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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE TUT 6 – Pólipo intestinal e CA colon/retp/ânus Pólipos intestinais - Medcurso - Pólipo: qualquer lesão que surja na superfície interna do trato gastrointestinal, projetando-se para a sua luz CLASSIFICAÇÃO: • Neoplásicos: podem ser malignos (adenocarcinoma) ou benigno (adenomatoso) • Não neoplásicos: hiperplásicos, inflamatórios e hamartomas • Pólipos serrilhados têm tecido hiperplásico e adenomatoso ao mesmo tempo. - Podem ser pedunculados (adenoma tubular) ou sésseis (adenoma viloso), solitários ou múltiplos, achados isolados (esporádico) ou parte de síndromes hereditárias. - Pólipos do tipo adenomatoso (+ comuns) são lesões pré- malignas que antecedem 7-10 anos o adenocarcinoma colorretal. COMPLICAÇÕES BÁSICAS: possibilidade de sangramento e potencial de malignização (+ adenomas e serrilhados). Pólipos adenomatosos: adenomas - Incidência aumenta com idade, >50 anos, são os pólipos + frequentes do intestino grosso. DISPLASIA: presença de epitélio displásico, mas a maioria tem displasia de baixo grau (não acometendo lâmina própria), 10- 30% displasia de alto grau (carcinoma in situ, não invasivo, tendo risco para transformação maligna para adenocarcinoma invasivo). - Displasia: epitélio passa a ser composto de células diferentes das células normais, com núcleo hipercromático, perda da uniformidade de tamanho e orientação espacial. É um precursor do câncer, embora nem sempre evolua para tal. - Considera carcinoma invasivo quando invasão da submucosa (ultrapassa muscular da mucosa), pois a mucosa colorretal não tem vasos sanguíneos ou linfáticos. SUBCLASSIFICAÇÃO: - TUBULAR: mais comum (85%) e de melhor prognostico, geralmente pequeno tamanho (2 cm), com displasia de alto grau, têm tendência alta de se malignizarem. - TAMANHO: >2cm tem mais risco de malignizar (até 40%), sendo então principalmente os vilosos que costumam ser maiores. - TIPO HISTOLÓGICO: adenomas vilosos tem tendencia maior a sofrer malignização. - GRAU DE DISPLASIA: adenomas com displasia de alto grau têm um risco bem maior de se tornar um adenocarcinoma invasivo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: maioria assintomático, quando sintomático o mais comum é ter hematoquezia, então na maioria das vezes descobre acidentalmente ou por investigação de hematoquezia. - Mais raro: adenoma viloso grande retal se associa à diarreia mucoide profusa, ou um pólipo com pedículo grande sofre prolapso através do ânus. - Pólipos retais podem ser palpáveis pelo toque, mas devem ser sempre evidenciados por endoscopia. - Exames que podem detectar os pólipos do intestino grosso: clister opaco, sigmoidoscopia flexível, colonoscopia, sendo que sempre obrigatório colono, mesmo que diagnostique por sigmoidoscopia flexível. Pólipos não neoplásicos - Ao contrário dos adenomas, que são neoplasias verdadeiras (por possuírem transformação epitelial), estes pólipos não sofrem alterações malignas. PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS: tendem a ser diminutos (sésseis) e assintomáticos, 2° pólipos colorretais mais frequentes, quase exclusivamente em reto e sigmoide, na histologia tem hiperplasia das criptas colônicas, sem displasia. - Encontro de um pólipo diminuto na sigmoidoscopia flexível, cuja biópsia revelou pólipo hiperplásico, não indica a colonoscopia (ao contrário do pólipo adenomatoso). - Pólipo serrilhado: tecido hiperplásico com áreas de displasia: sempre indica colonoscopia quando encontrado na sigmoidoscopia. PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS JUVENIS: geralmente pedunculados e grandes (1-3cm), + em crianças <5 anos, maioria esporádicos e únicos, mas pode