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ESTRUTURA DAS BACTÉRIAS A maioria das bactérias pode ser classificada como Gram-positivas ou Gram-negativas, dependendo de mudarem ou não de coloração quando sujeitas à técnica de Gram. Essa coloração reflete as diferenças fundamentais na estrutura da parede celular das bactérias e tem implicações importantes para a ação dos antibióticos. A parede celular dos organismos Gram-positivos é uma estrutura relativamente simples Essa camada fortemente polarizada influencia a penetração de moléculas ionizadas e favorece a penetração, na célula, de compostos com carga positiva, como a estreptomicina. Parede celular de organismos Gram- negativos é muito mais complexa e consiste no seguinte (a partir da membrana plasmática): I: Um espaço periplásmico que contém enzimas e outros compostos. II: Uma camada de peptidoglicano que, com frequência, está ligada por lipoproteínas à camada externa. III: Uma membrana externa constituída por uma camada dupla lipídica, em alguns aspectos semelhante à membrana plasmática IV: Outras proteínas formam canais aquosos transmembranares, denominados porinas, através dos quais os antibióticos hidrofílicos podem movimentar-se livremente. V: Polissacarídeos complexos que formam compostos importantes da membrana externa. Diferem entre espécies de bactérias e são os principais determinantes de seu potencial antigênico. Também são fonte de endotoxinas, que, quando aplicadas in vivo, incitam vários aspectos da resposta inflamatória ao ativar o complemento e as citocinas, causando febre, entre outros sintomas. A dificuldade em penetrar essa membrana exterior complexa explica o porquê de alguns antibióticos serem menos ativos contra bactérias Gram- negativas do que em bactérias Gram- positivas. É também uma razão para a extraordinária resistência aos antibióticos, demonstrada pela Pseudomonas aeruginosa, exemplo de bactéria gram-negativa BETA LACTÂMICOS E PRINCÍPIOS DA ANTIBIOTICOTERAPIA CARACTERÍSTICAS GERAIS E ALVOS DOS ANTIBIÓTICOS Os antibióticos, a fim de interferirem menos nas células próprias do organismo humano, precisa ter uma seletividade alta à estrutura bacteriana. Assim, eles possuem os seguintes possíveis alvos: PAREDE CELULAR BACTERIANA A parede celular bacteriana é uma malha permeável que impede a entrada excessiva de água na célula, seguida de seu inchaço e lise. Assim, fármacos que atuam nesta são considerados bactericidas e tendem a ser altamente seletivos PRODUÇÃO PROTEÍCA BACTERIANA Alguns antibióticos são capazes de interromper a produção de proteínas, e outros de causarem à formação de proteínas anômalas, a partir da troca de aminoácidos, quando atuam nos ribossomos. Aqueles são considerados bacteriostáticos e, estes, bactericidas, já que levam à formação de emaranhados que matam, verdadeiramente, a célula DNA E RNA POLIMERASE BACTERIANA Antibióticos que interferem na DNA polimerase bacteriana são considerados bacteriostáticos, uma vez que apenas impedem a duplicação do DNA, mas não matam efetivamente a bactéria; Semelhantemente, aqueles que interferem na RNA polimerase, são considerados, também, bacteriostáticos, já que apenas impedem a produção de proteína ERGOSTEROL Existem antibióticos, a exemplo da clorexidina, que atuam sob o ergosterol, substância produzida pelas bactérias na membrana. Na maioria das vezes, estes perfuram a parede das bactérias, já que se ligam fortemente ao ergosterol e formam um poro, por onde extravasa íons. Isto leva, após, à lise bacteriana PRODUÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO As sulfonamidas podem interferir na reação bacteriana de síntese de ácido fólico, essencial à vida deste ser, bloqueando-a. Assim, ao fazé-lo, levam à lise bacteriana. Isso não tem efeito nas células humanas, pois não possuímos esse mecanismo ANTIBIÓTICOS BETA- LACTÂMICOS São antibióticos que inibem a produção de enzimas relacionadas à parede celular bacteriana As penicilinas são os exemplos mais importantes aqui ressaltados PENICILINAS As penicilinas, frequentemente combinadas com outros antibióticos, mantêm importância crucial na quimioterapia antibacteriana, mas podem ser destruídas por enzimas amidases e β-lactamases. Isso representa a base de um dos principais tipos de resistência aos antibióticos. MECANISMO DE AÇÃO Todos os antibióticos beta-lactâmicos interferem na síntese do peptidoglicano. Depois de se fixarem às proteínas de ligação à penicilina nas bactérias, inibem as transpeptidases que cruzam as cadeias peptídicas ligadas