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Sarah Lima Campos - @papirando 7º período medicina - ITPAC
Sepse
“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba” (João Guimarães Rosa)
BIZU!
SEPSE
Triagem Prognóstico
quick SOFA (CPF sister)
Parâmetro Valor
Nível de consciência <15
PAS ≤ 100
FR ≥ 22
CPF SISTER
> 2 pontos: critério positivo
SOFA
Aumento de 2 pontos no SOFA
Classificação Manejo
Utiliza o Sepsis-3 (2016)
1ª hora - ECA! Vi um dragão
Exames laboratoriais = Hemograma, Gasometria
arterial; Bilirrubina total; Lactato arterial; Creatinina
Culturas = em 2 sítios diferentes
Antibióticos = amplo espectro
Volume = cristaloide 30ml/kg
Drogas vasoativas = Norepinefrina
Paciente precisa de UTI?
• vaga deve sair em até 6 horas
6ª hora – Pacote de reavaliação das 6h
Avaliar se tem choque séptico após medidas da 1ª
hora
Hipoperfusão (PAM˂ 65 mmHg)
Lactato arterial (>2 mmol/L)
Oligúria < 0.5ml/kg/h
Medida da PVC (Alvo: 8-12 mmHg)
Ecocardiograma
Resposta com elevação de MMII
Mensuração de SVCO2
Transfundir se sinais de hipoperfusão
Lactato
Não tem coração (FC)
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SEPSE
O que é sepse? Resposta inflamatória exacerbada e deletéria do hospedeiro frente a uma infecção
adquirida na comunidade ou no ambiente hospitalar.
O que NÃO é sinônimo de sepse?
Febre com leucocitose
Infecção com hipotensão → CHOQUE SÉPTICO
Bacteremia ou infecção de corrente sanguínea
Infecção por microrganismo multirresistente
Infecção de múltiplos órgãos → DIFERENTE DE DISFUNÇÃO DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS
Fatores de risco:
Sexo masculino
Não brancos
Admitidos da comunidade (meningite, pneumonia, celulite, pielonefrite)
Pacientes com bactérias multirresistentes
3 consensos diferentes para definir, classificar e estabelecer condutas principais para a sepse:
1. Sepsis-1 (1991)
2. Sepsis-2 (2012) – criou o escore SOFA
3. Sepsis-3 (2016) – Atual = qSOFA
Escores de triagem para suspeita de sepse
Projetadas para promover a identificação precoce da sepse
Ferramentas usadas para o rastreamento da sepse:
1. Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS)
2. Escore Avaliação Sequencial de Disfunção Orgânica rápida (qSOFA)
3. Escore Avaliação Sequencial de Disfunção Orgânica (SOFA)
4. Escore Nacional de Alerta Precoce (NEWS)
5. Escore Alerta Precoce Modificado (MEWS)
Recomendamos contra o uso de qSOFA em comparação com SIRS, NEWS ou MEWS
como uma única ferramenta de triagem para sepse ou choque séptico. Embora a
presença de um qSOFA positivo deva alertar o médico para a possibilidade de sepse.
quick SOFA
Surgiu em 2016 (Sepsis-3) sendo um critério facilmente aplicável e composto
exclusivamente por variáveis clínicas.
Padrões avaliados:
Parâmetro Valor
Nível de consciência <15
PAS ≤ 100
FR ≥ 22
Não tem coração (FC)
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Sarah Lima Campos - @papirando 7º período medicina - ITPAC
O quick SOFA resolveu o problema dos antigos critérios de SIRS, possuindo maior
especificidade para diagnosticar pacientes com sepse, no entanto às custas de uma
menor sensibilidade (alguns pacientes com sepse, infelizmente, seriam enviados para
casa a partir desse critério). Essa perda de sensibilidade motivou diversas críticas contra
o Sepsis-3 e esse escore.
