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Introdução ao Direito Penal

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- ESCON - 
ESCOLA DE CURSOS ONLINE 
CNPJ: 11.362.429/0001-45 
Av. Antônio Junqueira de Souza, 260 - Centro 
São Lourenço - MG - CEP: 37470-000 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DO CURSO 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL 
 
 
APOSTILA 
 
DIREITO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
 
TEORIA GERAL DO CRIME 
 
 
No Direito Penal encontramos os elementos básicos que configuram um ato 
criminoso. 
 
 
IMPORTÂNCIA 
 
 
 A teoria geral do crime oferece subsídios importantes para a interpretação 
dos crimes em espécie. 
 O Direito penal cuida dos crimes e das penas, incluindo os direitos dos 
presos. 
 
 
FUNDAMENTOS DO DIREITO PENAL 
 
 
 SENTIDO FORMAL: caracteriza-se por ser estático e constituir o conjunto 
de normas jurídico-pública que estabelecidas pelo Estado, servem para definir 
e combater o crime através da pena e da medida de segurança (Basileu Gracia 
apud Damásio de Jesus) 
 FUNÇÃO INSTRUMENTAL: proteção do bem jurídico / prevenção / 
garantia-limite ao poder do Estado 
 SENTIDO SOCIAL: caracteriza-se por ser dinâmico, correspondendo a 
um instrumento de controle social, pois limita liberdades, criando direitos e 
deveres aos personagens envolvidos, conferindo proteção diferenciada aos 
bens considerados social e juridicamente relevantes. 
 FUNÇÃO DE PREVENÇÃO LIMITADA, PROTETORA E MOTIVADORA: 
O Estado democrático de direito exige limites ao poder do Estado na imposição 
de penas. (art. 1° e 5° da CF/88) 
 DIREITO PENAL OBJETIVO E SUBJETIVO: objetivo é o conjunto de 
normas que descrevem os crimes, cominando sanções por sua infração, 
enquanto o subjetivo corresponde ao jus puniendi do Estado (direito de punir), 
que consubstancia um poder de império, cujo exercício é exclusivo do Estado. 
Esse poder é necessário para submeter o réu ao processo e à pena, de acordo 
com os limites legais, em benefício da convivência social. 
 
 
 
 
 
FONTES DO DIREITO PENAL 
 
 
Conceito de Fonte: significa no sentido amplo a origem ou lugar de procedência 
do Direito Penal, que pode ser: 
 
 MATERIAL: se informa a gênese, a matéria, como é produzido e 
elaborado 
 FORMAL: quando se refere a maneira como se exterioriza. 
 
 
ESPÉCIES DE FONTE 
 
 
 FONTES MATERIAL DE PRODUÇÃO OU SUBSTANCIAIS: a única 
fonte de produção do Direito é o Estado, pois segundo o art. 22, I da CF/88, 
compete privativamente a União legislar sobre Direito Penal. Lei Complementar 
pode autorizar o Estado-membro da federação a legislar sobre matéria 
específica, restrita e particular de Direito Penal. 
 FONTE FORMAL DE CONHECIMENTO OU DE COGNIÇÃO: a fonte 
formal pode ser direta ou indireta. 
 FONTE DIRETA OU IMEDIATA: é a lei 
 FONTE INDIRETA OU MEDIATA: é a norma integrativa relacionada ao 
costume, aos princípios gerais de direito e a analogia in bonam partem, caso 
de aplicação das normas permissivas para favorecer o réu em face da 
equidade (art. 4° da LICC), que servem para auxiliar a aplicação do Direito 
penal, mas sem efetiva atuação. 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 
Período da vingança privada: Não existia Estado e os grupos se organizavam 
em famílias, tribos e clãs. O Direito Penal representava inicialmente a vingança 
privada da própria vítima, seus parentes ou grupo social, manifestando-se por 
meio de uma reação desproporcional e, normalmente, superior à agressão 
sofrida, salvo se o agressor era membro da comunidade, caso em que era 
penalizado com o banimento. 
 
Período da vingança pública: Surge uma organização de um poder religioso, 
onde os sacerdotes são magistrados e a pena passa a ter um caráter sagrado, 
servindo para aplacar a ira da divindade, denominando-se período de vingança 
dos Deuses. Com o tempo, transforma-se em Estado primitivo regulado pelo 
Direto de Talião cuja regra não permitia que o revide ultrapassasse a medida 
da ofensa. Seguido pelo Código Hamurábi e pela lei das XII Tábuas, que 
 
 
introduziram a fase da composição, com substituição da pena física pela 
indenização em dinheiro, gerando a pena de multa. (Ney Teles, p. 41) 
 
Período humanitário: Marcado pelo movimento europeu denominado 
iluminismo, no Séc. XVIII, com as ideias de Cesare Bonesana, Marquês de 
Beccaria, implementando reforma nas leis e na justiça penal, combatia a torutra 
e a pena de morte, propugnava defesa ao acusado, clareza dos textos legais, 
proporcionalidade e moderação das penas, destinando-as a finalidade de 
impedir novos delitos. A pena deve ser pública, necessária e determinada pela 
lei (princípio da legalidade). 
 
 
FINS E OBJETIVOS DO DIREITO PENAL 
 
 
PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS: O que o direito penal protege? 
 
CONCEITO E FUNÇÕES DO BEM JURÍDICO PENAL: O bem jurídico não se 
confunde com coisa, pois não tem somente o sentido corpóreo (subordinação 
jurídica, interesse e gestão econômica), mas alcança a vida, a liberdade, a 
saúde e outros bens incorpóreos. Por isso tem a função de representar o objeto 
de tutela do Direito Penal. 
 
 
FINS E OBJETIVOS DO DIREITO PENAL 
 
 
MODELOS DE DIREITO PENAL: Movimentos penais modernos: São 
correntes doutrinárias que discutem propostas para minimizar os problemas 
decorrentes das falhas do sistema penal. 
 
MODELO AUTORITÁRIO: se caracteriza pelo rigor da legislação e das formas 
de incriminação, permitindo inclusive pena de morte. 
 
MODELO ABOLICIONISTA: tem como precursores Thomas Mathiesen, Nils 
Christie, Eugênio Raúl Zaffaroni e Louk Hulsman entre outros. Dividem-se em: 
 
Radicais, que defendem a eliminação completa do sistema penal, pois este não 
ressocializa o condenado a pena privativa de liberdade, ao contrário o torna 
mais violento e se caracteriza como um sistema elitista, punindo somente a 
classe pobre da sociedade; 
 
Moderados, quando adeptos do direito penal mínimo, representados por Luigi 
Ferrajoli, que propõe o modelo do garantismo penal, isto é, mínima intervenção 
do Estado, com o máximo de garantias ao cidadão, manifestadas pelos 
 
 
princípios da reserva legal, da humanidade (proíbe torutras), da intervenção 
mínima, da lesividade, culpabilidade e outros. No Brasil, têm-se a Lei 5941/73 
(Lei Fleury), que reformou o art. 594 do CPP, da época, ampliando as 
possibilidades do réu apelar em liberdade, a Lei 6416/77introduziu o regime 
semi-aberto e aberto para penas privativas de liberdade e a Lei 7209/84 que 
introduziu as penas restritivas de direitos de caráter substitutivo às penas de 
prisão. Ferrajoli recomenda três medidas: descriminalização (ex: crime de 
sedução), descarcerização (ex: penas restritivas, liberdade provisória no art. 
223 e 310 do CPP) e despenalização (ex: a nova lei de entorpecente – art. 28 - 
lei 11.343/06) 
 
LEI PENAL E ORDEM: surgiu nos EUA como reação aos índices de 
criminalidade, a partir da década de 70, quando a pena de morte foi 
restabelecida e as leis de combate ao crime tornaram-se mais severas. No 
Brasil, é possível observar reflexos desse movimento na legislação especial, a 
exemplo da Lei 8072/90 (lei de crimes hediondos), que se apresenta como uma 
forma de direito penal simbólico, pois não resolveu o problema do aumento de 
crimes violentos. 
 
 
PRINCÍPIOS 
 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
 
No exterior: 
 
 
 Direito Ibérico medieval – Corte de leão - 1186 
 Alemanha – Feuerbach - Nullum crimen, nulla poena sine lege 
 Inglaterra - Magna Carta Libertum dos Barões ingleses de 1215 ao Rei 
João Sem Terra 
 EUA - Bill of Rights – Filadélfia/1774 
 Constituição Federal Americana de 1787 
 França - Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789 
 Constituição Francesa de 1791 
 
 
No Brasil: 
 
 
 Legalidade: art. 5° II da CF/88 – conta com dimensões de garantia: 
reserva legal e anterioridade 
 
 
 Reserva legal: art. 5° XXXIX da CF/88 
 CF/1967 – art. 153, § 16 
 CF/1946 – art 141, § 27 
 CF/1937 – art. 122 
 CF/1934 – art. 113, § 26 
 CF/1891 – art. 72, § 15 
 CF/1824 – art. 179, § 11 
 
 
Substancial – defesa social pune condutas perigosas (jus puniendi do Estado)Formal – serve de limite a atuação do Estado, evita arbítrio e garante certeza 
do direito e igualdade jurídica (jus punienale). 
 
 
CONSEQUÊNCIAS 
 
 
Proíbe retroatividade (coisa julgada art. 2° § único do CPB), analogia, costume 
e incriminação indeterminada (taxatividade), interpretação extensiva ou 
restritiva para prejudicar o réu. 
 
Legalidade: Tem como precursor Feuerbach (1775-1833), seguindo o princípio 
de que só a lei pode fixar penas aos delitos e o direito de fazer leis penais 
compete exclusivamente ao Poder Legislativo. No Brasil manifesta-se no art. 
5°, II da CF/88 o prevê, determinando que “*...]ninguém é obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei[...+”, no art. 62, § 1°, b da 
CF/88 (proíbe medida provisória). Deve-se considerar a existência de tratados 
internacionais em face dos direitos fundamentais previstos na CF/88, dos quais 
o Brasil faz parte, assim, em caso de conflito deve prevalecer o mais favorável 
ao réu do ponto de vista dos direitos fundamentais. 
 
Reserva legal: é mais específica e compreende a proibição da retroatividade 
prevista no art. 1° do CP e art. 5°, XXIX da CF/88, segundo os quais “*...] não 
há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”; 
no art. 5°, XL da CF/88 que diz “*...] a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu[...+”; na proibição da analogia in malam partem e de 
incriminações vagas e indeterminadas. 
 
Dignidade da pessoa humana: é exigência do Estado democrático de direito e 
está prevista no art. 1°, III, 4°, II, 5°, todos da CF/88. O Direito Penal não 
admite penas cruéis, tortura, nem pena de morte, salvo em caso de guerra (art. 
5°, XLVII da CF/88). 
 
 
 
Culpabilidade: o direito penal moderno é condizente com o Estado democrático 
de direito, conforme previsto no art. 1° da CF/88 e por isso, segue o princípio 
da responsabilidade pessoal, conforme art. 5°, XLV da CF/88, isto é a conduta 
criminosa só pode ser punida se o sujeito que a praticou for culpável (tiver 
capacidade entender o caráter ilícito da sua conduta e de se autodeterminar 
conforme esse entendimento) e sua ação for reprovável. Assim, não se admite 
responsabilidade objetiva no Direito Penal. 
 
