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\JNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA
CURSO DE ODONTOlOGIA
BIBlIOTECA PROF, DR. FRANCISCO G. AY11RO
No.~9~L,8'2 DATAQjOS:,O.9
Nossos conhecimentos basicos acerca do
crescimento e desenvolvimento craniofacial sao
fundamentais para 0 diagn6stico, planejamen-
to, tratamento e avalia<;;aodos resultados da te-
rapia ortodontica.
As complexas modifica<;;6espor que passam
os diferentes segmentos corp6reos do indivi-
duo nas distintas fases de sua vida, nos orien-
tam para tipos diversos de tratamento, com
aparatologia ortodontica ou ortopedica ade-
quada ao caso, visando a urn progn6stico favo-
ravel da correr;ao.
Sucedendo-se, no tempo e no espa<;;o,a co-
ordena<;;ao perfeita de fatores de incremento e
desenvolvimento craniofacial, caminhamos
para 0 estabelecimento da oclusao dental, inse-
rida em uma bem proporcionada face.
A rigor, como profissionais da saude que
somos, compete-nos uma supervisao peri6dica
destes eventos, a fim de que possamos prevenir
ou interceptar desvios da normalidade inci-
pientes que, se nao tratados precocemente, po-
derao evoluir para displasias esqueleticas de
maior ou menor gravidade.
As mas posir;6es dentais muitas vezes encon-
tram-se associadas a irregularidades no posicio-
namento espacial da maxila e da mandibula e
destes ossos com a base do cranio, refletindo-se
diretamente nos objetivos do tratamento. Cres-
cimento e desenvolvimento craniofacial dentro
dos padroes normais sao essenciais para uma
harmoniosa estetica facial.
I-CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO
E claro que nao podemos compreender os
processos correlatos de crescimento e desenvol-
vimento do cranio e da face, se nao nos repor-
tarmos aos conceitos basicos de crescimento e
desenvolvimento, que muitas e frequentes ve-
zes sao tornados num mesmo sentido. E preci-
so, como assevera Tood, diferencia-los, pois
que, enquanto 0 crescimento representa urn
aumento de volume permanente e irreversivel,
porem limitado, no tempo e no espa<;;o,em du-
ra<;;aoe grandeza, 0 desenvolvimento nada mais
e do que urn progredir no sentido da maturida-
de. Urn exemplo claro destes dois fenomenos
nos e dado pelo crescimento do cerebro que se
completa precocemente na vida p6s-natal; po-
rem 0 desenvolvimento de suas fun<;;oespsiqui-
cas s6 e alcan<;;ado tardiamente. Contudo, a
complexa natureza destes processos biol6gicos
nos mostra que crescimento e desenvolvimento
sao fenomenos praticamente inseparaveis, ra-
zao por que seus termos sao comumente torna-
dos como sinonimos.
A atividade fisico-quimica formadora, teori-
camente igual em todos os sentidos, deveria
tornar as celulas esfericas, como e 0 6vulo. To-
davia, pressoes mutuas e necessidades funcio-
nais diversas condicionam urn crescimento em
determinada dire<;;ao, assumindo as celulas as
mais variadas formas.
Os fenomenos de crescimento que se pas-
sam nos tecidos tambem sao validos para os
6rgaos e para todo 0 soma, pois 0 aumento do
tamanho corp6reo decorre do aumento de
suas partes constituintes.
Estes fatos enunciados sao de grande impor-
tancia clinica para 0 entendimento, como vere-
mos mais adiante, das modifica<;;oesvetoriais do
crescimento.
o aumento da massa celular nao e ilimita-
do, pois, enquanto 0 volume cresce com 0
cubo, a superficie cresce com 0 quadrado (Fig
2.1). Ha, por esta razao, uma progressiva redu-
<;;aoda superficie absorvente, para as trocas
metab6licas, em rela<;;aoa massa. A superficie
absorvente nao sendo suficiente para as suas
necessidades assimiladoras torna a celula ma-
dura e portanto pronta a dividir-se (Lei de
Spencer).
