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SP2 - E�, f�er �ame�? Ne� pensar! 1- Identificar os fatores de risco e a epidemiologia do câncer de próstata. EPIDEMIOLOGIA: ➔ Incidência global estimada em mais de 1 milhão e 500 mil casos e mortalidade de 366 mil pacientes por ano no mundo ➔ No Brasil, é o segundo câncer mais comum em homens (atrás apenas de tumores de pele não melanoma), sendo a incidência em torno de 70 mil casos novos com pouco menos de 15 mil mortes anualmente ➔ É um câncer típico da terceira idade, sendo comumente diagnosticado após os 65 anos. Nos últimos anos, tem se notado um aumento na incidência, provavelmente justificado pelo uso do antígeno prostático específico (PSA) como triagem e pela melhoria na qualidade de exames de imagem e, consequentemente, aumento nas detecções de tumores em estágios mais precoces ➔ Quase 80% dos homens atualmente diagnosticados com câncer de próstata foram submetidos à uma biópsia devido à uma dosagem suspeita de PSA ➔ O exame de toque retal mantém um importante papel para a detecção precoce. 20% dos casos têm um nódulo de próstata que indica biópsia ➔ O subtipo histológico mais comum é o adenocarcinoma, encontrado em mais de 95% dos casos ➔ Há subtipos raros, como linfoma neuroendócrino (bem diferenciado ou pequenas células) ou urotelial ➔ O espectro da doença pode ir desde neoplasias bem diferenciadas e de crescimento indolente até neoplasias indiferenciadas agressivas O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do biênio 2018/2019, sejam diagnosticados 68.220 novos casos de câncer de próstata no Brasil. O câncer de próstata pode ser uma doença grave, mas a maioria dos homens diagnosticados com a doença, não morrem por causa dela. É correto afirmar sobre o câncer de próstata: * (A) Nos países ocidentais desenvolvidos é a neoplasia visceral de maior frequência em homens. No Brasil, estimam-se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens. Um em cada 9 homens será diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida. O câncer de próstata ocorre principalmente em homens mais velhos. Seis em cada 10 casos são diagnosticados em homens com mais de 65 anos, sendo raro antes dos 40 anos. A média de idade no momento do diagnóstico é de 66 anos. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum. A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de próstata ocupa a primeira posição no país em todas as Regiões brasileiras, com um risco estimado de 72,35/100 mil na Região Nordeste; de 65,29/100 mil na Região Centro-Oeste; de 63,94/100 mil na Região Sudeste; de 62,00/100 mil na Região Sul; e de 29,39/100 mil na Região Norte. A estimativa mundial apontou o câncer de próstata como o segundo câncer mais frequente em homens no mundo. Foram estimados 1.280 mil casos novos, o equivalente a 7,1% de todos os valores de cânceres considerados. As maiores taxas de incidência de câncer de próstata encontram-se na Austrália e Nova Zelândia e nos países europeus. FATORES DE RISCO São fatores de risco para o Câncer de próstata: Obesidade, negros, história familiar de câncer de próstata. Sobre o câncer de próstata: Os “castratis” não desenvolvem câncer de próstata se o procedimento foi realizado antes da puberdade. Indivíduos da raça negra têm pico mais elevado de testosterona na puberdade como gatilho para a doença, em comparação a outras raças ★ A idade - tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos. ★ Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias. ★ Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado. ★ Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata. INFLUÊNCIAS GENÉTICAS FAMILIARES E DE CÉLULAS GERMINATIVAS O câncer de próstata tem um forte componente familiar, demonstrado por estudos epidemiológicos e análise genética de células germinativas. O risco de desenvolver câncer de próstata é maior naqueles com um parente de 1º grau afetado. O risco relativo (RR) aumenta em função do número de membros da família afetados, seus graus de parentesco e a idade em que eles são afetados. Estima-se que cerca de 15% de todos os casos de câncer de próstata sejam causados por mutações que ocorrem em células germinativas. INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO As infecções causam cerca de 16% de todos os cânceres mundialmente. As inflamações crônicas que provocam hiperproliferação celular para a substituição do tecido lesado contribuem para o desenvolvimento de cânceres associados à infecção de cólon, esôfago, estômago, bexiga e fígado. Evidências sugerem que um processo semelhante ocorra no desenvolvimento do câncer de próstata, embora nenhum agente infeccioso em si tenha sido identificado. Ainda assim, inflamações causadas por infecções, dieta alimentar e outras causas contribuem para o desenvolvimento e progressão da doença em estágio inicial. Nas amostras clínicas da próstata, é frequente encontrar infiltrados inflamatórios e lesões chamadas de atrofia inflamatória proliferativa (AIP). Essa AIP é um espectro caracterizado por: atrofia epitelial, baixo índice apoptótico e índice elevado de proliferação, geralmente associadas aos infiltrados inflamatórios. A AIP parece ser uma lesão regenerativa, que aparece em consequência de infecção ou traumatismo celular resultante de dano oxidativo, hipóxia, infecção ou autoimunidade, e seu estado hiperproliferativo pode levar ao desenvolvimento de câncer. A AIP costuma ser encontrada junto de um câncer em estágio inicial de desenvolvimento, e há uma via genética identificável entre AIP, NIPAG e câncer. Alterações genéticas em genes que regulam a resposta inflamatória e o processo de reparo de DNA → defesas celulares incapazes de neutralizar oxidantes inflamatórios → início ou perpetuação da carcinogênese prostática. ★ Estresse oxidativo → espécies reativas ao oxigênio e nitrogênio se ligam ao DNA → causam mutações. ★ Estresse oxidativo de fonte exógena ou endógena → acúmulo de lesões no DNA que ocorre com o envelhecimento → transformações malignas. Os maiores causadores de inflamação parecem ser agentes cancerígenos na alimentação, como: - Carnes cozidas - Estrógenos - infecciosos. Esses agentes causam lesões epiteliais que geram respostas inflamatórias agudas, crônicas ou recidivantes, que por sua vez causam hiperproliferação das células epiteliais, danos no DNA, acúmulo de defeitos genéticos e lesões pré-cancerosas como a AIP e a neoplasia intraepitelial prostática (PIN). Existem alguns biomarcadores que parecem ter relação com a incidência e mortalidade do CA de próstata. Eles capturam aspectos da dieta, exposições ambientais e hormonais e outros fatores para os quais as concentrações são parcialmente determinadas pela genética. Andrógenos ➔ influenciam desenvolvimento, maturação e manutenção da próstata, e afetam a proliferação e a diferenciação do epitélio luminal. Eles são importantes na manutenção dos cânceres estabelecidos. Estudos mostraram que inibir a conversão da testosterona (T) para a di-hidrotestosterona (DHT) reduz a incidência do câncer. Concentrações séricas elevadas de andrógenos são consideradas fatores de risco. Estrógenos ➔ têm efeitos diretos e indiretos sobre o crescimentoe desenvolvimento prostático, e atuam no surgimento e progressão do CA de Próstata. Tradicionalmente, são considerados protetores contra esse câncer, e utilizados como tratamento da doença em estágio avançado. O efeito desse tratamento ocorre por meio de feedback negativo no eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, e por meio de um efeito inibidor direto dos estrógenos sobre o crescimento de células epiteliais da próstata. No entanto, alguns estudos mostram que ele pode ser pró-cancerígeno. Eixo do Fator de Crescimento Semelhante à Insulina (IGFs) ➔ são hormônio que tem atuação essencial no crescimento e metabolismo corporal, exercendo influência em processos celulares, como proliferação, migração e diferenciação. Os IGF’s promovem a proliferação e inibem a apoptose em células prostáticas normais e cancerosas. As IGFBPs podem influenciar o crescimento da próstata, independente de IGF. ● IGFBP-2: estimula a proliferação ● IGFBP-3: promove apoptose. ○ Pode ser clivada pelo PSA, reduzindo sua atividade pró-apoptótica. Ambos podem mediar a inibição de crescimento por meio da 1,25-dihidroxivitamina D. Leptina ➔ é um hormônio produzido por adipócitos. Contribui para o controle do peso corporal por supressão de apetite e modulando a utilização de energia. Homens obesos tornam-se resistentes à leptina e exibem concentrações plasmáticas elevadas desse hormônio. ➔ Há evidências de que a leptina tem atuação no desenvolvimento da doença avançada, induzindo a expressão dos fatores de crescimento endotelial e de fator de crescimento fibroblástico básico e estimulando a migração celular. Um alelo variante no gene receptor de leptina pode ser o mais forte preditor de CA de próstata fatal. Vitamina D, Receptor de Vitamina D e Cálcio ➔ a vitamina D (1,25-dihidroxivitamina D3) é um hormônio esteróide. ◆ Homens que vivem com menos exposição aos raios ultravioletas derivados da luz solar tem maior taxa de mortalidade por CA de próstata ◆ O CA de próstata ocorre mais frequentemente em homens mais velhos, nos quas a deficiência de vitamina D é mais comum. ◆ Os afro-americanos, cuja vitamina bloqueia a ativação da vitamina D, têm maiores taxas de incidência e mortalidade. ◆ A ingestão diária de produtos lácteos que diminuem as concentrações de Vitamina D, está associada ao maior risco de câncer de próstata. ◆ Japoneses têm baixa incidência de Ca de próstata devido à dieta rica em Vitamina D de peixes. As células desse câncer tem receptor de Vitamina D, e esse hormônio tem efeitos na parada do ciclo celular e inibição da invasão, migração celular, metástase e