Prévia do material em texto
ELABORAÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS EDUCATIVOS 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1 OS PROJETOS EDUCATIVOS Pode-se afirmar que a técnica de elaboração de projetos é o método mais amplamente utilizado no planejamento de atividades e programas no campo educacional. Nos últimos anos, tem havido uma crescente necessidade de abordar a problemática educacional por meio da aplicação da metodologia de projetos, conhecida como "Projetos Educativos", "Metodologia de Projetos" ou "Pedagogia de Projetos". Essa prática revela-se dinâmica, permitindo a antecipação de possíveis problemas e imprevistos, direcionando os esforços para alcançar os objetivos estabelecidos. A utilização dessa técnica no trabalho pedagógico traz uma nova dinamicidade aos planejamentos tradicionais. Uma citação que resume bem a função de um projeto no contexto educacional é a seguinte: “O projeto representa a unidade mais operativa dentro do processo de planejamento e constitui a corrente final do dito processo” (COHEN, 2000, p. 18). No contexto de avanços nas ciências, principalmente na Biologia e Psicologia, e de transformações sociais influenciadas pela industrialização e urbanização, surgiu a Escola Nova no final do século XIX, na Europa, e no Brasil, a partir de 1920, com maior destaque na década de 30. A Escola Nova se destacou por sua rejeição à educação tradicional, que se baseava na transmissão de conteúdos descontextualizados, sem relevância para a vida dos alunos. Foi a partir desse modelo de escola que surgiram os primeiros passos em direção a uma abordagem de ensino por meio de projetos. A metodologia de projetos surgiu no início do século XX nos Estados Unidos, sendo concebida pelo filósofo e educador John Dewey e desenvolvida por seu discípulo Kilpatrick. Gradualmente, essa abordagem se difundiu na Europa com grande aceitação e chegou ao Brasil por meio dos trabalhos de Miguel Arroyo, que foram aplicados na organização dos conteúdos programáticos das disciplinas em escolas de Minas Gerais (GALVÃO, 2019). A proposta consistia em desenvolver atividades que estabelecessem uma conexão entre a sala de aula e a realidade social na qual o aluno está inserido, possibilitando um melhor entendimento dessa realidade. Dessa forma, a aprendizagem se torna um processo abrangente que integra o conhecimento com a prática, a teoria com a ação, ou seja, une a pedagogia da palavra com a pedagogia da ação. Segundo Higino (2002), propõe que o fundamento de toda educação de uma atividade autoguiada, realizada através de projetos que visam: Combinar ideias ou habilidades a serem expressadas, ou executadas; Tentar algo novo; ordenar uma atividade intelectual ou realizar um novo nível de habilidade, ou conhecimento. Kilpatrick (1978) fundamentou seu conceito de projeto na teoria da experiência de Dewey, argumentando que os alunos adquirem experiência e conhecimento por meio da resolução de problemas práticos em situações sociais. Para Kilpatrick, a psicologia da criança é o elemento central de uma abordagem de aprendizagem que aumenta o sucesso à medida que a liberdade para realizar as intenções do aluno gera motivação. Salientou quatro características que contribuem para um bom projeto didático: Uma atividade motivada por uma intenção consequente; Um plano de trabalho, preferencialmente manual; a características que incluem a diversidade globalizada da educação; e uma pessoa, em ambiente natural, realizada completamente pelo aluno, permitindo o exercício das virtudes associadas à liberdade de ação e necessárias para manter e desenvolver a democracia. Freinet (2004) em suas concepções educacionais, criticou veementemente a escola tradicional, considerando-a inimiga da exploração experimental, fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer do aluno. Ele analisou de forma crítica o autoritarismo presente na escola tradicional, expresso nas regras rígidas da organização do trabalho, no conteúdo determinado de maneira arbitrária e na sua fragmentação, desatualizado em relação à realidade social e ao progresso das ciências. Antunes (2012) define projeto como uma pesquisa ou investigação aprofundada sobre um tema, ou tópico considerado importante para ser compreendido. Segundo o autor, o objetivo de um projeto é o esforço investigativo para encontrar respostas corretas e abrangentes, além de promover uma aprendizagem significativa sobre o tema estudado. A implementação da "Metodologia de Projetos" contribui para que o aluno participe e se envolva em seu próprio processo de aprendizagem, compartilhando com seus colegas. Isso exige que o professor enfrente desafios de mudança, diversificando e reestruturando de forma mais aberta e flexível os conteúdos escolares. No entanto, o professor deve colaborar e adaptar-se às novas abordagens educacionais, deixando de ser o “senhor sabe tudo” e passando a ser um guia e facilitador da aprendizagem. Como afirma Martins (2001): A curiosidade despertada e motivada pelo professor conduzirá o aluno ao desejo de saber e conhecer melhor o assunto a ser investigado. A investigação devidamente orientada pelo professor pela aplicação de procedimentos sistematizados destina-se a levar o aluno a explorar o assunto pela leitura como alvo, é a realização maior do prazer cultural e da satisfação do aluno em, por ele mesmo, atingir o conhecimento desejado (MARTINS, 2001, p.39). Dessa forma, o ensino se torna mais dinâmico, estimulando o desenvolvimento de novas atitudes nos alunos e a adoção de novas estratégias pelo professor. O professor consegue superar antigos métodos que se limitavam a transmitir conhecimentos por meio de repetição e cópia, passando a acreditar na capacidade criativa do aluno, fundamentada na pesquisa e na construção de seu próprio conhecimento, preparando-o para as oportunidades práticas da vida. O uso de projetos como base para atividades de ensino e aprendizagem proporciona uma compreensão mais abrangente dos diversos aspectos que compõem a realidade, permitindo a integração de contribuições de diferentes áreas do conhecimento. Essa abordagem possibilita dar relevância às questões dos "Temas Transversais", pois os projetos podem ser desenvolvidos em torno deles e direcionados para metas concretas, resultando na produção de algo que seja útil em situações reais (BRASIL, 1998). As vantagens de adotar projetos de trabalho como parte do ensino logo se tornam evidentes após as primeiras experiências, tanto para o professor quanto para as famílias, que percebem: Motivação dos alunos na busca de informações e dados; Interação e troca de experiências entre eles, bem como o compartilhamento, responsabilidade entre grupos; As mudanças sentidas nas salas de aula; O despertar das questões sobre os fatos ou problemas que estão sendo pensadose a vontade dos alunos de querer mostrar aos outros colegas da escola os resultados alcançados por meio de seminários, pôsteres, murais, e outras formas de comunicação. Para Hernández (2000), a metodologia de projeto organiza os conhecimentos escolares e a aprendizagem, proporcionando a atividade de ensino. O projeto incentiva o desenvolvimento de estratégias organizando o conhecimento curricular, considerando: Processamento de informação; A relação entre vários conteúdos relativos a problemas ou hipóteses que “facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente de diferentes saberes disciplinares em conhecimentos próprios” (HERNÁNDEZ, 2000, p.61). Um projeto educativo só poderá delinear claramente seus objetivos e alcançar um propósito desejado se estiver fundamentado em um ideal, uma visão e uma missão do centro educacional onde é desenvolvido. Outra característica dos projetos educativos é a reflexão sobre o perfil do indivíduo que se deseja formar. Essa concepção abrange as dimensões sociais em que o aluno desenvolverá sua vida? Quais métodos pedagógicos que serão aplicados? Quais valores e ideais que se deseja transmitir? As respostas a essas perguntas devem orientar o projeto. Além disso, ao elaborar um projeto, é essencial considerar a realidade em que será implementado. Um projeto isolado da realidade corre o risco de não ser aplicável na prática. Para que seja funcional, é necessário que seja resultado de uma análise realizada por uma equipe de profissionais, considerando as necessidades e os recursos disponíveis para alcançar os objetivos (GALVÃO, 2019). 1.1 O planejamento e sua aplicabilidade na Educação O planejamento é essencial para garantir a longevidade e sustentabilidade do trabalho proposto. Ele envolve a definição de caminhos alternativos para alcançar os objetivos estabelecidos, mas não é uma fórmula mágica que resolve todos os problemas, como afirmam Sant'anna et al. (2014). Segundo Piletti (2011), planejar as atividades de ensino é importante pelos seguintes motivos: Evita cair na rotina e na improvisação; Auxilia na realização dos objetivos; Promove a eficiência do ensino; Aumenta a produtividade, otimizando o tempo e a energia; Sistematiza a direção do ensino, proporcionando maior segurança. Nos tempos atuais, o planejamento é necessário em todas as áreas. Carvalho (1979) destaca que o planejamento assume uma importância tão significativa que se tornou objeto de teorização, sendo abordado em várias teorias. Uma das abordagens mais modernas está relacionada à teoria geral dos sistemas. Assim, “envolve quatro elementos necessários e suficientes para a sua compreensão: processo, eficiência, prazos e metas” (CARVALHO, 1979, p. 14). De acordo com essa abordagem, o planejamento é caracterizado por um processo sistemático. A efetivação do plano leva em consideração suas etapas constituintes, garantindo feedback durante todo o processo. Com base nas linhas de ação diretivas da escola, existem três níveis de planejamento, diz Carvalho (1979). 1. Planejamento Educacional: Esse tipo de planejamento engloba um nível mais abrangente, envolvendo a estruturação e o funcionamento de todo o sistema educacional. As responsabilidades recaem sobre as autoridades educacionais, como o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Educação e os órgãos municipais e estaduais. Além disso, existem os Conselhos Estaduais de Educação, que exercem sua competência nos estabelecimentos vinculados ao poder público estadual ou municipal. O planejamento educacional é amplo e abrangente, pois estabelece as diretrizes da política nacional de educação e engloba todo o sistema educacional em seu escopo. 2. Planejamento Curricular: Esse tipo de planejamento ocorre no contexto da escola e tem como objetivo concretizar o planejamento educacional, considerando o ambiente escolar específico. Ele envolve a participação da direção da escola, professores e especialistas da área, exigindo um estudo contínuo que abranja toda a escola. Seu propósito é harmonizar os recursos humanos com os recursos materiais e financeiros, de forma efetiva. Conforme mencionado por Sant'anna et al. (2014), esse tipo de planejamento está relacionado diretamente à escola, estabelecendo as diretrizes principais que orientam todo o trabalho, estando intimamente ligado às prioridades estabelecidas no planejamento educacional. Planejamento curricular é “uma tarefa multidisciplinar que tem por objeto organização de um sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos do conhecimento” (SURUBLI, 2005, p. 34). De acordo com essa definição, compreende-se que o planejamento das atividades favorece ao máximo o processo de ensino- aprendizagem para alcançar os objetivos educacionais. 3. Planejamento de Ensino: O planejamento de ensino, por sua vez, é desenvolvido a partir da ação do professor. No contexto escolar, ele configura a atividade direcionada, metodológica e sistemática do professor em relação aos alunos, com o objetivo de atingir metas educacionais definidas. Esse plano sistematiza de forma concreta e operacional a ação do professor em sala de aula, com o intuito de guiar os alunos na conquista dos objetivos educacionais propostos. O sucesso do planejamento de ensino não está apenas relacionado às questões técnicas de organização, coerência e flexibilidade, mas também depende na maioria das relações estabelecidas entre os indivíduos presentes nesse contato presencial, bem como da avaliação, que desempenha um papel fundamental. Através da avaliação, será possível aprimorar os próximos procedimentos e adotar novas estratégias, conforme afirmado por Cappelletti (1999). Segundo Mattos, o planejamento de ensino é “previsão inteligente e bem calculada de todas as etapas do trabalho escolar que envolvem as atividades docentes e discentes, de modo a tornar o ensino seguro, econômico e eficiente” (1999, p.140), adicionando a definição de Cappelletti (1999, p. 10) como “a previsão das situações específicas do professor com a classe”. O planejamento das ações tem acompanhado o ser humano desde o início de sua existência, uma vez que a história é moldada pelo presente e pelo passado. Ao buscar atender às suas necessidades, o homem estabeleceu diversas relações, incluindo as relações educativas (GALVÃO, 2019). Luckesi (2011, p. 117) define o planejamento como "a atividade intencional pela qual se projetam fins e se estabelecem meios para atingi-los. É uma ação ideologicamente comprometida e não possui caráter de neutralidade". O planejamento, portanto, é um processo que envolve aspectos político- sociais, científicos e técnicos. Ao realizar o planejamento na escola, não é suficiente que o professor esteja atento apenas aos meios, mas também aos fins e objetivos da educação. Segundo Sant'anna et al. (2014), existem algumas definições relacionadas ao planejamento: 1-Plano de curso: caracteriza toda a ação a ser empreendida. Ao elaborar este plano de curso, o professor leva em conta o maior número possível de situações que posam alterar e interferir na preparação deste plano. “O plano de curso representa o trabalho de previsão de um ano letivo para as atividades de uma determinada disciplina” (Sant'anna et al.,2014, p. 235). Conforme Nérici (1998, p. 131), “é a distribuição dos assuntos a serem estudados no ano, semestre, mês, semana”. Este plano distingue-se como uma diretriz, um cronograma flexível que deve ser revisto regularmente. O plano de unidade: consiste em uma parte específica do plano global definindo as ações a serem realizadas em um determinado período. De acordo com Turra (1996), esse plano de unidade é caracterizado por uma previsão mais detalhada do trabalho a ser desenvolvido, com o estabelecimentode objetivos que visam alcançar o foco do tema central da unidade. O plano de aula: tem como objetivo detalhar as atividades diárias para a implementação do plano de curso e do plano de unidade. De acordo com Turra (1996), esse plano se caracteriza “pela descrição específica do objetivo pretendido para cada aula e dos meios necessários para seu alcance” (p. 261). Uma das maneiras de estar atento é encontrada no plano de aula. Fusari (1998, p.47), destaca que “o preparo das aulas é um encontro curricular, no qual, ano a ano, vai-se tecendo a rede do currículo escolar proposto para determinada faixa etária, modalidade ou grau de ensino”. Nessa perspectiva, a aula deve ser considerada um momento curricular significativo em que o educador desempenha um papel competente e crítico ao mediar entre os alunos e os conteúdos de ensino, buscando sempre orientar a prática docente para a aprendizagem dos alunos. Para Fusari há uma distinção entre plano e planejamento. O planejamento é: O processo que envolve a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos (FUSARI, 1998, p. 10). O plano de ensino, por sua vez, é um momento de documentação do processo educacional escolar como um todo. Trata-se de um documento elaborado pelo professor, que contém suas propostas de trabalho em uma área ou disciplina específica. O plano de ensino abrange além do que está registrado no planejamento do professor. Nessa perspectiva, o planejamento e o plano se complementam e se interpenetram no processo da prática docente. É importante ressaltar que o professor não pode perder de vista que a escolha das metodologias está alinhada aos princípios e finalidades da educação que ele defende. As metodologias possuem fundamentação político- filosófica e, portanto, não são elementos neutros (GALVÃO, 2019). Além disso, a escola precisa desenvolver seu trabalho pedagógico a longo prazo, com objetivos a serem alcançados no bimestre, semestre ou ano letivo. Mesmo em um contexto em que não há clareza política e econômica sobre o futuro, isso não pode ser usado como desculpa para que a escola planeje apenas para o dia seguinte. Quando a escola possui um planejamento estratégico bem definido, alinhado com sua missão e visão, os objetivos educacionais são alcançados. Esse planejamento estratégico é caracterizado por um conjunto de estratégias capazes de levar a escola ao que foi idealizado por seus organizadores. De acordo com Motta (1984), esse planejamento estratégico é definido como: Um processo contínuo e sistemático de antecipar mudanças futuras, tirando vantagem das oportunidades que surgem, examinando os pontos fortes e fracos da organização, estabelecendo e corrigindo cursos de ação a longo prazo. (MOTTA, 1984, p. 11). A cultura do planejamento estratégico abrange diversos aspectos, tais como: Valores, crenças, marcos doutrinais e mitos que orientam a ação e o pensamento da escola; Estilo de liderança adotado pelos gestores e professores; Comportamento grupal, ou seja, como os membros da escola interagem e se relacionam entre si; Motivação, que envolve o engajamento e o entusiasmo dos profissionais em relação ao trabalho educacional; Espírito de equipe, ou seja, a colaboração e a cooperação entre os diferentes atores da escola; Qualidade do ambiente, que se refere às condições físicas e psicossociais presentes na instituição de ensino; Qualidade de vida, considerando o bem-estar e a satisfação dos profissionais e alunos; Espírito de criatividade e inovação, estimulando a busca por soluções criativas e o desenvolvimento de práticas inovadoras no contexto educacional. É importante ressaltar que o planejamento estratégico se diferencia do plano de ensino. Enquanto o plano de ensino diz respeito à organização das atividades diárias em sala de aula, o planejamento estratégico abrange uma visão mais ampla e abrangente da escola como um todo, considerando sua missão, visão e objetivos de longo prazo. O planejamento estratégico envolve a definição de estratégias e ações que direcionam a escola para alcançar suas metas e promover melhorias contínuas em sua prática educativa. A fim de compreender como ocorre o plano de ensino, é importante retornar ao conceito e entender sua trajetória, desde sua determinação pelas políticas educacionais até chegar à sala de aula. O processo de planejamento se inicia no plano de curso, que é geralmente fornecido pelos órgãos responsáveis pela coordenação do trabalho nos estados e municípios, e é elaborado pelos professores na escola para formar os planos de ensino (GALVÃO, 2019). Nesse contexto, é comum que o professor conclua e organize seu plano de aula sem uma pesquisa aprofundada sobre os conteúdos necessários para a série em que irá lecionar. Essa abordagem evidencia a necessidade de uma