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Prévia do material em texto

INSERÇÃO DO 
AGRONEGÓCIO NO 
MERCADO 
INTERNACIONAL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Descrever a expansão do comércio internacional.
 > Definir o papel do agronegócio brasileiro no comércio internacional.
 > Analisar o agronegócio nos fluxos de investimento direto externo.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os movimentos de expansão do comércio interna-
cional. O comércio internacional diz respeito à série de negociações de compras e 
vendas que países realizam entre si, movimento chamado de balança comercial. 
Você vai conhecer, além disso, o papel do agronegócio brasileiro na expansão do 
comércio internacional. O Brasil tem uma forte vocação na produção de commo-
dities — produtos que funcionam como matéria-prima e são produzidos em larga 
escala, podendo ser estocados, como soja, milho, feijão, entre outros. Destaca-se 
também no País a produção de proteína animal. Por fim, você vai acompanhar 
a inserção do agronegócio brasileiro nos fluxos de investimento direto externo. 
Será abordado o posicionamento do Brasil nos índices internacionais de produ-
ção e como os investimentos são direcionados, principalmente o investimento 
estrangeiro no contexto da produção do agronegócio brasileiro.
A forte expansão 
do comércio 
internacional
Roberto Rodrigues de Souza Júnior
Expansão do comércio internacional
A participação dos países no comércio internacional é um importante indicador 
de desenvolvimento. De acordo como Santos et al. (2016, p. 55) “A relação entre 
comércio internacional e crescimento econômico é foco de análise da teoria 
econômica desde que Adam Smith publicou sua obra seminal em 1776”. Desse 
modo, pode-se tomar como ponto de partida a ideia de que a expansão comercial 
mundial tem relação direta com o relacionamento de compra e venda entre os 
países, ou seja, estamos falando da balança comercial dos países. Quando ocorre 
um crescimento orgânico dos países que fazem o seu dever de casa para manter 
sua balança comercial equilibrada, cresce também o comércio internacional. 
O crescimento notável que a China vem apresentando nos últimos 
anos e o impacto de seu crescimento sobre o comércio mundial e 
sobre a globalização refletem o fato de que as possibilidades de produção de 
um país não permanecem fixas e são estimuladas pelas políticas econômicas 
dos outros países (APPLEYARD; FIELD JR.; COBB, 2010).
Para um país se desenvolver economicamente e aumentar seu Produto 
Interno Bruto (PIB), sua participação junto ao comércio internacional é funda-
mental. De acordo com o IBGE (2020), o PIB representa a soma de tudo que é 
produzido por um país, estado ou sociedade durante um período de um ano. 
Entende-se tudo que é produzido como produtos, bens e serviços. O PIB do 
Brasil em 2019, por exemplo, foi de R$ 7,3 trilhões, enquanto o dos Estados 
Unidos foi de U$ 21,3 trilhões.
O desenvolvimento do comércio internacional parte dos países que devem 
realizar tratados de livre comércio entre si. Essas negociações são conhecidas 
no contexto do comércio internacional como acordos comerciais, que devem 
obedecer às regras definidas em tratados emitidos pela Organização Mundial 
do Comércio (OMC). O maior representante da OMC é um brasileiro, Roberto 
Azevêdo. Como sexto diretor-geral, o seu segundo mandato de quatro anos 
deve se encerrar em 2021. A OMC é a única organização internacional global 
que trata das regras do comércio entre as nações. Em seu cerne estão os 
acordos da OMC, negociados e assinados pela maior parte das nações co-
merciais do mundo e ratificados em seus parlamentos. O objetivo é garantir 
que o comércio flua da maneira mais tranquila, previsível e livre possível. 
Sobre a expansão do comércio internacional em números, observe no 
Quadro 1 a variação em percentual do volume do comércio de mercadorias 
entre os países no período compreendido entre 2015 e 2019, considerando a 
A forte expansão do comércio internacional2
projeção para os anos de 2020 a 2021. Observe também o GDP (Gross Domestic 
Product), que é o PIB desses mesmos países.
