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10 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO II

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Código Logístico
59523
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6668-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 6 8 1
História da Educação 
Karen Fernanda Bortoloti
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Marek Poplawski/ 4 PM production/ Matej Kastelic/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
B748h
Bortoloti, Karen Fernanda
História da educação / Karen Fernanda Bortoloti. - 1. ed. - Curitiba 
[PR] : IESDE, 2020.
154 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6668-1
1. Educação - História. I. Título.
20-65765 CDD: 370.9
CDU: 37(09)
Karen Fernanda 
Bortoloti
Vídeo
Pós-doutoranda em Educação pela Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). Doutora em Educação 
Escolar pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). 
Mestra, Bacharela e Licenciada em História pela mesma 
instituição. Especialista em Educação a Distância pelo 
Instituto de Ensino Superior COC. Pesquisadora e 
professora no ensino superior nas áreas de história 
da educação e ensino de História. Atua na educação 
a distância como produtora de conteúdos e materiais 
instrucionais para graduação e pós-graduação. Gestora 
responsável pela estruturação e avaliação de cursos. 
Atua também como avaliadora no Instituto Nacional de 
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) 
e no Ministério da Educação (MEC).
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 A educação antes da escola 9
1.1 A educação nos primeiros agrupamentos humanos 10
1.2 A educação na Antiguidade Oriental: Egito e Mesopotâmia 12
1.3 Educação na Antiguidade Oriental: China, Índia e o povo 
 hebreu 16
2 Educação na Antiguidade greco-romana 21
2.1 A educação grega na Antiguidade 22
2.2 Dois modelos de educação grega 25
2.3 A educação romana na Antiguidade 33
3 Idade Média: a educação mediada pela fé 38
3.1 As escolas cristãs 39
3.2 O imaginário cristão e a educação 46
3.3 Filosofia medieval e educação 50
4 Renascimento e educação 57
4.1 A importância da educação no Renascimento 58
4.2 Reformas religiosas e educação 65
4.3 O método e a educação 68
4.4 Brasil: colonização e catequese 71
5 Iluminismo e educação 79
5.1 Iluminismo e reflexão pedagógica 80
5.2 Jean-Jacques Rousseau 85
5.3 Brasil: as reformas pombalinas e a educação 90
6 Século XIX: a educação nacional 97
6.1 O ideário do século XIX 98
6.2 O pensamento pedagógico do século XIX 102
6.3 Brasil: de Colônia a Império 110
6.4 Reflexões pedagógicas no final do século XIX 119
6 História da Educação
7 A educação na contemporaneidade 123
7.1 Educação para a democracia 123
7.2 Brasil: como o século XX chega à República 128
7.3 Redemocratização e novo panorama educacional 144
7.4 Século XXI: desafios da educação 148
Nas últimas décadas, especialmente no Brasil, a educação e a escola têm 
sido pauta de diversas discussões. As práticas educativas e a estruturação da 
escola, assim como os métodos pedagógicos e a sua eficácia na preparação 
de crianças e de jovens para a sociedade, são frequentemente tratadas nos 
mais diferentes círculos, e não apenas no campo educacional. 
Mas para entendermos os pontos que permeiam essas discussões, 
bem como os objetivos constantemente repensados para a educação 
contemporânea, é imprescindível que saibamos quais argumentos são, de fato, 
novos e quais podem ser considerados apenas releituras, as quais muitas 
vezes são permeadas por interesses econômicos, políticos ou ideológicos. 
O posicionamento crítico somente será possível se conhecermos o que 
chamamos de história da educação. Essa disciplina, que também é um campo 
de pesquisa relativamente recente, oferece-nos um importante arcabouço 
para compreendermos disputas políticas e culturais, dinâmicas de conflitos 
presentes em diferentes sociedades, assim como os diferentes cenários 
educacionais atuais.
Nesse sentido, a proposta desta obra, embasada em um quadro amplo da 
história da educação, é apresentar possibilidades de análises dos processos 
que culminaram no estabelecimento da educação formal no Brasil e em 
outros países. Para que esse objetivo seja alcançado, organizamos os temas e 
os períodos aqui abordados com base nas primeiras tentativas de elaboração 
da educação como algo necessário para a manutenção dos conhecimentos 
acumulados. 
Desse modo, no primeiro capítulo analisamos o processo educativo em 
comunidades não hierarquizadas. Nessas civilizações, embora ainda não 
tivessem uma instituição escolar, é possível notar a valorização e a preparação 
dos jovens. Também vamos verificar como as mudanças sociais e a elaboração 
de sistemas de escrita imediatamente impactaram a educação. 
Em seguida, no segundo capítulo, vamos discutir a educação na antiguidade 
greco-romana e conhecer as contribuições legadas pelas práticas educativas 
adotadas nessas civilizações, conhecidas por estruturarem a cultura ocidental. 
No terceiro capítulo, vamos compreender como a Igreja Católica 
influenciou a organização da educação durante a Idade Média, uma vez que 
esse longo período histórico proporcionou importantes reflexões sobre 
APRESENTAÇÃO
8 História da Educação
a educação e assistiu o nascimento de uma nova e revolucionária camada 
social: a burguesia, grupo que influenciou diretamente na estruturação de 
uma educação não religiosa.
No quarto capítulo, vamos verificar como o Renascimento Cultural lançou 
as sementes para a educação ser consolidada como um projeto de civilização 
em curso nas sociedades ocidentais a partir dos séculos XV e XVI, incluindo 
o território que hoje chamamos de Brasil, abordando também as práticas 
educativas que por aqui aportaram. 
Dando continuidade, no quinto capítulo buscaremos compreender a 
influência da filosofia e dos pensadores iluministas na educação e como seus 
ideários impactaram a educação brasileira. 
No sexto capítulo, vamos examinar como o desenvolvimento do capitalismo 
influenciou a educação, especialmente nos primeiros anos de escolarização 
dos indivíduos. Em relação ao Brasil, analisamos como a transferência da 
Família Real portuguesa foi significativa para a política, para a cultura e para a 
educação. 
Finalmente, no sétimo capítulo, verificamos como a educação e a escola 
tradicionais foram contrapostas, especialmente pela Escola Nova, colocando 
em discussão propostas que ainda estão em processo de consolidação. 
Bons estudos!
A educação antes da escola 9
1
A educação antes da escola
O desenvolvimento da agricultura, a organização do comércio 
e a estruturação do Estado oportunizaram a transformação dos 
agrupamentos humanos – até então nômades ou sedentários –, 
que sobreviviam basicamente da caça e da coleta. O aprimora-
mento do trabalho foi responsável por uma vida mais estável, com 
mais segurança e sem tantas mudanças, como no nomadismo. O 
início da agricultura e a domesticação de animais proporcionaram 
condições para que as sociedades se tornassem mais complexas, 
organizadas e criativas.
Da mesma forma que a filosofia, a arte e até mesmo a religião, a 
educação é um instrumento que homens e mulheres utilizam para 
compreender e modificar sua existência no mundo. Podemos até 
supor que a história da educação e de seus sujeitos é interessantee que, também, não é um simples desencadeamento de fatos, mas 
onde exatamente toda essa história começou?
A prática educativa e a formação dos mais jovens começou an-
tes mesmo da criação da escola. O que hoje chamamos de edu-
cação formal surgiu quando os seres humanos se familiarizaram 
com fenômenos naturais, passaram a utilizar ossos e pedras como 
instrumentos para as atividades cotidianas, transformaram a na-
tureza que os circundava e examinaram essa natureza e a si mes-
mos. Nesse momento, o domínio do fogo talvez tenha sido o maior 
avanço técnico e social, porque fez com que esses indivíduos se 
agrupassem, tornando-os conscientes de sua comunidade
Diante do exposto, antes de discutirmos a história da edu-
cação ocidental, vamos analisar neste capítulo como era a 
educação antes da escola, isto é, nos primeiros agrupamentos 
humanos e nas civilizações orientais, as quais foram as respon-
sáveis pela estruturação das primeiras sociedades hierárquicas 
de que temos conhecimento.
10 História da Educação
1.1 A educação nos primeiros 
agrupamentos humanos Vídeo
Não é nada fácil historiarmos os primeiros tempos da educação, 
especialmente porque estamos diante de práticas realizadas por su-
jeitos que desconheciam a escrita. O que sabemos hoje é que du-
rante séculos homens e mulheres conviveram em pequenos grupos 
e pequenas comunidades nos quais não havia desigualdade entre as 
pessoas, tampouco propriedade exclusiva sobre as terras, as ferra-
mentas e os conhecimentos, isto é, não havia nenhum tipo de privi-
légio. Todos os bens eram coletivos e partilhados entre os membros 
da comunidade, existia apenas “o nosso”.
O termo comunidade nos remete à existência de uma significativa 
cooperação entre todos os indivíduos. Porém, é importante ressaltar 
que para esses primeiros agrupamentos a antropologia associou o 
termo primitivo. Ao contrário do que nos leva a acreditar, a expressão 
comunidade primitiva não significa comunidade atrasada, mas apenas 
que eram sociedades menos complexas, não hierarquizadas e que re-
presentavam outra forma de viver (PONCE, 1986).
Essas comunidades, especialmente com o domínio de técnicas e a 
elaboração de outros instrumentos, também se modificaram de manei-
ra diversa ao longo do tempo e nem todas se desenvolveram, ou, como 
preferem alguns, alcançaram a “civilização”, sendo um ótimo exemplo 
os povos encontrados na América no momento em que os europeus 
estiveram aqui pela primeira vez.
Nessas primeiras sociedades, apesar da ausência da escrita 
e, consequentemente, de uma reflexão pedagógica e métodos 
educacionais sistematizados, existia uma maneira de ensinar os mais 
jovens. Essa educação “primitiva” objetivava, antes de tudo, ajustar 
as crianças e os jovens ao meio físico e social em que conviviam. 
Nessas sociedades, os conhecimentos acumulados e necessários 
para a manutenção do grupo eram transmitidos por meio da 
imitação. As crianças e os jovens participavam das atividades dos 
adultos, aprendendo, pouco a pouco, as diversas ocupações. A 
preparação dos mais jovens por meio da imitação era irrestrita, 
abrangendo todo o saber do grupo, bem como o saber universal, 
pois todos tinham acesso aos saberes (ARANHA, 2006).
