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Alterações próstaticas

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Andressa Ferreira Andrade 
 
 Andressa Ferreira Andrade 
Objetivos 
1) Diferenciar hipertrofia, hiperplasia, metaplasia e displasia, dando alguns exemplos. 
2) Descrever a fisiopatologia da hiperplasia benigna prostática, identificando as principais manifestações clínicas. 
3) Descrever o sistema de estadiamento do câncer em geral (definição, tipos, importância, etc.). 
4) Descrever a fisiopatologia do adenocarcinoma de próstata, identificando a epidemiologia, fatores de risco, 
principais manifestações clínicas (aspectos morfológicos e clínicos), classificação e estadiamento. 
5) Identificar as formas de prevenção e a importância da detecção precoce do câncer de próstata, relacionando às 
Políticas Públicas de Saúde. 
1) REFERÊNCIA: PATOLOGIA – BOGLIOLO 
 
 
 
 
 
 
Proliferação e diferenciação celulares são processos complexos e altamente controlados por um sistema integrado 
que mantém a população celular dentro de limites fisiológicos. Alterações no processo regulatório resultam em 
distúrbios ora da proliferação, ora da diferenciação, ora das duas ao mesmo tempo. As lesões resultantes são muito 
numerosas e têm enorme importância para os profissionais de saúde, por sua alta prevalência e gravidade; o câncer, 
em particular, é importante problema de saúde-doença no mundo todo. Tais lesões são agrupadas conforme a seguir: 
■Alterações do volume celular. Quando uma célula aumenta a síntese dos seus constituintes e o seu volume, tem-
se hipertrofia (do grego hyper = excesso, além; trophos = nutrição, metabolismo). Se ocorre redução na síntese 
necessária para renovação de suas estruturas, a célula fica com volume menor, o que constitui a hipotrofia (do 
grego hypo = pouco, sob) 
■Alterações da proliferação celular. Aumento da taxa de divisão celular, com maior número de células, recebe o 
nome de hiperplasia (do grego plasis = formação). Diminuição do número de células é chamada hipoplasia. O termo 
aplasia (do grego a = ausência) é muito usado como sinônimo de hipoplasia, o que não é totalmente correto. Fala-
se comumente em anemia aplásica quando, geralmente, trata-se de anemia hipoplásica 
■Alterações da diferenciação celular. Quando as células de um tecido modificam a sua diferenciação normal, tem-
se metaplasia (do grego meta = variação, mudança) 
■Alterações da proliferação e da diferenciação celulares. Quando há proliferação celular autônoma e redução ou 
perda de diferenciação, tem-se a displasia (do grego dys = imperfeito, irregular). A proliferação celular autônoma, 
em geral acompanhada de perda ou redução da diferenciação, é chamada neoplasia (do grego neo = novo). 
Atualmente, existe tendência a unificar o conceito desses dois termos, desaparecendo a palavra displasia. 
A proliferação celular acompanhada de redução da diferenciação deve ser chamada neoplasia 
■Outros distúrbios. Agenesia (do grego genesis = formação) significa uma anomalia congênita na qual um órgão 
ou parte dele não se forma (p. ex., agenesia renal, agenesia do septo interatrial do coração etc.). O termo distrofia é 
empregado para designar várias doenças degenerativas sistêmicas, genéticas ou não, como as distrofias 
musculares. Ectopia ou heteropia (do grego ektos = fora; hetero = diferente) é a presença de um tecido normal em 
 Andressa Ferreira Andrade 
localização anormal (p. ex., parênquima pancreático na parede do estômago). Hamartias são crescimentos focais, 
excessivos, de determinado tecido de um órgão. Quando formam tumores, estes são 
chamados hamartomas. Coristia consiste em erros locais do desenvolvimento em que um tecido normal de um órgão 
cresce em sítios nos quais normalmente não é encontrado (p. ex., proliferação de cartilagem no pulmão, longe da 
parede brônquica). 
Hipertrofia: Aumento dos constituintes estruturais e das funções celulares, o que resulta em aumento 
volumétrico das células e dos órgãos afetados. Para que ocorra hipertrofia, são necessários: 
(a) o fornecimento de O2 e de nutrientes deve suprir o aumento de exigência das células; 
(b) as células devem ter organelas e sistemas enzimáticos íntegros; células lesadas não conseguem hipertrofiar-se 
como as células normais; 
(c) estímulo nervoso, no caso das células musculares. Sem inervação, a musculatura não se hipertrofia adequadamente. 
A hipertrofia é uma forma de adaptação a maior exigência de trabalho. Seus principais exemplos são: 
(1) hipertrofia da musculatura uterina na gravidez; 
(2) hipertrofia do miocárdio. Quando há sobrecarga do coração por obstáculo ao fluxo sanguíneo ou por aumento 
do volume de sangue, a parede cardíaca sofre hipertrofia; 
(3) hipertrofia da musculatura esquelética, como acontece em atletas ou em trabalhadores que fazem grande esforço 
físico; 
(4) hipertrofia da musculatura lisa de órgãos ocos, a montante de um obstáculo, como ocorre na bexiga quando há 
obstrução urinária (p. ex., hiperplasia da próstata); 
(5) hipertrofia de neurônios motores no hemisfério cerebral não lesado em caso de hemiplegia. Os estímulos que 
levam a hipertrofia atuam em numerosos genes, os quais codificam diversas proteínas, entre elas fatores de 
crescimento, receptores de fatores de crescimento e proteínas estruturais. 
Os órgãos hipertróficos tornam-se aumentados de volume e de peso. Nas células hipertróficas, tanto o núcleo como 
o citoplasma (e suas organelas) ficam aumentados de volume; em células que não se dividem (p. ex., miocardiócitos), 
pode haver polipoloidia nuclear. 
A hipertrofia é reversível. Após o parto, por exemplo, o útero volta as suas dimensões normais por apoptose de 
leiomiócitos proliferados e pelo retorno ao volume normal dos que se hipertrofiaram. 
Hiperplasia: Consiste no aumento do número de células de um órgão, por aumento da proliferação e/ou por 
diminuição da destruição celular. Hiperplasia só acontece em órgãos que contêm células com capacidade replicativa. 
O órgão fica aumentado de volume e de peso. Em órgãos com hiperplasia, ocorrem aumento na síntese de fatores 
de crescimento e de seus receptores, além de ativação de rotas intracelulares de estímulo a divisão celular. 
Hiperplasia também é reversível: se a causa é eliminada, a população celular volta ao normal. 
Para haver hiperplasia são necessárias as mesmas condições descritas para hipertrofia, como suprimento sanguíneo, 
integridade morfofuncional das células e inervação. Tal como na hipertrofia, a hiperplasia é causada por agentes que 
estimulam funções celulares, sendo também uma forma adaptativa das células a sobrecarga de trabalho. Muitas 
vezes um órgão apresenta tanto hipertrofia como hiperplasia, pois uma mesma causa pode desencadear os dois 
processos. 
A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Os principais exemplos de hiperplasia fisiológica são as que 
ocorrem no útero durante a gravidez, nas mamas na puberdade ou na lactação e nas hiperplasias compensadoras (p. 
ex., no rim após nefrectomia ou lesões graves do outro rim. 
A causa mais importante de hiperplasia patológica é hiperestimulação hormonal. Na hiperfunção da hipófise, todas 
as glândulas-alvo dos hormônios produzidos em excesso entram em hiperplasia. Síndrome de Cushing (hiperplasia 
e hiperfunção da cortical da suprarrenal), em particular, é causada por adenomas ou hiperplasias da adeno-hipófise. 
Produção excessiva de TSH provoca hiperplasia da tireoide, e assim por diante. Em mulheres, aumento de estrógenos 
resulta em hiperplasia das mamas ou do endométrio, que tem grande interesse prático por aumentar o risco de câncer 
nesses órgãos. Hiperplasias inflamatórias são também hiperplasias patológicas. Por haver aumento da reprodução 
 Andressa Ferreira Andrade 
celular, muitas hiperplasias patológicas são consideradas lesões potencialmente neoplásicas, já que nelas o risco de 
surgir um tumor é maior do que em tecidos normais. 
Metaplasia: Significa mudança de um tipo de tecido adulto em outro da mesma linhagem; um tipo de epitélio 
transforma-seem outro tipo epitelial, mas um epitélio não se modifica em tecido mesenquimal. Metaplasia resulta 
da inativação de alguns genes (cuja expressão define a diferenciação do tecido que sofre metaplasia) e 
desrepressão de outros (que condicionam o novo tipo de diferenciação). 
Os tipos mais frequentes de metaplasia são: 
(1) transformação de epitélio estratificado pavimentoso não ceratinizado em epitélio ceratinizado, como ocorre no 
epitélio da boca ou do esôfago por irritação prolongada (p. ex., alimentos quentes); 
(2) epitélio pseudoestratificado ciliado em epitélio estratificado pavimentoso, ceratinizado ou não. O exemplo 
clássico é a metaplasia escamosa brônquica por agressão persistente, cujo protótipo é o tabagismo; 
(3) epitélio mucossecretor em epitélio estratificado pavimentoso, como ocorre no epitélio endocervical (mucíparo), 
que se transforma em epitélio escamoso do tipo ectocervical; 
(4) epitélio glandular seroso em epitélio mucíparo, como acontece na metaplasia intestinal da mucosa gástrica; 
(5) tecido conjuntivo em tecido cartilaginoso ou ósseo; 
(6) tecido cartilaginoso em tecido ósseo. 
Metaplasia é também um processo adaptativo que surge em resposta a várias agressões, e, como regra geral, o tecido 
metaplásico é mais resistente a agressões. Metaplasia é um processo reversível. 
Leucoplasia (do grego leukos = branco) é um termo de significado clínico e usado para lesões que se apresentam 
como placas ou manchas brancacentas localizadas em mucosas (colo uterino, oral, esofágica etc.). Leucoplasia é a 
metaplasia de um epitélio escamoso não ceratinizado em ceratinizado. 