angiogênese. Atividade Sexual/Infecções Sexualmente Transmissíveis ➔ a atividade sexual expõe a próstata a agentes infecciosos que podem aumentar o risco de câncer por infecção direta com um organismo carcinogênico (semelhante ao HPV no câncer cervical), ou por causa do início de uma resposta inflamatória. Estudos sugerem uma associação protetora entre o câncer de próstata e a frequência de ejaculação. Há um estudo que mostra efeito protetivo em homens que ejaculam mais de 5 vezes por semana aos 20 anos, e mais de 21 ejaculações por mês entre 20 e 40 anos. Tabagismo ➔ a fumaça é uma fonte de exposição ao cádmio, o que aumenta a concentração de andrógenos circulantes e causa estresse oxidativo celular significativo. Dieta ➔ pode ter atuação na progressão tumoral. Isso possibilita que os cânceres clinicamente latentes se tornem clinicamente evidentes. O colesterol intracelular pode ser cancerígeno por ser um precursor esteroidal de T e DHT. As concentrações séricas menores de colesterol e utilização de agentes que diminuem a concentração de colesterol (estatinas), reduzem o risco de doença em fase avançada. A perda de homeostase do colesterol pode contribuir para o risco e progressão do CA de próstata. Obesidade ➔ a gordura branca serve como reservatório de energia e como órgão endócrino com secreção de citocinas e agentes com atividades semelhantes a citocinas. tratamento da obesidade por meio da redução da ingestão de gorduras e do aumento da frequência de exercícios físicos reduz o estresse oxidativo. Isso sugere que as modificações no estilo de vida podem ser importantes na redução do risco de câncer de próstata. Valores altos de IMC parecem estar associados a baixas concentrações séricas de PSA e a próstatas maiores. Isso, em homens obesos, poderia levar à realização de menos biópsias da próstata e maiores erros de amostragem. Consumo de Álcool ➔ Um estudo de caso-controle contemporâneo encontrou concentrações menores de PSA e maior risco de doença de alto grau histológico no momento do diagnóstico em bebedores pesados. 2- Reconhecer a herança genética envolvida neste tipo de tumor. Há evidências de que esse câncer surge e avança por causa de alterações genéticas fundamentais que: ➔ Ativam oncogenes e ➔ Inativam genes supressores tumorais. Essas alterações são resultantes de alterações genômicas epigenéticas e estruturais, como amplificação, deleção, alterações somáticas no número de cópias e rearranjos cromossômicos que resultam em fusões gênicas com novas propriedades biológicas. —------------------------------------- A hereditariedade é um dos principais fatores de risco do CaP, que se caracteriza pela herança de mutações em genes de susceptibilidade de alta penetrância que quando transmitidos aos descendentes aumentam o risco de desenvolvimento de tumores. Estudos de segregação, estudos com gêmeos e estudos caso-controle e coorte, forneceram fortes evidências relacionadas à predisposição genética e o CaP, com risco crescente de 2 a 3 vezes para os homens com história familiar da doença em um parente de primeiro grau. O Risco Relativo (RR) é ainda maior (3 a 5 vezes mais elevado), se o parente for diagnosticado antes dos 65 anos de idade ou se houver 2 ou mais familiares com CaP. A história familiar é uma das indicações para o início do exame de PSA na fase mais jovem para a detecção precoce do CaP. Atualmente a definição de formas hereditárias do CaP é baseada na distribuição e idade de início da doença numa dada família. Familiar e hereditário são termos que se referem ao aumento do risco de câncer dentro das famílias, mas não são sinônimos. Para fins de investigação, o CaP pode ser dividido em três formas epidemiológicas: (1) esporádica – que ocorre aleatoriamente na população em indivíduos que não possuem história familiar; (2) familiar – caracterizado por agrupamento simples de doença nas famílias, por exemplo, quando dois irmãos têm CaP e (3) hereditário – caracterizado por um padrão de distribuição de CaP consistente com a herança mendeliana de um gene de susceptibilidade e início precoce da neoplasia. A forma familiar do CaP corresponde a aproximadamente 20% dos casos e é definida pelo acometimento de pelo menos dois parentes de primeiro grau. A etiologia do CaP familiar pode envolver uma variedade de mecanismos, como a exposição familiar a fatores de risco ambientais ou alimentares, vários genes trabalhando juntos para contribuir com a herança poligênica, ou a transmissão de um único gene de baixa penetrância. A etiologia do CaP hereditário, por outro lado, é caracterizada pela transmissão hereditária compatível com herança mendeliana. Esse tipo de CaP acontece em 5% dos casos, e o reconhecimento dessa hereditariedade necessita de critérios mais estritos, por exemplo, de três parentes de primeiro ou segundo grau acometidos ou dois parentes afetados antes dos 55 anos de idade. Até o momento, apenas alguns genes de risco foram identificados, embora cerca de 40 loci tenham sido associados à susceptibilidade genética. O primeiro gene foi identificado em 1966 e está localizado no cromossomo 1q24-25, denominado HPC1. O gene relacionado a esse lócus foi posteriormente clonado e corresponde ao RNASEL, um gene supressor que atua sobre a proliferação celular e apoptose induzida por interferon, importantena degradação de células infectadas por vírus. Duas mutações foram descritas neste gene, uma localizada no códon de iniciação e outra que resulta em uma proteína truncada em duas famílias com herança HPC1, porém são raras e seu papel no desenvolvimento do CaP parece ser pequeno. Outros dois loci importantes foram identificados nesse cromossomo, o 1q42.2- 43, denominado PCAP e o 1p36 CAPB. Outras análises de ligação identificaram algumas alterações nos loci 16q23.2, 17p (HPC2), 20q13 (HPC20), 8p22 (MSR1) e Xq27-28 (HPCX). Os genes BRCA1 e BRCA2 também já foram descritos como genes de suscetibilidade. O RR de CaP aumenta em homens que carregam a mutação nesses genes de predisposição ao câncer de mama. Além deles, no gene NSB1 foram encontradas mutações em linhagens germinativas em uma frequência maior nos casos de CaP que nos controles. Essas evidências suportam a possibilidade de que a predisposição ao CaP em alguns casos, pode ser decorrente de mutações que ocorrem em genes associados ao reparo do DNA. O gene HOXB13 pertence a um grupo de genes homeobox altamente conservados que são essenciais para a embriogênese de vertebrados. Nos seres humanos, existem quatro conjuntos de genes HOX (A, B, C e D) em cromossomos separados e o aglomerado HOXB está localizado na região 17q21-22. HOXB13 é altamente expresso tanto em próstata normal quanto no CaP. A proteína HOXB13 é um fator de transcrição específico que possui 284 aminoácidos e que interage com o receptor de andrógeno e tem um papel importante no desenvolvimento da próstata. Foi demonstrado também que essas proteínas regulam as respostas celulares a andrógenos, tais como a promoção do crescimento independente de andrógenos, em linhagens celulares de CaP. —---------------------------------------- O câncer causado por genes hereditários é denominado câncer hereditário. Vários genes mutados hereditários foram associados ao câncer de próstata hereditário, incluindo: ➔ BRCA1 e BRCA2: Esses genes supressores de tumores normalmente reparam erros no DNA da célula. As mutações hereditárias nesses genes causam comumente câncer de mama e câncer de ovário em mulheres. Mas as alterações nesses genes (principalmente no BRCA2) representam uma pequena porcentagem dos cânceres de próstata. ➔ CHEK2, ATM, PALB2 e RAD51D: Mutações nesses genes podem ser responsáveis por alguns tipos de câncer de próstata hereditários. ➔ Genes de reparação de incompatibilidade do DNA (MSH2, MSH6, MLH1 e PMS2): Esses genes geralmente corrigem erros no DNA que são feitos quando uma célula está se preparando para se dividir em 2 novas células. Homens com mutações hereditárias nesses genes têm uma condição conhecida como síndrome de Lynch, também conhecida como câncer colorretal hereditário não poliposo e têm um risco aumentado para câncer colorretal, câncer de próstata e outros tipos de câncer. ➔ RNASEL (antigo HPC1): A função normal deste gene supressor do tumor é ajudar às células a morrer quando ocorrer algo errado dentro delas. As mutações hereditárias nesse gene permitem que células anormais vivam mais do que deveriam, o que pode levar a um risco aumentado de câncer de próstata. ➔ HOXB13: Esse gene é importante no desenvolvimento da próstata. As mutações nesse gene têm sido associadas ao câncer de próstata em estágio inicial ★ hereditário ★ familiar (vários casos, porém sem questão genética) ★ esporádico Alterações Epigenéticas: Os eventos epigenéticos afetam a expressão do gene sem alterar a sequência real do DNA. Os mecanismos envolvem hipo e hipermetilação do DNA, remodelação da cromatina e regulação por miRNA e IncRNA. ❖ Hipermetilação do DNA: Provoca silenciamento da expressão gênica e é alteração epigenética mais bem caracterizada do câncer de próstata. Afeta de mais 50 genes, por meio de processos celulares como: ➔ Resposta Hormonal ➔ Transdução de Sinal ➔ Controle do Ciclo Celular ➔ Reparo de DNA ➔ Genes de Resposta Inflamatória ➔ Genes supressores de tumor ➔ Invasão Tumoral ➔ Apoptose A hipermetilação do DNA provoca a ativação de oncogenes e a instabilidade genética. Parece afetar também genes associados à progressão do câncer. A metilação de regiões promotoras de alguns genes é influenciada pela dieta e pela idade e costuma ser observada em PIN (neoplasia intraepitelial prostática) de alto grau e em tecido prostático morfologicamente normal. Isso sugere que esses eventos podem ser deflagradores iniciais do desenvolvimento do câncer de próstata. ➔ Remodelação da cromatina