer dentro de uma unidade de educação infantil. Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais (BRASIL, 1998, 2 v, p. 22 apud BARROS A; et al., 2018). O brincar, por sua vez, proporciona não apenas a diversão, mas aprendizagem trazendo sentido à criança enquanto se brinca. O fato de a criança obter a capacidade de representar nas brincadeiras contribui para compreensão de inúmeras situações que a mesma vivenciará no contexto escolar. E assim o desenvolvimento social aos poucos se constrói, conforme BARROS A; et al., (2018). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018 apud BARROS A; et al., 2018) traz no tópico três, fala sobre “A etapa da educação infantil” sobre o brincar, que deve acontecer da seguinte maneira: “cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos com diferentes parceiros (crianças e adultos) [...]”. 11 3.2 O lúdico na infância e a pedagogia Brincar é, para a criança, fonte de prazer e lazer, aliado à fonte de conhecimento. É esta dupla natureza que nos leva a considerar o brincar como parte integrante da atividade educativa. Ao utilizar os jogos, os brinquedos e as brincadeiras com o intuito pedagógico, é preciso levar em consideração as divergências existentes entre as características que são inerentes aos jogos, aos brinquedos e às brincadeiras, e os objetos educacionais, conforme MORAES I; (2012). A atividade lúdica possui um fim em si mesmo, isto é, ela é diferente de uma atividade didática e não se destina à realização de um objeto pré-estabelecido. Na educação infantil, as atividades realizadas têm um objetivo específico, algo a ser aprendido (TEIXEIRA, 2010, p. 44 apud MORAES I; 2012). O jogo, o brinquedo e a brincadeira são analisados e estudados na pedagogia, tendo em vista as possibilidades práticas de sua utilização no processo de ensino aprendizagem. Brincar é uma situação em que a criança constitui significados para assimilação dos papéis sociais e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio, bem como para a construção do conhecimento (TEIXEIRA, 2010, p. 44 apud MORAES I; 2012). Segundo Wallon (2007 apud MORAES I; 2012), o brincar passa por estágios que vão das brincadeiras puramente funcionais, passando pelas brincadeiras de ficção, de aquisição e de fabricação. As brincadeiras funcionais podem ser movimentos muito simples, como estender e encolher os braços ou as pernas, agitar os dedos, tocar objetos, imprimir-lhes um balanço, produzir ruídos ou sons. Com as brincadeiras de faz-de-conta, em que um dos exemplos mais típicos é o brincar de boneca e montar no cabo de vassoura como se fosse um cavalo, intervém uma atividade cuja interpretação é mais complexa, mas também mais próxima de certas propostas muito interessantes de definição do brincar. Nas brincadeiras de aquisição, a criança fica “toda olhos e toda ouvidos”. Ela olha, escuta, esforça-se para perceber e compreender coisas e seres, cenas, imagens, relatos, canções que demonstram captar toda a sua atenção. Nas brincadeiras de fabricação, diverte-se em juntar, combinar entre si objetos, modificá-los, transformá-los e criar novos (WALLON, 2007, p. 54 apud MORAES I; 2012). 12 Brincar é uma situação em que a criança constitui significados para assimilação dos papéis sociais e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio, bem como para a construção do conhecimento. A atividade lúdica é uma situação em que a criança realiza, constrói e se apropria de conhecimento das mais diversas ordens. Ela possibilita, igualmente, a construção de categorias e a ampliação dos conceitos das áreas do conhecimento. Neste aspecto, o brincar assume um papel didático e pode ser explorado pela pedagogia, conforme MORAES I; (2012). De acordo com Soares (apud TEIXEIRA, 2010, p. 45 apud MORAES I; 2012), Comenius foi o primeiro pedagogo que atribuiu um valor educativo aos exercícios manuais. Em meados do século XVIII, Rousseau propôs para a educação de crianças os jogos, o esporte e as atividades manuais. Outro educador importante, Pestalozzi, com vasta prática no ensino às crianças, defendia uma educação que pudesse unir o trabalho manual aos conhecimentos elementares. Para ele, o princípio fundamental de seus métodos era a descoberta que deveria acontecer no momento da manipulação dos objetos concretos. Por isso, sustenta que a educação deveria realizar-se com base nos objetos concretos (TEIXEIRA, 2010 apud MORAES I; 2012). Neste segmento foi Froebel (apud KISHIMOTO 2010 apud MORAES I; 2012), continuador de Pestalozzi, que defendia a ideia de que as crianças deveriam aprender pela experimentação e pela prática. Conhecido como o educador das crianças, Friedrich Froebel (1782-1852 apud MORAES I; 2012) foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase decisiva na formação das pessoas. Froebel ressalta que o jogo constitui o mais alto grau de desenvolvimento da criança, a manifestação espontânea e natural do mundo intuitivo, imediatamente provocada por uma necessidade interior. Por isso, quando a criança brinca, ela fica imersa em um mundo de alegria, contentamento, paz e harmonia, proporcionadas pelo brincar espontâneo, conforme MORAES I; (2012). Froebel (apud TEIXEIRA, 2010 apud MORAES I; 2012) considera então, dois tipos de jogos: Os jogos livres e interativos com um fim em si mesmos: de atividades simbólicas e imitativas que a criança desenvolve espontaneamente e em liberdade, definidas à socialização, como as brincadeiras de faz-de-conta, conforme MORAES I; (2012). 13 E os dons e as ocupações: (entre eles os jogos de construção: são pequenos objetos geométricos, como bola, cilindro, cubo, triângulo, esfera, blocos de construção, anéis, argila, desenhos e dobraduras) – suporte de ação para educadores trabalharem com conhecimento e habilidades sensoriais, cognitivas, sociais e afetivas. E as ocupações são atividades orientadas com materiais e objetos educativos específicos. Em seu livro “Jogo e educação”, Brougère aborda algumas teorias de Froebel afirmando, Froebel defende a ideia de que o professor deve explorar a capacidade criadora da criança, permitindo que ela tenha ações espontâneas e prazerosas. A partir de objetos de seu cotidiano, a criança tem capacidade para criar significações e representar seu imaginário por si mesmo. Por isso, o brincar é representar, é prazer, autodeterminação, seriedade, expressão de necessidades e tendências internas. “A criança não é uma argila, moldável, é uma força mágica dotada de movimento, de resistência, de certa autonomia” (BROUGÉRE, 1998, p.63 apud MORAES I; 2012). Froebel não cansa de lembrar que o objetivo é exatamente “a atividade autônoma”, “a ocupação autônoma” da criança com o jogo: o sentido da educação é que se torna supérflua. O critério dessa realização da naturezada criança será a alegria como manifestação sensível da conformidade da educação à essência íntima da criança. Um meio de garantir a liberdade desse movimento será deixar a criança mesma inventar seus próprios jogos, pois, na mesma medida em que a imitação enfraquece, a criação revigora a força autônoma (BROUGÈRE, 1998, p.70 apud MORAES I; 2012). Para Soares (apud TEIXEIRA, 2010, p. 46 apud MORAES I; 2012), Maria Montessori ultrapassou os pressupostos de Froebel, discutindo a possibilidade de uma escola que permitisse o desenvolvimento das manifestações espontâneas da criança. O método