Resultado
2 pontos: critério positivo
Preditor de mortalidade: paciente c/ 3 pontos tem mais chances de morrer
Escores prognósticos na sepse
SOFA
Objetivo: estimar a mortalidade associada à sepse por meio da análise do grau de disfunção
orgânica desses pacientes
Grau de disfunção orgânica: 0 (sem disfunção) até 4 (disfunção máxima)
Sistemas avaliados: respiratório, hematológico, neurológico, hepático, cardiovascular e renal
Classificação da sepse
Utiliza o Sepsis-3 (2016) no lugar do sepsis-2 (2012)
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Fonte: https://isaem.net/sepsis-3-novas-definicoes-de-sepse/
Manejo da sepse
Pacote de 1ª hora (golden hour): 5 etapas
ECA! Vi um dragão
1) Exames laboratoriais deverão ser coletados para
verificar disfunções orgânicas (incluindo lactato);
2) Culturas deverão ser coletadas, preferencialmente,
antes do início de antibióticos;
3) Antibióticos deverão ser iniciados dentro da
primeira hora de atendimento;
4) Volume deverá ser oferecido a todos os pacientes
com sinais de hipoperfusão;
5) Drogas vasoativas deverão ser consideradas, caso
a hipoperfusão seja mantida
Pacote de 6ª hora
Reavaliar parâmetros perfusionais (incluindo o
clareamento do lactato)
Ver a necessidade de ↑ da expansão volêmica
Ver necessidade de associação de outras classes de
drogas vasoativas
https://isaem.net/sepsis-3-novas-definicoes-de-sepse/
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Sarah Lima Campos - @papirando 7º período medicina - ITPAC
Surviving sepsis campaign 2021
1ª hora - ECA! Vi um dragão
1. Terminar o pacote configurável dentro de 1 hora após o reconhecimento
2. Exames laboratoriais
a) Disfunção Respiratória → Gasometria arterial
b) Disfunção Hematológica → Hemograma
c) Disfunção Hepática → Bilirrubina total
d) Disfunção Cardiovascular → Lactato arterial
e) Disfunção Renal → Creatinina
3. Culturas
a) Coleta de 2 pares de hemoculturas de sítios distintos
2 hemocultura (aeróbio/anaeróbio) do braço esquerdo e 2 do braço direito, totalizando 4 amostras
• Infecção do trato respiratório: cultura de secreção traqueal ou escarro;
• Infecção do trato urinário: uroculturas;
• Infecção gastrointestinal: coprocultura (se diarreia patológica);
• Pele, partes moles, sítio cirúrgico: cultura de abscessos, cultura profunda de sítio incisional etc.
• Artrite séptica: cultura de líquido sinovial;
• Infecção do sistema nervoso central: cultura de LCR
Jamais deveremos solicitar culturas de sítios não estéreis, como culturas da
cavidade oral, pele e trato genital.
4. Antibióticos
a) Antibióticos de largo espectro, via intravenosa
• Staphylocococcus aureus meticilinorresistente (MRSA): tratamento empírico para MRSA logo no início da abordagem
• Gram negativos multi drogarresistentes (MDR): uso de 2 antimicrobianos (ex: meropeném e amicacina)
• Infusão prolongada é melhor que rápida
• Cursos mais curtos de antimicrobianos: procalcitonina para retirar ATB
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5. Volume
a) Sinais de hipoperfusão (3P) OU Lactato arterial acima de 2 x o valor de referência (≥4 mmol/L) =
ressuscitação volêmica
"3Ps" - Pulsos filiformes, Pressão Média < 65 mmHg, Perfusão lentificada
b) Qual a solução?
A estratégia essencial para evitar a lesão renal aguda é garantir a volemia adequada com ressuscitação volêmica, mas
sempre evitando o balanço hídrico excessivamente positivo. O uso precoce de drogas vasoativas pode reduzir o fluxo
pré-renal, piorando a lesão renal aguda, e não deve ser estimulado.
Corticoides: não são rotina! Não é medida de 1ª hora!