e modificações pós-traducionais das histonas: Mecanismos epigenéticos de desregulação da expressão gênica no câncer de próstata. ★ Enzimas modificadoras de histonas parecem estar alteradas no câncer de próstata. A melhor caracterizada é a metiltransferase EZH2. ★ Superexpressão da EZH2 está relacionada com a hipermetilação de promotores que provocam o silenciamento da expressão gênica e está associada a maiores taxas de proliferação e recorrência da doença. ★ Outros modificadores de histonas, como enzimas que removem grupos acetil das histonas, são superexpressos em câncer de próstata e alvos tanto para prevenção quanto terapia, utilizando agentes que podem inibir ou reverter seus efeitos. A acetilação de histonas também parece ser importante na regulação da função do AR. ★ O gene PCA3 é um lncRNA (regulam a expressão gênica por meio de vários mecanismos) que pode ser detectado na urina depois de um exame de toque retal (ETR) e tem utilidade clínica tanto na detecção de câncer quanto na tomada de decisão sobre a necessidade de biópsia posterior após uma biópsia inicial negativa. ★ Os níveis de expressão do lncRNA SCHLAP1 parecem estar associados à metástase e à mortalidade específica por câncer de próstata após a prostatectomia radical ★ O PRNCR1 é um IncRNA que mostrou suscetibilidade ao câncer de próstata de células germinativas que é o mais repetidamente identificado em GWAS, superexpresso em PIN e em câncer, além de provocar a ativação do AR independentemente de ligante. Alterações de Andrógenos As células germinativas do gene que codifica o AR sofrem polimorfismos, o que está ligado ao risco de câncer de próstata. A via de sinalização do PI3K/Akt tem interação recíproca com a via de sinalização do AR, de tal modo que a inibição de uma ativa a outra para manter a viabilidade de tumor. Isso sugere que o bloqueio simultâneo de ambas as vias pode ser necessário para a eficácia terapêutica. A atividade de transcrição mediada pelo AR atua como um deflagrador inicial de rearranjos genômicos no câncer de próstata e reforça o papel da transcrição mediada por AR como via de sinalização crítica nas doenças primária e avançada. Fusões Gênicas: As fusões gênicas são resultantes de translocação cromossômica, sendo esse o tipo mais comum de alteração nos cânceres humanos. Essas fusões ocorrem por um processo chamado de cromoplexia, na qual translocações e deleções surgem de forma interdependente e corrompem de forma coordenada vários genes envolvidos com o câncer. ➔ Fusões Gênicas da Família ETS: É a fusão mais comum, que ocorre na região promotora do gene TMPRSS2 ou de outros genes fundidos ao gene ERG (relacionado com o ETS). Os genes TMPRSS2 e SLC45A3 são responsivos a andrógenos de tal forma que a fusão de qualquer um desses genes a um gene promotor de crescimento normalmente indiferente a andrógenos, como os genes codificadores de proteínas da família ETS, traz consigo um sinal poderoso para o crescimento celular sob o controle de andrógenos. Essas fusões não são vistas na HPB ou AIP, mas estão presentes em células tronco prostáticas, PN de alto grau e câncer de próstata em estágio inicial. Isso sugere que é um evento precoce e importante na tumorigênese prostática, o que pode impulsionar a transição de PIN para câncer. A alta especificidade da fusão TMPRSS2:ERG (família de oncogenes) para o câncer a torna um alvo atraente para uso clínico. Transcriçõesdessa fusão podem ser detectadas na urina, e evidências clínicas sugerem que a combinação dos exames de detecção urinária de TMPRSS2:ERG e PCA3 melhora a utilidade da detecção de PSA sérico no diagnóstico de câncer de próstata. Alguns dados sugerem que a quantificação da fusão TMPRSS2:ERG na urina pode predizer tanto o volume do tumor quanto a agressividade tumoral. ➔ Outras Fusões Gênicas: Os cânceres de próstata podem apresentar fusões envolvendo os genes SPINK1 e genes codificadores de proteínas RAF quinase. Ambos os exemplos provavelmente representam vias de crescimento alternativos para os tumores que não exibem fusões com genes da família ETS e podem ser fenótipos distintos NKX3-1: É um gene expresso na próstata, regulado por andrógenos. Ele pertence à família de genes homeobox que protegem o DNA contra danos e promovem seu reparo. A diminuição na expressão desse gene por mutação, metilação do seu promotor ou por eventos pós-transcricionais promove a ocorrência de danos no DNA das células epiteliais e o aumento das taxas de proliferação. A perda da função desse gene é observada na AIP, PIN e na maioria dos cânceres de próstata. É provável que seja um evento precoce na tumorigênese da próstata. Via da Fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K): É uma das vias de sinalização mais frequentemente desreguladas no câncer, e em atuação importante no câncer de próstata em estágios iniciais e finais. A via pode ser ativada por vários mecanismos e resulta em alterações na proliferação, na sobrevivência celular e na invasão. As mutações de perda de função em PTEN e PHLPP1 e as amplificações e mutações de ganho de função no PIK3CA são os mecanismos mais comuns de ativação da via da PI3K em câncer de próstata. As deleções do PTEN ocorrem em cerca de 40% dos tumores primários, são um mecanismo central da progressão tumoral e estão associadas ao risco de doença avançada e de mau prognóstico Mutações no SPOP: São as mutações pontuais mais comum o câncer de próstata primário. Esse tipo tem características moleculares únicas, que não ocorrem em cânceres com fusões contendo genes da família ETS ou naqules com anormalidades no p53. TP53: O gene supressor tumoral (ps53) ativa a transcrição de genes envolvidos na parada do ciclo celular, no reparo de DNA e na apoptose, e sua desregulação resulta no aumento da capacidade de sobrevivência das células, instabilidade genômica e proliferação. A análise completa do genoma sugere que, em alguns casos, perturbações do TP53 ocorrem no início da tumorigênese, seguidas do surgimento de anormalidades nos genes NKX3-1 ou FOXP1 e fusão entre os genes TMPRSS2 e ERG. Modelo integrado da Tumorigênese do Câncer de Próstata: Os eventos iniciais em homens geneticamente suscetíveis envolvem agressões ambientais, como dieta e infecção, que resultam em respostas inflamatórias danosas para a integridade do DNA no epitélio prostático. Os eventos genéticos iniciais que fazem que as lesões precursoras progridam para o início dos cânceres são deleção do NKX3-1 e fusões com genes da família ETS ou, alternativamente, mutações nos genes SPOP e FOXA1 em cânceres sem fusões gênicas. Em seguida, surgem mutações em genes supressores tumorais clássicos, como o TP53, fazendo que a via PI3K/PTEN/Akt seja inativada com consequente progressão da doença e culminando na desregulação multifacetada da função e da sinalização do AR, as quais levam à doença letal. 3- Relacionar a Fisiopatologia do câncer de próstata com as manifestações clínicas. A próstata pode ser dividida em algumas regiões biologicamente distintas, e as mais importantes delas são as zonas periférica e de transição. Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. Por exemplo, a maioria das lesões hiperplásicas surge na região mais interna da zona de transição, ao passo que a maioria dos carcinomas (entre 70%-80%) apresenta-se nas zonas periféricas. Como resultado, os carcinomas são frequentemente detectados por exame retal, enquanto as hiperplasias são mais propensas a causar obstrução urinária. A próstata normal contém glândulas com duas camadas de células: uma camada de célula basal plana e uma camada sobrejacente composta por células secretoras colunares. O estroma que envolve a próstata contém uma mistura de músculo liso e tecido fibroso. A próstata é acometida por distúrbios infecciosos, inflamatórios, hiperplásicos e neoplásicos, dos quais o câncer de próstata é, de longe, o mais importante clinicamente. Resumo - Hiperplasia prostática benigna ● A HPB é caracterizada pela proliferação de elementos estromais e glandulares benignos. A DHT, um androgênio derivado da testosterona, é o estimulador hormonal mais importante da proliferação. ● A HPB origina-se na zona de transição periuretral. Os nódulos hiperplásicos exibem proporções variáveis de glândulas e de estroma. As glândulas hiperplásicas são revestidas por duas camadas de células: uma camada colunar interna e uma camada externa de células basais planas. ● Os achados clínicos resultam da obstrução do trato urinário e incluem hesitação, urgência, noctúria e fluxo urinário deficiente. A obstrução crônica predispõe a infecções recorrentes do trato urinário. CARCINOMA DA PRÓSTATA FISIOPATOLOGIA: O adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer. Os andrógenos desempenham um papel importante no câncer de próstata. O crescimento e a sobrevida das células do câncer de próstata dependem de andrógenos, que se ligam ao receptor androgênico (RA) e induzem a expressão de genes pró-crescimento e pró-sobrevida. RAs com extensões mais curtas de poliglutamina apresentam maior sensibilidade aos andrógenos. As repetições mais curtas de poliglutamina são encontradas em geral em afro-americanos, enquanto caucasianos possuem uma extensão intermediária e os asiáticos possuem a mais longa, o que corresponde à incidência e à mortalidade por câncer de próstata nesses grupos. Mais diretamente, a extensão das repetições está inversamente relacionada à frequência na qual o câncer de próstata se desenvolve em modelos murinos. A importância dos andrógenos na manutenção do crescimento e sobrevida das células do câncer de próstata pode ser observada no efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandrogênicos, que geralmente induzem regressão da doença. Infelizmente, a maioria dos tumores eventualmente se torna resistente