Proporcionalidade: originou-se em Beccaria, que defendia a existência de 
proporão entre os delitos e as penas, pois a punição de um crime tem caráter 
de ressocializar o condenado e não deve ultrapassar o necessário para fazer-
lhe refletir sobre os malefícios de sua conduta de acordo com os valores da 
comunidade em que vive. 
 
Insignificância: para que um fato seja considerado crime é necessária a 
configuração da sua tipicidade formal e material, isto é adequação da conduta 
ao fato descrito como crime na lei penal, devido a ofensa de um bem jurídico 
protegido pela mesma norma violada. Fato insignificante é aquele que não 
chega a representar uma lesão ou um perigo concreto de lesão às pessoa e à 
sociedade. O reconhecimento do princípio da insignificância atinge a tipicidade 
material. 
 
Princípio da intervenção mínima: intervenção fragmentária (o direito penal não 
é um sistema exaustivo de proteção de bens jurídicos. Por isso, tutela bens 
relevantes e pune o ataque mais intolerável, que perturba o convívio); 
subsidiária (a pena privativa de liberdade deve ser o último recurso, quando 
outros ramos do Direito não solucionam o conflito) e lesividade (baseada na 
necessidade da pena de acordo com o dano ou perigo causado ao bem jurídico 
protegido). 
 
 
TEORIA DA LEI PENAL 
 
 
 
LEI PENAL – documento elaborado e emanado do Congresso Nacional, 
sancionado pelo presidente da República, publicado no DOU, obrigatória a 
todos., isto é, instrumento usado pelo Estado para divulgar o Direito Penal, 
onde estão contidas as normas que definem os crimes e penas. Ex: CPB, LCP, 
CPM, ECA. 
 
Caracteres da NORMA PENAL – regra de conduta, imposta coativamente pelo 
Estado, que define o crime e comina a pena. Compõe-se de preceitos 
(preceptum iuris), que se divide em: 
 
 
 
 Preceito primário – descrição da conduta proibida 
 Preceito secundário - sanção (sanctio iuris). 
 
 
TEORIA DE BINDING 
 
 
Ao tempo de Binding o criminoso ao praticar o ato considerado ilícito violava o 
preceito primário da norma penal, ensejando a aplicação da sanção, porque a 
proibição da conduta está implícita na norma penal, já que a forma de 
expressar os fatos hipotéticos é meramente descritiva. Portanto, o delinquente 
não viola a lei diretamente, mas sim algo que está no mandamento proibitivo 
existente como pano de fundo da regra escrita. 
 
• Ex: “Art. 121 – matar alguém […+” (mandamento: “não matarás”) 
 
• “Art. 155 – subtrair coisa móvel alheia […+” (mandamento: “não 
furtarás”) 
 
 
Classificação 
 
 
Norma penal incriminadora: é a norma em sentido estrito, de caráter proibitivo 
ou mandamental, destacando-se pela sua característica de: 
 
 
 Exclusividade 
 Imperatividade 
 Generalidade 
 Efeito erga omnes 
 Alto grau de abstração 
 Impessoalidade. 
 
 
Obs: Estão neste rol as normas gerais agravantes (art. 61 do CPB) e causas de 
aumento de pena. 
 
 
Ex: art. 121 – “matar alguém: Pena – reclusão de 6 a 20 anos” 
 
Norma penal não incriminadora: são aquelas que possuem a finalidade de 
tornar lícitas certas condutas, como ocorre com as circunstâncias atenuantes 
(art. 65 do CPB), causa de diminuição de pena, permissiva e explicativa ou 
 
 
complementar. Pode ter a finalidade de afastar a culpabilidade do agente, 
isentando-o de pena, esclarecer certos conceitos ou fornecer princípios gerais 
para a aplicação da lei penal. 
 
Norma Permissiva: o Direito Penal permite a realização do fato considerado 
crime, entendendo que não deve ser aplicada a pena, reservando uma medida 
que visa socialização e educação. Subdivide-se em: 
 
Norma permissiva justificante: é isento de pena quem pratica o crime sob 
motivo juridicamente justificável. 
 
Ex: art. 128 I e II do CPB - aborto necessário/abuso sexual 
 
art. 23, I, II e II do CPB - Excludentes de ilicitude - legítima defesa, estado de 
necessidade, estrito cumprimento do dever legal 
 
Norma permissiva exculpante: isenta de pena quem pratica fato criminoso, não 
justificável, mas desculpável. 
 
Ex: art. 26 do CPB – Inimputabilidade por doença mental art. 28, § 1° do CPB – 
Embriaguez acidental 
 
art. 27 do CPB - inimputabilidade por menoridade art. 21, 1ª parte do CPB – 
erro sobre a ilicitude do fato 
 
Norma explicativa: explica ou complementa o conteúdo de outras normas. 
 
Ex:art. 24 CP – elementos do estado de necessidade, art. 327 do CP – 
funcionário público 
 
 Norma penal em branco – Tem preceito primário incompleto e precisa de 
outra norma jurídica para completar o sentido de seu preceito primário ou 
secundário. 
 
Ex: art. 33 da lei 11.343/06 (tráfico de droga) e Portaria da ANVISA e do 
Ministério da Saúde 
 
Distinção com crime de tipo aberto: neste o complemento vem da 
jurisprudência e doutrina. Ex: lei de biossegurança 
 
Normas incompletas ou imperfeitas: são aquelas que carecem de sanção, 
possuindo apenas o preceito primário, sendo necessário remeter a outro texto 
de lei para saber a consequência jurídica. 
 
Ex: art. 1º da lei 2.889/56 (genocídio) e art. 121,§ 2º do CP 
 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
 
A LEI PENAL NO TEMPO 
 
 
1 – Nascimento: processo de elaboração, discussão, votação, aprovação, 
promulgação(marco da existência), sanção e publicação (vigência) 
 
2 – Morte: A lei pode terminar de duas formas: 
 
• REVOGAÇÃO: pode ser expressa ou tácita (ab-rogação/total e 
derrogação/parcial) 
• TÉRMINO DE SUA VIGÊNCIA 
• AUTOREVOGAÇÃO: ocorre nas leis temporárias e excepcionais. 
• Leis temporárias: terminam com o prazo estipulado na própria lei, tendo 
efeito extra-ativo. 
• Leis excepcionais: terminam quando cessa a situação de emergência 
que lhe deu causa, tendo efeito extra-ativo. 
 
Obs: o fato só é considerado típico quando ocorre durante a interposição dos 
dois momentos denascimento e morte, isto é: 
 
 
 Momento em que a lei que define o fato se torna obrigatória pela sua 
entrada em vigor; 
 Momento em que deixa de ser obrigatória por ter cessado a sua vigência. 
 
 
3 – Vigência: 
 
a) Data da publicação 
 
b) Dia posterior a vacatio legis (tempo destinado ao conhecimento da lei - 
atípico) b.1 – caso de silêncio da lei – 45 dias após a publicação 
 
b.2 – determinado pela própria lei 
 
b.3 – 3 meses para sua aplicação nos Estados estrangeiros, quando admitida 
 
c) Repristinação: não pode ser automática, exigindo-se que seja expressa 
na lei. 
 
 
 
 
 
TEORIAS DO TEMPO DO CRIME: DIREITO PENAL INTERTEMPORAL 
 
 
 Teoria da atividade – considera tempo do crime a data da ação ou 
omissão (art. 4° do CPB) 
 Teoria do resultado – considera tempo do crime a data do resultado 
 Teoria mista – considera tempo do crime tanto o momento da conduta 
como o do resultado. Aplica-se ao crime permanente (Súmula 711 do STF). 
 
 
Conflito aparente de leis penais: o conflito é aparente quando existe somente 
na mente do aplicador ou intérprete da lei penal, isto é, temos a impressão de 
que 2 ou + leis em vigor se aplicam ao mesmo delito. Nestes casos, o conflito 
deve ser resolvido para evitar bis in idem. São pressupostos para a existência 
do conflito aparente: 
 
 
 Unidade do fato 
 Pluralidade de normas 
 Aparente aplicação de todas as normas 
 Efetiva aplicação de apenas uma das normas 
 
 
SOLUÇÃO DO CONFLITO APARENTE 
 
 
1 – Princípio da especialidade: uma norma incriminadora é especial em relação 
a outra geral, quando possui uma relação de gênero e espécie, quando tem em 
sua definição legal todos os elementos típicos desta e, mais alguns de natureza 
objetiva ou subjetiva, denominados especializantes. As disposições conflitantes 
podem estar contidas no mesmo ou em diversos diplomas legais, ter iniciado 
sua vigência ao mesmo tempo ou em momento diverso, mas devem ser 
contemporâneas. A prevalência da norma especial se estabelece pelas 
definições abstratas contidas nas normas e pela comparação das figuras 
típicas (art. 302 do Código de trânsito e art. 121, § 3° do CPB; art. 157, § 3°, in 
fine do CPB e art. 121, § 2°, V; art. 155, caput e § 2° do CP). No caso de 
concurso de circunstâncias subjetivas e objetivas de tipos penais diversos ou 
idênticos, resolve-se pelo art. 67 do CP(art. 121, § 1° e 2°, III). 
 
• Lembre-se do disposto no art. 12 do CPB que compatibiliza o crime de 
lei especial com as normas da parte geral do CPB. 
 
2 – Princípio da subsidiariedade: a relação de subsidiariedade se caracteriza 
pela menor gravidade que a principal, pela maneira de execução, pois se 
 
 
apresenta como uma parte ou circunstância elementar do crime principal, isto 
é, o crime subsidiário está contido no crime principal. As vezes o dispositivo 
legal apresenta a expressão “se o crime praticado não constitui outro mais 
grave” (art. 147 e art. 146 do CPB;.art. 132 do CPB; art. 129, § 3°, do CPB só é 
aplicável quando inexiste o dolo do homicídio do art. 121 do CPB; art. 21 da 
LCP, com a expressão “se o fato não constitui crime”, art. 238, 239, 240 e 307 
do CPB) 
 
3 – Princípio da consunção ou absorção: comporta diversas relações possíveis 
a saber: 
 
– Relação crime meio/crime fim: ocorre quando um fato definido por uma 
norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou 
execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou 
posterior do agente 
 
• Ex: falsidade de documento – art. 296, 297 e 298 do CPB e estelionato – 
art. 171 do CPB. 
 
– Relação progressiva: Ocorre com maior freqüência nos crimes progressivos, 
nos quais o sujeito desde o início tem vontade de praticar o crime mais grave. 
 
• Ex. :art. 148 e 149 do CPB). 
 
– Relação complexa: o crime complexo (art. 101 do CPB) pode configurar 
especialidade ou consunção (divide-se a doutrina). 
 
• Ex: estupro (art. 213 CP) 
 
– Distinção com a especialidade: Na relação consultiva não há o liame lógico 
que existe na relação da especialidade. A conclusão não decorre de 
comparação, mas pela configuração concreta do caso. Por isso o crime 
consumado absorve a tentativa ou um ato preparatório de um crime pode 
configurar outro crime na forma consumada. 
 
