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LEI CRIMES AMBIENTAIS - COMENTADA - RESUMO - CONCURSO - OAB - APOSTILA

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Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE – LEI 9605/98 
A Lei de Crimes Ambientais se trata de uma consolidação de todas as infrações e delitos ambientais em um único 
diploma. Busca dar efetividade ao mandamento constitucional de proteção do meio ambiente. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO -> Meio ambiente. 
 
MEIO AMBIENTE -> Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
Trata-se de um bem de uso comum do povo, impondo-se ao Poder Público sua proteção. 
 
Numa visão estrita, o meio ambiente nada mais é do que a expressão do patrimônio natural e 
suas relações com e entre os seres vivos. Tal noção, é evidente, despreza tudo aquilo que não 
seja relacionado com os recursos naturais. Numa concepção ampla, que vai além dos limites 
estreitos fixados pela ecologia tradicional, o meio ambiente abrange toda a natureza original 
e artificial, assim como os bens culturais correlatos [...] 
- Édia Milaré 
MEIO AMBIENTE NATURAL Aquele que existe por si só, independentemente da 
influência do homem. 
MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL Aquele que decorre da atuação humana. 
MEIO AMBIENTE CULTURAL Constituído pelo patrimônio arqueológico, turístico, 
histórico, paisagístico, monumental, etc. 
 
→ A proteção ao meio ambiente pode representar uma limitação ao direito de propriedade1. 
 
→ Sobre a aplicação do princípio da insignificância: Existem duas correntes, uma favorável e uma contra a 
aplicação do princípio. 
 
1 §1º, art. 1.228, CC: O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo 
que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e 
o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
A jurisprudência não é pacífica, indicando tanto julgamentos favoráveis quanto julgamentos contrários à 
aplicação do princípio. 
 
OBSERVAÇÕES GERAIS 
 
→ As multas administrativas e demais sanções desta natureza não interferem nas sanções penais e civis 
→ Em alguns crimes, cabe suspensão condicional do processo e transação penal, nos termos da lei dos juizados 
especiais 
 
 
PARTE GERAL 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 2º - SUJEITO ATIVO 
Art. 2º: Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes 
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão 
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de 
outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. 
Da mesma forma que o CP, a Lei de Crimes Ambientais adota a teoria monista da culpabilidade penal, atribuindo a 
sanção penal a quem concorrer para a prática do crime ou impediu que a conduta ocorresse. Admite-se, no entanto, a 
coautoria e a participação, nos moldes do art. 29 do CP. 
 
• Importante destacar que alguns doutrinadores afirmam a existência de uma coautoria necessária, existindo 
sempre a existência de dois autores, a pessoa jurídica em si e a pessoa física ligada a ela. 
No entanto, o STF entende que a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe da 
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. 
 
IMPORTANTE! A segunda parte do artigo não estabelece a responsabilidade penal objetiva, mas tão somente possibilita 
a imputação penal aos administradores da pessoa jurídica por comportamento omissivo. 
Erika Cerri dos Santos 
erikacerridossantos@hotmail.com 
O agente responderá pelo delito na forma dolosa se tiver se omitido querendo ou aceitando o risco de o dano ambiental 
se produzir, e na moralidade culposa se, admitida essa forma pelo tipo penal, atuar com negligência. 
 
Art. 3º - RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA 
Art. 3º : As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta 
Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu 
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou 
partícipes do mesmo fato. 
 
 
 
 
Em regra, não se admite a responsabilização penal da pessoa jurídica. Uma das exceções, no entanto, são os crimes 
ambientais. Estes, segundo a CF, podem gerar a responsabilização penal da pessoa jurídica, o que ocorre em razão do 
bem tutelado. 
O sentido da regra é o de superar as dificuldades de imputação, comuns em crimes cometidos no âmbito de 
pessoas jurídicas, atendendo também ao fato de que os mais graves atentados ao meio ambiente são 
perpetrados por meio de empresas, em decisões tomadas de forma colegiada e privada, e motivados pelo lucro. 
É o que diz o art. 225 da CF. 
Art. 225, §3º, CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas 
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
 
