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CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO - NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES

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CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO 
POR: NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
Av1 - Prova subjetiva com questões diretas/objetivas - (31/03) 
Av2 - Atividade prática - dividir a turma em 8 equipes de 6 pessoas. Haverá 4 casos práticos e vão 
haver julgamentos simulados deles, cada equipe vai participar de 2 julgamentos (vai existir a 
procuradoria que vai fazer a denúncia e sustentação, os advogados e os julgadores). Escolher 1 
pessoa da equipe para falar e vai apresentar 1 peça escrita. (12/05; 26/05 e 02/06) 
 . Julgamentos simulados de sessões da Justiça Desportiva. 
 . Procurador = faz a denúncia; equipe de defesa; juízes (cada um da equipe irá 
proferir seu voto oralmente). 
CONTEXTO HISTÓRICO DO ESPORTE 
1) Introdução: 
. Esporte tinha uma noção de extravasamento de emoções, substituindo o campeonato de 
violência (já que por natureza somos violentos). 
. A origem da palavra “desporto” remete a idade média, século XI/XII, principalmente na 
região da França/Espanha (zona mediterrânea da Europa). 
 . Esporte = divertimento/regozijar-se. 
. Esporte tinha perspectiva de sobrevivência. 
. Na antiguidade se entende um instrumento de preservação da saúde. 
. Política do pão e circo. 
. Cristianismo - o esporte passa a ser criminalizado. 
. Década de 30 com as primeiras leis desportivas + anos 60/70 dentro de alguns cursos de 
Direito (ainda de forma muito incipiente). 
. Lei brasileira nº 6.251 de 1975 definiu desporto em seu artigo 2°: “considera-se desporto 
a atividade predominantemente física, com finalidade competitiva com regras 
preestabelecidas”. 
 . Essa lei foi revogada, é a chamada ANTIGA LEI DO DESPORTO. 
. Lei 8.672 (1993), conhecida como Lei Zico, que definiu: “desporto como atividade 
predominantemente física e intelectual”. 
 . O esporte não é só físico. É inteligência. 
 . Aqui já engloba como esporte o xadrez, esporte eletrônico etc. 
. A Lei Pelé (1998) revogou a lei Zico. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
 . A Lei Pelé é omissa quanto ao conceito de desporto (não diz se é atividade física, 
intelectual ou o que seria). 
. Hoje temos, por exemplo, o videogame (um esporte eletrônico). – Temos atletas 
profissionais de esportes eletrônicos. 
 . A bancada do esporte no congresso quer colocar na nova lei que esporte 
eletrônico não é esporte. 
 . A consequência disso é financeira, já que o esporte é subsidiado. – Se os esportes 
eletrônicos forem considerados desportos, as federações irão fazer jus a esses valores. 
. Na pré-história, por exemplo, as atividades esportivas eram muito mais vinculadas a 
questão física/preparação para os combates ou busca de alimentos (preparação 
utilitária). 
 . Não era lazer por lazer, mas sim como garantidor de necessidades primárias. 
 . A própria caça, guerra, busca do alimento etc. 
. Mas, na antiguidade o esporte passa a ter uma nova função. 
 . Primeiro: esporte = saúde = culto ao corpo = olímpiadas. – Força masculina (já 
que as mulheres eram excluídas). 
 . Preparação para guerra. 
 . Festividade, ritual religioso. – Esporte ligado a um culto a um Deus, a um herói. 
 . Quem era autorizado a praticar esporte eram poucos, a elite. – Surgem os jogos 
olímpicos na Grécia (só os homens se participavam, um culto ao corpo, praticado sem 
roupa, busca do lazer, instrumento de hierarquização social). 
. Século II depois de Cristo em Roma: criado o Sindicato de Hércules = primeira entidade 
com uma visão profissional do esporte. 
 . Entidade sindical de atletas. – Já era uma semente de profissionalismo do 
esporte. 
 . Exploração do esporte – Política do Pão e Circo. 
A política do Pão e Circo, tinha como objetivo o apaziguamento da 
população, na sua maioria, da plebe, através da promoção de 
grandes banquetes, festas e eventos esportivos e artísticos, assim 
como subsídios de alimentos (distribuição de pães e trigo). 
Assim, esses eventos tinham a função de entreter a plebe, 
despolitizando a mesma e evitando contrapontos políticos aos 
imperadores como reivindicações ou levantes populares. Também 
tinham a função de aumentar a popularidade dos líderes romanos. 
. Gladiadores são exemplos de atletas profissionais. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
. Com a adoção do cristianismo e o fim das festas pagãs, os jogos passam a ser proibidos. - 
Mas, continuou a ser praticado de forma clandestina. 
 . Equitação; arco e flecha; esgrima etc. 
. Jogos com bola começam a ser cada vez mais populares. 
 . Existem registros de jogos envolvendo bola já muito antes de Cristo. 
. Direito desportivo tem um caráter multifacetado: 
 . Disciplina das competições esportivas; questões trabalhistas; questões 
empresariais, já que o futebol brasileiro em especial sempre foi baseado nos clubes e 
associações sem fins lucrativos, mas desde os anos 90 essa realidade tem mudado 
(tornando-se a tendência, tal qual já é na Europa); viés consumerista (estatuto do 
consumidor). 
. Século XIX desenvolvimento do futebol. 
 . 26/10/1863 – data de surgimento do futebol oficialmente. – Em uma taberna, se 
reuniram integrantes dos clubes p/ definir as regras definitivas desse esporte. 
. Houve uma briga, pois uma parte das pessoas queria que continuasse a 
jogar o esporte com as mãos. – Esse grupo se retirou da reunião. - CRIOU-
SE O RUGBY. 
. 1872 o primeiro jogo internacional de futebol. 
. O início do profissionalismo do futebol, na própria Inglaterra, já no século XIX. 
 . O futebol inicialmente era apenas p/ elite. Não davam salários, para que as 
pessoas pobres não tivessem acesso a isso. – Recebiam então salários camuflados. Depois 
de um tempo, foi impossível não se render ao profissionalismo do esporte. 
. 1996 – Primeiros jogos olímpicos da era moderna. 
 . Pierre de Frédy, mais conhecido pelo seu título nobiliárquico de Barão de 
Coubertin, foi um pedagogo e historiador francês, que ficou para a história como o 
fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna. 
. O esporte se consolidou no século XX não só como grande forma de entretenimento, mas 
como um grande negócio. 
. No Brasil, final do século XIX, os esportes ainda eram mais populares entre as elites (a 
exemplo do remo). 
. 1904 – Campeonato paulista de futebol. 
. 1905 – Campeonato baiano de futebol. – Segunda competição mais antiga do nosso país. 
– Quem ganhou foi o ESPORTE CLUBE VITÓRIA (em 1899 o Vitória surgiu). 
. Nas primeiras décadas do século XX o esporte era amador no Brasil. – Começa a ser 
praticado por operários, trabalhadores. – Isso gera inúmeras críticas. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
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 . Fluminense conhecido como “pó de arroz”. – Primeiros mestiços passavam pó 
de arroz p/ dizer que eram brancos nas partidas. 
. Na década de 30 os argentinos e uruguaios já eram profissionais, mas no brasil o 
amadorismo era o que prevalecia. 
 . Mas, aqui no BR esse profissionalismo existia de forma escondida. – Exemplo: 
era contratado para trabalhar em uma indústria, mas na verdade era para jogar, como o 
time do LEITE MOÇA. 
. Em 1977 Getúlio Vargas deu o golpe do Estado Novo, e como qualquer ditadura 
centralizadora, até o esporte foi centralizado com ele. 
 . Se aproveitou do rádio, samba e esporte como forma de propaganda. 
 . Proibiu qualquer tipo de divisão nas entidades esportivas. – Uma única 
federação esportiva por esporte (isso foi feito através de Decreto-Lei). 
. Início da década de 40 passa a existir uma regulamentação do desporto. 
. Conselho Nacional do Desporto foi criado através de Decreto-Lei 1056 de 1939 (espécie 
de medida permanente). – ESTABELECENDO AS BASES DO DIREITO DESPOTIVO. 
. OBS: hoje ligas podem ser criadas, com amparo na Lei Pelé, masainda predomina a ideia 
da unicidade, resquício das políticas de Getúlio Vargas. 
. Emenda Constitucional nº 1 de 1969: 
 . Primeira vez da previsão do esporte em uma constituição. 
 . Estabeleceu a competência da União para legislar sobre normas gerais sobre 
desporto. 
. Lei 6251/75: norma geral sobre esporte e criação da justiça desportiva. 
. Lei 6354/1976: regulamentou a profissão do atleta de futebol. 
. Na Constituição de 1988 já temos o artigo 217: 
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito 
de cada um, observados: 
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e 
funcionamento; 
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em 
casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; 
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional; 
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. 
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas 
após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. 
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do 
processo, para proferir decisão final. 
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social. 
 