ao bloqueio androgênico. Os tumores escapam por uma variedade de mecanismos, incluindo uma hipersensibilidade em níveis baixos de andrógeno (p. ex., amplificação do gene de RA), ativações de RA independente de ligante (p. ex., via ligações variantes que bloqueiam o domínio de ligação do ligante), mutações em RA que permitem sua ativação por ligantes não androgênicos, e outras mutações ou alterações epigenéticas que ativam as vias de sinalização alternativas, que podem evitar completamente a necessidade de RA. Entre essas últimas estão as alterações que levam a um aumento da ativação da via de sinalização PI3K/AKT (tal como a perda do gene supressor de tumor PTEN), que é observada mais frequentemente em tumores que se tornaram resistentes à terapia antiandrogênica. Uma mudança genética estrutural muito comum no câncer de próstata são os rearranjos cromossômicos que justapõem a sequência de codificação do gene de um fator de transcrição da família ETS (mais comumente ERG ou ETV1) próximo ao promotor TMPRSS2 regulado por androgênio. Esses rearranjos, que ocorrem em aproximadamente metade dos casos de câncer de próstata em coortes caucasianas, colocam o gene ETS envolvido sob o controle do promotor TMPRSS2 e levam à sua superexpressão de modo dependente de andrógenos. A superexpressão dos fatores de transcrição ETS não transforma diretamente as células epiteliais da próstata, mas torna as células epiteliais prostáticas normais mais invasivas, possivelmente pela supra regulação de metaloproteases da matriz. Alteraçõesgenéticas mais comuns no câncer da próstata incluem amplificação do locus 8q24 contendo o oncogene MYC e deleções envolvendo o supressor tumoral PTEN. Nos estágios avançados da doença são comuns tanto a perda de TP53 (por deleção ou mutação) como deleções envolvendo RB, dado que são ampliações do locus do gene do receptor de androgênio. A alteração epigenética mais comum no câncer de próstata é a hipermetilação no gene da glutationa S-transferase (GSTP1) que infra regula a expressão de GSTP1. O gene GSTP1 está localizado no cromossomo 11q13 e é uma parte importante da via que previne a lesão decorrente de uma grande variedade de carcinógenos. Outros genes silenciados por modificações epigenéticas em um subgrupo de cânceres de próstata incluem vários genes supressores de tumor, incluindo genes envolvidos na regulação do ciclo celular (RB, CDKN2A), na manutenção da estabilidade genômica (MLH1, MSH2) e na supressão da via de sinalização Wnt (APC). Uma suposta lesão precursora, a neoplasia intraepitelial prostática (PIN), foi descrita. Existem várias evidências que relacionam PIN ao câncer invasivo. Em primeiro lugar, tanto a PIN quanto o câncer tipicamente predominam na zona periférica e são relativamente raros em outras regiões. As próstatas contendo câncer possuem maior frequência e maior extensão de PIN, que frequentemente também é observada próxima ao câncer. Estudos revelaram que muitas das alterações moleculares observadas nos cânceres invasivos estão presentes em PIN (p. ex., reorganizações envolvendo os genes ETS são encontradas em um subgrupo), sugerindo fortemente o argumento de que PIN é precursora do câncer invasivo. Papel da testosterona A testosterona é necessária para a manutenção de um epitélio prostático normal, sadio, mas é também um pré-requisito para o desenvolvimento de câncer de próstata. Os cânceres de próstata expressam níveis robustos de receptores androgênicos (RA), e a sinalização através do receptor androgênico resulta em crescimento, progressão e invasão pelo câncer de próstata. A inibição da sinalização, tipicamente pela redução cirúrgica ou farmacológica das concentrações de testosterona, resulta em apoptose e involução do câncer de próstata. Em última análise, no entanto, a terapia de privação de androgênio (TPA) perde a eficácia clínica. Os eventos biológicos que cercam o desenvolvimento clínico “do câncer de próstata androgênio-resistente”, também chamado de câncer da próstata resistente à castração (CRPC), não são bem delineados, mas a amplificação do RA, que é um evento comum nesses pacientes, presumivelmente leva a que o câncer seja sensível a pequeníssimos níveis de androgênio ou de outros ligantes do RA. Androgênios produzidos por vias acessórias pela glândula suprarrenal e a sobrerregulação dos reguladores enzimáticos de vias de síntese de androgênios dentro das células CRPC fornecem fontes adicionais de ligante. A identificação de variantes de splicing do RA, que são constitutivamente ativos e ligante-independentes, faz deste um mecanismo potencial pelo qual a verdadeira resistência ao hormônio se desenvolve. O desenvolvimento de resistência à potente inibição da sinalização de androgênio pode ser associado ao aparecimento de CRPC letal agressivo, com diferenciação neuroendócrina. Não se sabe se isso reflete um processo de seleção clonal ou de transdiferenciação. Há suspeita clínica de tumor quando se encontra um nódulo endurecido ao toque retal ou quando há sintomas urinários, sobretudo dificuldade para iniciar ou terminar o jato urinário, disúria, aumento da frequência para urinar e hematúria. Quando há metástases ósseas, os pacientes queixam-se de dor. Aliás, lesões osteoblásticas nos ossos da bacia ou de vértebras lombares em indivíduos idosos são muito sugestivas de metástases de adenocarcinoma prostático. O diagnóstico de adenocarcinoma deve sempre ser confirmado por biópsia. Patogenia Observações clínicas e experimentais sugerem que os androgênios, a hereditariedade, os fatores ambientais e as mutações somáticas adquiridas desempenham papéis na patogenia do câncer de próstata. ● Os androgênios são de central importância. O câncer da próstata não se desenvolve em homens castrados antes da puberdade, o que indica que os androgênios de alguma forma proporcionam o “solo”, o contexto celular, no qual o câncer de próstata se desenvolve. Essa dependência dos androgênios se estende aos cânceres estabelecidos, que regridem durante um tempo em resposta à castração química ou cirúrgica. Notavelmente, os tumores resistentes à terapia antiandrogênica frequentemente adquirem amplificações de genes de receptores de androgênios ou mutações que permitem que os receptores de androgênio ativem a expressão dos seus genes-alvo, apesar da terapia. Assim, os tumores que recorrem em face das terapias antiandrogênicas ainda dependem dos produtos gênicos regulados pelos receptores de androgênio para seu crescimento e sobrevivência. No entanto, embora o câncer da próstata, como a próstata normal, dependa dos androgênios para sua sobrevivência, não há evidências de que os androgênios iniciem a carcinogênese, nem que os níveis de androgênio estejam associados ao risco de câncer de próstata. ● A hereditariedade também contribui, existe um aumento do risco entre os parentes de primeiro grau dos pacientes com câncer de próstata. A incidência do câncer prostático é incomum entre asiáticos, sendo a mais elevada entre os afro-americanos e os escandinavos. Agressiva, a doença clinicamente significativa é mais comum em afro-americanos do que em caucasianos. Estudos de associação genômica ampla identificaram inúmeras variações genéticas associadas ao aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata. Embora cada variante contenha apenas um pequeno acréscimo de risco, o efeito é multiplicativo, de modo que os homens com alelos de risco múltiplo podem apresentar até 5 vezes mais risco em comparação com a população em geral. ● O ambiente externo também desempenha seu papel, como evidenciado pelo fato de que, em imigrantes japoneses nos Estados Unidos, a incidência da doença aumenta (embora não no nível observado entre os nativos dos Estados Unidos). Além disso, à medida que a dieta asiática se torna mais ocidentalizada, a incidência do câncer de próstata clínico nessa região do mundo está aumentando. Contudo, a relação entre componentes alimentares específicos e o risco de câncer da próstata é obscura. ● As aberrações genéticas adquiridas, assim como em outros cânceres, são os verdadeiros condutores da transformação celular. As variações no número de cópias em regiões cromossômicas específicas e rearranjos de genes estão frequentemente presentes nos tumores primários. Os rearranjos gênicos mais comuns no câncer de próstata criam genes de fusão que consistem no promotor regulado por androgênio do gene TMPRSS2 e na sequência codificadora dos fatores de transcrição da família ETS. Os genes de fusão TMPRSS2-ETS estão presentes em aproximadamente 40% a 60% dos cânceres da próstata nas populações caucasianas, e ocorrem relativamente cedo na tumorigênese. Surpreendentemente, a prevalência desses rearranjos é menor entre os afro-americanos e outros grupos étnicos. Outras mutações comumente levam à ativação da via sinalizadora do oncogene PI3K/AKT (Cap. 6), entre as quais as mais comuns são as mutações que inativam o gene supressor de tumor PTEN, que atua como um freio à atividade de PI3K. Morfologia A maior parte dos carcinomas detectados clinicamente não é macroscopicamente visível. As lesões mais avançadas se apresentam como lesões firmes, de coloração branco-acinzentadas, com margens mal definidas que se infiltram na glândula adjacente A maioria dos cânceres de próstata é composta por adenocarcinomas moderadamente diferenciados que produzem glândulas bem definidas. As glândulas são geralmente menores que as benignas e são revestidas por uma única camadauniforme de epitélio cúbico ou colunar baixo, perdendo a camada de células basais observadas nas glândulas benignas. Um contraste adicional em relação às glândulas benignas é que as malignas estão mais aglomeradas e caracteristicamente não apresentam ramificação e projeção papilar. O citoplasma das células tumorais varia de uma