à estrutura do peptidoglicano. Isto impede a incorporação de novos monômeros na parede, de forma que, quando esta é fragilizada à suposta replicação da bactéria, não há estruturação adequada desta A ação bactericida final é a inativação de um inibidor de enzimas autolíticas na parede celular, provocando a lise da bactéria. Alguns organismos, referenciados como “tolerantes”, possuem enzimas autolíticas deficientes, razão pela qual não ocorre a lise em resposta ao fármaco TIPOS DE PENICILINA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA Grupo 1: Penicilinas sensíveis à Penicilinases São eficazes contra cocos gram positivos e não possuem boa ação às negativas, já que os medicamentos são polares e que estas possuem uma membrana externa à parede bacteriana EX: Benzilpenicilina ou Penicilina G (benzatina, que não pode ser administrada IV, somente IM; e Procaína, que, por ser cristalina, é IV) EX: Fenoximetilpenicilina ou Penicilina V Grupo 2: Penicilinas que resistem à Penicilinases São eficazes contra cocos gram positivos e resistem a Penicilinases (substâncias produzidas pelas bactérias capazes de quebrar e inativar a Penicilina), também chamadas de beta- lactamases, sobretudo à produzida pelo Staphylococcus aureus Elas devem ser usadas de forma restrita para o tratamento de infecções que sejam provavelmente ou comprovadamente causadas por estafilococos que elaboram a enzima OBS: O grupo MRSA, que são resistentes a esse grupo, e a chegada de Cefalosporinas, que possuem boas propriedades bacterianas, explicam a diminuição do uso desse grupo EX: Meticilina, Oxacilina e Cloxacilina I: Meticilina II: Oxacilina III: Nafcilina Grupo 3: Aminopenicilinas São capazes de atravessarem as porinas, e conseguem, portanto, entrar na membrana externa das bactérias gram negativas, sendo eficazes contra elas, especialmente Haemophilus influenzae e Escherichia EX: Amoxicilina (mais popular, que compreende a maior parte das gram negativas e que possui a maior repercussão para TGI por isto) e Ampicilina OBS: Pode-se associar a bloqueadores de beta-lactamase (penicilinases), para impedir a resistência bacteriana através da inativação da penicilina OBS: Elas possuem lipossolubilidade ruim e meia vida baixa OBS: Tratamento para a meningite é, basicamente, as cefalosporinas, pois estas possuem alta capacidade de adentrar o tecido cerebral Grupo 4: Penicilinas de Espectro Ampliado São de alto espectro, mas são usados apenas para o grupo de Pseudomonas EX: Ticarcilina; Azlocilina e Carbenicilina OBS: Elas não são excretadas para fora da bactéria; e possuem o uso restrito pelo seu alto preço, assim, são muito combinadas com substâncias que aumentam o tempo de meia vida do atb OBS: Pseudomonas causam infecções oportunistas muito graves, e há correlação com produção de enzimas necrosantes Logo As diferenças na sensibilidade das bactérias Gram-positivas e negativas às várias penicilinas depende, portanto, de diferenças estruturais como: quantidade de peptoglicano, presença de receptores, poros e lipídeos, atividade das enzimas autolíticas, etc ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS A absorção oral das penicilinas varia, dependendo de sua estabilidade emmeio ácido e de sua adsorção às partículas alimentares no intestino. A penicilina G é muito pouco absorvida por essa via, porém todas as outras podem ser administradas por meio de tal As penicilinas também podem ser administradas através de injeção intravenosa. Também existem compostos para injeções intramusculares, incluindo compostos de ação prolongada como a benzilpenicilina benzatínica, que se revela útil no tratamento de sífilis As penicilinas são amplamente distribuídas pelo corpo, penetrando nas articulações; nas cavidades pleural e pericárdica; na bílis, saliva e leite; e através da placenta. A eliminação da maior parte das penicilinas ocorre rápida e majoritariamente nos rins, sendo 90% através de secreção tubular. É também excretada no catarro e no leite, atingindo níveis de 3-15% em relação aos do soro. A meia-vida plasmática relativamente curta (30-60min) é um problema no uso clínico da benzilpenicilina, mas, como a penicilina funciona ao impedir a síntese da parede celular em organismos, a exposição intermitente e não contínua pode ser uma vantagem OBS: Não há metabolismo hepático importante às penicilinas; uma vez que possuem características polares, são facilmente excretadas pelo rim OBS: O uso de probenicida pode ser realizado a fim de se aumentar o tempo de meia vida das penicilinas, já