Para entender mais a 
respeito dos primeiros 
agrupamentos humanos, 
indicamos o filme A 
Guerra do Fogo. A obra 
mostra como era a convi-
vência entre os primeiros 
hominídeos e como o 
fogo foi importante para 
o processo de sedentari-
zação, ou seja, a fixação 
em um lugar.
Direção: Jean-Jacques Annaud. 
França; Canadá; Estados Unidos: 
Lume Filmes, 1981.
Filme
A educação antes da escola 11
Nesse contexto, a formação dos mais novos era um instrumen-
to de sobrevivência dessas comunidades, uma vez que era respon-
sável pela transmissão dos conhecimentos até então acumulados 
pelo grupo e para o desenvolvimento cultural. Portanto, a educação 
– mesmo que sem uma reflexão, por meio do jogo-imitação e “para a 
vida e por meio da vida” (ARANHA, 2006, p. 35) – transformou-se em 
algo fundamental para a manutenção e o aprimoramento cultural 
desses grupos, pois os mais novos aprendiam o uso das armas, a 
caça, a colheita, o pastoreio ou a agricultura, o uso da linguagem, o 
culto aos mortos e as técnicas de domínio do meio ambiente. Tanto 
nas tribos nômades quanto naquelas que já se sedentarizavam, os 
pequenos aprendiam imitando os gestos dos adultos nas atividades 
diárias e nos rituais.
Para alguns historiadores da educação, além da imitação, os rituais 
de iniciação devem ser compreendidos como uma forma de educação 
por se tratar de uma prática de incorporação ou aceitação do mais 
novo em um outro patamar: daquele que conhece o necessário para 
contribuir com o grupo. Segundo Clastres (1978), as leis transmitidas 
pelos rituais representam a não aceitação da sociedade primitiva em 
correr o risco da separação e o risco de um poder afastado dela mes-
ma. A lei primitiva, friamente ensinada, é uma defesa à desigualdade 
de que todos lembrarão.
Apesar da relevância da formação dos mais jovens, notamos, po-
rém, a falta de uma figura expressiva do processo de ensino e apren-
dizagem: o mestre. O traço ritualístico e iniciático de grande parte das 
sociedades primitivas era diretamente expresso na figura dos mais ve-
lhos, dos feiticeiros, xamãs ou homens que consultavam os espíritos, 
que, por exemplo, transmitiam explicações e ensinamentos durante as 
cerimônias, sendo assim, considerados os primeiros professores.
Cabe enfatizar que comunidades com essas características são ain-
da existentes, por exemplo, em regiões da Amazônia brasileira e da 
África. Mesmo sendo diferentes entre si em termos de complexidade 
material e cultural, essas comunidades possuem em comum com os 
povos neolíticos da Europa, do Oriente Médio e do norte da África uma 
economia pautada em atividades de subsistência e estatutos de orga-
nização social relativamente simples. A organização dos modos de vida 
dessas comunidades nos oferece um vislumbre de como era a educa-
ção nas primeiras sociedades.
“Coletividade pequena, assenta-
da sobre a propriedade comum 
da terra e unida por laços de 
sangue, os seus membros eram 
indivíduos livres, com direitos 
iguais, que ajustaram suas vidas 
às resoluções de um conselho 
formado democraticamente 
por todos os adultos, homens 
e mulheres da tribo” (PONCE, 
1986, p. 17).
Com base na afirmação feita 
nesse excerto, discorra sobre como 
ocorria a educação nas sociedades 
denominadas primitivas.
Atividade 1
12 História da Educação
1.2 A educação na Antiguidade 
Oriental: Egito e Mesopotâmia Vídeo
Com o crescimento populacional dentro de algumas comunidades 
primitivas, as necessidades, assim como o que fazer com o excedente 
de produção, foram aumentando e exigindo adaptação por parte dos 
habitantes dessas comunidades. Para solucionar o “problema” dos pro-
dutos excedentes e complementar o que não era produzido por razões 
climáticas ou por desconhecimento de técnicas, essas comunidades 
começaram a trocar o que tinham de bom e em excesso, dando os pri-
meiros passos do que hoje denominamos de comércio.
Para muitos desses agrupamentos, metais raros e bonitos, como 
o ouro, a prata e até o cobre, eram muito valiosos. Assim, os proto co-
merciantes passaram a desejar receber e pagar com pedaços de metais 
preciosos. Essas partes valiosas que todos aceitavam era o que conhe-
cemos como dinheiro. O dinheiro foi idealizado exatamente para pro-
mover o comércio; com ele, era possível comprar qualquer mercadoria.
Procurando sanar as necessidades que surgiram com o aumento 
da população, começaram a ser organizadas construções de templos 
religiosos, aberturas de estradas, escavações de canais de irrigação e 
construções de cercas e muros para defesa territorial – as comunidades, 
antes governadas por homens ligados pelos laços de parentesco, preci-
saram de líderes para comandar e organizar o trabalho de centenas e 
até milhares de pessoas. Como esquematizar e controlar as pessoas que 
administravamas obras e arranjar efetivo para fazê-las? Como conseguir 
comida para esses trabalhadores? Gradualmente, em muitas sociedades 
foi surgindo um tipo de instituição que cumpria todas essas tarefas de 
administração das obras públicas e, também, de controle da população. 
Surgia o que posteriormente foi chamado de Estado.
Esse novo modo de organização da comunidade passa a ser for-
mado por grupos de pessoas que tinham, ao longo do tempo, se es-
pecializado em tarefas muito importantes, como a sistematização e 
administração de obras públicas. Além de administrar, essa nova ins-
tituição tinha como incumbência cobrar impostos para financiar todas 
as suas atividades e controlar um exército que tinha a dupla função de 
defender o território e conter a população.
A educação antes da escola 13
Com a organização do Estado, verificamos também o isolamento 
dos núcleos familiares, uma vez que o grupo não era mais chefiado por 
um líder. Aos poucos, as famílias que prosperavam não desejavam mais 
partilhar suas riquezas com as outras famílias, originando, assim, a pro-
priedade privada (PONCE, 1986). O que antes era partilhado passou a 
pertencer a uma única família, separando ainda mais as pessoas umas 
das outras. O resultado mais nítido da estruturação da propriedade pri-
vada foi o aparecimento das diferenças, pois como a propriedade era 
hereditária, os pais passaram suas riquezas para seus filhos, e os filhos 
dos menos abastados herdavam o trabalho duro, a fome e o cansaço.
Ainda que historiografia tenha enfatizado por muito tempo uma abor-
dagem ocidentalizante, as primeiras civilizações com Estado organizado 
surgiram na região do Oriente Próximo 1 . Esses Estados construíram ci-
dades com infraestrutura complexa, intricadas formas de organização 
econômica, do trabalho e da sociedade, além de governos com institui-
ções bem determinadas. As leis que disciplinavam as relações sociais e 
os interesses elaboraram importantes obras artísticas e desenvolveram 
a escrita.
Esses povos que viveram no Oriente Próximo, Oriente Médio e Extremo 
Oriente (África e Ásia) construíram sociedades mais complexas e deram 
mais atenção à formação de seus homens, especialmente os ligados ao 
governo. Assim, a instrução que antes era destinada a todos agora estava 
restrita com base na função do sujeito na sociedade, originando o dualis-
mo escolar, ou seja, uma educação para a elite e outra para os demais.
Apesar da preocupação com a formação dos homens, o que nos leva 
a considerar essas como sendo as primeiras tentativas de organização 
do ensino, não havia exatamente um pensamento pedagógico e a ins-
titucionalização do ensino. As orientações sobre o fazer educativo eram 
retiradas dos livros sagrados de cada uma dessas sociedades e o ato de 
educar ocorria, na maior parte delas, no templo religioso.
Essas civilizações apresentaram alguns pontos convergentes, 
como a elaboração da escrita; a substituição da organização genética 
da sociedade por uma organização política e/ou religiosa; a especiali-
zação e divisão do trabalho; e a consciência do seu passado com base 
no domínio da escrita. Com relação à educação, houve o predomínio 
do que denominamos de tradicionalismo, uma vez que as mudanças 
eram lentas ou inexistentes.
O Oriente Próximo – também 
chamado de Oriente Antigo – 
compreende a região da Ásia 
próxima ao mar Mediterrâneo 
e a oeste do rio Eufrates. Síria, 
Líbano, Israel, Palestina e Iraque 
são os países que compõem 
esta região.
1
Para conhecer mais a 
respeito de diversos 
aspectos das primeiras 
civilizações, sugerimos 
a leitura da obra de 
Jaime Pinsky, As primeiras 
civilizações. Nessa obra, 
o autor discorre desde 
as civilizações primitivas, 
Egito e Mesopotâmia até 
os hebreus.
PINSKY, J. 25. ed. São Paulo: 
Contexto, 2001.
Livro
Verificamos que na Antiguidade 
Oriental, especialmente 
com o desenvolvimento da 
escrita, estruturou-se uma 
necessidade de preservar obras 
e informações, dando origem ao 
que atualmente chamaríamos de 
biblioteca. Em sua comunidade 
existe alguma biblioteca? Em 
caso positivo, você a frequenta? 
Pense na importância dessa 
preservação.
Desafio
14 História da Educação
Dentre as civilizações orientais, a que mais desperta o interesse de 
historiadores e arqueólogos e a curiosidade do público em geral é a 
egípcia. O celebrado Egito deixou para os historiadores alguns elemen-
tos importantes para a compreensão de sua educação. Nessa civiliza-
ção, os conhecimentos eram passados sem questionamentos e sem 
uma preocupação com questões teóricas e princípios científicos. Por 
existir um Estado teocrático e centralizador, o ensino era restrito a pou-
cos, aos sacerdotes. Esses sacerdotes eram os representantes da elite 
intelectual de uma sociedade estratificada (ARANHA, 2006).