aparência pálida-clara (como nas glândulas benignas) à anfofílica distinta (roxo-escuro). Os núcleos apresentam aumento de tamanho e frequentemente contêm um ou mais nucléolos proeminentes (Fig. 18.14). Alguma variação no tamanho e na forma nuclear é comum, mas, em geral, o pleomorfismo não é acentuado. Figuras de mitose são incomuns. Em graus crescentes, estruturas glandulares irregulares, glândulas cribriformes e lâminas de células ou células infiltrantes individuais estão presentes. Em aproximadamente 80% dos casos, o tecido prostático removido devido ao carcinoma também abriga presumíveis lesões precursoras, denominadas neoplasia intraepitelial prostática de alto grau (NIPAG). Muitas das alterações moleculares observadas nos cânceres invasivos também são observadas na NIPAG. Características Clínicas Nos Estados Unidos, a maioria dos cânceres de próstata consiste em lesões assintomáticas, pequenas, não palpáveis, descobertas na realização de uma biópsia por agulha fina para investigar o nível sérico elevado do antígeno prostático específico (PSA) (discutido posteriormente). Cerca de 70% a 80% dos cânceres da próstata originam-se nas glândulas externas (periféricas) e, por isso, podem ser reconhecidos como nódulos irregulares e duros no exame de toque retal. A minoria dos carcinomas é descoberta inesperadamente durante um exame histopatológico do tecido removido de uma HPB, por meio de ressecção transuretral. Por causa da localização periférica, é menos provável que o câncer de próstata cause obstrução uretral, do que a HPB, nos estágios iniciais. Os cânceres avançados localmente se infiltram na vesícula seminal e nas zonas periuretrais da próstata e podem invadir os tecidos moles adjacentes, a parede da bexiga urinária ou (menos comumente) o reto. Metástases ósseas, particularmente no esqueleto axial, são frequentes nos estágios avançados da doença e tipicamente causam lesões osteoblásticas (produtoras de ossos) que podem ser detectadas em uma cintilografia óssea. A análise do PSA é o exame mais usado no diagnóstico e no controle do câncer da próstata, mas, conforme será discutido, apresenta várias limitações. O PSA é um produto do epitélio prostático normalmente secretado no sêmen. Embora a triagem por PSA possa detectar os cânceres da próstata em seu estágio inicial, estudos sobre o histórico natural da doença (os chamados “estudos observe e espere”) confirmaram que muitos cânceres de próstata são clinicamente insignificantes, o que faz com que dispensem tratamento às vezes por décadas. O sobretratamento desses cânceres pode levar a complicações significativas, como morbidade e, particularmente, disfunção erétil e incontinência. Uma segunda limitação do PSA como biomarcador é que ele não é específico para câncer. A HPB, a prostatite, os infartos prostáticos, a instrumentação da próstata e a ejaculação também aumentam os níveis séricos do PSA. Inversamente, 20% a 40% dos pacientes com câncer da próstata, confinado ao órgão, apresentam nível de PSA abaixo dos níveis utilizados, como ponto de corte, para identificar pacientes com propensão ao câncer de próstata. Por causa desses problemas, os valores do PSA estão sendo reavaliados como teste de triagem. Por outro lado, uma vez diagnosticado o câncer, as medições seriadas do PSA são muito valiosas para o acompanhamento da resposta ao tratamento. Por exemplo, um nível crescente de PSA após uma prostatectomia radical ou radioterapia para a doença localizada é indício de doença disseminada ou recorrente. Os tratamentos mais comuns para o câncer de próstata clinicamente localizado são a prostatectomia radical e a radioterapia. O prognóstico após uma prostatectomia radical baseia-se no estadiamento patológico, se as margens ressecadas estão livres do tumor e na gradação de Gleason. A gradação de Gleason, o estágio clínico e os valores séricos do PSA são importantes preditores do resultado pós-radioterapia. Já que muitos cânceres da próstata se comportam de forma indolente, a vigilância ativa (“espera vigilante”) é uma abordagem apropriada no caso de homens mais velhos, pacientes com significativa comorbidade ou mesmo pacientes mais jovens com valores séricos de PSA baixos e cânceres pequenos de baixo grau. O carcinoma metastático avançado é tratado com privação de androgênio, conseguida pela orquiectomia ou pela administração de agonistas sintéticos do hormônio liberador do hormônio luteinizante (HLRL). Além disso, existem muitas terapias que reduzem a síntese de androgênios ou sinalizam o câncer de próstata metastático. Embora a terapia antiandrogênica induza remissões, clones independentes do estímulo androgênico surgem posteriormente e levam a uma progressão rápida da doença e ao óbito. Como já mencionado, esses clones mutantes continuam a expressar muitos genes que são dependentes de androgênio na próstata normal, o que sugere que mecanismos que reativam a sinalização androgênica se originam mesmo no quadro de terapia de privação do androgênio. CURSO CLÍNICO Em geral é aceito que a maioria dos cânceres focais descobertos incidentalmente, encontrados na RTUP (estádio T1a), não progride quando acompanhada por 10 anos ou mais. Pacientes mais velhos com doença em estádio T1a são tipicamente acompanhados, porém, homens mais jovens, com uma expectativa de vida mais longa, podem ser submetidos à biópsia de agulha para procurar câncer adicional na zona periférica da próstata. Lesões em estádio T1b são mais ameaçadoras e são tratadas do mesmo modo que os tumores encontrados na biópsia de agulha, uma vez que possuem uma mortalidade de 20% se deixadas sem tratamento. O câncer prostático localizado é assintomático, e geralmente é descoberto pela detecção de um nódulo suspeito ao exame retal ou pela elevação do nível sérico de PSA. A maioria dos cânceres prostáticos surge perifericamente e longe da uretra, e portanto sintomas urinários ocorrem tardiamente. Pacientes com câncer de próstata clinicamente avançado podem apresentar sintomas urinários, como dificuldade em iniciar ou interromper a micção, disúria, frequência ou hematúria. Atualmente é raro que os pacientes procurem cuidados médicos devido à dor nas costas causada por metástases vertebrais. Como mencionado, o achado de metástases osteoblásticas em exames do esqueleto ou pelo método da cintilografia óssea por radionuclídeo, muito mais sensível, é virtualmente diagnóstico desse tipo de câncer em homens. Esses cânceres seguem um curso universalmente fatal. Manifestações clínicas ➢ O estágio inicial é assintomático; ➢ Oligúria (deficiência de eliminação urinária) ➢ Polaciúria (eliminação frequente da urina) ➢ Disúria (dor ou dificuldade de urinar) ➢ Hematúria (presença de sangue na urina) ➢ Impotência sexual ➢ Frequência urinária ➢ Urgência Urinária ➢ Noctúria ➢ Hesitação ➢ Hematúria e Hematospermia ➢ Dor óssea e Hipercalcemia ➢ Síndrome Consumptiva, urêmica (pós-renal), compressão medular (denotam doença avançada) ➢ a presença de sintomas sugere doença localmente avançada ou metastásica. Queixa miccional obstrutiva ou irritativa pode ser causada pelo crescimento local do tumor na uretra ou no colo vesical, ou de sua extensão direta até o trígono da bexiga. ➢ É possível que metástases para os ossos causem dores ósseas. ➢ Doença localmente avançada com linfadenopatia regional volumosa pode levar a linfedema das extremidades inferiores. ➢ linfonodos supraclaviculares esquerdos (“linfonodos-sentinela”) aumentados de volume e de consistência endurecida, fraturas patológicas, hepatomegalia nodular ou paraplegia abrupta em consequênciade colapso de um corpo vertebral. Complicações clínicas Câncer de Próstata ➢ Perda de peso e perda de apetite ➢ Anemia ➢ Dor óssea, com ou sem fratura patológica ➢ Déficits neurológicos de compressão da medula espinhal ➢ Dor e edema nas extremidades inferiores devido à obstrução das tributárias venosas e linfáticas por metástase nodal ➢ infecção generalizada ➢ insuficiência renal. As características citológicas de CaP são: ➔ núcleos hipercromáticos, aumentados de tamanho e com nucléolos evidentes. ➔ Freqüentemente o citoplasma é abundante; assim, nem sempre as relações núcleo/citoplasma ajudam no estabelecimento de um diagnóstico de CaP, o que contrasta com sua utilidade no diagnóstico de muitas outras neoplasias. ➔ Muitas vezes, o citoplasma fica com tonalidade ligeiramente azulada ou basofílica, o que pode ajudar no diagnóstico. O diagnóstico de CaP se baseia efetivamente na arquitetura citológica. ➔ A camada das células basais está ausente em casos de CaP, embora esteja presente em glândulas normais, glândulas com HPB e nas lesões precursoras de CaP. ➔ OBS: Se houver alguma dúvida no diagnóstico de CaP, será válido obter uma coloração imunoistoquímica de ceratina de alto peso molecular, pois ocorre coloração preferencial das células basais. Assim, a ausência de coloração é consistente com CaP. 4- Caracterizar os diagnósticos diferenciais do câncer de próstata (prostatite, hiperplasia benigna de próstata) identificando os achados clínicos e laboratoriais que subsidiem a identificação. Prostatite A prostatite é dividida em três categorias: (1) prostatite bacteriana aguda (2%-5% dos casos), causada pelos mesmos organismos associados às infecções agudas do trato urinário; (2) prostatite bacteriana crônica (2%-5% dos casos), também causada por uropatógenos comuns; e (3) síndrome da dor pélvica crônica (90%-95% dos casos). Esta última pode ser subdividida em casos inflamatórios, que estão associados a leucócitos em secreções prostáticas, e casos não inflamatórios, nos quais os leucócitos estão ausentes. O diagnóstico de prostatite não é comumente baseado na biópsia, pois os achados histológicos são inespecíficos e a biópsia de uma prostatite infectada pode resultar em sepse* A