4 – Princípio da alternatividade: a norma penal que prevê vários fatos 
alternativamente, como modalidade de um mesmo crime, só é aplicável uma 
vez, ainda quando os fatos são praticados pelo mesmo sujeito, 
sucessivamente. Ocorre nos crimes de ação múltipla ou conteúdo variado 
(crimes plurinucleares). 
 
Ex: Tráfico de drogas (art. 33 da lei 11.343/06). 
 
 
 
Conflito de leis penais no tempo: depois de ocorrido o crime, o legislador muda 
o conteúdo da lei (sucessão de leis). Trata-se de um conflito real de leis penais 
que se resolve pelas seguintes regras: 
 
1 – regra geral: 
 
a) (Tempus regit actum) – aplica-se a lei em vigor na data do crime 
 
b) crime permanente e continuado - aplica-se a lei nova, ainda que mais 
grave. Ex: sequestro (súmula 711 STF) 
 
2 – exceção: 
 
a) Lex mitior – é extrativa, ou seja, é retroativa, pois incide sobre fato 
ocorrido antes do início de sua vigência atingindo inclusive a coisa julgada (RT 
501/297), exceto em pena cumprida (RTJ 122/200), bem como é ultra-ativa, 
pois a lei benéfica continua a ser aplicada mesmo após a sua revogação. Ex: 
lei quer introduziu pena restritiva de direito # lex gravior lei 8.072. 
 
b) Abolitio criminis – é retroativa e extingue o crime(descriminaliza), deve 
ser aplicada ex officio (art. 2° do CPB). Efeitos podem ser: penais, que se 
divide em: principais (pena privativa de liberdade) e secundários (que incidem, 
por exemplo, sobre os direitos políticos) # efeitos civis que subsistem 
(indenização). Ex: art. 240 e 217 x lei 11.106/05 (adultério e sedução) 
 
Obs: revogação # abolitio criminis. Ex: art. 95 lei 8.212/91(apropriação indébita 
previdenciária) revogado lei 9.983/00 e deslocado para art. 168A do CPB(caso 
de continuidade normativo-típica) 
 
c) Lex tertia – combina dispositivos benéficos de duas ou + leis (polêmica: 
usurpa função legislativa) 
 
d) Lex intermedia – Quando entre o fato e a aplicação concreta da lei se 
sucedem mais de duas leis, regulando o mesmo fato, a lei intermediária, desde 
que mais favorável, deve ser aplicada em razão de efeito ultra-ativo e retroativo 
 
Lei 1: reclusão 2 a 6 anos Lei 2 :reclusão 2 a 4 anos Lei 3 :reclusão 5 a 12 
anos 
 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL 
 
A lei penal no espaço: Um crime pode violar a lei de dois ou mais países, 
quando a ação ou omissão é praticada em um território e a consumação ocorre 
em outro(s) ou pela necessidade de extradição para aplicação da lei penal. 
 
 
O Direito penal internacional é estudo da lei penal no espaço, que visa 
descobrir qual é o âmbito territorial de aplicação da lei penal brasileira. Difere 
do Direito internacional penal que disciplina o ius puniendi nas relações entre 
os Estados soberanos. 
 
A lei penal no espaço é regida pelos seguintes princípios. 
 
Regra geral: 
 
a) Princípio da territorialidade (art. 5º do CP) – aplica-se a lei nacional aos 
fatos ocorridos dentro do território nacional. Considera-se território 
nacional:(art. 5°, §1° e 2° do CP) 
 
 
1 - solo; 
2 - subsolo; 
3 - águas interiores (compreendidas entre a costa do Estado e as linhas de 
base do mar territorial); 
4 - mar territorial (dentro das 12 milhas do mar medida da linha de baixa-mar 
continental e insular); 
5 - plataforma continental e espaço aéreo (vigora a teoria da soberania da 
coluna atmosférica, sendo delimitado o espaço aéreo nacional por linhas 
imaginárias que se situam perpendicularmente aos limites do território físico, 
incluindo o mar territorial); 
6 – embaixada brasileira, pouco importando o país onde esteja localizada ou a 
nacionalidade do autor (salvo se ele for estrangeiro e gozar de imunidade 
diplomática, caso em que pode ocorrer dupla condenação, temperada pelo art. 
8º do CP) 
7 - embaixada estrangeirasituada no Brasil. Os atos processuais que devam 
ser praticados dentro da embaixada dependem de autorização do embaixador. 
(exceção a dupla condenação); 
8 - território por extensão ou ficção, considerando-se: competência da Justiça 
Federal. 
 
 
a) aeronaves e embarcações brasileiras públicas ou a serviço do governo 
onde quer que se encontrem (princípio do pavilhão ou da bandeira – são 
embarcações que se acham em missão oficial) 
 
b) aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou privadas, que se 
achem no espaço aéreo brasileiro correspondente ou em alto-mar. (princípio do 
pavilhão ou da bandeira) 
 
 
 
c) aeronaves estrangeiras privadas que estiverem em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo brasileiro, bem como embarcações 
estrangeiras privadas que estiverem em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
 
PONTO RELEVANTE PARA DEBATE 
 
 
Como solucionar os crimes praticados no chamado “navio pirata”? 
 
– Juridicamente o navio pirata não existe, pois toda embarcação tem um 
registro em um país ao qual se encontra vinculado. Assim, estando tal navio 
em alto-mar, esse país do seu registro é o competente para julgar qualquer 
crime que ocorra dentro dele. 
 
• Se um crime foi cometido a bordo de uma aeronave, que apenas 
sobrevoou o Brasil, sem pousar. Pode ser aplicada a lei brasileira? 
 
– Em tese sim, porque o crime ocorreu quando a aeronave tocou o território 
nacional. (RJTFR 51/46) 
 
Ponto relevante para debate 
 
 
• Na leitura do art. 5º do CP, como solucionar o problema do julgamento 
das contravenções penais que ocorrem fora do territorio nacional ? 
 
– Trata-se de exceção, que mostra que o princípio da territorialidade é relativo 
ou temperado. Assim, as contravenções ocorridas fora do Brasil jamais terão a 
incidência da lei brasileira. (art. 2º da LCP 
 
– Dec.-lei 3688/41) 
 
• A todo crime ocorrido no Brasil aplicamos a lei penal brasileira? 
 
 
– Em princípio sim, ressalvadas as imunidades contempladas em Tratados ou 
Convenções internacionais. 
 
 
HIPÓTESE EXCEPCIONAL 
 
• Um crime é cometido a bordo de embarcação ou aeronave privada 
brasileira, quando em território estrangeiro, mas, apesar de ser previsto como 
 
 
crime no país em que ocorreu, a justiça local não agiu. Nesse caso é possível 
aplicar a lei brasileira? 
 
– Em princípio, o art. 7, II C, diz que não se aplica a lei brasileira, salvo se o 
crime não for julgado no país em que foi concretizado. Assim, o Brasil passa a 
representar o país onde se deu o crime, aplicando-se o princípio da 
representação. 
 
Exceções: 
 
1 – extraterritorialidade incondicionada – art. 7°, I do CP 
2 – extraterritorialidade condicionada – art. 7°, II e § 3° do CP 
 
Princípios aplicáveis: 
 
b) Princípio da nacionalidade ou personalidade – a lei do país de origem do 
agente é aplicada onde quer que o crime tenha sido cometido. Pune-se o autor 
do delito se nacional, quer tenha praticado o crime no país ou no exterior. (art. 
7º, II, b do CP). Subdivide-se em: 
 
b.1) nacionalidade ativa – Somente se considera se o autor do delito é 
nacional, independente da nacionalidade da vítima. 
 
b.2) nacionalidade passiva – exige que sejam nacionais o autor e a vítima do 
delito. (art. 7°, § 3º do CP) 
 
c) Princípio da proteção, da competência real ou da defesa – a lei do 
Estado é aplicável em razão da nacionalidade do bem jurídico tutelado, 
independente da origem do agente ou do local do crime (art. 7º, I, “a,b,c”) 
 
d) Princípio da justiça penal universal ou da justiça cosmopolita – a lei do 
Estado é aplicável a qualquer crime, independentemente da nacionalidade do 
agente, do bem jurídico lesado e do local do fato (art. 7º, I, “d” e II,”a” do CP). O 
criminoso é julgado e punido onde o sujeito for detido. 
 
f) Princípio da representação – a lei do Estado é aplicável em aeronaves e 
embarcações privadas, quando realizado o crime no estrangeiro (art. 7°, II, c). 
 
 
LUGAR DO CRIME 
 
 
Determinar o lugar do crime é importante para os crimes à distância (ação em 
um país e resultado em outro), especialmente para descobrir no âmbito do 
direito penal a lei aplicável ao caso concreto. 
 
 
 Teoria da atividade - local da ação ou omissão 
 Teoria do resultado – local do resultado 
 Teoria da ubiquidade – caráter misto (art. 6° do CPB) # art. 70 do CPP 
(fixa competência em razão do lugar em que se consumar a infração) # art. 63 
da lei 9.0099/95 (fixa competência pelo lugar em que foi praticada a infração, 
cujo conceito é previsto no art. 6° do CP) 
 
 
DISTINÇÕES 
 
 
• Crime a distância ou de espaço máximo: o que envolve dois países 
(iniciado em um e se consuma em outro) 
• Crime plurilocal: que envolve duas ou mais comarcas dentro do Brasil.ex: 
disparo ocorrido em Piracicaba e morte em Araraquara 
• Crime em trânsito: que envolve mais de dois países. 
 
Ex: cocaína sai da Colombia, passa por campo Grande – MS e termina em 
Miami. 
 
• Crime de trânsito ou de circulação ou automobilístico (lei 9.503/97). 
 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL 
 
 
Princípio do bis in idem – dupla condenação de caráter relativo – direito de 
compensação de penas (art. 8° do CP) 
 
Tipos de Imunidades: 
 
• 1 – diplomáticas: prerrogativa funcional de responder pelo delito no seu 
país de origem, onde quer que seja praticado. Cabe captura do autor, com 
lavratura do BOP e responde o processo em liberdade. Incide sobre: Chefe de 
Governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva; 
embaixador e sua família; funcionários estrangeiros do corpo diplomático e sua 
família; funcionários das organizações internacionais (ONU, OEA), quando em 
serviço. 
 