Displasia: Empregada para denominar condições patológicas muito diferentes, e, por isso mesmo, é um termo 
confuso. No contexto deste capítulo, displasia é uma condição adquirida caracterizada por alterações da 
proliferação e da diferenciação celulares com redução da diferenciação. Muitas vezes, displasias estão 
associadas a metaplasia ou se originam nela. As mais importantes são displasias de mucosas, como do colo uterino, 
de brônquios e gástrica, pois muitas vezes precedem os cânceres que se formam nesses locais. Displasia é também 
processo reversível, podendo estacionar ou até regredir. 
Há forte tendência de abandonar o termo displasia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui às displasias 
em epitélios a denominação neoplasias intraepiteliais, de baixo ou alto grau, conforme a intensidade e a extensão 
das alterações celulares. Assim, fala-se em neoplasia intraepitelial cervical (NIC), neoplasia intraepitelial vulvar 
(NIV), neoplasia intraepitelial da próstata (PIN, de prostatic intraepithelial neoplasia) etc. Quanto mais grave a lesão, 
maior o risco de sua evolução para um câncer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) Fisiopatologia da hiperplasia benigna prostática. REFERÊNCIA: FISIOPATOLOGIA – PORTH. 
Hiperplasia prostática benigna 
Hiperplasia prostática benigna (HPB) ou hiperplasia nodular da próstata é um crescimento benigno da glândula 
prostática associado ao envelhecimento. Caracteriza-se pela formação de lesões volumosas e bem demarcadas na 
região periuretral da próstata, em vez de afetar as zonas periféricas invadidas comumente pelo câncer de próstata. 
Neoplasia intraepitelial do colo uterino. Na metade à esquerda na 
figura, existe epitélio escamoso normal, notando-se camadas 
basal, intermediária e superficial. Na metade à direita, há 
hipercelularidade, perda da estratificação e pleomorfismo celular. 
 Andressa Ferreira Andrade 
HPB é uma das doenças mais comuns dos idosos, e, de acordo com alguns relatos, mais de 75% dos homens com 
idade acima de 80 anos têm esse distúrbio. Homens com menos de 40 raramente são acometidos. 
Etiologia: A causa exata da HPB é desconhecida. Entre os fatores de risco potencial estão idade, história familiar, 
raça, etnia, ingestão dietética de carnes e gorduras e influências hormonais. A incidência aumenta com a idade e é 
mais alta entre os afro-americanos e mais baixa entre os japoneses nativos. De acordo com alguns estudos, homens 
com história familiar de HPB têm próstatas maiores que seus controles, e índices mais altos dessa doença foram 
revelados sobretudo em gêmeos monozigóticos que nos dizigóticos. 
Os androgênios (testosterona e di-hidrotestosterona) e os estrogênios parecem contribuir para o desenvolvimento de 
HPB. A próstata é formada por uma rede de elementos glandulares embebidos em musculatura lisa e tecidos de 
sustentação, e a testosterona é o fator mais importante para a proliferação da próstata. A di-hidrotestosterona (DHT) 
– metabólito biologicamente ativo da testosterona – parece ser o mediador final da hiperplasia prostática, enquanto 
o estrogênio atua como sensibilizador dos tecidos prostáticos aos efeitos proliferativos da DHT. A descoberta de 
que a DHT é o fator ativo da patogênese da HPB é a razão para a utilização dos inibidores de 5α­redutase (p. ex., 
finasterida, dutasterida) para tratar essa doença. Embora a fonte exata de estrogênio seja desconhecida, quantidades 
pequenas desse hormônio são produzidas nos homens. Alguns estudos sugeriram que o aumento relativo dos níveis 
de estrogênio, que ocorre com o envelhecimento, possa facilitar a ação dos androgênios na próstata, apesar do 
declínio da produção testicular de testosterona. 
Fisiopatologia e manifestações clínicas: A localização anatômica da próstata no colo da bexiga contribui para a 
fisiopatologia e a sintomatologia da HPB. Dois componentes da próstata suscitam as manifestações obstrutivas da 
HPB e o desenvolvimento de sintomas referidos às vias urinárias inferiores: o dinâmico e o estático. O segundo está 
relacionado com o aumento das dimensões da glândula e acarreta sinais e sintomas como jato urinário fraco, 
gotejamento pós-miccional, aumento da frequência das micções e noctúria. O segundo está ligado ao tônus da 
musculatura lisa da próstata. Os receptores α1­adrenérgicos são os principais do componente muscular liso da 
glândula. O reconhecimento de seu papel na função neuromuscular da próstata é a base da utilização dos 
bloqueadores α1­adrenérgicos para tratar HPB. Um terceiro componente – instabilidade do músculo detrusor e 
redução da contratilidade vesical – pode influenciar os sintomas dessa doença, independentemente da obstrução do 
orifício de saída da bexiga pela próstata aumentada. 
O significado clínico da HPB está em sua tendência de comprimir a uretra e causar obstrução parcial ou completa 
do fluxo urinário. À medida que a obstrução avança, o paciente pode ter retenção aguda com distensão extrema da 
bexiga. A urina residual da bexiga aumenta a frequência das micções e produz desejo constante de esvaziar a bexiga, 
que piora à noite. Havendo dilatação acentuada do órgão, o paciente pode ter incontinência de transbordamento 
quando ocorre aumento discreto da pressão intra-abdominal. 
A obstrução resultante do fluxo urinário pode causar infecção urinária, alterações destrutivas da parede da bexiga, 
hidroureter e hidronefrose. A hipertrofia e as alterações da estrutura da parede vesical ocorrem progressivamente. 
Nos estágios iniciais, as fibras hipertrofiadas formam trabéculas, depois hérnias ou dilatações saculares. Por fim, 
formam-se divertículos à medida que as hérnias estendem-se através da parede vesical. Como a urina raramente é 
eliminada por completo dessas dilatações, os divertículos são facilmente infectados. A pressão retrógrada dos 
ureteres e do sistema coletor dos rins causa hidroureter, hidronefrose e risco de insuficiência renal terminal. 
 Andressa Ferreira Andrade 
REFERÊNCIA: FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA 
Hiperplasia prostática benigna: é um crescimento não-maligno do estroma da próstata e das glândulas epiteliais 
que causa um alargamento na glândula prostática. Crescendo lentamente durante décadas, a glândula poderá 
eventualmente alcançar até dez vezes o tamanho normal de uma próstata adulta nos casos graves. A hiperplasiabenigna da próstata é um distúrbio comum relacionado com a idade. A maioria dos homens é assintomática, porém 
sinais e sintomas clínicos ocorrem em cerca de 33% dos homens com mais de 65 anos, e, a cada ano, mais de 400.000 
homens nos EUA sofrem RTUP. 
Etiologia: A causa da hiperplasia benigna da próstata é desconhecida. Entretanto, o envelhecimento e fatores 
hormonais são claramente importantes. A relação do aumento do tamanho da próstata com a idade é evidente na 
necropsia, e o desenvolvimento de sintomas também está relacionado com a idade. 
Dados de estudos de necropsias mostram evidências patológicas de hiperplasia benigna da próstata em menos de 
10% dos homens em torno de 30 anos, em 40% em torno de 50 anos, em mais de 70% em torno de 60 anos e em 
quase 90% dos homens em torno de 80 anos. 
Sintomas clínicos de obstrução da saída da bexiga são raramente encontrados em homens com menos de 40 anos, 
porém observados em cerca de 33% dos homens com mais de 65 anos e em até cerca de 75% dos homens com 80 
anos. Os níveis prostáticos de androgênio, particularmente os níveis de DIT, desempenham um papel importante no 
desenvolvimento do distúrbio. 
Patologia: A próstata normal é composta tanto de elementos estromáticos (músculo liso) quanto epiteliais 
(glandulares). Cada um desses elementos — isolado ou em associação — pode apresentar nódulos hiperplásicos e 
levar, por fim, aos sintomas de hiperplasia benigna da próstata. Em nível patológico, a glândula hiperplásica se 
apresenta aumentada, com uma consistência firme e emborrachada. Embora pequenos nódulos estejam normalmente 
presentes na glândula, a hiperplasia benigna da próstata aparece mais comumente nas zonas periuretral e de transição 
da glândula. 
 
Com o avanço da idade, ocorre um aumento no tamanho total da zona de transição bem como no número — e mais 
tarde no tamanho — dos nódulos. A uretra fica comprimida e com uma aparência de ferida. 
Em nível histológico, a hiperplasia benigna da próstata é um verdadeiro processo hiperplásico, já que estudos 
documentam um aumento no número de células da próstata. Os nódulos prostáticos são compostos tanto de glândulas 
hiperplásticas quanto de músculo estromático hiperplásico. A maior parte dos nódulos periuretrais é de caráter 
estromático, porém os nódulos da zona de transição são constituídos, na sua maioria, de tecido glandular. As 
glândulas se tornam maiores do que o normal, apresentando músculo estromático entre as glândulas proliferativas. 
Talvez até 40% da próstata hiperplástica sejam constituídos de músculo liso. A proliferação celular leva a um 
empacotamento de glândulas em uma determinada área. Ocorre um aumento na altura do epitélio de revestimento, 
o qual geralmente apresenta projeções papilares. Também se observa alguma hipertrofia de células epiteliais 
 Andressa Ferreira Andrade 
isoladas. Em homens com hiperplasia benigna da próstata, a bexiga apresenta tanto uma hipertrofia do músculo liso 
detrusor (parede da bexiga) quanto uma trabeculação associada a aumento da deposição de colágeno. 
Patogênese: Embora a causa real da hiperplasia benigna da próstata seja indefinida, são conhecidos vários fatores 
envolvidos na patogênese, tais como o crescimento da próstata relacionado com a idade, cápsula prostática, 
hormônios androgênios e seus receptores, músculo liso prostático e receptores adrenérgicos, interações do estroma 
e do epitélio com fatores de crescimento e respostas detrusoras. 