exceção é a prostatite granulomatosa, que pode produzir endurecimento da próstata, levando à biópsia para descartar um câncer de próstata. ➔ Prostatite bacteriana aguda: É considerada um subtipo de infecção urinária. A causa mais provável é uma infecção uretral ascendente, ou refluxo de urina infectada (E. coli) para os ductos prostáticos. Bactérias gram-negativas (espécies de Proteus, Klebsiella, Pseudomonas e Serratia) e enterococos são patógenos menos comuns. Bactérias anaeróbias e gram-positivas raramente causam prostatite aguda. As manifestações clínicas incluem febre e calafrios, mal-estar, desejo frequente e urgente de urinar e disúria. Em muitos casos, os pacientes referem dor perineal difusa e persistente. Pode ser complicada pela sepse. A urina pode estar turva e com odor fétido em razão da infecção urinária. O toque retal detecta próstata edemaciada, dolorosa e quente com áreas macias dispersas. A massagem da próstata elimina secreção espessa com leucócitos e, quando semeada em cultura, revela grandes quantidades de patógenos. (Se houver suspeita de prostatite aguda, exame retal digital é contraindicado, pois a pressão sobre o tecido esponjoso e sensível da próstata pode causar bacteremia). Febre persistente indica a necessidade de exames complementares para determinar outros focos de infecção. TC e ultrassonografia transretal da próstata ajudam a firmar o diagnóstico de abscessos prostáticos. Prostatite bacteriana crônica - A prostatite bacteriana crônica é uma doença sutil e difícil de tratar. Nos casos típicos, os homens têm infecções urinárias repetidas com persistência da mesma cepa de bactéria patogênica no líquido prostático e na urina; e geralmente está associada a períodos assintomáticos. Os microrganismos causadores geralmente são enterobactérias gram-negativas. Cálculos prostáticos infectados também se formam e contribuem para a infecção crônica. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151895/epub/OEBPS/Text/B9788535288353000185.xhtml?favre=brett#fn0010 Os sintomas da prostatite crônica são variáveis e incluem micções urgentes e frequentes, disúria, desconforto perineal e dor lombar baixa. Em alguns casos, mialgia e artralgia acompanham os outros sintomas. Por vezes, a epididimite secundária está associada à prostatite. Alguns pacientes têm infecções repetidas das vias urinárias superiores ou inferiores, em razão da invasão recidivante da bexiga pelas bactérias da próstata, as quais podem permanecer mesmo quando o líquido prostático é estéril. O método mais preciso para estabelecer o diagnóstico são culturas localizadoras. Essa técnica baseia-se em coletas sequenciais da primeira parte do jato urinário (espécime uretral), do meio do jato (espécime da bexiga), da secreção prostática espremida (obtida por massagem da próstata) e da urina emitida depois da massagem prostática (pressiona-se a próstata causando saída de secreção prostática pela uretra peniana, que será coletada). Essas duas últimas amostras são consideradas representativas da urina prostática. Uma amostra positiva da secreção prostática espremida confirma o diagnóstico de prostatite bacteriana e exclui a possibilidade de prostatite não bacteriana. Na prostatite bacteriana crônica, o paciente pode ser assintomático, com próstata de tamanho normal e indolor ao toque retal. Síndrome da dor pélvica crônica: ➔ Prostatite infecciosa: Não tem bactérias no sistema urinário, mas ainda assim refere dor ao longo do pênis, nos testículos e no escroto; ejaculações dolorosas; dor lombar baixa; dor retal na extensão das superfícies internas das coxas; queixas urinárias; perda de libido; e impotência. Os homens com prostatite não bacteriana geralmente têm inflamação da próstata com contagens altas de leucócitos e células inflamatórias anormais nas secreções prostáticas. A causa da doença é desconhecida. Aparentemente, a prostatite não bacteriana pode ser uma doença autoimune. Prostatite não infecciosa - Os homens acometidos por essa doença referem sintomas semelhantes aos da prostatite não bacteriana, mas têm uroculturas negativas e não apresentam indícios de inflamação da próstata (i. e., contagem de leucócitos normal). Em alguns casos, há uma obstrução funcional aparente no colo vesical perto do esfíncter uretral externo. Durante a micção, essa obstrução gera pressões maiores que as normais na uretra prostática que acarretam refluxo intra prostático da urina e irritação química da próstata pela urina. Em outros casos, há mialgia aparente (i. e., dor muscular) associada à tensão prolongada dos músculos do assoalho pélvico. ● Anamnese, exame físico (incluindo toque retal), EQU (exame qualitativo de urina) e urocultura são obrigatórios e frequentemente suficientes para avaliar a Prostatite. Resumo… Bacteriana Aguda: ➔ Bactérias semelhantes àquelas que causam as infecções do trato urinário ➔ Cepas de E. coli, outros bastonetes Gram-negativos, enterococos e estafilococos. ➔ Organismos implantados na próstata por refluxo intra prostático de urina da uretra posterior ou da bexiga urinária, mas podem se introduzir na próstata por vias linfo-hematogênicas, a partir de focos de infecção distantes. ➔ Algumas vezes se segue a manipulações cirúrgicas da uretra ou da própria glândulas prostática, como cateterização, cistoscopia, dilatação uretral ou procedimentos de ressecção na próstata. ➔ Pode aparecer como pequenos abscessos disseminados, como grandes áreas de necrose focal coalescentes, ou como edema difuso, congestão e ecimento supurativo de toda a glândula. Clínica: ★ Febre ★ Calafrios ★ Disúria ★ Exame Retal: sensível e mole ★ Diagnóstico: cultura de urina e característicasclínicas Bacteriana Crônica: ➔ Difícil de diagnosticar e tratar ➔ Geralmente os pacientes tem história de infecções recorrentes do trato urinário causados pelo mesmo organismo. ➔ Uma vez que a maioria dos antibióticos penetra pouco na próstata, as bactérias encontram um porto seguro no parênquima e constantemente semeiam o trato urinário ➔ Na maioria dos casos, não há um ataque agudo antecedente e a doença aparece de modo insidioso e sem causa desencadeante óbvia. ➔ Os organismos implicados são os mesmos citados como causa de prostatite aguda. Clínica: ★ Dor lombar ★ Disúria ★ Desconforto perineal e suprapúbico. ★ Pode ser também assintomática. Diagnóstico: ★ Demonstração de leucocitose em secreções prostática obtidas por expressão, junto de culturas bacterianas positivas. Não Bacteriana Crônica: ➔ Forma mais comum Clínica: ★ Indistinguível da prostatite crônica bacteriana em termos de sinais e sintomas, mas não há história de infecção recorrente do trato urinário. Diagnóstico: ★ As secreções prostáticas obtidas por expressão da glândula contêm mais de 10 leucócitos por campo de grande aumento, porém as culturas bacterianas são uniformemente negativas. Prostatite Granulomatosa: ➔ Específica, quando um agente infeccioso etiológico pode ser identificado, ou inespecífica. ➔ A prostatite granulomatosa fúngica é tipicamente observada apenas em hospedeiros imunocomprometidos. ➔ A prostatite granulomatosa inespecífica é relativamente comum e representa uma reação a secreções de ductos e ácinos prostáticos rompidos. ➔ Embora alguns desses homens apresentem uma história recente de infecção do trato urinário, não são observadas bactérias no tecido na prostatite granulomatosa inespecífica. Hiperplasia Prostática Benigna Aumento da próstata resultante da proliferação benigna de elementos estromais e glandulares associada ao envelhecimento, que é uma importante causa de obstrução urinária. Embora a causa da HPB ainda não seja plenamente compreendida, está claro que o crescimento excessivo (dependente do androgênio) dos elementos glandular e estromal apresenta um papel essencial. A HPB não acomete homens castrados antes do estabelecimento da puberdade ou homens com doenças genéticas que bloqueiam a atividade do androgênio. Os androgênios (testosterona e di-hidrotestosterona) e os estrogênios parecem contribuir para o desenvolvimento de HPB. A próstata é formada por uma rede de elementos glandulares embebidos em musculatura lisa e tecidos de sustentação, e a testosterona é o fator mais importante para a proliferação da próstata. A di-hidrotestosterona (DHT) – metabólito biologicamente ativo da testosterona – parece ser o mediador final da hiperplasia prostática, enquanto o estrogênio atua como sensibilizador dos tecidos prostáticos aos efeitos proliferativos da DHT. A di-hidrotestosterona (DHT), o mediador do crescimento prostático, é sintetizada na próstata a partir da testosterona circulante pela ação da enzima 5α-redutase, tipo 2. A DHT se liga aos receptores nucleares do androgênio, que regulam a expressão de genes que sustentam o crescimento e a sobrevivência do epitélio prostático e das células estromais. Embora a testosterona também possa ligar-se aos receptores de androgênio e estimular o crescimento, a DHT é 10 vezes mais potente. A HPB virtualmente ocorre sempre na zona transicional interna da próstata (região de transição). A próstata afetada torna-se aumentada, pesando entre 60 g e 100 g e contém muitos nódulos bem circunscritos que causam protrusão na superfície de corte. Os nódulos podem conter espaços císticos, que correspondem aos elementos glandulares dilatados, ou ser sólidos. A uretra geralmente está comprimida pelos nódulos hiperplásicos, que deixam apenas uma estreita fenda de passagem. Em alguns casos, os elementos glandulares e estromais hiperplásicos, situados abaixo do epitélio da uretra intraprostática proximal, se projetam no lúmen da bexiga como massa pedunculada e produzem obstrução uretral do tipo válvula de bola (Ball-valve). As manifestações mais comuns estão relacionadas com a obstrução do trato urinário inferior, frequentemente