Como vimos, crescimento significa aumento
do volume, quer devido a multiplica<;:aocelular,
quer devido ao aumento do volume celular. 0
Fig. 2.1. Esquema mostrando que se a superficie absorvente da ce/ula
for insuficiente para as trocas metab6/icas, h6 a divisoo celular. V3
volume celular crescendo com 0 cubo e 5' superficie celular crescendo
com 0 quadrado.
crescimento do todo e devido, em ultima analise,
ao crescimento das partes. Daf poderemos dizer
que os tecidos crescem devido aos seguintes pro-
cessos: hiperplasia, hipertrofia e hipertrofoplasia.
{
- Hiperplasia
Proc~ssos de _Hipertrofia
crescrmento _Hipertrofoplasia
A hiperplasia consiste no aumento do nume-
ro de celulas; a hipertrofia no aumento do tama-
nho da celula ou da massa de substancia inter-
celular por ela produzida; f a hipertrofoplasia
na a<;:aoconjunta e coordenada dos dois proces-
sos assinalados. Ainda com referencia ao cresci-
mento dos tecidos e dos orgaos e necessario que
se fa<;:areferencia a tres outros processos: intersti-
cial, aposicional e intersticioaposicional
{
-Intersticial
Proc~ssos de _Aposicional
crescrmento _Intersticioaposicional
o crescimento intersticial consiste na anexa-
<;:aode novos elementos celulares nos interstfci-
os dos ja existentes. A maioria dos tecidos cresce
desta maneira - exemplo 0 tecido epitelial.
o crescimento aposicional baseia-se na ane-
xa<;:aode novos elementos em camadas super-
postas aos ja existentes. It 0 caso tfpico do teci-
do 6sseo (Fig. 2.2).
Fig. 2.2 . Esquema mostrando a crescimento em largura do ossa, cujo
mecanismo baseia-se na aposic;iio (+) de novas camadas na superficie
externa e reabsorc;iio (-) na superficie interna.
No crescimento intersticioaposicional os dois
processos anteriormente citados funcionam co-
ordenadamente como ocorre, por exemplo, nas
cartilagens, onde notamos crescimento aposicio-
nal as expensas do peric6ndrio e intersticial a
custa de prolifera<;:aoe divisao celular dentro de
sua matriz. Este crescimento e, pois, diverso do
crescimento osseo, unicamente aposicional. Isto
porque, a medida que a matriz ossea vai sendo
elaborada pelos osteoblastos (celulas formado-
ras do osso) , estes vaGse enclausurando no inte-
rior do novo tecido ca1cificado, ficando impossi-
bilitados de se multiplicar.
It de se notar que 0 tecido cartilagfneo, por
ter a possibilidade de crescer aposicional e in-
tersticialmente, tern sua velocidade de cresci-
mento maior que a do tecido osseo, razao por
que ele situa-se nas areas denominadas de areas
de ajuste incremental.
As diferentes partes do corpo humano cres-
cern com diferentes velocidades. Estas se modi-
ficam com a idade. As propor<;:oes sao obtidas
porque os tecidos e orgaos crescem com dife-
rentes ritmos e em diferentes epocas. Embora
o crescimento seja urn processo ordenado, ha
momentos em que ele se intensifica e outros de
relativa estabilidade.
o crescimento de urn organismo caracteri-
za-se por altera<;:oes progressivas da forma e
das propor<;:oes tanto internas como externas.
It 6bvio que 0 crescimento uniforme jamais
poderia produzir modifica<;:oes de tal ordem,
uma vez que a diversidade morfologica resulta
das diferentes velocidades de crescimento que
operam nas varias partes e dire<;:oes.Essas ve-
locidades podem variar, num mesmo indivf-
duo, de acordo com as circunstancias, porem
as propor<;:oes do aumento de suas partes sao
relativamente constantes. Sao essas rela<;:oesfi-
xas que produzem uma forma final semelhan-
te nos inumeros indivfduos de qualquer espe-
cie, a despeito do fato das distintas partes cor-
poreas aparecerem e crescerem em epocas di-
ferentes. Scammon e colaboradores mostra-
ram, no esquema que se segue, 0 crescimento
diferencial dos diversos tecidos organicos,
agrupados em quatro padroes razoavelmente
distintos: padrao geral, padrao neural, padrao
linfatico e padrao genital (Fig. 2.3).
%200
/ \
If \
J \
J ~
I \
I \
I
J "I "-.