A. Crescimento da próstata relacionado com a idade 
O tamanho da próstata nem sempre se correlaciona com o grau de obstrução. A quantidade de tecido periuretral e 
da zona de transição pode se relacionar mais ao grau de obstrução do que o tamanho total da próstata. Entretanto, a 
ideia de que os sintomas clínicos da hiperplasia benigna da próstata sejam decorrentes apenas de um aumento na 
resistência uretral relacionado com a massa é provavelmente muito simplista. Ao contrário, alguns dos seus sintomas 
podem ser causados por disfunção do detrusor induzida por obstrução e por alterações neurais na bexiga e na 
próstata. 
B. Cápsula prostática 
A presença de uma cápsula em torno da próstata parece desempenhar um papel no desenvolvimento de sintomas 
obstrutivos. Além do homem, o cachorro é o único animal conhecido que desenvolve hiperplasia benigna da próstata. 
Entretanto, a próstata canina não possui cápsula, e os cachorros não desenvolvem sintomas obstrutivos. Nos homens, 
a cápsula é provavelmente responsável pela “pressão” criada pelos tecidos periuretral e da zona de transição 
expandidos, a ser transmitida para a uretra, levando a um aumento na resistência uretral. A incisão cirúrgica da 
cápsula da próstata ou remoção da porção que está causando a obstrução, seja por ressecção transuretral, seja por 
prostatectomia aberta, são eficientes no alívio dos sintomas. 
C. Regulação hormonal do crescimento da próstata 
O desenvolvimento da hiperplasia benigna da próstata está relacionado com os androgênios testiculares bem como 
com o envelhecimento. Existem várias linhas de evidência para essa relação. Inicialmente, os homens castrados 
antes da puberdade ou que apresentam distúrbios de comprometimento da produção ou ação do androgênio não 
desenvolvem hiperplasia benigna da próstata. Em segundo lugar, a próstata, ao contrário de outros órgãos 
dependentes de androgênio, mantém a sua habilidade em responder aos androgênios por toda a vida. Os androgênios 
são necessários para que ocorram normalmente, na próstata, a proliferação e diferenciação celulares. Eles também 
podem inibir ativamente a renovação e morte celulares. 
Por fim, a privação de androgênio em diversos níveis do eixo hipotalâmico-pituitário-testicular pode reduzir o 
tamanho da próstata e melhorar os sintomas obstrutivos. 
Embora os hormônios androgênicos sejam claramente necessários para o desenvolvimento da hiperplasia benigna 
da próstata, a testosterona não é o principal androgênio da próstata. Ao contrário, 80 a 90% da testosterona prostática 
são convertidos no metabólito mais ativo DIT pela enzima 5α-redutase. Dois subtipos da 5α-redutase (tipos 1 e 2) 
foram descritos. 
Ambas as isoenzimas, dos tipos 1 e 2, são encontradas na pele e no fígado, porém apenas a isoenzima do tipo 2 é 
encontrada no trato urogenital do feto e do adulto, incluindo tanto as células epiteliais basais quanto as células 
estromáticas da próstata. Duas drogas inibidoras da 5α-redutase são utilizadas clinicamente: a finasterida inibe 
apenas a isoenzima do tipo 2, e a dutasterida inibe ambas as isoenzimas, dos tipos 1 e 2. Na próstata, parece que a 
síntese de DIT depende amplamente da enzima do tipo 2 e que, uma vez sintetizada, a DIT atua de forma parácrina 
nas células epiteliais dependentes de androgênio. O núcleo dessas células contém grandes quantidades de receptores 
de androgênio. 
 
 
 
 
 
 Andressa Ferreira Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os níveis de DIT são os mesmos nas glândulas hiperplásticas e normais. Entretanto, os níveis prostáticos de DIT 
permanecem altos com o envelhecimento, embora os níveis periféricos de testosterona diminuam. Essas reduções 
nos níveis plasmáticos de androgênio são posteriormente amplificadas por um aumento no nível plasmático de 
GLHS relacionado com a idade, levando a reduções relativamente maiores nos níveis de testosterona livre, quando 
comparados aos seus níveis totais. 
A supressão de androgênios leva à redução no tamanho da próstata e alívio dos sintomas de obstrução da saída da 
bexiga. Os antiandrogênios verdadeiros, que bloqueiam a ação da 
testosterona e da DIT na próstata, devem ser distinguidos dos 
agentes que impedem a produção de androgênio. 
Os agonistas do HLGn atuam reduzindo o número de receptores de 
HLGn na pituitária, produzindo um aumento transitório e 
subsequente redução duradoura nas concentrações de LH. Uma 
variedade de estratégias de tratamentocom antiandrogênios tem 
sido utilizada clinicamente, incluindo os agonistas do HLGn 
(nafarelina, leuprolida, buserelina), inibidores dos receptores de 
androgênios (acetato de ciproterona, flutamida), progestogênios e 
inibidores da 5α-redutase (finasterida, dutasterida). 
A maior parte desses agentes está associada a efeitos adversos 
intoleráveis, tais como disfunção erétil, rubor e perda da libido. Entretanto, os inibidores da 5α-redutase, finasterida 
e dutasterida, suprimem os níveis de DIT prostáticos e plasmáticos em aproximadamente 65 a 95%. Foi mostrado 
que o tratamento com esses agentes leva a diminuições significativas no tamanho da próstata como um todo e no 
tamanho da zona periuretral. Os inibidores da 5α-redutase devem ser administrados por pelo menos 6 a 12 meses 
para apresentarem efeitos benéficos, e, em seguida, devem ser mantidos indefinidamente. Tanto os agonistas do 
HLGn quanto os inibidores da 5α-redutase mostram eficácia na melhora dos sintomas e nas taxas de fluxo urinário 
em pacientes com hiperplasia benigna da próstata, particularmente em homens com próstatas aumentadas (> 40 g). 
Os inibidores da 5α-redutase são menos eficientes do que os agonistas do HLGn na redução do tamanho da próstata, 
porém causam menos efeitos colaterais. 
Os níveis de receptores de androgênio permanecem altos com o envelhecimento, mantendo, portanto, o mecanismo 
de crescimento celular dependente de androgênio. São observados níveis nucleares mais elevados de receptores de 
androgênio no tecido prostático de homens com hiperplasia benigna da próstata, quando comparados aos do tecido 
dos controles normais. 
Mecanismo de ação do androgênio nas células estromáticas e 
epiteliais da próstata. Após a difusão da testosterona 
(T) na célula, ela pode interagir diretamente com os receptores 
androgênicos (esteróides) ligados à região promotora dos genes 
relacionados com o androgênio. Na célula estromática, a maior 
parte da T é convertida em diidrotestosterona (DIT), que age de 
forma autócrina na célula estromática e de forma parácrina após 
se difundir para o interior das células epiteliais adjacentes. A DIT 
produzida perifericamente na pele e no fígado também pode se 
difundir para o interior da próstata e atuar de forma endócrina. 
 Andressa Ferreira Andrade 
A regulação da expressão dos receptores de androgênio na hiperplasia benigna da próstata está sendo atualmente 
estudada em nível de transcrição. 
Por fim, os androgênios não são os únicos hormônios importantes que contribuem para o desenvolvimento da 
hiperplasia benigna da próstata. Os estrogênios parecem estar envolvidos na indução do receptor de androgênio. Os 
níveis séricos de estrogênio aumentam nos homens com a idade, absoluta ou relativamente aos níveis de testosterona. 
Por isso, as elevações do estrogênio relacionadas com a idade podem aumentar a expressão dos receptores de 
androgênio na próstata, levando a maior crescimento celular (ou a menor morte celular). Os níveis intraprostáticos 
de estrogênio se encontram elevados em homens com hiperplasia benigna da próstata. Os pacientes com hiperplasia 
benigna da próstata que apresentam volumes de próstata maiores tendem a apresentar níveis plasmáticos mais 
elevados de estradiol. Estudos com amostras de tecido prostático registraram um acúmulo de DIT, estradiol e estrona, 
correlacionado com a idade do paciente. Os resultados mostram significativo aumento na proporção estrogênio-
androgênio com o aumento da idade, particularmente no estroma do tecido prostático. 
Investigações sugerem um papel para o estradiol em particular, demonstrando seus poderosos efeitos célula-
específicos não-transcricionais sobre a próstata humana. O estradiol, atuando em conjunto com o GLHS, é 
responsável por um aumento de oito vezes no cAMP intracelular do tecido hiperplástico da próstata. Esse aumento 
no cAMP não ocorre com estrogênios, como o dietilestilbestrol, que não se liga ao GLHS nem é bloqueado pelo 
antiestrogênio tamoxifeno. Ambos os achados sugerem que o receptor de estrogênio clássico não está envolvido. 
Por outro lado, a DIT, que bloqueia a ligação do estradiol ao GLHS, anula completamente o efeito do estradiol sobre 
o cAMP. Por fim, o sistema de segundo mensageiro respondedor ao GLHS e estradiol foi inicialmente localizado 
nas células estromáticas da próstata e não nas células epiteliais. 
Por isso, os estrogênios podem ser relacionados com o aparecimento da hiperplasia benigna da próstata e representar 
importante papel de suporte na sua manutenção. Os inibidores da aromatase, como o atamestano, podem levar a 
importantes reduções tanto nos níveis séricos quanto nas concentrações intraprostáticas de estrogênios, incluindo o 
estradiol e a estrona. Entretanto, até hoje os ensaios clínicos para a hiperplasia benigna da próstata com inibidores 
da aromatase foram desencorajadores. 
D. Fatores de crescimento 
Evidências sugerem que o crescimento da próstata está sob o controle direto de fatores de crescimento específicos e 
é apenas indiretamente modulado pelos androgênios. De acordo com essa evidência, os fatores de crescimento tanto 
da família do fator de crescimento do fibroblasto (FGF) quanto da “superfamília” do fator de crescimento 
transformador (TGF) atuam em conjunto para regular o crescimento. Esses fatores de crescimento são 
polipeptídios que modulam a proliferação celular. 