• 2 – parlamentares: EC 35/2001 compreende: 
 
a) inviolabilidade penal (art. 53 da CF/88) – exige-se nexo funcional do crime 
com o cargo. Impede prisão e processo penal. 
 
b) Imunidade processual (art. 53, § 3° da CF/88) 
 
 
c) Imunidade prisional (art. 53§ 2° da CF/88) impede a prisão em flagrante, 
exceto no caso de crime inafiançável, hipótese me que a deliberação sobre sua 
manutenção fica ao encargo do Casa parlamentar respectiva, com processo 
em foro privilegiado (art. 53, § 1° da CF/88). 
 
d) Imunidade probatória – não é obrigado a depor como testemunha (art. 53, 
§ 6° da CF/88) Vereadores – imunidade material do art. 29, VIII da CF/88 
 
 
• Prefeito – sem imunidade, só tem foro privilegiado 
• Governador - tem imunidade processual, exceto no caso de autorização 
da Assembleia Legislativa 
• Presidente da República 
 
 
a) Processual dupla (art. 86, caput e § 1° e 2° da CF/88) 
 
b) Processual especial (art. 86, § 4° da CF/88) ex: atropelamento. 
 
c) Prisional (art. 86, § 3° da CF/88) 
 
4 – Advogados: imunidade material (art. 142 CP e art.133 da CF/88 e art. 7° lei 
8906/94) 
 
 
ILÍCITO PENAL 
 
 
Conceito de Crime 
 
• Sentido formal: exteriorização do crime “comportamento humano 
proibido pela norma penal, ou simplesmente, violação da norma” (Ney Moura 
Teles) 
 
• Crítica: quais os elementos que a conduta deve ter para ser considerada 
crime e sofrer punição? 
 
• Sentido material: fundamenta e limita a atividade do legislador – “para o 
legislador definir certo fato humano como crime, deve, previamente, verificar se 
o mesmo é daqueles que lesionam bens jurídicos, ou pelo menos expõem-nos 
a grave perigo de lesão e se tais lesões são de gravidade acentuada de modo 
a serem proibidas sob ameaça da pena criminal” 
 
 
 
 
 
• Sentido analítico: 
 
• Crime: 
 
a) Fato típico: conduta adequada a um tipo penal 
 
b) Fato ilícito ou antijurídico: ilícito porque contraria a lei 
 
 
Sentido legal: Art. 1° do CPB 
 
• Crítica: trata mais da pena do que do conceito de crime (limitado ao 
conceito formal) 
 
• SUJEITO ATIVO E PASSIVO: pessoa física x pessoa jurídica 
 
• Condição peculiar do sujeito ativo e do passivo do crime. Ex: servidor 
público x criança e adolescente. 
 
 
OBJETO DO CRIME: 
 
 
a) jurídico: Bem jurídico tutelado. Ex: art. 121 do CP (vida) 
 
b) material: corpo 
 
 
CONTRAVENÇÃO PENAL 
 
 
Fato típico,antijurídico e culpável, porém de menor gravidade (Decreto-lei 
3688/41). 
 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
 
• 1º CRITÉRIO: PENA (prisão simples/multa) 
• 2° CRITÉRIO: procedimento (TCO) 
• 3° CRITÉRIO: PERIGO DE LESÃO (ABSTRATO). Ex: art. 31 da LCP x 
art. 131 do CPB 
• 4° CRITÉRIO: Não admite tentativa 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME 
 
 
1. Comum (direito penal comum) / especial (leis especiais) / próprio (ex: 
autoaborto) 
2. Dano (homicídio) / perigo (art. 130 CP – perigo de contágio venéreo) 
3. Mão própria (falso testemunho, prevaricação) 
4. Material / formal / mera conduta / exaurido 
5. Instantâneo / permanente (art. 148 - sequestro) 
6. Simples / complexo (art. 159 do CP) 
7. Unissubsistente / plurissubsistente (se realiza com um ou vários atos) 
8.Concurso necessário (plurissubjetivos - quadrilha) 
9.Forma livre / forma vinculada (legislador especifica a forma de praticá-lo. Ex: 
art. 284 CP) 
10. Complexo, Conexo (furto qualificado pela fraude) 
 
 
CONCEITO DE CRIME 
 
 
TEORIA BIPARTIDA 
 
 
• Crime é fato típico e ilícito 
• Culpabilidade é medida da pena 
 
 
TEORIA TRIPARTIDA 
 
 
Crime é fato típico, ilícito e culpável 
 
 
TEORIA QUADRIPARTIDA 
 
 
Crime é fato típico, ilícito, culpável e punível (a questão das condições da ação 
e do interesse de agir/ imunidades) 
 
 
TIPICIDADE 
 
 
É a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada 
espécie de infração contida na lei penal incriminadora. 
 
 
FUNÇÃO DO TIPO 
 
 
1. Garantia: limita o jus puniendi do Estado 
2. Indiciária: indica qual conduta é proibida. 
 
 
ELEMENTOS DO TIPO 
 
 
• Objetivo: ação, nexo causal e resultado 
• Subjetivo: culpa. Dolo e preterdolo 
• Normativo: são expressões abertas que precisam ter seu sentido 
esclarecido pelo emprego de outra 
• Norma jurídica ou pela hermenêutica. Ex: art. 151 “indevidamente”=sem 
autorização. 
 
 
EXCLUDENTES 
 
 
• Excludentes de antijuridicidade uma vez reconhecidas judicialmente, 
acarretam a possibilidade de afastar a reprovabilidade da conduta apesar desta 
ser típica. 
• Excludentes de culpabilidade, permitem a isenção de pena ao agente, 
que pratica uma conduta típica e antijurídica. 
 
 
Atipicidade: fato que não se enquadra em nenhum tipo penal ou está 
acobertado por causa excludente. 
 
Ex: autoaborto acidental ou dano culposo. 
 
 
ESPÉCIES DE TIPICIDADE 
 
 
• Tipicidade formal 
• Tipicidade material 
• Tipicidade conglobante 
 
 
FATO TÍPICO 
 
• Elementos típicos 
 
 
TEORIAS 
 
 
• Formal: é adotada pelo CPB, pois entende que o crime se constitui de 2 
elementos – tipicidade e antijuridicidade, sendo a culpabilidade pressuposto da 
pena e a periculosidade um pressuposto da medida de segurança. 
• Material: considera que o crime é o resultado causado pela conduta 
voluntária do agente que gera danos e efeitos sobre os bens juridicamente 
protegidos. 
• Mista: consagra uma mistura de elementos formais e materiais. 
• Sintomática: o crime se compõe de elementos formais e materiais, 
acrescentando a personalidade do agente. 
 
 
ELEMENTOS - OBJETIVOS 
 
 
• Conduta 
• Nexo causal 
• Resultado 
• Tipicidade 
 
 
ELEMENTOS - SUBJETIVOS 
 
 
• Dolo 
• Culpa 
• Preterdolo 
• Conduta 
 
 
CONCEITOS 
 
 
• “É a manifestação de uma vontade[..]que se pode traduzir tanto em um 
comportamento positivo (comissivo) ou negativo (omissivo)” (Delmanto, p. 19) 
 
• “O finalismo demonstrou que a conduta é um processo causal dirigida a 
determinada finalidade” (Teles, p. 150) 
 
• “Evidencia-se o coeficiente físico da ação numa movimentação corporal” e 
“O coeficiente físico da omissão, ao contrário, reduz-se a um nihil facere (nada 
fazer) ou um aliud agere (agir diversamente), desde que não seja executado 
quod debetur (aquilo que deve ser feito)” (Costa Junior, p. 49) 
 
 
• Conceito unitário: “Todo comportamento é simultaneamente físico e 
psíquico. [..]. O aspecto psicológico reflete-se na face externa da conduta. Dela 
não se cinde, pois o caráter psíquico é o aspecto subjetivo do comportamento, 
uma qualidade da ação e não um fato que a antecede.” 
 
• “vontade, como carga de energia psíquica, que impele o agente. Vontade 
como impulso causal do comportamento humano. Não intenção que é a 
bússola da vontade, seu elemento finalístico, que a norteia para o objetivo 
eleito.” 
 
 
Obs: Essa vontade representa o aspecto subjetivo da conduta # do aspecto 
subjetivo do crime que é a culpabilidade. 
 
 
Ex: FATO A: João, voluntariamente, dispara um tiro de revólver contra Paulo, 
causando-lhe um ferimento na perna direita. 
 
FATO B: Pedro, voluntariamente, dispara um tiro de revólver contra Renato, 
causando-lhe um ferimento na perna direita. 
 
 
TEORIAS DA CONDUTA 
 
 
Causal – a conduta é efeito da vontade e causa do resultado, compondo o 
nexo de causalidade, independente de valoração normativa ou social. Define o 
crime somente pelo aspecto material, considerando o desvalor do resultado e 
atribuindo a conduta mero efeito da vontade, sem apreciar sua ilicitude ou 
reprovabilidade. Falhas – não explica o crime omissivo e a tentativa. 
 
Social – o conceito de conduta é valorado por padrões sociais, pois constitui a 
realização de um resultado socialmente relevante. O conteúdo da vontade do 
agente deve ser avaliado na culpabilidade. Falhas: também dá muita 
importância ao desvalor do resultado e não explica o crime omissivo, a 
tentativa e o de mera conduta. 
 
Finalista - É adotada pelo CPB. Criada por Wezel, com base nas ideias 
filosóficas de Hartman, entende que os crimes se diferenciam pelo desvalor do 
resultado e principalmente da conduta. Esta é dirigida pelo desejo do agente de 
realizar certo fim, assim constitui ato voluntário que abrange: o objetivo do 
agente, os meios de execução e os efeitos secundários. A conduta inclui o 
dolo, funcionando como elemento subjetivo do tipo penal, de forma que o crime 
se divide em 2 partes: subjetiva final e objetiva causal. Quanto a culpa, esta é 
integrada pela inobservância do dever de diligência. 
 
 
FORMAS DE CONDUTA: Ação ou omissão 
 
• Requisitos da conduta 
• Sob aspecto material 
 
1 – ação positiva ou negativa 
 
2 – manifestação externa – não se pune a cogitação e a preparação, segundo 
a teoria formal. 
 
 
SOB ASPECTO PSÍQUICO 
 
 
• 1 – voluntariedade, espontaneidade e ciência da finalidade nos casos de 
crime doloso 
 
 
SOB ASPECTO MECÂNICO 
 
 
• 1 – movimento corporal ou abstenção 
 
• 2 – finalidade da conduta, segundo a teoria finalista 
 
 
FATO TÍPICO 
 
 
•Omissão: “é a que se manifesta por abstenção do movimento do corpo, 
dirigida a uma finalidade”. (Teles, p. 157) 
 
 
Teorias sobre natureza jurídica da omissão 
 
 
• Natural – omissão é a conduta valorada pelos sentidos, dispensando 
verificar a norma penal. É um simples não fazer de uma ação esperada. 
• Normativa – É adotada pelo CPB. A omissão surge quando a conduta 
exigida pela lei não é realizada pelo sujeito que, no caso da omissão imprópria, 
deixa de observar o dever jurídico de agir. 
 
 
 
 
 
 
ELEMENTOS BÁSICOS 
 
 
• 1 – abstenção 
• 2 – possibilidade de realizar a conduta exigida pela lei 
• 3 – nos casos de omissão imprópria exige-se o dever jurídico de agir 
 
 
Espécies de omissão - Divide-se em própria e imprópria: 
 
 
Crime omissivo puro: é necessário que exista um tipo legal de crime 
descrevendo uma conduta omissiva. O sujeito não realiza a conduta exigida 
pela norma incriminadora, quando lhe era possível fazê-lo. 
 
• Ex: art. 269, art. 135, art. 244, art. 246 CPB. 
 