ter relação com síndrome hereditária da polipose juvenil. Tendência ao sangramento, à intussuscepção e ao prolapso retal. - Hamartomas: resultam de crescimento celular focal excessivo, composto por cels maduras normais, idênticas às do tecido sadio, não reproduzem a arquitetura normal dos tecidos vizinhos: encarados como ligação entre as malformações e as neoplasias. - Pólipo intestinal juvenil: múltiplos cistos, repletos de muco, revestidos por células colunares, com edema e inflamação no estroma. PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS DE PEUTZ-JEGHERS: têm as mesmas características macroscópicas dos juvenis, mas o tecido é composto por ilhas de células epiteliais colunares circundadas por músculo liso. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS: ocorrem nas doenças intestinais inflamatórias: resultantes das fases de regeneração e cicatrização dos processos inflamatórios. - RCU: comum observação de pseudopólipos: ilhas de mucosa cicatrizada entre múltiplas ulcerações confluentes. Abordagem ao pcte com pólipo colorretal - Descobre pólipo por exame radiológico ou endoscópico por investigação de outras causas, screening, acompanhamento pós cirúrgico de ca colorretal ou investigação de hematoquezia. - A princípio faz polipectomia em todos (diagnóstica e terapêutica ao mesmo tempo) para estudo histopatológico, por colonoscopia, após preparo colônico ou sigmoidoscopia flexível: aspecto macroscópico da endoscopia não consegue diferenciar pólipos adenomatosos dos não neoplásicos. CONTROVÉRSIA existe na indicação de colonoscopia após o diagnóstico de um pólipo adenomatoso tubular pequeno: conduta individualizada, indicando + nos jovens previamente hígidos. Pólipos PEDICULADOS devem ser removidos com uma alça diatérmica. Pólipos SÉSSEIS depende o tamanho, 2cm retira por técnica do fatiamento (seguida por colono de controle 2-6m depois para ver se tem pólipo residual). CONSIDERA POLIPECTOMIA CURATIVA PARA PÓLIPO MALIGNO QUANDO: todo o pólipo foi ressecado, as margens livres (sem evidências microscópicas de tecido neoplásico), histologia bem diferenciada e ausência de invasão vascular ou linfática: se não preenche critérios ou se exame de controle tem lesões residuais faz cirurgia para ressecção do ca colorretal. - Em casos de pólipos sésseis, a colonoscopia sempre deve ser repetida após três meses, a fim de confirmar a ausência de lesões residuais. RASTREAMENTO PÓS POLIPECTOMIA: importante acompanhar pela chance de 30-40% de novos pólipos após 3 anos, então faz nova colono em 3 anos para busca de recidivas, se ausência de novos pólipos faz rastreamento 5-5 anos. CONDUTAS FAMILIARES DE PORTADORES DE ADENOMAS COLORRETAIS ESPORÁDICOS: risco relativo de parente de 1° grau aumentado, recomendação é indicar colono nos seguintes casos de parentes de 1° grau: adenoma colorretal do caso índice avançado (>1cm, viloso) e diagnosticado <60a; em caso de ser irmão ou irmã, quando um dos pais teve CA colorretal em qualquer idade. - Pcte com múltiplos pólipos adematosos no cólon (ex. >10 lesões), devem fazer testes genéticos para pesquisa de polipose adenomatosa familiar. SÍNDROME HEREDITÁRIAS DE POLIPOSE PRINCIPAIS: polipose adenomatosa familiar (+ comum), variantes da PAF (síndrome de Gardner e síndrome de Turcot), polipose juvenil e síndrome de Peutz-Jeghers. Polipose adenomatosa familiar (PAF) - É a + comum, distúrbio autossômico dominante, surgimento de numerosos pólipos adenomatosos que atapetam todo cólon e reto. Relação com mutação no gene APC. - Doença começa na adolescência, com surgimento de alguns poucos pólipos, que com tempo aumentam em n° virando centenas ou milhares na luz do intestino grosso: diarreia e sangramento retal, ou ficam assintomáticos. - Forma