discussão mais ampla sobre o planejamento, pois, ao ser iniciado de forma inadequada, compromete sua eficácia. Para superar essas questões dicotômicas, alguns teóricos propõem o planejamento coletivo ou participativo. A ideia é que, uma vez que a escola possui um Projeto Político-Pedagógico (PPP) construído de forma coletiva, todas as ações da escola também devem ser orientadas por esse princípio. Assim, é fundamental conhecer a realidade dos alunos e, em vez de uma semana pedagógica voltada apenas para o planejamento, promover momentos de estudo e avaliação do PPP, permitindo a participação de todos os envolvidos no processo educacional. De acordo com Veiga (2005), o PPP não deve ser encarado como um mero documento burocrático exigido pelas secretarias de educação, mas sim como uma necessidade e um desafio para a escola. Ele deve ser construído de forma coletiva, refletindo os valores, princípios e objetivos da instituição de ensino. Como afirma Veiga: O projeto político pedagógico é uma forma de organização do trabalho pedagógico da escola que facilita a busca de melhoria da qualidade do ensino. Esta organização se dá em 2 níveis: a escola como um todo e na sala de aula, incluindo as ações do professor na dinâmica com seus alunos. (VEIGA, 2005, p. 57). O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um documento que desempenha um papel fundamental ao facilitar e organizar as atividades escolares, atuando como mediador de decisões, orientando a condução das ações e permitindo a análise dos resultados e impactos alcançados. Além disso, o PPP representa um registro da memória histórica construída, possibilitando à escola refletir sobre sua intencionalidade e sua trajetória. A construção do PPP envolve a autonomia da escola e sua capacidade de estabelecer sua própria identidade. Nessa perspectiva, a escola deve se tornar um espaço público de debates embasados na reflexão coletiva. Segundo Veiga (2005), a elaboração do PPP deve considerar sete elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico: 1. Estrutura organizacional; 2. Currículo; 3. Finalidade da escola; 4. Tempo/calendário escolar; 5. Relações de trabalho; 6. Avaliação; 7. Processo decisório. O planejamento implica se preocupar com a aprendizagem e com a transmissão do conhecimento. Afinal, como é possível ajudar alguém a adquirir conhecimento se o próprio professor não o possui? O domínio do conteúdo é a base sólida que determina se o trabalho será coletivo ou não. Portanto, o planejamento também envolve a discussão sobre a relação entre conteúdo e forma da educação, como mencionado por Pinto (1984). O conteúdo refere-se ao conjunto de conhecimentos transmitidos pelo professor ao aluno, ou seja, os conhecimentos organizados e distribuídos nas disciplinas curriculares. Já a forma diz respeito aos procedimentos ou técnicas de ensino,e é por meio dela que um determinado trabalho pedagógico assume uma concepção. A forma adotada pelo professor revela a base filosófica e pedagógica que norteia sua concepção sobre o ser humano, a educação e a sociedade. Conteúdo e forma estão inter-relacionados, sendo que o conteúdo desempenha um papel determinante nessa relação, embora essa determinação não seja absoluta. Segundo Piletti, o conceito é concluído como: O planejamento de ensino é a especificação do planejamento do currículo, constituindo-se em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos no projeto. (PILETTI, 2011, p.54). O projeto curricular é responsável pela dimensão pedagógico-didática do projeto institucional, abrangendo aspectos relacionados ao ensino e à aprendizagem das diferentes áreas e disciplinas em todos os níveis de ensino. A matriz curricular deve ser reinterpretada no contexto do projeto curricular institucional, adaptando-se às necessidades e realidades de cada instituição. Em consonância com o Projeto Educativo, os professores que ministram disciplinas afins elaboram o Projeto Educativo de Área, que reúne estratégias e ações propostas pela equipe docente para desenvolver nos estudantes as competências gerais das respectivas áreas. O projeto orienta, por um lado, as atividades comuns a serem realizadas como área acadêmica e, por outro lado, as atividades específicas correspondentes a cada disciplina. O projeto educacional é um espaço onde é possível realizar integrações entre disciplinas e articular com outras áreas, visando desenvolver as competências gerais correspondentes a cada uma. Ele reúne as estratégias a serem seguidas pelo docente, bem como os objetivos propostos para desenvolver as habilidades dos estudantes, visando alcançar as competências específicas de cada disciplina. Tradicionalmente, os projetos recebem nomes como "unidade temática" ou "pedagogia de projetos", e podem variar de acordo com a localidade. Na realidade, o projeto é uma estratégia de aprendizagem por meio da qual buscamos alcançar nossos objetivos didáticos por meio dos conteúdos aplicados em uma série de ações e recursos. A articulação é a chave organizacional da proposta curricular institucional, tanto ao nível horizontal quanto vertical. A articulação horizontal implica conectar os conteúdos entre si, enquanto a articulação vertical possibilita aprofundar e conectar os conteúdos entre os diferentes anos de ensino (GALVÃO, 2019). Apesar das informações fornecidas por todos esses documentos, é necessário recorrer a outras fontes para tomar decisões curriculares. Essas informações devem ser processadas por uma equipe docente para a organizar os dados de maneira articulada e coerente com as necessidades e recursos disponíveis. A metodologia de projetos desempenha um papel significativo no processo educativo, proporcionando uma abordagem dinâmica e envolvente para o ensino e a aprendizagem. Ao adotar essa abordagem, os educadores podem promover a participação ativa dos estudantes, estimulando sua curiosidade, criatividade e senso de responsabilidade. Por meio dessa metodologia, os alunos são incentivados a explorar temas relevantes e significativos, desenvolvendo habilidades de pesquisa, resolução de problemas, colaboração e comunicação. Ao trabalhar em projetos, eles têm a oportunidade de aplicar os conhecimentos e competências adquiridos em diferentes disciplinas, tornando a aprendizagem mais integrada e contextualizada. Além disso, essa metodologia incentiva a autonomia dos alunos, permitindo que eles sejam protagonistas de seu próprio processo educativo. Ao definir objetivos, planejar e executar as etapas do projeto, os estudantes assumem um papel ativo na construção do conhecimento, desenvolvendo sua capacidade de tomar decisões, organizar o trabalho em equipe e avaliar os resultados alcançados Ao adotar a metodologia de projetos, as instituições educacionais também estão se alinhando com uma abordagem mais centrada no estudante, que valoriza a construção do conhecimento por meio da experiência prática e da investigação. Essa abordagem proporciona um ambiente de aprendizagem mais motivador e significativo, no qual os alunos podem se engajar de forma mais profunda e desenvolver habilidades essenciais para sua vida acadêmica, profissional e pessoal. Portanto, a metodologia de projetos no processo educativo oferece uma maneira eficaz de promover uma educação mais contextualizada, participativa e voltada para o desenvolvimento integral dos estudantes. Ao integrar projetos em sua prática pedagógica, os educadores estão proporcionando oportunidades valiosas para que os alunos adquiram conhecimentos, competências e atitudes essenciais para se tornarem cidadãos ativos, críticos e comprometidos com a sociedade em que vivem. 2 O PROJETO EDUCATIVO NO DESENVOLVIMENTO CURRICULAR Há diferentes perspectivas em relação ao currículo. Para alguns, ele é entendido como um conjunto de conhecimentos a serem transmitidos ao aluno. Já para outros, é uma especificação dos resultados esperados do processo educativo. No entanto, Antunez apresenta uma concepção distinta de currículo: Currículo é tudo aquilo que os alunos aprendem realmente na escola. Este inclui as aprendizagens que se produzem sem intencionalidade por parte do docente, sendo que, em outra perspectiva, é chamado de currículo oculto; aprendizagens por imitação do professor, aprendizagens pelas interações sociais na sala de aula (ANTUNEZ, 2003, p. 49). Existem diversas abordagens para conceber o currículo, cada uma delas refletindo uma visão específica do ensino escolar. O currículo é proposto como uma ferramenta a ser utilizada pelo professor para alcançar seu principal objetivo com o aluno. Ele desempenha o papel de equilíbrio e serve como uma ponte entre a teoria e a prática, apresentando características que permitem ao educador desenvolver sua criatividade e adaptar-se à sua concepção educativa e aos procedimentos que considera adequados para promover o desenvolvimento, a adaptação e as possibilidades de aprendizagem dos alunos. No entanto, também pode apresentar características de um currículo mais prescritivo e fechado. De acordo com Silva (2013), o currículo surgiu como uma necessidade de padronizar os produtos educacionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96) estabelece diretrizes, decretos, pareceres, resoluções e deliberações sobre a educação em níveis Federais, Estaduais e Municipais, assim como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's) para o Ensino Fundamental e Médio. A partir da análise da dinâmica atual da educação, a fundamentação teórica nos oferece uma nova perspectiva para a construção do planejamento curricular. Nesse sentido, também se estabelece a definição do currículo “consiste em experiências, por meio das quais os alunos alcançam a autorrealização e, ao mesmo tempo, aprendem a contribuir para a construção de melhores comunidades e um melhor futuro” (RAGAN, 1973, p. 4). Ao adotarmos um currículo embasado na concepção construtivista, temos a oportunidade de promover uma reforma educacional que estabeleça uma relação entre projetos e currículo. Isso possibilita o desenvolvimento de conteúdos e competências por meio de sua aplicação prática, utilizando a metodologia de projetos como meio de dinamizar o processo de ensino- aprendizagem e alcançar uma aprendizagem verdadeiramente significativa, em contraposição ao aprendizado repetitivo (GALVÃO, 2019). Atualmente, há uma crítica contundente ao modelo tradicional de educação, tornando-se cada vez mais necessário que as escolas adotem novas metodologias e práticas de ensino. Um novo paradigma educacional propõe ações que ultrapassem a fragmentaçãodo conhecimento e rompam com o conservadorismo do ensino baseado apenas em conteúdo, buscando novos rumos pedagógicos inseridos em modelos epistemológicos que valorizam a capacidade de criar, construir e se harmonizar com o universo. É fundamental compreender que o ensino não é uma tarefa mecânica, mas sim uma arte liberal que requer criatividade. Muitas coisas dependem dessa compreensão. O progresso da civilização está intrinsecamente ligado à educação, e é essencial permitir que as escolas atuem em seu propósito, utilizando processos mais refinados e fundamentados na liberdade da ciência e da filosofia “Só a esse ensino é que a sociedade pode confiar a sua continuidade” (KILPATRICK, 1978, p. 87). As abordagens pedagógicas tradicionais têm mostrado pouca eficiência em ajudar os alunos a desenvolver habilidades de pensamento crítico, reflexão e criatividade para encontrar soluções autônomas para os problemas que enfrentam. Embora os alunos acumulem conhecimentos, muitas vezes têm dificuldade em aplicar esses conhecimentos em situações do cotidiano. Nesse contexto, o trabalho com projetos surge como uma proposta educacional que busca desenvolver competências, visando uma aprendizagem ativa e participativa por parte dos alunos. Atualmente, observa-se uma tendência nas escolas em adotar o trabalho com projetos, porém, muitas vezes essas atividades não apresentam as características essenciais de um projeto verdadeiro. É importante compreender que um projeto educacional genuíno vai além de simples atividades temáticas ou de pesquisa. Ele envolve um processo estruturado, no qual os alunos se engajam ativamente na investigação, planejamento, execução e apresentação dos resultados, promovendo a integração de diferentes áreas do conhecimento e estimulando o pensamento crítico, a colaboração e a autonomia dos estudantes. Conforme destacado por Moura e Barbosa (2009), aspectos culturais, tais como a ausência de planejamentos adequados, gestão eficiente, controle, acompanhamento e avaliação, podem ser considerados alguns dos principais fatores que contribuem para a ocorrência de atividades denominadas como "quase-projetos" ou "não-projetos", em vez de um trabalho efetivo com projetos. Os autores adotam o seguinte conceito para projetos de trabalho. São projetos realizados pelos alunos, em uma ou mais disciplinas, no contexto escolar, sob a orientação do professor, com o objetivo de promover a aprendizagem de conceitos e o desenvolvimento de competências e habilidades específicas. Esses projetos são conduzidos por meio de uma metodologia conhecida como Metodologia de Projetos ou Pedagogia de Projetos. “[...] os projetos de trabalho são executados pelos alunos sob a orientação do professor visando a aquisição de determinados conhecimentos, habilidades e valores” (MOURA & BARBOSA, 2009, p.12). Moura e Barbosa (2009) propõem a adoção de uma metodologia para projetos de trabalho que esteja alinhada às concepções gerais de desenvolvimento de projetos, de forma que os alunos, ao desenvolverem seus projetos de trabalho, também estejam adquirindo conhecimentos e habilidades comuns às atividades de desenvolvimento de projetos e de pesquisa, como planejamento de recursos e cronograma. O Plano de Controle e Avaliação corresponde aos procedimentos necessários para acompanhar e avaliar a execução do projeto e seus resultados. Atualmente, as escolas têm buscado cada vez mais desenvolver essa prática de qualidade, que está centrada na formação global e holística dos alunos, proporcionando-lhes experiências relacionadas à criatividade, à relação entre escola e família, à cooperação e ao exercício da cidadania. Essas escolas reconhecem sua missão de formar cidadãos completos, abertos ao mundo, criativos, competitivos, alegres, humanizados e solidários (GALVÃO, 2019). O projeto de trabalho requer, portanto, um enfoque curricular como ponto de partida, levando em consideração as concepções políticas, filosóficas, sociais, econômicas, culturais e pedagógicas que sustentam as posturas sobre as quais o currículo foi desenvolvido. Ele constitui o fundamento das decisões a serem tomadas. Ao considerarmos o currículo como a especificação das intenções educativas e o planejamento das ações de ensino e aprendizagem a serem alcançadas, podemos incluir a ideia de um projeto curricular. O projeto define intenções e estratégias para alcançar os objetivos propostos e pressupõe práticas que desenvolvem sujeitos autênticos. Atualmente, os projetos educativos são essenciais para o desenvolvimento curricular, pois constituem um plano de ação que envolve metodologia, objetivos, tempo, seleção de materiais, critérios de avaliação, entre outros. Por meio deles, podemos expressar o que é realmente realizado (GALVÃO, 2019). É fundamental motivar os alunos para a aprendizagem, pois o conhecimento é construído na relação entre o sujeito, o objeto e a realidade, por meio da ação do aluno sobre o objeto de estudo, com a mediação do professor, e não apenas por meio da ação do professor e da transmissão de conhecimento. O aluno traz consigo uma bagagem cultural que precisa ser valorizada, e o trabalho em sala de aula possui uma dimensão coletiva, onde as atividades em grupo devem ser vistas como atividades colaborativas. Os alunos devem ser colocados em situações de pesquisa, que são pedagogicamente mais enriquecedoras. A sala de aula deve seguir, uma organização espacial e temporal que não é mais centrada no mestre e que combina trabalho individual, o trabalho em pequenos grupos e as trocas ao nível do grupo-classe. As carteiras são ora reunidas em círculo, ora espalhadas na classe em pequenos grupos e ora isoladas. O emprego do tempo apresenta flexibilidade e grande variedade de modos de atividade (CHARLOT, 2013, p.171). Do que foi exposto até o momento sobre currículo, podemos concluir o seguinte: Tradicionalmente, o currículo tem sido entendido como as disciplinas ensinadas na escola ou o programa de estudos. Nos últimos anos, tem havido uma tendência de usar o termo currículo em um sentido mais amplo, referindo-se à vida escolar como um todo, inclusive às atividades extracurriculares. Portanto, é importante que o currículo incorpore ideias de flexibilização, levando em consideração o que Carlinda Leite afirma em seu livro "Para uma escola curricularmente inteligente": Princípio da autonomia: expressa a ideia de que o desenvolvimento do projeto educativo deve responder às características específicas do local (população, recursos existentes e suas limitações), mobilizando esse conhecimento para proporcionar uma educação de qualidade. Princípio da participação local: expressa a crença de que um ensino que gera aprendizagens significativas é facilitado quando os professores desempenham um papel ativo no currículo, em vez de serem meros consumidores. Princípio da diversidade curricular: reconhece que, em uma escola composta por realidades e público diversificados, é inadequado ter um currículo centralizado e uniforme para todo o país. Princípio da educação e da escola como instituição educadora: requer que os alunos se desenvolvam pessoal e socialmente, aprendendo a ser, a se formar e a se transformar, adquirindo conhecimentos nas várias áreas do conhecimento. Princípio da articulação e funcionalidade do currículo: quando o currículo é desenvolvido de forma integrada e em estreita relação entre as diversas áreas do conhecimento, as aprendizagens se tornam significativas. Princípio que reconhece a importância da organização curricular: valoriza os conteúdos que envolvem a comunidade e a realidade local, levando em consideração as experiências de vida dos alunos. Dessa forma, eles aprenderão e reconhecerão seu lugar de valor na escola. Princípio do não-isolamento da escola: reconhece que a escola estabeleceuma relação com o meio e não é a única instituição responsável pela educação, estabelecendo parcerias com outras instituições da comunidade para cumprir seu papel educativo. 