Crime comissivo por omissão: é a abstenção de um movimento corpóreo final 
que o sujeito devia e podia realizar para impedir a produção de um resultado 
lesivo de um bem jurídico. A norma que contém o crime descreve uma conduta 
positiva. 
 
• Ex: João, nadador profissional, à beira da piscina de sua casa, vê sua 
filha menor se afogando e não tenta salvá-la. A criança morre. 
 
Causalidade do crime omissivo impróprio: art. 13, § 2° do CPB 
 
a) dever legal. Ex: pai, carcereiro. 
 
b) garantidor. Ex:enfermeira, guia de turismo, babá. 
 
c) criador de risco. Ex: João coloca fogo na pastagem de seu terreno e atinge o 
sítio do vizinho. 
 
 
FATO TÍPICO 
 
 
• Ausência de conduta: ocorre pela ausência de conduta quando a lesão 
ao bem jurídico decorre da ação ou omissão de alguém, sem, contudo ter 
havido vontade da sua parte. 
 
Coação física absoluta (vis absoluta ou força irresistível): ação física externa 
que incide sobre alguém, de forma que não pode ser repelida e elimina 
qualquer opção de movimento corporal. 
 
 
• Ex: No hospital, á meia-noite, a enfermeira Helen deve ministrar, ao 
paciente Tarick, certo remédio, sem o qual este morrerá. Silva, desejando a 
morte do paciente, entra no local e consegue subjugar a enfermeira, que deixa 
de ministrar o remédio e o paciente vem a falecer. 
 
• Obs: nesse caso, o autor do crime é o coator. 
 
• A vis absoluta distingue-se da vis compulsiva (coação moral), na qual se 
exclui a culpabilidade (art. 22, 1ª parte do CPB) . 
 
• Ex: forçar alguém a assinar um documento falso mediante grave 
ameaça. 
 
• Movimentos reflexos: ocorre quando os movimentos do corpo decorrem 
dos reflexos naturais (movimento instintivo, impensado e indesejado). 
 
• Ex: João quer se declarar para Rose, encosta-se numa parede onde há 
um fio elétrico descascado, por isso pega um choque e move seu braço, por 
reflexo, atingindo o olho de rose, causando-lhe lesão. 
 
• Estados de inconsciência: não há vontade e consciência do fato pelo 
agente, que está em estado de sonambulismo ou embriaguez letárgica. 
 
• Obs: difere da actio libera in causa, que ocorre quando o agente se 
coloca voluntariamente em estado de inconsciência para realizar o fato típico. 
Caso em que a conduta anterior é juridicamente relevante. 
 
 
FATO TÍPICO 
 
 
Resultado: Pode ser visto por dois ângulos 
 
 
a) naturalístico: É a adotada pelo CPB. Consiste na modificação provocada no 
mundo exterior pela conduta do agente, admitindo a possibilidade de existir 
crime sem resultado material, como no caso dos crimes de mera conduta e os 
formais Ex: morte no homicídio. (Teles, p. 175) 
 
b) jurídico ou normativo: refere-se a própria lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico penalmente tutelado, pouco importando se a conduta deu ou não causa 
a uma modificação do mundo externo (Teles, p. 175). Ex: a fé pública no crime 
de falsificação de documento público. 
 
 
 
Entendem os seguidores dessa corrente que “delito sem evento consistiria 
conduta irrelevante para o Direito Penal, [...+” (Damásio, p. 242) 
 
 
Formas do resultado: 
 
 
a) física. Ex: destruição de um objeto no crime de dano 
 
b) fisiológica. Ex: a morte de um homem no crime de homicídio 
 
c) psicológica. Ex: percepção de uma ofensa a uma pessoa no crime de injúria. 
 
 
Conceito: é um efeito natural da conduta humana, distinta desta e relevante 
para o Direito, no plano da tipicidade. Portanto, o perigo abstrato ou concreto 
constitui resultado. 
 
Nexo de causalidade: É o nexo de causalidade que estabelece quando o 
resultado é imputável a conduta do sujeito, considerando a relação de causa e 
efeito da conduta. 
 
 
• Tipos de causalidade: art. 13 caput do CPB 
• Psico-normativa: ocorre no crime preterdoloso 
• Normativa: ocorre no crime omissivo 
 
 
Objetiva: ocorre no crime doloso e culposo. 
 
 
 
Teoria da equivalência dos antecedentes causais: Tudo que contribui para o 
resultado é considerado causa dele. Basta usar o método de eliminação de 
Thyrén, sendo o qual deve-se eliminar mentalmente o antecedente, para saber 
se este foi causa do resultado e verificar se o resultado sem ele teria ocorrido. 
 
Teoria da relevância do nexo causal: completa o sentido da teoria anterior, 
acrescentando-lhe alguns elementos. Assim, os pressupostos para a 
punibilidade pelo resultado são os seguintes (Delmanto, p. 21): 
 
“a) o nexo causal entre ação e o resultado, determinado de modo empírico pela 
teoria da equivalência das condições; 
 
 
 
b) a relevância jurídica deste nexo de causalidade de acordo com as 
exigências do tipo penal; 
 
c) a culpabilidade do sujeito, normativa e não meramente psicológica, como 
ocorria no sistema clássico.” 
 
 
Delimitação do conceito de causa: 
 
 
1 - Teoria individualizadora da causalidade: “nem toda condição do resultado 
pode ser considerada causa do mesmo, mas somente aquela condição que se 
distingue por possuir uma maior eficácia causal que as demais” 
 
2 – Teoria da adequação: “para que a ação humana possa ser tida como causa 
de um resultado, não basta que esta ação tenha sido sua condição, sendo 
necessário que ela seja adequada a produzir tal resultado.para isso, deve-se 
observar a situação concreta em que o autor se encontrava no momento da 
conduta, bem como os conhecimentos que o autor tinha a respeito das 
circunstâncias. Ex: Rita, com uso de uma faca fere o braço de Costa, vindo 
este a falecer por ser hemofílico. 
 
3 – Teoria da imputação objetiva: “somente pode ser objetivamente imputável 
um resultado causado por uma ação humana (no sentido da teoria da 
condição) quando a mesma criou, para o seu objeto protegido, uma situação de 
perigo (ou risco) juridicamente proibida e o perigo se materializou no resultado 
típico.” Ex: Santos conduz seu veículo sob estado de embriaguez em uma 
estrada movimentada gerando um risco proibido, que pode levar a sua punição, 
especialmente, quando cruza a via pública em círculos, quase atropelando 
Josiene. 
 
Superveniência causal: é uma segunda causa da conduta humana, que se 
situa fora do desdobramento normal da causa original. Pode ser uma causa 
relativamente independente ou absolutamente independente. É também 
chamada de concausa. 
 
Ex: Wesxley, que foi agredido por Renato, é transportado ao hospital em uma 
ambulância, que no caminho sofre uma colisão e a vítima vem a falecer. 
 
Pergunta-se: a morte é consequência do abalroamento do veículo? Trata-se de 
causa independente? O agente responde por lesão corporal ou homicídio? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Crime doloso: segundo a teoria finalista da ação, dolo é um elemento 
subjetivo do tipo, manifestado pela vontade de concretizar as características 
objetivas do tipo. O dolo é a regra geral dos delitos descritos no CPB e 
normalmente está expresso no tipo penal. 
 
Teorias sobre o conceito de dolo: são adotadas pelo CPB duas teorias – a da 
vontade e a do assentimento, no art. 18, I. 
 
1 – vontade: Elaborada por Carrara, que diz “ dolo é a intenção mais ou menos 
perfeita de praticar um fato que se conhece contrário à lei”(Teles, p. 161). 
compõe-se de dois elementos – o intelectivo referente a consciência do fato 
(representação do resultado, pois o sujeito sabe e prevê o resultado) e o 
volitivo (corresponde a vontade de causar e querer o resultado). 
 
• Ex: João tem consciência de que, se deixar cair uma pedra de 20 kg, 
sobre a cabeça de Rita, sua esposa, que dorme, poderá matá-la. Querendo 
ficar viúvo, porque quer se casar com Helen, desfer um golpe violento em sua 
esposa, com a pedra, mantando-a. 
 
2 – representação: dolo é previsão do resultado.Não é necessário que o agente 
tenha vontade de alcançar o resultado, bastando que o preveja, que o 
represente. 
 
 
 
• Ex: Nascimento dirigindo seu veículo em avenida movimentada, 
avistando Silva tentando atravessar a via, continua diringindo em sua direção, 
vindo a atropelá-lo, causando-lhe ferimentos. Só por ter previsto o resultado, 
representando-o, já teria agido com dolo. 
 
3 – assentimento: dolo é a previsão do resultado como certo ou possível. Não 
exige que o agente queira o resultado, bastando que o aceite e consinta, caso 
ele aconteça. Ex: O caçador Daniel, durante uma caçada, vê um animal ao lado 
de Duarte, desejando atingir o animal, sabe que pode errar o alvo e atingir 
Duarte, a quem não deseja matar, porém, pensa “não quero atingir o homem, 
mas se o atingir, tudo bem, não posso fazer nada” e no final mata Duarte com 
um tiro. Significa que aceitou o resultado, embora não o desejasse, portanto,agiu com dolo. 
 
 
NATUREZA E ELEMENTOS DO DOLO 
 
 
• Teoria normativa: Além da consciência e da vontade de produzir o 
resultado, o dolo contém outro elemento de caráter normativo – consciência da 
ilicitude. (Teles, p. 163) É necessário que o sujeito saiba que sua conduta é 
proibida por lei. 
 
 
Natural: coincide com a teoria finalista da ação, pois entende que o dolo é 
natural e não pode ter nenhum elemento normativo, este pertence a 
culpabilidade.É adotada pelo CPB. 
 
 
ELEMENTOS DO DOLO 
 
 
a) intelectivo – saber que está realizando os elementos objetivos do tipo penal. 
É a consciência da conduta e do resultado. 
 
b) volitivo – além de ter conhecimento sobre os elementos constitutivos do tipo, 
para agir dolosamente é preciso que o autor queira realizá-los. O querer 
pressupõe o saber. 
 
 
TIPOS DE DOLO 
 
 
a) direto: é aquele que o sujeito busca alcançar como resultado certo e 
determinado. 
 
 
b) indireto: pode ser: 
 
 
• # alternativo: se configura quando sujeito quer um ou outro resultado 
com sua conduta. Ex: Santos atira em José, querendo matá-lo ou feri-lo. 
 
• # eventual:o agente não deseja o resultado previsto, mas o aceita, se ele 
eventualmente acontecer, o que equivale a querê-lo. 
 
• Crime culposo: art. 18, II do CPB. 
 
• “é a conduta voluntária que produz resultado ilícito, não desejado, mas 
previsível e excepcionalmente previsto, que pode, com a devida atenção, ser 
evitado.” (Teles, p. 166) 
 
• Elementos: 
 
• 1 – conduta humana voluntária:a ação ou omissão que causa o 
resultado deve se iniciar de forma voluntária e espontânea. 
 
• 2 – previsibilidade objetiva:quando o sujeito pode antever o perigo ou o 
dano, nas condições em que o sujeito se encontra. 
 