 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 
 
. O acesso à justiça comum só se dá depois de esgotadas as instâncias da justiça desportiva 
(que é dotada de autonomia graças a CF/88). 
. OBS: o atleta pertencia ao clube, por meio do que era chamado PASSE.- Se o contrato 
acabasse, o atleta continuava vinculado ao clube: renovava o contrato; o clube vendia o 
passe dele para o outro clube; caso o jogador não aceitasse o valor ofertado pelo clube, a 
pessoa ficava impedida de jogar e ficava proibido de sair do clube por 1 ano. – O PASSE 
DEIXOU DE EXISTIR. 
A) Linha do tempo das legislações: 
. Emenda Constitucional nº 1 de 1969. 
. Lei 6251/75: norma geral sobre esporte e criação da justiça desportiva. – Antiga lei de 
desporto. 
. Lei 6354/1976: regulamentou a profissão do atleta de futebol. 
. Constituição Federal 1988. 
. Lei Zico 8.672/93. 
. Lei Pelé 9.615/98. 
 . Modificada pelas leis 9.981/00 e 10.672/03. 
2) Conceito: 
. O direito desportivo segundo Álvaro Melo Neto: “um conjunto de técnicas, regras, 
instrumentos jurídicos sistematizados que tenham por fim disciplinar os comportamentos 
exigíveis na prática dos desportos em suas diversas modalidades”. 
 . Uma ideia muito ainda voltada para direito desportivo vinculado a disciplina das 
competições. – Ideias trazidas, inclusive, pelo art. 217 da CF. 
. Depois da Lei Pelé (Lei 9.615/98), o profissionalismo do esporte brasileiro ganhou um 
impulso muito grande, passou a existir uma preocupação muito maior com direito dos 
atletas, com os próprios espectadores etc. 
 . Excluiu a Lei do Passe para os contratos de trabalho firmados por atletas 
profissionais a partir de 26/03/2001. – O "passe" era um instrumento jurídico que 
prendia o jogador ao clube além do contrato de trabalho. Quando existia o passe, os 
jogadores não podiam deixar seus clubes sem autorização dos clubes nem mesmo estando 
sem contrato – e, portanto, sem salário. 
 . Criação das ligas de futebol independentes da CBF (Confederação Brasileira de 
Futebol) e das federações estaduais; 
 . Possibilidade de transformação dos clubes de futebol em empresas com fins 
lucrativos. – O objetivo era evitar a sonegação fiscal e tornar públicos os atos de 
administração dos clubes de futebol, de forma a evitar o enriquecimento ilícito de 
dirigentes esportivos às custas da dilapidação do patrimônio das associações desportivas. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
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. O texto original da Lei Pelé, em seu art. 27, determinava a obrigação 
dos clubes brasileiros se transformarem em empresas no prazo de 2 
anos. Todavia, esse dispositivo foi declarado inconstitucional, já que 
vige segundo o artigo 217 da CF/88, a autonomia das entidades 
desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e 
funcionamento. Assim, houve a revogação do artigo 27, que ganhou 
nova redação com a Leo 9.981/00, passando a ser considerado uma 
POSSIBILIDADE/FACULDADE, e não uma obrigação dos clubes se 
transformarem em empresas com fins lucrativos. 
. Em 2003, o art. 27 da Lei Pelé sofreu mais uma alteração, de modo 
que ainda que permanecendo a não obrigatoriedade da 
transformação dos clubes de futebol em empresas, firmou 
parâmetros mais rígidos no que se refere à fiscalização da atuação 
administrativa dos dirigentes de tais entidades, prevendo a 
possibilidade de aplicação da teoria da desconsideração da pessoa 
jurídica, através da qual obrigações adquiridas pelas entidades de 
prática desportiva possam ser estendidas aos bens particulares dos 
seus administradores ou sócios, bem como imputação de pena. 
. Embora a lei não obrigue, apenas sugira como possibilidade a 
transformação para empresas, é de se ressaltar que ela incentiva de 
forma evidente essa prática. 
. OBS - críticas a Lei Pelé: 
 . Falta de regulamentação da profissão de árbitro de futebol. – Esses árbitros no 
Brasil, apesar de sua importância, continuam a ser considerados amadores, sem qualquer 
vínculo empregatício com as entidades administrativas de futebol (CBF, federações ou 
ligas). – Alvo de críticas, já que eles estão sujeitos à cumprir horários, subordinados às 
entidades, devem se submeter à preparação física especial, viagens, regulamentos e 
punições etc. 
 . Falta de regulamentação acerca da aposentadoria dos atletas profissionais. – 
Muitos atletas ficam desemparados após o encerramento da carreira. – Lembrar que o 
contexto é de que 90% dos jogadores de futebol no Brasil ganham como salário quantia 
inferior a 3 salários mínimos por mês. 
 . Omissões quanto à regulamentação de um calendário esportivo plurianual. – 
Para Jaime em seu livro, essa crítica não merece respaldo, já que embora esse calendário 
seja importante, esta não seria a função da lei. 
. OBSERVAÇÕES GERAIS – O QUE SÃO AS LIGAS? 
. A liga é uma competição organizada exclusivamente por clubes, ou seja, sem 
interferência de um terceiro, como por exemplo, a própria CBF. 
. Enquanto os campeonatos organizados por uma federação (ex. FPF, FCF, FERJ, etc.) ou 
confederação (CBF, p.ex.) não são construídos pelos clubes, mas sim pelas próprias 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
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federações e confederações, que impõem regras para admitir novos clubes, e estes devem 
respeitar a hierarquia ali exigida, as ligas são criadas pelos próprios clubes e não há 
hierarquia entre os filiados da liga, e na maioria das vezes, nem mesmo o sistema de 
acesso e rebaixamento (o que é conhecido como TOP DOWN). 
. Veja, o Campeonato Paulista, a título de exemplo, é organizado pela Federação 
Paulista de Futebol. É ela quem impõe as regras e regulamentos, como o Regulamento 
Geral das Competições e o Regulamento Específico de uma Competição. Assim como 
também a Confederação Brasileira de Futebol, quando organiza o Campeonato Brasileiro. 
. É um sistema hierárquico, chamado de sistema piramidal. Ou seja, a Federação 
Paulista organiza os campeonatos em seu estado (São Paulo) e obedece às regras de um 
ente maior, qual seja, a Confederação Brasileira de Futebol, que organiza os campeonatos 
em um sistema nacional (Brasil). 
. Já no sistema de ligas, não há uma entidade terceira organizando o campeonato 
(chamada de entidade de administração do desporto). Ela é a própria entidade de 
administração do desporto (art. 20, § 6º, Lei Pelé). 
. Geralmente, no sistema de ligas, como são formadas por entidades (leia-se clubes)com interesses comuns, não há imposição do sistema de acesso e rebaixamento (à exceção 
do futebol). 
. Então os clubes que desejam formar uma liga se reúnem e se filiam a esse sistema, 
sendo a liga formada pelos próprios clubes (art. 20, Lei Pelé), diferente do que acontece 
no sistema de federação. 
. No Brasil ainda não vingou o sistema de ligas, pelo menos no futebol. Isso porque os 
exemplos citados logo no início deste artigo não são casos de sucesso – pelo menos é o 
que podemos afirmar da Primeira Liga. 
. A Primeira Liga foi uma tentativa de reedição da antiga Copa Sul-Minas, extinta 
em 2002. Não deu certo por várias razões: primeiro porque foi feita às pressas, movida 
também pelos ideais de transparência e melhores benefícios aos clubes, já que o ano de 
sua criação, 2015, foi o ano do Fifagate, ocasião em que foram divulgados casos de 
corrupção no futebol, com prisão de diversos dirigentes. Segundo, porque tal liga não teve 
a chancela da CBF, como foi o caso da Copa do Nordeste. 
. A verdade é que os clubes estavam insatisfeitos com a forma de organização do 
futebol, tanto pela CBF, como pelas federações regionais, e movidos pelas ideias de 
conseguir melhores benefícios aos clubes (seja de distribuição de cotas de TV ou de 
receitas de jogo), decidiram criar a Primeira Liga. 
. A Primeira Liga foi anunciada como extinta, em 25 de junho de 2019. 
. A Copa do Nordeste existe até hoje, pois foi criada no século anterior pelos clubes e 
depois a sua organização passou para as mãos da Confederação Brasileira de Futebol, 
inclusive dando vaga à Copa Sul-Americana. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 
 
. É bem verdade que nenhuma liga precisa se sujeitar a qualquer federação ou 
confederação, já que, pelo princípio da autonomia esportiva (art. 217, I, Constituição 
Federal Brasileira) e pelas disposições da própria Lei Pelé (art. 20, § 5º), nenhuma 
organização pública ou privada é “dona” de qualquer modalidade esportiva. 
. Mas é uma questão lógica. Se a CBF é a única reconhecida no Brasil como 
representante do futebol brasileiro (inclusive membro filiada da FIFA) e as federações 
regionais obedecem às disposições da CBF e, por conseguinte, os clubes que jogam tanto 
as competições da CBF e das Federações dependem de suas receitas e da sua organização, 
como irão abdicar de tais prerrogativas para criar uma liga “clandestina”. 
 
