Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiologia 1 Consultoria em Recursos Humanos Angela Paula Zão Bastos 2ª e di çã o DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Angela Paula Zão Bastos Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Consultoria em Recursos Humanos Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Consultoria em Recursos Humanos 4 Consultoria em Recursos Humanos 5 Sumário Apresentação da disciplina ...................................................................................................... 7 Plano da Disciplina ..................................................................................................................... 9 Unidade 1 - Administração de Recursos Humanos.......................................................... 13 Unidade 2 - Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento ......................................... 37 Unidade 3 - Consultoria em Recursos Humanos .............................................................. 61 Unidade 4 - Tipos de Consultoria ......................................................................................... 81 Unidade 5 - Projeto de Consultoria ..................................................................................... 97 Unidade 6 - Gestão de Mudança ........................................................................................117 Considerações finais ..............................................................................................................133 Conhecendo o autor ..............................................................................................................134 Anexos.......................................................................................................................................139 Consultoria em Recursos Humanos 6 Consultoria em Recursos Humanos 7 Apresentação da disciplina Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo à disciplina Consultoria em Recursos Humanos. Ao longo da nossa leitura, vamos poder abordar as diversas fases dos Recursos Humanos, a Consultoria voltada para essa área, todo o processo preparatório e as tipologias associadas. Iniciaremos falando sobre a Revolução Industrial e consequentemente as colaborações de Taylor, Fayol e a Escola de Relações Humanas. Vamos fazer uma linha do tempo desde os primórdios que tinha uma administração voltada para a qualidade do trabalho executado e sua evolução com o foco nas necessidades humanas. Atualmente há uma valorização crescente do capital humano devido as organizações enxergarem nos profissionais que nela atuam o seu maior capital. Gerir pessoas é trabalhar com colaboradores que são ativos e empreendem ações que asseguram a competitividade e sustentabilidade as organizações. Pretendemos abordar na nossa disciplina uma consultoria voltada para a gestão com as pessoas. A Consultoria em Recursos Humanos vem expandindo suas ramificações e vamos poder entender ao longo da disciplina o que é uma consultoria, o papel do consultor e sua atuação na gestão de pessoas. Exploraremos tópicos relacionados aos tipos de consultoria e os projetos que nela se inserem. Ao final da nossa disciplina, você poderá contar com um panorama atual da Consultoria em Recursos Humanos explorando as organizações que aprendem através da gestão do seu conhecimento e o papel do consultor. Bons estudos! Consultoria em Recursos Humanos 8 Consultoria em Recursos Humanos 9 Plano da Disciplina O objetivo deste material é conseguir fazer uma síntese sobre os principais conceitos relacionados à Consultoria de Recursos Humanos. Inicialmente apresentaremos a evolução, natureza e posicionamento dos recursos humanos. Na unidade 2 abordaremos a gestão do conhecimento voltada para a retenção e absorção do capital intelectual presente dentro e fora das organizações. Na Unidade 3 e 4, vamos apresentar os conceitos fundamentais relacionados à consultoria, o papel do consultor, a análise do mercado e a tipologia de acordo com as necessidades de cada organização. Na Unidade 5 abordaremos a gestão dos projetos de consultoria. Baseamos as etapas e a estrutura analítica no Guia PMBOK. É muito importante que qualquer profissional entenda o que é um projeto, suas fases e sua estruturação. Finalizamos com a Unidade 6, que trata sobre a mudança organizacional, sua preparação, o posicionamento da liderança e a análise de situações que envolvam a equipe e consequentemente asrelações humanas. Ao final da leitura, será possível ter um panorama geral sobre o que é a Consultoria de Recursos Humanos e quais as suas vertentes. “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende...” Leonardo da Vinci. Unidade 1 – Administração de Recursos Humanos. Nesta Unidade, vamos utilizar uma abordagem sócio-histórica com os primórdios da administração e sua evolução para as relações humanas. A partir de uma análise histórica, vamos focar nas relações humanas focadas para os trabalhos organizacionais, suas características e evolução ocasionando uma relação com a atual natureza da Administração de Recursos Humanos. Objetivos da unidade: Analisar a condição sócio-histórica que favorece o surgimento da Administração de Recursos Humanos. Consultoria em Recursos Humanos 10 Compreender a importância dos Recursos Humanos no cenário das organizações. Entender a evolução dos Recursos Humanos a partir de uma visão mais humanitária e que proporcione uma melhor qualidade de vida no trabalho. Unidade 2 – Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento Nesta Unidade, vamos estudar sobre o maior capital das organizações que é o Capital Intelectual. Em um plano estratégico o fator mais agregador está relacionado a uma equipe que possua todas as habilidades e competências necessárias para desempenhar suas atribuições de uma forma coordenada, evolutiva e com vistas aos objetivos organizacionais. Nesta unidade, vamos focar na importância da gestão estratégica voltada para o capital humano. Objetivos da unidade: Estabelecer a importância do Capital Intelectual nas organizações; Compreender os objetivos organizacionais voltados para uma Gestão Estratégica do Conhecimento com Foco no Capital Humano; Relacionar a importância da valorização, acompanhamento e retenção do capital humano no contexto das organizações e em relação a sua sobrevivência no mercado; Conhecer uma das ferramentas estratégicas para o conhecimento. Unidade 3 – Consultoria em Recursos Humanos Nesta unidade, vamos definir o que é consultoria e o papel do consultor. Quando se fala no papel do consultor é relevante conhecer os princípios éticos deste segmento e suas atribuições. Finalizando a unidade, vamos apresentar algumas áreas de atuação da consultoria de RH. Consultoria em Recursos Humanos 11 Objetivos da unidade: Oferecer condições ao aluno para que ele possa compreender o significado de consultoria e a importância dela nas soluções empresariais; Conhecer a função do Consultor; Entender o foco da Consultoria de Recursos Humanos e suas vertentes; Compreender a importância destas intervenções em Recursos Humanos e suas qualidades em respostas aos mais diversos problemas na área. Unidade 4 – Tipos de Consultoria Nesta unidade, vamos poder perceber de uma forma mais aprofundada os diferentes papéis da consultoria. Vamos dividir a consultoria em quatro sistemas: em relação ao serviço ou produto oferecido, em relação a sua estrutura, com o foco em sua abrangência e finalmente com base no relacionamento. Objetivos da unidade: Conhecer, de forma objetiva, o sistema de consultoria; Entender os diferentes papéis de um consultor; Conhecer a consultoria voltada para serviço ou produto oferecido ( consultoria interna e externa); Conhecer a consultoria voltada para a estrutura ( consultoria artesanal, pacote fechado); Conhecer a consultoria em que a abrangência é o seu foco ( consultoria especializada,generalista, global); Conhecer a consultoria com base no relacionamento entre seus consultores ( associado, autônomo, virtual); Identificar a Avaliação dos Serviços de Consultoria como parte do processo consultivo. Consultoria em Recursos Humanos 12 Unidade 5 – Projetos de Consultoria Está unidade tem como objetivo mostrar como um projeto é executado e a sua relação com a consultoria de Recursos Humanos. Vamos conhecer todas as fases de um projeto da iniciação ao seu encerramento e suas áreas de conhecimento. Objetivos da unidade: Entender o que é um projeto; Conhecer as fases que compõem um projeto; Relacionar as áreas de conhecimento com as fases do projeto; Entender a relação entre a Liderança e o papel do consultor. Unidade 6 – Gestão de Mudança Nesta unidade, vamos abordar a mudança organizacional. Um consultor é um agente de mudanças, mas será que as organizações estão preparadas para fazer ajustes e mudar atitudes que já estavam dentro de um terreno conhecido? As pessoas de uma forma geral estão ancoradas em conceitos e atitudes e acabam resistindo às mudanças. Quando se contrata uma consultoria, o clima organizacional pode ser afetado