Buscar

Aula 06 - A cor em projetos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIA DA COR
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ed Marcos Sarro
CONVERSA INICIAL
Neste tema, veremos basicamente como se dá a dinâmica da cor dentro de projetos. Veremos
como a temática da cor está no cerne de atividades como o projeto de produtos, a produção de
peças gráficas e embalagens, a teledramaturgia, o cinema e o universo web, agora também via
dispositivos móveis. Também ampliaremos um pouco o que já conhecemos sobre as funções da cor
na Arquitetura e o Design de interiores.
CONTEXTUALIZANDO
Uma definição possível para Design é a de ser a atividade de solucionar problemas e atender
necessidades inerentes à vida humana por meio da integração de materiais, formas e sistemas
(mecânicos, elétricos, eletrônicos, digitais etc.) de modo a proporcionar satisfação e conforto (Rabaça;
Barbosa, 2002). O Design faz parte da cultura (Figura 1) e dialoga com a estética do momento,
incorporando seus aspectos simbólicos, dentre eles, a cor.
Figura 1 – Chapéus coloridos em feira
Crédito: Allen.G/Shutterstock.
Inserido na cultura industrial (ou mesmo “pós-industrial”), com forte influência do marketing e
das novas mídias, cada vez mais o Design se volta ao mercado e às demandas comerciais das marcas
e dos grandes conglomerados de negócios. Como vimos até aqui, a cor está profundamente inserida
em diversos níveis de influência do Design em diferentes frentes.
Figura 2 – Canecas coloridas
Crédito: Giorgio Rossi/Shutterstock.
No Design, a cor é elemento estratégico tanto no que diz respeito ao projeto em si quanto aos
processos que relacionam o produto a valores utilitários ou simbólicos (Figura 2) e que dialoga com
os usuários de acordo com suas demandas objetivas e subjetivas (Tai, 2018).
TEMA 1 – COR E PRINCÍPIOS DE DESIGN
Além dos aspectos subjetivos, a cor no projeto de design leva em conta também as questões
ligadas ao uso prático.
Figura 3 – Cores em uma cozinha moderna
Crédito: Archideaphoto/Shutterstock.
Um designer que vá realizar a alocação de cores em objetos e espaços (físicos e virtuais) deve ter
responsabilidade profissional e maturidade nesse trabalho, porque, em última instância, vai interferir
na forma como outras pessoas se sentirão em contato com esses objetos e espaços (Figura 3), como
também serão influenciadas ou afetadas na sua percepção cromática. Quanto ao trato da cor, o
designer não pode se basear apenas em sua intuição ou no seu gosto pessoal, mas armar-se de
informação objetiva sobre o assunto. Nesse aspecto, é importante separar a cor enquanto
“construção individual” da “construção cultural coletiva” dos significados das cores (Silveira, 2015).
1.1 COR E EXPERIÊNCIA DE USUÁRIO
O designer deve considerar o uso da cor em projetos com base na maneira como as outras
pessoas reagem a diferentes estímulos. A cor é um elemento visual básico que é capaz de gerar
efeitos em diversos níveis, envolvendo aspectos psicológicos e emocionais do usuário (Figura 4).
Figura 4 – Cores, espaço e sentidos
Crédito: Masson/Shutterstock.
A cor está em praticamente tudo o que nos cerca e na maioria das tarefas que realizamos e dos
ambientes que ocupamos. Os efeitos da cor sobre as pessoas podem ser diferentes devido a
particularidades de cada indivíduo quanto à percepção, cognição, memória, associação, gosto,
emoção e sentimentos (Tai, 2018).
1.2 DESIGN E COR
Em cada segmento do Design, dos objetos e artefatos, passando pelo vestuário, pelas peças
gráficas e pelos ambientes físicos e virtuais, com o advento da internet e da interação homem-
máquina (via realidade virtual ou aumentada), a impressão 3D e novos arranjos produtivos, as
possibilidades quanto ao manuseio da cor de acordo com as expectativas, desejos e necessidades do
usuário final são praticamente ilimitadas (Figura 5).
Figura 5 – Violões coloridos
Crédito: Mila Zed/Shutterstock.
