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“O estudo da textualidade indígena deve levar em conta o entre lugar cultural dessa produção. A textualidade indígena composta na interseção da letra e do desenho, do olhar e da voz altera a construção da linguagem poética e imprime estilos particulares à criação literária. ” (Fonte: THIÉL, J. Pele silenciosa, pele sonora. A literatura indígena em destaque. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012, p. 38) Considerando as ideias apresentadas sobre a textualidade indígena analise as seguintes afirmações: I. A textualidade indígena não deve ser analisada de acordo com o conceito de literalidade que direciona o cânone ocidental. II. A oralidade e o desenho, que caracterizam a textualidade indígena, são fatores que impedem de categorizá-la como manifestação literária. III. Como representante de uma cultura extra ocidental, a textualidade indígena envolve a multimodalidade discursiva, mescla entre a cultura autóctone e a civilização ocidental. IV. A textualidade indígena reflete a complexidade indenitária que se atualiza na soma da grafia alfabética com a grafia pictórica. De acordo com essas afirmações, é pertinente afirmar que: Alternativas A) As alternativas I, II e III e IV são corretas. B) As alternativas I, II e IV são corretas. C) Somente a alternativa III é correta. IV são corretas. D) ) As alternativas I, III e IV são corretas. Gabarito da questão E) As alternativas I e IV são corretas. Dedicado a interpretar o Brasil, o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, autor de Casa Grande & Senzala, publicado em 1933, demonstrou, por meio de sua pesquisa, que o determinismo racial não exercia influência no desenvolvimento de um país. Entretanto, o discurso de Freyre contribuiu para a construção do mito da democracia racial no Brasil. De acordo com os conceitos apresentados no texto analise as seguintes afirmações: I. Gilberto Freire contrapôs-se ao determinismo racial, cujas ideias defendiam a igualdade entre brancos e negros, a partir da cordialidade e da convivência harmoniosa das raças. II. Gilberto Freire alimentou o mito da democracia racial, que prega a necessidade do branqueamento para o aprimoramento da sociedade brasileira. III. Gilberto Freire colaborou para a criação do mito da democracia racial, que se tornou uma forma de camuflar o racismo e aprofundar a desigualdade histórica vivida por negros. IV. Gilberto Freire opôs-se ao determinismo racial, que submete os fatos históricos aos fatores de raça, meio e tempo. Estão corretas as afirmativas: Alternativas A) I e IV. B) I, II, III e I C) III E IV Gabarito da questão D) II e III. E) Apenas III. "Entre os anos de 1525 e 1851, mais de cinco milhões de africanos foram trazidos para o Brasil na condição de escravos, não estando incluídos neste número, que é uma aproximação, aqueles que morreram ainda em solo africano, vitimados pela violência da caça escravista, nem os que pereceram na travessia oceânica. Não se sabe quantos foram trazidos desde que o tráfico se tornou ilegal. Ao longo de mais de três séculos, enquanto a própria nação brasileira se formava e tomava corpo, os africanos foram trazidos das mais diferentes partes do continente africano abaixo do Saara." (Fonte: PRANDI, R. De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade, religião. REVISTA USP, São Paulo, n. 46, jun.-ago. 2000, p. 52). Ao atravessarem o Atlântico, mesmo na condição de escravizados, negros africanos instituíram em nosso país seu modo de ver, ser e estar no mundo, participando ativamente da forja da cultura nacional. Entre os povos africanos, dois grupos étnicos se destacam na construção da cultura brasileira. Identifique-os: Alternativas A) Malineses e iorubás. B) Bantos e iorubás. Gabarito da questão C) Malineses e bantos. D) Iorubás e nagôs. E) Nagôs e malineses. Texto I "Bertoleza é que continuava na cepa torta, sempre a mesma crioula suja, sempre atrapalhada de serviço, sem domingo nem dia santo: essa, em nada, em nada absolutamente, participava das novas regalias do amigo: pelo contrário, à medida que ele galgava posição social, a desgraçada fazia-se mais e