A Lei n. 9.605/98 abandonou a chamada teoria da ficção, criada por Savigny e tradicional em 
nosso sistema penal, segundo a qual as pessoas jurídicas são pura abstração, carecendo de 
vontade própria, consciência e finalidade, imprescindíveis para o fato típico, bem como de 
imputabilidade e capacidade para ser culpáveis. São, por isso, incapazes de delinquir. Na 
realidade, as decisões da pessoa jurídica são tomadas pelos seus membros, pessoas naturais, 
que por uma ficção legal consideram-se como sendo da pessoa jurídica. Os delitos a ela 
Requisitos para a configuração da 
responsabilidade penal da PJ 
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imputados, por consequência, são praticados por seus membros ou diretores, de modo que 
pouco importa que o interesse da pessoa jurídica tenha servido de motivo ou fim para o delito. 
- Capez 
 
O artigo em comento dispõe justamente sobre essa possibilidade, e esclarece que a responsabilização penal da pessoa 
jurídica não obsta a responsabilização penal da pessoa física envolvida no delito. Nota-se, portanto, a adoção da teoria 
da realidade ou da personalidade real, a qual indica que a personalidade jurídica não é um ser artificial criado pelo 
Estado, mas sim um ente real. 
Segundo Capez (2022), existem crimes que apenas podem ser cometidos por pessoas jurídicas, no exclusivo interesse 
delas, como é o caso de alguns dos crimes ambientais. Além disso, existem diversas modalidades de pena que se 
adaptam à pessoa jurídica, como a multa, a prestação pecuniária, a interdição temporária de direitos e as penas 
alternativas de modo geral. 
Quanto aos elementos do crime e a responsabilidade penal, o STJ já se manifestou em algumas ocasiões. 
 
 
• Não é possível a dupla imputação. 
CRIMES COMETIDOS POR PESSOAS 
JURÍDICAS
FATO TÍPICO
Se a pessoa jurídica tem existência 
própria no ordenamento jurídico e 
prtica atos no meio social através da 
atuaçõ de seus administradores, 
poderá vir a praticar condutas típicas 
e, portanto, ser passível de 
responsabilização penal (REsp 564.960)
CONSCIÊNCIA E VONTADE
A atuação do colegiado em nome e 
proveito da pessoa jurídica é a própria 
vontade da empresa (REsp. 564.960)
CULPABILIDADE
A culpabilidade, no conceito 
moderno, é a responsabilidade social, 
a culpabilidade da pessoa jurídica, 
neste contexto, limita-se à vontade do 
seu adminsitrador ao agir em seu 
nome e proveito (REsp. 564,960)
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Importante ressaltar, ainda, que a lei prevê a liquidação forçada da Pessoa Jurídica utilizada unicamentecom o fim de 
permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime contra o meio ambiente. Trata-se esta de uma outra sanção aplicável 
às empresas criadas como fachada para o cometimento de crimes ambientais. 
 
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a 
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado 
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. 
 
Art. 4º - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Art. 4º: Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento 
de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 
 
Trata-se de uma hipótese de desconsideração da personalidade jurídica, muito utilizada no processo civil. Neste caso, 
apenas será possível a desconsideração nos casos em que existir risco ao ressarcimento dos prejuízos causados ao 
meio ambiente. 
 
DA APLICAÇÃO DA PENA 
 
Obs: As penas de que tratam esse artigo tratam-se das judiciais. As multas administrativas são aplicadas pela 
Administração Pública, e não necessariamente precisam observar essas disposições. Além disso, as multas aplicadas 
administrativamente não interferem na responsabilidade penal ou civil do agente. 
 
Art. 6º - CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS ESPECÍFICAS 
Art. 6º :Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: 
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o 
meio ambiente; 
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; 
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III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. 
 
→ GRAVIDADE DO FATO 
→ ANTECEDENTES DO INFRATOR 
→ SITUAÇÃO ECONÔMICA DO INFRATOR 
 
Essas circunstâncias entram na primeira fase de aplicação da pena, nos termos do art. 59 do CP. São circunstancias 
específicas que se aplicam unicamente nos casos de crimes ambientais tutelados pela Lei de Crimes Ambientais. 
 
IMPORTANTE!! Subsidiariamente, serão aplicadas as normativas do CP e do CPP, de forma subsidiária (art. 79). 
• Súmula 231, STJ: Em nenhuma das fases o juiz poderá diminuir ou aumentar a pena fora de seus limites legais. 
 
Arts. 7º e seguintes - PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
Art. 7º: As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: 
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as 
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do 
crime. 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena 
privativa de liberdade substituída. 
 
• Ao contrário do que se verifica no CP, não há menção ao fato de o crime ter sido cometido com violência ou 
grave ameaça, bem como é irrelevante a reincidência. 
 