devido às incertezas que ela pode gerar. Objetivos da unidade: Entender a ancoragem comportamental; Relacionar a mudança organizacional com o papel do consultor; Identificar os principais componentes no desenvolvimento de equipes; Desenvolvimento de equipes. Consultoria em Recursos Humanos 13 1 Administração de Recursos Humanos Consultoria em Recursos Humanos 14 Caro aluno, Nesta Unidade, vamos utilizar uma abordagem sócio-histórica com os primórdios da administração e sua evolução para as relações humanas. A partir de uma análise histórica vamos focar nas relações humanas focadas para os trabalhos organizacionais, suas características e evolução, ocasionando uma relação com a atual natureza da Administração de Recursos Humanos. Objetivos da unidade: Analisar a condição sócio-histórica que favorece o surgimento da Administração de Recursos Humanos; Compreender a importância dos Recursos Humanos no cenário das organizações; Entender a evolução dos Recursos Humanos a partir de uma visão mais humanitária e que proporcione uma melhor qualidade de vida no trabalho. Plano da unidade: Evolução Histórica e os Recursos Humanos A importância dos Recursos Humanos Objetivos Organizacionais e Gestão de Pessoas Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) Bons estudos! Consultoria em Recursos Humanos 15 Evolução Histórica e os Recursos Humanos Para entendermos como se originou a Administração de Recursos Humanos vamos ter que fazer uma viagem o tempo! As relações humanas no trabalho tiveram uma súbita modificação com a transformação tecnológica impulsionada pela Revolução Industrial. No início, tínhamos o trabalho centrado em pessoas ou pequenos grupos que produziam os bens de consumo artesanalmente. Com as descobertas dos séculos XV e XVI, o renascentismo, seguido do mercantilismo, trilhou um caminho para a indústria e o capitalismo tecnológico. O Revolucionário Processo de Bessemer para a Produção de Aço Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Outing_(1885)_(14595774679).jpg Consultoria em Recursos Humanos 16 Com a evolução do trabalho, outras formas de relacionamento dentro das indústrias começaram a emergir levando o surgimento, nos anos 20, de um órgão voltado para os recursos humanos. Esses orgãos tinham um cunho paternalista para sobreviver e suportar a hostilidade dos sindicatos. Nesta época, as funções dos Recursos Humanos estavam vinculadas ao controle do staff, a administração dos salários e o recrutamento. A influência do Taylorismo era marcante. Taylor publicou uma obra pioneira, com o título de “Principles of Scientific Management”, em 1911. Na obra ele tratava de princípios para organização do trabalho em sistemas mecanizados, constituindo um ponto de partida para a afirmação da gestão como ciência. Esses princípios de organização do trabalho podem ser agrupados e sintetizados em cinco pontos: Individualização do trabalho; Decomposição do trabalho; Descrição pormenorizada dos postos; Planificação rígida e detalhada das tarefas; Organização da empresa e dos circuitos de comunicações. Taylor contribuiu e desenvolveu técnicas e conceitos relacionados a especialização do trabalho, o estudo do tempo e do movimento de cada tarefa. No início dos anos 30 uma nova frente filosófica e o pensamento existencial ocuparam as mentes e abriram um caminho para a evolução nas relações humanas e o trabalho. O marco inicial foram os experimentos de Hawthorne liderada por Elton Mayo. Elton Mayo era um médico ficou conhecido pelo conjunto de estudos que desenvolveu numa fábrica das empresas grupo americano General Electric (GE). Seus estudos tinham foco nos aspectos que envolviam os grupos de trabalho: a influência da iluminação, das pausas de trabalho, da supervisão e liderança formal e informal dos grupos, entre outros aspectos do ambiente de trabalho. Consultoria em Recursos Humanos 17 A experiência de Hawthorne foi realizada em 1927, pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos (National Research Council), em uma fábrica da Western Electric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorne e sua finalidade era determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários medida através da produção. A experiência foi coordenada por Elton Mayo e colaboradores, e estendeu-se à fadiga, acidentes no trabalho, rotatividade do pessoal (turnover) e ao efeito das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. A direção da fábrica de Western Electric contratou uma equipe de Harvard, da qual Elton Mayo e Fritz Roethlisberger faziam parte, para conduzir experimentos relacionando produtividade e condições físicas de trabalho. A tese era que aumentando a luminosidade, a produtividade também aumentaria. A Western Electric fabrica equipamentos e componentes telefônicos valorizava o bem-estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e boas condições de trabalho. A empresa não estava interessada em aumentar a produção, mas em conhecer melhor seus empregados. A experiência se dividiu em cinco partes: Parte 1- Aumento da luminosidade, aumento da produção. Psicológico sobre o Fisiológico. Parte 2 – Quando operárias foram para a sala de testes. Sentiram que a empresa se importava com elas. O significado social do trabalho eleva a produtividade. Parte 3 – entrevistas com os funcionários a respeito do seu trabalho. Existência da organização Informal na Empresa. Parte 4 - Observação da montagem dos terminais. A organização informal pode atuar contra os objetivos da administração. Os pesquisadores de Harvard chegaram as seguintes conclusões através da Experiência de Hawthorne: Consultoria em Recursos Humanos 18 O Nível de Produção é Resultante da Integração Social, ou seja, a produção aumenta ou diminui de acordo com a integração entre os colaboradores. As normas sociais e as expectativas grupais quando atendidas elevam a disposição para o trabalho; Quanto ao comportamento social dos empregados, os colaboradores agem e reagem não de forma individual, mas como membros de um grupo. A organização deve tratar seus colaboradores como membros de um grupo e sujeitos as normas e influências sociais deste grupo; As pessoas são motivadas pela necessidade do reconhecimento, aprovação social, associação a um grupo. Os incentivos salariais ficam em segundo plano, o importante é o colaborador se sentir incluído dentro de uma sociedade e reconhecido; A empresa é uma organização social, na qual grupos sociais se formam. Esse grupo formado cria tacitamente regras de comportamento, formas de recompensas, objetivos, escala de valores sociais, crenças e expectativas e cada colaborador vai assimilando e reproduzindo padrões de comportamento; As pessoas são diferentes, cada um tem personalidade própria, habilidades e crenças diferenciadas. O administrador que compreende as relações humanas consegue extrair o melhor da sua equipe; Tarefas repetitivas afetam negativamente a disposição do colaborador. A eficiência e a motivação são reduzidas; Os elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. Com essa experiência surgiu o Homem Social e com ele a Escola de Relações Humanas. A tarefa básica da administração é, segundo a Escola de Relações Humanas, formar uma elite capaz de compreender e de se comunicar com as pessoas, por meio de chefes que tenham a capacidade de persuadir os subordinados para que eles se comprometam com os objetivos da organização. Consultoria em Recursos Humanos 19 A partir deste ponto, podemos discutir diversas contribuições que foram sendo produzidas por diversos pesquisadores e empreendedores que contribuíram para a evolução das relações humanas e a administração de Recursos Humanos. Se voltarmos um pouco na Escola Clássica da Administração Científica, a teoria da Burocracia e focarmos nas teorias comportamentais o processo de evolução relacional entre a organização e o capital humano fica bem clarificado. Maslow(1954) ilustrou os grupos e tipos de necessidades com uma pirâmide , com a base associada às necessidades básicas ou primárias, nomeadamente fisiológicas e com o movimento até ao topo da pirâmide associado às necessidades secundárias, relacionais. Maslow com sua Hierarquia das Necessidades apontou em cinco fases distribuídas dentro de uma pirâmide. Figura 1 : Pirâmide de Maslow Consultoria em Recursos Humanos 20 Na base da pirâmide estão as necessidades fisiológicas que uma vez atendidas, vamos para a necessidade de segurança, relacionamentos, estima e a realização pessoal. Na sequência veio Herzberg que complementou o trabalho de Maslow. A principal contribuição de Herzberg na sua publicação datada de 1966, O trabalho e a natureza do homem, inspirou um conjunto de investigadores neoclássicos, que se voltaram para estudos dedicados à organização do trabalho, não incluindo apenas a abordagem taylorista de organização mecânica do trabalho, mas também de enriquecimento individual de tarefas, designação por que ficou conhecida esta corrente de pensamento. Herzberg defendeu que a satisfação dos trabalhadores depende de dois tipos de fatores: Fatores Higiênicos - são os fatores que se referem às condições físicas e ambientais do trabalho e que dependem exclusivamente da empresa e da sua cultura, dos seus gestores e da forma como determinam essas condições; Fatores Motivacionais, contrariamente, só depende do trabalhador e referem-se às tarefas, responsabilidades, reconhecimento e realização do seu posto de trabalho; As organizações começaram a entender que seus colaboradores têm necessidades individuais. As organizações não sobrevivem sem o capital humano. E o capital humano consegue suprir algumas de suas necessidades e realizações dentro das organizações. É uma relação que tem que ter reciprocidade. Douglas McGregor (1960) através da sua Obra o Lado Humano da Empresa que é considerada como base para o desenvolvimento das ciências comportamentais com foco no desenvolvimento organizacional. McGregor com sua teoria X e Y partia do princípio que existe dois tipos de pessoas: As que querem ser lideradas têm que ser supervisionadas, tendem a não gostar de trabalhar, entre outras deste tipo de personalidade. Consultoria em Recursos Humanos 21 As que são líderes, diligentes, que se realizam pelo trabalho e que se dedicam às suas tarefas e atividades profissionais. Esta revolução comportamentalista propiciou as bases da administração de Recursos Humanos. Abaixo apresentamos uma tabela que relaciona algumas obras e seus respectivos autores que contribuíram para a compreensão do comportamento humano nas organizações. Tabela 1: Comportamento Humano Autor Principal Obra / Ano Contribuições Chester BarnardAs funções do Executivo (1938) O foco da obra é a importância do papel do executivo no desempenho da organização. Fala-se na obra sobre a ética e comportamento. Abraham Maslow Motivação e Personalidade (1954) Trata de estudos sobre a motivação humana e a motivação no trabalho. Contribuiu para um melhor entendimento do comportamento humano. Frederick Herzberg O trabalho e a Natureza do Homem (1966) Ele aborda na obra os fatores higiênicos e motivacionais dando uma continuidade aos trabalhos de Maslow. Douglas McGregor O lado humano da empresa( 1960) Foi através dos Conceitos da Teoria X e Y que houve um marco nas ciências comportamentais com o foco no desenvolvimento organizacional. David McClelland The Achieving Society (1961) Apresentou 3 necessidades como os responsáveis pelo comportamento humano, no caso a Teoria da Motivação pelo Êxito e / ou Medo . Uma base para o entendimento da necessidade de realização e poder. Chiavenato (2008, p. 18), afirma que o conceito de Administração de Recursos Humanos surgiu a partir de 1970, mesmo não se tendo ainda a dimensão da importância das pessoas dentro da organização e com uma visão de que os trabalhadores eram apenas recursos produtivos. Consultoria em Recursos Humanos 22 A importância dos Recursos Humanos Quando o trabalho é um prazer, a vida é alegria. Quando o trabalho é um dever, a vida é escravidão." Maxin Gorky Quando falamos em gerir pessoas, estamos associando ações como integrar, cooperar, aperfeiçoar e produzir resultados. As organizações perceberam que não basta administrar a produção, a tecnologia e o processo, é preciso ter sensibilidade para lidar com todo o pacote humano que está por trás de todo o processo. Uma organização tem como seu principal capital as pessoas, pessoas estas que têm desejos, querem qualidade de vida e possuem vínculos diversos sejam eles familiares ou não. Friedman, Hatch e Walker (2000) ressaltam que para dar valor às pessoas, as organizações devem ir além da noção de recursos humanos em direção à noção de capital humano, ou seja, entendendo capital humano como a noção que vê as pessoas não como recursos perecíveis a serem consumidos, mas como bem de valor a ser desenvolvido. Apesar de muito se falar nas relações patrão e empregado, ainda se tem muito que discutir a respeito de ações assertivas, gestão do conhecimento e uma real preocupação com o bem estar da equipe. Chiavenato (2008) ressalta que o termo Administração de Recursos Humanos, restringe muito as pessoas, por tratá-las como meros recursos dentro da organização, ou seja, assim como existem os recursos financeiros e materiais, existem os recursos humanos e não pessoais. Algo parecido com o foi evidenciado durante a concepção e aplicação dos conceitos da Abordagem Clássica da Administração. Já a fundamentação da Gestão de Pessoas propõe considerar os indivíduos não mais como meros empregados e funcionários, e sim, tratá-los como parceiros, como colaboradores. Consultoria em Recursos Humanos 23 Vamos elencar algumas definições relativas à Gestão de Pessoas: Gestão de Pessoas é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos colaboradores/servidores e das organizações. Atividade executada pelo departamento de recursos humanos, cuja finalidade é selecionar, gerir e nortear os colaboradores na direção dos objetivos e das metas da empresa. Atividades vinculadas à área ou ao departamento de Recursos Humanos de uma empresa, normalmente agrupadas em subáreas funcionais, tais como recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, remuneração, etc. Gestão de Pessoas diz respeito também à formulação e à prática de políticas que envolvam a atração, a retenção e o desenvolvimento dos profissionais da organização. Os Recursos Humanos (RH) podem assumir diferentes funções. Quando chamamos Departamento de RH estamos remetendo a um espaço no qual está inserido o Recrutamento e a seleção, treinamento, remuneração e benefícios, segurança do trabalho e tudo o que esteja relacionado a parte humana da organização. Existem os profissionais de RH que trabalham diretamente com cada uma das funções do departamento e o RH como um conjunto de práticas. CHIAVENATO(2014) apresenta um quadro sobre a evolução gradual da área de Recursos Humanos: Consultoria em Recursos Humanos 24 Quadro 1 : Os saltos gradativos da área de RH Fonte: Chiavenato,2014. Podemos observar um avanço no tratamento das pessoas dentro da organização. Inicialmente os empregados das organizações eram meros executores de tarefas burocráticas e muitas vezes repetitivas, não havia uma preocupação com direitos trabalhistas. Os Recursos Humanos estavam focados em admissões, folha de pagamento, demissões e aspectos burocráticos. A criatividade, proposição de soluções ou qualquer outra contribuição do empregado era vetada. A partir de um determinado ponto a Administração de Recursos Humanos agregou as suas tarefas o recrutamento e seleção, treinamento, a gestão de cargos e salários, entre outras funções. Já percebemos aí uma evolução no que tange a profissionais mais especializados, pareceres de especialistas, políticas da empresa e uma tímida mais crescente preocupação com o funcionário. Atualmente entendemos que o maior ativo da empresa é o capital humano, a gestão de pessoas é o coração das organizações. Consultoria em Recursos Humanos 25 Se formos traçar um pequeno cenário podemos dizer que inicialmente as pessoas eram vistas com o objetivo de lucro e produção, depois se caminhou para uma visão sobre as necessidades humanas e agora estamos com o foco nas pessoas como provedoras de competências. Cada um de nós tem bagagens diferenciadas, habilidades e competências individualizadas. Objetivos Organizacionais e Gestão de Pessoas As empresas trabalham com recursos para atingirem os seus objetivos. Podemos destacar os principais recursos em materiais, financeiros e humanos. A partir deste ponto tem toda influência dos recursos mercadológicos e administrativos. A atribuição da Administração dos Recursos Humanos passa desde a seleção, posicionamento de áreas, treinamento, a capacidade de reter talentos, dentre outras. A ARH trabalha com a arte de agregar pessoas e as empresas. CHIAVENATO (2014) destaca s principais objetivos da ARH: 1) Proporcionar à empresa os talentos e competências mais adequados ao seu funcionamento, desenvolvê-los e mantê-los em longo prazo na organizaça ̃o. 2) Proporcionar a ̀s pessoas trabalho e ambiente adequados de tal modo que se sintam bem e motivadas a permanecer e a trabalhar com dedicaça ̃o. 3) Proporcionar condiço ̃es de perfeito alinhamento entre os objetivos empresariais e os objetivos individuais das pessoas. Quando analisamos o item 2 que fala sobre proporcionar às pessoas um ambiente adequado e focar na preocupação da motivação, temos que entender como o processo evoluiu ao longo dos anos. Ulrich et al (2001), relaciona o que considera as novas realidades da Gestão de Pessoas: Criação de Políticas que tornem os colaboradores mais competitivos; Os profissionais precisam dominar tanto a teoria quanto a prática, uma vez que as atividades de GP baseiam-se em teoria e pesquisas; Consultoria em Recursos Humanos 26 As práticas de GP precisam criar valor pelo incremento do capital intelectual da organização; Os profissionais de GP devem envolver os funcionários e administrar políticas, provocando-os ,desafiando-os e, ao mesmo tempo, encorajando-os a produzir mais conhecimento. A partir desta realidade o mesmo autor propõe um modelo