A família do FGF estimula a divisão e o crescimento celulares: o fator de crescimento básico do fibroblasto (FGFb) 
estimula tanto o crescimento do estroma quanto o dos vasos sanguíneos (angiogênese), e o fator de crescimento 7 
do fibroblasto (FGF7, também conhecido como fator de crescimento do ceratinócito [KGF]) estimula o crescimento 
das células epiteliais. 
Por outro lado, membros da família do fator de crescimento transformador β (TGF-β) inibem a divisão celular. 
O TGF-β1 primariamente inibe o crescimento do estroma, e o TGF-β2, o crescimento das células epiteliais. Na 
próstata normal, a taxa de morte celular está equilibrada com a taxa de produção celular. 
Acredita-se na hipótese de que exista um equilíbrio no estroma entre os efeitos estimuladores do FGFb e os efeitos 
inibidores do TGF-β1 bem como nas glândulas epiteliais, entre a estimulação pelo FGF7 e a inibição pelo TGF-β2. 
Na hiperplasia benigna da próstata, quando predomina um excesso de crescimento do estroma, o FGFb é produzido 
em maior quantidade do que seu regulador TGF-β1; quando ocorre um excesso de crescimento das glândulas 
epiteliais, observa-se maior produção de FGF7 em relação ao TGF-β2. 
Outros fatores de crescimento, como o fator de crescimento epidérmico e os fatores de crescimento semelhantes à 
insulina (IGF-I e IGF-II), também são conhecidos como estimuladores do crescimento do tecido prostático. O eixo 
IGF é implicado na patogênese da hiperplasia benigna da próstata através da ação parácrina de IGF e proteínas que 
se ligam a IGF (IGFBP). Existe a hipótese de que a DIT pode aumentar a atividade de IGF-II, principalmente na 
 Andressa Ferreira Andrade 
região periuretral que induz à proliferação benigna tanto das células epiteliais quanto estromáticas, característica 
da hiperplasia benigna da próstata. 
Também se acredita que, nas células estromáticas da próstata normal, o TGF-β1 exerça seus efeitos antiproliferativos 
através da estimulação da produção de IGFBP-3, que atua como fator inibidor do crescimento celular, seja 
indiretamente pela inibição de IGF, seja diretamente através da interação com células. 
Em culturas de células do tecido hiperplástico da próstata, as células estromáticas apresentam resposta reduzida da 
IGFBP-3 ao TGF-β1 e mostram diminuição na inibição do crescimento induzida por TGF-β1, quando comparadas 
às células estromáticas da próstata normal. Os fatores de crescimento, sem dúvida, também desempenham um papel 
no desenvolvimento da hipertrofia da bexiga em resposta à obstrução do fluxode saída. Sabe-se que o TGF-β 
estimula a síntese do colágeno e a sua deposição na bexiga. 
O uso dos fatores de crescimento peptídicos como alvo oferece um meio potencial para a regulação do aumento da 
próstata e o alívio dos sintomas associados à hiperplasia benigna da próstata. Ensaios clínicos preliminares com 
antagonistas dos fatores de crescimento têm levado a melhoras significativas dos sintomas urinários, taxas de fluxo 
máximas e volumes residuais. 
E. Músculo liso e receptores adrenérgicos da próstata 
O músculo liso da próstata representa uma proporção significativa da glândula. A elasticidade da uretra e o grau de 
obstrução de saída da bexiga são indubitavelmente influenciados pelo conteúdo relativo de músculo liso na próstata 
em pacientes com hiperplasia benigna da próstata. Sem dúvida, ambos os tônus do músculo liso prostático, de 
repouso e dinâmico, desempenham um papel importante na fisiopatologia da hiperplasia benigna da próstata. As 
células do músculo liso da próstata — no colo da bexiga e na cápsula prostática — são ricas em receptores α-
adrenérgicos. A contração da próstata e do colo da bexiga é mediada pelos receptores α1-adrenérgicos. A 
estimulação desses receptores leva a um aumento dinâmico da resistência uretral da próstata. 
O bloqueio do receptor α1-adrenérgico diminui claramente essa 
resposta e leva à melhora dos sintomas, taxas de fluxo urinário e 
volume de urina residual em pacientes com hiperplasia benigna 
da próstata, em 2 a 4 semanas após o início da terapia. Os α1-
bloqueadores seletivos prazosina, terazosina, doxazosina e 
alfuzosina têm sido extensamente estudados e considerados 
eficazes. 
Como as células do músculo liso da bexiga não possuem um 
número significativo de receptores α1, a terapia alfabloqueadora 
pode diminuir seletivamente a resistência uretral sem afetar a 
contratilidade do músculo liso detrusor. 
Estudos sugerem que os receptores α1 envolvidos na contração do músculo liso da próstata parecem ser os receptores 
α1a (anteriormente chamados de receptores α1c). Estudos clínicos têm estabelecido a eficácia do antagonista seletivo 
do subtipo α1a, a tansulosina. 
A expressão gênica da proteína contrátil das células do músculo liso do estroma é significativamente alterada após 
o bloqueio alfa. Esse fato sugere que os agentes alfabloqueadores podem atuar não apenas através do simples 
relaxamento do tônus muscular como também afetando a expressão fenotípica das proteínas contráteis nas células 
do músculo liso da próstata. 
Os alfabloqueadores também podem agir alterando o equilíbrio entre o crescimento e a morte celular na próstata. 
Alguns investigadores formulam a hipótese de que a hiperplasia benigna da próstata resulta de diminuição na 
apoptose (morte celular programada), permitindo que um maior número de células se acumule na próstata, causando, 
assim, o seu aumento. Os alfabloqueadores doxazosina e terazosina são considerados indutores de apoptose no 
estroma da próstata. 
 
 
 Andressa Ferreira Andrade 
F. Possíveis mecanismos de obstrução da saída da bexiga 
Existem várias maneiras pelas quais a hiperplasia benigna da próstata pode causar obstrução no colo da bexiga. O 
lobo mediano saliente pode simplesmente agir como uma valva, pode ocorrer uma restrição por causa de uma cápsula 
não-elástica, uma obstrução estática pode resultar da próstata aumentada em torno da uretra prostática e pode ocorrer 
uma obstrução dinâmica relacionada com a contração do músculo liso da próstata. Na verdade, dados clínicos 
sustentam um papel para cada um desses fatores propostos. Por exemplo, a RTUP geralmente alivia os sintomas de 
obstrução assim como a simples incisão cirúrgica da cápsula prostática. Medicamentos que diminuam o tamanho da 
próstata ou relaxem o músculo liso também aliviam a obstrução da saída da bexiga e aumentam as taxas de fluxo 
urinário. 
Várias terapias térmicas têm sido investigadas como procedimentos cirúrgicos menos invasivos do que a RTUP para 
a hiperplasia benigna da próstata, como a microonda transuretral, a US focalizada de alta intensidade, terapias 
térmicas intersticiais com raios laser e a ablação transuretral com agulha (ATUA) da próstata. Esses procedimentos 
utilizam diferentes formas de energia, como a microonda, US, laser e radiofrequência, para produzir a lesão térmica. 
Não se sabe se tais procedimentos atuam pela redução anatômica ou desbaste da próstata alargada, causando 
obstrução ou pela alteração fisiológica da função de eliminação. Em estudos patológicos da ATUA, por exemplo, 
a necrose coagulativa se transforma gradualmente em cicatriz fibrosa retrátil. Esse fato pode levar a uma diminuição 
no volume da área tratada mesmo sem uma redução significativa do volume prostático. De outra forma, um dano 
térmico grave às fibras nervosas intraprostáticas pode reduzir o componente dinâmico da obstrução de saída da 
bexiga pela desnervação dos α-receptores ou nervos sensoriais. 
G. Reação da bexiga à obstrução 
Muitos dos sintomas clínicos da hiperplasia benigna da próstata estão relacionados com alterações no funcionamento 
da bexiga induzidas pela obstrução, e não com a obstrução da saída do fluxo per se. Por isso, cerca de 33% dos 
homens continuam a apresentar problemas significativos de eliminação mesmo após o alívio cirúrgico da obstrução. 
As alterações no funcionamento da bexiga induzidas pela obstrução são de dois tipos básicos. Primeiramente, 
existem alterações que levam à hiper-atividade do detrusor (instabilidade) e que se manifestam clinicamente pela 
freqüência e urgência. Em segundo lugar, há alterações que provocam a contratilidade diminuída do detrusor, 
manifestando-se clinicamente pelos sintomas de força reduzida da corrente urinária, hesitação, intermitência, urina 
residual aumentada e, na minoria dos casos, insuficiência do detrusor. 
A reação da bexiga à obstrução é amplamente adaptativa. A 
reação inicial é o desenvolvimento de hipertrofia do músculo liso 
detrusor. Existe a hipótese de que esse aumento na massa 
muscular, embora seja uma resposta adaptativa à pressão 
intravesical aumentada e mantenha o fluxo de saída urinário, 
esteja associado a significativas alterações intra e extracelulares 
nas células do músculo liso, que predispõem à instabilidade do 
detrusor. Em modelos animais de laboratório, a obstrução não-
resolvida leva a aumentos significativos na matriz extracelular do 
detrusor (colágeno). 
Além das alterações induzidas pela obstrução nas células do 
músculo liso e na matriz extracelular da bexiga, existem 
crescentes evidências de que a obstrução crônica em pacientes 
com hiperplasia benigna da próstata não-tratada pode alterar 
reações neurais bem como ocasionalmente predispor à insuficiência do detrusor. 
Terapias tradicionais associadas à obstrução da bexiga têm sido direcionadas para o alívio da resistência do seu fluxo 
de saída. Novos tratamentos da instabilidade obstrutiva do detrusor são sugeridos através do uso de fármacos 
automaticamente ativos (como os antagonistas α1) e agentes que estabilizam as membranas das células musculares 
(tais como os anticolinérgicos). 
 Andressa Ferreira Andrade 
Os efeitos da obstrução crônica da bexiga ainda não são bem compreendidos. Estudos futuros devem examinar a 
importância das alterações na densidade, afinidade e distribuição dos receptores, bem como na liberação e 
degradação dos agonistas que ocorrem durante a obstrução crônica, além das alterações ultra-estruturais e 
fisiológicas que ocorrem com o alívio da obstrução. 