• 3 – inobservância do dever geral de cuidado objetivo: existem regras 
legais e sociais que impõe ao cidadão mediano o cuidado em sua conduta 
cotidiana para evitar lesão a bens alheios. Ex: no trânsito existem regras de 
velocidade, placas sinalizadoras, faixas de pedestres e outros. 
 
• 4 – ausência de previsão: não há certeza da ocorrência do resultado, 
embora este possa ser previsível em certas circunstâncias. 
 
• 5 – resultado naturalístico indesejado: a modificação no mundo externo 
deve ser causada pelo agente por ter deixado de observar o dever geral de 
cuidado e nunca por desejar praticá-lo. 
 
• 6 – nexo de causalidade objetivo: o resultado deve decorrer da linha de 
desdobramento causal referente a negligência, imprudência ou imperícia.Ex: 
médico esquece de suturar um órgão do paciente e este vem a falecer por 
hemorragia interna. 
 
• 7 – tipicidade: o crime culposo é excepcional e só será punido quando 
houver expressa previsão legal no tipo penal. 
 
 
 
 
 
FORMAS 
 
 
• 1 – Imprudência: prática de um fato perigoso que coloca em risco ou 
lesiona um bem. Ex: dirigir em alta velocidade. 
 
• 2 – negligência: ausência de precaução e não realização de um 
movimento que a prudência mandava fazer e o agente não fez. Ex: médico que 
esquece objetos dentro do paciente. 
 
• 3 – imperícia: falta de aptidão ou destreza para o exercício de arte ou 
profissão. Ex: médico que na cirurgia perfura um órgão. 
 
 
ESPÉCIES DE CULPA 
 
 
• 1 – consciente: ocorre quando o sujeito prevê o resultado, mas acredita 
eu pode evitá-lo ou que ele não correrá. (# dolo eventual) 
 
• 2 – inconsciente: ocorre quando o sujeito não realiza a previsão do 
resultado, ou seja, não tem consciência de que o resultado pode ocorrer. 
 
 
• Compensação de culpas: não é admitida no Direito Penal. Ex: João 
dirige o veículo em alta velocidade enquanto Pedro anda no meio da mesma 
via totalmente embriagado, vindo a ser atropelado. 
 
• Concorrência de culpas: é possível ocorrer no Direito Penal, caso em 
que ambos os autores das condutas concorrentes respondem pelo delito, 
verificando-se que agiram culposamente. Ex: um veículo dirigido por Silva em 
alta velocidade e outro dirigido em sentido contrário por Ana, também em alta 
velocidade, se chocam ficando ambos feridos. 
 
• Crime preterdoloso: também chamado preterintencional é aquele que vai 
além do dolo do agente. A conduta é dolosa na sua execução positiva ou 
negativa, mas não abrange o resultado, que ocorre por culpa. Por isso o sujeito 
é punido a título de dolo e culpa. Ex: Luis quer ferir Souza, mas acaba 
decepando seu braço de forma a causar sua morte. (art. 129, p. 3 do CPB) 
 
• Obs: Segundo Delmanto (p. 36) não diferença prática entre o crime 
qualificado pelo resultado previsto no art. 19 do CPB e o crime preterdoloso, 
pois esta norma penal visa impedir a punição do sujeito por responsabilidade 
penal objetiva que não é admitida em nosso ordenamento jurídico devido ao 
princípio da legalidade. Dessa forma penaliza-se o sujeito pelo ao menos pela 
 
 
culpa do resultado qualificador. Ex: art. 127 e art. 133, parág. 1 e 2, 137, parág. 
Único e 157 , p. 3, todos do CPB 
 
 
Elementos: 
 
 
1 - Delito-base 
2 – dolo na conduta antecedente e culpa no consequente 
3 – resultado qualificador 
 
 
Excludentes: 
 
 
1 – caso fortuito 
2 – força maior 
 
 
Efeitos: o agente não responde pelo resultado qualificador, só responde pela 
conduta dolosa anterior. 
 
Erro de tipo: é a ideia falsa sobre determinada situação real inerente a um 
elemento objetivo ou normativo do tipo penal, que vicia a vontade do sujeito 
ativo, acarretando a realização de conduta que normalmente não faria, se não 
tivesse incorrido em erro. (art. 20 CP) Ex: ver um animal onde há um homem. 
 
 
ESPÉCIES 
 
 
• Essencial: versa sobre as circunstâncias elementares do tipo. 
 
– Evitável ou vencível: quando era possível evitar o erro, nas circunstâncias em 
que o sujeito se encontrava, com a adoção das cautelas exigidas do homem 
comum, normalmente prudente. Nesta caso, fica afastado o elemento subjetivo 
do tipo referente ao dolo, como vontade livre e consciente de agir, mas permite 
a punição a título de culpa, se previsto em lei. 
 
– Inevitável ou invencível ou erro culposo: quando qualquer pessoa normal 
incorreria no erro de forma invencível, ainda que adotasse todos os cuidados 
cabíveis. Neste caso, fica afastado o elemento subjetivo do tipo referente ao 
dolo e a culpa, pois não há nenhuma previsão ou previsibilidade do resultado. 
A Conduta é atípíca .Ex: policial no stand de tiro. (art. 20 caput do CP) 
 
 
 
• Acidental: versa sobre dados secundários do tipo penal. 
 
– Sobre o objeto: sujeito supõe que sua ação recai sobre certa coisa, mas na 
verdade, ela incide sobre outra. Ex: subtrair açúcar pensando ser trigo. 
 
– Sobre a pessoa (art. 20, § 3° CP):sujeito atinge certa pessoa, supondo tratar-
se da que pretendia ofender. Não se consideram as condições ou qualidades 
da vítima. Ex: atinge o pai, pensando em alvejar seu vizinho. Não incide 
agravante. 
 
– Na execução (art. art. 73 CP): há erro ou acidente no emprego dos meios de 
execução do crime e a pessoa visada pelo sujeito ativo sofre perigo de dano. 
Ex: Vera dispara arma de fogo contra sua mãe, supondo tratar-se de sua 
vizinha, vindo a atingir seu motorista particular. (Aberratio ictus) 
 
• Unidade simples: resultado único (art. 20, § 3°, 2ª parte CP) 
 
• Unidade complexa: resultado duplo (art. 70 CP) 
 
 
– Resultado diverso do pretendido (art. 74 CP): ocorre quando o sujeito quer 
atingir um bem jurídico e atinge outro ou ambos. (aberratio delicti) 
 
• Distinção entre aberratio ictus e delicti 
 
– Enquanto a aberratio ictus o desvio recai sobre a pessoa vítima do crime, na 
aberratio delicti o desvio recai sobre o objeto jurídico do crime, ou seja, na 
primeira embora errando o golpe, a ofensa continua a mesma, mudando 
apenas a gravidade da lesão; na segunda, existe um resultado de natureza 
diversa do pretendido, com a consequente mudança do título do crime. 
 
Erro provocado por terceiro 
 
• Art. 20 § 2º CP: 
 
– Pode excluir a responsabilidade do autor executor, quando o coator pratica o 
crime por meio de autoria mediata. Neste caso, responde somente o coator 
pelo resultado.• Ex: médico que desejando matar paciente, entrega a enfermeira injeção 
com veneno. 
 
– Pode acarretar responsabilidade por erro culposo, quando autor executor e 
coator tiverem agido por erro. 
 
 
 
• Ex: Médico receita 10 cm3 quando devia receitar 1cm3 de substância e 
a enfermeira por falta de cuidado não observa o engano. Neste caso, ambos 
respondem por crime culposo, se previsto em lei. 
 
 
ANTIJURIDICIDADE 
 
 
• Conceito de ilicitude=proibição (art. 23 do CPB) 
 
 
• Para Von Liszt a ilicitude se divide em: formal=tipicidade e ilicitude 
material. A 1a. é a violação da norma penal e a 2a. é a violação do interesse 
social tutelado pela própria norma. 
 
• Para Damásio de Jesus só existe ilicitude material, porque constitui uma 
lesão ou perigo de lesão ao interesse penalmente protegido. 
 
• Conceito unitário de Francisco de Assis Toledo: “ilicitude é a relação de 
antagonismo que se estabelece entre uma conduta humana voluntária e o 
ordenamento jurídico, de modo a causar lesão ou expor a perigo de lesão um 
bem jurídico tutelado”. 
 
• Para Teles (p. 225) ilicitude é a adequação da conduta do agente à 
proibição contida de forma implícita ou explicita na norma penal. A ilicitude tem 
caráter objetivo porque independe das condições pessoais do agente e de sua 
capacidade de responder pelo que fez. Assim, para descobrir se a conduta é 
ilícita, deve-se perguntar houve lesão ou perigo de lesão ao bem protegido?se 
a resposta é positiva, então há ilicitude.Para verificar se o mesmo fato é dotado 
de tipicidade, deve-se perguntar, este fato viola uma norma penal 
incriminadora? Se a resposta for positiva, então existe tipicidade, caso 
contrário, estando ausente a violação a norma penal incriminadora, torna-se 
atípico e o caso deve se resolver no âmbito civil, por meio de indenização. 
 
• Ex: choque de veículos, sem vítima. 
 
• Causas excludentes: Um fato pode ser típico, mas lícito, porque 
permitido por uma causa excludente, contida na norma permissiva justificante. 
Estas excludentes tem a função de afastar a ilicitude que o tipo penal contém. 
 
São também chamadas de justificantes, eximentes, descriminantes. 
 
• Estado de necessidade: art. 23, I e art. 24 do CPB 
 
• Requisitos objetivos: 
 
 
1 – perigo atual: é a situação concreta que antecede a lesão, que reúne as 
condições perceptíveis pelo sujeito e indispensáveis a produção do resultado. 
 
• Ex: incêndio na mata que irrompe em direção a casa onde crianças 
brincam. / Cachorro que se solta em direção ao pedestre. 
 
2 – salvar direito próprio ou alheio 
 
3 – perigo não causado dolosamente pelo sujeito: a pessoa que provocou o 
perigo não está autorizada pelo Direito a lesionar direito alheio. Ex: Daniel 
incendiou o cinema e não pode livrar-se da multidão de pessoas que impedem 
sua saída. Só se este incêndio tiver sido provocado de forma culposa. Ex: 
Daniel deixou cair no carpete uma ponta de cigarro que provocou o incêndio no 
cinema. 
 
4 – ausência do dever legal de enfrentar o perigo: não se confunde com a 
situação do crime omissivo no qual o dever de agir incumbe a quem é obrigado 
por lei, tendo condições de evitar o resultado sem risco pessoal. Nos crimes 
omissivos impróprios há a impossibilidade de justificar o comportamento do 
sujeito que tem o dever legal de enfrentar o perigo. Ex: no caso do incêndio 
florestal, que atingirá casa onde brincam crianças, o bombeiro, com 
equipamento de proteção e mangueira adequados, se recusa a apagar o 
incêndio com medo da fumaça e do fogo. 
 
5 – inexigibilidade do sacrifício do bem em perigo: Os bens que estão em 
perigo tenham certa proporcionalidade de valor entre si. Assim, não se admite 
sacrificar a vida humana para salvar um animal de estimação. 
 