de múltiplos papéis da GP com foco em uma organização competitiva. Tabela 2: Definição dos papéis de Recursos Humanos Papel/Função da GP Resultado Metáfora (imagens que caracterizamo profissional de RH) Atividade Administração de estratégias de RH Execução de Estratégia Parceiro Estratégico Ajuste das estratégias de RH à estratégia empresarial: “diagnóstico organizacional” Administração da Infraestrutura da organização Construção de uma infraestrutura eficiente Especialista Administrativo Reengenharia dos processos da organização: “serviços em comum” Administração da contribuição dos funcionários Aumento do envolvimento e capacidade dos funcionários Defensor dos funcionários Ouvir e responder aos funcionários: “prover recursos aos funcionários”. Administração da transformação e da mudança Criação de uma organização renovada Agente da mudança Gerir a transformação e a mudança: “assegurar capacidade para mudança” Fonte: Ulrich, 2001, p. 41. Consultoria em Recursos Humanos 27 É muito importante que os gestores entendam que só através do fomento na carreira dos colaboradores e uma garantia de estabilidade na organização que conseguimos uma dedicação à organização. Quando não há um investimento que atenda às necessidades dos colaboradores, estabelece-se uma relação transacional, não há um esforço pleno para atingir as metas. Esse panorama no qual há um investimento no potencial do colaborador acrescido a uma estabilidade vem de encontro às estratégias e metas organizacionais baseadas no desempenho da Gestão de pessoas propostas por Mathis e Jackson. Segundo os autores reter talentos dentro da empresa é importante, pois: Menores índices de rotatividade traduzem-se em menores custos de recrutamento, seleção e treinamento; O desempenho individual e organizacional é aumentado pela continuidade de colaboradores que conhecem suas funções, seus colegas, sua organização com seus valores, cultura, produtos/serviços e seus clientes; A retenção dos empregados acarreta uma melhor imagem organizacional que, por sua vez, atrai novos talentos. Resumidamente, o sucesso organizacional está relacionado com a conquista e a fidelização de colaboradores talentosos. Kotler (2003) fala sobre a importância dos colaboradores para a organização, enfatizando que eles devem vir em primeiro lugar nas estratégias empresariais. Podemos demonstrar a importância dos colaboradores de algumas organizações: The Body Shop: “nossas pessoas são a nossa primeira linha de clientes.” Disney: “jamais se terá bons relacionamentos com clientes sem bons relacionamentos com empregados.” Repare que utilizamos no nosso material colaborador evitando empregado. Vamos à definição de colaborador? Consultoria em Recursos Humanos 28 Kotler enfatiza a importância da remuneração na gestão de pessoas, uma remuneração generosa é uma política de GP que assume especial relevância trazendo consequências como baixa rotatividade, custos de contratação mais baixos ( os talentos vão à organização ) e menores despesas com treinamento ( os novos colaboradores são mais capazes e com melhor formação). Ao final Kotler ressalta que os colaboradores devem sentir-se parte da organização que vale a pena, executando funções que realmente agreguem valor e contribuindo para resultados importantes. Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) “Grandes líderes mudam de estilo para levantar a autoestima de suas equipes. Se as pessoas acreditam nelas mesmas, é impressionante o que elas conseguem realizar”. (Sam Walton) A Qualidade de Vida no Trabalho é um dos maiores desafios das organizações, porque é a tarefa de conciliar conhecimento, competitividade e estratégias empresariais aos novos tempos e a diferentes estilos de vida. Qualidade de vida está ligada ao bem-estar que é muito particular de cada pessoa. Já vimos através da Pirâmide das Necessidades de Maslow que todos nós temos necessidades a serem atendidas. No trabalho, a qualidade de vida está atrelada a boas condições de trabalho, valorização, definições claras de Importante! Colaborador é um termo que vem sendo usado pelas empresas, sobretudo a partir dos anos 1990, como sinônimo de funcionário ou empregado. Ao contrário do funcionário, que é aquele que executa uma função, a palavra colaborador possui uma dimensão mais participativa. Os colaboradores de uma empresa são, portanto, aqueles que colaboram, ajudam e, auxiliam. Fonte: https://www.dicionariofinanceiro.com/colaborador/Acesso em 05/11/2017 Consultoria em Recursos Humanos 29 procedimentos de cada função, cuidado com o ambiente físico, bons padrões de relacionamento, consciência social e o direito a saúde. Mas como se implanta um programa de Qualidade de Vida no Trabalho? JOHNSTON, C.; ALEXANDER, M. e ROBIN (1981) através de um estudo junto com sua equipe no Canadá, relacionou algumas fases para o desenvolvimento de experiências de QVT. Vamos às fases: a) Sensibilização – é a fase em que representantes da organização do sindicato e consultores trocam suas respectivas visões sobre o conjunto das condições de trabalho e seus efeitos sobre o funcionamento da organização, e buscam juntos os meios de modificá-las. b) Preparação – é a fase onde são selecionados os mecanismos institucionais necessários à condução da experiência, formando-se equipe do projeto, estruturando os modelos e os instrumentos a serem utilizados. c) Diagnóstico – compreendo dois aspectos: a coleta de informações sobre a natureza e funcionamento do sistema técnico, e o levantamento do sistema social em termos de satisfação que os trabalhadores envolvidos experimentam sobre suas condições de trabalho. d) Concepção e implantação do projeto – com as informações do diagnóstico, a equipe do projeto dispôs de um perfil bastante preciso da situação, estabelece as prioridades e um cronograma de implantação da mudança relativa a aspectos que mostraram passíveis de melhorias em termos de tecnologia, novas formas de organização do trabalho, métodos de gestão, práticas e políticas de pessoal e ambiente físico. e) Avaliação e difusão – embora a avaliação imediata de tais projetos constitua-se em tarefa difícil pela dificuldade de informações confiáveis, é necessária para prosseguir a implantação das mudanças além do grupo experimental. Existem alguns modelos para a implantação do QVT os mais conhecidos são de Walton (1973), Hackman e Oldhan (1974), Westley (1979), Werther e Davis (1981), e Nadler e Lawler (1983). Consultoria em Recursos Humanos 30 Vamos abordar o modelo QVT de Walton que é um dos mais utilizados, mas para saber mais sobre os outros modelos e ver um quadro comparativo acesse o artigo: Revisão Literária dos Modelos Clássicos de Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho: um Debate Necessário – Bruno Pedroso e Luiz Alberto Pilatti. O Modelo QVT de Walton possui oito dimensões e tratam tanto do trabalho nas organizações quanto as necessidades pessoais. As categorias de Walton estão elencadas da seguinte forma: condições de trabalho, desenvolvimento de capacidades, oportunidade de crescimento e segurança, integração social na organização, constitucionalismo, trabalho e vida e por último relevância social. BLOCOS INDICADORES DE QVT Competição justa e adequada Equidade interna e externa; justiça na compensação; Partilha dos ganhos de produtividade; proporcionalidade entre salários. Condições de Trabalho Jornada de Trabalho razoável; ambiente físico seguro e saudável; ausência de insalubridade. Desenvolvimento de Capacidades Autonomia; Autocontrole Relativo; Qualidades Múltiplas; Informações sobre o Processo total do trabalho. Oportunidade de Crescimento e Segurança Possibilidade de Carreira; Crescimento Pessoal; Perspectiva de avanço salarial; Segurança de Emprego. Integração Social Ausência de preconceitos; Igualdade; Mobilidade; Relacionamento; Senso Comunitário. Constitucionalismo Direitos deproteção do trabalhador; privacidade pessoal; liberdade de expressão; tratamento imparcial; direitos trabalhistas. O trabalho e o espaço de vida Papel balanceado no trabalho; estabilidade de horários; poucas mudanças geográficas; tempo para lazer da família. Relevância social do trabalho na vida Imagem da empresa; responsabilidade social da empresa; responsabilidade pelos produtos; práticas de emprego. Fonte: CHIAVENATO (2005) p. 451 e Fernandes (1996), p.48 Dica de Link! Link para o artigo: https://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/evolucao_cap21.pdf Consultoria em Recursos Humanos 31 O Modelo de QVT de Walton é muito utilizado até hoje e supera os outros devido à escala com que é mencionado em pesquisas e aplicações práticas organizacionais. É considerado o modelo mais completo. Agora que já vimos a origem dos Recursos Humanos e algumas vertentes, vamos avançar e entender o que é Capital Intelectual e como se dá a Gestão do Conhecimento nas organizações. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Consultoria em Recursos Humanos 32 Exercícios – Unidade 1 1. Taylor em 1911 publicou uma obra na qual ressaltava alguns princípios para organização do trabalho voltado para a mecanização das tarefas. Assinale a alternativa que apresente os cinco pontos destacados por Taylor na organização do trabalho: a) Individualização do trabalho; Decomposição do trabalho; Descrição pormenorizada dos postos; Planificação rígida e detalhada das tarefas; Organização da empresa e dos circuitos de comunicações. b) Individualização do trabalho; meritocracia; Descrição pormenorizada dos postos;Planificação rígida e detalhada das tarefas; Organização da empresa e dos circuitos de comunicações. c) Individualização do trabalho; Decomposição do trabalho; Descrição pormenorizada dos postos; Planificação rígida e detalhada das tarefas; Organização da empresa e gestão de projetos. d) Individualização do trabalho; Decomposição do trabalho; Descrição pormenorizada dos postos; Planificação rígida e detalhada das tarefas; Organização da empresa e direitos trabalhistas. e) Nenhuma das respostas anteriores. 2. Elton Mayo era um médico ficou conhecido pelo conjunto de estudos que desenvolveu numa fábrica das empresas grupo americano General Electric (GE). Seus estudos tinham foco nos aspectos que envolviam os grupos de trabalho. Uma de suas pesquisas mais conhecidas foi a experiência de Hawthorne. Assinale a alternativa que se relaciona com a experiência de Hawthorne: a) O objetivo inicial da experiência em Hawthorne era avaliar a correlação entre a rotatividade dos funcionários e os ganhos das grandes corporações. Consultoria em Recursos Humanos 33 b) A experiência em Hawthorne verificou que as pessoas mentem uma interação social constante no trabalho e que as pessoas participam de grupos sociais dentro da organização. c) Uma das conclusões da experiência em Hawthorne foi a existência dos grupos formais, cuja estrutura coincide com a da organização, ou seja, com os propósitos da empresa. d) A experiência em Hawthorne conclui que a especialização é a maneira mais eficiente de divisão de trabalho e afeta positivamente a atitude do trabalhador. e) Nenhuma das respostas anteriores. 3. A motivação é um é o impulso interno que leva a uma determinada ação. Maslow com sua Hierarquia das Necessidades apontou em cinco fases distribuídas dentro de uma pirâmide. A respeito dessa teoria, é correto afirmar que o ímpeto de se tornar aquilo que se é capaz de ser representa a necessidade: a) Realização Pessoal. b) Estima. c) Amor/Relacionamento. d) Segurança. e) Fisiologia. 4. A motivação humana está entre os fatores internos e externos e que influenciam no comportamento. Herzberg defendeu que a satisfação dos trabalhadores depende de dois tipos de fatores: motivacionais e higiênicos. Assinale a alternativa abaixo que contém um fator motivacional. a) Relações interpessoais, supervisão, colegas e subordinados. b) Políticas de Recursos Humano. c) Remuneração e Vida Privada. d) Reconhecimento e realização do seu posto de trabalho. e) Nenhuma das respostas anteriores. Consultoria em Recursos Humanos 34 5. Analise as assertivas abaixo: I. A teoria da hierarquia das necessidades foi desenvolvida por Abraham Maslow. II. Herzberg aborda na obra os fatores higiênicos e motivacionais dando uma continuidade aos trabalhos de Maslow. III - Mc Gregor através dos Conceitos da Teoria X e Y marcou as ciências comportamentais com o foco no desenvolvimento organizacional. É correto o que se afirma em: a) I, II E III. b) I E II. c) II E III. d) I E III. e) Nenhuma das assertivas é verdadeira. 6. CHIAVENATO(2014) apresenta um quadro sobre a evolução gradual da área de Recursos Humanos. Assinale a alternativa que contém uma característica da Gestão de Talentos Humanos: a) Trabalho Isolado. b) Colaboração. c) Participação ativa e proativa. d) Criatividade. e) Ênfase Tática. 7. Acerca da qualidade de vida no trabalho (QVT), analise as assertivas abaixo: I - O Modelo QVT de Walton possui oito dimensões e tratam tanto do trabalho nas organizações quanto as necessidades pessoais; II - As categorias de Walton estão elencadas da seguinte forma: condições de trabalho, desenvolvimento de capacidades, oportunidade de crescimento e Consultoria em Recursos Humanos 35 segurança, integração social na organização, constitucionalismo, trabalho e vida e por último relevância social; III - O Modelo QVT de Walton é o único disponível. É correto o que se afirma em: a) I, II E III b) I E II c) II E III d) I E III e) Nenhuma das assertivas e verdadeira. 8. As categorias de Walton estão elencadas da seguinte forma: condições de trabalho, desenvolvimento de capacidades, oportunidade de crescimento e segurança, integração social na organização, constitucionalismo, trabalho e vida e por último relevância social. Associe a coluna da esquerda com a da direita. BLOCOS INDICADORES DE QVT 1 - Competição justa e adequada ( ) Autonomia; Autocontrole Relativo; Qualidades Múltiplas; Informações sobre o Processo total do trabalho. 2 - Condições de Trabalho ( ) Jornada de Trabalho razoável; ambiente físico seguro e saudável; ausência de insalubridade. 3 - Desenvolvimento de Capacidades ( ) Equidade interna e externa; justiça na compensação; Partilha dos ganhos de produtividade; proporcionalidade entre salários. Consultoria em Recursos Humanos 36 A sequência de resposta certa está presente na alternativa: a) 1, 2, 3. b) 1, 3 , 2. c) 1,1, 3. d) 2,2,3. e) Nenhuma das alternativas anteriores. 9. Cite pelo menos três conclusões que os pesquisadores de Harvard chegaram através da Experiência de Hawthorne: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. Baseado no que vimos sobre gestão de pessoas defina com suas palavras e destaque suas principais características. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Consultoria em Recursos Humanos 37 2 Capital Intelectual e Gestão do Conhecimento Consultoria em Recursos Humanos 38 Caro aluno, O maior capital das organizações é o Capital Intelectual. Em um plano estratégico o fator mais agregador está relacionado a uma equipe que possua todas as habilidades e competências necessárias para desempenhar suas atribuições de uma forma coordenada, evolutiva e com vistas aos objetivos organizacionais. Nesta unidade, vamos focar na importância da gestão estratégica voltada para o capital humano. Objetivos da unidade: Estabelecer a importância do Capital Intelectual nas organizações; Compreender os objetivos organizacionais voltados para uma Gestão Estratégica do Conhecimento com Foco no Capital Humano; Relacionar a importância da valorização, acompanhamento e retenção do capital humano no contexto das organizações e em relação a sua sobrevivência no mercado; Conhecer uma das ferramentas estratégicas para o conhecimento. Plano da unidade: Capital Intelectual Gestão Estratégica do Conhecimento com Foco no Capital Humano Balanced Scorecard – Uma ferramenta Estratégica para o Conhecimento Bons estudos! Consultoria em Recursos Humanos 39 Capital Intelectual Nas organizações trabalhamos com pessoas, pessoas estas que vem com sua própria bagagem cultural, emoções, experiências e necessidades. A teoria do Capital Social seria a soma dos recursos pertencentes ao indivíduo ou a uma unidade social, derivados, absorvidos e disponibilizados em uma rede de relações sociais. Nahapiet e Ghoshal (1998) dividiu o Capital Social em três dimensões: Figura 1: Dimensões do Capital Social 1 A dimensão Cognitiva está relacionada à capacidade do indivíduo de dar significados, interpretações e representações e as compartilhar. A dimensão Estrutural é a rede de relações entre os atores sociais e os padrões de ligação de densidade, conectividade e hierarquia. A dimensão Relacional refere-se à qualidade das relações desenvolvidas ao longo do tempo. Consultoria em Recursos Humanos 40 O Capital Intelectual não pode ser considerado apenas um conjunto de conhecimentos, ele deriva do Capital Social, pois relaciona-se não só ao conhecimento mas à capacidade coletiva de conhecer. O Capital Intelectual é desenvolvido através de uma interação social capaz de gerar a combinação entre os conhecimentos e experiências. O grande desafio empresarial nos dias de hoje é fazer com que o Conhecimento Tácito de seus funcionários torne-se Conhecimento Explícito agregando valor. O objetivo é entender este processo de transferência pelo qual o conhecimento e o aprendizado individual ou grupal são incorporados na memória e na estrutura da Organização. A gestão do conhecimento trata desde a geração de novos conhecimentos, a transferência e também a gestão do conteúdo que faz parte da estratégia empresarial. Gerir conhecimento trata de agregar valor à informação e distribuí-la, utilizando e aproveitando os recursos existentes. Assim enfatiza o capital humano, proporcionando a criação de novas ideias e processos, captando, identificando, distribuindo, compartilhando e alavancando o conhecimento. A adoção destas práticas gerenciais implica na criação de processos e aprendizado individual organizacional. A organização que aprende pode ser considerada aquela que propicia aos seus funcionários e aos clientes e parceiros uma estrutura ideológica de