Manifestações clínicas 
A. Sinais e sintomas 
A obstrução à saída do fluxo urinário e a disfunção da bexiga são responsáveis pela maioria dos sinais e sintomas 
da hiperplasia benigna da próstata. O alargamento prostático pode levar à retenção urinária aguda ou crônica. Na 
retenção urinária aguda, ocorre uma dilatação dolorosa da bexiga com incapacidade de eliminação. A retenção 
urináriaaguda é geralmente precipitada pelo inchamento da próstata causado pelo infarto de um nódulo ou por 
determinadas medicações. Na retenção urinária crônica, ocorrem ambos os sintomas de eliminação, obstrutivos e 
irritativos. 
Existem dois tipos de sintomas: irritativos, relacionados com o enchimento da bexiga, e obstrutivos, relacionados 
com o esvaziamento da bexiga. Os sintomas irritativos ocorrem como uma consequência da hipertrofia e disfunção 
da bexiga, e são freqüência urinária, noctúria e urgência. O paciente geralmente se queixa de dificuldade em começar 
a urinar e de fluxo diminuído, causando redução do calibre e força da corrente urinária. 
Os sintomas obstrutivos resultam da distorção e estreitamento do colo da bexiga e da uretra prostática, levando ao 
esvaziamento incompleto da bexiga. Os sintomas obstrutivos são dificuldade de começar a urinar, diminuição do 
calibre e força da corrente urinária, intermitência da corrente urinária, hesitação urinária e gotejamento. 
Para avaliar objetivamente a gravidade e complexidade dos sintomas da hiperplasia benigna da próstata, foi 
desenvolvido um índice de sintomas pela Associação Americana de Urologia. O questionário autoadministrado 
avalia os sintomas do paciente, como o esvaziamento, a freqüência, a intermitência, a urgência e a noctúria da bexiga, 
além da qualidade de vida. 
O índice de sintomas é avaliado, sendo considerado confiável na repetição do teste e discriminação entre os pacientes 
afetados e os controles. Em ensaios clínicos, têm-se encontrado boas correlações entre os sintomas urinários e o 
resultado total, e o instrumento se mostrou útil para descrever as alterações nos sintomas ao longo do tempo e após 
tratamento. As complicações da dilatação crônica da bexiga são a hipertrofia da musculatura de sua parede e o 
desenvolvimento de divertículos, infecção do trato urinário pela urina da bexiga estagnada, hematúria, 
particularmente com infarto de um nódulo prostático e insuficiência renal crônica e azotemia, por hidroureter 
bilateral e hidronefrose. 
O exame retal digital pode revelar alargamento focal ou difuso da próstata. Entretanto, o tamanho da próstata 
estimado por exame retal digital não se correlaciona adequadamente com os sinais e sintomas da hiperplasia benigna 
da próstata nem com a necessidade de tratamento. O exame do abdome inferior pode revelar uma bexiga distendida, 
compatível com retenção urinária, que pode ocorrer silenciosamente na ausência de sintomas graves. 
3) Sistema de estadiamento do câncer em geral (definição, tipos, importância, etc.). REFERÊNCIA: TRATADO DE CLÍNICA 
MÉDICA – USP – VOLUME 3. 
Após a confirmação do diagnóstico do câncer de próstata, deve-se proceder à avaliação laboratorial e com exames 
de imagem com objetivo de estadiamento da doença para que se possa planejar um tratamento apropriado. Os exames 
de imagem para estadiamento dependem da apresentação clínica da doença e da estratificação de risco no caso de 
doença localizada. Os pacientes com câncer de próstata localizado são classificados em grupos de risco de recidiva 
de acordo com o PSA inicial, o estádio local do tumor e o escore de Gleason da biópsia prostática: 
Doença localizada de baixo risco (todos 
os critérios a seguir) 
Doença localizada de risco 
intermediário 
Doença localizada de alto risco 
(qualquer um dos a seguir) 
PSA < 10 ng/dL. PSA entre 10 e 20 ng/dL. PSA > 20 ng/dL. 
Estádio T1 a T2a. Estádio T2b a T2c. Estádio ≥ T3. 
Gleason ≤ 6. Gleason 7. Gleason ≥ 8. 
 Andressa Ferreira Andrade 
Em termos de estadiamento local, tem-se utilizado com frequência crescente o exame de ressonância magnética 
(RM) multiparamétrica da próstata, que permite melhor correlação com o volume de doença, presença de 
extensão extracapsular e vesícula seminal quando comparado a outros exames de imagem. Tem como potenciais 
vantagens o melhor estadiamento do tumor primário, podendo auxiliar na decisão de tratamento oncológico em 
alguns casos. Além disso, tem sido incorporado em alguns centros na avaliação de pacientes com doença de baixo 
risco candidatos à vigilância ativa. Para a avaliação e pesquisa de doença metastática, os exames convencionais de 
investigação consistem de cintilografia óssea (CO) e tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve. Em 
geral, não se indicam esses exames para pacientes de baixo risco na ausência de sintomas. Nos casos de doença de 
riscos intermediário e alto, recomenda-se realizar investigação de metástases com CO e TC de abdome e pelve. Em 
casos de muito alto risco (p. ex., PSA > 50 ng/dL) com CO normal, pode-se considerar realização de RM de coluna 
lombossacral. No caso de pacientes com sinais ou sintomas suspeitos de doença metastática, como dor óssea e 
anemia, deve-se solicitar exames de imagem para avaliação do esqueleto (CO) e TC ou RM de abdome e pelve para 
avaliação de linfonodos e doença visceral. Os sítios de metástases mais comuns são: 
Ossos: sítio mais comum de metástases (cerca de 90% dos casos), que em geral se apresentam como lesões blásticas. 
Podem comprometer virtualmente qualquer parte do esqueleto e em fases mais avançadas da doença pode envolver 
ossos da base do crânio com sintomas de nervos cranianos e eventualmente apresentar infiltração de medula óssea 
causando citopenias. O predomínio de lesões líticas pode sugerir a presença de uma variante histológica de câncer 
de próstata ou outro diagnóstico oncológico. 
Linfonodos: segundo sítio mais comum de disseminação do câncer de próstata, sendo detectado em até 30% dos 
casos e sendo mais comum o envolvimento de linfonodos pélvicos e retroperitoneais. Pulmão: envolvimento 
pulmonar costuma ser infrequente e em geral não sintomático, diagnosticado em menos de 10 a 15% dos casos. 
Fígado: sítio pouco comum de metástase de adenocarcinoma acinar em suas fases iniciais (< 5%), mas tem sido 
observado com maior frequência em pacientes com longa história natural de doença e progressão após múltiplas 
linhas de tratamento hormonal e em casos de carcinoma anaplásico ou carcinoma neuroendócrino de pequenas 
células. A presença de metástase hepática está associada a pior prognóstico da doença. 
Adrenais, sistema nervoso central, entre outros: sítios raros de metástases. Além disso, a depender da 
apresentação clínica, deve-se complementar a investigação com exames específicos, como RM de coluna no caso 
de dor associada com sintomas suspeitos de compressão medular, entre outros. 
 Recentemente tem-se discutido o papel de exames de imagem com maior sensibilidade para detecção de metástases. 
Entretanto, a indicação em adição aos exames de imagem convencionais (CO e TC) ainda é questionável. Esses 
exames podem incluir testes mais sensíveis de mapeamento ósseo, como a tomografia por emissão de pósitrons 
(PET) de fluoreto de sódio, assim como exames de PET/CT com traçadores em investigação, como PET de colina. 
Alguns centros no mundo têm também utilizado a RM do esqueleto para afastar metástases pequenas nos casos de 
doença localmente avançada e de muito alto risco (Gleason 9-10 e/ou PSA > 50 ng/dL). 
REFERÊNCIA: MANUAL DE ONCOLOGIA – HARRISON 
Escore de Gleason 
A graduação histológica do câncer de próstata é descrita com o uso do sistema de graduação de Gleason: 
 
Esse sistema atribui dois escores numéricos ao carcinoma. Em virtude da heterogeneidade frequente observada no 
câncer, o primeiro escore descreve o padrão dominante, e o segundo, o padrão secundário. Por exemplo, uma 
 Andressa Ferreira Andrade 
pontuação de Gleason 3 + 4 indica que o padrão primário é 3. Um escore de Gleason 4 + 3 indica predomínio do 
maior grau. Isso é clinicamente importante, visto que o prognóstico está relacionado significativamente com o escore 
de Gleason primário. Na discussão do estadiamento do câncer de próstata, a soma do escore de Gleason, isto é, a 
soma das pontuações individuais, é comumente fornecida com referência.Embora a soma de Gleason seja uma das 
características prognósticas mais importantes, os escores primário e secundário também devem ser relatados, visto 
que podem refinar o prognóstico do paciente. Por exemplo, a soma de Gleason de 3 + 4 e 4 + 3 são ambas 7; porém, 
o câncer com a última soma tem prognóstico menos favorável. 
Na ausência de câncer de próstata, existem outros achados histológicos comuns que justificam uma consideração. A 
proliferação atípica de pequenos ácinos (ASAP) representa, com frequência, um carcinoma com coleta 
inadequadamente realizada, que escapa de um diagnóstico definitivo. Indica-se biópsia repetida. A neoplasia 
intraepitelial prostática (NIP) de alto grau é comumente encontrada em biópsia de próstata. O significado desse 
achado é controverso. A prática-padrão exige monitoramento rigoroso e contínuo e nova biópsia desses pacientes. 
A invasão perineural (IPN) é um achado frequentemente relatado em homens que apresentam câncer de próstata. 
Alguns pesquisadores acreditam que isso esteja associado a um maior risco de disseminação extraprostática do 
tumor; porém, tem sido um achado inconsistente. 