3) Estatuto do torcedor: 
. Lei 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor): criada para justamente proteger o torcedor 
como um consumidor dos espetáculos esportivos profissionais. 
 . Torcedor com direitos fundamentais de consumidor perante os clubes, 
federações esportivas etc. 
 . Uma série de direitos não só p/ quem paga o ingresso, mas também para quem 
assiste de casa. 
 . No CDC, o art. 2º, define que a relação de consumo é relação entre CONSUMIDOR 
(destinatário final de produto ou serviço) e FORNECEDOR (fornece no mercado um 
produto de forma habitual). – Os clubes e federações esportivas como fornecedores de 
serviços, e o torcedor como consumidor. 
. Equipara-se a consumidor toda coletividade de pessoas que estão sujeitas, 
por exemplo, a uma publicidade enganosa etc. 
. Lei 10.671/2003 que já foi alterada algumas vezes, sendo a principal a alteração pela Lei 
12.999/10 (tornou o estatuto mais rígido, como a questão da torcida organizada). 
. Em 2015 essa lei foi alterada novamente pela Lei 13.155 estabelecendo mais 
algumas responsabilidades no plano econômico, financeiro dos clubes de futebol, das 
entidades de práticas desportivas de um modo geral, que tem repercussões importantes 
nas próprias competições. 
. O estatuto é voltado para o esporte PROFISSIONAL. 
 . O esporte amador não seria, pois, tutelado por esse estatuto. – Exemplo: torneios 
municipais no interior. 
. Essa informação é importante pois existem competições amadoras no nosso país, 
por exemplo no âmbito do futebol brasileiro temos os campeonatos de base (Campeonato 
Juvenil Sub-15), os quais não são considerados profissionais embora tenha participação 
do clube profissional, embora seja organizado pela federação esportiva, portanto o 
estatuto do torcedor não se aplica a tal. Para tais campeonatos só se aplica o Código 
Brasileiro de Justiça Desportiva. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
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. Nas decisões da justiça desportiva podemos utilizar o estatuto do torcedor como 
fundamento, desde que aquele processo esteja vinculado a um esporte profissional. 
. Mas, a aplicação do estatuto do torcedor vai além do direito desportivo stricto 
sensu, vai além da atuação da justiça desportiva. O estatuto do torcedor se aplica nas 
relações cíveis, nas relações criminais (existe uma série de dispositivos no estatuto do 
torcedor que elenca uma série de tipos penais), então é na Justiça Comum que se resolvem 
as lides decorrentes do estatuto do torcedor, em regra. 
 . Também se aplica o estatuto do torcedor na esfera administrativa. – Mas, muitas 
das questões que envolvem o Estatuto do Torcedor, que são verdadeiras questões 
relacionadas ao direito do consumidor e ao direito penal, são resolvidas na Justiça 
Comum. 
. O art. 1º-A do Estatuto do Torcedor: 
Art. 1o-A. A prevenção da violência nos esportes é de responsabilidade do poder público, 
das confederações, federações, ligas, clubes, associações ou entidades esportivas, entidades 
recreativas e associações de torcedores, inclusive de seus respectivos dirigentes, bem como 
daqueles que, de qualquer forma, promovem, organizam, coordenam ou participam dos 
eventos esportivos. 
 . Aqui a responsabilidade é objetiva. 
 . “Participam dos eventos esportivos” - abre a margem p/ aplicação do estatuto 
do torcedor aos torcedores como sujeito de obrigações (e não de direito). 
 . Pelo artigo primeiro já é possível notar a semelhança do torcedor com o direito 
do consumidor. Na verdade, podemos falar que o ET se refere a uma norma especial 
dentro do próprio direito do consumidor. 
 . Muitas regras do ET inclusive preveem responsabilidade objetiva dos dirigentes 
– veremos adiante. 
. Conceito de torcedor: 
Art. 2o Torcedor é toda pessoa que aprecie, apóie ou se associe a qualquer entidade de 
prática desportiva do País e acompanhe a prática de determinada modalidade esportiva. 
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se a apreciação, o apoio ou o 
acompanhamento de que trata o caput deste artigo. 
 
 . Conceito bem amplo. – Torcedor não é o sócio do clube, é qualquer pessoa que 
acompanha (incluindo a pessoa que acompanha os jogos de casa). - Se você assiste de sua 
casa em canal aberto estará protegido por essa lei. 
 . Torcedor como um consumidor, nos moldes do CDC. – Ao pagar e adquirir um 
ingresso para assistir uma partida de futebol, o torcedor é o destinatário final do 
espetáculo (produto e serviço) promovido pelo fornecedor (clubes e organizadores do 
evento). – EXISTE AQUI UMA RELAÇÃO DE CONSUMO. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 10 
 
. Conceito de torcida organizada (que pode ser responsabilizada por violações ao 
estatuto do torcedor): 
 . Para ser considerado torcida organizada não precisa nem ter registro civil. Ou 
seja, a torcida organizada é uma organização que nem precisa ser formal para assim ser 
considerada e responsabilizada eventualmente. 
Art. 2o-A. Considera-se torcida organizada, para os efeitos desta Lei, a pessoa jurídica 
de direito privado ou existente de fato, que se organize para o fim de torcer e apoiar 
entidade de prática esportiva de qualquer natureza ou modalidade. 
Parágrafo único. A torcida organizada deverá manter cadastro atualizado de 
seus associados ou membros, o qual deverá conter, pelo menos, as seguintes 
informações: 
I - nome completo; 
II - fotografia; 
III - filiação;IV - número do registro civil; 
V - número do CPF; 
VI - data de nascimento; 
VII - estado civil; 
VIII - profissão; 
IX - endereço completo; e 
X - escolaridade. 
 
. Quando tem uma briga, a torcida organizada é responsável? 
 . Exemplo: torcedor do time contrário infiltrado na torcida e causa uma briga. 
COMO RESOLVE? 
 . Isso é importante para própria proteção da torcida, pois imagine que aconteça 
uma briga, a torcida organizada é responsável? Quando se trata de um associado 
promovendo confusão fica mais fácil de incumbir à torcida organizada, mas e se for um 
torcedor da torcida adversária infiltrado? 
 . O código brasileiro de justiça desportiva e o estatuto do torcedor preveem 
algumas responsabilidades objetiva para o dirigente, mas digamos que uma pessoa 
manda fazer uma camisa igual a da torcida organizada, se infiltra e promove uma briga 
durante o jogo, deve a torcida ser responsável? O dirigente da torcida deve ser 
responsabilizado? Até que ponto a entidade tem responsabilidade por seus associados? 
 . Não há nenhuma imposição prevista acerca de torcida única, mas o Ministério 
Público diz que é necessário parava evitar violência, para que a família possa frequentar 
o estádio. – Jaime discorda, entendendo que esta não é a solução para as problemas. 
. Art. 3°: 
 . O mandante do jogo, aquele que recebe o adversário e prepara o jogo naquele 
dia, é equiparado ao fornecedor pelo artigo 3° do estatuto. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 11 
 
 . As entidades responsáveis pela organização das competições (no caso do 
futebol, a CBF, as federações estaduais e as ligas, ou qualquer entidade que venha a 
organizar uma competição de caráter amistoso, local, nacional ou internacional), bem 
como as entidades de prática desportiva detentora de mando de campo (clubes de futebol, 
quando se tratar deste esporte), serão equiparadas ao conceito de FORNECEDOR. 
Art. 3o Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, 
de 11 de setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem 
como a entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo. 
. Da transparência e organização: 
Art. 5o São asseguradas ao torcedor a publicidade e transparência na organização 
das competições administradas pelas entidades de administração do desporto, bem como 
pelas ligas de que trata o art. 20 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998. 
§ 1o As entidades de que trata o caput farão publicar na internet, em sítio da 
entidade responsável pela organização do evento: 
I - a íntegra do regulamento da competição; 
II - as tabelas da competição, contendo as partidas que serão realizadas, com 
especificação de sua data, local e horário; 
III - o nome e as formas de contato do Ouvidor da Competição de que trata o art. 
6o; 
IV - os borderôs completos das partidas; 
V - a escalação dos árbitros imediatamente após sua definição; e 
VI - a relação dos nomes dos torcedores impedidos de comparecer ao local do evento 
desportivo. 
 
 . A publicidade e transparência na organização das competições administradas 
pelas entidades de administração do desporto ou pelas ligas de que trata o art. 20 da Lei 
Pelé, é um direito fundamental do torcedor, sendo dever estas a ampla divulgação, 
inclusive pela internet, da íntegra dos regulamentos das competições que organiza, com 
suas respectivas tabelas, contendo especificações quanto às datas, locais e horários das 
partidas; dos borderôs das partidas, a fim de que o torcedor seja informado acerca da 
renda obtida com o pagamento dos ingressos e do número de espectadores pagantes e 
não pagantes presentes no evento desportivo, e da relação dos nomes dos torcedores 
impedidos de comparecer ao evento desportivo. 
. O professor enfatiza que atualmente há uma grande crítica dos torcedores a isso, 
pois os clubes não estão divulgando a tabela com antecedência, o que prejudica 
principalmente o time. 
 . Figura do “OUVIDOR DA COMPETIÇÃO” para recolher sugestões etc. 
. Art. 19°: 
. OBS: o artigo abaixo prevê responsabilidade objetiva dos dirigentes das entidades (CBF 
etc.) e dirigentes dos grupos de torcedores, por brigas (e afins) bem como qualquer 
descumprimento do capítulo. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm#art20
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 
 
 . Em linhas gerais, a entidade responsável pela organização da competição 
(exemplo da CFB, federações estaduais), bem como seus dirigentes, será solidariamente 
responsável com a entidade de prática desportiva detentora do mando de campo (clubes 
de futebol, como exemplo), independentemente da existência de culpa, pelos prejuízos 
causados ao torcedor que decorram de falhas de segurança nos estádios ou da 
inobservância de quaisquer das regras de segurança dispostas no estatuto 
(RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA). 
Art. 19. As entidades responsáveis pela organização da competição, bem como seus 
dirigentes respondem solidariamente com as entidades de que trata o art. 15 e seus 
dirigentes, independentemente da existência de culpa, pelos prejuízos causados a torcedor 
que decorram de falhas de segurança nos estádios ou da inobservância do disposto neste 
capítulo. 
 . Jaime em seu livro critica a redação do art. 19, afirmando ser confusa e pouco 
esclarecedora, já que a ressalva quanto ao fato de que “o dano tenha sido causado em 
virtude de falhas na segurança dos estádios ou inobservância do disposto no capítulo” 
abre brecha para a análise de culpa, decorrente de negligência ou imperícia. – ASSIM, não 
basta aos organizadores do evento a tomada de todas as precauções possíveis a contenção 
de sinistros envolvendo os espectadores. É necessário que não ocorram os incidentes, 
caso contrário, indiscutivelmente terá falhado a segurança. 
. Os precedentes na justiça desportiva acerca de briga generalizada são de que 
clube precisa ser responsabilizado, pois ele não garantiu a segurança do próprio 
espetáculo, ele permitiu que a briga acontecesse. 
 
. Art. 13°: 
CAPÍTULO IV 
DA SEGURANÇA DO TORCEDOR PARTÍCIPE DO EVENTO ESPORTIVO 
Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos 
esportivos antes, durante e após a realização das partidas. 
Parágrafo único. Será assegurado acessibilidade ao torcedor portador de deficiência ou 
com mobilidade reduzida. 
 