~ --- /
~ I
/~/ I
/ I I
/ I
I I I
II J
I /
./"....",.,. .....--
Tipo Linf6ide _
Tipo Neural _
Tipo Geral
Tipo Genital _
6 8 10 12 14 16 18 20
idade em anos
Fig. 2.3. Crescimento e Desenvolvimento Geral do Corpo. Gr6(Ico de Scammon relativo ao crescimento diferencial de distintos tecidos orgonicos,
denominados tip os.
o padrao geral engloba ossos, musculos e
visceras que crescem mantendo uma certa pro-
porcionalidade com 0 crescimento das dimen-
soes externas e massa corporea.
o padrao neural esta representado pelo ce-
rebro, medula espinhal, bulbosoculares, par-
te do ouvido interno e neurocranio, os quais
crescem muito rapidamente antes do nasci-
mento e durante os primeiros anos de vida.
o padrao linfatico abrange timo, linfonodos,
tonsilas e tecidos linfoides do tubo digestivo. To-
das estas estruturas saGproeminentes no recem-
nascido, crescem rapidamente durante 0 periodo
da infancia e atingem 0 tamanho maximo urn
pouco antes da puberdade. 0 timo e as tonsilas,
apos a puberdade, entram em involw;,:ao.
No padrao genital os ovarios, testfculos, or-
gaos reprodutores acessorios e a genitalia exter-
na crescem lentamente durante a infancia e ra-
pidamente no periodo da puberdade.
Segundo Graber, 0 neurocranio se ajusta ao
quadro de crescimento neural; 0 esplancnocra-
nio (face) ao padrao geral. A base do eramo,
pela sua complexidade, pode possuir fatores ge-
neticos intrinsecos assim como urn padrao de
crescimento semelhante ao esqueleto da face,
pelo menos em algumas de suas dimensoes.
Se as celulas pudessem viver sem sofrer as
influencias ambientais, ou pelo menos em am-
biente favor<lve1constante, a sua capacidade
multiplicativa seria inexaurivel e 0 crescimento
infinito. Com efeito, nas culturas in vitro, onde
se tern urn ambiente favoravelmente constante,
a multiplica<;,:aocelular e ilimitada. Varios tipos
de tecidos tern sido mantidos em culturas por
urn tempo muito maior que a dura<;,:aoda vida
do individuo de onde foram retirados, conser-
vando a mesma velocidade inicial de multipli-
ca<;,:ao,0 que equivale a dizer, produzindo enor-
me massa celular. Entretanto, esta imponente
energia de desenvolvimento vai decrescendo e
depois de atingir urn determinado limite cessa,
regulando-se assim a forma e 0 volume dos in-
divfduos. A limita<;:aodesta energia, no tempo e
no espa<;:o,e, em parte, devida as in£luencias
frenadoras do meio, porem sempre fixadas
para cada especie pela hereditariedade. Portan-
to, os fatores do crescimento, ou da constru<;:ao
corp6rea, sao de duas categorias a saber: pri-
manos e secundarios.
. { primarios
Fatores de crescrmento d' .
secun anos
A -Primarios: relacionados a hereditariedade que
provoca 0 embalo evolutivo inicial, intervindo no
prosseguimento do fenomeno, condicionando e
deterrninando as diferen<;:asetnicas e sexuais. Do
ponto de vista genetico e conveniente lembrar
que uma ligeira altera<;:aona constela<;:aode gran-
de numero de genes pode ter considecivel efeito
sobre 0 crescimento das diversas partes do corpo
(efeito que pode ser grandemente in£luenciado
por fatores externos, tal como a nutri<;:ao),ou a
acentua<;:aoprogressiva de urn efeito primario do
desenvolvimento. Assim, a altera<;:aodo gene que
controla 0 desenvolvimento das cartilagens pode
revelar-se por enorrnes modifica<;:oesem quase
todos os sistemas corp6reos, como ocorre no na-
nismo acondroplistico.
Os fatores geneticos que controlam 0 cres-
cimento 0 fazem pelo menos parcialmente, atuan-
do sobre 0 metabolismo das ceIulas em multi-
plica<;:ao (alterando suas exigencias nutritivas,
varian do a capacidade das ceIulas de aproveitar
certas vitaminas). Estes fatores geneticos sao,
presumivelmente, responsaveis por perturba-
<;:oesno controle que os 6rgaos end6crinos
exercem sobre os processos de crescimento, e
pelas altera<;:oes na sensibilidade dos tecidos
que respondem a estimula<;:aohormonal.
