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CASO CLÍNICO DE DRGE Exame físico: O exame físico da paciente não trouxe alterações. BEG, lúcida e orientada em tempo e espaço, com uma postura ativa, marcha sem alteração, fala e linguagem preservadas, corada, hidratada, anictérica, pupilas isocóricas e fotorreagentes, acianótica, afebril (TC: 36,5ºC), normopneica (FR: 16irp), normocárdica (FC: 80 bpm), normotensa (PA: 120x80mmHg), peso: 67kg e a altura 1,68m. IMC: 23,7 (normal). Tônus e trofismo muscular (MMSS e MMII) preservados. Sinal de Godet (cacifo) negativo. Expansibilidade torácica normal e simétrica, FTV presente e simétricos, murmúrio vesicular fisiológico e sem ruídos adventícios. Ausência de enfisema subcutâneo. Pulsos arteriais palpáveis, simétricos, artérias sem alterações, ausências de sopros, bulhas rítmicas, normofonéticas e divididas em 2 tempos. Abdome plano, sem abaulamentos, ausência de hérnias umbilicais e inguinais ou cicatrizes, ausência de circulação colateral, ruídos hidroaéreos presentes e bem distribuídos, abdome indolor à palpação superficial e profunda, sem massas ou visceromegalias, sinal de Murphy negativo, Blumberg negativo. Percussão com timpanismo fisiológico. Sinal de Giordano negativo. Diagnóstico Paciente não apresenta indicações para a realização da Endoscopia Digestiva Alta, pois não possui fatores de risco para malignidade ou para Esôfago de Barret, como por exemplo, sintomas há mais de 5 anos associado a idade >50 anos, obesidade, sexo masculino, tabagismo e dentre outros. Além disso, a paciente traz uma clínica bastante sugestiva de DRGE com sintomas típicos: pirose há mais de 2 semanas, regurgitação, principalmente à noite e após a ingestão de alimentos gordurosos. Portanto, não iremos solicitar exames complementares. O diagnóstico é clínico nesse caso, mas vamos revisar algumas características dos exames para DRGE? EDA Phmetria 24h Manometria Permite a visualização direta da mucosa e aumenta a acurácia diagnóstica nos casos de DRGE erosiva Detecta episódios de refluxo, medindo as diminuições do pH esofágico Avalia peristaltismo e alterações do tônus do esfíncter esofágico inferior (EEI) Usado para DRGE há mais de 5 anos e com Usado em quadro clínico atípico e quando há ausência Usado em quadro clínico atípico e quando há ausência fatores de risco para Esôfago de Barret de alterações sugestivas na EDA de alterações sugestivas na EDA Metódo seguro e facilmente executado, amplamente disponível e de baixo custo em nosso meio Considerada um método específico e sensível para o DRGE É realizado antes do exame pHmétrico, para precisar o local do EEI Qual a fisiopatologia da DRGE? A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a condição que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo procedente do estômago provoca sintomas desagradáveis e/ou complicações. As lesões características da DRGE ocorrem quando a mucosa do órgão é exposta ao refluxo gástrico que contém agentes agressores como ácido, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas. Numerosos fatores podem contribuir para o refluxo se tornar patológico, merecendo destaque as aberturas transitórias ou relaxamentos transitórios do esfíncter inferior do esôfago. O refluxo gastroesofágico provoca diminuição da resistência do epitélio mucoso esofágico com dilatação do espaço intercelular e presença de erosões. Entretanto, a presença de erosões na mucosa esofágica pode não ocorrer, caracterizando-se a forma não erosiva da doença. Quais os principais fatores de risco para DRGE? ● Idade: aumenta com a idade ● Sexo: aparentemente mais prevalente em mulheres ● Gestação: aumenta durante a gestação ● Obesidade: mais frequente em obesos ● Hérnia hiatal: relaciona-se às formas mais graves ● Fatores genéticos: estudos sugerem participação genética Quais seriam os sintomas atípicos na DRGE? ● Dor torácica não