As escolas no Egito funcionavam em templos e em casas e eram 
frequentadas por uma média de 15 alunos. O mestre agrupava os es-
tudantes ao seu redor e os ensinamentos eram transmitidos, e cabia 
ao aluno a repetição até a memorização completa, sob pena de severo 
castigo físico (CAMBI, 1999).
A atenção desses mestres também era voltada para as atividades físicas 
e preparação do corpo, especialmente para nobres e guerreiros. Essa forma 
de ensino pode parecer, em um primeiro momento, descontraída, mas 
era severa, autoritária e buscava apenas a obediência do aluno e a 
preparação de seu corpo. Em resumo, percebemos que a educação 
egípcia estava organizada segundo a divisão de classes e especiali-
zada para a formação do intelectual do sacerdote e “desenvolvida 
em torno da aprendizagem escrita” (CAMBI, 1999, p. 68).
Nas camadas sociais menos abastadas, as crianças acompanhavam os 
pais nas mais diversas tarefas. Os filhos dos agricultores, por exemplo, 
ficavam com seus pais no campo, os filhos dos artesãos circulavam pelas 
oficinas, até mesmo os soberanos viviam rodeados pelos filhos, o que nos 
remete a uma forte valorização da educação familiar. Os pais ou familia-
res, como ocorria nas sociedades menos complexas, ensinavam aos filhos 
por meio da observação para depois reproduzir o processo ou processos 
observados (MANACORDA, 1992). Além de não frequentarem os locais 
destinados ao ensino, grande parte dos jovens egípcios era excluída da 
ginástica e da música, reservadas apenas aos guerreiros e consideradas 
uma espécie de adestramento para a guerra (CAMBI, 1999).
Assim como a civilização egípcia, as civilizações que compuseram a 
Mesopotâmia também se estabeleceram em margens alagáveis, entre 
os rios Tigre e Eufrates em uma região de planícies no Oriente Médio 
(atual Iraque). Para facilitar a permanência nessa localidade, os grupos 
Figura 1
O Escriba sentado, de 
artista desconhecido 
(2600-2300 a.C.)
O escriba foi uma figura muito 
importante na civilização 
egípcia, especialmente porque 
nos legaram informações 
para a escrita da história da 
educação.
Museu do Louvre/Wikimedia Commons
A educação antes da escola 15
que se fixaram na região desenvolveram diversas obras hidráulicas, 
como diques e canais de irrigação.
Da mesma forma que o Egito, na Mesopotâmia o Estado era teocrático, 
ou seja, a política era atrelada à religião, que era politeísta. Os curas eram 
funcionários do Estado e os templos zelavam também pela administração 
e cobrança de impostos das famílias que trabalhavam nas terras.
Os povos que compuseram a região – sumérios, semitas, assírios 
e babilônios – se revezaram no comando do território. Infelizmente, 
esses povos nos legaram poucas informações sobre a educação e seus 
métodos, mas podemos afirmar com certo grau de certeza que, dada 
a importância da religião, a função social dos sacerdotes e também de 
sua formação escolar.
Inicialmente, esses grupos promoveram uma educação doméstica, 
posteriormente foram criadas escolas públicas com a intenção de im-
por os valores aos povos que eram conquistados e precisavam aceitar 
a cultura dos dominadores. Essa escola pública, com o tempo, deu ori-
gem ao ensino superior, cujosindícios foram os primeiros identificados 
com a Universidade Palatina da Babilônia (ARANHA, 2006).
Além da estruturação da educação superior, na Mesopotâmia foi 
desenvolvido o sistema de escrita que, com a cidade de Ur (aproxima-
damente 3500 a.C.), foi adotado pelos povos da região. A escrita ela-
borada pelos mesopotâmicos era cuneiforme, em forma de cunha 
(Figura 2). Com uma espécie de palitinho, a pessoa cunhava os símbo-
los na argila macia (ARANHA, 2006).
Al
ek
sa
nd
r S
te
zh
ki
n/
Sh
ut
te
rs
to
ck Figura 2
Escrita cuneiforme
A escrita cuneiforme é a 
primeira forma de escrita 
sistematizada de que temos 
registro.
16 História da Educação
O Egito e a Mesopotâmia, guardadas as devidas proporções, forma-
ram civilizações grandiosas em diversos aspetos, porém com a estratifi-
cação social, surgiu também o dualismo escolar, com um acesso restrito 
à educação, algo que ainda hoje permeia nosso sistema de ensino.
Elabore um quadro comparativo 
da educação da criança nas 
civilizações do Oriente Antigo.
Atividade 2
Vídeo
Usuário-pato/Wikimedia Commons
Figura 3
Retrato de um jovem eru-
dita indiano, de Mir Sayyid 
Ali (ca. 1550)
Assim como no Egito e na 
Mesopotâmia, a educação 
na Índia era destinada a 
um grupo seleto.
1.3 Educação na Antiguidade Oriental: 
China, Índia e o povo hebreu 
Por volta de 2000 a.C., na região da Índia, prosperou uma civilização 
também às margens de rios – Indo e Ganges – com grandiosas cidades 
que superavam a Babilônia em desenvolvimento urbano, pavimenta-
ção e higiene pública.
Nas civilizações que estudamos anteriormente, a separação entre as ca-
madas sociais era muito marcante. Na Índia, a divisão era ainda mais clara, 
pois a sociedade hindu sempre esteve repartida em castas cerradas com 
mínima ou nenhuma expectativa de mobilidade. Portanto, como acontecia 
no Egito e na Mesopotâmia, a educação também era discriminadora e des-
tinada apenas à casta dos brâmanes, os sacerdotes do bramanismo.
casta: qualquer grupo social, ou 
sistema rígido de estratificação 
social, de caráter hereditário.
bramanismo: organização 
religiosa, política e social dos 
brâmanes.
Glossário
O ensino acontecia por meio 
da memorização dos textos 
sagrados com aulas ao ar livre. O 
mestre, que não lançava mão de 
castigos físicos, era reverenciado 
e respeitado em uma relação 
afetiva com o discípulo, ou seja, 
em relação aos demais povos 
da Antiguidade Oriental, foi na 
Índia que as crianças receberam 
melhor tratamento. Livres dos 
castigos físicos, as crianças 
recebiam atenção e afeto de 
familiares e mestres, que viam a 
importância dessas atitudes para 
o desenvolvimento saudável das 
futuras gerações (ARANHA, 2006).
No vale do rio Hoangô, ou Rio 
Amarelo, desde o terceiro milênio 
A educação antes da escola 17
a.C., em função das características geográficas, cresceu uma civilização 
agrícola com características neolíticas. Essa sociedade estruturou uma 
das mais tradicionais culturas da história, a cultura chinesa, que man-
tém alguns aspectos sem grandes mudanças até os dias atuais.
Na China, a religião e o poder estatal favoreceram o afastamento 
entre a população, os governados e a educação. Esta, inevitavelmente, 
espelhava esse caráter dualista e conservador, voltada exclusivamente 
para a difusão do conhecimento exposto nos livros clássicos, que opu-
nha cultura e trabalho (CAMBI, 1999).
Contudo, não eram os religiosos os principais detentores do conhe-
cimento e do processo educativo. Diferentemente do que ocorreu em 
grande parte das civilizações orientais, na China os mandarins eram os 
mais importantes funcionários do Estado e, por isso, tinham acesso às 
escolas especializadas, restando à maioria da população o acesso ape-
nas às oficinas e ao campo.
A principal metodologia utilizada na educação chinesa era a 
imitação. Primeiramente, o estudante deveria decorar os conteúdos 
que eram ensinados por meio da repetição em voz alta até a completa 
memorização. Após decorar o que foi transmitido, o estudante deveria 
repetir para o mestre na mesma ordem apresentada no livro ou lição, 
mesmo que ignorasse o significado do que repetia (ARANHA, 2006).
Nas escolas, os aprendizes recebiam uma educação dogmática por 
meio do método mnemônico, com leituras e escrita. A primeira educa-
ção, é possível afirmar, procurava ensinar o cálculo e a alfabetização, 
que era muito difícil e demorada devido à complexidade do sistema de 
escrita. A formação moral se baseava na transmissão dos valores dos 
ancestrais (ARANHA, 2006).
Para o ingresso na educação superior, cujo objetivo era a formação 
dos mandatários do governo, existia um severo processo seletivo. Tudo 
era feito de maneira rigorosa e tradicional, com ênfase, como já desta-
camos, nas técnicas de memorização.
Na organização social chinesa, desde muito jovens as crianças – em 
virtude do relevante papel da família, sob a chefia austera do pai – eram 
ensinadas para corresponder ao amor paterno e duramente castigadas 
pelos mandarins caso desrespeitassem os pais, contudo, ainda assim, 
sem gerar uma relação amistosa entre mestre (mandarim) e discípulo.
Para conhecer mais a 
respeito da civilização 
chinesa, acesse o portal 
Só História. Nesse site, 
você poderá encontrar 
informações a respeito 
da China antiga e dados 
a respeito das demais 
instituições abordadas 
neste capítulo.
Disponível em: https://www.
sohistoria.com.br/ef2/china/. 
Acesso em: 7 ago. 2020.
Site
18 História da Educação
Para finalizar a nossa análise dos primórdios da educação no Orien-
te, vamos verificar o único povo monoteísta dentre os apresentados. 
Os hebreus, também chamados de judeus ou israelitas, descendem de 
um antigo povo semita que povoava a Arábia. Os hebreus estavam 
sempre se deslocando à procura de um lugar mais adequado para vi-
verem. Por volta de 1800 a.C., saíram da Mesopotâmia para a região da 
Palestina, onde atualmente está o estado de Israel, e, em acirrada dis-
puta, conquistaram as terras que historicamente denominam de terra 
dos judeus (CAMBI, 1999).
A principal característica da civilização hebraica sempre foi a reli-
gião. Para começar, eram monoteístas, ou seja, acreditavam em um 
único deus que tinha criado o mundo e todas as coisas. No Antigo Tes-
tamento do livro bíblico estão os principais mandamentos da religião 
judaica e a história do povo hebreu.