clássica é diagnosticada pelo encontro de pelo menos 100 pólipos adenomatosos na colonoscopia, na forma atenuada por ter entre 10-100 pólipos (+ no cólon direito e menor taxa de malignização). - Outros achados: também pode ter outros tumores: carcinoma gástrico, da ampola duodenal, do delgado, pancreático, colangiocarcinoma, Hepatoblastoma. Hiperpigmentação retiniana hipertrófica é um achado clássico da síndrome. - Probabilidade de ocorrência de ca colorretal na poliposefamiliar é cerca de 100% aos 40 anos: indicada a colectomia profilática para todos os pacientes com a doença, assim que ela for detectada. - 3 alternativas cirúrgicas: 1. Colectomia total (colon e reto) + ileostomia. 2. Colectomia total + anastomose ileoanal com bolsa ileal (+ utilizada). 3. Colectomia subtotal (tira cólon e preserva reto) + anastomose ileorretal (se faz o 3 precisa de sigmoideoscopia a cada 3-6 meses para tirar todos pólipos que desenvolver no reto: podem regredir espontaneamente ou prevenir com AINE). - Momento para cirurgia: maioria recomenda antes dos 20 anos, mas evita na infância. - Múltiplos pólipos > 1 cm, com displasia de alto grau ou com histologia vilosa na maioria dos adenomas devem ser operados imediatamente. Faz EDA a cada 1-3 anos a partir dos 25-30 anos para screening de tumores gástricos/duodenais: pólipos > 2 cm nessas regiões sempre devem ser ressecados e submetidos ao estudo histopatológico (busca câncer). Conduta p/ famílias de pacientes com PAF é a pesquisa laboratorial da mutação do gene APC 1° no portador, se mutação – não faz na família e faz retossigmoidoscopia anual p/ screening de todos os familiares (a partir de 10-12 anos até 35-40 anos, após isso 3-3 anos), se mutação + indica nos familiares e só nos que vierem + faz acompanhamento anual com retossigmoideoscopia. - Forma atenuada: screening mais tarde (20-25 anos) e precisa de colono para acompanhamento (visualização do colon direito). Variante da PAF SÍNDROME DE GARDNER: polipose colorretal associada a osteomas (+ mandibulares e cranianos) e tumores de tecidos moles (desmoides, cistos sebáceos, lipomas, fibromas, fibrossarcomas), pode ter dentes supranumericos. SÍNDROME DE TURCOT: polipose colorretal associada a tumores de SNC (+ meduloblastoma, e glioblastoma). Todas as síndromes de polipose adenomatosa são associadas a mutação do gene APC, tendo mesmo potencial maligno, mesma conduta terapêutica (colectomia) e mesmo rastreamento familiar. Polipose juvenil familiar - Autossômica dominante, aparecimento de 10 ou mais pólipos hamartomatosos juvenis colorretais, que costumam ser pedunculados e medir 1-3cm, com alta propensão de sangramento. Doença costuma se manifestar na infância ou adolescência (4-14 anos), com sintomas do tipo hematoquezia e anemia ferropriva. Complicações: hemorragia digestiva, intussuscepção e obstrução. MANIFESTAÇÕES EXTRAINTESTINAIS: malformações arteriovenosas pulmonares. SINDROME DE COWDEN: polipose juvenil familiar associada a pólipos hamartomatosos em pele e mucosas, além de outros tumores faciais, orais e hiperceratose palmoplantar, tendo risco aumentado de ca de mama e tireoide. Síndrome de Peutz-Jeghers - Autossômica dominante. Numerosos pólipos hamartomatosos (com histologia peculiar, hamartoma diferente dos outros EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE polipos juvenis por tecido muscular liso envolvendo glandular, em continuidade com a muscular da mucosa) ao longo de todo TGI, associados a manchas melanóticas na pele e mucosas. - Pólipos predominam no delgado, mas pode ter no cólon e qualquer outra parte do TGI. Episódios recorrentes de intussuscepção intestinal (propiciada por um pólipo no delgado), levando à obstrução intestinal mecânica. - Lesões