na forma de dificuldade de iniciar o fluxo de urina (hesitação) e interrupção intermitente do fluxo urinário durante a micção. Esses sintomas são frequentemente acompanhados por urgência e frequência urinárias, e noctúria, indicadores de irritação da bexiga urinária. A presença de urina residual na bexiga urinária causada por obstrução crônica aumenta o risco de infecções do trato urinário. Em alguns homens acometidos, a HPB causa completa obstrução urinária, com resultante distensão dolorosa da bexiga e, na falta do tratamento apropriado, hidronefrose (urina acumulada na bexiga). Havendo dilatação acentuada do órgão, o paciente pode ter incontinência de transbordamento quando ocorre aumento discreto da pressão intra-abdominal. A pressão retrógrada dos ureteres e do sistema coletor dos rins causa hidroureter, hidronefrose e risco de insuficiência renal terminal. À medida que ocorrem estreitamento e alongamento do lúmen da uretra prostática, o fluxo de urina é progressivamente obstruído. Aumento da pressão associado à micção e distensão vesical pode causar hipertrofia do detrusor, trabeculação, formação de células e divertículos vesicais. O tratamento inicial é farmacológico, com o uso de agentes terapêuticos direcionados para a inibição da formação de DHT (como inibidores da 5α redutase) ou que relaxam o músculo liso prostático, bloqueando os receptores α-1 adrenérgicos. Diagnóstico Toque retal realizado para examinar a superfície externa da próstata. Em geral, o crescimento prostático atribuído à HPB torna a glândula aumentada e palpável com superfície lisa em consistência de borracha. Áreas endurecidas sugerem câncer e devem ser examinadas por biópsia. Uma próstata aumentada ao toque retal nem sempre se correlaciona com o grau de obstrução urinária. Alguns homens podem ter próstatas acentuadamente aumentadas sem obstrução, enquanto outros podem referir sintomas graves sem crescimento palpável. ➔ PSA – antígeno prostático específico: É uma glicoproteína produzida principalmente na próstata. A função fisiológica do PSA relaciona-se à liquefação do coágulo seminal, formado após a ejaculação, atuando sobre um substrato protéico produzido pelas vesículas seminais. Na hiperplasia prostática benigna poderá justificar elevações séricas consideráveis do PSA, com dúvidas diagnósticas muitas das vezes relevantes na faixa situada entre 2,5 e 10 ng/ml. Estima-se, entretanto, que cada grama de tecido hiperplásico benigno aumente em 0,3 ng/ml o PSA. Por outro lado, o aumento relacionado com o câncer é da ordem de 3 ng/ml de PSA por grama de tumor. O valor máximo compatível com crescimento benigno equivale ao peso (ou volume) da próstata dividido por 10. Assim, um paciente com PSA sérico de 6 ng/ml provavelmente não terá câncer se sua próstata apresentar, por exemplo, 70 g. Níveis de PSA acima de 10 ng/ml indicam alta probabilidade de câncer prostático. O extravasamento tumoral para fora da cápsula (estágio T3 ) e a doença metastática em osso (estágio M+) se acompanham de níveis séricos de PSA que ultrapassam, respectivamente, 20 e 100 ng/mL Ultrassonografia ou cateterização pós-miccional para determinação da urina residual. Pode ser realizada para examinar os rins, os ureteres e a bexiga. Ultrassonografia transretal para identificar o tamanho da glândula. Urofluxometria fornece uma medida objetiva da taxa e velocidade de fluxo urinário. O paciente é solicitado a urinar com a bexiga relativamente cheia (no mínimo 150 mℓ) em um dispositivo que mede eletronicamente a força do jato e a taxa de fluxo urinário. Um fluxo < 15 mL/segundo sugere obstrução e um volume residual pós-miccional > 100 mL sugere retenção. Uretrocistoscopia está indicada aos homens com história de hematúria, doença estenótica, traumatismo uretralou história de cirurgia das vias urinárias inferiores. Sua função é determinar o comprimento e o diâmetro da uretra, o tamanho e a configuração da próstata e a capacidade da bexiga. TC, RM e cintigrafia radionuclídica são reservadas para os casos graves em que são detectados tumores. Os resultados diagnósticos da HPB podem ser: ★ Exame de urina - piúria, alterações do pH em consequência da urina residual; ★ Cultura de urina - positiva nos casos de infecção urinária facilitada pela urina residual; ★ Creatinina - elevação do nível sérico (uropatia obstrutiva); ★ PSA - moderadamente elevado em 30 a 50% dos pacientes; ★ Aumento do volume urinário residual pós-micção (> 100 mℓ); ★ Urografia excretora: aumento da urina residual pós-miccional, grande impressão prostática na bexiga, bexiga trabeculada, divertículos vesicais, dilatação das vias urinárias superiores, cálculos vesicais; ★ Fluxo urinário: diminuição do volume de urina eliminado por unidade de tempo; ★ Curva de pressão–fluxo: diminuição do fluxo urinário e aumento da pressão indicam quadro obstrutivo infravesical. Toque retal: ➔ Câncer de próstata – tamanho aumentado e contornos irregulares, a consistência da glândula se encontra endurecida, sem dor ao toque, com mobilidade reduzida ou até ausente, e nódulos podem estar presentes. Consistência pétrea. ➔ HBP – volume aumentado, mas sua consistência permanece normal (fibroelástica). Palpação não é dolorosa e, em vários casos, o sulco mediano está ausente (apagado). ➔ Prostatite – área pode estar ou não edemaciada e dolorosa. Marcio, 55 anos, previamente hígido, começou a notar que precisava fazer força para urinar, e que, por vezes, ficava com algumas gotas de urina gotejando após terminar de urinar. Procurou então o médico da família, que após a anamnese detalhada percebeu que estes sintomas começaram há mais de um ano e que tiveram uma piora progressiva. Realizou então o exame físico onde notou um aumento do volume da próstata. Com base nessa história responda: Quais são os possíveis diagnósticos do Marcio? * Hiperplasia Prostática Benigna Quais exames complementares você solicitaria para investigação? * Além do toque retal já feito, dosagem de PSA. Avaliar também função renal, qualitativo de urina e ecografia das vias urinárias. 5- Explicar o significado clínico da escala de Gleason na avaliação do tumor de próstata. O escore de Gleason tem como objetivo informar sobre a provável taxa de crescimento do tumor bem como sua probabilidade de disseminação, ajudando também na determinação do tratamento mais eficaz para o paciente. As células alteradas são comparadas às células prostáticas normais e quanto maiores forem as diferenças entre elas, deduz-se que o tumor será mais agressivo e mais rápido em disseminação O câncer da próstata é classificado (graduado) pelo sistema de Gleason, criado em 1967 e atualizado em 2014. De acordo com esse sistema, os cânceres da próstata são estratificados em cinco graus com base nos padrões glandulares de diferenciação. O grau 1 representa os tumores mais bem diferenciados, ao passo que os tumores grau 5 não exibem qualquer diferenciação glandular. A maioria dos tumores pertence aos padrões 3, 4 e 5. Uma vez que a maioria dos tumores apresenta mais do que um padrão, um grau primário é atribuído ao padrão dominante, e um grau secundário ao segundo padrão mais frequente. Os dois graus numéricos são então somados, a fim de se obter uma pontuação combinada do sistema Gleason. Os tumores que exibem apenas um padrão são tratados como se seus padrões primário e secundário fossem os mesmos e, assim, o número é dobrado. Portanto, os tumores mais diferenciados obtêm pontuação de 2 (1 + 1) e os menos diferenciados de 10 (5 + 5). Um novo sistema de estadiamento também baseado no padrão glandular foi recentemente aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para ser usado inicialmente em conjunto com o sistema de Gleason; ele varia de 1 (prognóstico excelente) a 5 (prognóstico sombrio). - É uma escala que estratifica o câncer de próstata em cinco graus com base nos padrões glandulares de diferenciação ➔ Grau 1→ Bem diferenciado, com massa única de glândulas de formato uniforme, compactas e espaçadas uniformemente, sem evidência de infiltração no estroma; ➔ Grau 2→ Bem diferenciado, com pouca infiltração no estroma circundante, espaçamento entre as glândulas e tamanho das glândulas com pequena variação; ➔ Grau 3 → Moderadamente diferenciado, com mais variação no espaçamento, tamanho e forma das glândulas, com menos definição entre os limites da massa e menos estroma circundante; ➔ Grau 4 → Pouco diferenciado, com fusão de glândulas, formando uma rede anastomótica sólida, com margens invasivas; ➔ Grau 5→ Indiferenciado, com completa ausência de glândulas, com células aglomeradas ou em camadas. Escore de Gleason Um grau primário é atribuído ao padrão dominante e um grau secundário ao segundo padrão mais frequente; ➔ Os dois graus numéricos são somados para obtenção de um grau ou pontuação de Gleason combinado; Ex.:Tumor com grau dominante 4 e um secundário 3 4+3= 7 Há ainda o Score Gleason modificado, que substitui o grau secundário por um grau "terciário", que é o mais alto observado na biópsia. Assim, soma-se o grau mais prevalente com o grau mais alto observado. Isso tem valor prognóstico principalmente quando o Gleason normal situa-se entre 5 e 6, mas não quando for maior que isso. - Gleason ≤6 é indicativo de uma doença indolente, com melhor prognóstico, enquanto um Gleason ≥8 se associa a uma doença mais agressiva. 