montessoriano consiste no exercício sensorial e no seu aproveitamento no processo lúdico e pedagógico. No Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998 apud MORAES I; 2012), é ressaltada a importância da brincadeira quando afirma que educar significa “propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas” (RCNEI, p.23). Quando brinca, as crianças potencializam e praticam os quatro pilares da educação propostos por Jaques Delors (1996 apud MORAES I; 2012) à UNESCO, como forma integral de desenvolvimento: ela aprende a conhecer, aprende a fazer, aprende a conviver e aprende a ser. 14 Por meio da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo ao seu redor. Brincando com outras crianças, encontra seus pares e interage socialmente, descobrindo, desta forma, que não é o único sujeito da ação, e que para alcançar seus objetivos, precisa considerar o fato de que outros também têm objetivos próprios (TEIXEIRA, 2010, p. 49 apud MORAES I; 2012). A atividade lúdica é, portanto, uma das formas pelas quais a criança se apropria do mundo, e pela qual o mundo humano entra em seu processo de constituição, na qualidade de sujeito histórico. O brincar pode representar então um suporte para a educação, para a aprendizagem, e para a solução de problemas, mas também precisamos considerar a função da brincadeira como um todo e lembrar que há inúmeros tipos de jogos, brinquedos e brincadeiras que, apesar de propiciar uma ação no mundo imaginário da criança, também podem vir acompanhados de desprazer e frustração, conforme MORAES I; (2012). Quanto aos diferentes aspectos dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras, na educação infantil, eles são descritos da seguinte forma por Teixeira (2010 apud MORAES I; 2012): Aspectos físicos: são os componentes de ordem cognitiva, afetiva e social que acompanham o ato motor. Neste sentido, Neto (apud TEIXEIRA, 2010, p. 54 apud MORAES I; 2012) diz que a criança tem em si uma grande necessidade de se movimentar, pois da qualidade do seu comportamento motor, vai depender todo o seu processo de desenvolvimento. É por essa razão que, dos dois aos sete anos de idade, os brinquedos assumem grande importância, já que são, ao mesmo tempo, instrumentos de brincadeira e jogo e meios de desenvolvimento. De acordo com MORAES I; (2012), pode-se dizer então que as crianças, por meio dos jogos, brinquedos e brincadeiras, exercitam seu corpo como um todo, conhece seus limites, exploram a realidade e coordenam seus movimentos. Alicia Fernàndez, em seu livro “A Inteligência Aprisionada”, afirma que “Desde o princípio até o fim, a aprendizagem passa pelo corpo” e acrescenta: 15 Uma aprendizagem nova vai integrar a aprendizagem anterior; ainda quando aprendemos equações, temos o corpo presente no tipo de numeração e não se inclui somente como ato, mas também como prazer; porque está no corpo, sua ressonância não pode deixar de ser corporal, porque sem signo corporal de prazer, este desaparece (FERNÀNDEZ, 1991, p.59 apud MORAES I; 2012). Aspectos emocionais: Quando está brincando, a criança tem a possibilidade de extravasar suas emoções, reproduzir situações que lhe foram traumáticas, expressar seus desejos e suas angústias, assumir diversos papéis, reviver, refazer e reorganizar situações indesejadas. É o que a Psicanálise chama de função catártica9 da atividade lúdica (TEIXEIRA, 2010, p.53 apud MORAES I; 2012). A teoria psicanalítica de Freud (apud TEIXEIRA, 2010, p. 55 apud MORAES I; 2012), representa uma grande contribuição na compreensão dos estudos sobre os jogos infantis. No texto “Além do Princípio do Prazer”, Freud anuncia que o brincar é a primeira atividade normal da mente, sendo que as crianças reproduzem em seus jogos, brinquedos e brincadeiras o que lhes causou maior impressão na vida. Por meio das atividades lúdicas, os indivíduos podem romper as barreiras do superego estabelecidas pela sociedade, expandindo seus instintos primitivos, sendo que os tipos de jogos, brinquedos ou brincadeiras não são tão importantes quanto à situação que é reproduzida pela criança. Pode-se dizer que a atividade lúdica expressa, sem consciência alguma da criança, algumas das fantasias primitivas das relações por ela vivenciadas. De acordo com o psicanalista Erik Erikson (apud TEIXEIRA, 2010, p.55 apud MORAES I; 2012), o jogo inclui todo o tipo de expressão, como a corporal, ideativa, gráfica, afetiva, espacial e verbal. É importante para a análise psicológica a qualidade da relação que a criança estabelece com o objeto utilizado como brinquedo. Para Erikson, este tipo de jogo tem forte carga projetiva, sendo que o modo de relação com os objetos pode fornecer informações importantes sobre a relação que a criança estabelece com os pais e com o mundo à sua volta. Psicologicamente, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras servem para ajudar a superação dos sentimentos de perda e a ansiedade depressiva, típicas da infância, conforme MORAES I; (2012). 16 A dramatização de papéis dos jogos infantis cumpre pelo menos duas funções, assim caracterizadas por Machado (apud TEIXEIRA, 2010, p.56 apud MORAES I; 2012): possibilita o diagnóstico de um conflito que a criança esteja vivenciando e tem uma função curativa, por levar à diminuição da ansiedade, funcionando como uma válvula de escape. O autor destaca ainda que, de acordo com os princípios da ludoterapia, há brinquedos terapêuticos que tem como base a função catártica, buscando aliviar a ansiedade gerada por experiências ameaçadoras. Aspectos socioculturais: Alguns autores como pesquisaram os aspectos socioculturais contidos nos jogos infantis, mas coube a Johan Huizinga a autoria de um dos mais representativos estudos sobre o jogo como expressão cultural. Na obra “Homo Ludens”, cuja primeira edição data de 1938, Huizinga afirma que a cultura não “nasce do jogo” como um recém-nascido se separa do corpo da mãe. “Ela surge no jogo, e enquanto jogo, para nunca mais perder esse caráter”. (HUIZINGA, 2010, p.191 apud MORAES I; 2012). O autor define como jogo uma atividade voluntária exercida dentro de certos determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. O jogo da criança não é equivalente ao jogo para o adulto, pois não é uma simples recreação. Quando joga, o adulto se afasta da realidade, enquanto a criança, ao brincar/jogar, avança para novas etapas de domínio do mundo que a cerca (apud TEIXEIRA, 2010, p. 57 apud MORAES I; 2012). Huizinga conclui que as manifestações lúdicas da cultura estão em decadência desde o século XVIII e afirma que o autêntico jogo teria desaparecido da civilização atual, existindo apenas um falso jogo. Ele fundamenta essa ideia baseando-se na análise do esporte, que apesar de ainda possuir características lúdicas, perdeu parte delas, as mais puras, dada a excessiva sistematização a que o sujeitou como competição esportiva (apud TEIXEIRA, 2010, p. 57 apud MORAES I; 2012). Brougère (2010 apud MORAES I; 2012)em sua obra sobre brinquedo e cultura, relata que a brincadeira é uma forma de comportamento social, que se destaca do trabalho e do ritmo cotidiano da vida, reconstruindo-os para que se possa compreendê-los segundo sua própria lógica, organizada no tempo e no espaço. Segundo Brougère (apud TEIXEIRA, 2010, p. 58 apud 17 MORAES I; 2012), uma das possibilidades de utilização do brinquedo é a