2.1 A interação entre Metodologia de Projetos, os Parâmetros Curriculares Nacionais e os Temas Transversais A educação básica possui o compromisso de preparar os alunos para um processo contínuo de aprendizagem. Para que isso ocorra, o ensino e a aprendizagem devem priorizar estratégias e a construção do conhecimento por meio da verificação de hipóteses, assim como o desenvolvimento de argumentos que promovam o espírito crítico. É necessário adotar uma dinâmica de ensino que valorize as potencialidades individuais e coletivas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) representam um referencial para promover a reflexão sobre os currículos. Eles são flexíveis e são desenvolvidos pelas autoridades governamentais, escolas e professores. A palavra "parâmetro" sugere a ideia de que, ao mesmo tempo, em que se reconhece e respeita as diferenças regionais, culturais ou políticas, também se busca referências nacionais que caracterizem o fenômeno educacional em diversas regiões do país. A abrangência nacional dos PCN visando criar condições nas escolas para discutir formas que garantam aos alunos o acesso a um conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como fundamentais para o exercício da cidadania. As diferenças são entendidas a partir das semelhanças. O que é comum a todos deve ser garantido pelo Estado. Os parâmetros, ao mesmo tempo que contribuem para a formação de uma unidade, também buscam respeitar a diversidade, que é uma característica cultural da formação social brasileira. Eles representam uma oportunidade de reflexão e um canal para estabelecer referências a partir das quais a educação possa atuar de forma consistente na construção da cidadania, buscando orientar e garantir a coerência das políticas de melhoria da qualidade do ensino. Longe de ser um modelo homogêneo ou impositivo, eles são um convite para que as manifestações culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas sejam peças de um mosaico, de um contexto que será ainda mais enriquecedor quanto mais diversidade abranger. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, tanto nos objetivos educacionais que propõem quanto na contextualização dos significados das áreas de ensino e dos temas da vida social contemporânea que devem atravessá-las, buscam apontar caminhos para enfrentar os problemas do ensino no Brasil, adotando como eixo o desenvolvimento de capacidades. (BRASIL, 1998, p. 51). Nesta perspectiva, compreende-se que o aluno, mesmo participando de um processo interativo complexo envolvendo alunos, professores e conhecimento, pode ser o sujeito de sua própria formação. De acordo com Brasil (1998), o processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) teve início a partir do estudo de propostas curriculares de estados e municípios brasileiros, da análise realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos oficiais e do contato com informações relativas a experiências de outros países. Foram analisados subsídios provenientes do Plano Decenal de Educação, de pesquisas nacionais e internacionais, dados estatísticos sobre o desempenho de alunos no ensino fundamental, bem como experiências de sala de aula discutidas em encontros e seminários. De acordo com os PCN (BRASIL, 1998), a seleção de conteúdos deve abordar questões que permitam a compreensão crítica da realidade, em vez de tratá-los como dados abstratos a serem aprendidos apenas para "passar de ano". Isso oferece ao aluno a oportunidade de apropriar-se desses conteúdos como instrumentos para refletir e transformar sua própria vida. Os Parâmetros Curriculares Nacionais abrangem diferentes áreas de conhecimento. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 preocupa-se em atuar nas diversas áreas do conhecimento, abrangendo saberes diversos na formação integral dos alunos. Em seu Artigo 26, estabelece que "os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum e uma parte diversificada exigida pelas características regionais e locais da sociedade, cultura, economia e estudantes". As áreas de conhecimento abordadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais incluem Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências Naturais, Educação Física, Arte e Língua Estrangeira (GALVÃO, 2019). Dentro do currículo, são trabalhados os temas transversais, que incorporam questões de ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde e orientação sexual. A transversalidade sugere um compromisso com as relações interpessoais no ambiente escolar. Os conteúdos relacionados a esses temas estão explicitados nos documentos das áreas. De acordo com os PCN (Brasil, 1997), os temas transversais são: Não constituem novas áreas, mas antes um conjunto de temas que aparecem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória. A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas e um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões que estão envolvidas nos temas (BRASIL, 1997, p.64). Rodrigues e Galvão (2005) destacam: (...) os temas transversais são os grandes problemas da sociedade brasileira que o governo e a sociedade têm dificuldade na condução de soluções e que, por isso, encaminham para a escola a tarefa de tratar estes aspectos. Eles podem e devem ser trabalhados por todos os componentes curriculares, logo, sua interpretação pode se dar entendendo-os como as ruas principais do currículo escolar que necessitam ser atravessadas/cruzadas por todas as disciplinas (RODRIGUES; GALVÃO, 2005, p.85). Por fim, é possível observar como os temas transversais são caracterizados, qual a sua importância para a educação e quais são os temas propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A partir disso, o próximo subitem apresenta algumas estratégias e maneiras de desenvolver esses temas em sala de aula, por meio da interdisciplinaridade e transversalidade (GALVÃO, 2019). Os temas transversais, por serem conteúdos de natureza social, requerem abordagens transversais e interdisciplinares para que sua participação no processo de ensino e aprendizagem seja adequada. Não se propõe um tratamento padronizado das questões, mas sim adaptações que atendam às necessidades de cada região. A educação para a cidadania requer que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos, buscando um tratamento didático que contemple sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais. Com isso o currículo ganha flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e regionais e que novos temas sempre podem ser incluídos. O conjunto de temas aqui proposto – Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo – recebeu o título geral de Temas Transversais, indicando a metodologia proposta para a sua inclusão no currículo e seu tratamento didático. (BRASIL, 1998, p. 25). Conforme destacado por Hernández (2000), a elaboração do projeto deve ser realizada pelo(s) professor(es), levando em consideração a realidade atual, a questão social envolvida e também refletindo e discutindo sobre os objetivo(s) a serem alcançados nesse trabalho/projeto. Os PCNs (1998) colocam que a organização escolar feita com projetos é uma maneira que permite dar relevância às questões dos temas transversais, “pois os projetos podem se desenvolver em torno deles e serem direcionados para metas objetivas, como a produção de algo que sirva como instrumento deintervenção em situações reais (como um jornal, por exemplo)” (HERNÁNDEZ, 2000, p. 41). A organização dos conteúdos, com base nos componentes curriculares, pode ser classificada de acordo com sua natureza da seguinte forma: Multidisciplinar: caracterizada pela organização somativa dos conteúdos, em que os componentes curriculares são apresentados de forma independente uns dos outros. A abordagem interdisciplinar implica na interação entre dois ou mais componentes curriculares, abrangendo desde a troca simples de ideias até a integração de conceitos, teorias, metodologias e dados de pesquisa. Já os projetos transdisciplinares representam a relação mais ampla e profunda entre todos os componentes curriculares, buscando a integração total, que vai além das fronteiras disciplinares estabelecidas. Esses projetos visam a conexão e a síntese de conhecimentos, promovendo uma visão holística e abrangente sobre os temas abordados (VIDIELLA, 2006). 2.2 Interdisciplinaridade nos Projetos A ação pedagógica por meio da interdisciplinaridade envolve a construção de uma escola participativa e decisiva na formação do aluno. Isso implica em: Integração dos conteúdos, buscando conexões e relações entre diferentes disciplinas. Transição de uma concepção fragmentada para uma visão unificada do conhecimento. Superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, valorizando o estudo e a pesquisa com base nas contribuições de diversas áreas do conhecimento. Adotar uma abordagem de ensino-aprendizagem que reconheça que a aprendizagem ocorre ao longo da vida. A interdisciplinaridade requer inovações e implica mudanças nas diretrizes centrais do sistema educacional. Isso envolve a formação dos profissionais da educação, por meio da construção de conhecimento em diversas áreas do saber. Historicamente, a divisão do conhecimento em fragmentos evoluiu desde o século XVIII, onde a ciência propunha a concretização do conhecimento. Então a teoria do conhecimento passou de um ponto de vista geral para um ponto de vista particular, modificando a estrutura curricular das disciplinas (SOMMERMAN, 2008). A metodologia interdisciplinar surgiu no final do século XX como um elemento importante reunindo os conhecidos que perderam a conexão uns com os outros. A interdisciplinaridade surge como uma opção para viabilizar a formação de profissionais capazes de integrar competências e habilidades, compreendendo o todo em que estão inseridos (GALVÃO, 2019). Concordando com Fazenda (2011), o professor precisa compreender como ocorre a aprendizagem do aluno, assim como sua própria aprendizagem, a fim de ministrar sua disciplina considerando a interdisciplinaridade. Isso demanda que o profissional seja um pesquisador, buscando superar os obstáculos materiais, culturais e epistemológicos, em um projeto coletivo. A seguir, apresentamos alguns conceitos importantes segundo Fazenda (2011): Disciplina: Conjunto específico de saberes com características próprias, envolvendo o plano de ensino, mecanismos, métodos e conteúdo. Multidisciplinar: Justaposição de disciplinas próximas nos domínios do conhecimento. Interdisciplinar: Interação entre duas ou mais disciplinas, que pode variar desde a simples comunicação de ideias até a integração mútua de conceitos, metodologias, procedimentos e dados relacionados ao ensino e à disciplina. Transdisciplinar: Coordenação de todas as disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino inovador, com base em uma axiomática geral. “A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa” (JAPIASSÚ, 1976, p. 28). A transdisciplinaridade surgiu com o objetivo de superar os limites entre as disciplinas, indo além delas e estabelecendo uma dependência axiomática entre si. Além disso, a educação passa a buscar a compreensão do significado da vida, pois, por meio da abordagem transdisciplinar, as barreiras entre Ciência, Filosofia, Arte e Tradição Espiritual são eliminadas. A transdisciplinaridade defende a não redução das disciplinas, que antes estavam imersas nesse paradigma. Embora esta ideia pareça dar a possibilidade de compreensão total, segundo Edgar Morin, na verdade “(...) uma aspiração a um saber menos particular." (MORIN, 2007, p. 27). O pensamento transdisciplinar busca a unificação do conhecimento, por meio da compreensão do mundo a partir de diversas culturas, estabelecendo pontes entre elas e suas abordagens educacionais. Ele não busca eliminar a pesquisa disciplinar e interdisciplinar, mas sim ultrapassá-las, expandindo o horizonte dessas abordagens. Qualquer tentativa de reduz ir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar (NICOLESCU, 2005). Portanto, a utilização da metodologia de projetos, com enfoque na interdisciplinaridade, proporciona uma aprendizagem por meio da participação ativa dos estudantes, em que suas experiências são valorizadas pelo educador, que os auxilia a conhecer e refletir sobre sua realidade, além de intervir nela. O estudante é reconhecido como um sujeito ativo no processo de aprendizagem, compartilhando a responsabilidade pela elaboração e pelo desenvolvimento de cada etapa do projeto. A atitude pedagógica do trabalho com projetos "reflete uma concepção de conhecimento como produção coletiva onde a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam, dando significado à aprendizagem".(VALENTE, 2003, p. 76). A metodologia interdisciplinar proporciona aos professores a oportunidade de desenvolver projetos interdisciplinares, promovendo a integração e articulação do conhecimento entre as disciplinas. A Pedagogia de Projetos é uma abordagem educacional que busca organizar a construção do conhecimento em torno de metas estabelecidas coletivamente entre alunos e professores. No entanto, para que essa metodologia seja efetiva, é necessário que os atores educacionais promovam uma mudança em suas práticas, abandonando abordagens tradicionais e adotando uma postura mais interativa e integradora (GALVÃO, 2019). A metodologia de projetos possibilita o trabalho em grupos cooperativos, cria condições para a aprendizagem dos alunos, estimula a autocrítica, organiza o currículo escolar e torna o processo de ensino mais ativo e significativo para todos os envolvidos. Conforme mencionado pelos autores deste artigo, é fundamental que haja diálogo entre as disciplinas por meio da interdisciplinaridade, bem como clareza e organização na definição dos objetivos do projeto. Isso resulta em uma prática enriquecedora para todos os participantes, evitando a fragmentação dos conteúdos. O projeto deve ser considerado uma ferramenta que torna o conhecimento mais atraente e dinâmico (GALVÃO, 2019). 3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM CONTEXTOS ESCOLARES E NÃO ESCOLARES A discussão sobre educação pode não ser difícil, mas colocá-la em prática tem sido uma tarefa árdua para aqueles que a promovem. Nesse contexto, é importante abordar as práticas educativas em ambientes escolares e não escolares, tendo como base as atribuições do pedagogo, visto que ele é considerado o investigador da educação devido à sua formação (BARROS; COSTA, 2019). Antes de discutir as práticas educativas e as atribuições do pedagogo, é necessário compreender a Pedagogia como um campo científico e as oportunidades profissionais oferecidas pelo curso de pedagogia durante a formação do pedagogo. A pedagogia é considerada uma ciência que tem como objeto de estudo a educação, tornando-se responsável pelo estudo da educação em qualquer ambiente que envolva conhecimentos educativos e pedagógicos (LIBÂNEO, 2002). Nessa perspectiva, a pedagogiaenvolve a construção e prática educativa com objetivos pré-determinados para promover a aprendizagem dos indivíduos em sua vida pessoal ou social. Em outras palavras, como a educação está presente em diversos ambientes educativos e pedagógicos, e considerando que a pedagogia é o campo de estudo dessa educação, concorda-se que existem múltiplas pedagogias para cada espaço, com uma formação profissional específica para cada uma delas. A educação nesse sentido, é caracterizada pela sua abrangência, sem fronteiras ou barreiras para o exercício educativo. Isso faz com que o campo de pesquisa em educação seja vasto e diversificado (BRANDÃO, 1995). Essa afirmação levanta questionamentos, como: quais lugares exigem educação? O que é necessário para praticar educação? E quem está preparado para exercê- la? Refletindo sobre essas perguntas, reafirma-se que a educação está presente em todos os lugares e requer indivíduos conhecedores e proficientes na prática educativa, bem como familiarizados com o ambiente em que aplicam seus conhecimentos pedagógicos. “Como a toda educação corresponde uma pedagogia, também há uma diversidade de trabalhos pedagógicos para além das atividades de educação escolar e ensino” (LIBÂNEO, 2002, p. 60). Nesse contexto, é essencial ter profissionais com sólido domínio dos conhecimentos pedagógicos e habilidades de investigação da educação em cada ambiente onde existem conhecimentos educativos e pedagógicos. Portanto, é aceitável afirmar que o pedagogo, devidamente qualificado para lidar com a educação em cada um desses espaços, é o profissional mais adequado para exercer sua prática em qualquer ambiente que demande educação. Dessa forma, o pedagogo se configura como um profissional multifacetado, adaptando- se às demandas de formação de cada área e contribuindo para a construção de princípios e fundamentos de aprendizagem alinhados aos propósitos educacionais (BARROS; COSTA, 2019). Assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, conforme estabelecido na Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006, em seu Art. 3º e incisos I, II e III, preveem que o curso de Pedagogia e seus estudantes devem ter uma formação onde: O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino (BRASIL, 2006). Em outras palavras, além das atividades relacionadas ao ensino escolar, o pedagogo em formação também é encarregado de gerir instituições não estritamente escolares, que têm a educação e a aprendizagem como princípios fundamentais. Nessa perspectiva, o papel do pedagogo se estende além das quatro paredes da sala de aula, alcançando ambientes sociais, empresariais e hospitalares, atendendo à demanda por uma educação que compartilha o mesmo objetivo de formar cidadãos e prepará-los para o trabalho, assim como nas instituições escolares. Portanto, esse objetivo não se restringe apenas às escolas, mas também se estende a outros espaços que promovem a educação. Dada a amplitude e diversidade desse campo, a pedagogia assume a responsabilidade pela educação em ambientes escolares e não-escolares. Neste contexto, serão abordados especificamente o ambiente formal escolar e os espaços não-escolares (não-formais), como o social, empresarial e hospitalar (BARROS; COSTA, 2019). 3.1 Espaços escolares não escolares A escola desempenha um papel fundamental na transmissão de valores culturais, morais, civis e políticos. Uma de suas principais funções sociais é promover a socialização dos estudantes, uma vez que é um dos primeiros lugares onde eles entram em contato com outros grupos, permitindo a interação e o conhecimento de realidades de vida diferentes das suas próprias. Esse processo de interação resulta em socialização, e a escola desempenha um papel importante ao fornecer uma orientação educacional que favoreça a convivência entre todos, respeitando as subjetividades e interesses específicos, para que cada indivíduo aprenda a respeitar os direitos e deveres do próximo, tornando- se cidadãos conscientes da sociedade. Ao longo do tempo, a escola construiu sua identidade e se tornou indispensável para o desenvolvimento social. É praticamente impensável uma sociedade sem escola. O ambiente escolar exerce uma influência sólida e significativa dentro do contexto social, a ponto de os pais confiarem plenamente em deixar seus filhos na escola durante horas do dia ou até mesmo por dias, se a instituição seguir um regime de internato, porque acreditam que estão no lugar correto para aprender e serem educados. Essa premissa tem o objetivo de formar indivíduos que respeitem as leis, os direitos e deveres uns dos outros. Nesse sentido, é correto afirmar que a escola é o nosso segundo refúgio, pois, além do ambiente familiar, é o local mais seguro e íntimo que temos (BARROS; COSTA, 2019). Diante dessa consideração, é louvável afirmar que a escola não é apenas um segundo refúgio para abrigar os estudantes, mas é um refúgio de formação contínua e indissociável. No entanto, para que ocorra uma formação integral e uma educação de qualidade, é necessário que a escola e seus colaboradores estejam cientes de suas responsabilidades. É fundamental que cada um desempenhe sua função com responsabilidade e comprometimento, e que toda a equipe escolar se una em prol da promoção do ensino e da aprendizagem, buscando um interesse comum, que é o sucesso do aluno. Nesse contexto, é importante considerar o Art. 