Apesar disso, a cor nunca deve ser usada sem um motivo claro e funcional em um projeto (Tai,
2018). A rigor, são princípios de uso da cor em projetos: a quantidade controlada, a qualidade, a
extensão (abrangência da cor no espaço), o efeito de proximidade ou distanciamento proporcionado,
a repetição (redundância), a sobreposição de cores (contraste) e a gradação da cor (Tai, 2018).
1.3 CÍRCULOS CROMÁTICOS
Para não se perder, pode ser útil ao designer criar um círculo cromático (como aqueles que
vimos anteriormente, feitos por Newton, Goethe e Cheuvreul) ou mesmo um painel semântico de
cores, que servirá como um guia ou uma espécie de dicionário para organizar o uso da cor em cada
aplicação (Figura 6).
Figura 6 – Círculo cromático feito com catálogo
Crédito: Bokeh Art Photo/Shutterstock.
Os círculos cromáticos são instrumentos dotados de informação objetiva sobre as cores que
ajudam a balizar a sensibilidade, a intuição e a subjetividade do designer, evitando problemas na
alocação de cores em projetos. No caso de um website, por exemplo, pode ser um círculo cromático
de cores luz-primárias (Silveira, 2015).
Figura 7 – Designer de moda trabalhando a cor
Crédito: Fizkes/Shutterstock.
Os círculos podem estar associados também às práticas de determinada indústria quanto à cor
(Figura 7). Isso pode ser útil ao designer no projeto de um móvel, por exemplo: saber qual o Sistema
Cromático Ordenado que certo fabricante de insumos (tintas, vernizes, tecidos, acessórios etc.)
utiliza pode ajudar a economizar tempo e recursos (Silveira, 2015). Isso vale para outras áreas do
Design.
1.4 COR E MERCADO
Seja no projeto de objetos, na comunicação visual e nos ambientes físicos ou virtuais, a cor
contribui para criar valor por meio da estética e atrair a atenção das pessoas por meio de suas
propriedades percebidas (Tai, 2018).
No entanto, apesar da pretensa liberdade proporcionada pela cultura e pela tecnologia, a
influência de fatores de mercado sobre a maneira como a cor se apresenta no Design pode se tornar
uma “ditadura” estética e empobrecer a experiência criativa: nos anos 1990 e 2000, o mercado
brasileiro tornou a paleta de cores da indústria automobilística limitada aos tons de cinza, prata,
preto e branco.
Figura 8 – Exposição de carros antigos
Crédito: Luiz Maffei/Shutterstock.
Se olharmos fotos antigas de grandes cidades brasileiras nos anos 1970 e 1980 ou se
observarmos carros remanescentes dessa época (Figura 8), veremos que a variedade de cores
disponíveis era maior.
TEMA 2 – APLICAÇÃO DA COR EM PRODUTOS
No design de objetos, as cores tendem a suavizar ou enfatizar aspectos da forma, devendo essa
relação ser utilizada estrategicamente. Quando se trata de trabalhar a cor colocada sobre a superfície
de um objeto físico, seja um móvel ou um item de decoração, há de se levar em conta que há
diferenças entre um objeto colorido e a percepção da sua cor isoladamente (Figura 9).
Figura 9 – Opções de escolha quanto à cor
Crédito: Sergey Ryzhov/Shutterstock.
Via de regra, é muito difícil separar a cor do seu objeto-suporte; a tendência é confundirmos as
duas coisas. Dada a sua natureza abstrata, é natural ligarmos a cor à forma do objeto sobre o qual ela
está colocada (Silveira, 2015).
Figura 10 – Cesta
Crédito: Mrs. Sucharut Chounyoo/Shutterstock.
O uso de materiais naturais (madeira, palha, junco, ratan etc.) em projetos de produtos como
móveis e utensílios domésticos (Figura 10) pode envolver o aproveitamento das cores originais (Tai,
2018).
2.1 COR COMO RENOVAÇÃO
No universo dos eletrodomésticos, o caminho que se fez foi na direção contrária do que vimos
sobre o mercado automotivo: a chamada linha branca deu lugar a diferentes possibilidades de cores
para geladeiras, fogões, liquidificadores e batedeiras, além do todo-poderoso micro-ondas (Figura
11).
Figura 11 – Aparelhos domésticos coloridos
Crédito: AlexLMX/Shutterstock.