• Requisitos subjetivos: o sujeito tem que agir com vontade de salvar o 
bem próprio ou de terceiros ameaçados, com consciência de que a situação de 
perigo era concreta e que a única saída era o sacrifício do outro bem, de menor 
valor. 
 
 
LEGÍTIMA DEFESA 
 
 
Requisitos objetivos: 
 
1 – agressão injusta: conduta humana dirigida a lesão de um bem, com objetivo 
de defender-se e repelir agressão de outrem. A agressão inclui a violência real, 
a ofensa verbal e a grave ameaça. 
 
2 – agressão atual ou iminente: Atual porque já se terá iniciado o ataque ao 
bem jurídico, que já sofre uma violação proibida e por isso pode ser repelida 
 
 
para ser interrompida ou evitar que se intensifique. Iminente é a lesão que vai 
acontecer imediatamente, ou seja, é a situação de perigo concreto de lesão, 
em que estão reunidas todas as condições indispensáveis à produção do 
resultado. 
 
3 – defesa de qualquer direito próprio ou alheio: 
 
4 – uso dos meios necessários: necessários são os meios eficientes entre os 
que se encontravam a sua disposição no momento da agressão. 
 
5 – moderação na utilização dos meios: a moderação refere-se ao uso dos 
meios necessários sem excesso ou exagero, tendo em vista a 
proporcionalidade e as condições e circunstâncias que envolvem o fato. 
 
Requisito subjetivo: consciência e vontade de agir conforme o Direito. 
 
• Ex: Mougo afirma para seus colegas de turma que vai matar Rabelo, no 
dia seguinte pela manhã, este fica sabendo da intenção do primeiro, razão pela 
qual se antecipa e desfere três tiros contra Mougo e alega legítima defesa. 
Conclusão: não cabe (falta agressão atual ou iminente). 
 
• Fabiano é agredido em via pública por Wanessa, com um tapa no rosto; 
com raiva, Fabiano entra em sua casa, onde pega uma arma de fogo, e em 
seguida atira em Wanessa, sob alegação de legítima defesa. Não cabe (falta 
agressão atual, uso de meios moderados e necessários) 
 
• Estrito cumprimento do dever legal:Ocorre quando o sujeito viola certo 
bem, para cumprir determinação legal. A justificativa alcança os funcionários 
públicos em sentido amplo. 
 
• Ex: prisão em flagrante efetuada pelo policial, cumprimento de mandado 
judicial de demolição por oficial de justiça. 
 
• Requisitos objetivos: estão contidos na própria lei que impõe ao agente o 
dever de realizar a conduta. 
 
• Requisitos subjetivos: conhecimento de que está agindo em 
cumprimento de um dever e a vontade de fazê-lo. 
 
• Exercício regular de direito: trata-se de uma faculdade conferida por lei 
ao sujeito para agir de certa forma, ainda que lesando bem de outrem. 
 
• Ex: prisão em flagrante efetuada por particular (art. 5° da CF/88 e art. 
301 do CPP). 
 
 
 
• Requisitos objetivos: são determinados pela própria lei que faculta a 
conduta ao sujeito. 
 
• Requisitos subjetivos: a consciência e a vontade de agir de acordo com 
o Direito. 
 
• Consentimento do ofendido: apesar de não integrar as causas 
excludentes, discute-se se o consentimento do ofendido pode excluir a ilicitude. 
 
• Deve-se perguntar: o dissenso do ofendido é elemento do tipo penal? O 
bem jurídico é disponível ou indisponível? 
 
• Nos tipos legais em que o dissenso do ofendido é um de seus elementos 
constitutivos, exclui-se a tipicidade. Ex: art. 213 e art. 150 do CPB 
 
• Nos casos em que o dissenso não é circunstância elementar, o ofendido 
pode renunciar ao direito de promover a ação penal, se presentes duas 
condições: a) disponibilidade do bem jurídico; b) a capacidade de consentir do 
ofendido. Ex: crimes contra a honra. 
 
• Teles (p. 251) defende neste último caso, a existência de uma hipótese 
de exclusão da ilicitude. 
 
• Excesso nas excludentes: As causas de exclusão da ilicitude tem limites 
objetivos que devem ser seguidos, sob pena do sujeito responder pelos seus 
excessos, na forma do art. 23, parágrafo único do CPB. 
 
• Na legítima defesa o limite é a reação com uso moderado dos meios 
necessários. 
 
• No estado de necessidade é a proporcionalidade certa e razoável entre 
o bem sacrificado e o bem salvo. 
 
• O exercício de direito deve ser regular e o dever legal deve ser cumprido 
estritamente. 
 
• 1 – excesso doloso: quando o agente tem consciência de que 
ultrapassou os limites legais da excludente epor isso fica descaracterizada a 
eximente, sendo mantida a ilicitude. Ex: César efetua a prisão do assaltante de 
sua irmã e, com raiva, passa a agredi-lo quando este já está dominado e 
algemado, torturando-o. 
 
• 2 – excesso culposo: quando o excesso deriva da inobservância do 
dever de cuidado objetivo, sendo punível se houver um tipo previsto na 
modalidade culposa. Ex: Freitas, ao se defender de um assaltante, que porta 
 
 
arma de fogo, acaba reagindo, desferindo-lhe o primeiro tiro na sua mão, 
tomando-lhe a arma, porém, sem medir suas forças e o potencial lesivo do 
meio usado, prossegue, desferindo outros dois tiros contra o meliante, embora 
não estivesse com a vontade deliberada de lesioná-lo, mas o faz por descuido 
em verificar a desnecessidade do segundo e terceiro disparos. 
 
 
DA CULPABILIDADE 
 
 
• Conceito: baseado no princípio da responsabilidade subjetiva, segundo o 
qual os elementos psíquicos ou anímicos são essenciais para a caracterização 
de um delito, como condição ou pressuposto da aplicação da pena criminal. 
 
 
• Apesar de existirem diversas teorias discutindo e propondo conceitos 
para definir a culpabilidade e seus elementos, vigora no Direito Penal, as idéias 
de Hans Welzel passando a culpabilidade a ser concebida como puro juízo de 
valor ou reprovabilidade de caráter normativo, sendo este conceito esclarecido 
pela teoria finalista. 
 
 
PRESSUPOSTO 
 
 
• Imputabilidade: É a capacidade ou aptidão de entendimento ou 
determinação do homem, isto é, em decidir e distinguir a ilicitude e tipicidade 
da sua conduta, no momento do crime. É pressuposto da culpabilidade. 
 
• Causas de inimputabilidade: são causas que afastam a imputabilidade 
penal e estão previstas no art. 26, art. 28, § 1°, do CPB. 
 
Requisitos: 
 
• Causal. Ex: embriaguez de caso fortuito 
• Quantitativo. Ex: embriaguez completa 
• Cronológico: ao tempo da ação 
• Consequencial: ausência de capacidade de entendimento e 
autodeterminação 
 
 
CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE 
 
• Doença mental (art. 26 CP): CP adota o critério psicológico, 
considerando a ocorrência de doenças que alteram as funções intelectivas e 
 
 
volitivas do sujeito como as psicoses orgânicas, tóxicas ou funcionais como 
causa da inimputabilidade. 
 
• Embriaguez patológica: doença decorrente da dependência física ou 
psíquica. Pode configurar inimputabilidade (art. 26, caput CP) ou 
responsabilidade diminuída (art. 26, par. Único CP) Ex: alcoólatra. 
 
• Desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26 CP): critério 
biopsicológico, onde concorrem circunstâncias não patológicas como a 
menoridade (imaturidade) e silvícolas inadaptados e no último caso, refere-se 
aos oligofrênicos (dementes ou idiotas). 
 
• Embriaguez acidental: é a intoxicação aguda e transitória causada pelo 
álcool, cujos efeitos podem acarretar excitação, depressão até a letargia por 
paralisia e coma. Torna-se completa a embriaguez que atinge a fase 
depressão. O elemento causal deve ser por força maior ou caso fortuito. 
 
Caso fortuito: 
 
• Completa: art. 28, § 1° CP – exclui a imputabilidade 
 
• Incompleta: art. 28,§ 2° CP – o agente responde pelo crime com 
atenuação de pena 
 
 
– Força maior (art. 28, § 1° CP): resulta de força física externa de alguém que o 
obriga a ingerir álcool 
 
• Completa: art. 28, § 1° - exclui a imputabilidade 
• Incompleta: art. 28, § 2° CP - o agente responde pelo crime com 
atenuação de pena 
 
• Casos de responsabilidade diminuída ou semi-imputabilidade: quando o 
agente por circunstâncias previstas expressamente em lei não era inteiramente 
capaz de entendimento e vontade. Ex: art. 26, parágrafo único e art. 28, § 2° do 
CPB. 
 
• Sistema vicariante: substitui o sistema do duplo binário, isto é, proíbe a 
execução cumulada e sucessiva de pena privativa de liberdade e medida de 
segurança, determinado a aplicação de medida de segurança, com prazo 
mínimo de 1 a 3 anos, conforme a periculosidade do agente semi-imputável e 
para inimputáveis. No âmbito processual a sentença da medida de segurança é 
absolutória. 
 
 
 
• Elementos: Potencial consciência da ilicitude: possibilidade de saber que 
a conduta praticada pelo sujeito é contrária ao Direito. 
 
• Existem causas que afastam este elemento da imputabilidade, como: 
 
• Erro de proibição invencível (art. 21 CP): qualquer pessoa prudente e de 
discernimento incorreria no erro sobre uma situação em que o sujeito não tinha 
condições de reconhecer o caráter proibido de sua conduta. Ex: mãe que 
passeia com filho tutelado por outrem (art. 249 CP) 
 
• Descriminantes putativas (art. 20, § 1° CP): são excludentes imaginárias, 
consubstanciando modalidades de erro sobre as causas de justificação ou 
ilicitude. Por isso não excluem a ilicitude do fato, mas gera isenção de pena. 
Ex: policial que prende irmão gêmeo do meliante. 
 
• Exigibilidade de conduta diversa: possibilidade do agente escolher entre 
a conduta lícita e ilícita, no momento da prática do fato. 
 
• Pode ser afastada pela ocorrência de: 
 
• Coação moral irresistível (art. 22 CP): é a violência moral imprimida 
contra o sujeito ativo de forma invencível, denominada de vis compulsiva, a fim 
de obrigá-lo a fazer ou deixar de fazer algo. 
 
• Obediência hierárquica (art. 22 CP): é uma espécie de erro de proibição 
invencível, já que o superior hierárquico ordena um comando a pessoa sobre a 
qual exerce poder por força de sua função ou cargo público, que deve 
obedecer em razão de vínculo de subordinação, desde que tal ordem não seja 
manifestamente ilegal. Neste caso, somente o autor da ordem deve ser punido. 
Ex: promotor exige do secretário que antes da audiência chame a sua 
presença uma testemunha e se esta recusar, que a traga presa por 
desobediência. 
 