. Como interpretar o que é o local onde está sendo realizado o evento e o que significa 
antes, durante e depois? 
. O professor acha que o depois tem que ser logo depois e o local deve ser na saída, ao 
redor do estádio. 
 . É dever das entidades solicitarem ao Poder Público competente a presença de 
agentes públicos de segurança dentro e fora dos locais de realização de eventos 
esportivos, informando os dados necessários à segurança das partidas, em especial ao 
local do evento, horário da abertura, capacidade e a expectativa de público etc. 
 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 13 
 
Art. 13-A. São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo, 
sem prejuízo de outras condições previstas em lei: 
I - estar na posse de ingresso válido; 
II - não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou 
possibilitar a prática de atos de violência; 
III - consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança; 
IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com 
mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo; 
V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;VI - não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do recinto esportivo; 
VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos 
ou produtores de efeitos análogos; 
VIII - não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer que seja a sua 
natureza; e 
IX - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos 
competidores. 
X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins 
que não o da manifestação festiva e amigável. 
 
. Nesse capítulo inclui “V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos; ”, 
então mesmo que um dirigente faça campanhas sociais contra o racismo ele deve ser 
responsabilizado se duas pessoas que compram ingresso e no estádio xingam o jogador e 
chamam ele de macaco? 
. O professor acha que essas condutas (xenofobia, racismo etc.) são questões 
criminais e, em regra, a responsabilidade penal é subjetiva. 
 
 
. Art. 16: 
Art. 16. É dever da entidade responsável pela organização da competição: 
I - confirmar, com até quarenta e oito horas de antecedência, o horário e o local da realização das 
partidas em que a definição das equipes dependa de resultado anterior; 
II - contratar seguro de acidentes pessoais, tendo como beneficiário o torcedor portador de 
ingresso, válido a partir do momento em que ingressar no estádio; 
III - disponibilizar um médico e dois enfermeiros-padrão para cada dez mil torcedores presentes 
à partida; 
IV - disponibilizar uma ambulância para cada dez mil torcedores presentes à partida; e 
V - comunicar previamente à autoridade de saúde a realização do evento. 
 
. Logo quando o estatuto foi publicado ele proibia a entrada de bebida alcoólica no estádio, 
mas depois voltou atrás. 
Art. 10. É direito do torcedor que a participação das entidades de prática desportiva em 
competições organizadas pelas entidades de que trata o art. 5o seja exclusivamente em 
virtude de critério técnico previamente definido. 
§ 1o Para os fins do disposto neste artigo, considera-se critério técnico a habilitação de 
entidade de prática desportiva em razão de: 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 
 
I - colocação obtida em competição anterior; e 
II - cumprimento dos seguintes requisitos: 
a) regularidade fiscal, atestada por meio de apresentação de Certidão Negativa de 
Débitos relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União - 
CND; 
 
. Se o clube estiver com o “nome sujo”, pode ser rebaixado. 
b) apresentação de certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço 
- FGTS; e 
. Se o clube atrasar pagamento de FGTS dos seus funcionários, qualquer funcionário (não 
só os atletas), ele pode ser rebaixado. - Está na lei, mas na prática não é cumprido. 
c) comprovação de pagamento dos vencimentos acertados em contratos de trabalho e dos 
contratos de imagem dos atletas. 
§ 3o Em campeonatos ou torneios regulares com mais de uma divisão, serão observados o 
princípio do acesso e do descenso e as seguintes determinações, sem prejuízo da perda de 
pontos, na forma do regulamento: 
 I - a entidade de prática desportiva que não cumprir todos os requisitos estabelecidos no 
inciso II do § 1o deste artigo participará da divisão imediatamente inferior à que se 
encontra classificada; 
 
. Art. 20: 
Art. 20. É direito do torcedor partícipe que os ingressos para as partidas integrantes de 
competições profissionais sejam colocados à venda até setenta e duas horas antes do início da 
partida correspondente. 
 . Também tem direito a descentralização dos pontos de vendas das entradas das 
partidas. 
 . Exigência de fornecimento de comprovante de pagamento ao torcedor-
consumidor, logo após a aquisição dos ingressos. – ISSO FACILITA ATÉ MESMO A 
POSTERIOR COMPROVAÇÃO DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE ALGUM DANO 
MATERIAL OU MORAL SOFRIDO PELO TORCEDOR E A OCORRÊNCIA DE FATO DANOSO 
NO ESTÁDIO DE FUTEBOL. 
Art. 23. A entidade responsável pela organização da competição apresentará ao Ministério Público 
dos Estados e do Distrito Federal, previamente à sua realização, os laudos técnicos expedidos pelos órgãos 
e autoridades competentes pela vistoria das condições de segurança dos estádios a serem utilizados na 
competição. 
§ 1o Os laudos atestarão a real capacidade de público dos estádios, bem como suas condições de 
segurança. 
§ 2o Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis meses, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, 
a entidade de prática desportiva detentora do mando do jogo em que: 
I - tenha sido colocado à venda número de ingressos maior do que a capacidade de público do 
estádio; ou 
II - tenham entrado pessoas em número maior do que a capacidade de público do estádio. 
III - tenham sido disponibilizados portões de acesso ao estádio em número inferior ao recomendado 
pela autoridade pública. 
 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 15 
 
. Do transporte do torcedor: 
 . Torcedor que se utiliza de empresa particular: relação de consumo entre ele a 
empresa, e esta responde por qualquer tipo de problema que ocorra durante o trajeto. 
 . Torcedor que se utiliza de transporte público, inclusive viações que sejam 
concessionárias de serviço público, o Estado também responderá pelos danos causados. 
 . Os organizadores do evento só respondem por danos durante o trajeto, caso 
incluíssem o transporte na venda do próprio ingresso. Fora isso, não respondem. 
. Do árbitro: 
 . O estatuto determina que seja realizado sorteio para a escolha do árbitro com 
antecedência mínima de 48 horas. – NA PRÁTICA: é um circo semanalmente armado pelas 
entidades responsáveis pela escala dos árbitros. 
. Da relação do torcedor com a justiça desportiva: 
 . Decisões proferidas pela justiça desportiva devem ser motivadas e tenham 
publicidade. 
. Penalidades: 
Art. 37. Sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade de administração do desporto, a liga ou a 
entidade de prática desportiva que violar ou de qualquer forma concorrer para a violação do disposto 
nesta Lei, observado o devido processo legal, incidirá nas seguintes sanções: 
I - destituição de seus dirigentes, na hipótese de violação das regras de que tratam os Capítulos II, IV e V 
desta Lei; 
II - suspensão por seis meses dos seus dirigentes, por violação dos dispositivos desta Lei não referidos no 
inciso I; 
III - impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal em âmbito federal; e 
IV - suspensão por seis meses dos repasses de recursos públicos federais da administração direta e 
indireta, sem prejuízo do disposto no art. 18 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998. 
§ 1o Os dirigentes de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo serão sempre: 
I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe faça as vezes; e 
II - o dirigente que praticou a infração, ainda que por omissão. 
§ 2o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir, no âmbito de suas 
competências, multas em razão do descumprimento do disposto nesta Lei, observado o valor mínimo de 
R$ 100,00 (cem reais) e o valor máximo de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). (Redação dada pela 
Lei nº 13.155, de 2015) 
§ 3o A instauração do processo apuratório acarretará adoção cautelar do afastamento compulsório dos 
dirigentes e demais pessoas que, de forma direta ou indiretamente, puderem interferir prejudicialmente 
na completa elucidação dos fatos, além da suspensão dos repasses de verbas públicas, até a decisão final. 
 
Art. 39-A. A torcida organizada que, em evento esportivo, promover tumulto; praticar ou incitar a 
violência; ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou 
jornalistas será impedida, assim como seus associados ou membros, de comparecer a eventosesportivos 
pelo prazo de até 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). 
Art. 39-B. A torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva e solidária, pelos danos causados 
por qualquer dos seus associados ou membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no 
trajeto de ida e volta para o evento. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). 
 
 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 16 
 
DIREITO DESPORTIVO TRABALHISTA 
1) Considerações gerais: 
. As relações de emprego do atleta profissional evoluíram muito nos últimos anos, pois até 
a década de 70 não havia nada ainda acerca do contrato de emprego desportivo. 
. A partir da década de 70 passamos a ter uma regulamentação específica, pela Lei 
6354/76, uma lei não mais vigente, que tratava especificamente do atleta de futebol (já 
que as outras modalidades de esportes eram renegadas). 
. Hoje temos a Lei Pelé com alterações posteriores (principalmente a alteração trazida 
pela Lei 12395/2011, que revogou a Lei 6354/76), que traz regras trabalhistas que não 
se aplicam tão somente ao atleta de futebol, mas a todo atleta profissional, inclusive com 
distinções entre o esporte coletivo (como futebol) e atletas de esportes individuais. 
. A chegada do esporte profissional no Brasil se deu na década de 30. 
. Recomendação de leitura: O NEGRO DO FUTEBOL BRASILEIRO de Mário Filho. 
 . Amadorismo do futebol perpetuou-se muito por conta do racismo. 
. Havia por parte dos clubes de elite um receio com o profissionalismo, já que isso iria 
trazer pobres e negros para o esporte. MAS, isso se tornou inevitável, de modo que 
começamos a ter o profissionalismo disfarçado (operários contratados pela indústria, que 
na prática não trabalhavam na empresa em si, somente jogavam no time). 
 . Começou também a se pagar BICHOS, que eram gratificações quando os times iam 
bem etc. – Alusão ao jogo do bicho. 
 . Argentina e Uruguai com esporte profissional já em prática. 
. A partir, principalmente, dos anos 50, alguns jogadores mais esclarecidos começaram a 
buscar a justiça do trabalho pedindo indenizações. 
 . Exemplo: jogador Afonsinho do botafogo. – Virou um líder sindical naquela época. 
. Como não existia uma lei que tratasse especificamente da profissão do jogador de 
futebol/do atleta, começou-se a aplicar a CLT. MAS, o atleta tem suas peculiaridades que 
eram, pois, incompatíveis com este regramento da CLT. 
 . Exemplo: de acordo com a CLT todo trabalhador tem direito ao DSR, 
preferencialmente aos domingos, mas os atletas trabalhavam aos domingos. Então como 
ficaria? Complicado. 
. O empegado é remunerado por estar à disposição do empregador, segundo a CLT (e não 
propriamente pelo trabalho remunerado que ele realiza). 
. Até os anos 60, o futebol do Brasil era muito amador, atletas mal remunerados e 
maltratados. 
. Jogadores de futebol milionários é coisa da década de 90 para cá. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 17 
 
