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Geovana Sanches, TTXIV MONITORIZAÇÃO ANESTÉSICA CONCEITO A monitorização anestésica, monitorização hemodinâmica ou monitorização “do fluxo sanguíneo” diz respeito a observação contínua ou intermitente de parâmetros fisiológicos relacionados ao sistema circulatório no nível macro e microcirculatório. Isso envolve a avaliação do débito cardíaco, frequência cardíaca, volume sistólico, pressão da artéria pulmonar, pressão de perfusão cerebral, resistência vascular periférica, resistência vascular sistêmica, e diversos outros. MONITORIZAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA A monitorização mínima obrigatória inclui fatores que devem ser avaliados independente do local em que o paciente esteja, seja no pronto- atendimento ou na enfermaria. Monitor multiparâmetro • Pressão arterial não invasiva o Pode ser automática ou medida pelo esfigmomanômetro o PAS e PAD • Cardioscopia o Traçado do eletrocardiograma + FC o Permite avaliar o ritmo cardíaco § Sinusal? Regular? Arritmia? • Oximetria de pulso o Visa identificar quanto de oxigênio a hemácia do paciente está carregando o Sempre deve ser alocado nas extremidades do paciente o SatO2 < 90% indica que o paciente está hipoxemiado • Capnografia o Passa a ser um parâmetro obrigatório quando acessamos a via aérea do paciente (Lei 2174/17) o Diz respeito a quanto de CO2 o paciente está exalando, sendo medido através do tubo endotraqueal ou máscara laríngea Importância A partir do momento que estamos monitorizando o doente, sempre devemos pensar que ele pode cursar com alguma complicação. Um exemplo é a disfunção miocárdica (por um IAM), a qual pode evoluir com choque cardiogênico e óbito. Quando há uma disfunção miocárdica, ocorre alteração na sístole (pós-carga) e na diástole (pré-carga). Há aumento do volume de sangue final no ventrículo esquerdo, pois ele está recebendo sangue demais e não consegue empurrá-lo. Com isso, o paciente pode evoluir com baixo débito cardíaco, cor pulmonale e hipoxemia. Todos os eventos envolvidos na fisiopatologia do choque cardiogênico vão resultar em mudança nos parâmetros da monitorização mínima obrigatória, chamando atenção dos profissionais para uma possível alteração importante. A partir daí, há tempo hábil para manejar o paciente e, muitas vezes, salvar sua vida. TIPOS DE MONITORIZAÇÃO NA ANESTESIOLOGIA Monitorização básica • Eletrocardiograma (ECG) o 5 derivações e análise de ST o D1, D2, D3, avR, avL e avF • Saturação de oxigênio (SpO2) • Capnografia (EtCO2) • Analisador de gases • Temperatura corporal o Periférica o Esofágica: não é uma obrigatoriedade, mas se houver Geovana Sanches, TTXIV dúvidas é um parâmetro importante • Sonda urinária o Visa monitorar o débito urinário do paciente, o qual deve ser no mínimo 0,5 mL/kg/h o Valores inferiores a esse indicam algum grau de insuficiência renal § IRA? NTA? • PANI (pressão arterial não invasiva) o PAS > 140mmHg ou PAD > 90mmHg indica que o paciente está hipertenso Monitorização avançada A monitorização avançada é indicada para pacientes graves e instáveis, nos quais já é necessário maior invasão para parâmetros mais fidedignos. • PAi (pressão arterial invasiva) o Obtida através da punção da artéria radial • PVC, PAP e Pcpo (cateter de Swan-Ganz) o Pressão venosa central o Pressão da artéria pulmonar o Pressão do capilar pulmonar • DC (débito cardíaco) o Monitor de débito contínuo ou intermitente o Flotrac®, LiDCO® • TEG o Tromboelastografia • PIC o Pressão intracraniana o Hepatite fulminante • BIS/Entropia o Avaliação do nível de consciência • ECO transesofágico SISTEMA CARDIOVASCULAR O sistema cardiovascular sempre será monitorizado, tendo em vista que as alterações hemodinâmicas podem ocorrer em diversas condições (perda sanguínea, por exemplo). • Aporte de oxigênio aos tecidos o Alteração hemodinâmica aguda relacionada a cirurgia o Alteração relacionada a anestésicos diretos (hipotensão) o Alta prevalência de doenças cardiovasculares entre pacientes cirúrgicos o Gradiente de pressão § Diferença entre PAM e PVC (central) e PAM e PIC (cerebral) Ausculta cardíaca • Estetoscópio precordial e esofágico • Ausculta abolida? Presença de sopros? Eletrocardiograma O