B - Secundarios: dentre os multiplos fatores se-
cundarios que in£luem no crescimento corp6reo
e preciso citar: a idade dos genitores e sua even-
tual consangiiinidade, 0 tipo de funcionalidade sexu-
al da mae, primiparidade ou multiparidade (du-
ra<;:aoda pausa entre os perfodos gravfdicos); con-
dir;oes socioeconomicas dos genitores (alimenta<;:ao,
repouso ou trabalho durante a gravidez, trabalho
industrial, envenenamentos profissionais, etc.); as
doenr;as (sobretudo a tuberculose e a sffilis); as
intoxicar;oes (alcoolismo), etc. As doen<;:ase as into-
xica<;:oespodem atingir os gerrnes nos primeiros
escigios do desenvolvimento (blastoftoria) ou
atuar sobre a mae e 0 filho durante toda a gesta-
<;:ao(embrioftoria). a vida p6s-natal e mister
considerar, alem das condi<;:oessomaticas prO-
prias do indivfduo recem-nascido (prematuro,
macrossomo, microssomo, mediossomo), a disto-
cia (parto diffcil), a localidade (se marftma ou
continental, montanhosa ou planfcie, cidade ou
campo), 0 clima e as esta<;:oes.Outros fatores -
os culturais - como as condi<;:oessocioeconomi-
cas, a alimenta<;:ao, considerando-se nao s6 a
quantidade e a qualidade das protefnas, gorduras
e carboidratos, mas tambem as substancias qufmi-
cas, minerais-calcio, f6sforo, potissio, s6dio, iodo,
ferro, magnesio - as vitaminas, a habita<;:ao(ilumi-
na<;:ao,aera<;:ao,espa<;:o),os misteres e profissoes e
o exercfcio fisico. Dentre as doen<;:asque influen-
ciam 0 crescimento temos de mencionar aquelas
que atingem popula<;:6esinteiras (b6cio endemi-
co, malaria, etc.) 0 adenoidismo (hipertrofia do
anellinfatico da regiao farfngica) provoca dificul-
clade respirat6ria com conseqiiente deformidade
craniofacial. A minora<;:ao respirat6rio-circulato-
ria perturba 0 crescimento geral, que se torna
deficicirio nos seus tres aspectos: morfol6gico,
funcional e psfquico.
Os fatores primarios e secundarios, que in-
£luem no desenvolvimento corp6reo, podem
ser assim catalogados:
Constituiyio (fator genetico) - Toda e qual-
quer especie animal tem velocidade e limite de
crescimento com caracterfsticas pr6prias. Sob
identicas condi<;:6esde desenvolvimento a veloci-
dade de crescimento e aproximadamente a mes-
ma para todos os indivfduos de uma mesma espe-
cie. Por isso 0 tamanho final atingido varia muito
pouco. Esta particularidade e devida a urn padcio
genetico que governa 0 crescimento com uma ve-
locidade bisica e definida para a divisao celular.
Temperatura - Dentro de certos limites, a
velocidade de crescimento varia com as tempe-
raturas. Cada especie tern seu desenvolvimento
controlado por uma temperatura maxima e'
mfnima, alem ou aquem das quais 0 desenvolvi-
mento cessa. Em algum ponto, dentro dos limi-
tes maximo e mfnimo, acha-se a temperatura
mais favoravel para 0 desenvolvimento.
Nutri~iio - Durante a vida do indivfduo,
novo protoplasma deve ser criado, e os acidos
aminados constituem 0 material de constru<;:ao
empregado para as sfnteses das protefnas. 0
organismo humano pode fabricar alguns de
seus pr6prios acidos aminados, porem outros
devem ser obtidos das protefnas alimentares.
Alguns acidos aminados favorecem 0 cresci-
mento, mas nao intervem na diferencia<;:ao teci-
dual. A quantidade e a qualidade dos alimentos
que sao consumidos durante e ap6s 0 perfodo
do crescimento exercem profunda influencia
sobre a velocidade de crescimento e 0 tamanho
do corpo. Sabe-se, por exemplo, que 0 melho-
ramen to da nutric;:ao que vem ocorrendo nos
pafses ricos e industrializados leva a uma acele-
rac;:aodos processos de maturac;:ao do corpo.