pigmentares na cavidade oral, lábios, mãos e pés. COMPLICAÇÕES TÍPICAS: hematoquezia e anemia ferropriva. CA EXTRAINTESTINAL em até metade dos pctes, como neoplasias ovarianas, tumor testicular feminilizante, tumores pancreáticos, de vias biliares e de mama. CONDUTA: se baseia no risco aumentado de neoplasia associado a essa síndrome: colonoscopia, trânsito delgado e EDA a cada 2 anos, USG anual de pâncreas. - MULHERES também pede USG pélvica anual + MMG aos 25, 30, 35 e 38 a cada 2 anos, depois anual a partir dos 40 anos. Poliposes não familiares SÍNDROME DE CRONKHITE-CANADA: hamartomas e focos adenomatosos. Pode ter alopecia + distrofia ungueal + hiperpigmentação cutânea, mais comum em descendente de japoneses, condição imunomediada, tratamento imunossupressão (corticoide + azatioprina). PSEUDOPOLIPOSE: Pólipos inflamatórios. DII, amebíase e esquistossomose. POLIPOSE LINFOIDE MÚLTIPLA: pólipos linfomatosos de células B. Dor abdominal, náuseas; hiporexia, emagrecimento, disabsorção; sangue oculto fecal, anemia. PNEUMATOSE CISTOIDE INTESTINAL: cistos aéreos submucosos em ID-IG, com aspecto polipoide. Pode ser assintomático ou ter colite fulminante. Associação com DPOC e esclerodermia. CA colorretal - 95% dos casos adenocarcinoma (epitélio glandular colônico: se origina de pólipo adenomatoso esporádico), + na região sudeste, maioria >60 anos. + comum esporádico. FATORES DE RISCO - Síndromes de polipose familiar: dentre as poliposes hereditárias a polipose adenomatosa familiar e as variantes são as de + probabilidade de desenvolver ca colorretal. - Dieta: ricas em calorias e gorduras de origem animal ou carboidratos refinados, consumo de carne vermelha. - Obesidade: hiperinsulinemia pela resistência insulínica eleva níveis de IGF-1). - Tabagismo e etilismo - História pessoal ou familiar de adenoma esporádico ou de ca colorretal esporádico: metacrônicos se ocorrem nos primeiros 5 anos do diagnóstico do 1° câncer. - Doença inflamatória intestinal: lesão precursora é displasia epitelial da parede colônica: doença de Crohn e retocolite ulcerativa idiopática: colo anual ou bianual. - Ca colorretal hereditário não polipoide: síndrome de Lynch, tem os critérios de Amsterdam modificados, desenvolver ca em idade precoce 35-45 anos, + no cólon direito ou ceco. Frequentemente sincrônicos (em dois pontos distintos do colorreto ao mesmo tempo) e metacrônicos (novo Ca colorretal em segmento distinto após a ressecção do primeiro câncer). → Característica marcante é o não desenvolvimento de pólipos típicos antes do adenocarcinoma, que se origina a partir de lesões planas ("pólipos planos adenomatosos"). → Colonoscopia a cada 2 anos a partir dos 21-25 anos de idade, após os 40, rastreio anual, EDA a partir dos 30-35 anos a cada 2-3 anos (rastreio ca gástrico), mulheres exame pélvico a cada 1-3 anos a partir dos 18 anos e a partir dos 25, exame pélvico, USTV e biopsia de endométrio anual. Critérios de Amsterdam 1. Presença de CA colônico ou outro CA (endométrio, ID, ureter ou pelve renal) dx em 3 ou mais familiares, um deles tem que ser parente de 1º grau dos outros dois. 2. Pelo menos 1 CA colorretal na família antes dos 50a. 3. CA colorretal envolvendo pelo menos 2 gerações. 