O segmento dos computadores pessoais, até então restrito ao tom austero de âmbar criado pela
IBM, viu surgir pelas mãos de Steve Jobs (1955-2011), da Apple, uma infinidade de aparelhos de
cores que flertavam coma transparência (Figura 12) e que combinavam bem com a proposta de
produtos lúdicos, divertidos e que convidavam ao consumo.
Figura 12 – iMac G3
Crédito: Anton_Ivanov/Shutterstock.
Nos anos 1980, o mundo viu surgir o estilo New Wave, que investiu no uso de cores cítricas,
como o verde limão e tons de azul, magenta e laranja, com conotação alegre e irreverente (Figura
13).
Figura 13 – Estilo New Wave
Crédito: TierneyMJ/Shutterstock.
No Brasil, a nova onda coincidiu com o fim do período militar na política e a redemocratização
do país. Também marca o surgimento de bandas de rock nacional como Paralamas do Sucesso,
Legião Urbana, Capital Inicial, Kid Abelha, que ajudaram a popularizar a estética por meio de roupas,
maquiagem e a arte de capas e encartes de discos LP e fitas-cassete, além das publicações e outros
produtos gráficos alusivos.
TEMA 3 – APLICAÇÃO DE COR NA TELA DIGITAL
No Design para a internet, a percepção da cor é menos tangível do que quando é manifesta em
um objeto ou ambiente físico (Silveira, 2015). No caso de ambientes virtuais, por exemplo, a cor tem
um caráter abstrato e imaterial, ao passo que no espaço construído ela tende a apelar mais ao
concreto, pelo sentido do tato. No entanto, é possível criar simulacros por meio da cor que façam a
aproximação dos dois mundos na tela do computador.
3.1 COR COMO “TRADUÇÃO”
Se o designer estiver trabalhando no cenário de um jogo de computador, há a necessidade da
“tradução” da cor-pigmento da representação do que seria o espaço físico de cena (em cor-
pigmento) para a cor-luz da tela do computador (Silveira, 2015).
Figura 14 – Contraste de cores figura-fundo
Crédito: Francesco83/Shutterstock.
No projeto de um website sobre gastronomia, é recomendado usar estrategicamente cores que
valorizem aspectos formais dos ingredientes na imagem de um prato (Figura 14) em contraste com
as cores de fundo, que devem ser mais suaves (Silveira, 2015).
3.2 A MÃO É MAIS RÁPIDA QUE O OLHO?
Uma questão importante no projeto para a web é o tempo de visualização: por conta da rapidez
com que o usuário movimenta os olhos na tela, as cores têm de ser pensadas para proporcionar
fluidez. Entretanto, como a tendência do usuário é pular rapidamente de um site de para outro, a cor
pode ter o papel de “fisgar” o olhar do observador e aumentar o tempo de permanência naquela
tela. Daí advém uma série de possibilidades para influenciar a experiência do usuário.
Figura 15 – Cor em dispositivos móveis
Crédito: Nong Mars/Shutterstock.
Nesse aspecto, as dimensões das telas de dispositivos móveis e sua influência na visualização da
cor se tornaram um requisito importante de projeto, por conta do advento dos tablets e do aumento
do uso dos smartphones (Figura 15).
TEMA 4 – APLICAÇÃO DA COR NA IMPRESSÃO
Há três sistemas de cor no universo da indústria gráfica (Figura 16) e que estão presentes no
segmento de livros, jornais e revistas (editorial), na comunicação visual e nas embalagens, sendo
essas duas últimas áreas afins com a Publicidade e a Propaganda.
Figura 16 – Impressora offset
Crédito: Fun Photo/Shutterstock.
Um dos sistemas nós já conhecemos é o CMYK, que dispensa maior aprofundamento. O outro é
o Pantone, reconhecido internacionalmente. Em ambos os sistemas, as tabelas de referência (Figura
17) são impressas em papel couchê fosco e brilhante e em papel offset (Silva, 2008). Esses catálogos
precisam ser trocados com frequência, pois as cores esmaecem com o passar do tempo (por ação da
luz, principalmente), deixando de ser precisas.
Figura 17 – Tabelas Pantone
Crédito: Stepan Bormotov/Shutterstock.