que esta interfere nas bombas de exclusão do tubo proximal, bloqueando-as EFEITOS ADVERSOS As penicilinas estão relativamente isentas de efeitos tóxicos diretos (exceto as convulsões quando administradas por via intratecal). Os efeitos adversos principais são hipersensibilidade causada pelos compostos degradáveis da penicilina, que se combinam com as proteínas do hospedeiro e se tornam antigênicos. Erupções cutâneas e febre são comuns; um tipo tardio de doença do soro ocorre raramente. Muito mais grave é o choque anafilático agudo, que pode, embora raro, ser fatal. Quando as penicilinas são administradas oralmente, em especial as de amplo espectro, alteram a flora bacteriana do intestino. Isso pode estar associado a distúrbios gastrointestinais e, em alguns casos, a suprainfecções através de outros microrganismos resistentes à penicilina, provocando problemas como a colite pseudomembranosa ÁCIDO CLAVULÂNICO Inibe as exoenzimas mediadas por plasmídios de estafilococos e betalactamases de várias bactérias gram-negativas. O Sulbactam e o tazobactam também são inibidores da beta-lactamase. Ele não é administrado junto ao Grupo 2 das Penicilinas, visto que este já é resistente à degradação pelas penicilinases As associações mais empregadas são: Amoxicilina e Clavulanato; Ampicilina e Sulbactam; Piperacilina e Tazobactam OBS: A Piperacilina é utilizada contra Pseudomonas CARBAPENENS E MONOBACTÂMICOS Semi-sintéticos, originados inicialmente da substancia chamada tienamicina, produzida pelo fungo Streptomyces cattleya O imipenem é o representante mais comum da classe do carbapenens. Apresenta espectro de ação amplo, atingindo Gram positivos e negativos, anaeróbicos e aeróbicos. É resistente a maioria das beta-lactamases. O imipenem é degradado por enzimas renais. Pode se usar cilastatina (inibidor da dehidropeptidase) para aumentar sua meia-vida. Meropenem é similar ao imipenem, porém não é degradado no rim. Eles são muito utilizados em infecções por 2 agentes simultâneos e por infecções cujo agente não foi identificado Os Monobactâmicos (aztreonan) é resistente a maioria das beta- lactamases e mostra-se ativo apenas contra bastonetes aeróbicos Gram- negativos, incluindo as pseudomonas. Normalmente não apresentam reações alérgicas semelhantes às penicilinas. RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS A resistência de um microorganismo a um antimicrobiano pode ser natural (maioria das gram negativas à Penicilina G) ou adquirida (desenvolvida a partir de mecanismos de seleção, a exemplo do Staphyloccocus perante à Penicilina) DETERMINANTES CROMOSSÔMICOS MUTAÇÕES Podem ser benéficas à bactéria, de forma a torná-la resistente ao antibiótico por vários meios: produção de penicilinases, que inativam o antibiótico; formação de bomba de extrusão, comum às gram negativas, que jogam o antibiótico para fora e inviabilizam a ação deste; bloqueio de transportadores, de forma a inviabilizar a entrada do antibiótico; e mutação de enzimas alvos dos antibióticos Assim, há seleção das espécies resistentes. Com o maior e mais frequente uso de antibiótico, maiores as chances de resistência bacteriana Ainda, as mutações podem ser transferidas para outras bactérias, sejam estas da mesma espécie ou de espécies diferentes, e incorporadas ao genoma de tais, por meio de 3 mecanismos possíveis: Conjugação É a principal maneira de transferência mutacional, por meio da qual ocorre o compartilhamento do material genético entre a mesma espécie ou entre espécies distintas, a partir do plasmídio (secção circular de DNA bacteriano, cujo conteúdo são os genes desta) Isto pode ser realizado a partir da transferência de plasmídio à outra bactéria por meio de um pile sexual Transformação Ocorre a incorporação de material genético externo à célula para dentro da bactéria Isso ocorre, normalmente, durante o processo de duplicação da bactéria Transdução O material genético viral é incorporado dentro do DNA bacteriano, para que este produza proteínas e RNAm virais na bactéria. Após as “replicações” do vírus eclodirem, elas saem e entram em outras bactérias É um mecanismo bacteriófago, já que não há morte da bactéria MECANISMOS DE RESISTÊNCIA ÀS PENICILINAS I: Produção de beta-lactamases Estafilicocos e Gram negativas como S. aureus, H. influenzae , M. catarrhalis, Klebsiella spp II: Redução da permeabilidade na parede celular ou, em gram negativos, na membrana celular externa III: Alteração das proteínas de ligação a penicilinas
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