brincadeira, quando a criança tem a possibilidade de conferir ao brinquedo novos significados, sem que ele condicione sua ação. Nessa medida, o brinquedo é fornecedor de representações manipuláveis. Os brinquedos e as brincadeiras são atividades culturalmente pertencentes ao ser humano. Para Brougère (2010 apud MORAES I; 2012), a criança está inserida, desde o seu nascimento, em um contexto social, e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável. Por essas razões, acredito que o brinquedo utilizado na escola não deve ser muito diferente daqueles com os quais as crianças estão acostumadas a brincar fora do espaço escolar; deve ser algo que elas já conheçam que faça parte de sua realidade. A escola deve, portanto, resgatar os brinquedos pertencentes à cultura lúdica dos alunos e proporcionar ressignificações, mudanças de materiais adaptados, novos jogos, novas brincadeiras. O ambiente coletivo permite que essas sejam realizadas com sucesso, pois a interações com outras crianças possibilita que culturas sejam compartilhadas e novas ideias sejam expostas e apreendidas, conforme MORAES I; (2012). Assim, na escola, o principal objetivo da utilização de jogos, brinquedos e brincadeiras é sugerir ideias, despertar a imaginação e ultrapassar os limites da criatividade. Afinal, trata-se da cultura lúdica do aluno, que é compartilhada entre as crianças, dentro da esfera real e imaginária vivenciada no momento do brincar. Essa diversidade de culturas é encontrada em ambientes que concentram um determinado número de crianças e que, além disso, estimulam a brincadeira de forma livre e ao mesmo tempo direcionada. Um ambiente importante que pode oferecer essas características é, justamente, a escola, conforme MORAES I; (2012). 3.3 O lúdico e o desenvolvimento infantil O lúdico na concepção de Piaget: Segundo Piaget (1998 apud SANTOS L; 2013), o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico, ela precisa brincar para crescer. Através dele se processa a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré- operatório, quando a linguagem e a representação mental começam a fazer parte da vida da criança com maior intensidade, ou seja, a criança começa a fazer e também 18 a compreender. Para Piaget (1978 apud SANTOS L; 2013) as origens das manifestações lúdicas acompanham o desenvolvimento cognitivo. Cada etapa do desenvolvimento está relacionada a um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para todos os indivíduos. Com relação ao jogo, Piaget (1998 apud SANTOS L; 2013) acredita que inicialmente tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos dois a três anos e dos cinco a seis anos, nota-se a ocorrência do jogo simbólico/dramático, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar mentalmente o acontecido, mas, de executar a representação. Na próxima fase surgem os jogos de construção e de regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança. O valor do conteúdo de um jogo deve ser considerado em relação ao estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra, isto é, como a criança adquire conhecimento e como raciocina. Brinquedo é tudo que for utilizado para o uso da brincadeira, algo que a criança se envolve, emocionalmente, e interage de forma viva e real. Através dos objetos as crianças agem, são capazes de estruturarem seu espaço, seu tempo, desenvolvem noções de casualidade chegando a representação e a lógica, conforme SANTOS L; (2013). O jogo, para Piaget (1998 apud SANTOS L; 2013), constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade. Ferramenta que auxilia no processo de ensino e aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que ocorrem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa competição. 19 Piaget (1967 apud SANTOS L; 2013), afirma que “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral. ” Através dos objetos as crianças agem, são capazes de estruturarem seu espaço, seu tempo, desenvolvem noções de casualidade chegando a representação e a lógica. Portanto, o jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, mas é um instrumento eficaz quando utilizado também no ambiente escolar. Piaget (1996, p.173 apud SANTOS L; 2013) considera que “o lúdico é uma característica fundamental do ser humano. ” Portanto, não é um comportamento herdado, ele é adquirido pelas influências que recebemos no decorrer da nossa vida, no contexto social o qual somos inseridos, desde que nascemos. O lúdico na concepção de Vygotsky: Vygotsky (1988 apud SANTOS L; 2013), diferentemente de Piaget (1998 apud SANTOS L; 2013), considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento, sendo o indivíduo nem ativo nem passivo, mas sim interativo. Segundo Vygotsky (1988 apud SANTOS L; 2013), as crianças, ao brincarem, constroem a consciência da realidade e, ao mesmo tempo, vivenciam a possibilidade de transformá-la. A brincadeira pode ter papel fundamental no seu desenvolvimento, onde o aprendizado se dá por interações, o jogo lúdico e o jogo de papeis, como brincar de “mamãe” e “filhinha”. O lúdico cria condições para que determinados conhecimentos e/ou valores sejam consolidados ao exercitar no plano imaginativo – capacidades de imaginar situações, representar, seguir regras de conduta de sua cultura e outros. Assim, a criança se projeta no mundo dos adultos, ensaiando atividades, comportamentos e hábitos nos quais ainda não está preparada para tal, mas que na brincadeira permite com que sejam criados processos de desenvolvimento, internalizando o real e promovendo o desenvolvimento cognitivo, conforme SANTOS L; (2013). De acordo com Vygotsky (1993 apud SANTOS L; 2013), na brincadeira a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real. Além disso, a brincadeira fornece ampla estrutura para mudanças das necessidades e da consciência, pois nela as crianças ressignificam o que vivem e sentem. (VYGOTSKY, 1993, p.10 apud SANTOS L; 2013). 20 O ato de brincar é de suma importância na constituição do pensamento infantil, pois é no brincar, no jogar que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil e motor. Ou seja, por meio das brincadeiras as crianças podem manifestar certas habilidades que não seriam esperadas para a sua idade. Afirma Vygotsky (1998 apud SANTOS L; 2013), que a partir dessa manifestação de habilidades cria-se o conceito de “zona de desenvolvimento proximal” que consiste na distância entre aquilo que a criança consegue e sabe fazer sem o auxílio de um adulto (desenvolvimento real) e o que é capaz de realizar com a ajuda de um adulto ou uma criança mais velha (desenvolvimentopotencial), conseguindo depois realizar sozinha. O brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal, que é por ele definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1998, p. 112 apud SANTOS L; 2013). Dessa forma, o nível de desenvolvimento real refere-se a tudo aquilo que a criança já tem consolidado em seu desenvolvimento, e que ela é capaz de realizar sozinha sem a interferência de um adulto ou de uma criança mais experiente. Já a “zona de desenvolvimento proximal” refere-se aos processos mentais que estão em construção na criança, ou que ainda não amadureceram. A “zona de desenvolvimento proximal” é, pois, um domínio psicológico em constantes transformações, aquilo que a criança é capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã, conforme SANTOS L; (2013). É nesse sentido que a brincadeira pode ser considerada um excelente recurso a ser usado quando a criança chega na escola, por ser parte essencial de sua natureza, podendo favorecer tanto aqueles processos que estão em formação, como outros que serão completados, conforme SANTOS L; (2013). Sobre o desenvolvimento da criança, Vygotsky (1979) afirma que no desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um papel de primeira importância. Põe em evidência as qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de desenvolvimento. A criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em cooperação. Por conseguinte, o único tipo correto de pedagogia é aquele que segue em avanço relativamente ao desenvolvimento e o guia; deve ter por objetivo não as funções maduras, mas as funções em vias de maturação (Vygotsky, 1979, p. 91 apud SANTOS L; 2013). 