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DIREITO CONTRATUAL - 01 07 2023


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COMPRA E VENDA E DOAÇÃO
8. (DOAÇÃO). Com base na doutrina e na jurisprudência, é possível a figura da promessa de doação? Fundamente, expondo as duas correntes existentes sobre o tema e a opinião do grupo. 
RESPOSTA:
A promessa de doação caracteriza mera expectativa de direito, não o direito adquirido, de tal modo que existe divergências tanta na doutrina quanto na jurisprudência (entendimento dos tribunais). Visto que o entendimento majoritário é de que de fato, não existe a promessa de doação, com a justificativa de que se eu prometer que determinado ato será executado, acabo por gerar uma obrigação. E vale ressaltar que, doação não é obrigação.
O entendimento é também de que a exigibilidade de determinado cumprimento de maneira coercitiva de promessa de doação dependerá diretamente da situação de fato a que se encontra vinculada, se considerarmos que a natureza do contrato preliminar da promessa de doação, conforme disposto no Código Civil em seu artigo 463¹, há de se entender que os requisitos constantes na promessa são essenciais ao futuro contrato de doação a ser celebrado, de modo que a outra parte poderá exigir a celebração de um contrato definitivo.
Visando a exceção ao entendimento majoritário, poderia haver a promessa de doação na hipótese exclusiva de doação com encargo (mediante encargo); nesses casos o encargo justificaria a execução forçada, porém, exclusivamente na parcela referente a liberalidade que corresponde ao valor do encargo propriamente dito, sem nenhum ponto a ser acrescentado. Ocorrem ainda, entendimentos que são diferenciados relativos à promessa de doação, os quais são formulados e homologados em juízo, de tal modo que ocorrem especialmente nos processos de separação judicial ou de divórcio litigioso; ocasião essas em que o casal se compromete a efetivas a doação de parte do patrimônio aos filhos, ou até mesmo, por vezes, de um ao outro, como forma de compensação da divisão do patrimônio comum, sempre, claro, respeitando o regime de bens.
O posicionamento jurisprudencial predominante no STF (Supremo Tribunal Federal), indica que não reconhece efeitos à promessa de doação, argumentando em defesa de que a execução não coexiste com liberdade, de tal modo, que gera uma obrigação a parte que aquele recebe, sendo assim, extinta essa “pseudo” promessa de doação; um bom exemplo é de que: “um pagamento de doação nunca poderá ser cobrado e/ou executado judicialmente, visto que deixaria de ser uma doação e se tornaria uma obrigação”. 
Portanto, de fato, no ordenamento jurídico brasileiro não é possível identificarmos de maneira formal a promessa de doação, porém, a mesma não é vedada perante nenhum órgão, sendo assim, essa não viola nenhum princípio de nosso ordenamento jurídico, podendo até mesmo ser fundamentada como um costume da população, gerando assim, eficácia entre as partes que ali acordaram. Os entendimentos doutrinários possuem diversos posicionamentos com fundamentos sólidos e firmes sobre o tema. A promessa de doação é entrada costumeiramente nos processos de divórcio e dissolução de união estável. 
Na minha opinião, a promessa de doação existe, porém, conforme retromencionado, está não pode gerar nenhum ônus e/ou obrigação a parte contrária. Mas, existe através dos costumes, não infringe e/ou invalida nenhuma outra norma vigente em nosso ordenamento e pode ser aplicada, gerando efeito entre as partes que ali se encontram.
¹ Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.