Antígeno Prostático Específico (PSA) 
O PSA é uma proteína exócrina abundante da próstata, que atua na lise do coágulo seminal. A determinação do PSA 
sérico constitui um biomarcador útil, embora altamente controverso, que é comumente usado como instrumento de 
rastreamento para o câncer de próstata. Além do câncer de próstata, as elevações do PSA podem resultar de uma 
variedade de condições não malignas, incluindo hipertrofia prostática benigna, inflamação ou infecção do trato 
urinário. 
Tradicionalmente, o limite superior de referência para o PSA sérico foi considerado em 4,0 ng/mL; entretanto dados 
recentes demonstram que muitos homens com nível sérico de PSA dentro da faixa normal apresentam câncer de 
próstata quando submetidos a biópsia. Por outro lado, muitos homens com níveis elevados de PSA não são 
portadores de câncer. Como os níveis de PSA normalmente aumentam com a idade, um algoritmo específico para a 
idade pode constituir uma abordagem de rastreamento mais efetiva. Foi constatado que as faixas normais de PSA 
específicas para a idade ajudam a identificar a presença de câncer de estágio inicial em homens mais jovens e a 
evitar procedimentos desnecessários e um diagnóstico excessivo em homens de mais idade. 
TOQUE RETAL (TR) 
Embora a maioria dos casos de câncer de próstata seja detectada por meio de rastreamento do PSA, outros são 
diagnosticados com base no TR anormal, na presença de níveis normais de PSA. Tanto o PSA quanto o TR devem 
ser incorporados no processo de rastreamento. Um nódulo palpável ou uma área endurecida isolada no TR 
devem levar a uma suspeita, exigindo avaliação imediata mais pormenorizada. 
Estadiamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Andressa Ferreira Andrade 
As variáveis independentes mais importantes utilizadas no estadiamento do câncer de próstata incluem PSA do 
paciente, achados no TR e escore de Gleason. Usando essas características clínicas, é possível efetuar um 
julgamento prognóstico significativo. A avaliação das metástases inclui tomografia computadorizada (TC) do 
abdome e da pelve à procura de linfadenopatia pélvica e retroperitoneal. A cintilografia óssea pode detectar a 
presença de metástases ósseas. Devido à probabilidade extremamente pequena de achados positivos, esses exames 
raramente são úteis no estágio inicial da doença. Em geral, esses exames estão indicados apenas para pacientes 
portadores de câncer com escore de Gleason 4 + 3 ou mais alto, nível de PSA acima de 10 ou tumor localizado de 
estágio clínico alto (T2b ou mais alto). 
A ressonância magnética (RM) endorretal foi extensamente estudada em relação a seu papel no estadiamento local 
do câncer de próstata. Embora a sua sensibilidade para a detecção de extensão extracapsular sutil seja mais alta que 
a da ultrassonografia, as implicações clínicas desses achados ainda não estão bem estabelecidas. 
REFERÊNCIA: INCA – MINISTÉRIO DA SAÚDE 
Estadiamento 
A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na constatação de que as taxas de sobrevida 
são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. 
Estadiar um caso de neoplasia maligna significa avaliar o seu grau de disseminação. Para tal, há regras 
internacionalmente estabelecidas, as quais estão em constante aperfeiçoamento. 
O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas também o tipo de tumor 
e sua relação com o hospedeiro. 
A classificação das neoplasias malignas em grupos obedece a diferentes variáveis: localização, tamanho ou volume 
do tumor, invasão direta e linfática, metástases à distância, diagnóstico histopatológico, produção de substâncias, 
manifestações sistêmicas, duração dos sinais e sintomas, sexo e idade do paciente, etc. 
Diversos sistemas de estadiamento poderiam ser concebidos, tendo por base uma ou mais das variáveis mencionadas. 
O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), 
denominado Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. Este sistema baseia-se na extensão anatômica 
da doença, levando em conta as características do tumor primário (T), as características dos linfonodos das cadeias 
de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e a presença ou ausência de metástases à distância 
(M). Estes parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente. 
Além das graduações numéricas, as categorias T e N podem ser subclassificadas em graduações alfabéticas (a, b, c). 
Tanto as graduações numéricas como as alfabéticas expressam o nível de evolução do tumor e dos linfonodos 
comprometidos. 
O símbolo "X" é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada. 
Quando as categorias T, N e M são agrupadas em combinações pré-estabelecidas, ficam distribuídas em estádios 
que, geralmente, variam de I a IV. Estes estádios podem ser subclassificados em A e B, para expressar o nível de 
evolução da doença. 
Entretanto, existem sistemas de classificação que utilizam algarismos romanos sem que estes resultem da 
combinação de valores de T, N e M, como ocorre no estadiamento da doença de Hodgkin e dos linfomas malignos. 
Estes também são subclassificados em A e B, significando, respectivamente, ausência ou presença de manifestações 
sistêmicas. 
Grupos que se dedicam ao estudo de tumores específicos costumam desenvolver sistemas próprios de estadiamento, 
mesmo que o tumor já possua regras de classificação pela UICC. Isto não significa que os sistemas sejam 
incompatíveis, mas sim que se complementam. É o caso, por exemplo, dos sistemas de estadiamento que expressam 
a classificação do tumor através de letras maiúsculas (A, B, C, D), tal como ocorre no estadiamento dos tumores de 
próstata, bexiga e intestino. Outro exemplo se verifica com o estadiamento dos tumores ovarianos (UICC e FIGO - 
Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia), atualmente compatibilizados. 
O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame 
físico e dos exames complementares pertinentes ao caso. O estadiamento patológico baseia-se nos achados 
 Andressa Ferreira Andrade 
cirúrgicos e no exame anátomopatológico da peça operatória. É estabelecido após tratamento cirúrgico e determina 
a extensão da doença com maior precisão. O estadiamento patológico pode ou não coincidir com o estadiamento 
clínico e não é aplicável a todos os tumores. 
Independentemente do tipo de sistema utilizado para a classificação anatômica do tumor, este deve ser classificado 
quanto ao grau de diferenciação histológica, que varia de Gx a G4. Por vezes a própria denominação patológica do 
tumor inclui a sua diferenciação- é o caso do adenocarcinoma gástrico classificado como "difuso de Lauren" (mal 
diferenciado) ou do "tipo intestinal de Lauren" (bem diferenciado). 
Tendo em vista que um órgão pode apresentar vários tipos histológicos de tumor, é de se esperar que os sistemas de 
estadiamento variem com a classificação histopatológica do mesmo. Por exemplo, os sistemas de estadiamento do 
câncer gástrico da UICC e da SJCG só são aplicáveis ao adenocarcinoma de estômago. 
O estadiamento implica que tumores com a mesma classificação histopatológica e extensão apresentam evolução 
clínica, resposta terapêutica e prognóstico semelhantes. 
A determinação da extensão da doença e a identificação dos órgãos por ela envolvidos auxiliam nas seguintes etapas: 
 a) obtenção de informações sobre o comportamento biológico do tumor; 
b) seleção da terapêutica; 
c) previsão das complicações; 
d) obtenção de informações sobre o prognóstico do caso; 
e) avaliação dos resultados do tratamento; 
f) investigação em oncologia: pesquisa clínica, publicação de resultados e troca de informações. 
Os parâmetros de estadiamento devem incluir os fatores relacionados ao tumor e ao hospedeiro, quais sejam: 
 a) órgão e tecido de origem do tumor; 
b) classificação histopatológica do tumor; 
c) extensão do tumor primário: tamanho ou volume; invasão de tecidos adjacentes; comprometimento de nervos, 
vasos ou sistema linfático; 
d) locais das metástases detectadas; 
e) dosagem de marcadores tumorais; 
f) estado funcional do paciente. 
O conhecimento do diagnóstico histopatológico do tumor não é pré-requisito para seu estadiamento. Em consulta 
de primeira vez, suspeitado o diagnóstico de neoplasia maligna, o médico deve, a partir do conhecimento da história 
natural do tumor, identificar queixas e buscar sinais que se associam ao mesmo, procurando assim avaliar a extensão 
da doença. 
As evidências clínico-diagnósticas podem sugerir forte suspeita de neoplasia maligna, sendo a confirmação 
histopatológica obtida no decorrer da avaliação clínica, ou após a mesma. Às vezes, o estadiamento só pode ser 
estabelecido através de procedimentos cirúrgico-terapêuticos, como, por exemplo, nos casos de tumor de ovário, no 
qual é indicada cirurgia para ressecção do tumor e inventário da cavidade abdominal. 
Enfim, o estadiamento de uma neoplasia maligna requer, por parte do médico, conhecimentos básicos sobre o 
comportamento biológico do tumor que se estadia e sobre o sistema de estadiamento adotado. 
A indicação terapêutica do câncer depende do estadiamento da doença. Assim é que um estadiamento bem conduzido 
leva a condutas terapêuticas corretamente aplicadas. 
4) Fisiopatologia do adenocarcinoma de próstata, identificando a epidemiologia, fatores de risco, principais manifestações clínicas 
(aspectos morfológicos e clínicos), classificação e estadiamento. REFERÊNCIA: FISIOPATOLOGIA – PORTH. 
Câncer de próstata 
Depois dos cânceres de pele, câncer de próstata é a neoplasia maligna mais comum nos EUA e está em terceiro 
lugar, depois dos cânceres de pulmão e colorretal, como causa principal de mortes relacionadas com câncer no país. 
A American Câncer Society estimou que, em 2013, cerca de 238.500 americanos teriam o diagnóstico de câncer de 
próstata e 29.700 morreriam pela doença. O aumento dos casos diagnosticados parece refletir o diagnóstico mais 
 Andressa Ferreira Andrade 
precoce em razão do uso generalizado das dosagens de PSA. A incidência varia amplamente entre os diversos países 
e raças no mesmo país. Os afro-americanos e caribenhos têm índices mais altos de incidência em todas as faixas 
etárias. Asiáticos e índios americanos têm os índices mais baixos. O câncer de próstata também é uma doença 
associada ao envelhecimento. A incidência aumenta rapidamente depois dos 50 anos. Na verdade, mais de 85% de 
todos os cânceres de próstata são diagnosticados nos homens com mais de 65 anos. 