Quadro 1. Volume de comércio de mercadorias e GPD (PIB) real, 2015–2021
Variação anual de % 2015 2016 2017 2018 2019 2020¹ 2021¹
Volume do comércio 
mundial de 
mercadorias²
2.3 1.4 4.7 2.9 0.1 − 9.2 7.2
Exportações
América do Norte 2.6 0.7 3.4 3.8 1.0 − 14.7 10.7
América Central e 
América do Sul
0.6 1.3 2.9 0.1 − 2.2 − 7.7 5.4
Europa 2.9 1.1 3.7 2.0 0.1 − 11.7 8.2
Ásia 1.3 2.3 6.7 3.7 0.9 − 4.5 5.7
Outras regiões³ 1.8 3.5 0.7 0.7 − 2.9 − 9.5 6.1
Importações
América do Norte 5.2 0.3 4.4 5.2 − 0.4 − 8.7 6.7
América Central e 
América do Sul
− 7.6 − 9.0 4.3 5.3 − 2.1 − 13.5 6.5
Europa 3.6 3.0 3.0 1.5 0.5 − 10.3 8.7
Ásia 2.1 2.2 8.4 4.9 − 0.6 − 4.4 6.2
Outras regiões³ − 3.9 − 4.5 3.4 0.3 1.5 − 16.0 5.6
PIB real a taxas de 
câmbio de mercado
2.8 2.4 3.1 2.8 2.2 − 4.8 4.9
América do Norte 2.8 1.7 2.4 2.8 2.1 − 4.4 3.9
América Central e 
América do Sul
− 0.8 − 2.0 0.8 0.6 − 0.2 − 7.5 3.8
Europa 2.4 2.1 2.8 2.1 1.5 − 7.3 5.2
Ásia 4.3 4.2 4.8 4.1 3.9 − 2.4 5.9
Outras regiões³ 1.5 2.4 1.9 2.1 1.4 − 5.5 3.5
¹ Os números para 2020 e 2021 são projeções.
² Médias das exportações e importações.
³ Outras regiões incluem África, Oriente Médio e Comunidade de Estados 
Independentes (CEO), incluindo Estados associados e ex-membros.
Fonte: Adaptado de WTO (2020).
A forte expansão do comércio internacional 3
Observe os principais players presentes no comércio internacional. A Ásia 
se destaca em importações, exportações, PIB, com o volume comercializado 
no ano de 2017, e nas projeções para o ano de 2020 e seus respectivos impac-
tos negativos com a pandemia de Covid-19 em todo comércio internacional, 
sendo a região que apresenta menos desvalorização nos três indicadores. 
Seguindo essa tendência, a Ásia também se destaca na projeção de retomada 
da economia em 2021, apresentando o maior PIB das cinco regiões, com 
projeção 5,9% positiva em relação ao ano anterior. 
Nos indicadores de exportação para 2021, a América do Norte se destaca, 
apresentando uma variação positiva de 10,7% sobre o ano anterior. Nas 
importações em 2021, a Europa se destaca com projeção 8,7% positiva com 
relação ao ano anterior. Também é possível observar na projeção para 2019 
o forte impacto negativo da pandemia de Covid-19 no PIB dos países da 
América do Sul e da Europa, 7,5% e 7,3%, respectivamente, com relação aos 
anos anteriores. Por outro lado, a Ásia se destaca no PIB de 2021, sendo a 
região que se recupera mais rápido quanto aos impactos dessa grave crise 
sanitária mundial. 
Portanto, destaca-se que o comércio internacional de modo geral deve ser 
um dos principais destinos das produções dos países, em especial do agro-
negócio. Além, é claro, da produção para o mercado interno. Esse equilíbrio 
na comercialização de bens e serviços no comércio internacional favorece 
os indicadores econômicos dos países, ajuda a estabilizar a moeda e reduz 
as oscilações no câmbio. Um exemplo sobre a instabilidade da produção 
internacional foi o aumento considerável nos custos de alimentos como 
arroz, feijão e carne em 2020. Como o Brasil importa esses itens do comércio 
internacional, as oscilações no câmbio ocorridas nesse período afetaram 
seu valor final. 
O agronegócio brasileiro no comércio 
internacional
O agronegócio brasileiro tem se destacado nos últimos 20 anos no contexto 
do comércio internacional, mais precisamente a partir do final da década de 
1990. De acordo com Santos et al. (2016), em uma breve análise da balança 
comercial brasileira, é possível identificar a importância das exportações 
do agronegócio do País. Ressalta-se que o Brasil tem um baixo volume de 
importações, mas se destaca nas exportações do agronegócio, apresentando 
saldos significativos em uma análise entre 1998 e 2013, conforme a Figura 1.