O terceiro sistema de cores utilizado na produção gráfica é o Hexachrome, menos comum no
Brasil.
4.1 SISTEMA PANTONE
Conhecida também como Escala de Cores Especiais, a Escala Pantone é um sistema de referência
de cores utilizado internacionalmente e adotado por praticamente qualquer gráfica do mundo
(Figura 18). É também o padrão empregado pela indústria de tintas mundialmente (Silva, 2008). Pode
ser chamado ainda de Pantone Matching System.
Figura 18 – Entintamento de impressora offset
Crédito: Giocalde/Shutterstock.
A partir de 14 cores básicas, a Pantone desenvolveu um catálogo de 1.114 cores diferentes,
incluindo tons de prata e dourado, todas devidamente codificadas. Esse código se compõe de
porcentagens de cada cor CMYK que, apesar de poderem variar um pouco de região para região do
mundo, são padronizadas. Tanto que manuais de identidade visual de empresas e marcas têm suas
cores codificadas de acordo com a Escala Pantone (Silva, 2008). Alguns países (como o Canadá, a
Coreia do Sul e mesmo o Brasil) têm as cores de suas bandeiras padronizadas pelo sistema Pantone
(Figura 19).
Figura 19 – Bandeira do Canadá
Crédito: Krisy/Shutterstock.
Os catálogos de cores Pantone são propriedade da Pantone Inc., empresa sediada em Carlstadt,
Nova Jersey, Estados Unidos, e seu uso gratuito é vetado. Por isso, alguns softwares livres não trazem
as cores Pantone.
4.2 SISTEMA HEXACHROME
Criado em 1994 pela própria Pantone, utiliza seis canais de cores: ciano, magenta, amarelo,
preto, verde e laranja (hexa – seis em grego). A maior quantidade de canais permite uma gama mais
ampla de cores e com maior expressividade. O sistema Hexachrome se popularizou em projetos de
publicações de moda, revistas, catálogos coloridos, cartazes, peças de ponto de venda, edições
especiais e livros que trazem reproduções de obras de arte, aplicações que requerem mais precisão
na representação da cor (Silva, 2008).
4.3 CORES NA COMUNICAÇÃO VISUAL COMERCIAL
Independentemente do sistema utilizado, ao designer é recomendável compreender o papel
representado pelas cores no universo da comunicação visual comercial, especificamente nas
embalagens (Figura 20). Normalmente, o que vale para a cor em embalagens vale para a maioria das
peças gráficas.
Figura 20 – A cor em embalagens
Crédito: Ecco/Shutterstock.
A maioria esmagadora dos produtos vendidos nas gôndolas de supermercados (Figura 21) não
tem outra mídia a não ser a própria embalagem. É o chamado vendedor silencioso, daí a sua
importância (Mestriner, 2002).
Figura 21 – Produtos em gôndola de supermercado
Crédito: Junpinzon/Shutterstock.
Por isso, investir no design da embalagem pode ser uma questão de sobrevivência para um sem
número de produtos e empresas, e a cor é um fator estratégico que vai além da questão estética e da
atratividade. O uso da cor na embalagem segue um código de relações entre o produto e o matiz
que melhor expressa a marca, o conceito e as características do produto.
Apesar dessa simbologia variar de tempos em tempos e também de cultura para cultura, no
geral elas seguem certo senso comum que se perpetua ao longo dos anos. Mexer nesses padrões
pode ser arriscado para as marcas, e alterações devem ser feitas com critério e pesquisa.
 4.4 FUNÇÕES DA COR NA EMBALAGEM
A cor no design de embalagens tem basicamente duas funções: uma prática e outra simbólica. A
primeira é de caráter operacional, para que produto que ela contém e a sua marca sejam
rapidamente reconhecíveis entre tantos outros (Figura 22). A segunda trata de estimular no
consumidor sensações de caráter mais subjetivo (Negrão; Cardoso, 2008).
Figura 22 – Consumidora encontra sua marca preferida
Crédito: Rido/Shutterstock.
Por ser um código fácil de assimilar, a cor tornou-se um aliado importante, principalmente no
varejo, dada a sua compreensão mais ou menos universal e pela variedade de marcas e produtos
disponíveis (Figura 23). De qualquer modo, apesar do seu aspecto intuitivo, o uso da cor não
prescinde de pesquisas para entender como ela é percebida pelo público-alvo (Negrão; Cardoso,
2008).