Para a educação dos mais jovens, os hebreus valorizavam expressi-
vamente o papel do núcleo familiar. No seio da família, o pai educava 
com severidade os filhos, e na escola recebiam uma instrução religiosa, 
voltada tanto para a palavra quanto para os costumes do povo.
A escola dos hebreus se organizava em torno da interpretação da 
lei dentro da sinagoga, que era também local de instrução religiosa e 
moral. Apenas no início da era cristã é que os judeus se interessaram 
pela escrita. O que distingue significativamente os hebreus das demais 
civilizações desse período em relação à educação é o fato desse povo 
ter dado importância à educação para o trabalho em virtude da neces-
sidade de manutenção do povo (ARANHA, 2006).
A prática de jogos e esportes era proibida, pois era tida como con-
traria aos preceitos religiosos. Porém, engana-se quem pensa que as 
crianças eram proibidas de brincar e jogar, ou seja, desde que respei-
tassem os preceitos religiosos, os locais públicos também eram desti-
nados para brincadeiras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes do processo de estrutura de sociedades mais complexas, obser-
vamos que a educação, ou melhor, a preparação dos mais jovens, estava 
relacionada à manutenção do grupo e de todos os conhecimentos até 
então acumulados, sem restrições ou exclusão.
semita: individuo dos semitas, 
família etnográfica que abrange 
hebreus, assírios, arameus e 
árabes.
Glossário
Realize uma síntese a respeito 
da relação intrínseca existente 
entre religião e educação 
na maioria das civilizações 
Orientais.
Atividade 3
A educação antes da escola 19
Contudo, as primeiras civilizações se estruturaramàs margens férteis 
de grandes rios, o que favoreceu o desenvolvimento da agricultura, do 
comércio e o acúmulo de riquezas. Este permitiu a organização de gran-
des exércitos, complexas hierarquias sacerdotais e governamentais, bem 
como a criação de manifestações artísticas elaboradas.
Nesse sentido, o desenvolvimento e a propagação do conhecimento 
levaram à estratificação social e à especialização dos indivíduos. Os sabe-
res passaram a ser mais específicos e repassados de maneira desigual.
A educação, sem dúvida, desempenhou um papel importante nessa 
trajetória civilizacional. No caso da maior parte dos indivíduos, a primeira 
educação ocorria no núcleo familiar, já aos mais velhos cabia a função de 
apresentar às crianças os valores de obediência e respeito. A aprendiza-
gem era religiosa e cultural, além de fornecer as instruções necessárias 
para a realização dos tipos de trabalho já exercidos pelos pais.
Entre as civilizações do Oriente Antigo, observamos que a complexi-
dade da escrita tornava seu aprendizado um processo lento, oneroso e 
restrito, com técnicas de ensino que exigiam especialmente capacidades 
mnemônicas do aluno, isto é, de memorizar. O desenvolvimento da es-
crita, relevante para o progresso cultural dessas civilizações e a sistema-
tização da educação, também favoreceu o dualismo escolar ao tornar o 
acesso limitado a um grupo seleto de indivíduos que normalmente esta-
vam na liderança dos Estados.
Entre as primeiras civilizações da África e da Ásia, portanto, observa-
mos dinâmicas muito semelhantes: formalização do processo de ensino 
e aprendizagem; e incorporação do método mnemônico ao processo de 
ensino e aprendizagem. Além destes, existem ainda: a figura do educador 
como o principal detentor do conhecimento a ser transmitido; a sistema-
tização da escrita; a elaboração do ensino superior; a formação centrada 
no ritual; a educação dedicada à defesa e a continuidade do sistema so-
ciopolítico e dos valores vigentes.
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia: geral e do Brasil. 3. ed. São Paulo: 
Moderna, 2006.
CAMBI, F. História da pedagogia. São Paulo: Unesp, 1999.
CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alces, 1978.
MANACORDA, M. A. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 3. ed. São Paulo: 
Cortez, 1992.
PONCE, A. Educação e luta de classes. 6. ed. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1986.
20 História da Educação
GABARITO
1. A educação era caracterizada principalmente pela imitação, e as crianças aprendiam 
todas as informações e técnicas acumuladas por meio da observação. O papel de mes-
tre era assumido pelos pais, pelos mais velhos da tribo/grupo e pelos que exerciam a 
função de guia religioso.
2. Esta é uma resposta pessoal, contudo você deve elaborar um quadro e inserir as ca-
racterísticas da educação ou a ausência dela nas civilizações do Antigo Oriente.
3. A educação na antiguidade oriental era, na maioria dos povos, religiosa ou identifica-
da com a atividade religiosa. Nesse sentido, procurava-se adequar os indivíduos de 
acordo com as crenças religiosas, considerando, em muitas vezes, o desdobramento 
da função dos sacerdotes. Assim, o caráter ritualístico de muitas comunidades estava 
diretamente expresso na figura do religioso.
Educação na Antiguidade greco-romana 21
2
Educação na Antiguidade 
greco-romana
Nós, homens e mulheres brasileiros, fazemos parte de uma 
sociedade construída nos moldes da cultura ocidental, por isso, 
somos herdeiros das civilizações grega e romana. Não podemos 
rejeitar a ideia de que somos continuadores das realizações 
desses povos, pois eles impactaram a filosofia, a medicina, a his-
tória, as artes, a literatura, a arquitetura, a ciência e a educação.
É na Grécia, ou por meio dela, que surgiu a estruturação do 
que denominamos cultura ocidental e que encontramos as pri-
meiras tentativas de pensar ou racionalizar o universo. Os gregos 
e romanos elaboraram concepções antropocêntricas, desenvol-
veram a reflexão, a argumentação e a dialética, incorporaram ele-
mentos dos povos orientais e espalharam esses conhecimentos 
por diversos lugares.
Na Grécia, a despeito das diferenças existentes entre algumas 
cidades-Estados, a educação foi fundamental para a construção 
e manutenção das características que permanecem na tradição 
ocidental. Os gregos idealizaram um saber da educação que 
construiu teorias e modelos de educar, os quais, há séculos, for-
mam os pontos de referência para as discussões no tocante à 
formação humana.
Os romanos, apesar de influenciados por seus antecessores 
gregos, não foram uma cópia destes; eram mais práticos, mas não 
deixaram de lado a teoria, o teatro, a poesia e, claro, a educação.
Mas como esses povos pensaram a educação? Como ocorria 
a educação na Grécia e em Roma? O que pode ser reconhecido 
como influência desse modelo educacional na conjuntura do en-
sino contemporâneo? Essas e outras questões são respondidas 
neste capítulo.
22 História da Educação
2.1 A educação grega na Antiguidade 
Vídeo Antes de analisarmos especificamente como era a educação na Grécia 
Antiga, é importante compreendermos que, politicamente, esse territó-
rio não constituía, como observamos nas civilizações orientais, um país 
com unidade política, capital e governo central. A sociedade grega tinha 
como base as cidades-Estados, também conhecidas como pólis. Essas 
eram fortificadas com pequenos países e independentes, com governo e 
legislações específicos. Os únicos fatores que aproximavam esses povos 
era a religião e o idioma grego, pois, apesar dessa separação política, os 
helenos tinham consciência de que pertenciam a uma cultura comum, 
mas as cidades-Estados raramente se uniam.
Em consonância com o sentimento de que possuíam questões cul-
turais em comum, para os gregos o objetivo da educação deveria ser a 
paideia. Trata-se da necessidade de garantir uma formação integral ao 
indivíduo, pois buscava-se a preparação deste em todas as suas esfe-
ras, equilibrando corpo (físico) e espírito (intelectual).
Segundo Cambi (1999, p. 87, grifos nossos), com a paideia surge a 
dimensão teórica da educação como saber independente, ordenado e 
rigoroso. Nasce a educação como “episteme, e não mais como éthos 
e como práxis apenas”. Essa virada, de acordo o autor, foi crucial para 
a cultura ocidental, pois permitiu a elaboração e o enfrentamento das 
questões educacionais em um processo de universalidade racional, co-
locando em circulação a noção de paideia que amparou por séculos a 
reflexão educativa.
Assim, foi nesse momento que teve início a história da educação 
com o significado que hoje a atribuímos, pois os gregos a colocaram 
como problema e estatuto de questão filosófica.
O artigo A Paideia grega: aproximações teóricas sobre o ideal de formação do 
homem grego, de Rosane Wanderscheer Bortolini e César Nunes, publicado 
no periódico Filosofia e Educação, em 2018, discute de modo aprofundado a 
elaboração do conceito grego de paideia.
Acesso em: 26 ago. 2020. 
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651997/17695
Artigo
episteme: conhecimento verda-
deiro, de natureza científica, em 
oposição à opinião infundada ou 
irrefletida.
éthos: conjunto dos costumes 
e hábitos fundamentais, no 
âmbito do comportamento 
(instituições, afazeres etc.) e 
da cultura (valores, ideias ou 
crenças), característicos de 
determinada coletividade, época 
ou região.
práxis: prática; ação concreta.
Glossário
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651997/17695
Educação na Antiguidade greco-romana 23
O homem grego apontado pela paideia seria aquele que se des-
tacaria por suas perfeições intelectual, moral e física, o que refletia 
diretamente nos feitos atléticos e militares que o indivíduo se mos-
traria capaz de realizar. Alcançar a areté nas competências físicas e 
intelectuais garantia a condição de “belo e bom”, ou kaloskagathos, 
status semelhanteà noção de gentleman que surgiria posteriormen-
te (ARANHA, 2006). Esse ideal foi tão relevante e cultuado, especial-
mente na cidade de Atenas, que hoje, por vivermos em busca de 
novos paradigmas educacionais, ressurge a ideia de superar a visão 
pragmática e utilitária da educação, voltada para a especialização do 
trabalho, na busca de uma formação mais equilibrada e abrangente.
A visão antropocêntrica, isto é, centrada no ser humano, 
caracterizou a ideia de formação integral, pois a educação neces-
sária não seria mais uma parte da religião, mas pautada na razão 
e não na mitologia. A valorização da capacidade humana de racio-
nalizar permitiu o desenvolvimento da lógica de pensamento, da 
crítica e, especialmente, da filosofia. Apesar da valorização do ideal 
de formação integral indicado pela paideia, as autonomias política 
e territorial das cidades consequentemente levaram à estruturação 
de sociedades distintas entre si, diferenças que também podem ser 
observadas na organização educacional.