A forte expansão do comércio internacional4
Figura 1. Saldos da balança comercial do Brasil de 1998 a 2013 (em US$ bilhões).
Fonte: AgroStat (2014 apud SANTOS et al., 2016, p. 56).
A Figura1 apresenta um comparativo do agronegócio com outros setores. 
Assim, é possível identificar o agronegócio como um dos setores mais pujan-
tes, tanto para a economia interna do Brasil quanto para os indicadores de 
comércio internacional. Além disso, diversos levantamentos apresentam o 
Brasil como um dos maiores exportadores de alimentos. Segundo Buainain 
et al. (2014, p. 64):
As estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América 
(Usda) são de que as exportações de soja em grãos, no ano de 2022/2023, sejam 
61,6% superiores às observadas na safra de 2011/2012, atingindo 144,3 milhões de 
toneladas. Apenas três países (Brasil, Estados Unidos e Argentina) concentram quase 
90% das exportações, com destaque, neste caso, para o Brasil, cuja participação 
atingirá 44% do mercado mundial.
Pode-se inferir que, quando se fala em produtividade no agronegócio, 
não é novidade a grande participação do Brasil no cenário do comércio in-
ternacional. Esse cenário econômico mundial, a valorização de mercadorias, 
serviços e moedas estão sempre sofrendo oscilações mediante as variações do 
mercado. No início de 2019, por exemplo, constatou-se o aumento considerável 
da contribuição das principais commodities do agronegócio brasileiro: soja, 
milho, trigo e café (CAEP BRASIL, 2019). Essas commodities são comercializadas 
no mercado de futuros na bolsa de valores, ou seja, são produtos comercia-
A forte expansão do comércio internacional 5
lizados por meio de contratos com regras, como a especificação do período 
para entrega dos insumos, o local e o objeto transacionado (BATALHA, 2012).
A palavra commodity significa mercadoria, em inglês, mas adquiriu 
um sentido mais específico no jargão do comércio. Nem todas as 
mercadorias são commodities. Para que uma mercadoria possa receber essa 
qualificação, é necessário que ela atenda a pelo menos três requisitos mínimos: 
1) padronização em um contexto de comércio internacional;
2) possibilidade de entrega nas datas acordadas entre comprador e vendedor;
3) possibilidade de armazenagem ou de venda em unidades padronizadas.
Frutas, por exemplo, não são commodities, porque são perecíveis e, portanto, 
não atendem ao terceiro requisito. No entanto, o suco de laranja concentrado e 
congelado, por permitir armazenamento, é transacionado como uma commodity. 
Alguns outros produtos, mesmo que não perecíveis, como cigarros ou roupas, 
não são commodities, porque não são padronizados. Isso não quer dizer que 
eles não atendam a padrões de qualidade, mas que sua principal característica 
é a diferenciação. Produtos diferenciados são aqueles que os consumidores 
identificam como diferentes, podendo se dispor a pagar um preço maior por 
eles (BATALHA, 2012).
De acordo com Contini et al. (2006, p. 6), “O agronegócio deve ser entendido 
como a cadeia produtiva que envolve desde a fabricação de insumos, passando 
pela produção nos estabelecimentos agropecuários e pela transformação, até 
seu consumo”. Portanto, além das commodities, existem outros elementos 
que devem ser considerados no volume de insumos comercializados inter-
nacionalmente pelo agronegócio brasileiro — um dos exemplos clássicos é 
a produção de proteína animal.
Contini et al. (2006) apresenta em seu estudo que, em 2004 e 2005, o Brasil 
foi líder isolado na participação das exportações mundiais de carne bovina 
e de aves. Além disso, figurou entre segundo, terceiro e quarto no ranking 
mundial da participação na produção mundial de proteína animal, sendo 
respectivamente 16,12% da produção de carne de aves, 15,36% de carne bovina 
e 2,85% da produção mundial de carne suína. Observe o Quadro 2.