Além de variáveis que abrangem preferências pessoais e regionais, entram nessa análise
aspectos culturais, a época do ano (festas, férias, datas comemorativas etc.) e questões climáticas.
Normalmente, é preferível utilizar cores sólidas, bem definidas, sem grandesvariações de tonalidade.
Tons escuros são mais adequados para períodos mais frios do ano, enquanto as estações ensolaradas
e iluminadas pedem matizes mais claros (Negrão; Cardoso, 2008).
Figura 23 – Universo do varejo
Crédito: Gts/Shutterstock.
No caso de produtos alimentícios, especificamente, o uso de determinadas cores pode ter um
efeito negativo para a percepção do produto pelo consumidor. Embalagens para produtos à base de
carne ou trigo (como pães) dificilmente são bem recebidas, ainda que inconscientemente, quando
apresentadas em tons de azul. Ainda que o azul remeta à tranquilidade e à paz, quando relacionado
à carne tende a conotar putrefação; da mesma forma, o verde, o preto e o roxo, por associação
direta ou indireta (Negrão; Cardoso, 2008).
4.5 RELAÇÕES ENTRE CORES DE EMBALAGENS E OS PRODUTOS QUE CONTÉM
As associações mais comuns entre produtos e as embalagens que os contêm, por meio da cor,
seguem parâmetros da psicodinâmica das cores levantados com base em pesquisas feitas ao longo
dos anos e são válidos na maior parte do mundo. Essas pesquisas são parte de um esforço
fragmentado de consultorias de marketing, associações de consumidores, entidades de classe,
sindicatos e instituições de ensino (Negrão; Cardoso, 2008).
Eventualmente, uma marca pode querer inovar lançando produtos com embalagens em cores
não convencionais. A rigor, são iniciativas baseadas em alguma percepção específica de mercado e
adotadas com muito critério, como a marca que resolvesse colocar água mineral em garrafas pretas
(Figura 24).
Figura 24 – Garrafa preta de água mineral?
Crédito: HP Productions/Shutterstock.
No geral, as marcas são conservadoras (assim como os consumidores) e tendem a seguir os
seguintes padrões de associação entre produto e cor:
café – marrom-escuro com detalhes em laranja, verde ou vermelho e tons de amarelo (Figura
25);
Figura 25 – Embalagem de café solúvel
Crédito: Lenorko/Shutterstock.
chocolate – marrom-claro (ou escuro, dependendo da concentração de cacau) tendendo ao
vermelho e ao laranja, com toques de ocre e mesmo de rosa (Figura 26);
Figura 26 – Embalagens de chocolate
Crédito: Oksancia/Shutterstock.
leite – azul ou verde em várias tonalidades, às vezes com algum detalhe em vermelho (Figura
27). Não há regra quanto ao ser leite integral, desnatado ou semidesnatado. Cada marca parece
seguir uma lógica própria;
Figura 27 – Embalagem de leite
Crédito: Smalvik/Shutterstock.
carnes industrializadas – a própria cor do produto colocada sobre um fundo vermelho;
leite em pó – azul e vermelho, amarelo e verde com detalhes de vermelho;
queijos – azul claro e amarelo claro, com detalhes em vermelho e branco;
óleos vegetais – verde, vermelho e detalhes em azul;
iogurtes – azul e branco (Figura 28);
Figura 28 – Embalagem de iogurte
Crédito: HstrongART/Shutterstock.
cerveja – amarelo ou amarelo tendendo para o dourado, vermelho e branco (Figura 29);
Figura 29 – Garrafa e rótulo de cerveja
Crédito: Foodonwhite/Shutterstock.
desodorantes – branco, azul e verde com detalhes em vermelho ou violeta. Versões masculinas
eventualmente usam o preto;
perfumes – violeta, dourado e prata e normalmente algo rosado para fragrâncias femininas
(Figura 30). Para o projeto de uma embalagem de perfume, é mais adequado trabalhar com
contrastes extremos de cores (Silveira, 2015);
Figura 30 – Caixa e frasco de perfume variado
Crédito: Pangpleiades/Shutterstock.
pasta de dente – azul e branco, verde com branco e toques de vermelho.