O afastamento de uma mitologia dogmática e impositiva, como já 
destacamos, favoreceu as primeiras tentativas de racionalização do 
universo e de questionamento da realidade. Os gregos, de maneira 
geral, desenvolveram uma curiosidade intelectual, uma tendência à 
reflexão e à argumentação que os impelia a contrastar as ideias de 
cada indivíduo. Além disso, o contato com estrangeiros permitiu a 
incorporação de conhecimentos e técnicas de outras culturas.
Os primeiros pensadores gregos, que ficaram conhecidos como 
pré-socráticos, tinham como objetivo a elaboração de uma cosmolo-
gia, ou seja, um esclarecimento racional, completo e sistemático do 
universo que substituísse a antiga crença baseada nos mitos. Dessa 
maneira, tentaram encontrar, por meio da razão e não da mitologia, 
o elemento ou a substância primordial presente em todos os seres, 
não apenas os humanos. Os pré-socráticos desejavam, na realidade, 
achar a “matéria-prima”, a semente de tudo, inclusive dos indivíduos 
(MARCONDES, 2007).
Defina com suas palavras o 
conceito de paideia.
Atividade 1
24 História da Educação
Eles, ao analisarem a realidade e indagarem a matéria, concluí-
ram que o universo era constituído de uma substância básica, ou 
fundamental. Contudo, cada um desses pensadores escolheu uma 
substância como fundamental: água, fogo e ar tiveram um grande 
número de defensores.
A cidade de Mileto – considerada por muitos o berço da ciência 
grega – abrigava pensadores como Tales, Anaximandro, Pitágoras, 
Heráclito, Parmênides, Empédocles e Demócrito. Esses, além de 
cunharem o termo filosofia e instaurarem a sua prática, foram res-
ponsáveis pela elaboração da lógica, bem como pelo desenvolvi-
mento da matemática, da astronomia, da química e da física.
Nesse contexto, a educação representou o sentido de todo o 
esforço humano, era a justificativa da comunidade e individualida-
de humanas. Foram os gregos que, pela primeira vez na história, 
apontaram a educação como um processo de construção gradual 
e consciente, esquematizando as primeiras linhas conscientes da 
ação pedagógica (JAEGER, 1986).
Todavia, é importante entender que esse ideal de educação, 
que tanta influência exerceu no modelo ocidental, não foi elabo-
rado de uma hora para outra; na verdade, foi um desenvolvimento 
lento e gradual. A educação helena passou por etapas e em cada 
uma delas é possível verificar o fortalecimento do ideal de forma-
ção humana. Desde Homero, com seus poemas didáticos (Ilíada e 
Odisseia), passando pelos sofistas e pelos filósofos Sócrates, Platão 
e Aristóteles, observamos o alargamento de uma concepção de 
educação baseada nos ideais de homem de ação e de sabedoria.
Nesse movimento ascensionário, foi dentre os helenos que apa-
receu o termo paidagogos, cujo significado literal era “aquele que 
dirige a criança”, no caso, o escravo que acompanhava a criança nas 
atividades educativas (ARANHA, 2006). Com o tempo, a acepção da 
palavra foi ampliada para indicar toda teoria de educação.
Em meio aos desenvolvimentos filosófico, cultural, social e polí-
tico, duas cidades, Atenas e Esparta, foram as que mais se destaca-
ram em razão dos poderes político e econômico, mas também por 
apresentarem características muito distintas. Enquanto a primeira 
valorizou o desenvolvimento do intelecto, a segunda priorizou as 
virtudes guerreiras (MELLO, 2006). Os espartanos idealizaram o ho-
Para saber mais a respei-
to da origem da palavra 
pedagogia, visite o Portal 
Etimologia. 
Disponível em: https://etimologia.
com.br/pedagogia/. Acesso em: 26 
ago. 2020.
Saiba mais
https://etimologia.com.br/pedagogia/
https://etimologia.com.br/pedagogia/
Educação na Antiguidade greco-romana 25
mem como o produto da supervalorização do corpo, forte, corajoso 
e diligente. Os atenienses acreditavam que a liberdade, a racionali-
dade e a retórica deveriam ser os principais valores humanos.
Apesar das diferenças na organização da educação, veremos que 
essas cidades-Estados tinham pontos em comum, especialmente 
porque apenas os membros da aristocracia tinham direito à edu-
cação. Mulheres, estrangeiros e escravos não possuíam os direitos, 
de modo que não recebiam instrução formal (ARANHA, 2006). Além 
disso, a escola não era o único local em que ocorria o processo de 
ensino e aprendizagem: as atividades coletivas, como o teatro, os 
jogos, os banquetes e as reuniões públicas, eram vistas como mo-
mentos de aprendizagem.
Os gregos, podemos sintetizar, apoiados no antropocentrismo e 
no amor pelo conhecimento (a filosofia), valorizaram a ideia de que 
a educação é a preparação para a cidadania. Por meio do intelecto, 
o indivíduo constrói a sua personalidade, ou seja, encontra a sua 
natureza racional e o direito de produzir os seus próprios fins na 
vida (PILETTI; PILETTI, 2004).
Finalmente, é importante destacar que não existia uma aten-
ção específica para a instrução profissional, ou, como preferia 
Aristóteles, as atividades servis. Os conhecimentos inerentes aos 
diversos ofícios deveriam ser aprendidos na prática e eram des-
tinados aos menos abastados, estrangeiros e escravos. Em ou-
tras palavras, os gregos desconsideravam a formação profissional 
e o trabalho manual: “enquanto a técnica se achava associada à 
atividade servil, o cultivo desinteressado da forma física e a ati-
vidade intelectual permaneceram privilégio das classes ocio-
sas” (ARANHA, 2006, p. 77).
2.2 Dois modelos de educação grega 
Vídeo Como apontamos, mesmo com as variações regionais, uma vez 
que cada cidade-Estado constituía sua própria unidade política e or-
ganizava seus assuntos, inclusive a educação, os gregos aderiram ao 
princípio da paideia.
Na maioria das cidades-Estados, os meninos pertencentes à aristo-
cracia iniciavam sua formação por volta dos 7 anos pelas mãos do pe-
26 História da Educação
dagogo – escravo encarregado de guiar os jovens à escola. As meninas, 
excluídas do que chamaríamos hoje de educação formal, ficavam com 
as mulheres mais velhas reclusas no gineceu – espaço reservado a elas. 
Nesse local, de onde raramente saíam, aprendiam os rudimentos dos 
afazeres domésticos.
Além do pedagogo – cuja função era acompanhar e conduzir as crian-
ças, embora seu papel viesse posteriormente a englobar uma postura 
disciplinadora, servindo de parâmetro moral –, os meninos poderiam 
ser acompanhados por outros “especialistas” ao longo do processo 
educativo. Existiam os gramáticos, que transmitiam o conhecimento da 
escrita e dos poemas clássicos de Homero e Hesíodo, das fábulas de 
Esopo e das narrativas heroicas. Havia o instrutor de música, que apre-
sentava aos alunos instrumentos como a cítara e a flauta. Atribuía-se 
também importância ao cálculo, ensinado por meio do uso do ábaco. A 
geometria e o desenho, por sua vez, passaram a fazer parte da educa-
ção ateniense somente a partir do século IV a.C. (FERREIRA, 2003). Além 
disso, era imprescindível a frequência ao ginásio, onde a prática de es-
portes visava condicionar os corpos(ARANHA, 2006).
Com o crescimento da exigência de melhor formação intelectual, 
sem abandono das práticas esportivas e musicais, esboçaram-se três 
níveis de educação – elementar, secundário e superior –, especialmen-
te nas cidades que seguiam um modelo semelhante ao ateniense. A 
educação superior existiu no modelo dos sofistas, que ofereciam seus 
serviços aos mais abastados, ensinando filosofia e retórica. Diversos 
filósofos, como Sócrates, Platão e Aristóteles, ofertaram esses serviços.
Todavia, apesar desses pontos de intersecção, as cidades mais 
influentes da civilização grega, Atenas e Esparta, estruturaram dois 
ideais de educação: um com base no conformismo e no estatismo de 
uma perspectiva militar de preparação de cidadãos-guerreiros, ou-
tro “na concepção de paideia, de formação humana livre e nutrida de 
experiências diversas, sociais mas também culturais e antropológicas” 
(CAMBI, 1999, p. 64).
2.2.1 Atenas
O contraponto da educação espartana sem dúvida foi exercido em 
sua principal rival, Atenas. Essa foi fundada pelo povo jônio que habi-
tava a região da Ática, península banhada pelo Mar Egeu, onde ficava 
A música Mulheres de 
Atenas, de Chico Buarque 
de Holanda, canta o 
cotidiano de grande parte 
das mulheres gregas. 
Você pode conferir a letra 
e escutar a melodia no 
link a seguir.
Disponível em: https://youtu.be/
MabbVn0Rlv4. Acesso em: 26 
ago. 2020.
Música
A cítara é um instrumento de 
cordas dedilhadas ou tocado 
com plectro, derivado da lira, 
que atravessou os séculos com 
muitas variantes, mantendo, 
no entanto, a característica de 
que as cordas atravessam toda a 
caixa de ressonância; timpanão.
Curiosidade
http:////youtu.be/MabbVn0Rlv4
http:////youtu.be/MabbVn0Rlv4
Educação na Antiguidade greco-romana 27
o porto do Pireu, o qual servia à cidade-Estado. Por volta de 509 a.C., 
em virtude da expansão econômica e consolidação política, foram ado-
tadas reformas que acabaram com os privilégios políticos da aristocra-
cia. Com isso, todos os cidadãos atenienses, o que não significa todos 
os moradores, passaram a participar das decisões nas assembleias 
(CAMBI, 1999).