A velocidade de crescimento da crianc;:adimi-
nui progressivamente desde 0 momenta do nasci-
mento. Por unidade de peso corp6reo a crianc;:a
necessita de muito mais alimento do que 0 adul-
to. Urn homem adulto em atividade moderada
necessita, aproximadamente, de 40 calorias por
quilo de peso (supondo-se a unidade cal6rica in-
cluindo todos os alimentos necessanos); uma cri-
anc;:a,durante 0 seu primeiro ano de vida, neces-
sita pelo menos de duas vezes mais calorias. As
deficiencias nutricionais, por fome ou por doen-
c;:a,exercem efeito deleterio sobre 0 crescimento
da crianc;:a,podendo resultar no nanismo.
Fatores embriomirios - Os tecidos cultivados
in vitro crescem melhor e mais rapidamente
quando se adiciona ao meio nutritivo sueos ou
extratos embrionarios, que funcionam como
fatores de acelerac;:ao do crescimento. Esses ex-
tratos aumentam 0 numero de mitoses e dimi-
nuem 0 tempo gasto para cada mitose.
Fatores hormonais - Algumas das secrec;:6es
hormonais elaboradas pelas glandulas end6cri-
nas saD reguladoras do crescimento, e destas, as
mais importantes saD: hormonio do crescimento
(somatotrofina, elaborada pela adeno-hip6fise),hormonio tir6ideo e os hormonios gonadais.
A somatotrofina controla 0 crescimento dos
tecidos corp6reos, aparentemente por estimulac;:ao
da sfntese proteica e a partir dos acidos aminados.
A somatotrofina e capaz de estimular 0 crescimen-
to de indivfduos mantidos em dietas que, sem 0
hormonio, nao cresceriam absolutamente. Quan-
tidades excessivas de somatotrofina, atuando em
certas fases do crescimento, podem provo car dis-
rurbios do desenvolvimento que se revelam como
gigantismo ou acromegalia. Esta, resultante de urn
excesso de estimulac;:aoap6s a puberdade, caracte-
riza-se por crescimento exagerado das maos, pes e
mandfbula. No gigantismo, que e devido a urna
superestimulac;:ao pela somatotrofina ocorrendo
antes da puberdade, os ossos longos sao afetados
anteriormente ao fusionamento das suas epffises,
alongando-se exageradamente, embora sem qual-
quer outra maior deformidade esqueletica.
As secrec;:6esda tir6ide modulam 0 metabolis-
mo de todos os tecidos e e quase certo que a
normalizac;:ao do crescimento e diferenciac;:ao de-
pendem da sua ac;:aonormal. A insuficiencia tirof-
dea durante a meninice conduz as perturbac;:6es
ffsicas e mentais denominadas cretinismo. Os dis-
rurbios mentais dos cretinos sao decorrentes do
insuficiente desenvolvimento dos axonios e den-
dritos dos neuronios corticais, bem como de alte-
rac;:6esda vascularidade do c6rtex cerebral.
Os hormonios gonadais exercem acentuada
influencia sobre 0 crescimento do corpo. 0 an-
dr6geno estimula a sfntese tecidual em geral, e,
na epoca da puberdade, responde pelo desen-
volvimento dos caracteres sexuais secundarios
do indivfduo do sexo masculino. 0 estr6geno
inibe 0 crescimento, provavelmente por acelera-
c;:aodo processo de fusionamento epifisario.
Alguns dos hormonios adrenocorticais (co-
mo a cortisona) sao tidos como inibidores do
crescimento, funcionando como antagonistas
da somatotrofina da adeno-hip6fise.
6 - CRESCIMENTO FiSICO
E DESENVOLVIMENTO
o crescimento ffsico esci intimamente relacio-
nado a altura, peso, velocidade de crescimento,
puberdade, enfim, ao crescimento organico e
corp6reo. Por sua vez, 0 desenvolvimento, como
pondera Arey, associa-se a urn processo gradual
para se alcanc;:ar urn fim estrutural e funcional,
ou seja, urn progredir no sentido da maturidade.