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que estabelece: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (BRASIL, 2001). De fato, a gestão democrática da educação, que busca garantir igualdade de acesso e permanência na escola, assim como a busca por padrões de qualidade, requer o comprometimento de todos os envolvidos no processo educacional, garantindo que estejam capacitados para desempenhar suas atribuições (BARROS; COSTA, 2019). No entanto, é importante ressaltar que a educação não se limita apenas ao ambiente escolar, e que outros espaços também merecem atenção. Nesse sentido, daremos ênfase aos espaços não-escolares, buscando apresentar o que são e quais são esses espaços. Diferentemente da escola, os ambientes não-escolares não têm como objetivo principal promover a educação de forma direta. No entanto, eles se baseiam na educação para se desenvolver e estruturar suas atividades. A educação serve como fundamento para esses espaços e é por meio delaque eles se sustentam. Concorda-se com Libâneo (2002, p. 33) quando diz que: O campo do educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares e sob variadas modalidades: família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, na escola. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas educativas. Ora, se há uma diversidade de práticas educativas, há também uma diversidade de pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação, a pedagogia dos movimentos sociais etc., e também, obviamente, a pedagogia escolar. Se considerarmos que existem ambientes além do escolar nos quais são aplicados conhecimentos pedagógicos, fica claro que a presença da pedagogia também é necessária nesses espaços. Como a educação é o objeto de estudo da pedagogia, é incontestável afirmar que são necessárias pedagogias específicas para esses ambientes (BARROS; COSTA, 2019). Os espaços aos quais nos referimos são o social, o empresarial e o hospitalar. Embora esses espaços não tenham como objetivo principal promover a educação, eles se fundamentam de alguma maneira na educação para se estabelecerem e alcançarem seus interesses. Para desempenhar práticas educativas em espaços não-escolares, é fundamental contar com um profissional qualificado que possua tanto conhecimentos educativos quanto familiaridade com esses ambientes e suas particularidades. Nesse sentido, o pedagogo se destaca como o profissional mais capacitado para realizar essas práticas, conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia, de acordo com a Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006, em seu Art. 5º, inciso IV que esse mesmo profissional deverá ser apto a “trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo” (BRASIL, 2006). Em resumo, é essencial que o profissional esteja preparado para desempenhar suas funções em todos os espaços nos quais conhecimentos pedagógicos são necessários, tanto em ambientes escolares quanto não- escolares. Nesse sentido, o pedagogo se destaca como o profissional mais adequado para assumir tais responsabilidades. Para melhor compreender o papel do pedagogo nesses espaços, serão apresentados de forma específica os três principais ambientes a seguir. Pedagogia social: a rua A rua, ambiente que apresenta alguns dos maiores desafios para a escola em relação à frequência regular dos alunos. “A rua é o local do trabalho do Estado, das leis e também da surpresa, da tentação e do lazer” (DAMATTA, 2003, p. 11). As crianças, jovens e até mesmo adultos são frequentemente atraídos pelo entretenimento e pelas oportunidades surpreendentes que a rua oferece. No entanto, é nesse contexto que a escola enfrenta seus primeiros desafios. Nas ruas, as pessoas são expostas a diversões questionáveis, liberdade para desrespeitar leis, marginalização, violência, criminalidade, comportamentos impróprios, prostituição, drogas e uma série de outros aspectos negativos que contradizem a formação de um cidadão responsável, que deveria ser promovida pela escola. É fundamental esclarecer que a rua não se resume apenas a um local de perdição e repleto de aspectos negativos. Reconhecemos que a rua também abriga o trabalho, o Estado e suas leis. Os problemas surgem quando crianças e jovens são submetidos ao trabalho infantil e passam a considerar essa atividade como sua principal obrigação, abandonando a escola. Eles estabelecem suas próprias regras, desafiando o Estado e tornando-se parte da marginalização social, contribuindo para o aumento da violência e do crime nas comunidades (BARROS; COSTA, 2019). Diante desses pontos negativos, torna-se necessário contar com profissionais especializados que compreendam a realidade dessas crianças, jovens e adultos, ao mesmo tempo, em que possuam conhecimento e entendimento sobre a importância da educação para eles. Esses profissionais desempenham um papel crucial no resgate dessas pessoas para o ambiente escolar, e quando isso não é possível, levam a educação até onde elas se encontram. Para esse tipo de trabalho específico no contexto social e educacional, é imprescindível ter uma pedagogia voltada para esse espaço. É assim que surge a Pedagogia Social, em resposta a essa necessidade e demanda por uma abordagem especializada. Essa pedagogia se compromete a ajudar crianças, adolescentes e adultos que se "desviaram" do caminho da educação a desenvolverem suas próprias identidades e se tornarem críticos do mundo. A pedagogia social é uma “reflexão pautada na ação para a transformação, ou seja, como agentes sociais de mudança, um trabalho vinculado à família, à comunidade, à cultura, à sociedade” (MORAES, p. 08). Na Pedagogia Social, o trabalho educativo adquire um novo caráter, pois seu objetivo não é apenas auxiliar os educandos a assimilar de forma sistemática os conhecimentos científicos oferecidos pela escola. Em vez disso, busca-se desenvolver neles a capacidade de se tornarem independentes, sendo capazes de analisar criticamente o mundo ao seu redor, estabelecer diálogos construtivos e construir sua própria filosofia de vida com base no contexto em que estão inseridos. O pedagogo social desempenha um papel fundamental ao auxiliar esses indivíduos a adquirirem consciência da realidade em que vivem. Ele os orienta a compreender o que é benéfico e prejudicial, o que é correto e incorreto, tanto para si quanto para o meio social em que estão inseridos. O objetivo é promover a reflexão crítica, estimulando-os a analisar os valores, as normas e as práticas presentes em sua comunidade, possibilitando-lhes tomar decisões informadas e participar ativamente na transformação de seu próprio ambiente (BARROS; COSTA, 2019). O pedagogo social assume diversas responsabilidades, incluindo a detecção e análise de problemas sociais e suas causas, além de desempenhar funções organizativas, formativas, informativas e orientadoras. Sua atuação visa auxiliar crianças e jovens marginalizados a organizarem seu processo de aprendizagem e a desenvolverem autonomia em suas decisões. Além disso, o pedagogo social também assume a responsabilidade de promover uma Educação Integral, que atenda a todos os envolvidos no contexto social, como aqueles que se encontram nas ruas, visando o pleno desenvolvimento da pessoa e a consolidação da cidadania. Entretanto, para que a pedagogia social seja efetivamente aplicada e alcance resultados significativos, é necessário que o pedagogo social tenha domínio de conhecimentos em áreas como psicologia, sociologia e serviço social. Além das atribuições mencionadas anteriormente, o pedagogo social desempenha atividades relacionadas à gestão de projetos sociais, coordenação de equipes e capacitação de recursos educacionais em organizações sociais. Essa ampla gama de conhecimentos e habilidades é fundamental para o seu trabalho na promoção da educação e na transformação social (BARROS; COSTA, 2019). Pedagogia empresarial: capacitação e qualificação profissional A pedagogia empresarial surgiu em resposta à demanda do mercado capitalista por profissionais altamente capacitados e atualizados, capazes de se adaptar a um sistema de produção rápido e em constante evolução, impulsionado pelos avanços tecnológicos, como a internet e outras tecnologias de última geração. Assim, a Pedagogia Empresarial tem como objetivo principal fornecer qualificação educacional para o processo produtivo dentro das empresas, visando tanto ao crescimento da organização quanto ao desenvolvimento intelectual de seus funcionários. É nesse aspecto que Ribeiro (2008, p. 11) destaca o papel dessanova ramificação da Pedagogia que: [...] implanta programa de qualificação/requalificação profissional, produz e difunde o conhecimento, estrutura o setor de treinamento, desenvolve programas de levantamentos de necessidades de treinamento, desenvolve e adapta metodologias da informação e da comunicação às práticas de treinamento. O pedagogo empresarial é um profissional especializado e versátil que trabalha em parceria com as pessoas visando o aprendizado e o aprimoramento do desempenho produtivo e da qualidade do trabalho. Seu objetivo é desenvolver conhecimentos pessoais, intelectuais, sociais e emocionais que atendam às demandas do mercado de trabalho. Uma das responsabilidades iniciais do pedagogo empresarial é participar ativamente do processo de seleção de candidatos, avaliando suas habilidades e potencialidades para ocupar cargos específicos ou identificando a função em que suas competências podem ser melhor aproveitadas. É importante ressaltar que esse trabalho de seleção de candidatos deve ser realizado em colaboração com a equipe de Recursos Humanos, como uma atividade conjunta. Além disso, o pedagogo empresarial utiliza sua competência didática e habilidades de promoção da aprendizagem para fornecer subsídios valiosos na elaboração de projetos, programas e planos de cursos e disciplinas. Seu objetivo é desenvolver o potencial intelectual e produtivo dos colaboradores, impulsionando o crescimento e a eficiência da empresa (BARROS; COSTA, 2019). O pedagogo empresarial utiliza abordagens pedagógicas adequadas para criar um ambiente de aprendizagem estimulante no contexto organizacional. Ele identifica as necessidades de treinamento e capacitação dos colaboradores, projetando e implementando programas educacionais personalizados. Além disso, ele também auxilia no desenvolvimento de competências-chave, como habilidades de comunicação, trabalho em equipe, liderança e resolução de problemas, essenciais para o sucesso individual e organizacional. Dessa forma, o pedagogo empresarial desempenha um papel crucial no fomento do aprendizado contínuo, no desenvolvimento das potencialidades dos colaboradores e na busca por um ambiente de trabalho produtivo e de alta qualidade. Como profissional da educação, o pedagogo deve possuir todas as competências necessárias para organizar, coordenar e realizar programas de treinamento que fortaleçam as capacidades intelectuais e criativas dos funcionários, pois ele “saberá discernir melhor as necessidades de treinamento/formação, planejando cada atividade com clareza, identificando o que, de fato, constitui-se como prioridade” (RIBEIRO, 2008, p. 38). Assim, é necessário que ele intervenha enquanto o conhecimento educacional for trazendo as melhores estratégias e técnicas de aprendizagem para melhorar a qualidade do serviço prestado e, consequentemente, do produto oferecido pela empresa. É no contexto da pedagogia empresarial como possibilidade de procura de qualificação de pessoal em organizações empresariais às quais o campo relevante tenha incluído especialistas em pedagogia na composição dos grupos do setor de Recursos Humanos e principalmente no campo de treinamento e qualificação profissional. A introdução do pedagogo no campo de atuação e na formação de pessoal dos funcionários e colaboradores da empresa também é aplicada timidamente pelas instituições piauienses, sem plena consciência da importância da pedagogia para o crescimento e prosperidade de suas organizações e negócios. Pedagogia hospitalar: formação e atribuições A Pedagogia Hospitalar é voltada para a educação de crianças e adolescentes que estão hospitalizados devido a problemas de saúde. O pedagogo hospitalar deve ter uma formação adequada para lidar com as particularidades desse ambiente de trabalho. Segundo Matos e Mugiatti (2009), o papel desse profissional é garantir a continuidade dos estudos dessas crianças e jovens, além de contribuir para os objetivos do hospital relacionados à promoção integral da saúde do paciente. Nesse mesmo entendimento, González (2007, p. 347) diz que: O atendimento integral que a criança doente requer, visando à globalidade de sua pessoa, é uma realidade e uma experiência de vida e de prática mais do que uma noção ou um conceito. Por isso, qualquer intervenção, principalmente a das crianças hospitalizadas, deve ser global e integral. Visando o objetivo de mediar o ensino entre escolas e hospitais, a pedagogia hospitalar surgiu para dar continuidade ao estudo desses alunos internados, para não perderem o ano letivo nem o ritmo do acompanhamento escolar, ainda que promover a aprendizagem continuada desses alunos faça parte de uma preocupação holística de saúde (BARROS; COSTA, 2019). O que não deve ser esquecido, e um dos principais objetivos da Pedagogia Hospitalar é o acolhimento, que significa humanizar o atendimento hospitalar e buscar a convivência com os alunos, pois eles se encontram frágeis mental e fisicamente. Levando em conta que o hospital se apresenta como um cenário isolado para atendimento clínico, o atendimento educativo no hospital carrega consigo a esperança de cura e retorno dessas crianças e jovens ao contexto social (domiciliar). Dessa forma, os alunos têm a oportunidade de nutrir a esperança de ver seus colegas, familiares, companheiros de classe na rua, etc. González (2007, p. 350) diz que “as crianças mais afetadas pela hospitalização costumam desenvolver alterações psicopatológicas e características graves, como imaturidade afetiva e perturbações na identificação”. Eis aqui o porquê de novamente enfatizar a importância de apoiar a educação hospitalar, tendo em vista que esses serviços contribuem positivamente para a recuperação da autoestima dos pacientes internados. Assim, o professor de pedagogia hospitalar precisa estar preparado, desde a sua formação acadêmica, para lidar não apenas com um aluno, mas com uma pessoa fragilizada que está em busca de aprendizado e atendimento pedagógico no ambiente hospitalar. É essencial que ele saiba lidar com a dor, o sofrimento e até mesmo a possibilidade de perdas, pois a morte pode ser uma realidade cotidiana em sua prática. Nessa perspectiva, o profissional deve oferecer não apenas conteúdos educacionais, mas também apoio emocional e humanístico tanto para o paciente quanto para os familiares, que também enfrentam abalos psicológicos e emocionais. Ele deve estar disponível para oferecer suporte psicoafetivo às crianças, jovens e familiares, buscando minimizar o impacto das doenças e tratamentos no currículo escolar dos alunos (BARROS; COSTA, 2019). É importante ressaltar que o pedagogo hospitalar não atua sozinho. Ele faz parte de uma equipe multidisciplinar que trabalha em conjunto para atender às necessidades de todos os pacientes no ambiente hospitalar. Para esse discurso, González (2007, p. 349) aponta que: São muitos os profissionais envolvidos nas atividades de pedagogia hospitalar, fundamentalmente professores e pedagogos. Em primeiro lugar, deve haver uma colaboração interdisciplinar entre todos eles, extensiva a médicos e enfermeiras, psicólogos, assistentes sociais, animadores socioculturais e demais profissionais em contato com a criança doente e hospitalizada, sem esquecer o trabalho dos voluntários. Apesar disso, o que se deve ter em mente é que “ensinar exige reflexão crítica sobre a prática” (FREIRE, 1996, p. 38) e que não basta ensinar por ensinar, é preciso amor, carisma e respeito pelo que faz. Para isso, aprender a trabalhar em grupo, porque o trabalho em equipe não é só a base, porque quando sentimos o calor humano existente no grupo, aprenderemos a respeitar os outros. Tanto é que Freire (1996, p. 39) destaca que é “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”, ou seja,é preciso pensar em como exercer a prática docente para conseguir fazer o trabalho, pois a partir dessa reflexão uma (RORTY, 2007) redescrição de ações e desempenhos poderá ser feita e uma contribuição imediata e significativa poderá ser realizada. A partir do exposto, fica evidente que a educação desempenha um papel fundamental no crescimento e fortalecimento da sociedade. Ela está presente tanto nas instituições educacionais intencionais e formais, como nas escolas, quanto em práticas não intencionais ou institucionalizadas, mas que são essenciais para o desenvolvimento dos indivíduos como cidadãos e trabalhadores. Portanto, é inegável a importância do pedagogo em diversos contextos, tanto escolares quanto não escolares, como o social, empresarial e hospitalar, mencionados anteriormente. Compreendendo que a educação não se restringe apenas ao ambiente escolar, o pedagogo possui os conhecimentos educativos necessários para atender às demandas de qualquer um desses espaços, contribuindo para o acesso, resgate e formação da cidadania. O pedagogo, como pesquisador da educação, compreende a importância da interação e da troca de informações fundamentadas na realidade vivenciada. Ele está preparado para lidar com os desafios e demandas de cada um desses espaços, visando sempre contribuir para o desenvolvimento educacional e a formação integral das pessoas (BARROS; COSTA, 2019). 