Indicação:
• choque séptico quando norepinefrina 0.25mg/kg/min por 4 horas ou mais
• hidrocortisona: 50 a 75mg a cada 6 horas (dose máxima 200 mg por dia)
O QUE ESPERAR DA RESSUSCITAÇÃO INICIAL?
PVC entre 8 e 12 mmHg
PAM ≥ 65 mmHg
Débito urinário ≥ 0,5 ml/kg/h
SVC de 70% ou saturação de oxigênio venosa mista de 65%
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Albumina: • em pacientes que receberam grandes volumes de cristaloides – uso em conjunto liberado
Tempode enchimento capilar: • utilizado como ferramenta a mais • medida de avaliação da ressuscitação
Paciente precisa de UTI? • vaga deve sair em até 6 horas
Procalcitonina: • não usar para introduzir antimicrobianos • pode ser usada para definir momento da retirada
6. Drogas vasoativas
a) Iniciar DV após expansão volêmica adequada se:
PAM ˂ 65 mmHg após expansão volêmica adequada
b) Iniciar DV junto com a expansão volêmica adequada se:
Hipotensão ameaçadora à vida
Não é necessário o uso imediato de um acesso venoso central para a infusão de vasopressores
O problema da sepse é a redução da resistência vascular periférica (RVP), o vasopressor de escolha é aquele com maior
ação vasoconstritora, levando ao aumento da RVP = noradrenalina
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Sarah Lima Campos - @papirando 7º período medicina - ITPAC
6ª hora – Pacote de reavaliação das 6h
Apenas os que apresentarem sinais de choque séptico, lactato inicial acima de 2x o limite superior da normalidade e com
hipoperfusão tecidual. O objetivo desse pacote é hemodinâmico: analisar as condições de volemia do paciente e sua
perfusão tecidual
Para pacientes que apresentem os seguintes achados:
a) Sinais de hipoperfusão diretos ("3Ps" - Pulsos filiformes, "Pressão baixa", Perfusão lentificada)
b) Lactato arterial (>2 mmol/L)
c) Sinais disfuncionais clínicos de má perfusão: oligúria < 0.5ml/kg/h
CHOQUE SÉPTICO
1. Medida da PVC (Alvo: 8-12 mmHg)
Se PAM baixa e PVC < 8 mmHg = pouco volume. Conduta: aumentar cristaloides;
Se PAM baixa e PVC > 12 mmHg = muito volume, provável falha cardíaca. Conduta: considerar dobutamina
2. Ecocardiograma com medida da distensibilidade da veia cava
Se PAM baixa e:
Veia cava c/ alta distensibilidade, ela está "murcha" = pouco volume. Conduta: aumentar cristaloides;
Veia cava c/ baixa distensibilidade, ela está "cheia" = muito volume. Conduta: considerar dobutamina;
3. Resposta com elevação de MMII
↑ de PA com elevação de membros = pouco volume. Conduta: aumentar cristaloides;
Manutenção da PA com elevação de membros = volume normal. Conduta: considerar dobutamina
4. Mensuração de saturação venosa central de O2 (SVCO2)
Referências: ≥ 70% (não-mista) e ≥ 65% (mista)
5. Transfundir se sinais de hipoperfusão
Caso hemoglobina ˂ 7mg/dl
6. Lactato
O que fazemos nos casos com lactato persistentemente reduzido?