O regime político adotado na cidade de Atenas foi chamado de 
democracia, o governo do povo. Porém, era um governo para pou-
cos, pois apenas os cidadãos atenienses, filhos de pai e mãe atenien-
ses, podiam participar. Os escravos, as mulheres e os metecos, isto 
é, “estrangeiros”, homens livres que não eram nascidos em Atenas, 
não participavam das assembleias e votações. A democracia ate-
niense era direta, os cidadãos compareciam às assembleias e vo-
tavam pessoalmente as questões discutidas, e não representativa, 
como ocorre atualmente no Brasil.
Os ideais estruturantes da paideia prevaleciam e, ao lado da edu-
cação física, a formação intelectual assumiu grande relevância na for-
mação do cidadão. Os sábios (sophos), que discutiam filosofia, retórica, 
arte, arquitetura, poesia e ciência, transformaram Atenas em um centro 
irradiador de cultura. Foi aqui que a educação grega ganhou as formas 
que foram transmitidas à civilização ocidental (MARCONDES, 2007).
Mesmo Atenas tendo sido praticamente o nascedouro da paideia, 
com a elaboração das primeiras preocupações com a formação 
intelectual do cidadão, a educação na cidade não era obrigatória nem 
gratuita, mas, sim, restrita e excludente. Apenas aqueles que pudessem 
se dedicar às reflexões, abandonando toda e qualquer atividade ma-
nual, teriam acesso à educação ateniense. Aos demais restava a prática 
manual, a qual era muito desprezada.
A educação das crianças durante os primeiros anos ficava nas mãos 
de amas e escravos, que se incumbiam de instruir os filhos nessa fase. 
Após os sete anos, as meninas permaneciam sob os cuidados mater-
nos e se dedicavam aos afazeres domésticos – as mulheres eram pouco 
valorizadas e deveriam ficar reclusas – e os meninos iniciavam a forma-
ção intelectual e física.
Em muitas cidades gregas e em Atenas, os meninos aristocratas 
eram iniciados no universo educacional sempre acompanhados de um 
escravo, o pedagogo, que os orientava em suas primeiras atividades 
28 História da Educação
escolares. A partir dos 13 anos eram encaminhados também aos giná-
sios, onde recebiam uma formação musical e literária aliada à pratica 
das atividades físicas, com o objetivo de aprimorarem o corpo. Dos 16 
aos 18 anos a educação do jovem tomava uma dimensão cívica de pre-
paração militar, mas nada comparada à realizada pelos espartanos. A 
educação superior apareceu posteriormente com os sofistas e os filó-
sofos, estes últimos representados por figuras como Sócrates, Platão e 
Aristóteles, cujas reflexões analisamos logo mais (ARANHA, 2006).
Porém, antes de refletirmos a respeito das contribuições desses 
nomes para a educação, é importante conhecermos os sofistas. Tam-
bém chamados de mestres da argumentação, como indicam alguns au-
tores, surgiram como uma nova classe de professores que a sociedade 
necessitava, pois valorizavam a educação para a vida pública, a forma-
ção do político e do orador.
Os sofistas eram professores viajantes que, mediante pagamento, 
vendiam ensinamentos, davam aulas de eloquência, entre outros. En-
sinavam conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e 
privados e transmitiam, na verdade, todo um jogo de palavras, racio-
cínios e concepções que poderia ser utilizado na arte de convencer o 
interlocutor, driblando as teses dos adversários. Sem dúvida, a influên-
cia dos sofistas foi considerável na cultura e na educação do período, 
especialmente por destacarem a figura do professor.
Obviamente, as críticas a eles foram constantes, principalmente 
por parte dos filósofos, não que os sofistas não o fossem. O pensador 
ateniense que se tornou um divisor de águas dentro da filosofia foi 
Sócrates, um dos principais críticos dos sofistas.
Sócrates participou do movimento de renovação cultural ini-
ciado pelos sofistas. Entretanto, usava em seus diálogos com 
os cidadãos um método bastante diferente do utilizado pe-
los sofistas. Esse método parte de uma dinâmica de diálogo, 
na qual ideias são colocadas em oposição, com o objetivo de 
desarticular ideias preconcebidas e elaborar novos entendi-
mentos, em um processo chamado de maiêutica, “parir/dar à 
luz” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006).
Com a sua filosofia moral, Sócrates buscou, pela educação dos 
jovens, determinar a essência do ser humano, respondendo à 
questão sobre a natureza ou realidade dos indivíduos. Para o 
Figura 1
Sócrates
Museu do Louvre/Wikimedia Commons
Educação na Antiguidade greco-romana 29
filósofo, a essência das pessoas é a sua psyché, a sua alma, entendendo 
por esta a consciência, a personalidade intelectual e moral. Em conso-
nância com o que era praticado em sua cidade, acreditava que o corpo, 
na condição de receptáculo da alma, deveria ser preservado e cuidado 
(MARCONDES, 2007).
O mais conhecido dentre os discípulos de Sócrates, Platão 
destacou a reflexão pedagógica associada à política ao idea-
lizar uma sofocracia, o governo dos sábios, que criaria a 
cidade perfeita pelo domínio da razão. A sofocracia apre-
sentada no livro A República seria mais efetiva que a demo-
cracia, pois colocaria as decisões nas mãos de um grupo de 
filósofos em vez de deixá-las nas mãos dos cidadãos.
Para justificar por que os filósofos, esses homens mais sá-
bios, seriam os escolhidos para liderar os demais, Platão uti-
liza o mito ou a alegoria da caverna. Essa narra a história de 
um grupo que vivia acorrentado ao fundo de uma caverna de 
onde via apenas reflexos do mundo real nas paredes. Para essas 
pessoas, as sombras eram tudo o que existia, era o mundo real. 
Quando um dos prisioneiros se livra das correntes e sai da caverna, 
consegue perceber a realidade, vê toda a beleza do mundo, com 
suas cores, suas formas e seus movimentos.
Quando ele retorna para a caverna para libertar seus compa-
nheiros, acaba morto, pois não o compreenderam. Segundo Platão, 
aqueles que escapavam das amarrassaíam da ilusão e deveriam 
guiar os demais, aqueles incapazes de sair da escuridão. Esses líde-
res eram os filósofos, os quais teriam condições de atingir o pleno 
conhecimento da realidade.
Platão indica que a educação necessária é aquela que conduz à 
formação de cidadãos integrais, os guardiões do Estado, que saibam 
ordenar e obedecer de acordo com a justiça. Assim, para a efetivação 
de sua concepção de educação, indicou dois tipos de paideia: uma 
ligada à formação da alma individual e outra mais política, correspon-
dente aos papéis sociais do indivíduo, os quais podiam ser distintos 
em virtude das classes sociais existentes.
O discípulo de Sócrates explicava sua ideia de educação com 
base na alegoria da caverna: os sábios, verdadeiros filósofos, devem 
dirigir os demais, e os homens comuns devem ser governados, pois 
Figura 2
Platão
Apresentado por Platão, o mito 
ou a alegoria da caverna narra a 
história de um grupo que vivia 
acorrentado ao fundo de uma 
caverna de onde via apenas 
reflexos do mundo real nas 
paredes. Para essas pessoas, 
as sombras eram tudo o que 
existia, isto é, era o mundo real. 
Como podemos relacionar essa 
alegoria com uma perspectiva 
educacional?
Atividade 2
Museus Capitolinos/Wikimedia Commons
30 História da Educação
são intelectualmente inferiores. A educação, dessa forma, seria mi-
nistrada de acordo com as diferenças intelectuais que existem en-
tre as pessoas, a fim de estas ocuparem suas posições dentro da 
sociedade, e o Estado se responsabilizaria por essa formação. Os 
mais fortes seriam educados para se tornarem trabalhadores; os 
mais corajosos para se tornarem soldados; e os mais sábios para 
se tornarem “reis filósofos” (ARANHA, 2006).
Um dos discípulos de Platão, Aristóteles, que organizou sua 
própria escola, o Liceu, também foi uma base importante para pen-
sadores posteriores ao refletir segundo um modelo realista, com 
base na investigação lógica do mundo concreto.
Segundo Aristóteles, a educação deveria ajudar as pessoas a 
alcançarem o seu melhor e a felicidade. O Estado deveria se preo-
cupar com a formação para a cidadania, pois o ser humano é um 
animal político, que encontra sua plenitude na prática política. 
O processo educativo deve ser um dos meios pelo qual o aluno 
aprende a exercitar o pensamento teórico, colocando este a servi-
ço da ação política.
Assim como seu mestre, Aristóteles não acreditava em uma 
educação igual para todos os indivíduos, mas em uma formação 
de acordo com as capacidades individuais. O que chama a atenção 
na pedagogia aristotélica é a importância dada ao núcleo familiar e 
aos exercícios físicos, que deveriam ser praticados desde o primei-
ro ano de vida para o fortalecimento do corpo.
De maneira geral, a proposta educacional do filósofo está 
próxima do modelo platônico, todavia, mostra-se mais realista e 
pragmática, pois se fundamenta na investigação e observação em-
píricas, com destaque para a dimensão psicológica desse processo. 
O programa de estudos deveria ser dividido em ciências naturais, 
ciências normativas e filosofia com o objetivo de formar e amoldar 
as faculdades irracionais, colocando-as sob o domínio daquela fa-
culdade que é peculiar ao indivíduo, a razão (CAMBI, 1999).
Aristóteles, como Sócrates e Platão, une à reflexão pedagógica 
grande atividade de ensino e recomenda cinco etapas para a edu-
cação (ARANHA, 2006):
Figura 3
Aristóteles
Museo nazionale romano di palazzo Altemps/Wikimedia Commons
Educação na Antiguidade greco-romana 31
1 a 5 anos: exercícios leves para o 
fortalecimento do corpo da criança.
5 a 7 anos: o Estado deve 
acompanhar a educação da criança.
Até a puberdade: enfatizam-se os 
exercícios de ginástica, música, poesia.
14 a 18 anos: frequência compulsória a uma 
escola oficial do Estado. Nesta fase, o processo 
educativo deve garantir a formação do bom cidadão, 
a formação do caráter e a utilidade econômica.