4 ANALISANDO OS TERMOS E A TRAJETÓRIA DA PEDAGOGIA DE PROJETOS Para iniciar a discussão sobre a Pedagogia de Projetos, é importante compreender o significado dessas duas palavras. Quando separadas pela preposição "de", elas possuem significados e conceitos distintos e inspiradores, o que facilita sua compreensão. Libâneo (1996, p.96) define que “a Pedagogia é a teoria e prática da educação e, portanto, seu objeto é a educabilidade do ser humano, ou melhor, o ser humano a ser educado”. Isso implica dizer que a pedagogia inclui tudo o que está envolvido no processo de ensino e aprendizagem, desde a parte teórico/conceitual com os métodos aplicados, para que o conhecimento de fato ocorra. A segunda palavra da locução, “projeto”, a qual vem do latim projectu, que significa “lançado para adiante”, (NOGUEIRA, 2008, p.30), temos aqui que uma primeira definição é a capacidade de prever ou aprender com as previsões, ou projeção do que será alcançado. Em outra acepção encontramos que os projetos são uma “representação oral, escrita, desenhada, gráfica ou modelada que, a partir de um motivo, gera a intenção numa pessoa de realizar certa atividade, usando meios adequados para alcançar determinada finalidade” (MARTINS, 2007, p.34). Fonte (2011, pag.32), defende que, “O ato de projetar mudou a postura acomodada da escola, lançando nos educadores um gás de esperança”. Com base nesses conceitos, procuramos estabelecer nossa própria definição, na qual a combinação dos termos "Pedagogia" e "Projeto" pode significar uma abordagem consciente, planejada e preparada, que proporciona as condições necessárias para o processo de ensino e aprendizagem das crianças, expandindo seu conhecimento por meio de diversas perspectivas e técnicas. No que diz respeito a esse tema, Barbosa e Horn (2008) também acrescentam suas contribuições ao afirmarem: Um projeto é uma abertura de para possibilidades amplas de encaminhamento e de resolução, envolvendo uma vasta gama de variáveis, de percursos imprevisíveis, imaginativos, criativos, ativos e inteligentes, acompanhados de uma grande flexibilidade de organização. Os projetos permitem criar, sob forma de autoria singular ou de grupo, um modo próprio de abordar ou construir uma questão e respondê-la. (BARBOSA e HORN, 2008, p.31) Dessa forma, ao adotar essa metodologia nas práticas pedagógicas, os estudantes são encorajados a assumir uma nova postura como aprendizes, trazendo consigo uma série de benefícios. Quando falamos de projetos, estamos falando de ação, entretenimento, desafios e aprendizado, onde um sonho está prestes a se tornar realidade, e o aluno buscará resolver problemas por meio da mediação do professor. No que se refere à importância da relação entre a ação e os projetos, Marina (1995) contribui ao afirmar: Não existem projetos desligados da ação. Há, evidentemente, muitas antecipações de acontecimentos futuros, como os sonhos, os desejos ou os planos abstratos, que são apenas, na melhor das hipóteses, anteprojetos que se converterão em projetos quando tiverem sido aceitos e promulgados como programas vigentes. O projeto é uma ação prestes a ser empreendida. Uma possibilidade vislumbrada não é projeto até que se lhe dê uma ordem de marcha (MARINA, 1995, p.178-179). Após compreender o conceito da Pedagogia de Projetos, é relevante abordar sua origem e as discussões em torno de sua aplicabilidade nas instituições brasileiras. De acordo com Barbosa e Horn (2008), a Pedagogia de Projetos foi inicialmente desenvolvida em uma escola da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, e posteriormente influenciou toda a América do Norte, dando ênfase a um novo modelo de ensino chamado "Escola Ativa". As autoras destacam que a proposta desse novo método era proporcionar aos alunos a oportunidade de aprenderem compartilhando seus conhecimentos de forma comunitária, com foco na resolução de problemas. Concluindo que a Pedagogia de Projetos veio para renovar e modernizar as práticas pedagógicas existentes, reorganizando-as. No entanto, as concepções do filósofo norte-americano John Dewey (1859-1952) foram fundamentais para delinear a metodologia que hoje conhecemos como Pedagogia de Projetos. Suas ideias, na primeira metade do século XX, defendiam que a educação deveria partir da ação e não apenas da instrução. Era necessário adotar uma estratégia que buscasse a resolução de problemas e, ao mesmo tempo, explorasse as habilidades dos alunos, levando- os a pensar e refletir sobre seu próprio processo de aprendizagem. Juntamente com outros educadores que compartilhavam da mesma visão, essa metodologia ganhou adeptos e passou a ser aplicada na prática dos professores em sala de aula (MÜLLER; MARTINS, 2018). Influenciadas por suas ideias, as concepções da Escola Nova, amplamente difundidas a partir dos anos 30 do século passado, desafiaram o modelo tradicional de ensino e deram início ao trabalho com projetos. John Dewey (1859-1952), filósofo, psicólogo e pedagogo liberal norte- americano, exerceu grande influência sobre toda a pedagogia contemporânea. Ele foi o defensor da Escola Ativa, que propunha a aprendizagem através pessoal do aluno. Sua filosofia da educação foi determinante para que a Escola Nova se propagasse por quase todo o mundo (GADOTTI, 1993, p.148) Contudo, foi Willian H. Kilpatrick (1871-1965), inspirado por Dewey, que direcionou para o ambiente da sala de aula o trabalho com projetos. Essa nova estratégia tinha por objetivo desenvolver as competências dos alunos, suas habilidades de pesquisa, envolvendo as mais variadas disciplinas do currículo escolar. (NOGUEIRA, 2008). Como já foi dito, no Brasil a Pedagogia de Projetos surgiu a partir do movimento escolanovista. Fernando de Azevedo e intelectuais da época, após muitos debates sobre os rumos que a educação no país vinha tomando, elaboraram um documento para rebater e denunciar um modelo tradicional de ensino e, ao mesmo tempo, propondo novos horizontes, novos objetivos e novas metodologias educacionais. Sob a influência das ideias pedagógicas de Dewey, Freinet, Kilpatrick e Decroly, intelectuais como Anísio Teixeira e Lourenço Filho redigiram o histórico "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova". Esse documento colocou o aluno no centro do processo educacional, em contraposição ao papel central anteriormente desempenhado pelo professor. A partir desse marco, as práticas de projetos foram gradualmente incorporadasàs metodologias de ensino das escolas brasileiras. No Brasil, por meio da escrita de um documento denominado Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932), educadores como Lourenço Filho, Paschoal Leme, Cecília Meireles e Anísio Teixeira, entre outros, deixando de lado diferenças ideológicas e crenças políticas, agruparam-se em torno de um grande movimento de democratização da educação, uma causa que em seu entendimento beneficiaria as crianças brasileiras (BARBOSA E HORN, 2008, p.16) De acordo com as autoras mencionadas, era imprescindível reestruturar as práticas pedagógicas, introduzindo metodologias mais dinâmicas que impulsionassem o processo de ensino e aprendizagem. Era necessário substituir as estratégias antigas por abordagens inovadoras que promovessem a transformação do cenário educacional brasileiro. Entre essas novidades, destaca-se a Pedagogia de Projetos. 4.1 A Pedagogia de Projetos na Educação Infantil A Pedagogia de Projetos é uma abordagem metodológica que pode ser aplicada em todas as etapas de ensino. No entanto, é fundamental que os educadores compreendam que existe uma maneira específica de colocá-la em prática, levando em consideração as diferenças entre os níveis de ensino, as quais devem ser cuidadosamente observadas. Com base nas ideias de Horn e Barbosa (2008), é importante ressaltar que: Os projetos podem ser usados nos diferentes níveis de escolaridade, desde a educação infantil até o ensino médio. O que é importante considerar, a priori, é que cada um desses níveis possui especificidades e características peculiares que os vão distinguir em alguma medida: com relação ao grupo etário, a realidade circundante, às experiências anteriores, dos alunos e professores. (BARBOSA e HORN, 2008, p. 71) Dessa forma, é responsabilidade do educador planejar as atividades, buscando articular as melhores formas de trabalho para que a aprendizagem ocorra de maneira atrativa e dinâmica, levando em consideração o nível de competências de cada fase. Conforme destacado por Oliveira (2011), desenvolver atividades pedagógicas por meio de projetos é uma ação que proporciona múltiplas aprendizagens, uma vez que oferece uma variedade de estratégias para abordar o tema escolhido. A autora prossegue dizendo que, desde os primeiros anos de vida, a criança precisa ter “experiências com os objetos da cultura por meio de atividades como cantar, tocar instrumentos musicais, ouvir histórias, brincar com areia e água, modelar com argila, pintar, passear, construir com blocos, compor quebra-cabeças, observar animais e cuidar deles, realizar brincadeiras no pátio” (OLIVEIRA, 2011, p. 238). No entanto, todas essas atividades devem ser significativas, propositais e não usadas apenas como entretenimento sem parte educacional. Segundo as contribuições de Horn e Barbosa (2008), existe um preconceito em relação ao desenvolvimento de projetos na educação infantil, pois muitas vezes há uma ideia preconcebida de que a creche é responsável apenas pelos cuidados e segurança das crianças, negligenciando o aspecto educacional. No entanto, é importante lembrar que as crianças muito pequenas também têm necessidades de momentos de aprendizagem e que a creche é uma instituição educacional, não apenas filantrópica. As autoras baseiam-se nas ideias de Wallon, Piaget e Vygotsky, os quais afirmam em seus estudos que a aprendizagem ocorre desde o nascimento da criança, e até mesmo antes, ainda no ventre materno (MÜLLER; MARTINS, 2018). Quando falamos sobre Projetos na educação infantil, é essencial garantir que os espaços estejam organizados de forma a proporcionar uma aprendizagem significativa e repleta de sentido para as crianças. Com base nas ideias de Horn e Barbosa (2008) e Oliveira (2011), a Pedagogia de Projetos pode e deve ser amplamente aplicada em turmas de crianças bem pequenas, pois nessa faixa etária os espaços precisam ser estimulantes, despertando curiosidade e interesse. É importante criar um ambiente propício para que as crianças possam explorar, experimentar e construir seu conhecimento de maneira ativa e envolvente. Segundo Oliveira (2011), os cantinhos pedagógicos, característicos da Pedagogia de Projetos, são estratégias que permitem ao educador trabalhar de maneiras diversas, direcionando atividades e observando a interação das crianças entre si. É importante também alternar os espaços para que todos possam experimentar o que está sendo proposto em momentos variados. Quando se trata de projetos com bebês, o educador deve observar atentamente todas as ações realizadas pelas crianças, pois isso possibilitará encontrar temas relevantes para serem trabalhados com elas de maneira significativa, como destacado por Barbosa e Horn (2008). Além disso, de acordo com Oliveira (2011), é importante documentar e expor tudo o que for produzido em conjunto com as crianças, permitindo que todos apreciem suas atividades. 4.2 A ELABORAÇÃO DO PROJETO Ao trabalhar com projetos, a escolha da temática desempenha um papel importante. Algumas escolas já definem todos os projetos que serão abordados ao longo do ano letivo durante o planejamento inicial. No entanto, se considerarmos que "o projeto é um sonho coletivo", o professor poderia aguardar o início das aulas, conhecer sua turma e, com eles, descobrir seus desejos, interesses e necessidades (NOGUEIRA, 2008). A temática deve surgir de uma parceria entre o professor e os alunos, em uma ação coletiva, e não ser imposta de forma vertical pela coordenação, direção ou professores. Muitas escolas possuem temas pré-definidos durante a semana de planejamento, o que obriga os alunos a executarem as ações, tornando-se apenas mais uma tarefa direcionada, sem participação efetiva. Nesse sentido, Nogueira (2008) destaca a seguinte questão sobre essa prática: Podemos imaginar então que um projeto temático deverá, desde a sua fase inicial, ser um processo coletivo. Impossível aceitar a ideia de alguém traçar sozinho, inteiramente um projeto num ato de gabinete, ou seja, decidir por sua conta quem irá fazer, como irá fazer, porque irá fazer e assim por diante. Se for um projeto traçado sozinho, o executor das ações pode ser quem o planejou (NOGUEIRA, 2008, p.32). Não se pretende excluir a participação do coordenador pedagógico ou do professor na escolha do tema. Pelo contrário, esses profissionais desempenham um papel fundamental no processo pedagógico. No entanto, é essencial que o aluno esteja no centro do processo, com a mediação dos profissionais (MÜLLER; MARTINS, 2018). Na Pedagogia de Projetos, é importante que todos estejam envolvidos na seleção do tema, no desenvolvimento das atividades e nas pesquisas necessárias para compreender o assunto. O objetivo é alcançado por meio de uma abordagem coletiva, onde o projeto é vivenciado de forma prática, indo além do papel. Para obter resultados eficazes, é necessário estabelecer uma relação intrínseca entre a teoria e a prática. O projeto deve ser colocado em ação de maneira concreta, garantindo a sua efetividade. O que se faz necessário garantir é que esse problema passe a ser de todos, com um envolvimento efetivo na definição dos objetivos e das etapas para alcançá-los, na participação das atividades vivenciadas e do processo de avaliação. De nada adianta ter um projeto bem elaborado, redigido impecavelmente, se, na prática, não interessa aos alunos (FONTE, 2011, p.33). Conforme Nogueira (2008), ao observar uma turma, é possível identificar comportamentos de indisciplina presentes na sala de aula, bem como atividades que os alunos apreciam. A partir dessas observações, o educador pode investigar qual é o tema mais adequado para ser abordado como um projeto, levando em consideração as vivências diárias das crianças, como questões de higiene, alimentação, leituras, obras de arte e outros temas relacionadosà sua rotina. Esses temas serão mais significativos, pois estão inseridos no contexto da sala de aula, em vez de buscar temas externos. Ao trabalhar com projetos, o educador estará abordando questões que fazem parte do cotidiano dos alunos, contribuindo para a resolução de desafios enfrentados no convívio diário. Nesse sentido, Nogueira (2008, p. 40) afirma: Durante o ano letivo, muitas situações inusitadas podem ocorrer, como, por exemplo, uma catástrofe climática, um problema comportamental dos alunos que não prevíamos, o uso de drogas que acometeu os alunos do ensino médio, a incidência de gravidez, das alunas ou qualquer outro tema que tenha despertado grande interesse dos alunos. Dos fatos que emergiram da própria comunidade escolar, podemos rever nossos planejamentos, e utilizar a dinâmica de trabalho como estratégia para resolução de alguns desses problemas. Diante disso, tanto os professores quanto os alunos têm a capacidade de escolher o tema mais adequado para aplicar a Pedagogia de Projetos, pois é a partir do interesse e das necessidades dos alunos que surgirá o trabalho. Após a seleção do tema, os dois protagonistas do processo, professor e aluno, iniciam as atividades, desempenhando papéis distintos e dividindo as tarefas a serem realizadas ao longo do período em que o projeto será desenvolvido. 4.3 ETAPAS DE UM PROJETO PEDAGÓGICO Diversos autores têm demonstrado interesse e realizado pesquisas sobre a temática da Pedagogia de Projetos. Em sua obra intitulada Projetos Pedagógicos na Educação Infantil, Barbosa e Horn (2008, p.33) apresentam sete etapas fundamentais para estruturar e organizar um projeto pedagógico de qualidade: “a definição do problema; o planejamento do trabalho; a coleta, a organização e o registro das informações; a avaliação e comunicação”. No livro Pedagogia dos Projetos, etapas, papéis e atores, Nilbo Nogueira (2008) descreve cinco etapas essenciais para a organização de um projeto pedagógico: planejamento, execução, depuração, avaliação e apresentação. Com base na afinidade intelectual para essa pesquisa, foram adotados os preceitos descritos por esse autor. i. Planejamento Dando ênfase à importância do planejamento inicial para o alcance dos objetivos da Pedagogia de Projetos, diversos autores corroboram e reafirmam essa etapa fundamental. Segundo Libâneo (1991), o planejamento é um elemento primordial nas ações do professor. É nesse momento que ele organiza suas práticas e estabelece uma conexão entre os conteúdos e o contexto social em que está inserido. O ato de planejar faz parte da vida humana, pois em cada momento somos levados a planejar, evitando a improvisação e buscando decisões pensadas e organizadas (KENSKI, 1995). Dessa forma, a etapa inicial de um projeto é o planejamento, pois não é possível executar uma tarefa de forma eficiente sem um planejamento adequado. Cabe ao professor a responsabilidade de construir esse planejamento, uma vez que sua formação o capacita para tal. É o educador que irá estimular o desencadeamento das ações, questionando: O que fazer? Como fazer? Quem irá ajudar? Sob a orientação do professor, os alunos realizam o planejamento e sentem-se motivados para a ação: O planejamento deve conter o período de realização do projeto (previsão), as turmas envolvidas, os professores e disciplinas que vão participar, a previsão dos recursos e materiais, e principalmente os objetivos. Impossível entrar em um projeto sem intenções, portanto é fundamental que os objetivos sejam planejados neste momento. (NOGUEIRA, 2008, p.66) Portanto, o planejamento das ações é fundamental para o progresso adequado do projeto, uma vez que todas as estratégias e metas do trabalho devem estar claras para iniciar o processo de execução com maior segurança. A aprendizagem terá um foco definido e todos os envolvidos terão conhecimento das suas responsabilidades. De acordo com Nogueira (2008), quando o aluno planeja em conjunto com o professor, ele está desenvolvendo sua autonomia ao definir os caminhos que o projeto irá seguir, ressaltando também que o projeto não é uma ação fixa e imutável. O projeto pode passar por mudanças ao longo das atividades, o que é positivo, pois desenvolve conceitos de flexibilidade e adaptabilidade. Portanto, após concluir a etapa de planejamento, com todos os desejos e necessidades discutidos pelos participantes, é possível avançar para a próxima etapa, que é a execução (MÜLLER; MARTINS, 2018). ii. Execução De acordo com Nogueira (2008), essa é a fase em que o aluno coloca em prática tudo o que foi planejado, deixando de ser passivo. É durante a execução que ocorrem as interações com os colegas, permitindo a troca de informações e conhecimentos. É nesse contexto que tudo o que foi imaginado começa a ganhar vida. Esta é uma fase de vital importância para o aluno, pois sua interação nos atos de criar, pintar, construir, cantar, entrevistar, representar, escrever, dançar, moldar, desenhar etc. (note que são verbos de AÇÂO), demonstra a possibilidade de que seus sonhos, vontades e necessidades sejam realizados a partir de suas ações planejadas (NOGUEIRA, 2008, p. 83). Dessa forma, os alunos têm a oportunidade de realizar as atividades, concentrando-se em tudo o que precisa ser feito para que o projeto realmente se desenvolva com solidez, estrutura e fundamentação, sem nunca negligenciar as habilidades demonstradas pelos alunos. iii. Depuração-Melhorando a qualidade do projeto A terceira etapa, denominada Depuração, consiste em aprimorar e aperfeiçoar a qualidade do projeto. Nesse momento, os envolvidos se reúnem para realizar uma primeira avaliação e discutir o que pode ser adicionado, modificado ou removido para tornar o projeto ainda melhor. Verifica-se também o nível de engajamento de todos os participantes, se estão desfrutando da experiência, se está sendo proveitoso, identificando o que não funcionou conforme o esperado e quais mudanças são necessárias. Trata-se de um processo de "ajuste de trajetória" para garantir que o projeto alcance um resultado satisfatório ao final. iv. Apresentação De acordo com Nogueira (2008), a quarta etapa, a apresentação, é considerada a mais importante de todas. Nessa fase, o aluno já realizou pesquisas, coletou dados, solucionou problemas e adquiriu um vasto conhecimento. No entanto, é necessário que alguém aprecie essa aprendizagem: pais, colegas de classe, convidados, entre outros. Não faz sentido guardar todo o conhecimento adquirido no armário da sala, pois o saber pode ser compartilhado com os demais membros da comunidade escolar, valorizando o esforço e dedicação dos alunos na produção do projeto. Assim como o professor aprende ao ensinar, o aluno também consolida seus conhecimentos ao compartilhar o que aprendeu com outras pessoas que irão apreciar seu trabalho. Nessa fase, é responsabilidade do professor planejar a apresentação, selecionando o público que irá participar, como professores, pais, alunos e a comunidade em geral. v. Avaliação A etapa final do projeto é de extrema importância, no entanto, tem sido frequentemente negligenciada por alguns professores que utilizam essa estratégia metodológica. “Avaliar um projeto é ter em mente que tínhamos objetivos traçados inicialmente e agora devemos verificar se eles foram atingidos.” (NOGUEIRA, 2008, p.70). A avaliação é um momento de discussão em que o educador realiza uma análise criteriosa, compartilhando suas impressões sobre o projeto, destacando os aspectos positivos e identificando áreas que poderiam ser aprimoradas. Em seguida, os alunos são convidados a avaliar o projeto e a fazer uma autoavaliação, refletindo sobre sua participação no processo. É essencial que o educador esteja aberto a ouvir seus alunos, compreendendo o que eles apreciaram, o que o trabalhotrouxe de relevante para suas vidas e quais aprendizagens foram adquiridas. Conforme Freire (2015) comenta sobre o tema: Se na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com eles. Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele, mesmo que em certas condições, precisa falar a ele. (FREIRE, 2015, p.111) É possível que inicialmente haja certa restrição nas respostas, por receio de diminuir o trabalho ou a participação dos colegas. No entanto, com a mediação do professor e a confiança dos alunos de que essa etapa não é punitiva, mas sim uma oportunidade de fortalecer suas habilidades para futuros projetos, a discussão pode ganhar direção e todos podem expressar suas opiniões. Afinal, um dos objetivos do Projeto Político Pedagógico da escola é formar cidadãos críticos, capazes de questionar e exercer a criticidade por meio de atitudes (NOGUEIRA, 2008). Após a avaliação, o professor revisita o planejamento e verifica se todos os objetivos estabelecidos no início do projeto foram alcançados. 4.4 POR QUE UTILIZAR A PEDAGOGIA DE PROJETOS? Os projetos são impregnados de intencionalidade e devem ter diversos objetivos. No entanto, é fundamental compreender as vantagens de adotar essa metodologia, como permitir que os alunos avancem em direção ao conhecimento, realizando pesquisas, se envolvendo de maneira aprofundada nos temas propostos, descobrindo algo novo e adquirindo conhecimentos. Isso lhes proporcionará a oportunidade de questionar, com base no conhecimento adquirido por meio das propostas desenvolvidas. Nesse sentido, é importante considerar as ideias de Barbosa e Horn (2008, p. 34), que afirmam: Através dos projetos, pretende-se fazer as crianças pensarem em temas importantes do seu ambiente, refletirem sobre a atualidade e considerarem a vida fora da escola. Eles são elaborados e executados para as crianças aprenderem a estudar, a pesquisar, a procurar informações, a exercer a crítica, a duvidar, a argumentar, a opinar, a pensar, a gerir as aprendizagens, a refletir coletivamente e, o mais importante, são elaborados e executados com as crianças e não para as crianças. A primeira vantagem é que a pedagogia de projetos tira o aluno da passividade. Há uma conexão com a prática, em vez de apenas aulas teóricas focadas nos conteúdos dos livros didáticos. Com a pedagogia de projetos, o professor tem a oportunidade de envolver seus alunos com um problema a ser trabalhado, interagindo com o objeto de aprendizagem e, nessa prática, promovendo uma interação em que os alunos aprendem uns com os outros, compartilhando linguagem, conhecimentos, dificuldades e dúvidas que certamente surgirão (MÜLLER; MARTINS, 2018). Outra vantagem do uso dessa metodologia está na possibilidade de os alunos serem capazes de resolver problemas, desenvolvendo habilidades e competências, ou seja, em última instância, construindo seu próprio conhecimento (SILVA, 2011). Um equívoco comum é pensar que a pedagogia de projetos exclui o conteúdo planejado para uma determinada turma, ano ou série. Isso não é verdade. Os projetos têm a função de organizar os conteúdos em práticas pedagógicas, tornando a aprendizagem mais prazerosa, uma vez que os alunos exploram temas que lhes são significativos, participando da construção de seu próprio conhecimento por meio de atividades que fazem sentido para eles, facilitando assim a absorção dos conhecimentos. Nesse contexto, Fonte (2011) nos ensina: A função do projeto é a de tornar a aprendizagem real e atrativa, transformando a escola em um espaço agradável, sem impor os conteúdos programáticos autoritariamente. Assim o aluno busca e consegue informações, lê, conversa, faz investigações, formula hipóteses, anota dados, calcula, reúne o necessário e, por fim, converte tudo isso em ponto de partida para a construção e ampliação de novas estruturas cognitivas. (FONTES, 2011, p.32). Segundo essa abordagem, as aulas, que antes eram desmotivadoras, com teorias passivas, vazias e desmotivadoras, adquirem um significado mais amplo para os alunos, pois eles são instigados a buscar conhecimento, interagir com seus colegas, observar informações nos livros e adquirir novos saberes de maneira prática e envolvente. Outra vantagem da Pedagogia de Projetos é a possibilidade de integrar as disciplinas do currículo ao tema em questão, o que implica abordar uma variedade de conhecimentos e promover múltiplas aprendizagens (MÜLLER; MARTINS, 2018). Fonte (2011, p. 33), oferece sua contribuição sobre tal assunto quando afirma: “Na execução dos projetos, fica explícita a possibilidade de mobilizar diferentes áreas do conhecimento para atingir os objetivos traçados e resolver os problemas que surgem. A interdisciplinaridade ocorre naturalmente, gerada por uma necessidade real”. A Pedagogia de Projetos trouxe uma nova abordagem para as práticas pedagógicas, com inúmeras vantagens para o processo de ensino e aprendizagem, constituindo-se em uma alternativa educacional motivadora, moderna e altamente eficaz. A Pedagogia de Projetos pode não ser a solução para todos os problemas educacionais de nosso país, mas, certamente, é um grande avanço, uma mudança significativa, que dá conta de alguns objetivos educacionais com maior profundidade, em particular: o desenvolvimento da autonomia intelectual, o aprender a aprender, o desenvolvimento da organização individual e coletiva, bem como a capacidade de tomar decisões e fazer escolhas com o propósito de realizar pequenos ou grandes projetos pessoais (FONTE, 2011, p.35).Portanto, a Pedagogia de Projetos é uma ferramenta importante para o avanço das práticas pedagógicas, proporcionando um ensino dinâmico e satisfatório, em que tanto o professor quanto o aluno são duplamente beneficiados. A Pedagogia de Projetos é uma abordagem que desempenha um papel importante no processo de ensino e aprendizagem e tem sido amplamente utilizada nas salas de aula. Segundo seus defensores, essa metodologia visa reorganizar as práticas pedagógicas. Ao examinarmos a história da educação brasileira, podemos observar uma persistência e uma passividade que duraram muitos séculos. A educação, desde o período colonial até meados do século XX, era baseada em um professor que se apresentava como o único detentor do conhecimento, sem dar espaço para a expressão de ideias ou a troca de aprendizagens. Seu principal recurso era um livro didático do qual não se libertava, ou uma cartilha com frases aleatórias e sem sentido, resultando, na maioria das vezes, em um método de alfabetização baseado no conhecimento das letras e da silabação. Era um retrato de uma educação mecânica. Com o passar dos anos, essa concepção começou a ser criticada, e foi necessário repensar a educação. Na década de 1930, grandes educadores decidiram lutar por uma educação diferente, lançando o "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova", que propunha uma nova visão sobre a educação (MÜLLER; MARTINS, 2018). É nesse contexto que surge a Pedagogia de Projetos. O que antes era uma função exclusiva do professor, de transmitir conhecimento, agora oferece ao aluno a possibilidade de construir seu próprio conhecimento. O professor atua como um mediador, auxiliando, criando oportunidades e apresentando possibilidades, fazendo a ligação entre o aluno e o conhecimento. No entanto, essa mediação requer um olhar atento do professor, acompanhando todo o percurso do aluno, suas conquistas e avanços. É importante que o educador tenha consciência de sua responsabilidade perante a turma, acompanhando atentamente o processo e avaliando se os conteúdos trabalhados foram realmente compreendidos e se o projetoalcançou os objetivos esperados. Apesar das novas concepções de ensino, é importante ressaltar que ainda existem educadores que seguem a abordagem tradicional. Isso foi evidenciado durante a pesquisa realizada com profissionais da educação sobre sua prática docente, na qual alguns demonstraram receio em responder questões sobre o tema e outros se recusaram a participar (MÜLLER; MARTINS, 2018). Fica claro que, quando a metodologia de projetos é aplicada, não apenas os alunos se beneficiam, mas também os professores têm a oportunidade de avançar em seus conhecimentos, libertando-se de práticas ultrapassadas, descobrindo novas fontes e realizando um trabalho satisfatório. Para o professor, não há nada mais gratificante do que perceber que seu trabalho está sendo bem- sucedido e que as crianças estão aprendendo e progredindo. Além disso, é importante lembrar que educar não é uma tarefa fácil e exige esforços. Uma atuação eficaz requer do educador tempo, disponibilidade para criar, recriar e planejar. É um desafio diário para aqueles que desejam uma prática organizada, com estratégias, intencionalidade e objetivos bem definidos, o que pode ser alcançado por meio da utilização. Possibilitar um trabalho procedimental; propiciar maior interação entre os alunos; facilitar o trabalho com a concepção de conhecimento por rede de significados; possibilitar o atendimento ás diferentes formas de aprendizagem dos alunos e auxiliar no desenvolvimento do espectro de competências; auxiliar no desenvolvimento da autonomia, da criatividade, das relações interpessoais e do espírito de cooperatividade, da facilidade de aceitar desafios, resolver problemas, estabelecer conexões etc.(NOGUEIRA, 2008, p.53) A Pedagogia de Projetos apresenta uma série de vantagens que beneficiam tanto os professores quanto os alunos em suas competências e habilidades. No entanto, ao cruzarmos os dados, percebemos que, apesar de as professoras reconhecerem e parecerem conhecer a importância da aplicação da Pedagogia de Projetos, ainda há aquelas que não envolvem as crianças na definição do tema e acreditam que essa é uma responsabilidade da equipe gestora. Isso demonstra que ainda existem ideias equivocadas sobre o assunto que precisam ser revistas (MÜLLER; MARTINS, 2018). 5 PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA A coordenação pedagógica tem suas raízes na supervisão escolar que se desenvolveu no Brasil, representando um avanço em relação às perspectivas iniciais dessa prática no país. A supervisão escolar teve origem no Brasil por volta do século XVI, com a presença dos jesuítas, e evoluiu ao longo dos períodos da Colônia e do Império, estando relacionada à direção de estudos. No final do século XIX e início do século passado, a supervisão escolar chegou ao Brasil, inspirada no modelo norte-americano que se originou do modelo de supervisão nas fábricas, com base na divisão técnica do trabalho e nos princípios da administração científica de Taylor e Fayol. Inicialmente, esse modelo de supervisão predominava como inspeção e controle, mas aos poucos assumiu um caráter mais educativo e de apoio ao professor (EGITO, 2014). Durante a década de 1950, durante a Guerra Fria e os acordos de cooperação econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, foi criado o PABAEE (Programa Americano-Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar), que possibilitou o treinamento de supervisores brasileiros nos Estados Unidos, visando disseminar o modelo de supervisão norte-americano. No entanto, durante o regime autoritário estabelecido pela ditadura militar após o golpe de 1964, e sob a influência de uma concepção tecnicista de educação, os supervisores passaram a ser formados no curso de Pedagogia, juntamente com as habilitações em Orientação Educacional e Administração Escolar, conforme estabelecido pela Lei 5.540/69. Nesse contexto, a presença dos supervisores nas escolas se caracterizava pelo controle do ensino, para melhorá-lo, tendo como referência critérios de eficiência e eficácia. Competiria ao supervisor responsabilizar-se pelo acompanhamento, controle e direção das atividades da escola e do trabalho dos professores, tal como descreve Vasconcellos (2002, p. 86): Conforme a lei n.º 5.693/71 que a instituiu como serviço específico da escola de 1.º e 2° graus (embora já existisse anteriormente). Sua função era, então, predominantemente tecnicista e controladora e, de certa forma, correspondia à militarização Escolar (...). A coordenação pedagógica, surgida como uma evolução da supervisão escolar, passou a ser reconhecida como uma abordagem coletiva e colaborativa no contexto da redemocratização do Brasil após o fim da ditadura militar. A separação anterior entre o trabalho dos técnicos (supervisores e orientadores) e dos professores foi superada, e o cargo de coordenação pedagógica começou a ser atribuída ao pedagogo, caracterizada como uma ordenação conjunta do trabalho (EGITO, 2014). A função do coordenador pedagógico é agregar ações pedagógicas que promovam a qualidade do desenvolvimento de ensino-aprendizagem. Para isso, é essencial o diálogo, as trocas e as interações entre o coordenador e os demais participantes da escola, especialmente os professores. É necessário ressaltar que as diferentes atribuições do coordenador pedagógico podem variar conforme a legislação municipal ou estadual, assim como a postura da escola em relação à coordenação e orientação educacional, que podem ser desempenhadas por uma única pessoa ou por professores. No entanto, independente dessa diversidade, é responsabilidade do coordenador pedagógico supervisionar, assessorar, acompanhar, apoiar e avaliar as atividades pedagógicas, priorizando a assistência aos alunos com técnicas didático-pedagógicas para melhorar sua compreensão nas diferentes disciplinas. Além disso, o coordenador pedagógico tem a importante tarefa de fortalecer o relacionamento com os pais, com a comunidade e a escola (SANTOS; OLIVEIRA, 2008). Diferente do papel anterior de controle e vigilância do trabalho dos professores, o coordenador pedagógico atua como um aliado, colaborando para a produtividade do cotidiano dos docentes e trabalhando com eles na formação continuada. No entanto, um bom planejamento é essencial para garantir o bom funcionamento da prática pedagógica no espaço escolar, pois nele estão contidas as bases fundamentais. Como afirma Zen (2012): O coordenador pedagógico é corresponsável pela sala de aula, pelo trabalho realizado pelo professor e pelos resultados dos alunos. Ele faz parte do corpo de professores e sua função principal se divide entre a formação de professores e a gestão do Projeto Político Pedagógico da escola. (ZEN, 2012, p.8). Na atualidade da educação brasileira, a figura do coordenador pedagógico tem ganhado mais importância. Esse profissional desempenha um papel fundamental ao direcionar o trabalho pedagógico na escola, buscando garantir a qualidade em todo o desenvolvimento educacional. O coordenador pedagógico é um educador especializado em motivar o corpo docente e promover o compromisso coletivo com os objetivos e finalidades do trabalho escolar. Para isso, é necessário exercer liderança, demonstrar competência e estabelecer claramente as diretrizes a serem seguidas, buscando ser um agente transformador e trabalhando em parceria com a escola e a comunidade. É importante superar a visão negativa que marcou as práticas de supervisão do passado. De acordo com Vasconcelos (2002, p. 86): Comecemos pela definição negativa, qual seja, por aquilo que a supervisão não é (ou não deveria ser): não é fiscal de professor, não é dedo-duro (que entrega os professores para a direção ou mantenedora), não é pombo-correio (que leva recado da direção para os professores e dos professores para a direção), não é coringa/tarefeiro/quebra galho/salva-vidas(ajudante de direção, auxiliar de secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.), não é tapa buraco (que fica "toureando" os alunos em sala de aula no caso de falta de professor), não é burocrata (que fica às voltas com relatórios e mais relatórios, gráficos, estatísticas sem sentido, mandando um monte de papéis para os professores preencherem - escola de "papel"), não é de gabinete (que está longe da prática e dos desafios dos educadores), não é dicário (que tem dicas e soluções para todos os problemas, uma espécie de fonte inesgotável de técnicas, receitas), não é generalista (que entende quase nada de quase tudo). Segundo Vasconcellos (2002), a coordenação pedagógica, entendida como supervisão, desempenha um papel fundamental na articulação do Projeto Político-Pedagógico. Ela é responsável por organizar a participação e promover a reflexão em torno da prática educativa da escola, proporcionando aos alunos a aprendizagem e o desenvolvimento pleno. Nessa perspectiva, a concepção de supervisão se transforma, enfatizando o aspecto pedagógico, a sistematização e a integração do trabalho numa abordagem interdisciplinar. Vasconcellos afirma ainda que: É importante lembrar que, antes de qualquer coisa, a coordenação é exercida por um educador, e como tal deve estar no combate a tudo aquilo que desumana a escola: a reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo, o conhecimento desvinculado da realidade, a evasão, a lógica classificatória e excludente (repetência ou aprovação sem apropriação do saber), a discriminação social na e através da escola, etc. (VASCONCELLOS, 2002, p. 87). É fundamental que o coordenador pedagógico encare sua função como verdadeiramente pedagógica, estando presente junto aos professores, identificando problemas e buscando soluções, conhecendo as crianças e atuando como um profissional engajado, tornando a tarefa do professor menos árdua e contribuindo para o sucesso da escola. Além disso, o coordenador pedagógico deve colaborar na elaboração do Projeto Político-Pedagógico (PPP), pois ele é o agente de transformação no cotidiano escolar, responsável pela construção e reconstrução da ação pedagógica, visando à construção e articulação coletiva do PPP. Conforme a visão de Freire, citado por Brandão (1982), o coordenador pedagógico é um educador e, com isso, deve ser cuidadoso ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem na escola. Ele também tem a responsabilidade de orientar os professores para aprofundarem sua compreensão sobre suas práticas, resgatando a autonomia docente sem negligenciar a importância