21 Contudo, não é a espontaneidade do jogo que o torna uma atividade importante para o desenvolvimento da criança, mas sim, o exercício no plano da imaginação da capacidade de planejar, imaginar situações diversas, representar papeis e situações do cotidiano, como o caráter social das situações lúdicas, os seus conteúdos e as regras inerentes à cada situação, conforme SANTOS L; (2013). Vygotsky (1999 apud SANTOS L; 2013), caracteriza o brincar da criança como imaginação em ação, afirmando que a imaginação é um dos elementos fundamentais das brincadeiras e jogos. O brinquedo que comporta uma situação imaginária também comporta uma regra relacionada com o que está sendo representado. Assim, quando uma criança brinca de médico, busca agir de forma muito próxima daquele que ela observou no contexto real. A criança cria e se submete às regras do jogo ao representar diferentes papeis. O lúdico na concepção de Wallon: Segundo Wallon (1981 apud SANTOS L; 2013), o fator mais importante para a formação da personalidade não é o meio físico, mas sim o social. Destaca o emocional, o afetivo e elege a afetividade como algo intimamente ligada a motricidade, como desencadeadora da ação e do desenvolvimento da ação e do desenvolvimento psicológico da criança. Através do seu corpo e de sua projeção motora, a criança estabelece a primeira comunicação (diálogo tônico) com o meio, apoio fundamental do desenvolvimento da linguagem. Ou seja, a motricidade é ligada as emoções, que leva a representação e que, simultaneamente, precede a construção da ação, na medida em que significa um investimento, em relação ao mundo exterior. Na concepção de Wallon (1934 apud SANTOS L; 2013), infantil é sinônimo de lúdico. Toda atividade da criança é lúdica, no sentido que se exerce por si mesma antes de poder integrar-se em um projeto de ação mais extensivo que a subordine e a transforme em meio. A personalidade humana é um processo de construção progressivo, onde se realiza a integração de duas funções principais: a afetividade, vinculada à sensibilidade interna e orientada pelo social e a inteligência, vinculada às sensibilidades externas, orientada para o mundo físico, para a construção do objeto. Ao classificar os jogos infantis, Wallon (1981 apud SANTOS L; 2013), apresenta quatro categorias de jogos: Jogos funcionais: caracterizam-se por movimentos simples de exploração do corpo, através dos sentidos, conforme SANTOS L; (2013). 22 Jogos de ficção: atividades lúdicas caracterizadas pela ênfase no faz- de-conta, na presença da situação imaginária, conforme SANTOS L; (2013). Jogos de aquisição: inicia desde que o bebê, “todo olhos, todo ouvidos”, como descreve Wallon, se empenha para compreender, conhecer, imitar canções, gestos, sons, imagens e histórias, conforme SANTOS L; (2013). Jogos de fabricação: jogos onde a criança se entretém com atividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar objetos, conforme SANTOS L; (2013). O lúdico na concepção de Friedrich Froebel: Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, a apreender o significado da família nas relações humanas. Em 1840, Froebel funda o primeiro “jardim de infância, para crianças menores de seis anos de idade, constituído por um centro de jogos organizado segundo suas concepções. O educador comparava as crianças às plantinhas e os professores aos jardineiros, conforme SANTOS L; (2013). Seu propósito residia em guiar, orientar e cultivar nas crianças suas tendências divinas, sua essência humana através do jogo, das ocupações e das atividades livres, tal como Deus faz com as plantas da natureza (ARCE, 2002, p. 67 apud SANTOS L; 2013). A criança, segundo Froebel, citado por (ARCE, 2002, p. 59 apud SANTOS L; 2013) trazia em si a semente divina de tudo o que há de melhor no ser humano. Cabia à educação desenvolver esse germe e não deixar que se perdesse. O jogo seria o trabalho na educação da criança e os brinquedos criados para esse fim foram denominados de “dons”. Ele assim os chamava porque acreditava que seriam uma espécie de presentes dados as crianças, ferramentas para ajudá-las a descobrirem seus próprios dons, descobrir o que Deus havia dado a cada uma delas. Todos os dons eram chamados por Froebel de ocupações, “[...] que nada mais são do que jogos nos quais a criança simula atividades do seu dia-a-dia, ou complementa através das artes plásticas as criações feitas com os dons. ” (ARCE, 2002, p.65 apud SANTOS L; 2013). 23 Em seu Livro “A Educação do Homem”, afirma que “[...] a representação livre e espontânea do divino no homem dá-se através da vida do homem, o que como vimos, é o objetivo último e a razão de toda educação, tanto quanto o destino último do homem”. (FROEBEL, 1887, P.10 apud SANTOS L; 2013). Segundo ele, a educação da criança se dava gradativamente, através de três tipos de operações: a ação, o jogo e o trabalho. Os materiais eram sistematizados para as crianças de expressarem: blocos de construção que eram utilizados pelas crianças para atividades criativas, papel, papelão, argila, etc. Sua teoria valorizava também a utilização de contos e fábulas, assim como as excursões e o contato com a natureza. A criança se expressaria através das atividades de percepção sensorial, da linguagem e do brinquedo e as atividades e o material escolar eram determinados principalmente para tirar o máximo de proveito educativo da atividade lúdica, conforme SANTOS L; (2013). 3.4 A importância do lúdico na prática pedagógica na educação infantil A educação lúdica, na sua essência, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participaçãofranca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio (ALMEIDA, 1994, P.41 apud ZANATA N; 2016). O Lúdico é uma importante ferramenta na construção da aprendizagem. É através da exploração que a criança expande seus pensamentos e aprendizados, adjunto à observação e investigação do mundo. Quanto mais a criança explora as coisas do mundo, mais ela é capaz de relacionar fatos e ideias, tirar conclusões, ou seja, mais ela é capaz de pensar e compreender. A criança processa o conhecimento através da exploração concreta do elemento. Ou seja, a criança absorve qualquer tipo de informação, contribuindo assim para uma maior carga de experiências e conhecimentos para seu desenvolvimento cognitivo, conforme ZANATA N; (2016). 