Etiologia e fisiopatologia 
A causa exata do câncer de próstata não está definida. Como ocorre com outros cânceres, seu desenvolvimento 
aparentemente é um processo que se estende por várias etapas e envolve genes que controlam a diferenciação e a 
proliferação celulares. Vários fatores de risco como idade, raça, hereditariedade e influências ambientais (p. 
ex., dieta com alto teor de gorduras) parecem desempenhar um papel importante. Os níveis dos hormônios 
masculinos também influenciam. Existem poucas evidências relacionando a patogênese desse câncer com nível 
socioeconômico, agentes infecciosos, tabagismo, vasectomia, comportamento sexual ou HPB. 
A incidência do câncer de próstata parece mais alta nos parentes dos pacientes que tiveram a doença. Algumas 
estimativas sugeriram que os homens com um parente de primeiro grau (p. ex., pai ou irmão) e um de segundo (p. 
ex., avô, tio) que tiveram a doença apresentem riscos 8 vezes maiores. Pesquisadores indicaram que os padrões 
dietéticos, inclusive ingestão dietética aumentada de gorduras de carnes processadas e laticínios, podem alterar a 
produção dos hormônios sexuais e dos fatores de crescimento e aumentar o risco de câncer de próstata. 
Confirmando a importância das gorduras dietéticas como fator de risco para a doença, existe a observação de que a 
dieta dos japoneses, cujos índices de câncer de próstata são baixos, contém teores de gordura muito menores que a 
dos americanos, cuja incidência é significativamente mais alta. 
Em termos de influência hormonal, os androgênios parecem desempenhar um papel importante na patogênese do 
câncer de próstata. Entre as evidências a favor dessa influência estão a existência de receptores esteroides na próstata; 
a necessidade dos hormônios sexuais para o crescimento e o desenvolvimento normal da glândula; e o fato de esse 
tipo de câncer quase nunca se desenvolver nos homens castrados. A resposta do câncer de próstata à administração 
de estrogênio ou à privação androgênica também reforça uma correlação entre a doença e os níveis de testosterona. 
Os adenocarcinomas da próstata, que representam 98% de todos os cânceres primários dessa glândula, geralmente 
são multicêntricos e localizam-se nas zonas periféricas. 
A frequência elevada de invasão da cápsula prostática pelo adenocarcinoma está relacionada com sua localização 
subcapsular. A invasão da bexiga é menos comum e ocorre nos estágios mais avançados da doença. As metástases 
pulmonares refletem a disseminação linfática pelo ducto torácico e a disseminação do plexo venoso prostático para 
a veia cava inferior. As metástases ósseas – especialmente na coluna vertebral, nas costelas e na pelve – causam dor, 
que frequentemente é o primeiro sinal da doença. 
A maioria dos homens com câncer de próstata em estágios iniciais é assintomática. Em geral, sintomas sugerem 
doença localmente avançada ou metastática. Dependendo do tamanho e da localização por ocasião do diagnóstico, 
o paciente pode ter queixas associadas às alterações do padrão miccional semelhantes às referidas pelos pacientes 
com HPB, como urgência miccional, aumento da frequência urinária, noctúria, tenesmo, disúria, hematúria ou 
sangue no material ejaculado. Ao toque retal, a próstata pode ser nodular e imóvel. As metástases ósseas geralmente 
se caracterizam por dor lombar baixa. Fraturas patológicas podem ocorrer nos focos metastáticos. É possível que os 
homens com doença metastática emagreçam, fiquem anêmicos ou sofram de dispneia. 
Triagem 
Como os cânceres de próstata em estágio inicial geralmente são assintomáticos, os exames de triagem são 
importantes. Hoje em dia, os exames disponíveis são toque retal, dosagem do PSA e ultrassonografia transretal. 
PSA é uma glicoproteína secretada no citoplasma das células prostáticas benignas e malignas não encontrada nos 
outros tecidos normais ou tumores. Entretanto, um teste de PSA positivo indica apenas a possibilidade de câncer de 
próstata. Esse exame também pode ser positivo nos pacientes com HPB e prostatite.Na verdade, todos os homens 
com PSA alto não têm necessariamente câncer de próstata, assim como nem todos os pacientes com câncer prostático 
diagnosticado por biopsia têm PSA aumentado. Atualmente, pesquisadores têm elaborado e aperfeiçoado medidas 
 Andressa Ferreira Andrade 
para aumentar a especificidade da dosagem de PSA em termos de previsão do câncer de próstata. Por exemplo, 
como os níveis aumentam com a idade, têm sido estabelecidas faixas etárias específicas. A velocidade (taxa de 
alteração do nível de PSA com o tempo) e a densidade do PSA ( i. e., nível de PSA/volume prostático medido por 
ultrassonografia retal), as calicreínas e outros biomarcadores moleculares têm sido estudados a fim de averiguar se 
podem ser previsores mais eficazes de câncer prostático indolente versus agressivo. 
A American Cancer Society e a American Urological Association recomendam que os homens de 50 anos ou mais 
façam uma dosagem anual de PSA e um toque retal para detecção precoce do câncer de próstata. Os que têm risco 
mais alto de serem acometidos, inclusive afro-americanos e indivíduos com história familiar propícia, devem fazer 
triagem anual a partir de uma idade ainda menor. Entretanto, restam algumas controvérsias acerca do uso 
generalizado do PSA como triagem. É necessário obter consentimento esclarecido para realizá-lo. 
Uma abordagem mais nova – ultrassonografia transretal – pode detectar cânceres muito pequenos para que sejam 
diagnosticados pelo toque retal. Essa técnica não é usada como primeira opção diagnóstica porque seu custo é alto, 
mas pode trazer benefícios aos homens com risco substancial de desenvolver a doença. 
Diagnóstico 
Baseia-se na história e no exame físico e é confirmado por técnicas de biopsia. A ultrassonografia transretal é usada 
para direcionar uma agulha de biopsia e documentar a localização exata do tecido a ser examinado. Também é 
realizada para obter informações necessárias ao estadiamento. Alguns estudos demonstraram que sondas diminutas 
recém-desenvolvidas para RM transretal foram eficazes para detectar o câncer na próstata. As radiografias dos ossos 
do crânio, das costelas, da coluna vertebral e da pelve podem ser empregadas para revelar metástases, embora a 
cintigrafia óssea seja mais sensível. 
Estadiamento 
Como ocorre com outros tipos de câncer, o grau e o estágio do adenocarcinoma de próstata devem ser determinados. 
Em geral, ele é classificado com base no sistema de graduação de Gleason, que define o grau do tumor ao longo de 
um continuum de agressividade, no qual o nível mais baixo (1 a 2) representa os cânceres menos agressivos. À 
medida que o escore de Gleason aumenta, 
indica maior agressividade do câncer. Os 
tumores no estágio primário (T1) são 
assintomáticos e detectados ao exame 
histológico das amostras de tecidos 
prostáticos; no estágio T2, são palpáveis ao 
toque retal, mas se limitam à próstata; no 
estágio T3, localizam-se fora dos limites da 
glândula; e os tumores no estágio T4 estão 
disseminados para outras estruturas adjacentes 
à próstata. 
As metástases de linfonodos regionais (N) e órgãos distantes (M) são classificadas como Nx ou Mx (não podem ser 
avaliadas), N0 ou M0 (não existem) e N1 ou M1 (existem). 
Os níveis de PSA são importantes para o estadiamento e o tratamento do câncer de próstata. Nos pacientes não 
tratados, tendem a correlacionar-se com o volume e o estágio da doença. Nível crescente depois do tratamento é 
compatível com doença progressiva, seja uma recidiva local ou metástase. A dosagem do PSA é usada para detectar 
recidiva após prostatectomia total. Como a próstata é a fonte de PSA, seus níveis devem cair a valores indetectáveis 
pós­cirurgia; nível crescente indica doença recidivante. 
REFERÊNCIA: MANUAL DE ONCOLOGIA – HARRISON 
Epidemiologia 
Nos EUA, a estimativa era de 238.590 homens com diagnóstico de câncer de próstata no ano de 2013, com 29.720 
mortes atribuíveis a esse câncer. Essas estatísticas ressaltam um paradoxo do câncer de próstata. Apesar de ser a 
segunda causa principal de morte por câncer em homens nos EUA, apenas uma porcentagem relativamente pequena 
 Andressa Ferreira Andrade 
de homens com diagnóstico de câncer de próstata morre dessa doença. Neste capítulo, são apresentadas as diretrizes 
para o tratamento do câncer de próstata localizado e também as controvérsias associadas ao rastreamento do antígeno 
prostático específico (PSA). Também são descritos a avaliação e o estadiamento do câncer de próstata e, por fim, 
discute-se as opções de tratamento para a doença localizada. 
Recomendações atuais para rastreamento 
O rastreamento do câncer de próstata é um assunto controverso, e vários estudos recentes de grande porte fornecem 
uma discussão sobre os benefícios do rastreamento. Embora o rastreamento do PSA tenha levado à detecção do 
câncer de próstata em estágios iniciais, não está bem claro se isso também levou a melhores resultados nos homens 
que foram submetidos ao rastreamento. Muitos cânceres detectados por rastreamento podem ser cânceres incidentais 
que nunca teriam produzido sequelas clínicas durante a vida do indivíduo. Tendo em vista essa falta de evidências 
claras, a Preventative Service Task Force, dos EUA, recomendou recentemente que o rastreamento de rotina do PSA 
não seja realizado, concluindo que “muitos homens são prejudicados em consequência de um rastreamento para 
câncer de próstata, enquanto poucos ou nenhum têm benefício”. Essa recomendação deparou-se com forte resistência 
por parte das comunidades urológicas e oncológicas. Esses grupos assinalam a dificuldade de interpretar os estudos 
de rastreamento do PSA, tendo em vista os altos níveis de contaminação, e que essa recomendação geral pode não 
se aplicar a homens sadios jovens. Assim, a American Cancer Society e a National Comprehensive Cancer Network 
(NCCN) recomendam atualmente uma cuidadosa discussão entre paciente e médico antes da realização desse 
rastreamento. A American Urological Association (AUA) liberou orientações semelhantes no que concerne a uma 
decisão compartilhada sobre a realização do rastreamento de PSA entre médicos e pacientes de 55 a 69 anos de 
idade. Para homens que decidam se submeter ao rastreamento, o PSA e o toque retal (TR) devem ser oferecidos a 
cada 1 a 2 anos. O rastreamento continuado é mais apropriado para homens com expectativa de vida de pelo menos 
10 anos. Os fatores que aumentam o risco de câncer de próstata incluem ascendência africana subsaariana ou história 
de câncer de próstata em um familiar de primeiro grau antes dos 65 anos de idade. Em homens que apresentam esses 
fatores de risco, o rastreamento deve ser iniciado aos 40 anos. 