implementação de mudanças, inovações e conhecimento. Entendemos por criação do conhecimento a capacidade que a empresa tem de criar novos métodos, processos e inovações, disseminá-los nas diversas instâncias organizacionais e incorporá-los aos demais produtos, serviços e sistemas. Entretanto, tudo que a organização conhece tem suas raízes no conhecimento humano, e lidar com esse conhecimento transformando-o em produtos úteis e serviços está se tornando uma habilidade fundamental para a sobrevivência de uma organização, pois “[...] enquanto as habilidades e a experiência estiverem interiorizadas no indivíduo, a organização está limitada em sua capacidade de utilizar esse conhecimento num sentido mais amplo e estratégico” (CHOO, 2003, p.202). Consultoria em Recursos Humanos 41 Para a análise crítica dos modos de conversão do Conhecimento Tácito para o Conhecimento Explícito primeiro precisamos entender o que significa essas três palavras: Conhecimento: ato ou efeito de apreender intelectualmente, de perceber um fato ou uma verdade; cognição, percepção; relaciona-se com a experiência das pessoas e com as informações adquiridas ao longo do tempo. Tácito: do latim tacitus, quando o conhecimento não pode ser exteriorizado por palavras; associado a experiências, emoções e valores do indivíduo; estruturado sobre uma dimensão cognitiva que reflete a imagem da realidade e a visão de futuro do indivíduo; Explícito: do latim explicitus, quando o conhecimento está declarado, mostrado, explicado; expresso em palavras e números; facilmente compartilhado e divulgado por estar associado a um suporte documental; Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p.83), do ponto de vista do conhecimento: “A essência da estratégia está no desenvolvimento da capacidade organizacional de adquirir, criar, acumular e explorar o domínio do conhecimento com facilidade”. O conhecimento é criado pelas pessoas e reside em suas mentes. As empresas não gerenciam o conhecimento de cada pessoa que atuam na mesma organização, o que as organizações fazem é gerenciar as condições ambientais necessárias à criação e troca do conhecimento novo, favorecendo o processo de invocação. A criação do conhecimento é um processo em expiral: Consultoria em Recursos Humanos 42 Figura 2: Expiral do Conhecimento A gestão de Recursos Humanos, ou Gestão do Capital Humano ou Administração de Recursos Humanos constitui um departamento dentro da organização. A gestão deste setor não pode se limitar a funções operacionais, ela é uma área estratégica. Por isso, o conhecimento transpassa qualquer departamento. Gestão Estratégica do Conhecimento com Foco no Capital Humano Para gerar conhecimento, a organização precisa, primeiramente, adotar a capacidade de aprender, isto é, de perceber que é importante aprimorar métodos e maneiras de pensar e agir, sobretudo com relação aos seus funcionários. Estes também devem desenvolver seu aprendizado individual “para a eficácia da formação do conhecimento organizacional”, percebendo sua importância no processo de aprendizagem da organização em que atua. Thomas A. Stewart afirmou em sua obra: Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas (1998), que: “... o valor de uma organização é determinado mais pelo seu capital intelectual do que por seu capital financeiro”. Para isso, é necessário que a mesma seja capaz de aprender a aprender criando assim conhecimento. Consultoria em Recursos Humanos 43 Portanto, um dos grandes desafios está no gerenciamento efetivo da inovação e da competitividade. Ambas estão diretamente ligadas à importância do desenvolvimento do conhecimento e o papel de administração efetiva do conhecimento para assegurar a competitividade. Toda organização possui ativos intangíveis, porém aquelas que conseguem através deles, terem ganhos de eficiência, eficácia e efetividade diferenciados de seus concorrentes obtêm a vantagem competitiva e ganhos futuros para a empresa. Algumas iniciativas fazem da organização uma organização que aprende: 1. Programas de educação continuadados colaboradores; 2. Políticas de Relações Institucionais, Industriais e Corporativas; 3. Aprendizagem Organizacional que concede ganhos nas competências essenciais individuais e organizacionais quanto à capacidade de ação e criatividade (inovações); 4. Responsabilidade Social (imagem junto aos colaboradores e comunidade); 5. Equipes gerenciais capacitadas e motivadas. (empowerment). O desenvolvimento do capital intelectual de uma pessoa passa pela informação. Mais do que isso, passa pela velocidade, a relevância e o uso da informação na construção do conhecimento. Saber para que serve a informação e se ela agrega valor para o meu objetivo geral, é que é o cerne da questão. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997):... A criação do conhecimento tem dois componentes principais – as formas de interação do conhecimento e os níveis de criação do conhecimento. Aprendizagem Organizacional é um meio de gerar resultados envolve aprendizagem e motivação individual. É necessária uma gestão mudança para que as pessoas compartilhem e transfiram conhecimento. Existem algumas práticas de conhecimento utilizadas pela gestão de Recursos Humanos. Vamos ressaltar três delas: Educação Corporativa, Análise de gaps de conhecimento e Mapeamento de Competências. Vamos entender detalhadamente casa uma delas: Consultoria em Recursos Humanos 44 a) Educação corporativa A educação corporativa está comumente associada a Universidade Corporativa mas o objetivo da educação corporativa é criar um ambiente em que o conhecimento e as competências organizacionais sejam desenvolvidas para que as necessidades estratégicas da organização sejam atendidas. Segundo Peter Senge (1990), as organizações que aprendem são aquelas na qual as pessoas aprimoram, continuamente, sua capacidade para criar o futuro que gostariam de ver surgir realmente às maneiras novas e criativas de pensar são encorajadas a aspiração coletiva é livre as pessoas estão, constantemente, aprendendo a aprender coletivamente. Os princípios orientadores ou as cinco disciplinas de Senge que fundamentam as organizações que aprendem são: Domínio pessoal Faz com que as pessoas se considerem capazes de gerar novas formas de obter resultados de aprendizagem para si, para sua equipe e para a organização, além de conferir aos indivíduos a automotivação necessária para aprender continuamente. Modelos mentais Estimulam pontos de vistam diferentes. Trazem à luz vários modelos mentais. Facilitam a experimentação como modo de aprender. Aceitam o erro como parte natural da aprendizagem. Enfocam a necessidade de eliminarmos os obstáculos existentes para a resolução de problemas correntes. Visão compartilhada A busca do aprendizado está conectada à visão e às estratégias da organização. Aprendizado em equipe Permite superar os limites da visão individual. Pensamento Sistêmico Reflete o pensamento voltado para o todo, ou seja, nenhuma ação é empreendida sem considerarmos seu impacto para as outras áreas da organização e da sociedade. Consultoria em Recursos Humanos 45 Essas cinco disciplinas são programas permanentes de estudo e prática, que levam ao aprendizado organizacional e continuam as mesmas, porque o que importa é adquirir as capacidades fundamentais para organização. Para Senge no livro A Dança das Mudanças (2000), as organizações que aprendem são mais flexíveis, adaptáveis e mais competitivas, na medida em que aprendem mais rápido que os seus concorrentes. A Educação corporativa exige uma associação da gestão do conhecimento com a gestão por competências. Apesar da Universidade Corporativa ser uma unidade da organização coordenada para ações voltadas para a educação corporativa outras práticas auxiliam no treinamento e desenvolvimento. Podemos citar o coaching, mentoring dentro outras ações. Vamos a uma conceituação e um aprofundamento sobre as Universidades Corporativas? Podemos definir o conceito de Universidade Corporativa como sendo uma entidade dentro da organização encarregue de proporcionar aos seus empregados às competências e entendimento que estes necessitam para ajudar a organização a atingir os seus objetivos de negócio (a médio e longo prazo). É mais abrangente e estrategicamente focada que a tradicional função de treino e desenvolvimento, com uma ligação direta e orientada para os objetivos da organização e, dessa forma, de maior abrangência e mais estratégica (WHEELER e CLEGG, 2005). A empresa General Electric (GE), dos Estados Unidos, na metade do século XX transformou o seu setor de recursos humanos e treinamento em uma nova organização que daria origem à Universidade Corporativa. A partir deste momento, as Empresas enxergaram que a educação corporativa era um ativo estratégico no desenvolvimento do capital intelectual com vistas a gestão do conhecimento. O movimento, inicialmente de origem americana, foi ganhando terreno em outros países e continentes, iniciando-se na América e passando sucessivamente para a Europa, Ásia e Oceania. Nos Estados Unidos, as