do trabalho coletivo. Atuando como parceiro dos professores, o coordenador transforma a prática pedagógica. Segundo Vasconcellos (2007), essa atuação se baseia em diversas dimensões: reflexiva, ao auxiliar na compreensão dos processos de aprendizagem; organizativa, ao articular o trabalho dos diferentes atores escolares; conectiva, ao possibilitar a interação entre professores, gestores, funcionários, pais e alunos; interventiva, ao modificar práticas enraizadas que não refletem mais o ideal de escola; e avaliativa, ao promover a reflexão sobre o processo educativo em busca de melhorias. Portanto, o papel desse profissional deve ser encarado como um constante ato de reflexão, afastando- se da visão de controle. A coordenação pedagógica deve ser compreendida como um suporte permanente e contínuo para o trabalho dos professores. Piletti (1998, p. 125) destaca quatro dimensões principais como atribuições do coordenador pedagógico: - Acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e avaliação; - Fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e aperfeiçoarem constantemente em relação ao exercício profissional; - Promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo; - Estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas atividades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que surgem. O papel do coordenador pedagógico é o de atuar como um mediador e articulador entre todos os membros da escola, promovendo o diálogo e o compartilhamento de decisões para coordenar o trabalho pedagógico de forma coletiva. Nesse sentido, o desafio do coordenador é construir sua atuação contribuindo para a melhoria da qualidade da escola e das condições profissionais dos professores (EGITO, 2014). Assim, o coordenador pedagógico tem a função de ampliar e articular as ações pedagógicas, criando as condições necessárias para o processo de ensino-aprendizagem. Sua habilidade como articulador possibilita o diálogo e a interação com os demais envolvidos na escola, especialmente os professores, destacando seu papel de coordenador das práticas pedagógicas. Ele supervisiona, auxilia e instiga os professores a adotarem novos caminhos, estratégias e metodologias de ensino que auxiliem no processo de aprendizagem (ANDRADE; ANJOS, 2007). O desempenho do coordenador pedagógico vai além do apoio e orientação aos professores no processo desafiador de ensino e aprendizagem. A própria atmosfera escolar é composta por diferentes realidades, sejam elas econômicas, sociais, culturais ou políticas, e a individualidade e as relações em grupo também desempenham um papel importante na escola, transformando o cotidiano do coordenador pedagógico. Sabemos que ser coordenador pedagógico é um grande desafio, que envolve superar o fracasso escolar e buscar constantemente a qualificação do professor e do ensino. No entanto, o coordenador que consegue envolver sua equipe no processo de ensino-aprendizagem, valorizando as relações interpessoais, estimulando a formação dos docentes, incluindo a sua própria, e sabendo lidar com a diversidade dos envolvidos, dialogando e debatendo as necessidades da realidade escolar, estará desempenhando bem seu papel. No entanto, é importante ressaltar que para ser um bom coordenador, é necessário que a escola também esteja comprometida e verdadeiramente busque mais qualidade. 5.1 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELO COORDENADOR PEDAGÓGICO No desempenho de seu papel, o coordenador pedagógico assume a função de orientar as práticas dos professores, sendo responsável por supervisionar, orientar e estimular a adoção de novas estratégias e metodologias de ensino que contribuam para o processo de ensino-aprendizagem (EGITO, 2014). É importante destacar que a atuação do coordenador pedagógico pode gerar discussões no ambiente escolar. Apesar de ser um profissional de extrema importância, muitas vezes sua função é pouco valorizada, o que resulta em debates e questionamentos acerca de seu papel nos últimos anos. Além disso, também são observadas incompreensões, dificuldades e resistências em relação ao trabalho do coordenador pedagógico. De acordo com Lima e Santos (2007, p.79): Várias metáforas são construídas sintetizando o seu papel e função na escola com distintas rotulações ou imagens, dentre elas, a de “bombril” (mil e uma utilidades), a de “bombeiro” (o responsável por apagar os fogos dos conflitos docentes e discentes), a de “salvador da escola” (o profissional que tem de responder pelo desempenho de professores na prática cotidiana e do aproveitamento dos alunos). As autoras citadas completam a reflexão especificando que o coordenador pedagógico também assume um papel de gestão na escola: “atende pais, alunos, professores e também se responsabiliza pela maioria das “emergências” que lá ocorrem, isto é, como um personagem “resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela vida acadêmica da escola”. (LIMA; SANTOS, 2007, p. 79). Ao desempenhar essas diversas funções, o coordenador pedagógico assume o papel de uma verdadeira máquina multifuncional, atuando no aprimoramento do ensino e da aprendizagem dos alunos. No entanto,diante das demandas e responsabilidades que lhe são atribuídas, enfrenta enormes dificuldades no desenvolvimento de seu trabalho e na definição de sua área de atuação na escola. A escola, com sua diversidade de envolvidos, apresenta desafios para engajar, articular e promover a participação democrática das pessoas. Nesse sentido, transformar a escola em um lugar onde novas experiências e competências sejam desenvolvidas é um caminho para melhorar nossa sociedade, e é um desafio compartilhado por diretores, professores, pais, alunos e funcionários. Dentre todos esses atores, o coordenador pedagógico acaba sendo o mais sobrecarregado ao enfrentar esse desafio, pois a busca por uma educação básica de qualidade é o objetivo principal de seu trabalho. De Rossi (2006, p. 68) afirma que o coordenador pedagógico “esforça-se por unir, desafiar e fabricar, com fios separados e heterogêneos, um tecido escolar, comunitário e social, coerente e unido, em meios de conflitos, oposições, negociações e acordos”. Bartman (1998, p.1) enfatiza uma dificuldade que pode surgir na vida profissão do coordenador pedagógico se não claramente localizada. O coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem consciência do seu papel de orientador diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta. Essa prática prejudica significativamente a função social da escola, sendo a educação por meio do ensino, dificultando a integração entre a pedagogia em sala de aula e a pedagogia institucional, o que compromete a formação integral dos alunos, dos professores e até mesmo da coordenação. Segundo Almeida (2006), o coordenador pedagógico pode ser um agente de mudança nas práticas dos professores por meio de articulações permeadas por valores, convicções e atitudes. Através de suas interações internas, o coordenador mobiliza as dimensões políticas, interpessoais e técnicas dos professores, revelando sua prática. Ter consciência desse papel é fundamental para enfrentar os obstáculos, dificuldades, incompreensões e resistências que possam surgir no trabalho a ser desenvolvido. Esse processo envolve dois movimentos: um interno/subjetivo, que ocorre no próprio professor, ao tomar consciência de sua sincronicidade, e outro externo/objetivo, que se dá por meio da mediação do coordenador por meio da formação continuada. Quando o coordenador planeja suas ações, atribui um sentido ao seu trabalho. É evidente que a escola não tem acompanhado o ritmo das inúmeras mudanças sociais e avanços tecnológicos. É necessário reconhecer que a atuação da escola em relação aos alunos não corresponde às exigências atuais para enfrentar os desafios do presente e do futuro, preparando-os para exercer sua cidadania além da conquista de um diploma. Isso representa mais um desafio para o coordenador pedagógico, que precisa enfrentar diretamente essas demandas sociais, por meio de uma proposta educativa que tenha um planejamento claro, objetivos definidos, conteúdos relevantes, metodologias adequadas e avaliação efetiva (EGITO, 2014). Além disso, muitos professores dominam o conteúdo, mas têm dificuldade em se alinhar com os pressupostos educacionais e metodológicos necessários para ensinar. Ou seja, eles possuem o conhecimento do conteúdo, mas necessitam de contribuições pedagógicas essenciais para o processo de ensino- aprendizagem. Portanto, o coordenador pedagógico deve buscar e promover na escola uma metodologia constante de desenvolvimento contínuo, baseada na reflexão e ação sobre o ensino e as práticas pedagógicas. Segundo Amado e Monteiro (2002, p. 4): As redes de ensino, sejam elas públicas ou privadas, devem assegurar aos professores condições para seguirem aprendendo ao longo de todo o exercício profissional, pois esta é uma das condições fundamentais para garantir a boa qualidade da docência. E o coordenador pedagógico, em parceria com a direção escolar, tem entre suas funções articular redes de aprendizagem que instalem e sustentem processos de formação e (auto) formação de professores. Ao assumir o papel de formador do corpo docente, o coordenador pedagógico assume a responsabilidade pela qualidade do ensino na escola, em conjunto com os professores. É importante lembrar que a qualidade do ensino é resultado de um trabalho coletivo realizado pela comunidade escolar, mas cada profissional precisa ter seu campo de atuação definido. Para isso, o coordenador pedagógico precisa desenvolver atividades que promovam uma aprendizagem significativa, garantindo um trabalho harmonioso e de qualidade entre a coordenação pedagógica e os professores. É sua responsabilidade estar alinhado aos princípios pedagógicos adotados pela escola, por meio de uma leitura sistemática e intencional da realidade contextual. 5.2 DIRETRIZES BÁSICAS PARA O SUCESSO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO O coordenador pedagógico necessita ter clareza sobre seu papel e reconhecer seu papel como formador, agente de transformação, articulador e supervisor. É essencial que ele planeje seu tempo de forma sábia, priorizando o progresso e a qualificação do trabalho. Isso significa estabelecer uma articulação efetiva entre os professores e a organização escolar, focando nas atividades de sua responsabilidade e deixando de lado aquelas que não fazem parte de suas atribuições. Somente dessa forma ele poderá desempenhar seu trabalho de forma eficaz, tanto na formação continuada dos professores quanto nas tarefas do cotidiano (EGITO, 2014). Aires e Silva (2011) afirmam em seu trabalho intitulado "A importância do coordenador pedagógico no contexto social" que: O coordenador pedagógico não age aleatoriamente, deve possuir uma agenda de trabalho baseado na qualificação e na melhoria e na dinâmica da própria escola, sendo produtivo na superação das necessidades pendentes. O seu olhar deve ser de observador, argumentador e planejador, considerando atingir aos objetivos escolhidos como metas de ensino. (AIRES; SILVA, 2011) Para enfrentar o desafiante papel de coordenador pedagógico, é necessário desenvolver certas características a seu favor. É importante ressaltar que não existe uma representação definitiva para o coordenador, uma vez que ele pode desempenhar sua função de diversas maneiras. No entanto, podemos afirmar que uma boa comunicação, a capacidade de ouvir e falar no momento adequado, pode contribuir para estabelecer uma relação de confiança. Isso facilita a sugestão e a proposição de ideias e reflexões, permitindo que os professores se sintam à vontade para expressar suas dificuldades. Nesse contexto, Vasconcelos (2002, p. 86) destaca que: E imprescindível procurar construir o relacionamento baseado na confiança. E claro que isto não se faz com discursos vazios ("podem confiar em mim"), mas com atitudes concretas no cotidiano do trabalho, onde o coordenador revela, de fato, a que veio e a quem está servindo; temos de mostrar aos professores que estamos com eles, no sentido de ajudá-los a terem um trabalho mais adequado do ponto de vista pedagógico, portanto mais realizador, com menor grau de sofrimento e desgaste. Além do conhecimento teórico, o coordenador pedagógico precisa ir além, pois acompanhar o trabalho pedagógico e incentivar os docentes requer não apenas conhecimento, mas também percepção e sensibilidade para identificar as necessidades tanto dos professores quanto dos alunos, buscando maneiras de resolvê-las. Além disso, é fundamental manter-se constantemente atualizado, buscando fontes de informação e formação, e refletir sobre sua própria prática (EGITO, 2014). Realizar um trabalho efetivo como coordenador pedagógico não é uma tarefa fácil, uma vez que as responsabilidadesatribuídas são complexas. É necessário desenvolver recursos adequados para cada realidade, promover mudanças nas práticas pedagógicas e enfrentar momentos de medo e insegurança. No entanto, é essencial trabalhar em equipe e, acima de tudo, agir com ética. Vasconcellos (2002) se posiciona afirmando: É preciso jogar claro; não ter "duas caras", não ficar com indiretas, cinismo ou sarcasmo. Não entrar no leva-e-traz, comentando pelas costas. Cortar na raiz qualquer diz-que-diz que. Saber guardar sigilo daquilo que for solicitado pelo professor. Ética implica no sujeito assumir responsabilidades pelos seus atos (ao invés de entrar no "jogo de empurra"). No limite, ética libertadora significa querer o bem, não prejudicar o outro. Nesse contexto, é fundamental destacar a importância de valorizar aqueles que estão ao redor do coordenador pedagógico, acompanhando e avaliando os resultados alcançados. Essa abordagem é beneficial, significativos em termos de superação e reconhecimento profissional. Em resumo, ao enfrentar as dificuldades do seu trabalho diário na escola, é essencial, como ressalta Vasconcellos (2002), buscar estabelecer relacionamentos baseados na confiança. Conforme lembra Silveira (2012), ao ter clareza sobre sua função, o coordenador pedagógico torna-se capaz de organizar seu tempo de acordo com suas responsabilidades e em benefício do trabalho dos professores. Dessa forma, ele tem mais chances de não ser sobrecarregado pelas demandas do dia a dia, encontrando significado em sua prática e construindo uma compreensão coletiva desse propósito junto aos colegas com quem trabalha (ZEN, 2012). Em suma, o papel do coordenador pedagógico no cotidiano escolar é de extrema importância e complexidade. Esse profissional desempenha diversas funções, desde a articulação entre os diferentes atores da escola até a formação e acompanhamento dos professores. Para enfrentar os desafios desse papel, o coordenador pedagógico precisa desenvolver habilidades de comunicação, escuta ativa e empatia, a fim de estabelecer uma relação de confiança com os professores. Além disso, é essencial buscar atualização constante, tanto em conhecimentos teóricos quanto em práticas pedagógicas, a fim de acompanhar o trabalho dos docentes e identificar necessidades tanto dos professores quanto dos alunos. É importante também valorizar e reconhecer o trabalho dos professores, promovendo um ambiente de respeito e colaboração. O coordenador pedagógico deve ter clareza de sua função e ser capaz de organizar seu tempo de forma eficiente, para não ser sobrecarregado pelas demandas do dia a dia. Em última análise, o coordenador pedagógico desempenha um papel fundamental na promoção da qualidade do ensino, na formação continuada dos professores e no desenvolvimento de uma prática pedagógica mais significativa e contextualizada. Com um trabalho bem estruturado, baseado na confiança e na construção coletiva de sentido, ele pode contribuir de forma significativa para o sucesso educacional da escola e o crescimento profissional de toda a comunidade escolar. 6 A construção do projeto pedagógico da escola Cada escola possui suas próprias características e demandas específicas, o que torna essencial a elaboração do seu próprio projeto pedagógico. Para isso, é necessário conhecer a realidade da escola, mas esse conhecimento por si só não é suficiente. Também é fundamental embasar teoricamente o projeto, permitindo que a escola avalie as dimensões e princípios que guiarão a construção do seu projeto pedagógico. As teorias podem subsidiar uma leitura crítica das práticas, possibilitando o planejamento de estratégias que promovam melhorias no ensino oferecido e na aprendizagem dos alunos. A construção do projeto pedagógico de cada escola seguirá uma dinâmica própria, de acordo com suas características e necessidades. Apesar das diferenças, podemos discutir o processo de construção do projeto político- pedagógico (PPP) com base em três movimentos interligados. De acordo com Marçal, Souza e Machado (2001), esses movimentos são relacionados e interdependentes, devendo ocorrer simultaneamente e ser constantemente avaliados. Assim, cada escola precisa conhecer a si mesma, refletir sobre suas práticas e construir seu projeto pedagógico de forma autônoma e coletiva. O primeiro movimento refere-se ao diagnóstico da realidade escolar. A ideia é analisar a realidade da escola em suas dimensões pedagógica, administrativa, financeira e jurídica. Para isso, todos os envolvidos na elaboração do projeto pedagógico devem buscar responder à pergunta: como é a nossa escola? Nesse movimento, a escola precisa coletar dados sobre sua realidade e analisá-los criteriosamente, considerando aspectos qualitativos e quantitativos. As informações coletadas devem abranger aspectos internos e externos da realidade escolar, auxiliando na identificação de desafios a serem superados e de aspectos que facilitam o sucesso. Conforme mencionado por Marçal, Souza e Machado (2001), para que o diagnóstico seja detalhado, a escola deve utilizar instrumentos adequados e levantar questionamentos em dois níveis: um mais amplo e outro mais específico. Os questionamentos ao nível amplo possibilitam estabelecer relações entre a realidade escolar e os aspectos sociais, políticos e econômicos da comunidade em que a escola está inserida, bem como da sociedade brasileira na totalidade. Já os questionamentos mais específicos estão voltados para a organização do trabalho pedagógico, considerando a atuação dos diferentes segmentos escolares. O diagnóstico é uma ferramenta essencial para compreender a realidade da escola. Para elaborá-lo, é necessário realizar um levantamento de dados abrangendo os seguintes aspectos: Localização da escola (bairro); Distância entre o bairro e o centro da cidade, disponibilidade de transporte público e facilidade de acesso; Perfil dos estudantes atendidos (profissões dos pais, estrutura familiar, renda familiar, etc.); Dados sobre os alunos da escola, incluindo o número total, distribuição por níveis de ensino e anos, dados comparativos sobre ingressantes e concluintes, entre outros; Causas de evasão escolar; Desempenho acadêmico dos alunos, incluindo aprovação, reprovação e distorção idade/série. Para coletar esses dados de forma confiável, podem ser utilizados diversos instrumentos, tais como: fichas preenchidas pelos pais durante o processo de matrícula, análise dos resultados de avaliações externas como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), avaliações