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Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE – LEI 9605/98 A Lei de Crimes Ambientais se trata de uma consolidação de todas as infrações e delitos ambientais em um único diploma. Busca dar efetividade ao mandamento constitucional de proteção do meio ambiente. BEM JURÍDICO TUTELADO -> Meio ambiente. MEIO AMBIENTE -> Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Trata-se de um bem de uso comum do povo, impondo-se ao Poder Público sua proteção. Numa visão estrita, o meio ambiente nada mais é do que a expressão do patrimônio natural e suas relações com e entre os seres vivos. Tal noção, é evidente, despreza tudo aquilo que não seja relacionado com os recursos naturais. Numa concepção ampla, que vai além dos limites estreitos fixados pela ecologia tradicional, o meio ambiente abrange toda a natureza original e artificial, assim como os bens culturais correlatos [...] - Édia Milaré MEIO AMBIENTE NATURAL Aquele que existe por si só, independentemente da influência do homem. MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL Aquele que decorre da atuação humana. MEIO AMBIENTE CULTURAL Constituído pelo patrimônio arqueológico, turístico, histórico, paisagístico, monumental, etc. → A proteção ao meio ambiente pode representar uma limitação ao direito de propriedade1. → Sobre a aplicação do princípio da insignificância: Existem duas correntes, uma favorável e uma contra a aplicação do princípio. 1 §1º, art. 1.228, CC: O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com A jurisprudência não é pacífica, indicando tanto julgamentos favoráveis quanto julgamentos contrários à aplicação do princípio. OBSERVAÇÕES GERAIS → As multas administrativas e demais sanções desta natureza não interferem nas sanções penais e civis → Em alguns crimes, cabe suspensão condicional do processo e transação penal, nos termos da lei dos juizados especiais PARTE GERAL DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 2º - SUJEITO ATIVO Art. 2º: Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. Da mesma forma que o CP, a Lei de Crimes Ambientais adota a teoria monista da culpabilidade penal, atribuindo a sanção penal a quem concorrer para a prática do crime ou impediu que a conduta ocorresse. Admite-se, no entanto, a coautoria e a participação, nos moldes do art. 29 do CP. • Importante destacar que alguns doutrinadores afirmam a existência de uma coautoria necessária, existindo sempre a existência de dois autores, a pessoa jurídica em si e a pessoa física ligada a ela. No entanto, o STF entende que a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. IMPORTANTE! A segunda parte do artigo não estabelece a responsabilidade penal objetiva, mas tão somente possibilita a imputação penal aos administradores da pessoa jurídica por comportamento omissivo. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com O agente responderá pelo delito na forma dolosa se tiver se omitido querendo ou aceitando o risco de o dano ambiental se produzir, e na moralidade culposa se, admitida essa forma pelo tipo penal, atuar com negligência. Art. 3º - RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA Art. 3º : As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. Em regra, não se admite a responsabilização penal da pessoa jurídica. Uma das exceções, no entanto, são os crimes ambientais. Estes, segundo a CF, podem gerar a responsabilização penal da pessoa jurídica, o que ocorre em razão do bem tutelado. O sentido da regra é o de superar as dificuldades de imputação, comuns em crimes cometidos no âmbito de pessoas jurídicas, atendendo também ao fato de que os mais graves atentados ao meio ambiente são perpetrados por meio de empresas, em decisões tomadas de forma colegiada e privada, e motivados pelo lucro. É o que diz o art. 225 da CF. Art. 225, §3º, CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. A Lei n. 9.605/98 abandonou a chamada teoria da ficção, criada por Savigny e tradicional em nosso sistema penal, segundo a qual as pessoas jurídicas são pura abstração, carecendo de vontade própria, consciência e finalidade, imprescindíveis para o fato típico, bem como de imputabilidade e capacidade para ser culpáveis. São, por isso, incapazes de delinquir. Na realidade, as decisões da pessoa jurídica são tomadas pelos seus membros, pessoas naturais, que por uma ficção legal consideram-se como sendo da pessoa jurídica. Os delitos a ela Requisitos para a configuração da responsabilidade penal da PJ Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com imputados, por consequência, são praticados por seus membros ou diretores, de modo que pouco importa que o interesse da pessoa jurídica tenha servido de motivo ou fim para o delito. - Capez O artigo em comento dispõe justamente sobre essa possibilidade, e esclarece que a responsabilização penal da pessoa jurídica não obsta a responsabilização penal da pessoa física envolvida no delito. Nota-se, portanto, a adoção da teoria da realidade ou da personalidade real, a qual indica que a personalidade jurídica não é um ser artificial