cardíaca (DTNC) ● Asma ● Tosse crônica (a nossa paciente, aparentemente, apresenta.) ● Apneia do sono ● Pneumonias de repetição ● Rouquidão Quais os diagnósticos diferenciais para DRGE? ● Esofagite infecciosa ou esofagite eosinofílica ● Estenoses esofágicas ● Tumores esofágicos ● Doença coronariana crônica Tratamento Como conduta para o caso, explicamos para a paciente sobre a importância da associação de medidas comportamentais ao tratamento farmacológico para que seja atingido o alvo terapêutico. Dentre as medidas comportamentais foram indicadas a elevação da cabeceira da cama (15 cm), moderação na ingestão dos alimentos gordurosos, cítricos, café, chocolate, além de evitar deitar por duas horas após as refeições. Ademais, conversamos com a paciente quantos aos episódios de ansiedade e estresses emocionais que podem piorar o quadro da pirose e refluxo. A mesma, durante a consulta, afirmou que vem apresentando com mais frequência esses episódios. Realizamos então um encaminhamento para uma psicóloga. Por fim, incentivamos e aconselhamos quanto à importância da redução ou cessação do tabagismo para a melhora do quadro. Quanto ao tratamento farmacológico, foi prescrito Omeprazol (IBP) de 20mg/ 2x ao dia, por 4 a 8 semanas, já que a nossa paciente apresenta o quadro clínico há 8 meses e vem piorando nos últimos 2 meses. Lembrando que os IBP são drogas de maior eficácia na inibição da secreção gástrica, e o Omeprazol é um dos medicamentos mais acessíveis. CASO CLÍNICO Identificação: L.P, 53 anos, sexo feminino, casada, parda, ensino superiro completo, professora, católica, natural de Fortaleza - CE e procedente de São Bernardo do Campo-SP. QD: Paciente refere queimação no peito há 5 meses HPMA: A paciente refere pirose retroesternal há 5 meses com episódios esporádicos acompanhada de regurgitação. Há um mês a frequência aumentou para duas vezes e na última semana para todos os dias. Informa que piora à noite ao deitar ou ingerir alimentos, principalmente gordurosos. Relata melhora com o uso de antiácido (estomazil em pastilha) e ao ingerir água. Apresenta rouquidão e tosse seca há mais de um mês, mas não soube relatar corretamente o tempo de início. Nega disfagia, odinofagia, perda de peso, vômitos e hematêmese. Interrogatório complementar: Pele e anexos: sem alterações Cabeça e pescoço: sem alterações Aparelho Respiratório: sem alterações Aparelho cardiovascular: sem alterações Aparelho digestivo: apresentou náuseas há 2 semanas com melhora ao uso de Dramin® Aparelho urinário: sem alterações Aparelho genital feminino: sem alterações Aparelho locomotor: sem alterações Sistema nervoso e psiquismo: sem alterações Antecedentes pessoais: nega alergia medicamentosa, nega cirurgias prévias, nega comorbidades. Antecedentes familiares: pai faleceu de IAM aos 68 anos, mãe é hipertensa aos 71 anos. Hábitos de vida: tabagismo (maços/dia), uso de álcool apenas socialmente, nega uso de drogas ilícitas. Nega realização de atividades físicas. Relata se alimentar de fast foods todo final de semana, durante a semana come arroz, feijão e carne e raramente salada e legumes. Normalmente ingere 1L de água por dia, mas na última semana tem ingerido aproximadamente 2L de água por dia. Exame Físico Geral: Bom Estado Geral (BEG), corada, hidratada, afebril, acianótica e anictérica. Temperatura Axilar: 36,5ºC Frequência Respiratória: 16 irp Frequência Cardíaca: 85 bpm Pressão Arterial: 130 x 80 mmHg Cabeça e pescoço: sem alterações Respiratório: Expansibilidade preservada, Frêmito Toracovocal (FTV) preservado, Murmúrio vesicular bem distribuído sem ruídos adventícios. Cardiovascular: Apresenta bulhas rítmicas normofonéticas em 2 tempos sem sopros. Abdominal: abdome plano, ruídos hidroaéreos (RHA) normais, timpânico, espaço de traube livre, hepatimetria sem alterações e indolor a palpação.
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