24 De acordo com Hermida (2008, p. 92 apud ZANATA N; 2016), a escola apresenta-se como um espaço propício a essas atividades e a sala de aula o meio para efetivação desse direito, em que o professor exerce um papel de mediador, ajudando a criança a construir e ampliar o conhecimento, usando o lúdico como importante instrumento na elaboração de situações significativas de aprendizagem, para que ao brincar o aluno tenha oportunidade de aprender. Piaget (1975, p. 22 apud ZANATA N; 2016) diz que: Nas brincadeiras a criança desenvolve a criatividade através do faz-de-conta e trabalha o que tem de mais sério, necessário e vital, para o crescimento e o desenvolvimento da personalidade e da vida. Na medida em que favorece o processo da criança, o brincar enriquece os espaços de aprendizagem. Assim sendo, o professor precisa privilegiar um ambiente distinto, preparado para promover a realização de jogos, brincadeiras, jogos, músicas, leitura infantil, parlendas, quadrinhos, teatros de bonecos de pano e assim despertar a emoção e o imaginário, conforme ZANATA N; (2016). Desta forma temos que procurar refletir e assim nos livrar de uma concepção muito arraigada nos professores de que o brincar no contexto escola, é somente para deixar o ambiente agradável, ou como um passatempo para a rotina escolar do educando da educação infantil. O professor deve entender que o brincar é mais do que isso, uma vez que pode contribuir para o desenvolvimento integral da criança, porque através das brincadeiras o aluno constrói um novo repertório de informações, além de proporcioná-los a uma interação prática com o meio social no qual está inserido. Assim, o brincar no contexto escolar deve ser encarado como uma realidade educacional, conforme ZANATA N; (2016). De acordo com os RCNEI (1988 apud ZANATA N; 2016) nas brincadeiras as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Ao brincar ela assume um determinado papel numa brincadeira, e isso provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, sendo de grande enriquecimento para a sua aprendizagem na medida em que pensa, cria e desenvolve novas experiências a partir de outras já vividas. 25 É muito importante para o educador que trabalha com as crianças da Educação Infantil, vivenciar, através da expressividade, o seu corpo e sua ludicidade, pois, desta forma, terá maiores chances de alcançar um bom relacionamento com a criança. Sendo que essa vivencia poderá permitir ao educador perceber suas possibilidades e limitações em termos corporais, desbloqueando resistências e obtendo uma visão mais clara sobre a importância do movimento do corpo na vida da criança, conforme ZANATA N; (2016). 3.5 A relação entre a ludicidade e aprendizado De acordo com MENEZES R; (2019), nos dias atuais é muito difícil falar em educação sem mencionar a palavra ludicidade, uma vez que ambas estão interligadas uma com a outra e pelo fato de se fazer presente no dia a dia no âmbito escolar pois sabe-se que o lúdico contribui de forma significativa como as percepções psicológicas e pedagógicas do desenvolvimento de uma criança. Dessa forma as atividades lúdicas ajudam a vivenciar fatos e favorecer aspectos do cognitivo do aluno. Brincadeiras e jogos podem e devem ser utilizados como uma ferramenta importante para o auxílio do ensino aprendizagem bem como para que se estruturem os conceitos de interação e cooperação. Mediante isto, A ludicidade na educação possibilita situações de aprendizagem que contribuem para o desenvolvimento integral da criança, mas deve haver uma dosagem entre a utilização do lúdico instrumental, isto é, a brincadeira com a finalidade de atingir objetivos escolares, e também a forma de brincar espontaneamente, envolvendo o prazer e o entretenimento, neste último, o lúdico essencial. (MARIA, e tall (2009, p. 4 apud MENEZES R; 2019). Diante disso, é possível destacar que através das brincadeiras a criança pode expressar seus sentimentos, dúvidas e alegria, descobrir as regras do jogo, as emoções, sentimentos e novos conhecimentos; e principalmente o contato com outras crianças faz com que a própria criança possa viver melhor socialmente, ou seja, a brincadeira possibilita situações imaginárias e faz com que acriança siga regras, pois cada faz de conta supõem comportamentos próprios da situação, conforme MENEZES R; (2019). 26 Quanto o educador planeja sua aula, é necessário ter como ponto de partida a realidade, os interesses e as necessidades de cada criança, portanto, faz-se necessário que o professor se conscientize de que ao desenvolver o conteúdo programático, por intermédio do ato de brincar, não significa que está ocorrendo um descaso ou falta de planejamento com a aprendizagem do conteúdo formal. Quando o conhecimento é construído através do lúdico a criança aprende de maneira mais fácil e divertida, estimulando a criatividade, a autoconfiança, a autonomia e a curiosidade, pois faz parte do seu contexto naquele momento o brincar e jogar, garantindo uma maturação na aquisição de novos conhecimentos, conforme MENEZES R; (2019). É importante que as crianças se expressem ludicamente deixando aflorar sua criatividade, frustrações, sonhos e fantasias, para aprender agir e lidar com seus pensamentos e sentimentos de forma espontânea. No entanto, a ludicidade não é apenas entretenimento, ou um brincar por brincar é algo que deve ser trabalhado pelo educador. As atividades lúdicas podem ser uma brincadeira, um jogo ou qualquer outra atividade que permita tentar uma situação de interação. Porém, mais importante do que o tipo de atividade lúdica é a forma como é dirigida e como é vivenciada, e o porquê de estar sendo realizada no ambiente escolar, conforme MENEZES R; (2019). Toda criança que participa de atividades lúdicas, adquire novos conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável, que gera um forte interesse em aprender e garante o prazer. Na educação infantil, por meio das atividades lúdicas a criança brinca, joga e se diverte. Ela também age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. Como ressalta Barata (1995, p. 09 apud MENEZES R; 2019): É pela brincadeira que a criança passa a conhecer a si mesma, as pessoas que a cercam, as relações entre as pessoas e os papeis que as elas assumem; - é através dos jogos que ela aprende sobre a natureza e os eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura do seu grupo; as brincadeiras e os jogos tornam-se recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo ensino aprendizagem. (BARATA, 1995, p. 09 apud MENEZES R; 2019). Portanto, o jogo não é somente um divertimento ou uma recreação, mas são atividades naturais que satisfazem a atividade humana, e é necessário seu uso dentro da sala de aula, desde que sejam utilizados com devidos objetivos. Para compreender o significado da atividade lúdica na vida da criança, é necessário que se considere a totalidade dos aspectosenvolvidos: preparação para a vida, prazer de atua livremente, 27 possibilidade de repetir experiências e realizações simbólicas. A ludicidade é, então, uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal e social do ser humano, conforme MENEZES R; (2019). Por conseguinte, Santos (2010, p. 10 apud MENEZES R; 2019) afirma que “o lúdico poderá ser usado pelos educadores como forma de provocar uma aprendizagem mais prazerosa e significativa, pois é por meio de jogos e brincadeiras que ocorrerá o desenvolvimento integral e a potencialidade das crianças”. O lúdico auxilia