18 a 21 anos: treinamento 
físico severo e serviço militar.
lu
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ha
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ut
te
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to
ck
A cidade de Atenas não foi apenas influente politicamente ao estrutu-
rar uma forma de governo que até hoje é discutida, adaptada e seguida, 
também nos legou importantes reflexões no campo da educação. Ao for-
talecer e expandir o sentido de paideia, contribuiu definitivamente para 
a universalização do conhecimento por meio da pedagogia.
2.2.2 Esparta
A exceção ao modelo de paideia foi a cidade-Estado de Esparta, 
uma pólis completamente voltada para o militarismo e a formação 
de um exército. Os jovens espartanos eram reunidos e educados com 
base em um sistema público, a agoge, que valorizava o aprimoramen-
to de habilidades físicas e rejeitava ou colocava em segundo plano as 
competências predominantemente intelectuais (GONZÁLES, 2016).
Mas quais as origens dessas diferenças? O povo dório conquistou 
a região do Peloponeso, dominando os Aqueus que ali viviam, e nela 
fundou Esparta. Na cidade-Estado as terras eram estatais, cabendo ao 
Estado a distribuição aos cidadãos designados para o cultivo. Como a 
presença de escravos advindos de diferentes regiões ameaçava a es-
trutura política, desde o início da ocupação os espartanos tiveram que 
se preparar militarmente para preservar seus domínios.
Essa atenção à militarização fez com que o foco da sociedade, ao con-
trário do que ocorria em Atenas, não fosse a discussão e o debate, mas a 
Para conhecer mais a res-
peito da agoge espartana 
leia a matéria Agoge: a 
infância brutal em Esparta, 
publicada no portal da 
revista Aventuras na 
História. 
Disponível em: https://
aventurasnahistoria.uol.com.br/
noticias/reportagem/historia-
agoge-infancia-esparta.phtml. 
Acesso em: 26 ago. 2020.
Site
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-agoge-infancia-esparta.phtml
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-agoge-infancia-esparta.phtml
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-agoge-infancia-esparta.phtml
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-agoge-infancia-esparta.phtml
32 História da Educação
preparação física para as guerras. Havia em Esparta três estratos sociais: 
os esparcíatas ou espartanos, que detinham o poder, dedicando-se às 
atividades militares e aos negócios públicos; os periecos (homens livres), 
que cultivavam as terras e praticavam o comércio, mas não possuíam di-
reitos políticos; e os hilotas (escravos), que serviam ao Estado e também 
nas terras dos esparciatas (CAMBI, 1999).
O sistema político de Esparta tinha como características a gerontocracia, 
ou poder controlado pelos mais velhos, e a diarquia, governo de dois 
reis, os quais cuidavam dos negócios internos e externos. Além disso, 
existia a apela, uma assembleia que avaliava e validava as normativas 
elaboradas pelo Conselho dos Anciões, pela Gerúsia e pelo Éforo, este 
último composto por magistrados que fiscalizavam e exerciam o poder, 
mas que hierarquicamente eram submetidos aos gerontes.
A rígida hierarquia e o militarismo refletiram diretamente na orga-
nização da educação de crianças e jovens. A educação espartana tinha 
como principal ideal pedagógico formar cidadãos-soldados, dotados de 
perfeição física, coragem e hábito de obediência às leis, assegurando 
a superioridade militar da cidade-Estado. Os espartanos valorizavam 
muito as atividades militares e a prática de exercícios físicos, com o 
objetivo de preparar o corpo para as mais variadas situações de guerra.
Para garantir essa militarização, a educação ofertada era pública e 
obrigatória, o que a tornou menos dualista. Os espartanos desenvolviam 
o rigor físico e as habilidades guerreiras por meio da ginástica, prática na 
qual eram rigorosamente disciplinados e controlados pelos éforos, cinco 
magistrados que exerciam poder absoluto para essa prática.
A preparação do corpo era tão importante que começava antes 
mesmo do nascimento, com uma rígida política de eugenia e de pre-
paração das mães, as quais deveriamter o corpo forte para gerarem 
filhos robustos e sadios. Ao nascerem, as crianças passavam por uma 
espécie de vistoria por parte do Estado e aquelas que apresentassem 
imperfeições físicas ou que fossem frágeis eram sacrificadas, pois não 
seriam capazes de atingir a perfeição necessária (ARANHA, 2006).
Até os sete anos de idade as crianças permaneciam sob os cuidados 
diretos de sua mãe, de quem já recebiam um treino rigoroso (PILETTI; 
PILETTI, 2004). Aos sete anos, a educação passava a ser responsabili-
dade da cidade-Estado, que as recolhia, incluindo as meninas em uma 
espécie de caserna pública, onde estudavam, de maneira lúdica, mas 
Para entender mais a 
relevância do militarismo 
espartano que contribuiu 
para o fortalecimento da 
cidade-Estado e a expan-
são de seu poder, assista 
ao filme 300. Observe, 
também, a questão da 
preservação dos mais for-
tes desde o nascimento.
Direção: Zack Snyder. Estados 
Unidos: Warner Bros Pictures, 2007.
Filme
Educação na Antiguidade greco-romana 33
sem atenção aos debates ou às longas discussões, música, canto e dan-
ça até os 12 anos, quando começavam a receber um treinamento mais 
específico para a guerra.
Nessa etapa da educação, os jovens espartanos eram preparados 
em uma espécie de comunidade para suportar a fome, a dor e o des-
conforto. Essa preparação, além de física, era moral, para fortalecer os 
vínculos de amizade e o respeito aos mais velhos. A partir dos 18 anos 
os espartanos se dedicavam ao estudo das armas e manobras militares, 
e entre os 20 e 30 anos seu treino era na guerra (PILETTI; PILETTI, 2004).
Apesar dessa escolarização pública desde os 7 anos, de maneira am-
pla, a formação intelectual praticamente inexistia e poucos sabiam ler e 
contar. Um exemplo que ilustra bem esse desapego é o termo laconismo, 
o qual designa a forma breve e sucinta de se expressar, que “deriva 
de Lacônia, região onde viviam os espartanos” (ARANHA, 2006, p. 64). 
Assim, diferente do que observamos em Atenas, não encontramos em 
Esparta os chamados teóricos da educação.
De toda a Grécia, eram nas cidades-Estados da Lacônia que as mu-
lheres foram mais respeitadas e recebiam um pouco mais do que a 
educação para as tarefas domésticas. Conforme Aranha (2006), em Es-
parta, elas eram vistas com mais importância, pois geravam aqueles 
que seriam os futuros guerreiros e participavam, desde muito jovens, 
dos exercícios de salto, lançamento de disco, corrida e dança.
2.3 A educação romana na Antiguidade 
Vídeo Há algumas lendas sobre a fundação da cidade de Roma, sendo 
a mais conhecida a versão que atribui essa empreitada aos gêmeos 
Rômulo e Remo, filhos do deus Marte e da princesa Rea Silvia. O 
que importa destacar é que essa cidade passou a dominar a estreita 
passagem pela qual os mercadores cruzavam o rio Tigre ao trans-
portar o sal do litoral até a Etrúria e, ao contrário do que ocorreu na 
Grécia, desde o início fortaleceu a noção de império (PINSKY, 1997).
Política e culturalmente foi durante o Império – momento em que 
Roma manteve contato direto com outros povos e deles assimilou muito 
do que nos foi transmitido com a denominação de cultura greco-romana – 
que a educação ganhou mais relevância, com a estruturação de escolas 
públicas e o desenvolvimento do ensino superior (CAMBI, 1999).
34 História da Educação
As classes sociais se estruturaram por meio da posse da terra, 
sendo os patrícios os grandes proprietários, detentores também dos 
direitos políticos. Os pequenos proprietários, artesãos e estrangeiros 
formavam a plebe.
Assim como em Esparta, a saúde perfeita era indispensável para 
que a criança pudesse em sua vida futura seguir os passos do pai, no 
caso dos meninos, ou conseguir um bom casamento, no caso das me-
ninas, garantindo, portanto, a presença de homens e mulheres capazes 
de preservar e expandir os territórios romanos (PILETTI; PILETTI, 2004).
Porém, apesar de parecer contraditório, a família tinha muita rele-
vância na formação da criança romana, que até os 7 anos permanecia 
com a mãe. Após esse período, o pai se encarregava pessoalmente da 
educação dos meninos e as meninas eram educadas e preparadas para 
os trabalhos domésticos. Segundo Cambi (1999, p. 107), “as crianças 
romanas, através de sua educação familiar, entram em contato com 
os valores e os princípios da vida civil, incorporando-os como valores 
comuns e modelos de comportamento”.
Os romanos também desenvolveram uma concepção de cultura 
fundamental, a humanitas, no sentido literal de humanidade, de edu-
cação e de algo próximo à paideia dos gregos. Do mesmo modo que a 
areté grega, a virtus romana, origem da palavra virtude, era um princípio 
central do processo educativo (MARCONDES, 2007).
A educação romana era elitista e objetivava preparar o indivíduo capaz 
de pensar de modo correto e expressar-se de maneira clara, direta e con-
vincente. Por isso, o estudo da retórica era mais relevante do que o da filo-
sofia. Os romanos adotavam uma postura mais pragmática, voltada para 
as atividades cotidianas e para a ação política. A pedagogia também esta-
va direcionada às questões práticas, mas desencadeou reflexões muito 
importantes para a história da educação e que merecem nossa atenção.
Quintiliano foi um dos pensadores romanos que mais atenção 
dedicou à educação, incentivando a formação do perfeito orador por 
meio da valorização dos aspectos técnicos da educação e do afasta-
mento da filosofia. Sua principal contribuição foi a aproximação da re-
creação e dos exercícios físicos ao estudo com a finalidade de tornar 
menos árdua a atividade escolar para o estudantes. Outra inovação 
proposta por ele foi a instrução simultânea em diversas matérias, e não 
em separado, como era costume (ARANHA, 2006).