4. Ausência de uma síndrome de polipose hereditária. - DM2 e acromegalia: desordens endócrinas que predispõem o indivíduo a um maior risco de Ca colorretal. - Ureterossigmoidostomia (tratamento cirúrgico de ca de bexiga), endocardite infecciosa (por Streptococcus bovis), colecistectomia (leve aumento de ca de colon direito). - RT para tratar ca de próstata e passado de tratamento de linfoma de Hodgkin são relacionadas a maior incidência FATORES PROTETORES - Consumo de grandes quantidades de frutas e vegetais (800 g/dia) parece reduzir a incidência de ca de cólon distal, todavia este benefício não foi observado para os tumores proximais: acelera trânsito intestinal e reduz contato de epitélio com os carcinogenios. - Os exercícios físicos regulares e o controle da obesidade trazem um efeito preventivo. Aspirina e outros AINE têm demonstrado reduzir a incidência do Ca colorretal em até 40%: apoptose celular e inibição da COX2, o que prejudica crescimento de cels tumorais. TH reduz a incidência de Ca colorretal. PREVENÇÃO E RASTREAMENTO QUANDO NÃO TEM HISTÓRIA FAMILIAR: CA COLORRETAL ESPORÁDICO: considera risco intermediário: rastreamento a partir de 50 anos (american câncer society única que diz 45) até 75 anos: colonoscopia a cada 10 anos OU colonoscopiavirtual a cada 5 anos OU retossigmoidoscopia a cada 5 anos, se pcte não puder/quiser fazer esses exames pode usar exames que avaliam presença de sangue nas fezes (PSOF 3 amostras anual, OU PSOF por método imunoquimico 1 amostra anual, OU teste de DNA de amostra de fezes a cada 1-3 anos), ai se acha sangue nas fezes indica colonoscopia. QUANDO TEM HISTÓRIA FAMILIAR: RASTREIO CA COLORRETAL ESPORÁDICO: se família teve <60a ou 2 parentes de 1º grau: inicia rastreio com 40 anos ou 10 anos antes da idade que o parente mais jovem teve CA dx. Repete colono a cada 5 anos. PATOLOGIA E PATOGENIA - Adenocarcinomas colorretais podem ser de dois tipos: LESÕES POLIPOIDES: mais comum no lado direito (ceco e colon ascendente). LESÕES ANULARES CONSTRITIVAS: pode causar sintomas de obstrução, + no lado esquerdo (colon descendente, sigmoide e reto). - LOCALIZAÇÃO: recente "migração" do Ca colorretal do cólon esquerdo para o cólon direito. 38% no ceco e colon ascendente, 35% no retossigmoide, 18% no colon descendente e 18% no colon transverso. - Mucosa do cólon não possui vasos linfáticos, então o tumor só é considerado invasivo quando alcança a submucosa. DISSEMINAÇÃO: através de parede do intestino até a gordura pericolonica e mesentério, invadindo órgãos adjacentes, através dos linfáticos para os linfonodos regionais, através da veia porta para o fígado, para toda cavidade pulmonar, pulmões e ossos. - Cânceres retais podem invadir diretamente a vagina, a próstata, a bexiga, os ureteres e os ossos da pelve, como também podem produzir metástases para os pulmões e fígado. - Adenocarcinoma de cólon tem velocidade de crescimento muito lenta, tempo que leva para dobrar de tamanho é em média 20 meses. VIAS CARCINOGÊNESE COLORRETAL: duas principais: 1° mutação no gene APC e depois nos genes K-ras, p53, smad, DCC, TGF-b e caderina E. 2° relacionada à síndrome de câncer colorretal hereditário não polipose, mutação de genes de reparo de DNA: gera instabilidade de microssatélites no DNA, o que torna + vulnerável a outras mutações. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Nas fases precoces o ca colorretal é totalmente assintomático. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES CA DE COLON: sangramento (oculto ou exteriorizado), dor abdominal, alteração do hábito intestinal (constipação ou diarreia) e a presença de massa abdominal palpável. - Raramente adenocarcinoma abre quadro com emagrecimento, obstrução mecânica, perfuração intestinal com sinais de peritonite, fístulas, ascite carcinomatosa ou sinais de metástase hepática. CA DO CÓLON ESQUERDO (DESCENDENTE, SIGMOIDE): + alteração do hábito intestinal (constipação progressiva ou constipação alternada com hiperdefecação ou diarreia), pelo colon esquerdo ser o de menor calibre e conter fezes semissolidas em vez de liquidas. CA DO CÓLON DIREITO (ASCENDENTE, CECO): + sangue oculto nas fezes e anemia ferropriva, muitos tem perda ponderal e alguns febre de origem