 . O próprio Pelé teve seu patrimônio construído muito mais quando parou de jogar, 
e ainda assim foi um patrimônio pequeno, de 15 milhões de dólares. 
. A Lei 6354, já observando essa mudança, regulamentou o trabalho do atleta profissional 
de futebol especificamente, que beneficiou principalmente os clubes (exemplo: o atleta 
não tem horário noturno se jogar após as 22h00min etc.). – TROUXE PECULIARIDADES. 
. Leis especiais relativas à diversas profissões – PASSAMOS A TER A LEI 6354/76, QUE 
VIGOROU JUNTO COM A LEI PELÉ ATÉ 2011; EM 2011 ELA FOI REVOGADA, E NOVOS 
ARTIGOS FORAM INCLUÍDOS NA LEI PELÉ. 
2) A relação de emprego do atleta de futebol: 
. A relação tem dois sujeitos na relação: 
 . O atleta profissional (e não mais somente o atleta de futebol, já que a Lei Pelé é 
aplicável a todo e qualquer atleta profissional, não apenas ao atleta de futebol) que tem 
obrigação de estar à disposição do clube para treinar, participar das competições, manter 
o preparo físico etc. 
 . A entidade de prática desportiva, que é aquela que participa das competições, 
monta as equipes ou também coordena atividade individual esportiva. – É A 
OBRIGADORA, QUE TEM A OBRIGAÇÃO DE REMUNERAR O ATLETA PELO SERVIÇO 
PRESTADO. 
. No contrato de emprego de forma geral, teremos algumas características: princípio da 
primazia da realidade; informalidade do contrato etc. – De forma geral, o trabalhador deve 
ter sua CTPS assinada, contrato de emprego firmado, cadastro no E-social. MAS, o 
princípio da primazia da realidade, isto é, a realidade vivenciada no ambiente de trabalho 
vale mais do que a formalidade do contrato. 
 . Só que em relação ao atleta profissional, a Lei Pelé em seu art. 5° estabelece que 
uma das características do contrato de emprego deste é o fato do contrato ser formal, 
registrado na entidade de administração do desporto (exemplo: jogador de futebol 
registrado na CBF; jogador de basquete, registrado na confederação brasileira de 
basquete etc.), deve ter prazo determinado (5 anos no máximo, mas podendo ser 
renovado). 
. No contrato de trabalho geral o prazo determinado é exceção, diferente 
daqui que é a regra. 
. Uma das obrigações do atleta é trenar/estar em forma para estar apto a jogar. – Se o 
sujeito está com contrato de emprego vencido, não poderá entrar em campo, já que o 
contrato não estará em vigor e tampouco registrado na entidade do desporto. Mas, 
supondo que ele continua treinando, cumprindo horário, vai todos os dias, mantendo de 
certa forma a obrigação de cuidar do corpo/saúde, mantendo outras questões de vida 
privada ligadas a patrocinadores etc. – ESSE ATLETA PODERIA ALEGAR PELO 
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE O VÍNCULO EMPREGATÍCIO E QUE FARIA 
JUS AOS DIREITOS TRABALHISTAS DAQUELE PERÍODO? Jaime entende que não teria 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 18 
 
esse direito em virtude da formalidade do contrato, e do fato de que na prática ele estará 
impedido de cumprir a principal obrigação que é a de JOGAR. 
 . Antigamente era mais difícil se pensar nisso, já que existia o PASSE. – O atleta se 
vinculava ao clube para disputar uma competição, sendo um vínculo federativo, criando 
ali um vínculo empregatício. 
. HOJE, o atleta está federado ao clube para disputar competições, tem 
contrato de emprego se for atleta profissional, e ele tem contrato por prazo 
determinado. Quando acaba o contrato, o atleta está livre para ir trabalhar 
onde quiser. 
. Com o PASSE, quando acabava o contrato de emprego, o jogador não podia 
ir para outro clube, porque o vínculo federativo continuava preso ao clube 
que ele estava jogando. Ele tinha duas alternativas diante disso: (i) fazer 
contrato com o mesmo clube; (ii) e caso não quisesse, tinha duas saídas, 
sendo a primeira fazer com que o clube o transferisse para o outro (e o clube 
sempre queria uma compensação para vender o PASSE); OU caso o clube 
não chegasse ao acordo com o atleta e tampouco renovasse o contrato, o 
atleta ficava proibido de jogar. 
. Lei Pelé acabo com a Lei do Passe. 
. Os institutos que substituíram a Lei Pelé hoje são: 
. Vínculo empregatício do atleta no clube. – O contrato tem prazo determinado, e ao findar 
ele está livre para ir onde quiser. 
 . OBS: a questão é que ainda existe um vício da imprensa em dizer coisas do tipo: 
“o clube comprou passe do atleta X”, “atleta X foi comprado pelo clube Y”. – NA VERDADE, 
HOJE O QUE EXISTE É O DIREITO FEDERATIVO, que antigamente com o passe era 
dissociado do vínculo empregatício e hoje não mais. – O direito federativo é o direito que 
a entidade de prática desportiva tem de usar o atleta nas competições, “o atleta está 
federado ao clube tal”. – O que se negocia hoje é o seguinte: “quando eu presidente do 
clube contrato o atleta X como jogador, se faz um contrato de 5 anos.Daqueles 5 anos 
contratuais, está lá dizendo que não se tem os direitos federativos nesse período, mas se 
tem o vínculo empregatício. Se o atleta quiser sair do clube para jogar em outro após 
ganhar uma proposta melhor, o clube deverá ser indenizado. De igual forma, se o clube 
quiser mandar o atleta embora, deverá indenizá-lo. 
 . Então o vínculo empregatício hoje acaba: quando findo o prazo do contrato (e 
após findar, caso outro clube queira compra-lo, não pagará nada, bastará formular 
contrato); OU caso o jogador queira sair do clube, deverá pagar a indenização ao clube 
(que não pode ser chamada de PASSE, mas sim de indenização prevista em contrato = 
ISSO É CHAMADO DE CLÁUSULA INDENIZATÓRIA). 
 . Qualquer clube ou o próprio atleta pode pagar a cláusula indenizatória (cláusula 
de compensação em virtude do rompimento de vínculo empregatício) e está liberado do 
vínculo. 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 19 
 
 . Existe também a cláusula compensatória, que é praticamente a mesma coisa, só 
que do lado contrário. Isto é, se o clube quer mandar embora o atleta (por falta de 
rendimento, por exemplo), deverá pagar essa compensação. 
. OBS: a Lei Pelé regula a cláusula compensatória no seu artigo 28, §3°: 
§ 3º O valor da cláusula compensatória desportiva a que se refere o inciso II do caput deste artigo será 
livremente pactuado entre as partes e formalizado no contrato especial de trabalho desportivo, 
observando-se, como limite máximo, 400 (quatrocentas) vezes o valor do salário mensal no 
momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria direito o 
atleta até o término do referido contrato. 
 
 . Ficou muito oneroso para um clube hoje mandar o atleta ir embora. – Às vezes o 
clube faz acordo direto com o atleta. – MAS, a questão é: a lei é uma lei federal, e é uma lei 
trabalhista. O direito do trabalho é direito protetivo, então imaginemos que o atleta 
resolva, para ir para outro clube, abrir mão da cláusula compensatória, reduzindo o valor 
que deveria ser pago pelo clube que quer manda-lo embora ou até mesmo não pedindo 
valor algum. Assim, segundo o princípio da irrenunciabilidade do direito do trabalho: esse 
atleta depois poderia buscar a justiça do trabalho para reivindicar o valor? - O direito do 
trabalho há tempos atrás tinha um viés muito protetivo do trabalhador, de modo que o 
princípio da irrenunciabilidade era sagrado. Só que hoje, principalmente depois da 
Reforma Trabalhista, esse princípio não é tão mais sagrado, sobretudo quando falamos de 
um jogador de grande clube, que poderia ser visto como hipersuficiente. 
 . Se o jogador não quer fazer as rescisões, mas comparece aos treinos? Estaria 
cumprindo a obrigação dele. 
. A Lei Pelé diz que se o salário do atleta for atrasado dois meses, ele já tem o direito de 
não entrar em campo. – MAS, isso não acontece, pois eles têm medo de ficarem queimados 
no mercado e não serem mais convocados por outros clubes. 
. Regime de concentração: 
. Na teoria, esse tempo deve ser utilizado para que jogadores descansem e se 
alimentem bem antes dos jogos. 
 . Não integra mais a jornada de trabalho desde 1976. 
 . Esse regime não permite fazer jus a hora extra. 
 . O clube pode três dias consecutivo a cada semana manter os atletas em 
concentração, DESDE QUE TENHA PARTIDA AMISTOSA OU OFICIAL. 
. Rescisão indireta do contrato – Art. 28, §5°, Lei Pelé: 
Art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em 
contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva, 
no qual deverá constar, obrigatoriamente: 
§ 5º O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática desportiva contratante 
constitui-se com o registro do contrato especial de trabalho desportivo na entidade de 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 20 
 
administração do desporto, tendo natureza acessória ao respectivo vínculo 
empregatício, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais: - SITUAÇÕES EM QUE O 
VÍNCULO PODE SER ENCERRADO 
I - com o término da vigência do contrato ou o seu distrato; - ACABANDO O PRAZO DO 
CONTRATO SE DISSOLVE TANTO O VÍNCULO EMPREGATÍCIO QUANTO O VÍNCULO 
DESPORTIVO, JÁ QUE NÃO EXISTE MAIS O PASSE. 
II - com o pagamento da cláusula indenizatória desportiva ou da cláusula compensatória 
desportiva; - CLÁUSULA INDENIZATÓRIA A FAVOR DO CLUBE; CLÁUSULA 
COMPENSÁTORIA A FAVOR DO ATLETA, E EM SENDO ESTAS PAGAS O VÍNCULO 
TAMBÉM SE EXTINGUE. 
III - com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de responsabilidade da 
entidade de prática desportiva empregadora, nos termos desta Lei; 
IV - com a rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na legislação trabalhista; e 
V - com a dispensa imotivada do atleta. 
 