6- Caracterizar o estadiamento do CA próstata. O sistema de estadiamento utilizado para o câncer de próstata é o sistema TNM da American Joint Committee on Cancer e a União Internacional de Controle do Câncer (UICC) que foi atualizado em 2018. ● O sistema de estadiamento TNM para o câncer de próstata está baseado em 5 critérios: ● Extensão do tumor primário (T). ● Se o tumor se disseminou para os linfonodos próximos (N). ● Se o tumor se disseminou para outras partes do corpo (M). ● Nível do PSA no momento do diagnóstico. ● Grau do grupo (baseado na pontuação de Gleason), com base nos resultados da biópsia ou cirurgia da próstata. ● Existem 2 tipos de categoria T para o câncer de próstata: ➔ Categoria T clínica (cT): É a melhor estimativa da extensão da doença, com base nos resultados do exame físico (incluindo toque retal), biópsia da próstata e quaisquer exames de imagem realizados. ➔ Categoria T patológica (pT): Se a cirurgia foi realizada, o médico também pode determinar o estágio patológico, que é baseado na cirurgia e análise do tecido retirado. O estadiamento patológico é provavelmente mais preciso do que o estadiamento clínico, pois permite que o médico tenha realmente a ideia da extensão da doença. Além das graduações numéricas, as categorias T e N podem ser subclassificadas em graduações alfabéticas (a, b, c). Tanto as graduações numéricas como as alfabéticas expressam o nível de evolução do tumor e dos linfonodos comprometidos. O símbolo "X" é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada. Quando as categorias T, N e M são agrupadas em combinações pré-estabelecidas, ficam distribuídas em estádios que, geralmente, variam de I a IV. Estes estádios podem ser subclassificados em A e B, para expressar o nível de evolução da doença. A análise prognóstica existente é a avaliação de risco D’Amico, utilizada em pacientes com câncer de próstata localizado e obtida a partir da análise de três variantes: o estadiamento, os níveis do antígeno prostático específico (PSA) e o Escore de Gleason. • Baixo risco: Estadiamento T1 (doença clinicamente e radiologicamente não visível) ou T2a (tumor envolvendo até metade de um dos lobos da próstata); PSA < 10 ng/ml; Escore de Gleason menor ou igual a 6. Neste grupo de pacientes, os estudos clínicos mostram que 83% estarão livres da doença em 10 anos.•Risco intermediário: Estadiamento T2b (tumor envolvendo mais da metade de um dos lobos da próstata); PSA entre 10 – 20 ng/ml; Escore de Gleason de 7. Neste grupo de pacientes, 46% estarão livres da doença em 10 anos. •Alto risco: Estadiamento T2c (tumor envolvendo os dois lobos da próstata) ou T3 (tumor se estende além da cápsula prostática) ou T4 (tumor se estende para outras estruturas como bexiga, esfíncter externo, reto, músculos elevadores e parede pélvica); e/ou PSA > 20 ng/ml; e/ou Escore de Gleason maior ou igual a 8. Neste grupos apenas 29% dos pacientes estarão livres da doença em 10 anos. O sistema de classificação TNM é uma ferramenta padronizada e utilizada para o estadiamento de vários tipos de tumores. O que significa e caracteriza o (T; N; M). Qual sua importância na prática médica? * T - Localização do Tumor; N - Infiltração dos linfonodos; M - Metástase a distância. Estadiar um caso de câncer significa avaliar seu grau de disseminação. Irá refletir não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. Conhecer o estágio do tumor ajuda na definição do tipo de tratamento e a prever o prognóstico da paciente. ESTADIAMENTO: ➔ Exames Laboratoriais: ◆ Hemograma; ◆ Função renal ◆ Eletrólitos (incluindo cálcio ) ◆ Função hepática ◆ Transaminases ◆ FAL ◆ PSA ➔ Exames adicionais conforme o risco: ◆ Risco muito baixo/baixo: Ressonância de próstata; demais exames apenas se sintomas; ◆ Risco intermediário: Ressonância de próstata, cintilografia óssea, tomografia de abdome; ◆ Risco alto/muito alto: Ressonância de próstata, cintilografia óssea, tomografia de tórax e abdome. CLASSIFICAÇÃO: Estratificação de Risco: leva em consideração o tamanho do tumor, escore Gleason e nível de PSA: ➢ Risco muito baixo: T1c, Gleason ≤ 6, PSA < 10 ng/mL, menos de três fragmentos de biópsia positivos com ➢ ≤ 50% de comprometimento em cada fragmento e densidade do PSA < 0,15 nanogramas/mL/g; ➢ Risco baixo: ≤ T2a, Gleason ≤ 6, PSA < 10 nanograma/mL; ➢ Risco intermediário: T2b ou T2c ou Gleason 7 ou PSA 10-20 nanogramas/mL; ➢ Risco alto: ≥ T3a ou Gleason 8-10 ou PSA > 20 nanograma/mL; Risco muito alto: T3b ou T4 ou Gleason primário 5 ou > 4 fragmentos com Gleason 8-10. Estadiamento UICC/AJCC 8th: aplicável apenas para adenocarcinomas ➔ T (Tumor): ➢ Tx: Tumor primário não avaliável; ➢ T0: Tumor primário não evidente; ➢ T1: Tumor clinicamente inaparente, não palpável: ➢ T1a: Tumor achado histológico incidental com ≤ 5% de tecido ressecado; ➢ T1b: Tumor achado histológico incidental com > 5% de tecido ressecado; ➢ T1c: Tumor identificado por biópsia por agulha (ex.: Por elevação de PSA). ➢ T2: Tumor palpável e confirmado na próstata: ➢ T2a: Tumor envolve metade ou menos de um lobo; ➢ T2b: Tumor invade mais da metade de um lobo, porém não os dois lobos; ➢ T2c: Tumor envolve ambos os lobos; ➢ Invasão do ápice prostático ou na cápsula prostática (porém não além) também é classificado como T2. ➢ T3: Tumor estende além da cápsula prostática: ➢ T3a: Extensão extracapsular (unilateral ou bilateral), incluindo envolvimento microscópico do colo vesical; ➢ T3b: Tumor invade as vesículas seminais. ➢ T4: Tumor fixo e invade estruturas adjacentes, além de vesículas seminais: Esfíncter externo, reto, musculatura elevadora e/ou parede pélvica. ➔ N (Linfonodos): ➢ Nx: Linfonodos regionais não avaliáveis; ➢ N0: Ausência de metástase linfonodal regional; ➢ N1: Presença de metástase linfonodal regional; ➢ pNmi: Metástase ≤ 0,2 cm. ➔ M (Metástases): ➢ M0: Ausência de metástases à distância; ➢ M1: metástases à distância: ➢ M1a: Metástase para linfonodos não regionais; ➢ M1b: Metástase óssea; ➢ M1c: Metástase para outros sítios (ou mais de um sítio). Estadiamento patológico (pTNM): ● Estadio I: T1, T2a, N0, M0; ● Estadio II: T2b, T2c, N0, M0; ● Estadio III: T3, T4, N0, M0; ● Estadio IV: Qualquer T N1 M0 ou qualquer T qualquer N M1. Grupos de Grau Histopatológico: Os adenocarcinomas são graduados pelo escore Gleason, que leva em consideração características morfológicas, mas possui relação com o comportamento clínico. Tal escore vai de 1 a 5 (sendo 1 bem diferenciado e 5 pouco diferenciado) e a soma dos dois escores mais prevalentes (primário e secundário) leva ao resultado final (que vai de 6 a 10). No sistema de grupo, os tumores são separados em cinco categorias com base nos padrões de Gleason primário e secundário: ➔ Gx: Grau não avaliável; ➔ Grupo 1 ≤ 6 (Gleason 3 + 3); ➔ Grupo 2 = 7 (Gleason 3 + 4); ➔ Grupo 3 = 7 (Gleason 4 + 3); ➔ Grupo 4 = 8 (Gleason 4 + 4); ➔ Grupo 5 = 9-10 (Gleason 4 + 5, 5 + 4, ou 5 + 5). Os grupos apresentam risco crescente de doença avançada e risco cumulativo com o aumento do PSA. 7- Citar as formas atuais de prevenção e detecção precoce (rastreamento) de câncer de próstata, relacionadas às políticas públicas de saúde. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA: ➔ Toque Retal: ● O exame retal digital pode detectar alguns carcinomas prostáticos precoces devido a sua localização posterior, mas o exame sofre tanto de baixa sensibilidade quanto de baixa especificidade. Da mesma forma, enquanto a ultrassonografia transretal e outras modalidades de imagem mostram achados característicos naqueles com próstatas cancerosas, as baixas sensibilidade e especificidade desses métodos também limitam a sua utilidade diagnóstica. Tipicamente, uma biópsia por agulha transretal é necessária para confirmar o diagnóstico. Homem de 54 anos, em consulta de rotina, apresentou, ao toque retal, próstata de 30 g e nódulo de consistência pétrea à direita. PSA total = 1,30 ng/ml. A conduta CORRETA é: *Realizar ultrassonografia transretal com biópsias. ● Áreas assimétricas de endurecimento ou nódulos são sugestivos de câncer de próstata; ● Alargamento simétrico e firmeza da próstata são mais frequentes em hiperplasia prostática benigna (HPB). ● Todos os homens com assimetria significativa, endurecimento ou nódulos palpáveis da próstata requerem mais estudos diagnósticos para descartar câncer de próstata, especialmente se têm idade maior ou igual a 45 anos ou apresentam outros fatores de risco para a doença. ● Uma biópsia da próstata é indicada em homens com um exame digital suspeito de cancro, independentemente do PSA do soro. Os tumores não detectados pelo exame retal digital incluem os 25-35% que ocorrem em outras partes da glândula, pequenos, T1 e os nódulos malignos que não são palpáveis. A medição dos níveis séricos de PSA é amplamente usada para auxiliar no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata. O PSA é um produto do epitélio prostático e é secretado normalmente no sêmen. É uma serino-protease regulada por andrógeno cuja função é clivar e liquefazer o coágulo seminal formado após a ejaculação. Em homens normais, apenas quantidades mínimas de PSA circulam no soro. Níveis sanguíneos elevados de PSA ocorrem em associação ao câncer localizado, assim como avançado. No entanto, como rastreamento de câncer de próstata, o uso de PSA continua a ser controverso, dado que carece de sensibilidade e especificidade. É importante ressaltar que o PSA é específico do órgão, mas não específico do câncer. Embora os níveis séricos de PSA estejam elevados em menor extensão na HPB que nos carcinomas prostáticos, existe uma sobreposição considerável. Outros fatores como prostatite, infarto de hiperplasias nodulares, instrumentação da próstata e ejaculação também aumentam os níveis séricos de PSA. Se o ponto de corte entre os níveis normais e anormais de PSA é demasiado baixo, isto pode indicar falsamente a necessidade de uma biópsia da próstata em alguns homens e resultar na detecção e tratamento potencialmente desnecessário de tumores indolores e não fatais. Na maioria dos laboratórios, um nível sérico de 4 ng/mL é classificado como o ponto de corte entre o normal e anormal; no entanto, este ponto de corte pode ser muito
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