na socialização das crianças umas com as outras, e o professor deve estar atento a todos os tipos de mudanças no mundo dos alunos para que possa acompanhá-los de forma ativa. Desta forma, o docente que é o agente direto da educação, ao adaptar suas aulas de acordo com o mundo de hoje, facilitando assim, o processo de ensino aprendizagem da criança, através do lúdico, aprende muito mais do que ficar quatro horas apenas escrevendo do quadro os só desenhando. Através da ludicidade, a criança poderá ter a capacidade de brincar e fantasiar o mundo dela. Friedman (2001, p. 55 apud MENEZES R; 2019) diz que “A aprendizagem depende grande parte da motivação: as necessidades e os interesses da criança são mais importantes que qualquer outra razão para que ela se ligue a uma atividade”. Neste sentido, o educador que utiliza a ludicidade como aliada em seu trabalho atinge mais facilmente os alunos na elevação ao conhecimento, por esse motivo, o educador precisa ser amante do seu trabalho, pois neste percurso encontrará crianças com vontade de aprender mais e mais. Para Szymanski (2006 apud MENEZES R; 2019), ao trabalhar com o lúdico partindo de ações pedagógicas que valorizam jogos, brinquedos, histórias infantis, música e poesia, para que as crianças desenvolvam a representação simbólica, são fundamentais no processo de aprendizagem. As histórias, músicas e poesias infantis trazem um grande leque de possibilidades para utilizar o lúdico em sala de aula, onde as crianças poderão interpretar, dançar, declamar, mostrando suas habilidades que ainda não foram detectadas pelo professor em uma aula “normal”, criando novas possibilidades de conhecimentos pertinentes para o aprendizado da criança, conforme MENEZES R; (2019). 28 De acordo com Luckesi (2005 apud MENEZES R; 2019), para que a aprendizagem ocorra deve haver a apreensão dos conteúdos expressados relacionando-os às experiências anteriores vivenciadas pelos alunos, permitindo a formulação de problemas que incentivem o aprender mais, o estabelecimento de relações entre fatos, objetos, acontecimentos, noções e conceitos, desencadeando mudanças e contribuindo para a utilização do que é aprendido em diferentes situações. Assim, sendo a aprendizagem significativa, critérios avaliativos decorrerão de objetivos claros acerca de conteúdos que são efetivamente relevantes dentro de cada disciplina, “a partir dos mínimos necessários para que cada um possa participar democraticamente da vida social”. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997 apud MENEZES R; 2019), assegura que o educador tem ampla responsabilidade em estar bem informado sobre a pedagogia do brincar em sala de aula, desde que sejam oferecidas atividades lúdicas de alta qualidade, pois ele é o responsável pelo avanço do processo de ensino aprendizagem. Cabe a ele desenvolver novas práticas educativas que permitam as crianças um maior aprendizado. “A participação em jogos representa uma conquista cognitiva, emocional, moral e social para a criança e um estímulo para o desenvolvimento do seu raciocínio lógico”, conforme MENEZES R; (2019). É que a ludicidade movimenta todos os aspectos da criança e do ser humano. Todos sempre têm suas brincadeiras preferidas, a ponto de amar e se doar para que tenha sucessos; pois o que dá e proporciona o prazer, sempre é desenvolvido com fascinação, alegria e magia. A ludicidade é a linguagem da criança, brincar é a maneira pela qual ela se expressa. Sem o lúdico, com jogos e brincadeiras, a escola pode ser considerada pelas crianças como um lugar desmotivador, por não corresponder às suas formas de expressão. Assim, tem- se um elemento parara formação da criança em todos os aspectos da educação, conforme MENEZES R; (2019). A ludicidade traz para a criança um desenvolvimento integral, não apenas em aspectos cognitivos, mas a criança como um todo, um indivíduo. O que percebemos é que a ludicidade na prática pedagógica faz-se necessária, pois é por meio dela que o aluno pode compreender de forma mais fácil o que se quer ser ensinado, muitas vezes ainda, aprende sem perceber que está aprendendo, a motivação e o interesse 29 em aprender não vem dos conteúdos, mas a forma que eles são mediados no processo de ensino e aprendizagem, conforme MENEZES R; (2019). Aprendizagem significativa é o processo que se dá entre a composição antecipada de conteúdos estudados ou absorvidos anteriormente e que influenciam na maneira de recebimento dos conteúdos novos. Estes, por sua vez, passam a influenciar as antigas informações, tornando a aprendizagem cognitiva, ou seja, a integração do conteúdo aprendido numa estrutura mental ordenada. Segundo Moreira (2001 apud MENEZES R; 2019). Há no processo, uma interação cujo resultado modifica tanto a nova informação, que passa então a ter significado, como o conhecimento específico já existente, relevante, na estrutura cognitiva do indivíduo sujeito da aprendizagem. Sendo assim, compreende-se que as práticas educativas lúdicas favorecem o processo de ensino-aprendizagem, proporciona a criança um rendimento maior na educação e a sua interação de forma espontânea. Diante do contexto da aprendizagem, a ludicidade torna-se uma ferramenta de grande importância na construção do conhecimento. Portanto, verifica- seque o ato de brincar é algo espontâneo da criança e por esse motivo a prática educativa lúdica surge como uma peça fundamental de mediação ao processo de ensino, no qual o seu desenvolvimento torna-se importante para a construção e interação social do aluno com o meio e fortalece as relações interpessoais, necessárias para o bem-estar entre grupos e segmentos sociais, conforme MENEZES R; (2019). 4 JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA Fonte: ionaramorais.com.br 30 A brincadeira como atividade da infância é uma forma pelo qual as crianças começam a aprender, desenvolver a imaginação, a imitação. Jogo: ação de jogar, folguedo, brinco, divertimento. Seguem-se alguns exemplos: jogo de azar, jogo de empurra. Brinquedo: objeto destinado a divertir uma criança. Brincadeira: ação de brincar, divertimento, gracejo, zombaria, festinha entre os amigos e parentes. A ambiguidade entre os termos se consolida com o uso que as pessoas fazem deles. (BERTOLDO, 2000, p. 10 apud KLEIN F; 2016). O lúdico se apresenta de diversas formas, como o jogo, o brinquedo e a brincadeira e considerado como ferramentas relevantes para o desenvolvimento das crianças. Para Miranda (2001, p. 30 apud KLEIN F; 2016): ’’ O jogo pressupõe uma regra, o brinquedo é um objeto manipulável e a brincadeira, nada mais que o ato de brincar com o brinquedo ou mesmo com o jogo... [...]