criado pelo Estado, mas sim um ente real. Segundo Capez (2022), existem crimes que apenas podem ser cometidos por pessoas jurídicas, no exclusivo interesse delas, como é o caso de alguns dos crimes ambientais. Além disso, existem diversas modalidades de pena que se adaptam à pessoa jurídica, como a multa, a prestação pecuniária, a interdição temporária de direitos e as penas alternativas de modo geral. Quanto aos elementos do crime e a responsabilidade penal, o STJ já se manifestou em algumas ocasiões. • Não é possível a dupla imputação. CRIMES COMETIDOS POR PESSOAS JURÍDICAS FATO TÍPICO Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e prtica atos no meio social através da atuaçõ de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal (REsp 564.960) CONSCIÊNCIA E VONTADE A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa (REsp. 564.960) CULPABILIDADE A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu adminsitrador ao agir em seu nome e proveito (REsp. 564,960) Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Importante ressaltar, ainda, que a lei prevê a liquidação forçada da Pessoa Jurídica utilizada unicamentecom o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime contra o meio ambiente. Trata-se esta de uma outra sanção aplicável às empresas criadas como fachada para o cometimento de crimes ambientais. Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Art. 4º - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Art. 4º: Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Trata-se de uma hipótese de desconsideração da personalidade jurídica, muito utilizada no processo civil. Neste caso, apenas será possível a desconsideração nos casos em que existir risco ao ressarcimento dos prejuízos causados ao meio ambiente. DA APLICAÇÃO DA PENA Obs: As penas de que tratam esse artigo tratam-se das judiciais. As multas administrativas são aplicadas pela Administração Pública, e não necessariamente precisam observar essas disposições. Além disso, as multas aplicadas administrativamente não interferem na responsabilidade penal ou civil do agente. Art. 6º - CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS ESPECÍFICAS Art. 6º :Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. → GRAVIDADE DO FATO → ANTECEDENTES DO INFRATOR → SITUAÇÃO ECONÔMICA DO INFRATOR Essas circunstâncias entram na primeira fase de aplicação da pena, nos termos do art. 59 do CP. São circunstancias específicas que se aplicam unicamente nos casos de crimes ambientais tutelados pela Lei de Crimes Ambientais. IMPORTANTE!! Subsidiariamente, serão aplicadas as normativas do CP e do CPP, de forma subsidiária (art. 79). • Súmula 231, STJ: Em nenhuma das fases o juiz poderá diminuir ou aumentar a pena fora de seus limites legais. Arts. 7º e seguintes - PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Art. 7º: As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. • Ao contrário do que se verifica no CP, não há menção ao fato de o crime ter sido cometido com violência ou grave ameaça, bem como é irrelevante a reincidência. São as seguintes as penas restritivas de direitos previstas: Art. 8º As penas restritivas de direito são: Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. Prestação de serviços comunitários: Consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível (art. 9). Interdição temporária de direitos: É a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, além de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos (art. 10). Suspensão total ou parcial das atividades: A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais (art. 11). Trata-se da mera suspensão das atividades irregulares da empresa, sendo que a extensão da paralisação varia de acordo com a gravidade do crime e do dano produzido ao meio ambiente. Prestação pecuniária: Consiste no pagamento em dinheiro, à vista ou em parcelas, à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um nem superior a 360 salários mínimos (art. 12). Recolhimento domiciliar: Trata-se de modalidade de pena privativa de liberdade em regime aberto, nas hipóteses do art. 117 da LEP, imposta ao dirigente ou qualquer outra pessoa física responsável. Constitui, portanto, uma pena privativa de liberdade; porém, o legislador impropriamente a englobou entre as restritivas de direitos. Baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (art. 13). Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Importante ressaltar que não são todas essas penas que podem ser aplicadas às pessoas jurídicas, conforme estabelece o art. 21 da Lei. Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritivas de direitos; III - prestação de serviços à comunidade. De acordo com o art. 22, as penas restritivas de direitos aplicáveis às pessoas jurídicas são: • Suspensão das atividades • Interdição temporária • Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações Já o art. 23 determina que a prestação de serviços à comunidade será constituída de: • Custeio de programas e de projetos ambientais; • Execução de obras de recuperação; • Manutenção de espaços públicos; • Contribuições a entidades ambientais. Art. 18 – Multa Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com A multa é uma das modalidades de pena aplicáveis no caso de cometimento de crimes ambientais. Ela será aplicada de acordo com os critérios estabelecidos pelo CP. No entanto, deverá ser realizado um laudo para servir como base para a fixação da multa, conforme art. 19 da Lei. Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. A perícia de constatação do dano ambiental determina e identifica quais foram os danos ocorrido, bem como qual é a possibilidade de reparação e o valor do prejuízo causado. OBSERVAÇÃO: A multa prevista nesta lei tem natureza judicial/penal. Isso quer dizer que apenas pode ser aplicada pela autoridade judicial. No entanto, as autoridades administrativas podem ter critérios específicos e próprios par aa fixação de multas administrativas. Art. 14 – Circunstâncias atenuantes específicas Art. 14: São circunstâncias que atenuam a pena: I – baixo grau de instrução ou escolaridade do agente II – arrependimento do infratos, manifestado pela espontânea reparação do dano2, ou limitação significativada degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. 2 Neste caso, o dano deve ser reparado de forma espontânea, independente da ação do MP ou das autoridades administrativas. Caso contrário, não será reconhecida a espontaneidade da reparação (TRF4, AC 200472010077157, Laus, 8ª T., u., 24/02/2010). Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com O art. 14 da Lei nos apresenta as circunstâncias atenuantes específicas, as quais entram na segunda fase da fixação de pena e são cumuladas com as atenuantes genéricas previstas pelos arts. 65 e 66 do CP. Art. 15 – Circunstâncias agravantes Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. Art. 16 – Suspensão condicional da pena Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. O sursis previsto consiste em direito público subjetivo do réu, obtido após o preenchimento dos requisitos estabelecidos. A suspensão condicional está prevista pelo Código Penal Brasileiro e tem como condições: ➔ Aplicação de pena privativa de liberdade ➔ Quantum de pena não superior a três anos ➔ Impossibilidade de suspensão da pena por pena restritiva de direitos ➔ Condenado não reincidente em crime doloso ➔ Circunstâncias judiciais favoráveis ao agente Assim como no art. 78 do CP, o prazo da suspensão do processo nos crimes ambientais também estará sujeito à observação e ao cumprimento de condições estabelecidas pelo juiz, sendo uma delas a prestação de serviço comunitário durante o primeiro ano de suspensão (art. 78 §1º, CP). Esta exigência pode ser substituída, no entanto, pela reparação do dano (art. 78 §2º, CP). No caso dos crimes ambientais, conforme estabelece o art. 17 da Lei em comento, a reparação do dano se comprovará mediante a apresentação de laudo de reparação do dano ambiental. Além disso, as demais condições impostas devem ter relação com a proteção do meio ambiente. Art. 20 – DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Para a fixação da pena, a sentença deverá considerar todos os prejuízos causados ao meio ambiente. No entanto, deverá restringir o quantum da pena ao mínimo necessário à reparação do dano causado. Para fins de pecúnia, a sentença servirá de titulo executivo judicial, para ser executada posteriormente no juízo cível. DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. § 1º Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados § 2º Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem- estar físico. § 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes § 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. § 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. O dispositivo segue a linha do CPP, que prevê a apreensão dos produtos e instrumentos do crime como uma das tarefas da autoridade policial, em seu art. 6º. A diferença é que a norma prevê essa apreensão também nos casos envolvendo infração administrativa, sendo uma sanção. Produto -> É a coisa que resulta diretamente do ato criminoso. Instrumento -> É a coisa empregada para a execução do crime, como a arma de caça, a rede, a motosserra, dentre outros. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com ATENÇÃO! Ao contrário do que prevê o CP, a Lei de Crimes Ambientais não menciona os proveitos do crime. DA AÇÃO PENAL E DO PROCESSO PENAL → Os crimes ambientais são processados por ação penal pública incondicionada, de titularidade do MP (art. 26). → A competência para o julgamento dos crimes ambientais é da Justiça Estadual, salvo quando envolvem bens e interesses diretos e específicos da União. → Nos casos de crimes ambientais de menor potencial ofensivo, poderá ser formulada proposta de acordo de não persecução penal, desde que tenha sido o dano reparado, caso seja possível (art. 27)3. → As disposições do art. 89 da Lei 9.099/95 podem ser aplicadas aos crimes de menor potencial ofensivo. No entanto, devem ser observadas as especificidades da Lei de Crimes Ambientais (art. 28). Art. 28 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput; 3 Contextualizando: Assim como prevê a Lei 9.099/95, nos crimes ambientais pode ser realizada a audiência preliminar, momento no qual o MP poderá propor o acordo penal. Essa aplicação está prevista no art. 28 da Lei. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm#art89 Erika Cerridos Santos erikacerridossantos@hotmail.com IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. O art. 28 prevê a suspensão condicional do processo, sob as seguintes condições: • Reparação integral do dano • Pena mínima igual ou inferior a um ano • A declaração de extinção da punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental DOS CRIMES AMBIENTAIS EM ESPÉCIE DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE Art. 29 – Caça Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de “Sem a devida autorização” é um elemento normativo do tipo. Tem como objetivo evitar a redução do número de espécies. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; II - em período proibido à caça; III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V - em unidade de conservação; VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa. § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional. § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. Objeto Tutelado: Este tipo penal tutela o equilíbrio ecológico, abrangendo a pureza da água, do ar e do solo e os animais, plantas e outras formas de vida em si. Objeto material: O objeto material do art. 29 é a fauna silvestre, produtos e objetos dela oriundos, bem como ninhos, criadouros naturais, ovos e larvas dos espécimes da fauna. Fauna -> É o coletivo de animais de duas regiões. O que são espécies silvestres? MAJORANTES Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com - O §3º apresenta algumas definições de espécimes da fauna silvestre. § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. Espécie -> É a unidade básica de classificação de seres vivos. Designa uma população com características genéticas comuns, que em condições normais reproduzem-se de forma a gerar descendentes. Espécie nativa -> É aquela que se origina naturalmente em uma região sem a intervenção do homem. Espécies migratórias -> São aquelas que mudam periodicamente, ou passam de uma região para outra, de um país para outro, como gafanhotos e andorinhas. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Sujeito passivo: Toda a coletividade. Elemento subjetivo: É o dolo. Não há previsão da conduta culposa. Art. 31 – Introdução irregular de espécime animal no país Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Sujeito passivo: Toda a coletividade. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Bem tutelado: Fauna nacional, tendo em vista os riscos de disseminação dos espécimes exóticos. O objetivo da norma é proteger o equilíbrio ecológico, que pode ser prejudicado com a introdução de espécime animal no País sem parecer favorável e licença. ➔ Não se configura o crime quando evidenciado mero transporte dos espécimes dentro do território nacional. Tentativa: É possível. Consumação: Consuma-se o crime com o envio das peles e couros para o exterior. Elemento subjetivo: Dolo. Competência da ação penal: Justiça Federal. Art. 32 – Maus tratos Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. Tipo extensivo Qualificadora Majorante Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com Objeto material: O tipo abrange todos os animais, sejam eles silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Art. 41 – Incêndio Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. Objeto material: É a floresta ou a mata. Art. 49 – Destruição de plantas ornamentais Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. Objeto material: São plantas de ornamentação de logradouros públicos ou de propriedade privada alheia. Plantas de ornamentação são aquelas que enfeitam, decoram, realçam. Art. 54 – Poluição Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 2º Se o crime Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidosou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Poluição -> A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, etc. (Lei 6.938/81). Ou seja, a poluição é qualquer tipo de degradação do meio ambiente decorrente da atividade humana de nele introduzir substancias ou energias prejudiciais, ocasionando danos aos diversos ecossistemas. Assim, a poluição prejudica as esferas: ➔ Sonora ➔ Hídrica ➔ Do solo ➔ Visual ➔ Atmosféricas ➔ Térmica ➔ Radioativa Art. 65 – Pichação Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Erika Cerri dos Santos erikacerridossantos@hotmail.com § 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. § 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. Objeto material: É a edificação ou monumento urbano ou monumento ou coisa tombada em virtude de seu valor artístico, arqueológico ou histórico. Causa excludente de tipicidade: O grafite enquanto manifestação artística não é considerada pratica criminosa. Ele é realizado com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado, desde que consentida ou autorizada.
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