Como assevera Moyers, nem todos os indivfduos
com urna determinada idade cronol6gica estao
em urn mesmo escigio de desenvolvimento biol6-
gico. Daf a proposic;:ao de diferentes idades de de-
senvolvimento tais como a idade esqueletica ou 6s-
sea (IE) relacionada a calcificac;:aocarpal; a idade
denciria (ID) associada a calcificac;:ao,erupc;:ao e
completac;:ao dental; a idade cronol6gica (IC) ba-
seada no numero de anos ou meses contados a
partir do nascimento e a idade mental (1M) calca-
da na maturidade intelectual do indivfduo.
A regulac;:ao dos eventos de crescimento e
desenvolvimento apresentam significativo di-
morfismo sexual. Assim e que as meninas pa-
ram de crescer e amadurecem mais precoce-
mente que os meninos.
Segundo Woodside, os momentos de maior
intensidade de crescimento diferem nos meni-
nos quando comparados as meninas. Embora
seja aos 3 anos que notamos os maiores incre-
mentos primarios de crescimento em ambos os
sexos, e aos 6 e 7 an os nas meninas e aos 7 e 9
anos nos meninos, que observamos 0 segundo
momenta de intenso crescimento. Dos 11 aos
12 anos nas meninas e dos 14 aos 15 an as nos
meninos e que constatamos a terceiro periodo
de crescimento (Fig. 2.4 A e B).
Curvas de Velocidade Maxima
de Crescimento para Mulheres
I 1
I I
i I---- - ---~I-- ---t--'- -
I
I
\1 /' ....•..
J )",,1 ./ I \
I ! ! I •••.....
I I
,
II
Estes fatos apontados tern significativa im-
portancia cIinica, como veremos adiante.
Curvas de Velocidade Maxima
de Crescimento para Homens
I
!
--~ ._-- ---
j
r I r
\ V \
/ I\. /1
"I !I II I I
Fig. 2.4. A. CUfVasde velacidade maxima de crescimenta de interesse dinica, para mulheres, evidencianda as tres periados de acelera~ao do evento
(aproximadamente entre 6, 7 e /2 anos), segundo Woodside. B. Curvas de velocidade maxima de crescimento de interesse dinico, para homens,
evidenciando os tres periodos de acelera~ao do evento (aproximadamente 7, 9, /5 anos), segundo Woodside.
8 - DIVISAO CRONOLOGICA
DA VIDA HUMANA
A historia fisica do homem, au melhor, a
historia de sua vida fisica, e semelhante a da
maioria dos vertebrados superiores, caracteri-
zando-se par continuas modifica<;oes do seu ci-
cIo vital, que se inicia com a ova fecundado e
termina com a morte. 0 tempo de dura<;ao do
cicIo, variavel com a hereditariedade, a ra<;a,a
sexa e as condi<;oes mesologicas, pode ser divi-
dido em periodos au fases, a saber:
A - Periodo pre-natal ou de vida intra-uterina -
correspondendo a fase do desenvolvimento an-
terior ao nascimento. Este periodo tern a du-
ra<;ao de 10 meses lunares (cerca de 280 dias
contados apos a inicio da ultima menstrua<;ao,
au 266 dias contados da data presumida da
ovula<;ao) au de 9 meses solares. Pode ser sub-
dividido nas fases seguintes:
a) Ovo ou germe, que se estende da anfimixia
(copula dos gametas) ate a fase de segmenta-
<;ao (cIivagem), a que dura cerca de 14 dias.
b) Fase embrionaria (vai do 14° dia ate 0 fim do
segundo mes), que se inicia com a forma<;ao do
disco embrionario e termina quando as principais
orgaos do corpo come<;ama diferenciar-se. Nesta
fase da vida, as melhores indica<;oessabre a idade
do embriao sao fomecidas pelo seu aspecto exter-
no e organiza<;ao estrutural. A mensura<;ao do
embriao fomece dados muito menos precisos.
c) Fasefetal (inicia-se no 60° dia e se estende
ate a completa<;ao do feto), durante a qual se
diferenciam as principais sistemas e orgaos,
bem como se estabelece a forma externa do
corpo. Esta fase pode ser subdividida em pas-
embrionaria, que se estende do 60° dia ate 0 fim
do 6° mes solar, e fetal propriamente dita (de
maturidade relativa), que do 7° mes e se esten-
de ate a fim do 9° mes solar.