. Percebe-se, pois que o jogo, brinquedo e a brincadeira têm conceitos distintos, todavia estão imbricados ao passo que o lúdico abarca todos eles’’. Huizinga (2005 p. 33 apud KLEIN F; 2016) “define o jogo como uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos limites de tempo e de espaço, seguindo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesma, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente davida cotidiana”. O brincar sem regras como o jogo representa a realidade da criança como brincar de boneca e carrinho, representando seu mundo imaginário. O brinquedo pode ser considerado como um suporte da brincadeira, representado como objeto. “O brinquedo, como objeto, dá à brincadeira uma representação. Ele traz imagens que a farão dar sentido à brincadeira, traduzindo o real ou imaginário. A brincadeira pode ser considerada como uma forma de interpretação dos significados contidos no brinquedo”. (BROUGERE, 2004, p.08 apud KLEIN F; 2016). A brincadeira torna-se um espaço de interação onde pode acontecer o confronto de diferentes crianças com pontos de vista diferentes. Exerce uma função social no processo de socialização da criança, conforme KLEIN F; (2016). Kishimoto, (2003, p.07 apud KLEIN F; 2016) aponta o brinquedo como objeto, suporte de brincadeira, quer seja concreto ou ideológico, concebido ou simplesmente utilizado como tal ou mesmo puramente fortuito. Diz ele que esta definição, bastante completa, incorpora não só brinquedos criados pelo mundo adulto, concebidos especialmente para brincadeiras infantis, como os que a própria criança produz a partir de qualquer material ou investe de sentido lúdico. Então, qualquer objeto pode servir como brinquedo, desde que 31 a criança atribua um significado a ele. Esse significado só servirá para o objeto enquanto durar a brincadeira. Além de objeto representativo, o brinquedo também exerce uma função social, perante a criança. Essa relação entre criança e objeto o inscreve no processo de socialização. A criança aprende por meio de imagens e formas como os objetos representados através da manipulação dos brinquedos, aguçando a imaginação. Segundo Silva (2004, p. 25 apud KLEIN F; 2016), pode-se dizer também que “o brinquedo é uma produção cultural da criança: no momento da brincadeira, a criança faz de qualquer objeto seu brinquedo, ela o cria e recria de acordo com sua imaginação, com sua brincadeira e contexto”. Os brinquedos são mediadores das brincadeiras quando inseridos como um recurso didático no ensino. A criança interagindo com os brinquedos, com os objetos constrói relações a respeito do mundo em que vive e com os demais, conforme KLEIN F; (2016). Brincadeira é o lúdico em ação, é a ação expressa por meio do jogo ou do brinquedo, entretanto, este fato não é via de regra, não são fatores determinantes para tal ação. O ato de brincar pode ser conduzido independentemente de tempo, espaço, ou de objetos, fato que na brincadeira a criança cria, recria, inventa e usa sua imaginação. A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar- se. Nesse sentido para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. (BRASIL, RCNEI, v.1, p.27 apud KLEIN F; 2016). Brincar é uma atividade natural e um meio de expressão. A brincadeira é uma atividade que pode ser realizada individual ou coletivamente, é a ação do brincar. “Os jogos educativos com fins pedagógicos revelam a sua importância em situações de ensino-aprendizagem ao aumentar a construção do conhecimento, introduzindo propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade da iniciação e ação ativa e motivadora, possibilitando o acesso da criança a vários tipos de conhecimento e habilidades”. (SALOMÃO, 2007, p.8 apud KLEIN F; 2016). 32 Brincar é a forma que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro, sendo fundamental para o desenvolvimento de habilidades e potencialidades. Jogos, brinquedos e brincadeiras são ferramentas importantes no processo de ensino aprendizagem, conforme KLEIN F; (2016). 4.1 A presença dos jogos na educação infantil Jogo é um termo do latim “jocus” que significa gracejo, brincadeira, divertimento. O jogo é uma atividade física ou intelectual definida por um conjunto de regras e depende de um campo de jogadores. Os jogos são tão antigos quanto o homem e está presente em nossas vidas desde a infância. Por isso, os jogos sempre estiveram ligados à vida social, da mesma forma que diversas outras manifestações culturais ligadas ao homem, podendo ser este um espelho de uma cultura e uma sociedade, conforme BANDEIRA P; et al., (2015). Porém, os jogos não são apenas manifestações da vida social de um determinado povo. O jogo é algo vivo, dinâmico e transformador, pois através dele temos a possibilidade de ensinar e aprender. Nesse sentido, Friedmann expõe que [...] acredito no jogo como uma atividade dinâmica, que se transforma de um contexto para outro, de um grupo para outro: daí a sua riqueza. Essa qualidade de transformação dos contextos das brincadeiras não pode ser ignorada. (FRIEDMANN, 1996, p.20 apud BANDEIRA P; et al., 2015). Quando Friedmann diz isso, quer dizer que o jogo pode ser utilizado de diversas formas por sua dinamicidade e que cada educador tem sua maneira de proceder em cada situação. Ressalta-se que ao usar o jogo na educação infantil é muito importante destacar sua qualidade, tendo em seus dobramentos para o processo de ensino- aprendizagem. Como já visto o jogo contribui para o processo de desenvolvimento da criança na educação infantil e por isso ele deve ser um elemento importante, pois contribui para a construção do conhecimento de forma descontraída, conforme BANDEIRA P; et al., (2015). A prática pedagógica voltada para o lúdico, ou seja, com os jogos, favorece a mesma, pois enriquecem as atividades realizadas, facilitando o envolvimento das crianças e permite que elas explorem de forma mais abrangente as informações que lhes são necessárias. No entanto, a criança tem de explorar o mundo que a cerca extraindo delas informações necessárias. Nesse processo, o professor deve intervir e 33 proporcionar situações enriquecedoras para construção de conhecimentos, conforme BANDEIRA P; et al., (2015). Quando o professor utiliza o jogo em sala de aula, este deve objetivar a superação das dificuldades que as crianças possuem. A construção de conceitos pode advir, simplesmente quando o professor permite que as crianças possam manusear um jogo de forma livre. Neste contexto, Silva entende que, ensinar por meio de jogos é um caminho para o educador desenvolver aulas mais interessantes, descontraídas e dinâmicas, podendo competir em igualdade de condições com os inúmeros recursos a que o aluno tem acesso fora da escola, despertando ou estimulando sua vontade de frequentar com assiduidade a sala de aula e incentivando seu desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem, já que aprende e se diverte, simultaneamente. (SILVA, 2004, p.26 apud BANDEIRA P; et al., 2015). O “ensinar” na educação infantil deve, por meios dos jogos, estimular o interesse das crianças a aprender. É assim que deve ser a educação, um espaço onde as crianças são estimuladas e se desenvolver nos aspectos cognitivo, social, lógico dentre outros. O jogo ajuda a despertar o interesse da criança, isto acontece à medida que estas são desafiadas pelas regras impostas por situações imaginárias, desenvolvendo também o pensamento abstrato, conforme BANDEIRA P; et al., (2015). Para Piaget (1973 apud BANDEIRA P; et al., 2015), os jogos não são apenas uma forma de alívio ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios quecontribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Azevedo (1993 apud BANDEIRA P; et al., 2015) destaca que ao jogar as crianças precisam observar sempre a opinião dos outros, isto faz com que o egocentrismo seja substituído pela reciprocidade, tanto socialmente como cognitivamente. Por isso a criança que tem a possibilidade de jogar, se prepara melhor para as atividades. Sendo assim, é importante que a creche compreenda essa