São as seguintes as penas restritivas de direitos previstas: 
 
Art. 8º As penas restritivas de direito são: 
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I - prestação de serviços à comunidade; 
II - interdição temporária de direitos; 
III - suspensão parcial ou total de atividades; 
IV - prestação pecuniária; 
V - recolhimento domiciliar. 
 
Prestação de serviços comunitários: Consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e 
jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração 
desta, se possível (art. 9). 
 
Interdição temporária de direitos: É a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos 
fiscais ou quaisquer outros benefícios, além de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes 
dolosos, e de três anos, no de crimes culposos (art. 10). 
 
Suspensão total ou parcial das atividades: A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem 
obedecendo às prescrições legais (art. 11). 
Trata-se da mera suspensão das atividades irregulares da empresa, sendo que a extensão da paralisação varia de 
acordo com a gravidade do crime e do dano produzido ao meio ambiente. 
 
Prestação pecuniária: Consiste no pagamento em dinheiro, à vista ou em parcelas, à vítima, a seus dependentes ou a 
entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um nem superior a 
360 salários mínimos (art. 12). 
 
Recolhimento domiciliar: Trata-se de modalidade de pena privativa de liberdade em regime aberto, nas hipóteses do 
art. 117 da LEP, imposta ao dirigente ou qualquer outra pessoa física responsável. Constitui, portanto, uma pena privativa 
de liberdade; porém, o legislador impropriamente a englobou entre as restritivas de direitos. 
Baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar 
curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em 
qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (art. 13). 
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Importante ressaltar que não são todas essas penas que podem ser aplicadas às pessoas jurídicas, conforme 
estabelece o art. 21 da Lei. 
 
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto 
no art. 3º, são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
 
De acordo com o art. 22, as penas restritivas de direitos aplicáveis às pessoas jurídicas são: 
• Suspensão das atividades 
• Interdição temporária 
• Proibição de contratar com o Poder Público, bem 
como dele obter subsídios, subvenções ou doações 
 
Já o art. 23 determina que a prestação de serviços à comunidade será constituída de: 
• Custeio de programas e de projetos ambientais; 
• Execução de obras de recuperação; 
• Manutenção de espaços públicos; 
• Contribuições a entidades ambientais. 
 
Art. 18 – Multa 
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no 
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. 
 
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A multa é uma das modalidades de pena aplicáveis no caso de cometimento de crimes ambientais. Ela será aplicada de 
acordo com os critérios estabelecidos pelo CP. No entanto, deverá ser realizado um laudo para servir como base para 
a fixação da multa, conforme art. 19 da Lei. 
 
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para 
efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. 
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, 
instaurando-se o contraditório. 
 
A perícia de constatação do dano ambiental determina e identifica quais foram os danos ocorrido, bem como qual é a 
possibilidade de reparação e o valor do prejuízo causado. 
 
OBSERVAÇÃO: A multa prevista nesta lei tem natureza judicial/penal. Isso quer dizer que apenas pode ser aplicada 
pela autoridade judicial. No entanto, as autoridades administrativas podem ter critérios específicos e próprios par aa 
fixação de multas administrativas. 
 
Art. 14 – Circunstâncias atenuantes específicas 
Art. 14: São circunstâncias que atenuam a pena: 
I – baixo grau de instrução ou escolaridade do agente 
II – arrependimento do infratos, manifestado pela espontânea reparação do dano2, ou limitação significativada 
degradação ambiental causada; 
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; 
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. 
 
 
2 Neste caso, o dano deve ser reparado de forma espontânea, independente da ação do MP ou das autoridades administrativas. Caso 
contrário, não será reconhecida a espontaneidade da reparação (TRF4, AC 200472010077157, Laus, 8ª T., u., 24/02/2010). 
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O art. 14 da Lei nos apresenta as circunstâncias atenuantes específicas, as quais entram na segunda fase da fixação de 
pena e são cumuladas com as atenuantes genéricas previstas pelos arts. 65 e 66 do CP. 
 
Art. 15 – Circunstâncias agravantes 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos 
fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; 
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r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
 
Art. 16 – Suspensão condicional da pena 
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a 
pena privativa de liberdade não superior a três anos. 
 