TEMA 5 – APLICAÇÃO DA COR EM AMBIENTES
Quando se projeta uma loja dentro de um centro comercial (Figura 31) ou mesmo um
estabelecimento de rua, é importante considerar que o tempo de permanência no espaço e a
exposição à cor escolhida para o interior da loja pode ter efeitos diferentes para um vendedor ou
gerente que trabalham naquele lugar por horas e para um cliente que passa alguns minutos ali
(Silveira, 2015).
Figura 31 – Interior de loja
Crédito: Monkey Business Images/Shutterstock.
Dependendo da cor, a sensação para os primeiros pode ser de fadiga visual enquanto que, para
o cliente talvez isso não faça tanta diferença. Ou talvez as cores possam mais repelir do que atrair a
clientela para aquele espaço.
Já no projeto de um espaço privado, é necessário evidenciar a cor mais com base no gosto
particular da pessoa que vai usar o ambiente como morada ou lugar de sua intimidade. Como já
sinalizamos, o designer deve se abster de grandes interferências autorais e de impor preferências
pessoas (Silveira, 2015).
5.1 ESPAÇO SATURADO COM COR
Isso não anula, claro, o bom senso e a sua competência profissional enquanto fornecedor de
soluções: a exposição demasiada de uma criança a uma determinada cor pode influenciar o
desenvolvimento emocional e psicológico dela.
Figura 32 – Projeto de quarto de menina
Crédito: Natalia Kashina/Shutterstock.
Por exemplo: ainda que isso seja desejado pelos pais, uma menina cujas paredes e a decoração
interna do quarto forem predominantemente em tons de rosa (Figura 32) tenderá a ter sua
sensibilidade muito estimulada e terá dificuldade em ser assertiva quando for mais velha (Silveira,
2015). O designer deve alertar a família para isso.
5.2 COR E ERGONOMIA
Aplicada com base em regras de ergonomia, a cor ambiental pode servir para melhor adequar o
espaço ao uso. Por meio da aplicação de certas cores em paredes e chão, podemos criar efeitos de
aquecimento ou esfriamento, sensações ou estados de espírito, passar a impressão de limpeza
(Figura 33) e diminuir a fadiga mental e visual, aumentando assim a sensação de conforto, além de
combater o estresse e o cansaço físico.
Figura 33 – Projeto de banheiro coletivo
Crédito: Vorclub/Shutterstock.
Pode-se ainda aumentar a atenção e o sentimento de alerta ao se usar a combinação de preto e
amarelo (Tai, 2018), como vimos quanto às placas de trânsito.
Figura 34 – Pintura de faixa de chão
Crédito: Everything is stock/Shutterstock.
A cor nos espaços e no mobiliário pode ter um aspecto funcional ao regular o fluxo de pessoas
(Figura 34), organizar processos de trabalho e estimular a produtividade ou fazer parte de sistemas
de segurança (Tai, 2018).
Figura 35 – Ponte marítima em Hangzhou
Crédito: HelloRF Zcool/Shutterstock.
Soluções de engenharia e arquitetura envolvendo a cor podem ser usadas para quebrar a
sensação de tédio em certas situações que envolvem algum risco: na baía de Hangzhou, na China, há
uma ponte marítima com 36 km; para evitar a distração dos motoristas pela monotonia do trajeto, o
guarda-corpos da ponte foi pintado de uma cor diferente a cada 5 km (Tai, 2018).
5.3 COR NOS ESPAÇOS CENOGRÁFICOS
Um segmento que também tem uma grande demanda pela cor é o da cenografia para
entretenimento, cultura, informação e inspiração, especificamente presente em peças de teatro e
shows, e nos programas TV de auditório, de variedades, novelas, jornalismo (Figura 35) e religiosos.
Figura 36 – Projeto de cenário para telejornal
Crédito: Architect9/Shutterstock.
A composição de cenários de teatro e programas de TV tem por objetivo criar um clima
adequado ao espectador (Rabaça; Barbosa, 2002). Quanto à cor, esse trabalho obedece critérios
como temática, faixa etária do telespectador, relação com as cores dos anunciantes, horário etc. Nos
últimos anos, tem crescido também a produção de programas transmitidos pela internet.