necessidade e insira o jogo no desenvolvimento das atividades preparando as crianças para a vida. Contudo, compreende-se a necessidade que as crianças têm de interagir de forma significante para que desenvolvam sua curiosidade construindo ou inventando os seus conhecimentos, caso contrário os jogos poderão ser vistos como simples divertimento ou brincadeira. Entretanto, os jogos são mais que isso, uma vez que auxiliam o 34 desenvolvimento físico, afetivo, cognitivo, social e moral e estão divididos em dois grupos: os jogos simbólicos e jogos de regras, conforme BANDEIRA P; et al., (2015). Os jogos simbólicos surgem na última fase do período sensório-motor, a partir do segundo ano de vida, eles representam objetos ausentes, é um ato de faz de conta, aquilo que na realidade não foi possível, é uma própria expressão da cultura lúdica na infância, se manifesta através de uma expressão afetiva que seria o gesto corporal, a fim de que seu pensamento e sua imaginação fluam. Conforme Sarmento (2002 apud BANDEIRA P; et al., 2015): [...] as crianças desenvolvem a sua imaginação sistematicamente a partir do que observam, experimentam, ouvem e interpretam da sua experiência vital, ao mesmo tempo que as situações que imaginam lhes permitem compreender o que observam, interpretando novas situações e experiências de modo fantasista, até incorporarem como experiência vivida e interpretada. (SARMENTO, 2002, p.12 apud BANDEIRA P; et al., 2015). O jogo simbólico é uma expressão do pensamento artístico da criança, possibilitando capacidades tanto em imaginar as transformações do mundo físico, quanto em imaginar sensações, necessidades e emoções da realidade em que vive. Os jogos de regras dependem de um campo e de jogadores, que conferem um maior grau de objetividade, representam normas que as pessoas submetem para viver em sociedade, sendo assim imposta pelo grupo, é estruturado pelo seu caráter coletivo, conforme BANDEIRA P; et al., (2015). Segundo Wallon, citado por Azevedo (1993 apud BANDEIRA P; et al., 2015), os jogos necessitam de regras, uma vez que podem desviar as crianças à monotonia da repetição. Ressalva, ainda, que as regras existem porque oferecem enigmas extraídos da própria função do jogo. Os jogos são, portanto, uma das contribuições necessárias para educação infantil, carregados de influência para a formação de identidade, a interação e a diferenciação pessoal. Diferente dos jogos, os brinquedos são instrumentos que ajudam na interação e representação da criança, que podem apoiar no momento das brincadeiras e dos jogos. Como é que os jogos aparecem na escola? Foram muitos os educadores que reconheceram que o lúdico tinha um valor formativo. De entre eles, podemos destacar Froebel, Montessori, Pestalozzi, Rosseau, Comenius, Decroly, Vygostky e Piaget. Todos estes teóricos da educação defenderam a ideia que o lúdico podia ser uma ferramenta para o processo ensino-aprendizagem das crianças, conforme BARANITA I; (2012). 35 No entanto, segundo Retondar (2007 apud BARANITA I; 2012) só a partir do movimento da Escola Nova é que se difundiu a ideia de aplicar o jogo na sala de aula. Comenius, na sua obra, Didática Magna, apresentou uma concepção de educação que defendia que a aprendizagem se dava através da ação. Na sua teoria considerava que a infância era um período de grande desenvolvimento e, como tal, aconselhava os jogos. Já no século XVIII, outros dois grandes teóricos da educação, Rosseau e Pestalizzi, analisaram a contribuição do lúdico no processo da formação da criança. Segundo Haigh (2011 apud BARANITA I; 2012), ele reconhece a importância dos jogos como sendo ferramentas educacionais eficazes, pois para além de exercitar os sentidos, o corpo a as suas habilidades, estes também ajudavam nas relações sociais. Para este autor, o ato de educar deveria basear-se nas necessidades das crianças e nos conhecimentos que estas já possuíssem. Deste modo, a melhor forma para o alcançar era por meio do jogo, onde as crianças de uma forma espontânea demonstravam os seus conhecimentos, interesses e necessidades. Cabe também destacar o trabalho de Froebel que atribuiu um papel importante ao jogo no trabalho pedagógico. Segundo o mesmo autor, Haigh (2011), “Froebel pôs em prática a teoria do valor educativo do jogo, principalmente no jardim de infância e para isso elaborou um currículo centrado em jogos para o desenvolvimento da percepção sensorial, da expressão…” Este teórico acreditava que a criança desenvolvia-se através do contato direto com brinquedos e objetos, isto é, agindo e, não apenas a escutar e a olhar. Tendo esta preocupação, criou pequenos objetos geométricos como os cilindros e os cubos. Na sua opinião, o educador deveria brincar com as crianças interagir com as elas, fortalecendo assim a relação criança – adulto e, encorajá-las a explorar o meio envolvente, conforme BARANITA I; (2012). Focando a metodologia de Decroly, também defendia que o lúdico era uma forma para chamar à atenção da criança e que contribuía para a aprendizagem de novos conhecimentos. Decroly focou o brincar como algo espontâneo que nasce com a criança e, é alterado por ela para lhe dar prazer. A concepção de Piaget, fazia alusão que através dos jogos as crianças assimilavam o mundo à sua volta de forma divertida e prazerosa ao mesmo tempo que se desenvolviam. Consoante o estágio de desenvolvimento que a criança se encontrava explorava os brinquedos de forma diferente, conforme BARANITA I; (2012). 36 Por último, também Vygostky (1989 apud BARANITA I; 2012) deixou a sua contribuição com os seus estudos, ao dizer que o jogo é uma atividade que ao mesmo tempo que dá prazer também responde às necessidades das crianças. Como podemos constatar, foram muitos os teóricos da educação que ao longo dos tempos se debruçaram sobre o papel dos jogos no contexto escolar. Aos poucos o jogo foi ganhando espaço no meio escolar e nos dias de hoje, os jogos são considerados por muitos educadores, ou seja, um meio excelente para formar a criança sendo indispensáveis ao processo ensino-aprendizagem, conforme BARANITA I; (2012). Os brinquedos na Educação Infantil: O brinquedo na educação infantil é visto como objeto de apoio da brincadeira, no qual pode ser industrializado, artesanal ou confeccionado pela professora junto com as crianças, e assim utilizá-los nas brincadeiras em um espaço físico e planejar as ações intencionais que favoreçam um brincar de qualidade e significativo para as crianças, conforme BANDEIRA P; et al., (2015). O art. 4 do Parecer CNE/CEB nº 20/2009 p. 19, diz que, as propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do planejamento curricular e do processo educativo, é um sujeito histórico de direitos, que nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia. Ela constrói sua identidade pessoal e coletiva, imagina, deseja, brinca, aprende, fantasia, observa, narra, questiona, experimenta e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade produzindo cultura. De acordo com BANDEIRA P; et al., (2015), sendo assim, o brinquedo possibilita uma entrada no mundo imaginário, e permite diversas formas de utilização, como também, possibilita a representação do real no momento em que a criança imagina objetos reais do dia a-dia. Neste contexto o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), sustenta que: Para que os objetos