indeterminada, altamente sangrantes, mas raramente fazem obstrução do fluxo fecal, pelo maior calibre do colon e ter fezes liquidas. Lesões maiores e mais invasivas ao diagnostico. CA RETAL: predomina hematoquezia de pequena monta, persistente ou intermitente. Constipação, tenesmo, eliminação de muco e sintomas relacionados à invasão dos órgãos adjacentes (uropatia obstrutiva, hematúria, fístulas vaginais) podem dominar o curso da doença. COMPLICAÇÕES DAS METÁSTASES: hepatomegalia dolorosa, ascite carcinomatosa, disfunção da bexiga, corrimento e sangramento vaginais e comprometimento pulmonar e ósseo. DIAGNÓSTICO - Deve-se suspeitar de carcinoma colorretal em todo paciente (especialmente se for idoso) que desenvolva sangramento retal, dor abdominal, modificação dos hábitos intestinais, emagrecimento e anemia ferropriva. - TOQUE RETAL permite o diagnóstico do câncer de reto distal e pode ser o primeiro indício da doença, labs pode confirmar anemia ferropriva ou ter alterações de enzimas hepáticas sugerindo doenças metastáticas. - EXAMES CONFIRMATÓRIOS • RETOSSIGMOIDOSCOPIA FLEXÍVEL • CLISTER OPACO (ENEMA BARITADO) COM DUPLO CONTRASTE: costuma mostrar tumores mais avançados, tem famoso sinal da maçã mordida. • COLONOSCOPIA: exame obrigatório, considerado padrão ouro p/diagnostico, se tumor tem efeito estenosante na luz do tubo pode fazer a colonoscopia virtual (reconstrução com imagens da TC) que ajuda no pré cirurgia. ESTADIAMENTO Estágio I (T1-T2NO); Estágio IIA (T3N0); Estágio IIB (T4aNo); Estágio IIC (T4bN0); Estágio IIIA (T1-T2N1/c e T1N2a); Estágio IIIB (T1-2 Nab e T2-3N2a e T3-4a N1/c); Estágio IIIC (T4a N2a e T3-4 N2b e T4b N1-2); Estágio IVa (M1a); Estágio IVb (M1b); Estágio IVc (M1c) TUMOR DE CÓLON: estadiamento clínico não costuma ser confiável, estadiamento T e o estadiamento N só podem ser EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE determinados com precisão após a cirurgia (estadiamento patológico). TUMOR DE RETO: métodos de estadiamento clinico são + confiáveis, toque retal bem realizado é capaz de nos dizer se o tumor é superficial ou não, USG endoscópica transretal e RM usa para ver profundidade de invasão do tumor na parede retal e o envolvimento de linfonodos do mesorreto. Retossigmoidoscopia rígida vê bem localização do tumor em relação a margem anal, bom p/ estratégia cirúrgica. CEA não tem valor diagnóstico, por ter baixa sensibilidade e especificidade, usa como marcador prognóstico antes da cirurgia e para o controle de cura pós-operatório. METASTASES A DISTÂNCIA: em geral com TC de abdome, exclui metástases hepáticas que são as mais comuns (TC de abdome, RM de abdome ou PET-TC), para de pulmão faz Rx de tórax, se CEA pré-operatório > 10, investiga com TC de tórax. TC de crânio e a cintilografia óssea só estarão indicadas se o paciente tiver sintomas neurológicos ou ósseos. TRATAMENTO ABORDAGEM OPERATÓRIA ATUAL: no ca do cólon deve incluir a excisão do segmento acometido, com amplas margens de segurança + ressecção dos linfáticos regionais (pelo menos 12 linfonodos), meso e suprimento vascular (ressecção em bloco). As margens proximal e distal mínimas são de 5 cm para o tumor de cólon e de 2 cm para o ca de reto. Manipulação do tumor deve ser mínima e as ligaduras vasculares devem ser realizadas no início da ressecção. TUMORES LOCALIZADOS NO CÓLON: extensão da ressecção depende da localização da neoplasia e da drenagem linfática do segmento acometido. TUMORES LOCALIZADOS NO RETO: É muito comum a indicação de terapia neoadjuvante (pré-operatória: RT em altas doses pode por não envolver delgado, T2, T3, T4 ou N1 são os que mais se beneficiam: 5-fluorouracil e leucovorin, opera 6-10s depois que acaba RT) com o objetivo de reduzir o tamanho