O cinema é outro universo em que a cor é muito importante e que está intimamente ligado ao
desenvolvimento técnico da fotografia. No início, em 1895, o cinema era em preto e branco e sem
som. O som foi introduzido em 1927. O cinema viria a ser colorido em 1935 e, hoje, com a tecnologia
digital, as projeções ganham cada vez mais possibilidades em termos de cores e de experiência para
o espectador (Rabaça; Barbosa, 2002).
Cada diretor trabalha com a sua paleta preferida, mas também estabelece uma escolha de cores
de acordo com a temática, a narrativa e o clima psicológico que desejapassar.
Figura 37 – Gravação de cena de filme
Crédito: Olha Kho/Shutterstock.
O cenário, a iluminação, a maquiagem dos atores, as roupas dos personagens, os objetos em
cena, todos esses elementos são pensados com base em um conceito de cores para aquele filme
(Figura 36).
TROCANDO IDEIAS
Um exemplo bem interessante do uso da cor no cinema é o trabalho do diretor estadunidense
Wes Anderson, que dirigiu Grande Hotel Budapeste (2013), A Vida Aquática com Steve Zissou (2003) e
Os excêntricos Tanembaums (2001), entre outros.
Vídeo
Assista ao vídeo “Entenda a psicologia das cores no cinema” por meio do link a seguir.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_fUtXW79BOk>. Acesso em: 4 abr. 2020.
Assista ao vídeo “Wes Anderson's Colour Palettes” por meio do link a seguir. Disponível em: <htt
ps://www.youtube.com/watch?v=UMxTOoCQGzM> . Acesso em: 4 abr. 2020.
Você imaginava que um diretor de cinema tivesse esse nível de cuidado e preocupação com as
cores em um filme?
NA PRÁTICA
https://www.youtube.com/watch?v=_fUtXW79BOk
https://www.youtube.com/watch?v=UMxTOoCQGzM
Faça os exercícios a seguir para fixar os conceitos aprendidos.
1.  Assista a dois programas de TV diferentes: pode ser um programa de variedades e um reality-
show, por exemplo, ou um telejornal e um programa religioso. Anote o que lhe chamar a atenção
quanto à cor: tipos de contrastes, simbologia das cores, saturação ou não de cores, cores primárias
ou secundárias etc. Compare as cores de cenários e das roupas dos apresentadores, dos âncoras, de
elementos de cena nos dois programas e o que mais você observar entre um e outro.
2.  Entre em um supermercado e observe a gôndola de determinado produto (massas
alimentícias, por exemplo). Há algum padrão relacionando à cor da embalagem com o tipo de
alimento? Anote quais as cores são recorrentes e ocorrências de cores improváveis.
3.  No desenho a seguir, pinte uma proposta de cores para esse quarto, sabendo-se que é para
um casal de meia idade, sem filhos, que acabou de se mudar do Sul para o Nordeste. Considere
variáveis culturais, climáticas e regionais.
Figura 38 – Exercício 3
Crédito: Chocmoka/Shutterstock.
FINALIZANDO
Em linhas gerais, podemos concluir que o uso das cores em projetos de Design implica
harmonizar informações objetivas sobre requisitos de projeto disponíveis referentes à cor, de acordo
com o uso. Devem ser considerados aqui também a intuição pessoal do designer, seu expertise,
experiência e responsabilidade profissional. Isso vale para projetos de produto, peças gráficas (como
as embalagens) e para os ambientes físicos e virtuais, como websites e games e os cenários de teatro,
de shows, de programas de TV e de filmes.
REFERÊNCIAS
MESTRINER, F. Design de embalagem. Curso Básico. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2002.
NEGRÃO, C.; CAMARGO, E. Design de embalagem: do marketing à produção. São Paulo:
Novatec, 2008.
RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
SILVA, C. Produção gráfica: novas tecnologias. São Paulo: Pancrom, 2008.
SILVEIRA, L. M. Introdução à Teoria da Cor. Curitiba: UTFPR, 2015.
TAI, H.-A. Design: conceitos e métodos. São Paulo: Blücher, 2018.
WILLIAMS, R. Design para quem não é designer. São Paulo: Callis, 2013.

Outros materiais