Durante 0 periodo germinal, 0 ova goza de
urn estado de vida aut6noma, mas passa para a
vida parasitaria cia logo se inicia a fase embrio-
naria, prolongando-se ate a fim da fase fetal.
Terminando a nono mes de vida uterina a
feto e expulso e recebe a nome de recem-nasci-
do. 0 nascimento e uma etapa que marca a
passagem da vida parasi taria do feto para a se-
miparasitaria do recem-nascido, quando se ini-
cia 0 periodo pos-natal.
B - Periodo pos-natal - que se estende do nasci-
mento ate a senilidade. Pode ser dividido em va-
rios estagios, cuja dura<;aovaria com a ra<;a,sexo,
constitui<;ao fisica e condi<;oesmesologicas.
a) Fase neojetal, corresponde as duas pri-
meiras semanas apos a nascimento, quando a
crian~a perde peso em virtude da emissao de
urina e meconio e da evapora~ao cutanea e
pulmonar.
b) Infancia, corresponde ao periodo que
resta do primeiro ana de vida. No decorrer do
primeiro semestre, tambem chamado pre-den-
tal, a crian~a e lactante, nao se mantem ereta e
nem deambula. Durante 0 ultimo quadrimes-
tre a crian~a, ja com alimenta~ao mista, man-
tem-se em posi~ao ereta e come~a a andar.
c) Meninice (puericia), compreende 0 perio-
do que vai desde 0 inicio do 2° ana ate a puber-
dade. Este periodo pode ser subdividido em va-
rias fases, embora seus limites nao sejam preci-
sos e, na maioria dos casos, com dura~ao bas-
tante variavel. Estas fases sao:
- turgor primus (segunda infancia) - que se
estende dos 2 aos 6 anos, fase de completa
modifica~ao do regime alimentar, com substi-
tui~ao da suc~ao pela mastiga~ao do alimento e
completa~ao da dentadura decidua.
- proceritas prima (pequena puberdade) - que
se desenvolve por volta dos 6 anos, com 0 apa-
recimento, na maioria dos casos, do primeiro
molar permanente.
- turgor secundus - corresponde a idade de 8 a
10 anos, quando se inicia a muda dos dentes,
com a erup~ao dos incisivos permanentes.
d) Adolescencia (que vai dos 10 aos 20 anos
mais ou menos). Caracteriza-se por uma serie
de modifica~oes morfologico-funcionais e psi-
quicas, que dizemrespeito nao so ao estabeleci-
mento do dimorfismo sexual, mas tambem da
constitui~ao individual. Este periodo pode ser
dividido em varias fases:
- pre-puberdade (proceritas secunda) - que se
estende dos 10 anos ate a puberdade.
- puberdade - caracterizada pelo inicio das
fun~oes sexuais e 0 aparecimento dos caracte-
res sexuais secundarios. Esta fase, que tern du-
ra~ao muito variavel, inicia-se nas meninas com
o aparecimento da menstrua~ao (menarca),
que ocorre aos 13 anos ± 2. Para os meninos
nao existe urn criterio tao definido, mas consi-
dera-se que a puberdade se inicia aos 15 ± 2,
tendo em vista a idade ossea correspondente a
das meninas por ocasiao da menarca.
- pospuberdade (turgor tertius ou nubilida-
de), que se estende da puberdade ate os 18
anos na mulher e ate os 20 anos, no homem. 0
individuo que era adolescente e depois jovem
cresce em estatura, porem muito pouco (aos 15
anos ele ja deve ter atingido 90% da sua altura
total); 0 crescimento transversal e ponderal
continua, com 0 consequente arredondamento
das formas externas; a capacidade de produzir
novos individuos e melhorada e os processos
morfofuncionais que levam a plena maturidade
fisica e psiquica sao acelerados.