↑ as medidas perfusionais (volemia, droga vasoativa ou droga vasoativa inotrópica) e pedimos um novo lactato 6 horas
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Condutas adicionais no manejo inicial da sepse
Aquilo que não deve ser prioridade e aquilo que você não deverá fazer no manejo da sepse
1. CONTROLE GLICÊMICO: objetivo glicemia ˂ 180 mg/dL
2. VENTILAÇÃO PROTETORA: objetivo uma PaO2 entre 70 e 90 mmHg
Baixos volumes correntes (6mL/kg)
Limitando uma pressão de platô durante a ventilação em 30cmH2O
3. NUTRIÇÃO DO PACIENTE COM SEPSE:
Não deixar o paciente instável em jejum e no "soro glicosado"
Oferecer, preferencialmente, dieta enteral conforme tolerância
NÃO UTILIZAR PARA SEPSE
Imunoglobulina intravenosa
Vitamina C
Diálise se ainda não há indicação clara
Bicarbonato apenas se acidose lática
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Conhecimento básico do distúrbio
Fisiopatologia:
Superantígeno
Ag bacteriano
Ligação forte em
receptores de célula T
Geram tempestade de
citocinas
Interleucinas
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Interleucina
pró-inflamatórias
Febre,expansão clonal, vasodilatação, choque, liberação de
quimiocinas, neutrófilos etc
IL1; IL6; IL17; IL8; TNF alfa
Anti-inflamatórias
Efeito proteto
↓ ativação de macrófagos, feedback (-) do TNF alfa
IL - 1O
Complicações da ação exacerbada das IL pró-inflamatória
Intensa vasodilatação de capilares → eventual extravasamento plasmático → redução importante da
resistência vascular periférica (RVP) → pressão arterial é reduzida → hipotensão arterial sistêmica →
aumento da frequência cardíaca → com finalidade do corpo em aumentar o débito cardíaco →
achados clínicos da sepse = taquicardia e hipotensão + acidose metabólica hiperlactêmica →
Taquipneia → respiração de Kussmaul
Complicação pulmonar
SDRA (síndrome do desconforto respiratório do adulto)
PAMPs + DAMPs + citocinas → atingirão os capilares alveolares → ↑ a permeabilidade capilar
→ formação de NETs (armadilhas extracelulares de neutrófilos) → ↑ a pressão do capilar →
↑ permeabilidade → extravasamento de plasma p/ alvéolos → leva ao acúmulo de líquido
interalveolar = achado essencial da SDRA → relação PaO2/FiO2 reduzida (abaixo de 300)
Classificação de Berlim para SDRA é composta por 5 critérios (1 é classificatório):
Complicações cardíacas
Disfunção cardíaca é multifatorial:
1. Disfunção nutricional (causando alterações mitocondriais e estresse oxidativo)
2. Alterações na captação de Ca²+ pelos cardiomiócitos
3. Distúrbio hemodinâmico e pró-trombótico (afetando a micro e a macrocirculação cardíaca)
4. Alteração da via de sinalização β-adrenérgica
Contratilidade cardíaca alterada
↑ Troponina
Injúria miocárdica
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Complicações Renais
Complicações neurológicas
Encefalopatia associada à sepse (ES)
Complicações TGI
Íleo paralítico
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Complicações Hematológicas
Sepse causada por gram-negativos tem maior capacidade de resultar em CIVD
Anemia
Supressão medular por IL-1, IL-6 e TNFα
Anemia iatrogênica devido à coleta excessiva de amostra
Perda oculta de sangue
Redução da absorção de ferro e de seu transporte
Redução na produção de eritropoetina (EPO)
Aumento do sequestro esplênico
Complicações Endócrinas
Tireoidianas, adrenais e pancreáticas
Disfunção adrenal:
↓ secreção de mineralocorticoides e glicocorticoides → intensa vasodilatação → ↓ RVP → ↑
o choque distributivo na sepse.
Tipos:
1ª: por ↓ da perfusão do córtex adrenal pela intensa vasodilatação periférica
2ª: IL-1β e o TNFα inibem a secreção de CRH pelo hipotálamo e do ACTH pela hipófise,
reduzindo o feedback positivo das glândulas adrenais.
Em pacientes com choque refratário com suspeita de insuficiência adrenal, doses baixas
de hidrocortisona mostram-se efetivas na redução do choque e da demanda por drogas
vasoativas
Disfunção pâncreas:
Hiperglicemia
São diversos motivos: ↑ da RVP à insulina e gliconeogênese hepática.
O corpo humano tenta deixar mais energia disponível em uma condição catabólica
como a sepse.