universidades corporativas já totalizam mais de 2.000 iniciativas. General Electric, Ford, Disney, Oracle, Motorola e Xerox são pioneiras na utilização desse conceito. Segundo Tarapanoff (2006, p. 1219): “A universidade corporativa surgiu como um desdobramento ou aprofundamento das atividades de treinamento dos Departamentos de Recursos Humanos nas empresas. Sendo que no início, ela era Consultoria em Recursos Humanos 46 um pouco mais do que centros destinados a melhorar as habilidades dos seus técnicos. Após os anos 80, passou-se a ter como características principais uma estrutura mais horizontalizada e flexível, com tomada de decisão descentralizada (opondo-se a estruturas organizacionais rígidas). A consequência foi a guinada de foco para o desenvolvimento das capacidades individuais de forma contínua, de modo a manter útil e eficiente o seu capital intelectual”. Para Eboli (1999), as empresas que estão adotando as UC´s buscam sistemas educacionais que privilegiem o desenvolvimento de atitudes, posturas e habilidades, além dos conhecimentos técnicos e instrumentais. Afirma ainda a autora que as experiências mais bem sucedidas nessa área envolvem parcerias com instituições de ensino superior que podem, de alguma maneira, agregar valor com conhecimentos críticos ao negócio. A Universidade Corporativa reforça os “valores” e melhora a “imagem interna e externa” da organização de treinamento existente anteriormente na empresa, subordinando a função da aprendizagem organizacional diretamente à presidência da empresa. Um dos princípios da Universidade Corporativa é treinar a cadeia de valor e parceiros, incluindo clientes, distribuidores, fornecedores. CHOO (2003) afirma que aprendizagem também se dá através de alianças, as chamadas “Knowledge linking” (clientes, fornecedores, distribuidores, fontes de informação etc). As organizações que trabalham sua aprendizagem aliada a UC fornecem aos seus parceiros uma oportunidade de discussão, treinamento e descoberta de outras formas de aprendizagem organizacional. Segundo Eboli (2004) os principais problemas e desafios das Universidades Corporativas no Brasil são: Criar uma conexão entre Educação Corporativa e Gestão do Conhecimento; Estender as ações educacionais aos demais públicos (cadeia produtiva e comunidade); Mensurar adequadamente os resultados obtidos; Promover o envolvimento da média / alta gerência; Promover o envolvimento dos stakeholders. Consultoria em Recursos Humanos 47 O principal ponto para que a educação corporativa atinja seus objetivos é criar uma cultura de educação permanente e contínua. Eboli (2004) ressalta que “ devem-se criar um ambiente e uma cultura empresarial cujos os princípios e valores disseminados sejam propícios a processos de aprendizagem ativa e contínua, a qual favoreçaa formação e a atuação de lideranças exemplares e educadoras que aceitem, vivenciem e pratiquem a cultura empresarial e assim despertem e estimulem nas pessoas a postura do autodesenvolvimento. ” b) Análise das lacunas do conhecimento Toda organização é pautada em uma missão e em objetivos estratégicos e esses objetivos estão entrelaçados com a visão da empresa. A organização precisa saber qual o conhecimento ela precisa criar ou assimilar para alcançar seus objetivos, é necessário fazer um levantamento de quais lacunas devem ser preenchidas para que o conhecimento seja realmente significativo para o êxito de seus planos. A primeira pergunta é: Na nossa organização o que precisamos aprender? O que sabemos? Blake e Mouton (1972) desenvolveram uma Grade Gerencial relacionando o conhecimento e a liderança. Na concepção de Blake e Mouton é recomentado níveis de treinamento para os gerentes de forma que eles avancem de um nível inferior para níveis superiores. Para que eles cheguem a níveis superiores são selecionadas técnicas de treinamento que preenchem as lacunas a serem aprendidas. Existe uma graduação no qual o equilíbrio está por volta de 5.5 e o nível superior e desejável está em 9.9. Eles deram nomenclaturas para os diversos níveis, que são chamados de Grids: Grid 1.1 – Gerência Empobrecida: demonstra que o líder não se preocupa com sua equipe e com as tarefas a serem realizadas. Grid 1.9 – Clube de Campo: Neste nível o líder se preocupa em atingir níveis de qualidade de vida no trabalho de seus subordinados, mas não há uma ação assertiva para que as tarefas sejam realizadas subordinados. Grid 5.5 – Moderada: Seria um ponto de equilíbrio no qual o líder preocupa-se tanto com os subordinados quanto com a execução das tarefas. Consultoria em Recursos Humanos 48 Grid 9.9 – Equipe: Trata-se de uma gerência de êxito, tarefas cumpridas com eficiência e uma equipe envolvida. Figura 3: Grade Gerencial Blake, Mouton (1972) Quando a empresa reconhece as lacunas em seu conhecimento e habilidades, ela sabe por onde começar a adquirir e desenvolver o conhecimento. (Probst, Raub e Romhardt (2002, p. 87-88). Os mesmos autores indicam algumas barreiras que podem gerar lacunas de conhecimento: barreiras ao uso do conhecimento, cegueira organizacional e barreiras culturais. No caso das barreiras ao uso do conhecimento, muitas pessoas não têm preparo para utilizar o novo conhecimento ou por temerem o novo ou por estarem ancoradas em conceitos antigos e com medo de perderem o status que tem dentro da organização. Consultoria em Recursos Humanos 49 A cegueira organizacional é quando nos agarramos no que já conhecemos e não queremos alterar os processos por eles já estarem familiarizados com os mesmos. As barreiras culturais estão ligadas com a cultura organizacional, quando encaramos o novo, estamos nos pondo em situações de vulnerabilidade. O que importa é que uma liderança forte e pautada no espírito de equipe consegue desatar os nós e transformar o conhecimento e a cultura organizacional em prol de uma organização que aprende. c) Mapeamento por competências Vamos falar um pouco sobre competência? O que vem a ser competência? A competência do indivíduo não pode se reduzir a um estado em que se encontra, não é apenas um conhecimento específico. Le Boterf (1995) entende que a competência é dividida em eixos: A biografia do indivíduo e sua socialização; A formação educacional do indivíduo; Experiência profissional. Competência é um saber agir responsável e que é reconhecido pelos outros. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado. O mapeamento de lacunas do conhecimento junta-se ao mapeamento de competências para fortalecer o principal ativo da empresa que é o capital intelectual e a gestão do conhecimento. A competência está associada ao melhor aproveitamento do conhecimento, juntando-se a aptidão e a capacidade de realizar a qual chamamos de habilidade com a pitada final que é a atitude. Sem atitude nada se realiza, ter postura e saber como e quando agir são fundamentais. Gramigna (2007) destaca em sua obra 15 competências que ele define como competências de suporte: Consultoria em Recursos Humanos 50 Tabela 3 : Competências de Suporte (Gramigna,2007) COMPETÊNCIA DE SUPORTE O QUE É Autodesenvolvimento e Gestão do Conhecimento Capacidade de aceitar as próprias necessidades de desenvolvimento e investir tempo e energia no aprendizado contínuo. Adaptação e flexibilidade Habilidade para adaptar-se oportunamente às diferentes exigências do meio, sendo capaz de rever sua postura diante de novas realidades. Capacidade Empreendedora Facilidade para identificar novas oportunidades de ação e capacidade para propor e implantar soluções aos problemas e necessidades que se apresentam, de forma assertiva e adequada ao contexto. Capacidade Negocial Capacidade para se expressar e ouvir, buscando equilíbrio e soluções satisfatórias nas propostas apresentadas pelas partes. Comunicação e Interação Capacidade para interagir com as pessoas, apresentando facilidade para ouvir, processar e compreender a mensagem. Facilidade para transmitir e argumentar com coerência e clareza, promovendo feedback sempre que necessário. Criatividade e Inovação Capacidade para conceber soluções inovadoras, viáveis e adequadas para situações apresentadas. Cultura da qualidade Postura orientada para a busca contínua da satisfação das necessidades e superação das expectativas dos clientes internos e externos Liderança Capacidade para catalisar os esforços grupais de forma a atingir ou superar os objetivos organizacionais, estabelecendo um clima motivador, a formação de parcerias e estimulando o desenvolvimento de equipe. Motivação e energia para o trabalho Capacidade de mostrar interesse pelas atividades que vai executar, tomando iniciativas e mantendo atitude e disponibilidade. Orientação para resultados Capacidade de trabalhar sob a orientação de objetivos e metas, focando nos resultados a alcançar. Planejamento e organização Capacidade para planejar as ações para o trabalho, atingindo resultados por meio de prioridades, metas tangíveis, mensuráveis e dentro de critérios de desempenho válidos. Relacionamento Interpessoal Habilidade para interagir com as pessoas de forma empática inclusive