e) Maturidade (virilidade) - que se estende
dos 20 aos 60 anos, e pode ser subdividida
nas fases de virilidade crescente, ate os 35
an os para a mulher e 40 para 0 homem; viri-
lidade constante, ate os 40 anos para mulher
e 50 anos para 0 homem; virilidade decres-
cente, ate os 50 anos para mulher e 60 para 0
homem. Durante a primeira fase da maturi-
dade, 0 adulto continua crescendo, tanto no
sentido transversal, como em peso, sobretudo
pelo aciimulo de gordura, por causa da hi-
pertrofia muscular e crescimento de algumas
visceras. Entretanto, os valores ponderais, es-
pecialmente devidos a gordura, oscilam por
varios motivos. Terminada a fase anaplastica,
de energia crescente, 0 adulto entra na fase
do equilibrio dinamico. Na fase decrescente
sobrevem a menopausa. Com esta castra~ao
natural verifica-se, em muitas mulheres, urn
aumento do paniculo adiposo, que tambem
aparece ou pode aparecer no homem depois
dos 50 anos.
f) Decadencia (Aetas terminalis) - e a fase cata-
plastica, de energia decrescente, distinta em
velhice (ate os 80 anos) e senilidade (decrepi-
tude, senescencia ou longevidade). Ja na velhi-
ce (e ainda mais na senilidade), acen tua-se a
diminui~ao da estatura, iniciada no periodo
anterior e decorrente de encurvamento da co-
luna vertebral, do adelga~amento dos discos in-
tervertebrais e de altera~oes nas junturas dos
membros inferiores. Diminui 0 peso corporeo
e 0 volume da maior parte das visceras, atingi-
dos que sao por processos de esclerose e atro-
fia. 0 individuo torna-se emaciado e as modifi-
ca~oes do seu tegumenta e da cabe~a configu-
ram 0 facies senil.
Todos os periodos e fases do ciclo da vida
humana se sucedem com ritmo e velocidades
nao uniformes, intercalados por momentos cri-
ticos, mas encadeados e coordenados de ma-
neira a nao haver interrup~oes durante todo 0
seu curso. Da fecunda~ao ao nascimento, da
puberdade a maturidade e desta ate a morte
(etapas que marcam 0 inicio, as fases criticas e
o fim da vida), tudo e urn fluir continuo.
Periodo pre-natal ou vida uterino ovo ou germe
fase embrionaria
fose fetal
{ pas-embrionario
fetal propria mente dita
: noscimento I
fase neo-natol
Periodo pas-natal inf6ncia {,",go< p,;mo; (",gccdo Icl6ccio:
meninice procerifas prima (pequeno puberdade)
turgor secundus
r"PCbe;dOd, [pw";ilo, "gccdo:
adolescencia puberdade
pas-puberdade (turgor tertius)
{""lldOd' ""cecj,
maturidade (virilidade) virilidade constante
virilidade decrescente
decadencia
{ velhice
senilidade
II -CRESCIMENTO DO
ESQUElETO CRANIOFACIAL
Os conceitos anteriormente emitidos sac
fundamentais para 0 entendimento do cresci-
mento craniofacial, tema dos mais cativantes
no contexte da ciencia ortodontica. Inumeras
mas oclusoes sac consequencia de altera<;oes
do crescimento normal de pe<;as esqueleticas
localizadas a distancia dos arcos dentais. Reves-
te-se, pois, de grande significa<;ao clinica 0 co-
nhecimento do crescimento normal e da possi-
bilidade de sua modifica<;ao veto rial.
Frequentemente tratamos crian<;as na fase
de crescimento e desenvolvimento dos ossos
maxilares, por entendermos ser muito mais fa-
cil moldarmos estes ossos neste periodo do que
apos ter sido concluida sua matura<;ao. Analo-
gamente pudemos dizer que somente consegui-
mas redirecionar a crescimento do tronco de
uma arvore quando este e tenue e em vias de
crescimento; nao quando ja totalmente forma-
do e na fase adulta.
o ossa e um tecido altamente metabolizado
e, a despeito de sua dureza, apresenta-se como
um dos mais plasticos e maleaveis tecidos orga-
nicos. Par ser um tecido vivo, com vasos, nervos
e linfaticos, revestido externa e internamente
pelo periostea e endostea, respectivamente, tem
uma atividade continua e equilibrada durante
toda vida do individuo. E necessaria, pais, que a
ortodontista desde cedo aprenda a conhecer e
respeitar este tecido sabre a qual exercera gran-
de parte de suas atividades clinicas (Fig. 2.5).
Fig. 2.5. Representa~ao esquematica de um segmento osseo mostrando
sua arquitetura interna t e 0 revestimento periostal 2 altamente
vascularizado, emitindo ramos arteriais para a intimidade do tecido.

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