mais escrava e rasteira. João Romão subia e ela ficava cá embaixo, abandonada como uma cavalgadura de que já não precisamos para continuar a viagem." (Aluísio Azevedo, O cortiço). Texto II "— Pois cá comigo — disse Emília — só aturo estas histórias como estudos da ignorância e burrice do povo. Prazer não sinto nenhum. Não são engraçadas, não têm humorismo. Parecem-me muito grosseiras e até bárbaras — coisa mesmo de negra beiçuda, como Tia Nastácia. Não gosto, não gosto, e não gosto! [...] — Bem se vê que é preta e beiçuda! Não tem a menor filosofia, esta diaba. Sina é o seu nariz, sabe? Todos os viventes têm o mesmo direito à vida, e para mim matar um carneirinho é crime ainda maior do que matar um homem. Facínora!" (Monteiro Lobato, Histórias de Tia Nastácia). Texto III "— Mas, senhora, apesar de tudo isso, que sou eu mais do que uma simples escrava? Essa educação, que me deram, e essa beleza, que tanto me gabam, de que me servem?... São trastes de luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem por isso deixa de ser o que é: uma senzala. — Queixas-te de tua sorte, Isaura? — Eu não, senhora: apesar de todos esses dotes e vantagens que me atribuem, sei conhecer o meu lugar." (Bernardo Guimarães, A escrava Isaura). Levando em conta a presença do negro na literatura brasileira do século XIX, podemos observar que a maioria das produções retrata as personagens negras a partir de perspectivas que reiteram estereótipos construídos a partir de uma estética branca, eurocêntrica. Assim, o negro é tornado objeto de uma literatura que reafirma estigmas raciais. Considerando os estereótipos apresentados respectivamente pelos textos I, II e III, identifique a alternativa que os identifica: Alternativas A) Perversão; subalternização; erotização. B)Hipersexualização; subserviência; incapacidade. C)Promiscuidade; infantilização; branqueamento. D) Animalização; subalternização; escravo nobre. Gabarito da questão E) Escravo infantilizado; escravo nobre; escravo fiel e passivo. "Mas digo sempre: creio que a gênese de minha escrita está no acúmulo de tudo que ouvi desde a infância. O acúmulo das palavras, das histórias que habitavam em nossa casa e adjacências. [...] Na origem da minha escrita ouço os gritos, os chamados das vizinhas debruçadas sobre as janelas, ou nos vãos das portas contando em voz alta uma para outras as suas mazelas, assim como as suas alegrias. Como ouvi conversas de mulheres! [...] E se inconscientemente desde pequena, nas redações escolares eu inventava outro mundo, pois dentro dos meus limites de compreensão, eu já havia entendido a precariedade da vida que nos era oferecida, aos poucos fui ganhando uma consciência. Consciência que compromete a minha escrita como um lugar de autoafirmação de minhas particularidades, de minhas especificidades como sujeito-mulher-negra. [...] O que levaria determinadas mulheres, nascidas e criadas em ambientes não letrados, e quando muito, semialfabetizados, a romperem com a passividade da leitura e buscarem o movimento da escrita? Tento responder. Talvez, estas mulheres (como eu) tenham percebido que se o ato de ler oferece a apreensão do mundo, o de escrever ultrapassa os limites de uma percepção da vida. Escrever pressupõe um dinamismo próprio do sujeito da escrita, proporcionando-lhe a sua auto inscrição no interior do mundo. E, em se tratando de um ato empreendido por mulheres negras, que historicamente transitam por espaços culturais diferenciados dos lugares ocupados pela cultura das elites, escrever adquire um sentido de insubordinação. Insubordinação que pode se evidenciar, muitas vezes, desde uma escrita que fere 'as normas cultas' da língua, caso exemplar o de Carolina Maria de Jesus, como também pelaescolha da matéria narrada. A nossa escrevivencia não pode ser lida como histórias para 'ninar os da casa grande' e sim para incomodá-los em seus sonos injustos." (Fonte: EVARISTO, C. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: MARCOS, A. A. [org.]. Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza, 2007, p. 16-21. Disponível em: http://nossaescrevivencia.blogspot.com/2012/08/da-grafia-desenho-de- minha-mae-um-dos.html. Accesso em: 12 jul. 2020). Considerando as ideias apresentadas pela escritora Conceição Evaristo analise as afirmações a seguir. I. Ao relatar a origem da sua escrita, Conceição Evaristo associa-a ao que denominou como “escrevivência”, uma escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo. A escrevivência produz ficção a partir de recordações da realidade vivida. II. “Consciência que compromete a minha escrita como um lugar de autoafirmação de minhas particularidades, de minhas especificidades como sujeito-mulher. ” Tal afirmação associa-se à característica de uma literatura afro-brasileira feminina na qual fazem-se presentes marcas sociais, de gênero e de etnicidade. III. “Uma escrita que fere 'as normas cultas' da língua, caso exemplar o de Carolina Maria de Jesus, como também pela escolha da matéria narrada. ” Nesse fragmento a autora se penaliza pelo fato de a escrita negra feminina não ter condições de se incluir no modelo de uma literatura canônica. IV. “A nossa escrevivência não pode ser lida como histórias para 'ninar os da casa grande' e sim para incomodá-los em seus sonos injustos. ” Nessa declaração, Evaristo indicia o papel de uma escrita comprometida com a denúncia contra o racismo e as injustiças sociais que pesam sobre o negro na sociedade brasileira. Indique quais estão corretas: Alternativas A) As afirmativas I, II e IV são corretas. Gabarito da questão B) Somente a afirmativa III é correta. C) As afirmativas I e II são corretas. D) As afirmativas I, II e III são corretas. E) Somente a afirmativa IV é correta. Texto I "Há joelhos sob pescoços de muitos ainda Os Estados Unidos vivem a mais grave onda de manifestações desde 1968, após o assassinato do líder de direitos civis Martin Luther King Jr. Desta vez, o estopim dos protestos foi a morte de George Floyd, um americano negro de 46 anos que foi sufocado por um policial branco que se ajoelhara sobre seu pescoço por mais de oito minutos." (Disponível em: https://gazetanews.com/ha-joelhos-sob-pescocos-de-muitos-ainda/. Acesso em: 6 jun. 2020). Texto II "Lincharam um homem Entre os arranha-céus (Li num jornal) Procurei o crime do homem O crime não estava no homem Estava na cor de sua epiderme..." (Fonte: TRINDADE, S. Solano Trindade, o poeta do povo. São Paulo: Ediouro; Segmento Farma, 2008, p. 62). Na cena literária brasileira, especialmente em um espaço-tempo afastado da contemporaneidade, é comum que referências ao negro surjam, reiterando preconceitos e estereótipos construídos na busca pelo apagamento de sua representatividade cultural. Nesse contexto, a arma do escritor Solano Trindade contra a opressão de seu tempo foi a palavra. Avaliando criticamente a reportagem que sinaliza o crime ocorrido nos EUA no dia 25 de maio de 2020 e o contexto de civilização apresentado pela poética do pernambucano Solano Trindade (1908- 1973), podemos considerar que: Alternativas A) Embora a cultura negra brasileira tenha ganhado visibilidade e seja até respeitada e integrada aos símbolos constitutivos da cultura nacional e americana, as mulheres e os homens negros, produtores dessa cultura, ainda são visibilizados, desumanizados, linchados e mortos. Gabarito da questão B) A poética de Trindade mantém um diálogo com a sociedade atual e se insere em uma produção que busca revelar as improbidades demonstradas pelas classes marginalizadas, justificando os distintos olhares sobre os negros. C) O Texto I e o Texto II mantêm uma relação de oposição entre si, pois o Texto I relaciona-se a uma questão ocorrida nos Estados Unidos no século XXI e o Texto II refere-se a um acontecimento ocorrido no Brasil no século XX. D) A presença do policial branco no Texto I e o título do Texto II, “Civilização branca”, expressam a necessidade de tanto os Estados Unidos quanto o Brasil impedirem a criminalidade negra, que se alastra em ambos os países. E) O verbo “linchar”, empregado no poema de Solano Trindade, encontra-se inadequado por seu caráter extremante forte e agressivo, o que não se recomenda para um texto poético, cuja linguagem pressupõe um vocabulário apropriado à norma culta.
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