tumoral para que uma determinada ressecção cirúrgica obtenha sucesso sem sacrificar estruturas em torno do órgão (ex órgãos urogenitais, nervos autonômicos, esfíncter anal). - Principais terapias empregadas no adenocarcinoma de reto: excisão local transanal, ressecção anterior baixa com anastomose colorretal ou coloanal, Ressecção abdominoperineal somada à colostomia definitiva. TERAPIA ADJUVANTE: realizada após a cirurgia de ressecção tumoral, visando exterminar possíveis micrometástases remanescentes: redução nas recidivas e aumento do potencial de cura do tumor. - RT e QT pós-operatória aumenta a probabilidade de sobrevida no câncer retal estágio II e III (Dukes B ou C). - No câncer de cólon (não retal), não há benefício da RT pós- operatória, mas a QT adjuvante pode ser indicada nos estágios II e III (Dukes B ou C). - Principal esquema é o FOLFOX: 5-fluorouracil, leucovorin e oxaliplatina CIRURGIA PARA METASTASES: HEPÁTICAS: excisão de áreas de comprometimento neoplásico secundário em fígado está associada à sobrevida de 25- 40% em 5 anos. - Contraindicações: doençaextra-hepática extensa e irressecável; evidência radiológica de envolvimento de veia porta, artéria hepática ou grandes ductos biliares; envolvimento extenso do fígado (>70%, >6 segmentos ou todas as veias hepáticas); baixa reserva hepatocelular. - Bom risco cirúrgico e que possuam ≤4 metástases: cirurgia deve ser realizada de forma imediata. - Bom estado geral com >4 metástases OU suspeita radiológica de linfonodos portais OU doença bilobar: QT sistêmica seguida de nova avaliação cirúrgica. PULMONARES: ressecções de metástases pulmonares isoladas aumentam a sobrevida em pacientes com Ca colorretal em estágio IV, existindo em alguns casos probabilidade de cura. SEGUIMENTO PÓS-OPERATÓRIO: risco de recidiva é maior nos dois primeiros anos após a cirurgia. - Sítios mais comuns de recidiva: fígado, pulmões, leito do tumor primário, peritônio e linfonodos. - Consulta médica e CEA a cada 3-6 meses, depois a cada 6 meses até 5 anos, se CEA >10 ou duas elevações persistentes normalmente indicam recidiva tumoral, aí faz colono, TC ou PET- TC (se as outras duas não mostrarem recidiva). - Colonoscopia após 1 ano: se – repete em 3 anos e depois a cada 5 anos, se encontrado algum pólipo, remover e repetir em um ano. - Retossigmoidoscopia flexível nos pacientes submetidos à ressecção abdominal baixa para Ca de reto: após um mês da cirurgia e repetido a cada três meses nos dois primeiros anos. - Considerar TC de tórax, abdome e pelve anualmente nos pacientes com alto risco de recorrência (tumor indiferenciado ou com invasão de linfáticos/veias). CA anal - -2% dos tumores malignos do intestino grosso. Maioria das lesões surge no canal anal. - Mais comuns em pessoas de meia-idade e em mulheres. - Desenvolvimento de câncer anal → Associado à infecção pelo HPV (vírus sexualmente transmissível). - A infecção pode resultar em verrugas anais (condiloma acuminado), que podem progredir para neoplasia anal intraepitelial e carcinoma de células escamosas. Importante: vacinação. DIAGNÓSTICO - Pctes podem apresentar sangramento, dor, sensação de massa perianal e prurido. TRATAMENTO - Cirurgia radical (ressecção abdominoperineal com retirada de linfonodos e colostomia permanente) já foi o tratamento-padrão - Tem sobrevida em 5 anos (55-70% sem disseminação para linfonodos regionais, e <20% se metástases nodais). - Abordagem terapêutica alternativa, combina QT + RT (5-FU e mitomicina C), que resultou num desaparecimento de todo o tumor, comprovado por biópsia. - Recorrência em <10% dos pctes, ou seja, 70% podem ser curados com tto não cirúrgico e sem necessidade de colostomia.
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