A forte expansão do comércio internacional6
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A forte expansão do comércio internacional 7
De acordo com Dantas (2009), a produção do agronegócio brasileiro, tanto 
de commodities quanto de outros insumos agrícolas, deve seguir uma série 
de regras definidas pela OMC quanto à regulação internacional. Um dos ob-
jetivos é manter a eficácia do sistema da OMC para regular medidas de apoio 
doméstico ao setor agrícola dos países que fazem parte desse organismo 
de controle.
Regulação do comércio internacional 
O comércio internacional é de interesse de todos os países, já que 
suas atividades afetam a vida da sociedade mundial. É também resultado do 
processo de globalização que se iniciou após a Segunda Guerra Mundial. No 
Brasil, esse assunto ganhou destaque na abertura comercial na década de 1990. 
Para regular essas novas relações comerciais, foi elaborado um conjunto de 
regras complexas que garantem segurança jurídica aos comerciantes no Brasil 
e no mundo: a OMC. Para saber mais, busque em seu navegador pelo artigo 
“OMC: como é feita a regulação do comércio internacional?”, de 18 de setembro 
de 2017, disponível na página politize!.
Fluxos de investimento direto externo no 
agronegócio brasileiro
O agronegócio brasileiro possui uma robusta cadeia de valor que envolve 
indústrias e produtores de insumos, inclusive as indústrias de equipamentos 
agrícolas. Schuch (2018) afirma que essas indústrias têm chamado a atenção 
de investidores estrangeiros para acessar novos mercados e expandir a 
produção atual para os mercados já atendidos. O agronegócio consolidou 
sua participação nesses fluxos de investimentos somente a partir do final da 
década de 1990 e início dos anos 2000. Na Figura 2, é possível observar a média 
da participação dos Investimentos Diretos Externos (IDEs) no agronegócio 
brasileiro em relação ao total de IDE recebido. Essa análise compreende o 
período entre 2002 e 2007. Observe como se destaca o ano de 2004: de todo o 
IDE recebido no Brasil nesse período, 40% foi direcionado para o agronegócio.
A forte expansão do comércio internacional8
Figura 2. Média da participação dos IDEs no agronegócio em relação ao total de IEDs recebidos 
no Brasil entre 2002 e 2007.
Fonte: Banco Central do Brasil (2009 apud ALVIM; MORAES, 2013, p. 111).
Os fatores que chamam a atenção de investidores externos na produção 
do agronegócio brasileiro não são poucos: temos um clima tropical que 
favorece a produção de diversos insumos agrícolas, além de um solo fértil 
e abundância de água potável, mão de obra e recursos tecnológicos. Além 
desses importantes recursos naturais, humanos e materiais, Gregory e Oliveira 
(2005) destacam os seguintes fatores.
 � Dimensão do mercado doméstico: é considerado um dos aspectos 
mais importantes. Os investidores buscam mercados domésticos 
potencialmenteinteressantes e que não se detenham a apenas um 
setor produtivo.
 � Estabilidade do ambiente regulatório: é um indicador muito observado 
pelos investidores que buscam ganhos em eficiência. Um ambiente 
regulatório estável deve ser acompanhado de uma economia estável 
e com regras bem definidas.
 � Oferta de fornecedores locais e clima de negócios favorável: os in-
vestidores preferem investir em países onde há concorrência entre 
os fornecedores locais. Além disso, o bom clima de negócios deve ser 
intermediado pelo governo por meio de políticas públicas direcionadas 
para o setor.
 � Estabilidade do câmbio: a estabilidade do câmbio é um fator essencial 
na tomada de decisão quanto ao IDE. Envolve o impacto que este trará 
aos lucros e dividendos que serão remetidos aos investidores. 
A forte expansão do comércio internacional 9
 � Cumprimento dos contratos: os contratos são altamente relevantes para 
a manutenção dos investimentos. Os riscos de rompimento de contrato 
por decisões governamentais de ordem populista ou alteração nas 
tarifas previstas impactam diretamente no cumprimento dos contratos 
e podem, inclusive, inviabilizar a tomada de decisão quanto ao IDE. 
Esses fatores compõem o fluxo dos investimentos. Em outras palavras, 
para manter o bom fluxo dos contratos de investimentos estrangeiros, esses 
fatores são considerados condições atenuantes, que melhoram as condições 
de manutenção dos investimentos. Quando isso ocorre, o investimento de 
empresas multinacionais se torna atrativo para ambas as partes.