diante de situações conflitantes, demonstrando atitudes assertivas, comportamento maduro e não combativo. Tomada de Decisão Capacidade para selecionar alternativas de forma sistematizada e perspicaz, obtendo e implantando soluções adequadas diante de problemas identificados, considerando limites e riscos. Trabalho em equipe Capacidade para desenvolver ações compartilhadas, catalisando esforços por meio da cooperação mútua. Visão sistêmica Capacidade para perceber a interação e a interdependência das partes que compõem o todo , visualizando tendências e possíveis ações capazes de influências o futuro. Consultoria em Recursos Humanos 51 O mapeamento por competência é uma complementação da educação corporativa e a análise de lacunas de conhecimento, as três quando aliadas auxiliam a gestão estratégica do conhecimento com foco no capital humano. BALANCED SCORECARD – Uma ferramenta estratégica para o Conhecimento Quando falamos em Gestão do Conhecimento estamos relacionando atividades que vão desde a geração e identificação do conhecimento até sua transferência. As ferramentas de Gestão do Conhecimento auxiliam no processo de coleta e estruturação do conhecimento de acordo com cada grupo que é inserido. Balanced Scorecard (BSC) foi desenvolvida pelos professores da Harvard Business School Robert Kaplan e David Norton. O BSC é uma metodologia que consegue medir o desempenho organizacional e temcomo diferencial quando comparada a outras ferramentas a estruturação de objetivos estratégicos e os indicadores associados em quatro perspectivas. O BSC consegue construir um relacionamento entre os objetivos estratégicos através de uma relação de causa e efeito. A origem do BSC está ligada à importância do capital intelectual nas organizações. As quatro perspectivas relacionadas ao BSC são: financeira, clientes, processos internos de negócios e aprendizado e crescimento. Norton e Kaplan propuseram um modelo no qual a iniciativa de investimento no aprendizado e crescimento produzem efeitos sobre as iniciativas de processos internos impactando nas iniciativas voltadas aos clientes, que, por fim, refletem-se nos objetivos financeiros. Tudo isso, é claro, alinhado à visão e à missão da organização. (CARVALHO , 2012) O BSC reflete o equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazos, entre medidas financeiras e não financeiras, entre indicadores de tendências (leading) e ocorrências (lagging) e, ainda, entre as perspectivas interna e externa de desempenho. Consultoria em Recursos Humanos 52 Figura 5: As quatro perspectivas do BSC Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton, Balanced Scorecard Collaborative, 1999 O BSC é um modelo de gestão estratégica que consegue auxiliar na clarificação dos progressos das organizações e as metas a longo prazo. Para isso, utiliza-se de indicadores dentro de quatro perspectivas. O quadro apresentado na figura 5, quando aplicado consegue esboçar um resumo do conceito do BSC que deverá ser aplicado a posteriori para que se atinja os objetivos planejados estrategicamente. Consultoria em Recursos Humanos 53 Inicialmente o BSC foi considerado apenas como um sistema de medição de desempenho, mas posteriormente as organizações enxergaram que ele tinha um potencial para fazer o acompanhamento estratégico nas organizações. Johnsen (2001) afirma que esta ferramenta além de fazer a tradução da estratégia em indicadores, permite a comunicação desta estratégia a todos os envolvidos. Segundo Kaplan e Norton (2001), os principais objetivos do BSC são: Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia: elaboração de um diagrama que aponte a relação causa-efeito das quatro perspectivas: financeira, clientes, processos internos e da aprendizagem e do crescimento; Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas: divulgar a todos os funcionários os objetivos que a empresa necessita alcançar para que obtenha êxito no negócio; Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas: estabelecer objetivos precisos para a empresa com três a cinco anos de antecedência, que, se alcançados, implementarão mudanças significativas. Isso permite que a empresa: i) quantifique os resultados que pretende alcançar a longo prazo; ii) identifique mecanismos e forneça recursos para que os resultados sejam alcançados; iii) estabeleça referenciais de curto prazo para as medidas financeiras e não financeiras do BSC; Melhorar o feedback e a aprendizagem estratégica: criar instrumentos para a aprendizagem organizacional a nível executivo. CHIAVENATO(2008) afirma que no planejamento estratégico o único integrante inteligente é o elemento humano, sendo o cérebro da organização e o responsável pelas principais tomadas de decisões da empresa. Desta forma o autor considera as pessoas como fonte importante da estratégia organizacional e destaca a importância da elaboração de uma estratégia de recursos humanos alinhada com o planejamento estratégico organizacional. BANCALEIRO (2006) ressalta que o Balanced Scorecard não é um conjunto de indicadores de recursos humano e sim uma nova forma de lidar com os recursos humanos. O profissional da gestão de pessoas tem de possuir um papel estratégico Consultoria em Recursos Humanos 54 na organização, sem o qual não será capaz de fazer a ligação entre o plano estratégico de recursos humanos e o plano estratégico global da empresa. O Balanced Scorecard voltado para o RH pode ser considerado como um sistema de avaliação para a redefinição do papel dos Recursos Humanos como um parceiro estratégico. Agora que já entendemos os conceitos relacionados à Gestão de Pessoas e a gestão do conhecimento com foco no Capital Intelectual já podemos partir para a próxima etapa que é a Consultoria. Vamos aprofundar os conceitos relacionados a consultoria e ao papel do consultor voltado para os recursos humanos. Dica Para saber mais sobre o Balanced Scorecard e a atuação do RH acesse a entrevista dada por um Consultor a revistas RH.COM Acesse o link: http://www.rh.com.br/Portal/Desempenho/Entrevista/3509/a-atuacao-do-rh-diante- do-balanced-scorecard.html É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Consultoria em Recursos Humanos 55 Exercícios – Unidade 2 1. Em relação à gestão do conhecimento, analise as assertivas abaixo: I) No processo corporativo de aprendizagem, o conhecimento tácito do colaborador, por ser subjetivo, complexo e pessoal, deve ser substituído pelo conhecimento explícito, que se caracteriza por ser formal, sistemático e de fácil transmissão. II) O conhecimento tácito é pessoal, específico ao contexto e de difícil formulação e comunicação; o conhecimento explícito, por sua vez, é transmitido em linguagem formal e sistemática, propiciando ao indivíduo a apreensão de fatos. III) As organizações de aprendizagem são aquelas que estimulam a aprendizagem da organização e o conhecimento organizacional; Assinale a alternativa correta: a) As assertivas I, II e III são Verdadeiras. b) Somente as assertivas I e II são verdadeiras c) Somente as assertivas I e IIII são verdadeiras. d) Somente a assertiva I é verdadeiras. e) Somente a Assertiva III é verdadeira. 2. Aprendizagem Organizacional é um meio de gerar resultados envolve aprendizagem e motivação individual. É necessária uma gestão mudança para que as pessoas compartilhem e transfiram conhecimento. Peter Senge descreveu cinco disciplinas que constituem os elementos principais de uma organização que aprende. Assinale a opção cujo conceito da disciplina está incorreto. Consultoria em Recursos Humanos 56 a) Pensamento Sistêmico: Reflete o pensamento voltado para o todo, ou seja, nenhuma ação é empreendida sem considerarmos seu impacto para as outras áreas da organização e da sociedade. b) Domínio Pessoal: Faz com que as pessoas se considerem capazes de gerar novas formas de obter resultados de aprendizagem para si, para sua equipe e para a organização, além de conferir aos indivíduos a automotivação necessária para aprender continuamente. c) Modelos Mentais: Trabalham com questões já sedimentadas e não dão espaço à experimentação. d) Visão Compartilhada: A busca do aprendizado está conectada à visão e às estratégias da organização. e) Aprendizado em Equipe: Permite superar os limites da visão individual. 3. Em relação ao papel das Universidades Corporativas, analise as assertivas abaixo: I) Um programa ou ação de treinamento de pessoas pode integrar a política de educação corporativa caso tenha sido precedido por uma iniciativa de levantamento de necessidades que tenha articulado as demandas de aprendizagem dos funcionários com as diretrizes processuais e estratégicas da organização. II) O foco das universidades corporativas no que se refere à capacitação de pessoas é aprimorar a educação formal, visando preparar profissionais especializados para ocuparem cargos ou funções. III) Um dos princípios da Universidade Corporativa é treinar a cadeia de valor e parceiros, incluindo clientes, distribuidores, fornecedores. Assinale a alternativa correta: a) As assertivas I, II e III são
Compartilhar