 . Quando registra o contrato está lá caracterizado não apenas o vínculo 
empregatício, mas o vínculo desportivo de que o atleta vai ter condições de jogo. 
 
§ 7º A entidade de prática desportiva poderá suspender o contrato especial de trabalho 
desportivo do atleta profissional, ficando dispensada do pagamento da remuneração 
nesse período, quando o atleta for impedido de atuar, por prazo ininterrupto superior a 
90 (noventa) dias, em decorrência de ato ou evento de sua exclusiva responsabilidade, 
desvinculado da atividade profissional, conforme previsto no referido contrato. 
. Essa regra do §7° diz que o clube pode suspender o contrato do atleta, sem fazer rescisão 
e sem caracterizar justa causa. Ou seja, até 90 dias sem pagar o salário do atleta, desde 
que isto esteja previsto no contrato e tenha sido motivado por um ato praticado pelo atleta 
da sua exclusiva responsabilidade (que não deveria ser praticado). 
 . O atleta no dia que está de folga resolveu praticar um esporte radical e quebrou a 
perna. A culpa é do atleta. DEVEMOS LEMBRAR QUE NOS DEVERES DO ATLETA ESTÁ A 
DE CUIDAR DA SAÚDE E DO CORPO, NÃO SE EXPONDO A VÍCIOS DESNECESSÁRIOS (art. 
34 e 35 da Lei Pelé). – Poderá ter o contrato suspenso, sem remuneração, desde que no 
contrato tenha essa previsão. – MAS O PRAZO QUEM VAI DIZER É O CONTRATO. 
. Art. 29, Lei Pelé: 
Art. 29. A entidade de prática desportiva formadora do atleta terá o direito de assinar com ele, a 
partir de 16 (dezesseis) anos de idade, o primeiro contrato especial de trabalho desportivo, cujo 
prazo não poderá ser superior a 5 (cinco) anos. 
 . Depois de 05 anos é possível fazer novos contratos. 
. Quando o clube terá o direito de ser considerado clube formador de atleta para 
contratá-lo em um primeiro contrato? Resposta no art. 29, §2°. 
§ 2º É considerada formadora de atleta a entidade de prática desportiva que: 
I - forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e complementação 
educacional; e 
II - satisfaça cumulativamente os seguintes requisitos: 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 21 
 
a) estar o atleta em formação inscrito por ela na respectiva entidade regional de administração 
do desporto há, pelo menos, 1 (um) ano; 
b) comprovar que, efetivamente, o atleta em formação está inscrito em competições oficiais; 
c) garantir assistência educacional, psicológica, médica e odontológica, assim como alimentação, 
transporte e convivência familiar; 
d) manter alojamento e instalações desportivas adequados, sobretudo em matéria de 
alimentação, higiene, segurança e salubridade; 
e) manter corpo de profissionais especializados em formação tecnicodesportiva; 
f) ajustar o tempo destinado à efetiva atividade de formação do atleta, não superior a 4 (quatro) 
horas por dia, aos horários do currículo escolar ou de curso profissionalizante, além de 
propiciar-lhe a matrícula escolar, com exigência de frequência e satisfatório aproveitamento; 
g) ser a formação do atleta gratuitae a expensas da entidade de prática desportiva; 
h) comprovar que participa anualmente de competições organizadas por entidade de 
administração do desporto em, pelo menos, 2 (duas) categorias da respectiva modalidade 
desportiva; e 
i) garantir que o período de seleção não coincida com os horários escolares. 
 
. Na prática, com atleta de 14 anos, o clube já pode pagar uma bolsa aprendizagem, e já 
manter de certa forma um vínculo com esse atleta, que cumulado com as obrigações acima 
vai permitir a este clube que ele tenha o direito de fazer o primeiro contrato ou ser 
indenizado caso o atleta queira ir para outro clube. 
 . Se o atleta não quiser ser mais jogador, aí seria outra discussão. – CLÁUSULA 
INDENIZATÓRIA AQUI NÃO FARIA SENTIDO. 
. MAS, o atleta menor de 14 anos não está preso ao clube de forma alguma, mesmo que o 
clube tenha o alimentado, colocado em alojamento etc., o menino poderá sair 
tranquilamente até antes dos 14 anos. 
. §5º fala sobre a possibilidade de indenização a ser recebida pelo clube entidade 
formadora, no caso do atleta que quer ir para outro clube voluntariamente: 
§ 5º A entidade de prática desportiva formadora fará jus a valor indenizatório se 
ficar impossibilitada de assinar o primeiro contrato especial de trabalho 
desportivo por oposição do atleta, ou quando ele se vincular, sob qualquer forma, 
a outra entidade de prática desportiva, sem autorização expressa da entidade de 
prática desportiva formadora, atendidas as seguintes condições: 
I - o atleta deverá estar regularmente registrado e não pode ter sido desligado da 
entidade de prática desportiva formadora; - O VÍNCULO TEM QUE ESTÁ 
REGISTRADO/ATIVO. 
II - a indenização será limitada ao montante correspondente a 200 (duzentas) vezes os 
gastos comprovadamente efetuados com a formação do atleta, especificados no contrato 
de que trata o § 4º deste artigo; 
III - o pagamento do valor indenizatório somente poderá ser efetuado por outra 
entidade de prática desportiva e deverá ser efetivado diretamente à entidade de prática 
desportiva formadora no prazo máximo de 15 (quinze) dias, contados da data da 
vinculação do atleta à nova entidade de prática desportiva, para efeito de permitir novo 
registro em entidade de administração do desporto. – O NOVO CLUBE PAGARÁ O VALOR 
NO PRAZO DE 15 DIAS. 
 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
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3) Deveres e direitos do clube e dos atletas profissionais: 
A) Deveres do empregador na relação de emprego: 
Art. 34. São deveres da entidade de prática desportiva empregadora, em 
especial: 
I - registrar o contrato especial de trabalho desportivo do atleta profissional na 
entidade de administração da respectiva modalidade desportiva; – ESSA É A CONDIÇÃO, 
INCLUSIVE, PARA O ATLETA ATUAR. É CLARO QUE O VÍNCULO EMPREGATÍCIO NÃO 
SERÁ DESFEITO SE ESSE REGISTRO NÃO FOR FEITO, MAS ISSO PODE ENSEJAR, 
INCLUSIVE, UM PEDIDO DE RESCISÃO INDIRETA PELO ATLETA (ONDE ELE VAI 
BUSCAR SEUS DIREITOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO). 
II - proporcionar aos atletas profissionais as condições necessárias à participação 
nas competições desportivas, treinos e outras atividades preparatórias ou 
instrumentais; - TUDO QUE ENVOLVE A PREPARAÇÃO DO ATLETA (ALIMENTAÇÃO, 
ALOJAMENTO ETC. É OBRIGAÇÃO DO CLUBE, E SE ELE NÃO FORNECE ELE ESTÁ EM 
DÍVIDA COM ESSA CONDIÇÃO LEGAL). 
II - submeter os atletas profissionais aos exames médicos e clínicos necessários à prática 
desportiva. – ANTIGAMENTE NÃO HAVIA ESSA CULTURA DO CLUBE EXIGIR DO 
FUNCIONÁRIO-ATLETA QUE ELE REALIZASSE EXAMES PERIÓDICOS, E AÍ TIVEMOS 
UMA TRAGÉDIA NO FUTEBOL BRASILEIRO EM 2003, A MORTE DO ZAGUEIRO 
SERGINHO DO SÃO CAETANO, QUE TEVE UM ATAQUE CARDÍACO E MORREU EM 
CAMPO. – SURGIU A NECESSIDADE DE O CLUBE FAZER EXAMES PERIÓDICOS. 
. O não cumprimento de tudo isso pode ensejar consequências cíveis e até penais. 
B) Deveres do atleta: 
Art. 35. São deveres do atleta profissional, em especial: 
I - participar dos jogos, treinos, estágios e outras sessões preparatórias de 
competições com a aplicação e dedicação correspondentes às suas condições psicofísicas 
e técnicas; 
II - preservar as condições físicas que lhes permitam participar das competições 
desportivas, submetendo-se aos exames médicos e tratamentos clínicos necessários à 
prática desportiva; 
III - exercitar a atividade desportiva profissional de acordo com as regras da 
respectiva modalidade desportiva e as normas que regem a disciplina e a ética 
desportivas. 
 