O sursis previsto consiste em direito público subjetivo do réu, obtido após o preenchimento dos requisitos 
estabelecidos. 
A suspensão condicional está prevista pelo Código Penal Brasileiro e tem como condições: 
 
➔ Aplicação de pena privativa de liberdade 
➔ Quantum de pena não superior a três anos 
➔ Impossibilidade de suspensão da pena por pena restritiva de direitos 
➔ Condenado não reincidente em crime doloso 
➔ Circunstâncias judiciais favoráveis ao agente 
 
Assim como no art. 78 do CP, o prazo da suspensão do processo nos crimes ambientais também estará sujeito à 
observação e ao cumprimento de condições estabelecidas pelo juiz, sendo uma delas a prestação de serviço 
comunitário durante o primeiro ano de suspensão (art. 78 §1º, CP). 
Esta exigência pode ser substituída, no entanto, pela reparação do dano (art. 78 §2º, CP). No caso dos crimes 
ambientais, conforme estabelece o art. 17 da Lei em comento, a reparação do dano se comprovará mediante a 
apresentação de laudo de reparação do dano ambiental. Além disso, as demais condições impostas devem ter relação 
com a proteção do meio ambiente. 
 
Art. 20 – DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA 
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos 
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos 
termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido. 
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Para a fixação da pena, a sentença deverá considerar todos os prejuízos causados ao meio ambiente. No entanto, deverá 
restringir o quantum da pena ao mínimo necessário à reparação do dano causado. 
Para fins de pecúnia, a sentença servirá de titulo executivo judicial, para ser executada posteriormente no juízo cível. 
 
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME 
 
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. 
§ 1º Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável 
por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e 
cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados 
§ 2º Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará 
para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-
estar físico. 
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, 
hospitalares, penais e outras com fins beneficentes 
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, 
culturais ou educacionais. 
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da 
reciclagem. 
 
O dispositivo segue a linha do CPP, que prevê a apreensão dos produtos e instrumentos do crime como uma das tarefas 
da autoridade policial, em seu art. 6º. A diferença é que a norma prevê essa apreensão também nos casos envolvendo 
infração administrativa, sendo uma sanção. 
 
Produto -> É a coisa que resulta diretamente do ato criminoso. 
Instrumento -> É a coisa empregada para a execução do crime, como a arma de caça, a rede, a motosserra, dentre 
outros. 
 
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ATENÇÃO! Ao contrário do que prevê o CP, a Lei de Crimes Ambientais não menciona os proveitos do crime. 
 
DA AÇÃO PENAL E DO PROCESSO PENAL 
 
→ Os crimes ambientais são processados por ação penal pública incondicionada, de titularidade do MP (art. 26). 
 
→ A competência para o julgamento dos crimes ambientais é da Justiça Estadual, salvo quando envolvem bens e 
interesses diretos e específicos da União. 
 
→ Nos casos de crimes ambientais de menor potencial ofensivo, poderá ser formulada proposta de acordo de não 
persecução penal, desde que tenha sido o dano reparado, caso seja possível (art. 27)3. 
 
→ As disposições do art. 89 da Lei 9.099/95 podem ser aplicadas aos crimes de menor potencial ofensivo. No 
entanto, devem ser observadas as especificidades da Lei de Crimes Ambientais (art. 28). 
 
 
Art. 28 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor 
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: 
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de 
constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo 
artigo; 
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do 
processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com 
suspensão do prazo da prescrição; 
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado 
no caput; 
 
3 Contextualizando: Assim como prevê a Lei 9.099/95, nos crimes ambientais pode ser realizada a audiência preliminar, momento no qual 
o MP poderá propor o acordo penal. Essa aplicação está prevista no art. 28 da Lei. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm#art89
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IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano 
ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo 
previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; 
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de 
constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. 
 
O art. 28 prevê a suspensão condicional do processo, sob as seguintes condições: 
• Reparação integral do dano 
• Pena mínima igual ou inferior a um ano 
• A declaração de extinção da punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do 
dano ambiental 
 
 
 
DOS CRIMES AMBIENTAIS EM ESPÉCIE 
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE 
Art. 29 – Caça 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos 
ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da 
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. 
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas: 
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com 
a obtida; 
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; 
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou 
depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou 
em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de 
“Sem a devida 
autorização” é um 
elemento 
normativo do tipo. 
Tem como objetivo 
evitar a redução 
do número de 
espécies. 
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criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da 
autoridade competente. 
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de 
extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, 
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de 
seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas 
jurisdicionais brasileiras. 
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: 
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no 
local da infração; 
II - em período proibido à caça; 
III - durante a noite; 
IV - com abuso de licença; 
V - em unidade de conservação; 
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em 
massa. 
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça 
profissional. 
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. 
 