• Emoção (art. 28, I CP): não exclui a imputabilidade penal, sendo a 
emoção um estado afetivo passageiro, que atinge e perturba o equilíbrio 
psicológico do sujeito, alterando-lhe a maneira de pensar e agir, sem retirar-lhe 
a capacidade de entendimento e autodeterminação. Pode configurar uma 
causa de diminuição de pena ou circunstância atenuante. Ex: medo 
 
 
• Paixão (art. 28, I CP): é um estado crônico, duradouro e estável, que 
revela crise psíquica e física profunda, sem retirar-lhe a capacidade de 
entendimento e autodeterminação. Pode configurar uma causa de diminuição 
de pena ou circunstância atenuante. Ex: ódio. 
 
 
 
• Erro de proibição evitável (última parte do art. 21 CP): decorre da 
displicência, pois o agente podia ter realizado um pouco de esforço para 
alcançar a consciência da ilicitude. Assim, pode gerar somente uma diminuição 
de pena de 1/6 a1/3. 
 
• Embriaguez não acidental (art. 28, II CP): 
 
• Voluntária ou actio libera in causa: gera punição por responsabilidade 
penal objetiva, podendo configurar uma circunstância agravante no caso da 
embriaguez preordenada. Pode ser completa ou incompleta e não exclui a 
imputabilidade. 
 
– preordenada: o sujeito age com dolo e uso o álcool para se encorajar a 
pratica de crime. 
 
– culposa: caracteriza-se quando o sujeito age com culpa, pois não quer se 
embriagar, mas negligentemente, continua ingerindo álcool. 
 
 
ITER CRIMINIS 
 
 
CRIME CONSUMADO (conatus): aquele que percorreu todo o iter criminis 
(COGITAÇÃO, PREPARAÇÃO, EXECUÇÃO, CONSUMAÇÃO), sem 
interrupção. Difere do crime exaurido, que ultrapassa a integralização do plano 
do agente e da consumação dos elementos do tipo penal. 
 
Diferença com exaurimento: ex: concussão. 
 
 
MOMENTO CONSUMATIVO NOS DIVERSOS TIPOS DE CRIME: 
 
 
• 1 – materiais: momento do resultado. 
• 2 – formais (ex: art. 158 – extorsão- menciona o resultado, mas não 
exige sua ocorrência para caracterizar a consumação) e de mera conduta (ex: 
art. 150 – violação de domicílio - descreve só a conduta, não prevê resultado): 
momento da conduta. 
• 3 – omissivo próprio: com a simples inação. 
• 4 – omissivos impróprios: momento da produção do resultado. 
• 5 – permanente: momento consumativo se perpetua no tempo.• 6 – culposo: com o resultado naturalístico 
 
Consumação e arrependimento posterior: no arrependimento posterior, embora 
o sujeito tenha percorrido todo o iter criminis sem interrupção, o agente pode 
 
 
ter sua pena reduzida, se reparar o dano ou restituir a coisa, por ato voluntário, 
antes do recebimento da denúncia ou queixa. Efeitos: O agente responde pelos 
atos já praticados, com aplicação de causa obrigatória de redução de 1 a 2/3 
da pena, atenuante ou extinção da punibilidade. 
 
• Ex: art. 312, § 3° do CPB (peculato culposo) X art. 16 do CPB 
(minorante) X art. 65, II, b do CPB (atenuante genérica) 
 
• TEORIA DA ADEQUAÇÃO TÍPICA DIRETA: é a perfeita adequação da 
conduta do sujeito ao tipo penal previsto de forma genérica, porque percorreu 
todo o iter criminis sem interrupção, consumando-se o delito. 
 
• Ex: crime de furto 
 
• CRIME TENTADO 
 
• Conceito: é uma norma de extensão, porque resolve problemas de 
enquadramento legal da conduta do agente por meio da ampliação temporal da 
figura típica. Isto ocorre porque na tentativa, o sujeito não consegue percorrer 
todo o iter criminis ou quando o percorre, não consegue alcançar o resultado 
devido a intervenção de circunstancias alheias a sua vontade. 
 
 
ELEMENTOS 
 
 
1 – dolo do crime consumado 
2 – início de execução, sendo adotada a teoria formal para defini-la, como o 
momento em que inicia a execução dos elementos do núcleo do tipo. 
3 – interrupção por circunstancias alheias a vontade do agente 
 
 
• TEORIA DA ADEQUAÇÃO TÍPICA INDIRETA: é a adequação da 
conduta do sujeito a um tipo penal de forma indireta, através da aplicação de 
uma regra de extensão prevista no art. 14, II do CPB, nos casos em que o 
sujeito foi interrompido por circunstâncias alheias a sua vontade e não pôde 
completar o iter criminis, ficando impossibilitado de consumar todos os 
elementos do tipo penal, bem como nos casos de concurso de pessoas, em 
que o partícipe tenha menor contribuição para o evento delituoso, sendo sua 
conduta enquadrada na norma penal do art. 29 do CPB. 
 
• Ex:tentativa de furto 
 
• Espécies de tentativa: 
 
 
 
a) Perfeita (crime acabado ou crime falho): ocorre quando o iter criminis é 
percorrido, finalizando-se a processo executório, porém não advém o resultado 
por circunstância alheia a vontade do agente. 
 
• Ex: João, com vontade de matar, atira em Pedro, acerta-o, no rosto, mas 
este é socorrido, tratado e curado, não morre. 
 
•b) imperfeito: quando o processo executório é interrompido por terceiros no 
início da execução. 
 
Ex: Silvia quer bater em seu marido por ciúme de sua vizinha, quando parte 
para cima deste segurando uma cadeira, sua vizinha a segura e protege o 
amante. 
 
 
Casos que descaracterizam a tentativa: 
 
 
• Tentativa imperfeita e desistência voluntária: na desistência existe o 
elemento anímico referente a vontade do agente de interromper o iter criminis. 
 
• Efeitos: Se os atos anteriores são típicos, o agente responde pelos atos 
já praticados como delito autônomo doloso. Caso contrário, têm-se a 
atipicidade ou causa de exclusão da punibilidade (Delmanto, p. 27-28). Ex: na 
tentativa de estupro, pode restar o constrangimento ilegal. 
 
• Ex:João, querendo matar Pedro, dá-lhe um tiro que o atinge no braço, 
mesmo tendo munição em sua arma e podendo dispará-la novamente, desiste 
de prosseguir na execução do crime e socorre a vítima, salvando-a. 
 
• Tentativa perfeita e crime impossível: no crime impossível o resultado 
não ocorre devido a absoluta impropriedade ou ineficiência dos meios usados 
pelo agente, não advindo o resultado embora tenha percorrido todo o iter 
criminis. 
 
• Efeitos: Não há crime, sendo atípico. (Damásio, p. 346) 
 
• Ex: João quer matar Pedro, aciona uma arma, que está descarregada. 
 
• Tentativa perfeita e arrependimento eficaz: no arrependimento eficaz, 
ocorre a consumação do delito, porém o resultado não advém porque o agente 
se arrepende a tempo de socorrer a vítima ou evitar o resultado. 
 
• Efeitos: O agente responde pelos atos já praticados, se forem típicos. 
 
 
 
• Ex: Mara atira para matar Guedes, acertando seu peito. Somente após 
feri-lo, Mara se arrepende e o conduz até o hospital para socorrê-lo, 
providenciando para que seja curado e o salva. 
 
• Inadmissibilidade da tentativa: 
 
• Crime culposo: porque o crime depende sempre do resultado lesivo. 
Exceto na culpa imprópria (agente visa ao evento que não vem a ocorrer por 
intervenção de 3º) 
 
• Crime preterdoloso: o resultado é o que transforma o crime em 
preterintencional 
 
• Crime unissubsistente: porque é crime de ato único. Ex: injúria oral. 
 
• Crime omissivo puro: porque não exige resultado naturalístico 
decorrente da omissão. Exceto o omissivo impróprio. Ex: mãe, quer matar o 
próprio filho, em estado puerperal, por isso não o amamenta, porém o vizinho o 
socorre (tentativa de crime de infanticídio). 
 
• Crime habitual: porque exige para sua consumação, a reiteração de 
atos, que se praticados de forma isolada são penalmente indiferentes. Ex: art. 
284, I, 229, 230, 282 do CP 
 
• Concurso de pessoas: ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem 
e colaboram para a prática do delito. É necessário que exista entre elas um 
liame subjetivo para uni-las em direção a uma mesma finalidade. As pessoas 
envolvidas nos crimes de concurso eventual, tem seu enquadramento típico 
resolvido pela aplicação da norma de extensão prevista no art. 29 do CPB. 
 
• Elementos: 
 
• 1 – pluralidade de condutas: exige conduta de duas ou mais pessoas, 
realizando o fato típico ou contribuindo de qualquer modo para sua realização. 
 
• 2 – relevância causal das condutas: conduta do co-autor ou partícipe 
deve ser eficaz para o resultado. 
 
• Obs: não há participação no crime culposo, só aceita culpa na co-
autoria, pois na culpa não se cogita cooperação no resultado, mas sim na 
causa. Ex: 2 pessoas jogam um objeto do 10° andar de um prédio e por 
negligência atingem um transeunte, sem querer. 
 
• 3 – liame subjetivo (dolo) e normativo (culpa) (Damásio, p. 415): é 
indispensável a adesão subjetiva à vontade do outro, embora seja 
 
 
desnecessária a prévia combinação entre os autores e co-autores. No caso do 
partícipe, este tem que ter a consciência de contribuir para a atividade do outro. 
Autor e partícipe tem de agir com o mesmo elemento subjetivo. 
 
• Ob: a ausência de liame subjetivo pode gerar uma autoria colateral 
(todos agem como a mesma finalidade, mas desconhecem a conduta alheia). 
 
• 4 – identidade de infração aos participantes: a infração deve ser igual 
objetiva e subjetivamente para todos os concorrentes. É a chamada teoria 
monista, pois só há um crime para todos os envolvidos. A culpabilidade, porém 
é individual. 
 
 
TIPOS DE CONCURSO 
 
 
• 1 – eventual: ocorre nos crimes monosubjetivos, isto é, naqueles crimes 
que podem ser cometidos por um único sujeito. 
 
• 2 – necessário: ocorre nos crimes plurisubjetivos, ou seja, aqueles nos 
quais se exige uma pluiralidade de agentes para a prática do delito. O concurso 
de pessoas é descrito no preceito primário da norma penal incriminadora. 
Quando a pluralidade de agentes é circunstância elementar do tipo, cada 
concorrente responde pelo crime, mas este só se integra quando os outros 
contribuem para a formação da figura típica. 
 
• Autoria: Divergência doutrinária 
 
• (Damásio, p. 403) Segundo a teoria restritiva, prevista no art. 29, § 1° e 
2° do CPB, autor é quem dá causa ao resultado delituoso, executando a 
conduta expressa pelo verbo típico da figura delitiva. 
 
• (Teles, p. 196-197) Segundo a teoria objetivo-subjetiva, autor é quem 
possui o domínio final da ação, podendo decidir sobre a consumação do 
procedimento típico. A determinação da autoria está vinculada ao tipo legal, 
mas também depende do elemento subjetivo do tipo, referente ao comando 
final do fato. 
 
• Autor intelectual: aquele que, sem executar diretamente qualquer parte 
do processo típico, possui o domínio final da conduta,

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