. Atleta é um profissional como qualquer outro, com direito a férias remuneradas, DSR etc. 
MAS, ele tem peculiaridades, de modo que precisa manter a saúde de seu corpo. – Ainda 
que ele esteja metendo “o pé na jaca” nas férias, quando ele voltar a atuar terá que estar 
com o corpo em forma. 
 . Pode ser despedido com justa causa, inclusive. 
 . Exemplo: no descanso semanal remunerado o clube pode colocar restrições para 
as condutas do jogador? – TEM ALGUNS CONTRATOS QUE JÁ PREVEEM ISSO, COM 
RESTRIÇÕES, POR EXEMPLO, DO ATLETA NÃO FAZER ESPORTES RADICAIS NOS FINAIS 
DE SEMANA ETC. – MAS, É UMA DISCUSSÃO MUITO PROFUNDA, QUE CAUSA 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 23 
 
INQUIETAÇÕES SOBRE O CONTRATO PODER OU NÃO LIMITAR DIREITOS COMO A LIVRE 
EXPRESSÃO DO ATLETA. 
. De certa forma, a tendência é flexibilizar os direitos dos atletas maiores, tidos como 
hiperssuficientes. 
. Hoje o atleta profissional pode ser remunerado fora do contrato de emprego, em um 
contrato de imagem (que tem natureza cível). 
. Outros deveres podem ser aferidos de forma implícita, ou no próprio contrato de 
empego. 
4) Remuneração do atleta: 
. O atleta é um trabalhador, que terá um contrato de emprego POR PRAZO DETERMINADO, 
com PRAZO MÍNIMO DE 3 MESES E MÁXIMO DE 5 ANOS. 
 . Isso não significa que o atleta não possa estar fazendo novos contratos com o 
mesmo time após a finalização de cada um deles. 
A) Bicho: 
. O BICHO (hoje se usa mais a expressão “PRÊMIO), surgiu antes mesmo do 
profissionalismo, e nada mais é do que UMA GRATIFICAÇÃO PAGA PELO EMPREGADOR, 
pago em frequência, acaba integrando a remuneração do atleta para fins de 13° salário; 
férias etc. 
. Quando esse bicho é pago por terceiros vai integrar ou não a remuneração para fins de 
13º salário, férias etc.? 
 . No caso de um atleta que recebe um BICHO, onde um torcedor milionário resolve 
pagar um prêmio para o atleta como um presente, isso não vai integrar a remuneração do 
atleta, porque não é algo habitual. 
B) O direito de arena: 
. Previsto no art. 42 da Lei Pelé: 
Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente 
na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a 
emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio 
ou processo, de espetáculo desportivo de que participem. 
§ 1º Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% (cinco por cento) da 
receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais serão repassados 
aos sindicatos de atletas profissionais, e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas 
profissionais participantes do espetáculo, como parcela de natureza civil. – O CLUBE 
PASSA PARA O SINDICATO E É O SINDICATO QUE REPASSA PARA OS JOGADORES 
(PARA O PROFESSOR NÃO HÁ JUSTIFICATIVA PARA TEREM INCLUÍDO ESSE SINDICATO 
COMO INTERMEDIADOR NESSA RELAÇÃO). – OUTRA DISCUSSÃO AQUI É “PARTES 
IGUAIS”. HOJE TEM SE ENTENDIDO QUE SERÁ UMA PROPORCIONALIDADE COM BASE 
NO NÚMERO DE PARTIDAS QUE O ATLETA JOGOU. 
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica à exibição de flagrantes de espetáculo ou 
evento desportivo para fins exclusivamente jornalísticos, desportivos ou educativos ou 
para a captação de apostas legalmente autorizadas, respeitadas as seguintes condições: 
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I - a captação das imagens para a exibição de flagrante de espetáculo ou evento 
desportivo dar-se-á em locais reservados, nos estádios e ginásios, para não detentores 
de direitos ou, caso não disponíveis, mediante o fornecimento das imagens pelo detentor 
de direitos locais para a respectiva mídia; 
II - a duração de todas as imagens do flagrante do espetáculo ou evento desportivo 
exibidas não poderá exceder 3% (três por cento) do total do tempo de espetáculo ou 
evento; 
III - é proibida a associação das imagens exibidas com base neste artigo a qualquer 
forma de patrocínio, propaganda ou promoção comercial. 
§ 3o O espectador pagante, por qualquer meio, de espetáculo ou evento desportivo 
equipara-se, para todos os efeitos legais, ao consumidor, nos termos do art. 2º da Lei nº 
8.078, de 11 de setembro de 1990. 
 
. O direito de arena é o direito do clube de vender o espetáculo, os direitos de TV para uma 
emissora. 
 . O clube mandante é quem tem esse direito de fazer essa negociação. 
. O direito de arena existe como uma compensação. 
. Tem natureza cível, não integra remuneração, e não repercute nas demais parcelas. 
C) Contrato de imagem: 
. Existe por lei a possibilidade de o atleta firmar com o clube um contrato de natureza cível 
de exploração de sua imagem. 
 . É na verdade um contrato com a Pessoa Jurídica que representa o atleta. – Uma 
espécie de pejotização da relação havida. 
. O clube remunera o atleta não por seu desempenho esportivo, mas sim teoricamente em 
virtude da imagem que pode explorar do atleta. 
. É um contrato a parte, de modo que não integra a remuneração do atleta. 
. O problema é que isso começou a causar um problema: 
 . O atleta firma um contrato de emprego no valor X, e por outro lado um contrato 
de imagem de 5x. 
 . Os clubes começavam a pagar o salário do atleta em dia, mas atrasavam o salário 
do contrato de imagem. – Isso porque, não pagar o salário do atleta por 2 meses seguidos, 
pode gerar consequências como a rescisão indireta do atleta. 
 . Essa discussão chegou na justiça do trabalho. – Atletas reivindicando a 
desconsideração desse contrato de imagem como parcela cível, enquadrando como 
parcela salarial. – Muitos atletas conseguiram isso. 
 . De fato, para jogadores como Neymar e Messi, esses contratos com contrato de 
imagem com valores altos são reais. MAS, em muitos outros casos, existe na verdade uma 
manipulação do contrato cível de imagem, para que o valor não repercuta em parcelas da 
remuneração. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm
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 . Essa desproporção dos contratos é possível desde que justificável, em outras 
palavras, que a imagem do atleta de fato vale mais do que o próprio esporte que ele 
pratica. 
 
D) Art. 41, Lei Pelé: 
Art. 41. A participação de atletas profissionais em seleções será estabelecida na 
forma como acordarem a entidade de administração convocante e a entidade de prática 
desportiva cedente. 
§ 1o A entidade convocadora indenizará a cedente dos encargos previstos no 
contrato de trabalho, pelo período em que durar a convocação do atleta, sem prejuízo de 
eventuais ajustes celebrados entre este e a entidade convocadora. 
§ 2o O período de convocação estender-se-á até a reintegração do atleta à entidade 
que o cedeu, apto a exercer sua atividade. 
 
. A princípio, a CBF no caso assume as obrigações trabalhistas durante o período de 
convocação. MAS, isso pode ser acordado pelo clube. 
 
O CLUBE-EMPRESA 
1) Introdução: 
. A SAF é uma sociedade anônima do futebol, não vale para os demais esportes, somente o 
futebol. 
. A ideia de vínculo afetivo ao clube, fez com que se tivesse muita resistência com o clube-
empresa no Brasil (já que aqui o foco é o lucro, é ter um dono etc.). 
. Essa ideia do clube-empresarial como uma sociedade limitada ou anônima passou a ser 
cogitada com a Lei Zico, sendo a primeira a permitir isso. 
. A Lei Pelé inicialmente obrigou essa transformação para clube-empresa, mas depois isso 
foi revogado. 
. A grande maioria dos clubes não se tornaram clube-empresa. 
. A tradição associativa permanece em sua grande parte nos dias de hoje: 
 . Clube como associação civil sem fins lucrativos. 
. Um dos grandes problemas de uma entidade que se torna empresa é a resposta do 
público. 
. O objetivo da LEI DA SAF foi de permitir ao clube de futebol ter uma melhor 
organização/melhor governança, a partir de uma gestão profissional, com balanços 
comerciais visando o lucro, uma administração menos apaixonada e com mais 
responsabilidades fiscais principalmente. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 26 
 
 . Criou um novo tipo societário, um novo tipo de sociedade anônima. 
A) Principais características da SAF: 
. Lei 14.193/2021. 
. O clube original mantém sua estrutura associativa se tiver, suas características próprias 
profissionais, mais o departamento de futebol pode ser destacado para formar essa 
sociedade (que deterá todos direitos de propriedade intelectual relacionado o futebol 
daquele clube). 
 . Clube originário deixa de ter a gestão de ativos. 
 . Claro que é possível criar uma SAF diretamente de um time novo, sem precisar 
dessa mudança de clube originário etc. 
. Delimita se o objeto social é apenas ligado ao futebol. 
. Clube originário pode manter sua personalidade jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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JUSTIÇA DESPORTIVA 
1) Previsões: 
. A justiça desportiva não compõe o Poder Judiciário brasileiro. É uma justiça 
ADMINISTRATIVA. 
. Tem previsão constitucional no art. 217 da CF/88. 
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas 
após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. 
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do 
processo, para proferir decisão final. 
. Infrações disciplinares de atletas, questões de escalação irregular de atleta, 
descumprimento de regulamento etc. 
. Exemplo: caso de racismo no esporte. – Pode gerar sanções esportivas, as quais serão 
discutidas na justiça desportiva; como também sanções cíveis e criminais, as quais serão 
da competência da justiça comum (independente da justiça comum). 
. Lei Pelé (art. 50 e seguintes) estabelece a organização da justiça desportiva com uma 
questão muito importante: cada modalidade esportiva tem sua estrutura de justiça 
desportiva independente. 
 . NÃO EXISTE APENAS UMA JUSTIÇA DESPORTIVA. 
. Como é estruturada a justiça desportiva? O federalismo influencia na estruturação do 
nosso esporte também. 
 . Temos federações estaduais esportivas e confederações nacionais. – Exemplo: 
federação baiana de futebol e a confederação brasileira de futebol etc. – TAMBÉM 
EXISTEM LIGAS INDEPENDENTES. 
. Teremos o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) - Jurisdição nacional 
vinculada a entidade nacional do desporto (exemplo: futebol tem o STJD dele que hoje é 
sediado no Rio de Janeiro, que é a capital do futebol brasileiro). 
. Cada federação estadual tem o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva). 
. Tanto no âmbito dos TJD quanto no âmbito dos STJD, tem—se as CD (Comissões 
disciplinares): é a primeira instância para infrações disciplinares (que é a grande maioria 
das infrações). 
 