Observe a importância da estabilidade do câmbio tomando como exem-
plo um país que, por diversos motivos, não consegue manter a estabilidade 
cambial, como é o caso do Brasil. Tanto o investimento quanto o lucro são 
realizados em dólar, mas a receita desse investimento realizado no Brasil 
ocorre em reais e, para remeter os lucros para os investidores estrangeiros, é 
necessária a conversão para o dólar. Se o câmbio oscila de forma considerável, 
as decisões sobre o IDE e a manutenção dos investimentos já firmados são 
afetadas. Além disso, a desvalorização cambial pode trazer problemas para 
cumprimento do contrato quando são indexados a índices de inflação ou 
cambial. Nesses casos, é imprescindível que os reajustes preservem certo 
nível de equilíbrio.
O controle da taxa de câmbio e a estabilidade do ambiente regulatório 
representam um grande desafio para o agronegócio brasileiro, uma vez que 
as decisões sobre eles não dependem exclusivamente de quem produz, mas 
envolvem uma extensa rede, composta de agentes públicos, mídia e mercado 
financeiro. Manter uma linha de conduta firme, com um planejamento bem 
definido e cumprindo sempre os contratos são atitudes fundamentais para 
que os investidores estrangeiros tenham confiança para investir no Brasil.
Referências
ALVIM, A. M.; MORAES, S. L. Os investimentos estrangeiros diretos no agronegócio 
brasileiro agronegócio brasileiro — 2002–08. Indic. Econ. FEE, v. 40, n. 3, p. 105-120, 
2013. Disponível em: https://revistas.fee.tche.br/index.php/indicadores/article/
download/2761/3135. Acesso em: 5 nov. 2020.
APPLEYARD, D. R.; FIELD JR., A. J.; COBB, S. L. Economia internacional. 6. ed. Porto Alegre: 
AMGH, 2010.
BATALHA, M. O. (coord.). Gestão agroindustrial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
A forte expansão do comércio internacional10
BUAINAIN, A. M. et al. O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo 
padrão agrário e agrícola. Brasília, DF: Embrapa, 2014.
CAEP BRASIL. Conheça as 5 principais commodities brasileiras. Fergus Falls: CAEP, 
2019. Disponível em: http://www.caep.com.br/conheca-as-5-principais-commodities-
-brasileiras/. Acesso em: 17 out. 2020.
CONTINI, E. et al. Evolução recente e tendências do agronegócio. Revista de Política 
Agrícola, v. 15, n. 1, 2006. Disponível em: https://seer.sede.embrapa.br/index.php/RPA/
article/view/475/426. Acesso em: 5 nov. 2020.
DANTAS, A. Subsídios agrícolas: regulação internacional. São Paulo: Saraiva, 2009.
GREGORY, D.; OLIVEIRA, M. F. B. A. de. O desenvolvimento de ambiente favorável no Brasil 
para a atração de investimento estrangeiro direto. Brasília, DF: Camex, 2005. Disponível 
em: https://silo.tips/downloadFile/o-desenvolvimento-de-ambiente-favoravel-no-
-brasil-para-a-atraao-de-investimento. Acesso em: 18 out. 2020.
IBGE. Produto Interno Bruto — PIB. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://
www.ibge.gov.br/explica/pib.php. Acesso em: 13 out. 2020.
SANTOS, L. P. et al. Agronegócio brasileiro no comércio internacional. Rev. de Ciências 
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SCHUCH, P. R. Investimento externo direto no agronegócio brasileiro. 2018. Dissertação 
(Mestrado) — UNISINOS, Porto Alegre, 2018. Disponível em: http://www.reposito-
rio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/7294/Paulo%20Ricardo%20Schuch_.
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WTO, World Trade Organization. Trade shows signs of rebound from COVID-19, recovery 
still uncertain. 2020. Disponível em: https://www.wto.org/english/news_e/pres20_e/
pr862_e.htm. Acesso em: 06 nov. 2020.
Leitura recomendada
TEIXEIRA, F. OMC: como é feita a regulação do comércio internacional? [S. l.]: Politize!, 
2017. Disponível em: https://www.politize.com.br/omc-regulacao-comercio-interna-
cional/. Acesso em: 5 nov. 2020.
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A forte expansão do comércio internacional 11

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