Objeto Tutelado: Este tipo penal tutela o equilíbrio ecológico, abrangendo a pureza da água, do ar e do solo e os animais, plantas 
e outras formas de vida em si. 
 
Objeto material: O objeto material do art. 29 é a fauna silvestre, produtos e objetos dela oriundos, bem como ninhos, criadouros 
naturais, ovos e larvas dos espécimes da fauna. 
 
Fauna -> É o coletivo de animais de duas regiões. 
O que são 
espécies 
silvestres? 
MAJORANTES 
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- O §3º apresenta algumas definições de espécimes da fauna silvestre. 
 
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer 
outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do 
território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. 
 
Espécie -> É a unidade básica de classificação de seres vivos. Designa uma população com características genéticas comuns, 
que em condições normais reproduzem-se de forma a gerar descendentes. 
 
Espécie nativa -> É aquela que se origina naturalmente em uma região sem a intervenção do homem. 
 
Espécies migratórias -> São aquelas que mudam periodicamente, ou passam de uma região para outra, de um país para 
outro, como gafanhotos e andorinhas. 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: Toda a coletividade. 
 
Elemento subjetivo: É o dolo. Não há previsão da conduta culposa. 
 
Art. 31 – Introdução irregular de espécime animal no país 
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade 
competente: 
Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: Toda a coletividade. 
 
Erika Cerri dos Santos 
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Bem tutelado: Fauna nacional, tendo em vista os riscos de disseminação dos espécimes exóticos. 
O objetivo da norma é proteger o equilíbrio ecológico, que pode ser prejudicado com a introdução de espécime animal no País 
sem parecer favorável e licença. 
 
➔ Não se configura o crime quando evidenciado mero transporte dos espécimes dentro do território nacional. 
 
Tentativa: É possível. 
 
Consumação: Consuma-se o crime com o envio das peles e couros para o exterior. 
 
Elemento subjetivo: Dolo. 
 
Competência da ação penal: Justiça Federal. 
 
 
Art. 32 – Maus tratos 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar 
animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou 
exóticos: 
Pena — detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência 
dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos 
ou científicos, quando existirem recursos alternativos. 
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas 
descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 
(cinco) anos, multa e proibição da guarda. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre 
morte do animal. 
 
Tipo extensivo 
Qualificadora 
Majorante 
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Objeto material: O tipo abrange todos os animais, sejam eles silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. 
 
Art. 41 – Incêndio 
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: 
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. 
 
Objeto material: É a floresta ou a mata. 
 
Art. 49 – Destruição de plantas ornamentais 
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros 
públicos ou em propriedade privada alheia: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. 
 
Objeto material: São plantas de ornamentação de logradouros públicos ou de propriedade privada alheia. Plantas de 
ornamentação são aquelas que enfeitam, decoram, realçam. 
 
Art. 54 – Poluição 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde 
humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º Se o crime é culposo: 
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
§ 2º Se o crime 
Erika Cerri dos Santos 
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I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; 
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, 
ou que cause danos diretos à saúde da população; 
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma 
comunidade; 
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; 
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidosou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em 
desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a 
autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. 
 
Poluição -> A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a 
segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente 
a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, etc. (Lei 6.938/81). 
Ou seja, a poluição é qualquer tipo de degradação do meio ambiente decorrente da atividade humana de nele introduzir 
substancias ou energias prejudiciais, ocasionando danos aos diversos ecossistemas. 
 
Assim, a poluição prejudica as esferas: 
➔ Sonora 
➔ Hídrica 
➔ Do solo 
➔ Visual 
➔ Atmosféricas 
➔ Térmica 
➔ Radioativa 
 
Art. 65 – Pichação 
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Erika Cerri dos Santos 
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§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou 
histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. 
§ 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado 
mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou 
arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das 
posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e 
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. 
 
Objeto material: É a edificação ou monumento urbano ou monumento ou coisa tombada em virtude de seu valor artístico, 
arqueológico ou histórico. 
 
Causa excludente de tipicidade: O grafite enquanto manifestação artística não é considerada pratica criminosa. Ele é realizado 
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado, desde que consentida ou autorizada.

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