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. Exemplo: em regra, quando é uma competição a nível estadual – inicia na 
comissão disciplinar. - Da CD cabe recurso para o tribunal pleno do TJD (como se fossem 
desembargadores). - Da decisãodo pleno do TJD, cabe recurso para o pleno do STJD. 
. Exemplo: campeonato brasileiro de futebol, uma infração disciplinar cometida 
durante uma partida será julgada primariamente pela comissão disciplinar do STJD (1° 
grau). – Cabe recurso ao pleno do STJD. 
. Essas comissões disciplinares funcionam: (i) quando se tratar de competição 
estadual, TJD pode ter uma ou mais comissões disciplinares; e cabe recurso para o pleno 
do TJD; e o terceiro grau/instância seria o pleno do STJD; (ii) já quando se tratar de 
competição federal, o processo começa na comissão disciplinar do STJD; e o recurso será 
para o pleno também do STJD. 
. CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) é quem prever essa estrutura da 
nossa justiça desportiva. 
. Como esses órgãos são compostos? 
. Auditores (antigamente chamados de juízes da justiça desportiva) devem ser 
bacharéis em direito com notório saber jurídico desportivo. - A composição dos órgãos é 
política. 
. A partir da formação dos tribunais plenos se formam as comissões disciplinares. 
. São 9 membros, tanto no pleno do TJD como do STJD. – Cada um com mandato de 
4 anos por cargo, podendo ser renovado por mais 4. – É UMA COMPOSIÇÃO POLÍTICA 
ESTABELECIDA DA SEGUINTE FORMA: A ENTIDADE DE ORGANIZAÇÃO DO DESPORTO 
INDICA 2 NOMES/2 JURISTAS (BACHAREIS EM DIREITO) por livre escolha. – Além dos 2 
nomes indicados pelas entidades do desporto, os clubes esportivos indicam mais 2 nomes. 
 . A OAB indica mais 2 nomes. 
 . O sindicato dos ______________indica mais 1 nome. 
. Os outros 2 nomes são representantes dos atletas (sindicato ou 
associação dos atletas). 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 29 
 
. Depois que esses 9 auditores são escolhidos, empossados, eleito o presidente do 
Tribunal, vice-presidente etc., em uma sessão administrativa eles resolverão quantas 
comissões disciplinares serão formadas e por quem serão compostas. – CADA COMISSÃO 
DISCIPLINAR TEM 5 AUDITORES. 
. A quantidade de comissões disciplinares vai variar de acordo com 
demanda, regimento interno etc. 
 . A Lei Pelé (lei federal) dispõe que a atividade realizada pelos auditores, 
procuradores da justiça desportiva são de RELEVANTE interesse público, de modo que se 
o sujeito for servidor público, ele terá contabilizado a hora dedicada ao TJD como hora de 
trabalho. 
 . Os membros dos tribunais desportivos têm acesso livre às praças desportivas 
onde a modalidade está sendo exercida, no âmbito de sua jurisdição. – Exemplo: Jaime 
pode assistir/entrar em qualquer estádio da Bahia, e em qualquer competição da 
federação baiana de futebol. 
 . Os tribunais desportivos, de acordo com a lei, são independentes das entidades. – 
Mas, as entidades têm obrigação de mantê-los financeiramente. 
 . Secretário da entidade é pago pela federação (é funcionário da federação; e pode 
ter mais de 1). 
 . Procuradoria: é o MP. – Atualmente é formado pelo presidente da entidade de 
administração do desporto, indica uma lista com 3 nomes de juristas e mandam para o 
tribunal pleno do TJD. – O tribunal pleno do TJD indica 1 daqueles 3 nomes p/ ser o 
procurador geral da justiça desportiva durante aqueles 4 anos. – Esse procurador geral 
tem a prerrogativa de indicar quantos procuradores ele acha conveniente (geralmente o 
regimento interno dispõe sobre o limite; mas, caso não disponha, não tem limite). – 
Também não recebem salário. 
 . Os defensores dativos e os advogados privados. – Até 2008, o Código Brasileiro de 
Justiça Desportiva dizia que qualquer pessoa maior de 18 anos poderia atuar como 
defensor (ou seja, não precisava ser bacharel em direito). Isso se dava a um desinteresse 
da OAB; poucas universidades de direito etc. – Então tínhamos o defensor dativo, indicado 
muitas vezes como um radialista, um curioso, um funcionário da própria federação etc. – 
HOJE, PORÉM, O CBJD OBRIGA QUE O DEFENSOR, SEJA ELE O CONTRATADO PELA PARTE 
OU SEJA DATIVO (INDICADO PELA FEDERAÇÃO), UM ADVOGADO. 
 . Tribunal pleno pode nomear quantos defensores dativo queira. 
. Em resumo, temos a Constituição Federal e a Lei Pelé tratando do tema, bem como o 
Código Brasileiro de Justiça Desportiva (ele é aplicável a todas modalidades desportivas 
e foi instaurado pelo MEC). 
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 . Antes do CBJD, tínhamos - dada a precariedade da organização desportiva 
brasileira - um Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, que trazia um artigo polêmico, 
pois falava que qualquer conflito envolvendo o atleta, seja trabalhista ou desportivo, iria 
para justiça desportiva. – HOJE, COM BASE NA LEI PELÉ, SABEMOS QUE NA JUSTIÇA 
DESPORTIVA SÓ RESOLVEMOS QUESTÕES DISCIPLINARES. QUESTÕES DO VÍNCULO 
TRABALHISTAS SÃO RESOLVIDOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. 
. Princípios que são importantes, inclusive na argumentação do âmbito processual: 
Art. 2º A interpretação e aplicação deste Código observará os seguintes 
princípios, sem prejuízo de outros: 
I - ampla defesa; 
II - Celeridade; - INCLUSIVE, VAMOS VER QUE AS VISTAS QUE O AUDITOR PODE 
TER NA HORA DO JULGAMENTO, EM REGRA, DEVEM SER VISTAS DURANTE A 
PRÓPRIA SESSÃO; E SÓ EM CASO EXCEPCIONALÍSSIMOS SE PEDE VISTA P/ 
SESSÃO SEGUINTE. 
III - contraditório; 
IV - Economia processual; 
V - Impessoalidade; os auditores são bacharéis em direito, com notório saber 
desportivo, escolhido de uma forma política (não tem concurso), e 
evidentemente devem zelar pela impessoalidade no âmbito do julgamento. Por 
outro lado, é um trabalho gratuito e voluntário, e quem irá fazer esse trabalho, 
em regram gosta da temática. - Não há nenhum impedimento formal para que 
um torcedor, sócio ou conselheiro do clube seja membro da justiça desportiva. 
MAS, não podem ser dirigentes. 
VI - Independência; pelo princípio da independência, a Justiça Desportiva deve 
atuar de maneira desvinculada de qualquer entidade de administração do 
desporto, garantindo a impessoalidade e a imparcialidade das decisões 
proferidas no âmbito desde direito e assegurando um tratamento isonômico às 
partes envolvidas (sem interferência de clubes e, até aquele momento, ao Poder 
Judiciário “comum”). Nestes termos, é formada por órgãos autônomos e 
independentes das entidades de administração do desporto (art. 3.º do CBJD), 
contudo, são custeados por meio delas (§ 4.º do art. 50 da Lei Pelé). 
VII - legalidade; 
VIII - moralidade; 
IX - motivação; 
X - oficialidade; 
XI - oralidade; 
XII - proporcionalidade; 
XIII - publicidade; 
XIV - razoabilidade; 
XV - devido processo legal; (AC). 
XVI - tipicidade desportiva; (AC). O princípio da tipicidade desportiva se 
assemelha ao da legalidade, determinando a observância das normas pertinentes 
ao desporto. Logo, nesse âmbito, é garantindo segurança jurídica à aplicação da 
 CADERNO DE DIREITO DESPORTIVO – PROF. JAIME BARREIROS – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 31 
 
legislação desportiva e do tipo infracional ao desporto, ou seja, será feita de 
forma específica ao desporto. 
XVII - prevalência, continuidade e estabilidade das competições (pro 
competitione); (AC). os julgadores devem privilegiar a continuidade das 
competições. O princípio “pro-competitione” (latim - em português "a favor da 
competição") estabelece que as competições devem ocorrer da maneira mais 
natural possível, prevalecendo o que foi feito na Praça Desportiva acima de tudo. 
Dessa maneira, deve ser evitado intervenções desnecessárias da Justiça 
Desportiva que possam alterar os resultados e as classificações de times ou 
clubes esportivos. Não é absoluto, pois como todos sabem, ocorreu em 2013 um 
verdadeiro confronto pós-campeonato para decidir qual time seria rebaixado 
entre Flamengo, Portuguesa ou Fluminense. Apesar do Flu ser o rebaixado 
levando em consideração às questões campais, entendeu o STJD pela punição à 
Lusa, que acabou disputando a Série

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