Diagnóstico 
O câncer de próstata é diagnosticado exclusivamente com base na biópsia 
por agulha guiada por ultrassonografia transretal. 
Trata-se de um procedimento ambulatorial realizado no 
consultório, com anestesia local. Apresenta taxa de complicação muito 
baixa, estimada em uma complicação grave para cada 1.000 
procedimentos. Não existe nenhuma modalidade radiográfica adequada 
para o diagnóstico sem o uso da biópsia. A ultrassonografia pode revelar 
uma área hipoecoica, que corresponde a um carcinoma localizado, porém 
esse achado não é confiável. A técnica adequada para 
a biópsia da próstata foi bem estudada. 
A abordagem-padrão consiste em coleta sistemática de todas as áreas da próstata em um padrão 
de grade. A maioria dos urologistas emprega uma técnica de amostras de 6 a 12 regiões da 
próstata. A taxa de detecção do câncer é substancialmente mais alta com uma técnica com 
biópsia de agulha grossa (core biopsy) de 10 a 12 fragmentos. 
REFERÊNCIA: BASES PATOLÓGICAS DAS DOENÇAS – ROBBINS 
Adenocarcinoma 
O adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer em homens, representando 29% dos casos de câncer 
nos Estados Unidos em 2007. Contudo, o câncer de próstata está associado ao câncer colorretal emtermos de 
mortalidade por câncer, causando 9% das mortes por câncer nos Estados Unidos em 2007. Existe a probabilidade 
de uma em seis ao longo da vida de receber um diagnóstico de câncer de próstata. Nos últimos 20 anos, houve uma 
queda significativa na mortalidade por câncer de próstata. Este é um dos tumores mais notáveis, exibindo uma grande 
 Andressa Ferreira Andrade 
variedade de comportamentos clínicos que variam de cânceres letais muito agressivos até cânceres insignificantes 
descobertos acidentalmente. 
Incidência: O câncer da próstata tipicamente é uma doença de homens acima de 50 anos de idade. Contudo, em 
homens que apresentam maior risco, recomenda-se que a triagem para câncer de próstata seja iniciada aos 40 anos. 
Também deve ser considerada a triagem de todos os homens aos 40 anos e novamente aos 45 para detectar casos 
raros de homens jovens com câncer de próstata antes que a doença se torne incurável. A incidência do câncer de 
próstata na necropsia é bastante alta. Ela aumenta de 20% em homens na faixa dos 50 para aproximadamente 70% 
em homens entre 70 e 80 anos de idade. Existem algumas diferenças nacionais e raciais notáveis e intrigantes na 
incidência da doença. O câncer prostático é raro em asiáticos e ocorre mais frequentemente entre negros. Além dos 
fatores hereditários, o ambiente desempenha um papel importante, como evidenciado pela elevação da incidência 
da doença em japoneses imigrantes para os Estados Unidos, embora não tão próxima do nível de americanos nativos. 
Além disso, à medida que a dieta na Ásia tem se tornado ocidentalizada, a incidência de câncer de próstata 
clinicamente significativo nesta região do mundo parece estar aumentando. Ainda não está claro se isto é decorrente 
de fatores dietéticos ou outras alterações do estilo de vida. 
Etiologia e Patogenia: Nosso conhecimento sobre a causa do câncer de próstata está longe de ser completo. 
Suspeita-se que vários fatores, incluindo idade, raça, história familiar, níveis hormonais e influências ambientais 
tenham papel importante. A maior incidência desta doença após a migração de uma região de baixa incidência para 
outra de alta incidência é compatível com o papel de influências ambientais. Existem muitos fatores ambientais 
propostos, mas nenhum foi comprovado como causador. Por exemplo, o maior consumo de gorduras foi implicado. 
Outros produtos dietéticos suspeitos de prevenir ou retardar o desenvolvimento de câncer de próstata incluem os 
licopenos (encontrados em tomates), selênio, produtos de soja e vitamina D. 
Os andrógenos desempenham um papel importante no câncer de próstata. Como seus equivalentes normais, o 
crescimento e a sobrevida das células do câncer de próstata dependem de andrógenos, que se ligam ao receptor 
androgênico (AR) e induzem a expressão de genes pró-crescimento e pró-sobrevida. É interessante observar, em 
relação às diferenças no risco de câncer de próstata entre as raças, que o gene de AR relacionado ao cromossomo X 
contém uma sequência polimorfa composta por repetições do códon CAG (que codifica a glutamina). 
Expansões muito grandes desta extensão de CAGs causam um distúrbio neurodegenerativo raro, a doença de 
Kennedy, caracterizada por cãibras musculares e fraqueza. Contudo, mesmo em indivíduos normais, existe variação 
suficiente na extensão de repetições CAG para afetar a função de AR. ARs com extensões mais curtas de 
poliglutamina apresentam maior sensibilidade aos andrógenos. As repetições mais curtas de poliglutamina são 
encontradas em geral em afroamericanos, enquanto caucasianos possuem uma extensão intermediária e os asiáticos 
possuem a mais longa, o que corresponde à incidência e à mortalidade por câncer de próstata nestes grupos. 
Mais diretamente, a extensão das repetições está inversamente relacionada à frequência na qual o câncer de próstata 
se desenvolve em modelos murinos. 
A importância dos andrógenos na manutenção do crescimento e sobrevida das células do câncer de próstata pode 
ser observada no efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandrogênicos, que geralmente induzem 
regressão da doença. Infelizmente, a maioria dos tumores eventualmente se torna resistente ao bloqueio 
androgênico. Os tumores escapam por uma variedade de mecanismos, incluindo uma hipersensibilidade em níveis 
baixos de andrógeno (por exemplo, amplificação do gene de AR), mutações em AR que permitem sua ativação por 
ligandos não androgênicos e outras mutações ou alterações epigenéticas que ativam as vias de sinalização 
alternativas, que podem evitar completamente a necessidade de AR. Entre estas últimas estão as alterações que 
promovem um aumento da ativação da via de sinalização P1-3 quinase/AKT, que é observada mais frequentemente 
em tumores que se tornaram resistentes à terapia antiandrogênica. 
Existe um grande interesse no papel de outros polimorfismos hereditários no desenvolvimento do câncer de próstata. 
Em comparação aos homens sem história familiar, aqueles que possuem parentes de primeiro grau com câncer de 
próstata apresentam o dobro de risco e aqueles com dois parentes de primeiro grau possuem cinco vezes o risco de 
desenvolver câncer de próstata. Homens com uma história familiar forte de câncer de próstata também tendem a 
 Andressa Ferreira Andrade 
desenvolver a doença em idade mais precoce. Homens com mutações nas linhas germinativas do supressor de tumor 
BRCA2 possuem um risco 20 vezes maior de desenvolver câncer de próstata, mas a vasta maioria dos cânceres de 
próstata familiares são decorrentes de variações em outros locos, que conferem um pequeno aumento no risco de 
câncer. Estudos de associação familiar e de genoma identificaram vários locos associados ao risco, incluindo um no 
8q24 que parece aumentar seletivamente o risco entre homens afro-americanos. 
De possível interesse, vários genes propostos nestas regiões estão envolvidos na imunidade inata, levando à 
especulação de que a inflamação pode preparar o cenário para o desenvolvimento do carcinoma prostático, como 
foi demonstrado com relação a outros cânceres humanos. 
Outros trabalhos focalizam o papel de mutações somáticas adquiridas e alterações epigenéticas específicas para o 
tumor. Um tipo muito comum de mutação somática no câncer de próstata origina reorganizações cromossômicas 
que justapõem a sequência de codificação do gene de um fator de transcrição da família ETS (mais comumente 
ERG ou ETV1) próximo a um promotor TMPRSS2 regulado por andrógeno. Estas reorganizações colocam o gene 
ETS envolvido sob o controle do promotor TMPRSS2 e provocam sua superexpressão de modo dependente de 
andrógenos. A superexpressão dos fatores de transcrição ETS torna as células epiteliais prostáticas normais mais 
invasivas, possivelmente pela suprarregulação de metaloproteases da matriz. Além disso, tumores com genes ETS 
reorganizados possuem algumas características morfológicas distintas e uma assinatura de expressão genética 
diferente daqueles que não possuem reorganizações do gene ETS, sugerindo que as reorganizações genéticas ETS 
definem uma subclasse molecular específica do câncer de próstata. As reorganizações ETS também podem ter 
implicações para triagem e diagnóstico precoce do câncer de próstata, uma vez que é possível detectar genes de 
fusão ETS na urina usando ensaios de PCR sensíveis. 
A alteração epigenética mais comum no câncer de próstata é a hipermetilação no gene da glutationa S-transferase 
(GSTP1) que infrarregula a expressão de GSTP1. O gene GSTP1 está localizado no cromossomo 11q13 e é uma 
parte importante da via que previne a lesão decorrente de uma grande variedade de carcinógenos. Outros genes 
silenciados por modificações epigenéticas em um subgrupo de cânceres de próstata incluem vários genes supressores 
de tumor, incluindo PTEN, RB, p16/1NK4a, MLH1, MSH2 e APC. 
Além do antígeno prostático específico (PSA, discutido a seguir), surgiram outros genes e proteínas

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