Figura 4
Quintiliano
Vanzanten/Wikimedia Commons
Educação na Antiguidade greco-romana 35
Figura 5
Cícero
Figura 6
Sêneca
Cícero, que se destaca entre os pensadores romanos, foi o res-
ponsável pela elaboração do primeiro e mais importante escrito sobre 
a educação na tradição romana. O conteúdo do processo educativo 
apresentado em Sobre o Orador visava, em última instância, à vida pú-
blica. O instrumento para a realização desse objetivo e ideal seria a 
habilidade no falar, ou seja, a retórica. Para o autor, a educação deveria 
priorizar a formação do bom orador, capaz de persuadir, o que reque-
ria conhecimentos de retórica, filosofia, direito e, até mesmo, habilida-
des teatrais (ARANHA, 2006).
Manfred Werner/Wikimedia Commons
Ca
lid
iu
s/
W
iki
m
ed
ia
 C
om
m
on
s
Tomisti/Wikimedia Commons
Figura 7
Plutarco
Outro representante da pedagogia ro-
mana foi Sêneca, mentor de Nero. Para ele, 
a educação deveria ser prática e orientada 
principalmente pelo exemplo, por isso dá 
mais atenção à formação moral do que à 
retórica. O pensador “ocupou-se também 
com a psicologia como instrumento para a 
preservação da individualidade” (ARANHA, 
2006, p. 93).
A integração entre a cultura grega e a romana ficou a cargo de Plu-
tarco, professor e escritor de origem grega que pensava a educação 
com base na família, na música e na beleza, sem esquecer a sólida for-
mação moral. Os pais, segundo o autor, deveriam educar seus filhos 
com base em modelos para que a educação alcançasse êxito; eles pre-
cisavam dar a seus filhos o exemplo de comedimento e do fiel cumpri-
mento dos deveres.
É interessante observar que mesmo sendo cosmopolita, com ra-
mificações em províncias do Império, essa educação não era igualitá-
ria, mas, sim, aristocrática, voltada para as atividades intelectuais que 
afastavam todo o tipo de trabalho manual realizado pelos escravos. 
Enquanto os homens da elite eram educados por preceptores, muitas 
vezes de origem grega, as crianças plebeias estudavam no ludus, uma 
escola simples que funcionava em cômodos residenciais ou em espa-
ços públicos em que um professor ensinava por uma taxa.
36 História da Educação
Com o desenvolvimento do cristianismo, a partir do século II, sur-
giram, paralelamente àsescolas já existentes, as escolas cristãs que 
objetivavam a formação de seus futuros sacerdotes. Nesses espaços, 
que já prenunciavam mudanças, o foco era a formação da inteligência da 
fé por meio do estudo da filosofia, geometria e aritmética (CAMBI, 1999).
Os romanos eram um povo prático, que não apreciava a teoria pura, 
por isso, não deram contribuição notável para as ciências nem para 
a matemática, em compensação, eram bons poetas e dramaturgos. É 
evidente que exerceram um papel fundamental na difusão e preserva-
ção das ideias gregas que chegaram até nós, mas também deixaram 
sua própria marca. Em alguns campos, os romanos foram realmente 
originais, por exemplo, na arquitetura, construindo ótimas estradas pa-
vimentadas e aquedutos. Edificar e utilizar grandes estádios também 
foi invenção deles.
A originalidade romana se mostra nas táticas e estratégias militares. 
Não foi à toa que mantiveram uma invencibilidade bélica por séculos. 
Eles foram criativos na administração pública, sendo que muito do que 
os governos utilizam hoje em dia foi copiado deles. O direito romano 
é célebre. As leis, a maneira de fazê-las, as ideias jurídicas, tudo o que 
caracteriza a ciência do Direito nasceu com os romanos.
Além de tudo, os romanos foram os primeiros a unificar a Europa. 
Segundo Aranha (2006), o idioma deles – o latim – é a base de várias lín-
guas europeias; mesmo idiomas não latinos, como o inglês e o alemão, 
possuem palavras de origem latina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi na Grécia que teve início o que hoje denominamos história da 
educação, pois foram os gregos que colocaram, pela primeira vez, a educa-
ção como um problema, ocorrência que se deve à visão antropocêntrica e 
universal. Contudo, foi por volta do século V a. C., com os sofistas e depois 
com a tríade Sócrates, Platão e Aristóteles, que o conceito de educação 
alcançou o estatuto de questão filosófica.
Se os primeiros mestres profissionais foram os sofistas, o primeiro 
grande educador foi Sócrates. Platão foi o fundador da teoria da educa-
ção e da pedagogia, sem abandonar as reflexões políticas de Atenas. E 
Aristóteles uniu à reflexão pedagógica uma intensa atividade educacional.
Em Roma predominou uma educação de caráter prático, familiar e ci-
vil, cujo principal objetivo era a formação do orador, sujeito ideal que agre-
Quintiliano foi um dos 
estudiosos romanos que mais se 
dedicou à educação. Nesse sen-
tido, quais foram as inovações 
educacionais propostas por esse 
pensador?
Atividade 3
Educação na Antiguidade greco-romana 37
ga a capacidade da palavra, riqueza de cultura e habilidade de participar 
da vida social e política.
A herança educacional greco-romana se revelaria basilar para os pen-
sadores dos períodos posteriores, que utilizariam essa soma de conheci-
mentos como alicerce.
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A. História da Educação e da Pedagogia: geral e do Brasil. 3. ed. São Paulo: 
Moderna, 2006.
CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Unesp, 1999.
FERREIRA, O. L. Visita à Grécia Antiga. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
GONZÁLES, R. J. Militarizing culture: essays on the warfare state. Nova Iorque: Routledge, 
2016.
JAEGER, W. Paideia: A formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de filosofia. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
MARCONDES, D. Introdução à história da filosofia. 10. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
MELLO, L. S. Educação na Antiguidade. In: SOUZA, N. M. M. (org.) História da educação. São 
Paulo: Avercamp, 2006.
PILETTI, C.; PILETTI, N. Filosofia e História da educação. São Paulo: Ática, 2004.
PINSKY, J. As primeiras civilizações. São Paulo: Atual, 1997.
GABARITO
1. O conceito de paideia está relacionado com o ideal grego de formação geral, que tem 
como objetivo o desenvolvimento da pessoa como indivíduo e como cidadão, procu-
rando formá-lo em todas as suas potencialidades de tal maneira que pudesse ser um 
melhor cidadão.
2. O mito ou a alegoria da caverna de Platão narra a história de um grupo que vivia preso 
ao fundo de uma caverna desde o nascimento, de onde conseguia enxergar apenas 
reflexos do mundo real projetados nas paredes do cárcere. Para esses indivíduos, 
de acordo com Platão, as sombras eram tudo o que existia, eram o mundo real. En-
tretanto, quando um dos prisioneiros se liberta da caverna, consegue ver toda a be-
leza e toda a imensidão do mundo, com cores, formas e movimentos. Ao retornar 
às trevas, é morto por seus companheiros que não o compreenderam. Aqueles que 
quebrassem as amarras e alcançassem a luz da realidade seriam libertados da ilu-
são. Mas, acostumados a viver nas sombras e na ilusão, teriam que ir pouco a pouco 
habituando-se à realidade. Para Platão, somente os filósofos teriam condições de atin-
gir o pleno conhecimento da realidade, cabendo aos demais a submissão. Portanto, 
nem todos deveriam ter acesso ao mesmo nível de instrução, pois não estariam pre-
parados para tal.
3. O romano Quintiliano valorizava a formação do orador e, afastando-se da filosofia, 
priorizava aspectos técnicos da educação desde a primeira infância, com a junção da 
recreação e dos exercícios físicos ao estudo com a intenção de tornar menos árdua a 
atividade escolar para os pequenos. Apresentava, também, a proposta de instrução 
simultânea em diversas matérias, e não em separado, como era costume.
38 História da Educação
3
Idade Média: a educação 
mediada pela fé
Antes de iniciarmos a reflexão sobre a educação no período que 
se convencionou chamar de Idade Média, é importante entender 
que esse não foi um período de trevas – como nos quiseram fazer 
acreditar os pensadores renascentistas –, tampouco um período 
que demonstra uma posição intermediária entre dois momentos 
relevantes da História: o mundo antigo e o mundo moderno. As 
inúmeras diferenças em relação ao mundo antigo, assim como da 
posterior Idade Moderna, não desqualificam esse momento como 
um tempo/espaço de produção de saberes, experiências e modos 
de convivência.
A Igreja católica foi a principal, mas não a única instituição educa-
tiva e cultural da Idade Média. Apesar do predomínio da concepção 
teocêntrica, ela trouxe para a educação novos sujeitos e concep-
ções, aproximou – sem extinguir o dualismo escolar – a educação 
do trabalho, algo, inclusive, que não existia anteriormente.
Esse momento – para além da institucionalização da Igreja ca-
tólica – representou o período de organização das universidades; 
foi a época de gestação das nações e línguas modernas, bem como 
do surgimento daquilo que posteriormente seria o capitalismo. No 
Oriente, houve um grande progresso técnico e cultural; este se 
espalhou pelo Ocidente, e o mundo foi pontilhado por relevantes 
descobertas, como os algarismos, o astrolábio, a pólvora, o pa-
pel, os diferentes medicamentos, o aço, a bússola e muito mais. 
Gradativamente, todas essas inovações proporcionaram novas 
possibilidades materiais.
Idade Média: a educação mediada pela fé 39
3.1 As escolas cristãs 
Vídeo Para entendermos a estruturação e a expansão das escolas cristãs 
ao final do Império Romano e início do que se convencionou denomi-
nar Idade Média, é importante entendermos que, como em outros pe-
ríodos da história, as mudanças não ocorreram da noite para o dia, 
mas foram resultado de um processo complexo e gradual.
As escolas cristãs surgiram ainda durante o Império e estavam fo-
cadas na formação dos quadros religiosos da Igreja católica, ou seja, 
coexistiram com as escolas pagãs da mesma forma que a sociedade, 
posteriormente chamada medieval, coexistia com aspectos da socieda-
de romana.
Apesar das dificuldades e das perseguições, o movimento cristão, 
inicialmente compreendido como uma seita do judaísmo, desenvolveu-
-se nos ambientes populares, conquistando partidários entre os despo-
jados. Porém, o apoio de pessoas ricas e consideradas cultas foi bem 
mais lento: apenas no século IV foi aceito como um movimento legal e 
declarado religião oficial (KONDER,

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