eletrocardiograma avalia o impulso elétrico através do coração. Seus objetivos durante a monitorização são verificar: • Atividade cardíaca (FC e ritmo) • Arritmias atriais e ventriculares • Alterações eletrolíticas o Complexo QRS alargado = pensar em alteração do potássio • Função de marca-passo artificial • Isquemia Vale ressaltar, entretanto, que a presença de impulso elétrico não garante a contração do miocárdio e o débito cardíaco – há situações em que temos Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP). ECG intraoperatório • DII: ritmo sinusal e arritmias (onda P) • V5: diagnóstico de isquemia o Sensibilidade de 75% • DII (parede inferior CD) + V5 (VE descendente anterior) o Sensibilidade de 80% • V4 + V5 o Sensibilidade de 90% • DII + V4 + V5 o Sensibilidade de 96% • Análise do segmento ST o Infra e supra • Utilizar o método diagnóstico Arritmias ventriculares no IAM Geovana Sanches, TTXIV PANI (Resistência e fluxo) Métodos • Ausculta: sons de Korotkoff • Palpação do pulso radial • Doppler Complicações • Lesão isquêmica do nervo (< 3 min) • Medida falsa o Tamanho do manguito o HAS o Obesidade o Hipotermia o ... PA invasiva • Obtida através de um cateter, geralmente inserido na artéria radial • Frequentemente monitorada para avaliar a pressão de pulso de órgãos vitais • Obrigatória pelo AHA desde 2010 para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) • Pressão Sistólica o Reflexo de contração do VE o Infere a necessidade de oxigênio pelo miocárdio o Ex.: aneurismas • Pressão diastólica o Relacionada à perfusão do VE • Pressão arterial média (PAM) o Reflete a oferta sanguínea aos órgãos !"# = 2!"' + !)3 o Deve ser > 65 mmHg para perfusão adequada dos órgãos vitais Indicações • Instabilidade cardiovascular antecipada o Neurocirurgia o Trauma o Cirurgias de grande porte • Doença cardiovascular • Inabilidade de medida indireta • Necessidade de amostras sanguíneas Sítios de punção • Radial • Ulnar • Tibial posterior • Pediosa • Femoral • Braquial Técnica • Entrada frontal e transfixação Complicações • Evitadas pela realização do teste de Allen, o qual verifica se a mão está sendo perfundida pela artéria ulnar Pressão venosa central A pressão venosa central (PVC) indica o quanto de volume chega ao coração do paciente, sendo um reflexo indireto do desempenho ventricular. É um indicador da necessidade de reposição volêmica ou de hemoderivados. Valores normais • 4 a 8 mmHg • 6 a 10 mmH2O Geovana Sanches, TTXIV Fatores determinantes • Volume intravascular • Tônus venoso sistêmico • Função cardíaca D • Pressão intratorácica o Pneumotórax? Enfisema? Pneumopatia associada? PVC mostra isso através do aumento de curva Indicações • Monitorização das pressões de enchimento cardíaco, ao nível da veia cava superior ou átrio direito • Administração de fármacos vasoativos ou irritantes • Risco de embolia aérea • Determinantes do DC e PAP Cateter de Swan-Ganz É inserido na V. jugular interna, a qual desce até o átrio direito e mensura a PVC à passa pela valva tricúspide e chega ao ventrículo direito, atingindo a artéria pulmonar à impacta nos capilares pulmonares. Permite a monitorização do átrio direito, ventrículo direito, pressão da artéria pulmonar e dos capilares pulmonares. Oximetria de pulso Pode ser avaliada por diferentes tipos de monitor. Capnógrafo O capnógrafo é um dos melhores monitores, motivo pelo qual foi incorporado à RCP – se houver melhora nesse parâmetro, significaque o paciente está voltando a ter circulação espontânea. Ele tem por objetivo avaliar a concentração de Dióxido de carbono inspirado e expirado. Conceitos • Capnometria: medida da pressão parcial de CO2 na mistura gasosa expirada • Capnografia: gráfico da curva de pressão parcial de CO2 na mistura gasosa inspirada e expirada x tempo • Classificação quanto ao local onde amostra é analisada, confirma EOT Valores de referência e Interpretação • VR: 35 a 45 mmHg o CO2 adequado à DC normal o Paciente hipertenso à CO2 alto • Capnografia com curva ascendente pode ter como causa: o Febre, hipertermia maligna o Hipertensão o Hipoventilação • Capnografia com curva descendente pode ter como causa: o Hipotermia o Hipotensão o Hiperventilação • Na parada cardiorrespiratória: o Capnografia < 12,5 à parada o EtCO2 < 10 mmHg à necessário melhorar a massagem cardíaca o EtCO2 > 35 a 45 à retorno da circulação espontânea Análise do capnograma a. Espaço morto o Gás desprovido de CO2 b. Elevação rápida o Inclui tanto o gás alveolar, quanto o gás do espaço morto c. Platô expirado Geovana Sanches, TTXIV o Envolve o gás alveolar o PETCO2 é medida no final d. Final da expiração Flotrac – Vigileo Assemelha-se ao cateter de Swan-Ganz. ELETROENCEFALOGRAFIA BIESPECTRAL A eletroencefalografia biespectral permite a monitorização do encéfalo de forma contínua. Trata-se de uma grande evolução, tendo em vista que até pouco tempo atrás não dispunhamos de um monitor capaz de avaliar a profundidade da hipnose causada pelos agentes anestésicos. A medida do grau de excitação do paciente é realizada através da soma da amplitude e latência das ondas, dando-nos valores entre 0 e 100. Tipos de onda do EEG • Delta (0 a 4 Hz): sono e sedação profunda • Teta (4 a 8 Hz): sedação superficial • Alfa (8 a 13 Hz): paciente com olhos fechados, relaxado o Rádio alfaFM: músicas lentas para relaxarmos • Beta (13 a 30Hz): paciente encontra-se acordado e alerta Valores Objetivos Na anestesiologia, busca-se manter o paciente em ondas Delta ou Teta, com um BIS ideal entre 40 e 60. Deve-se evitar, entretanto, a Burst Suppression, a qual consiste em uma sedação muito profunda e hipotermia. Quando o objetivo é tirar o paciente da sedação, trazemos o BIS para acima de 80, no qual haverá predomínio de ondas Beta. Para que ele realmente esteja acordado, entretanto, geralmente se faz necessário um BIS acima de 95. TROMBOELASTÓGRAFO (TEG) O TEG é capaz de monitorizar a coagulação do paciente, verificando o quanto de coágulo está sendo produzido no corpo. ECOCARDIOGRAFIA TRANSESOFÁGICA INTRA- OPERATÓRIA • Função do VE – sistólica o Global o Regional • Avaliação semi-quantitativa das pressões de enchimento o Pressão do AE e AD • Função e competência valvar MONITORIZAÇÃO DA UNIDADE MOTORA A presença de ondas mecânicas traçadas na inervação mostra o parâmetro de movimentação do paciente. A MONITORIZAÇÃO IDEAL... • Minimamente invasiva é amplamente aplicável • DC, pré e pós-carga em tempo real • Fácil uso e operação no leito • Clareza na demonstração e interpretação dos dados • Custo efetivo • Uso em todas as faixas etárias Geovana Sanches, TTXIV ACESSO VENOSO Acesso venoso periférico Gelco • É o mais utilizado atualmente para realização do acesso venoso periférico • Possui diversos tamanhos, sendo 14 o maior e 24 o menor • Apresenta uma agulha em seu interior, a qual é utilizada para fazer a punção; após esta, retira-se a agulha e permanece apenas o teflon (evita infecção e incômodo ao paciente) Locais de punção • Braço • Mão • Fossa cubital • Pés (se não conseguir nos MMSS) Escolha do local • Local de maior facilidade de higienização • Local sem lesões, escoriações ou infecção • Local de maior conforto, mas não dependente • Evitar locais de maiores fatores de risco • Evitar membro com fístula arteriovenosa • Evitar punção em membros com esvaziamento ganglionar (mastectomias) o Não é totalmente contraindicado, mas caso haja outra opção, deve ser evitado Técnica Geovana Sanches, TTXIV 1. Expor a região a ser puncionada 2. Prender o garrote acima do local escolhido 3. Realizar a assepsia do local 4. Tracionar o membro e inserir o cateter com ângulo médio de 30º 5. Introduzir o cateter para dentro do vaso 6. Remover a agulha 7. Fixar o cateter em posição Complicações • Hematoma • Tromboflebite • Trombose venosa • Necrose Acesso venoso central O acesso central sempre é realizado em veias, tendo em vista que as grandes artérias sangram demasiadamente e são mais propensas a criarem trombose. O acesso venoso central é realizado a partir da punção de grandes veias que tem rápida comunicação com o coração, tais quais: Veia jugular interna, Veia jugular externa, Veia subclávia, Veia axilar e Veia femoral. O procedimento pode ou não ser guiado por ultrassom, mas indica-se que sempre o utilize quando disponível. Técnicas • Via anterior (interescalênica) • Via subclávia Complicações • Pneumotórax o Via subclávia o Realizar RX após punção para avaliação
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