realizadas pelos professores, registros dos conselhos de classe, registros anuais do desempenho escolar, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), Censo Escolar, informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e do Ministério da Educação (MEC). O segundo movimento diz respeito ao levantamento das concepções do coletivo escolar. Seu objetivo é discutir as concepções compartilhadas pelos membros da escola em relação ao trabalho pedagógico todo. A pergunta "Qual é a identidade da nossa escola?" deve ser respondida. Após diagnosticar sua situação, a escola precisa buscar um embasamento teórico que oriente as ações de seus segmentos. A escolha de um referencial teórico é fundamental para sustentar as práticas e compreender as situações que surgem no cotidiano escolar. Nesse movimento, é essencial levantar as concepções do coletivo escolar em relação ao trabalho pedagógico, visando propor mudanças. A partir da discussão das concepções dos diferentes segmentos, é necessário definir uma linha de ação unificada que represente as prioridades estabelecidas pelo grupo para o trabalho da escola. Esse movimento requer que a escola assuma uma postura políticae pedagógica, estabelecendo as concepções e ações que serão compartilhadas por todos os envolvidos. Para que isso ocorra, é fundamental que o gestor promova a criação de espaços para discussão e troca de ideias. O terceiro movimento consiste na definição de estratégias, pessoas e/ou grupos para garantir a realização das ações propostas pelo coletivo escolar. Esse movimento visa determinar as ações da escola, os responsáveis por sua execução e os recursos necessários para a implementação do projeto pedagógico. Para isso, é preciso responder à pergunta: como colocar em prática as ações definidas pelo coletivo? Após estabelecer as concepções que guiarão o trabalho dos diferentes segmentos da escola, é necessário definir as estratégias a serem adotadas por todos. De acordo com Marçal, Souza e Machado (2001), a escola deve definir suas prioridades e identificar as ações que serão desenvolvidas, bem como as pessoas encarregadas de realizá-las. Esse processo deve ser baseado em decisões tomadas de forma coletiva, visando superar os problemas identificados inicialmente. Além disso, é importante identificar os responsáveis por cada uma das ações assumidas pelo coletivo. A elaboração de um cronograma de trabalho é fundamental. Nele, devem ser estabelecidas as ações a serem realizadas em curto, médio e longo prazos, permitindo seu acompanhamento e avaliação. O cronograma deve incluir momentos dedicados ao planejamento pedagógico e às reuniões dos órgãos colegiados, como conselhos escolares, conselhos de classe, associações de pais e mestres (APMs) (grêmios estudantis, entre outros. Nesse movimento, é importante considerar o tempo destinado à redação do documento que retratará todo o processo desenvolvido pela escola. Para isso, deve-se formar um grupo de trabalho com representantes dos diversos segmentos envolvidos. Os colegiados, seguindo o cronograma de reuniões, devem sempre analisar o projeto político-pedagógico para verificar se as propostas estão sendo executadas e se os resultados esperados estão sendo alcançados. A avaliação deve estar presente em todo o processo de elaboração do PPP, permitindo ajustes sempre que necessário. Mudanças na legislação, alterações na oferta de alguma etapa de ensino (educação infantil, ensino fundamental ou ensino médio), bem como modificações nas modalidades de ensino, devem ser analisadas e discutidas, resultando em adaptações no PPP sem que a identidade da comunidade seja perdida. 6.1 Organização e participação na elaboração do projeto pedagógico Conforme o Ministério da Educação e a Secretaria da Educação Básica (SEB) (BRASIL, 2004a), a escola pública tem como função social a formação dos cidadãos. A escola tem o papel de proporcionar a construção de conhecimentos, atitudes e valores que tornem os estudantes solidários, críticos, éticos e participativos. Para que essa formação seja efetiva, não é suficiente que os professores transmitam os conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade e os estudantes os recebam passivamente. A escola deve empregar estratégias que permitam que os estudantes construam conhecimentos de maneira crítica e reflexiva. O objetivo é que esses conhecimentos sejam ferramentas para promover mudanças sociais. A apropriação desses saberes pelos estudantes e pela comunidade local desempenha um papel fundamental na democratização da sociedade. É importante considerar o seguinte: A escola pública poderá, dessa forma, não apenas contribuir significativamente para a democratização da sociedade, como também ser um lugar privilegiado para o exercício da democracia participativa, para o exercício de uma cidadania consciente e comprometida com os interesses da maioria socialmente excluída ou dos grupos sociais privados dos bens culturais e materiais produzidos pelo trabalho dessa mesma maioria. A contribuição significativa da escola para a democratização da sociedade e para o exercício da democracia participativa fundamenta e exige a gestão democrática na escola (BRASIL, 2004a, documento on-line). A prática da democracia participativa na escola ocorre por meio da escolha de líderes e pela organização de conselhos escolares e da comunidade escolar e local, que devem participar e fazer valer seus direitos e deveres. Essa prática garante que a escola pública contribua efetivamente para afirmar os interesses coletivos e construir um país para todos, com igualdade e justiça social. No Brasil, a criação de órgãos de apoio, tomada de decisões e controle público da sociedade civil na administração pública foi parte das lutas políticas pela democratização. No campo da educação, essa organização de espaços colegiados pode ser encontrada em diferentes esferas do poder, desde o Conselho Nacional de Educação (CNE) até conselhos estaduais, municipais e escolares. Esses espaços são de extrema importância para a formulação de políticas educacionais que orientem as práticas educativas e os processos de participação, baseados em diretrizes e princípios definidos por diversas instâncias. vi. Conselho escolar O conselho escolar desempenha um papel crucial na democratização da educação e da escola, pois reúne diretores, professores, funcionários, estudantes, pais e outros representantes da comunidade visando discutir, definir e acompanhar o desenvolvimento do projeto político-pedagógico da escola. Sua composição pode variar entre municípios, estados e outras instituições educacionais, e a quantidade de representantes também pode variar, geralmente conforme o número de estudantes na instituição. A criação e atuação dos conselhos escolares são respaldadas pelo artigo 206 da Constituição de 1988 e pelo artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN, Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que estabelecem a gestão democrática da escola pública como um princípio legal. Veja: Trata-se de enfrentar o desafio de constituir uma gestão democrática que contribua efetivamente para o processo de construção de uma cidadania emancipadora, o que requer autonomia, participação, criação coletiva dos níveis de decisão e posicionamentos críticos que combatam a ideia burocrática de hierarquia (BRASIL 2004a, documento on-line). Segundo o Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 2004b), as atribuições do conselho escolar variam conforme as diretrizes do sistema de ensino e as definições das comunidades local e escolar. No entanto, há uma característica comum entre os conselhos de diferentes sistemas de ensino: eles não podem perder de vista o regimento escolar, construído coletivamente na escola, que serve como referência legal básica para o funcionamento da unidade escolar. Entre as principais atribuições do conselho escolar estão a coordenação do coletivo da escola e a criação de mecanismos de participação. O conselho escolar se beneficia da existência de outros espaços de participação na escola, como o grêmio estudantil e as associações de pais e mestres. A participação nessas instâncias proporciona a vivência da função política da educação e da democracia no contexto escolar. A implementação dos conselhos escolares é fundamental para a democratização dos processos decisórios e para a efetivação de uma gestão democrática. vii. Organizações estudantis Em uma instituição educacional que busca formar cidadãos críticos, as organizações estudantis desempenham um papel fundamental ao proporcionar aos alunos a experiência de participação e tomada de decisões. Uma dessas organizações é o grêmio escolar, que encontra respaldo na Lei n.º 7.398, de 4 de novembro de 1985, conhecida como Lei do Grêmio Livre, segundo o Todos pela Educação (BRASIL, 2018). Essa lei estabelece a organização de entidades representativas dos estudantes do ensino fundamental e médio. Embora não seja obrigatória a existência de um grêmio nas escolas, a legislaçãodefine essa entidade como autônoma e representativa dos interesses dos estudantes, com finalidades educacionais, culturais, cívicas, esportivas e sociais. Conforme o texto da lei, o estatuto do grêmio deve ser aprovado em assembleia-geral convocada pelos alunos da escola, e seus dirigentes e representantes devem ser eleitos por voto direto e secreto. O grêmio, como instrumento de gestão democrática nas escolas, também está previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014 e válido até 2024. A meta 19 do PNE pretende garantir condições para a implementação da gestão democrática em todas as escolas públicas. Uma das estratégias previstas no item 19.4 é: estimular, em todas as redes de educação básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurando-se-lhes, inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações (BRASIL, 2015, documento on-line). O grêmio estudantil desempenha um papel essencial ao defender os interesses dos alunos nas reuniões dos representantes de classe, do conselho escolar e da associação de pais e mestres. Sua função é levar as demandas estudantis aos professores, gestores e à comunidade, além de participar ativamente das decisões importantes para a vida da escola. Não há um modelo único de grêmio estabelecido pela legislação. Grande parte das diretrizes utilizadas para a criação dessas organizações foi desenvolvida pela organização não governamental Sou da Paz. Geralmente, um grêmio surge a partir da iniciativa de um grupo de alunos que dialoga com a direção da escola, comunica os demais alunos e inicia o processo de elaboração de um estatuto. Esse estatuto é submetido à apreciação de todos os estudantes em uma assembleia-geral. A escola deve disponibilizar um espaço adequado para a realização das reuniões periódicas do grêmio. viii. Associações de pais e mestres A associação de pais e mestres é uma entidade sem fins lucrativos cujo objetivo é representar os interesses comuns dos profissionais e dos pais dos alunos em uma escola. Trata-se de um órgão jurídico criado para administrar os recursos financeiros, uma vez que a escola, como entidade pública, não tem essa atribuição. Acredita-se que a opinião dos pais e profissionais pode contribuir para melhorar a qualidade do ensino e ter um impacto positivo na aprendizagem dos alunos. A APM desempenha um papel de apoio à equipe gestora da escola na concretização dos objetivos e intenções do projeto político-pedagógico. Além disso, representa os interesses dos pais e familiares em relação à educação das crianças diante da comunidade escolar. A associação tem objetivos administrativos, pedagógicos e financeiros. Embora a existência da APM não seja obrigatória em todas as escolas, exceto aquelas que recebem verbas do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), é na APM que são tomadas decisões sobre a utilização dos recursos governamentais e a definição do uso do dinheiro arrecadado por meio de eventos e festas. É importante que a APM esteja em articulação com o conselho escolar e outros colegiados para garantir que os recursos sejam utilizados conforme a proposta pedagógica da instituição e a visão da comunidade em que está inserida. Exceto pela obrigatoriedade da existência da APM nas escolas que recebem verbas federais, não há uma legislação federal específica que trate da criação e gestão dessas associações no sistema educacional brasileiro. No entanto, a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes são previstas no art. 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN). Além disso, a estratégia do Plano Nacional de Educação (PNE) que visa ao fortalecimento dos grêmios estudantis também busca fortalecer as APMs. Alguns estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, possuem legislações próprias que regulam a atuação das APMs ao nível local. 6.2 O projeto pedagógico e as suas diferentes instâncias O projeto político-pedagógico está ligado às diversas instâncias que o compõem. Essas instâncias incluem o planejamento, a organização do trabalho escolar, o regimento escolar, as práticas pedagógicas e as políticas educacionais. O projeto político-pedagógico de uma escola fornece diretrizes e estabelece prioridades para o trabalho coletivo. No entanto, para ele desempenhar seu papel de forma efetiva, é necessária uma articulação adequada com o planejamento e a prática pedagógica. De acordo com Marçal, Souza e Machado (2001, documento online), podemos observar o seguinte: A escola pública necessita de uma gestão que, partindo da construção do projeto pedagógico, possibilite à escola alcançar sua finalidade, concretizando sua função social: a promoção da cidadania, o desenvolvimento pleno e o sucesso dos alunos. E para concretizar o que pretende, a escola necessita de um planejamento que organize o seu trabalho escolar e a sua prática pedagógica, de modo que as ações implementadas se articulem, promovendo uma educação de qualidade conforme o proposto no projeto pedagógico pelo coletivo da escola. A relação entre o projeto pedagógico e o planejamento é estreita (Figura 1), embora cada um tenha um significado distinto. O projeto pedagógico busca estabelecer a identidade da escola, definindo os caminhos a serem seguidos e demonstrando o compromisso da instituição em fornecer um ensino de qualidade e promover a aprendizagem dos alunos. O projeto pedagógico não pode ser desenvolvido sem um planejamento adequado. O planejamento deve permear todas as atividades escolares, servindo como uma ferramenta contínua para a elaboração e implementação do projeto pedagógico. Para a gestão escolar e a busca de melhorias, é essencial um planejamento que identifique as condições favoráveis, diagnostique os problemas e aponte os caminhos para alcançar os objetivos educacionais. Figura 1. Relação entre o projeto pedagógico e o planejamento. Fonte: Marçal, Souza e Machado (2001, documento on-line). O projeto político-pedagógico (PPP) também está relacionado com a organização do trabalho escolar. O sucesso educacional depende não apenas de políticas e diretrizes externas, mas também das características organizacionais da escola. Essas características incluem a autonomia escolar, a gestão democrática, a articulação curricular, a participação dos pais, a otimização do tempo, a estabilidade profissional, a capacitação dos profissionais, o reconhecimento público e o apoio das autoridades. A análise das características organizacionais de uma escola permite compreender a cultura escolar e identificar as áreas determinantes para o sucesso ou fracasso da instituição. O planejamento deve acompanhar de perto a organização do trabalho escolar, pois é nesse espaço que o projeto político- pedagógico se concretiza. O projeto político-pedagógico (PPP) desempenha um papel importante na elaboração do regimento escolar, fornecendo diretrizes para a estruturação e o funcionamento da escola, visando promover um ambiente de convivência harmonioso e democrático. O regimento escolar deve conter orientações abrangentes que abordam várias áreas, garantindo a conformidade com as leis e diretrizes, além de salvaguardar espaços de autonomia e responsabilidade inerentes à instituição escolar. É fundamental que o regimento escolar esteja alinhado com o que está estabelecido no projeto pedagógico, sem contradições. Ao definir metas a serem alcançadas em um determinado período e ao delinear a missão da escola, o PPP direciona as práticas pedagógicas que devem ser desenvolvidas para concretizar o que foi proposto no documento. Essas práticas devem serfundamentadas nos referenciais curriculares estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), relacionados ao tipo de indivíduo e sociedade que se pretende construir, bem como na Constituição Federal de 1988. Embora a escola tenha uma identidade própria, ela está inserida em um contexto mais amplo e, portanto, está sujeita às ações das políticas públicas nos níveis federal, estadual e municipal. Por isso, a elaboração do projeto político- pedagógico deve considerar o que está estabelecido nas políticas educacionais, desde o âmbito mais abrangente até o local. Dessa forma, o processo de construção do PPP deve considerar o contexto das políticas públicas educacionais presentes no cotidiano escolar. Além disso, é importante considerar a dimensão local, que permite a adaptação das práticas às especificidades e demandas da unidade escolar. 7 OS CONSELHOS ESCOLARES E SUAS ATRIBUIÇÕES No plano jurídico, a Constituição Federal de 1988 reúne os princípios da educação no artigo 206, inciso VI, estabelecendo a necessidade de “[...] gestão democrática no ensino público na forma da lei” (BRASIL, 1988, documento on- line). A Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional já repercute este princípio no inciso VIII do artigo 3º, expondo “[...] gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino”, e especificamente nos incisos I e II do artigo 14: “I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; e II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes” (BRASIL, 1996, documento on-line). O Plano Nacional de Educação (PNE) também tem metas relacionadas ao progresso da gestão democrática, vinculando-os ao Conselho Escolar, assim como pode ser visto na Lei dos n. º 13 005/2014, aprova o PNE, na meta 19 e na sua estratégia (BRASIL, 2014). As funções dos Conselhos de Educação são essencialmente normativas, deliberativas e consultiva, cada um considerando sua área de abrangência e campo de atuação, sempre com a missão de fortalecer a sociedade civil, democrática e participativa em busca do desenvolvimento constante da educação. Dentre as funções atribuídas institucionalmente, está a função do "fazer cotidiano" de cada Conselho Escolar e pode variar conforme a região e a escola em que está implantado. É indispensável que os conselheiros continuem focados na qualidade da realização dos regulamentos dos Conselhos, tendo em vista que, culturalmente, temos que exceder a ideia de participação da comunidade como um auxílio para capturar recursos ou para realizar diversos serviços, pois essa participação exige se qualificar gradativamente, buscando o comprometimento e a participação de todos nos diferentes aspectos da gestão escolar, o desenvolvimento da cidadania através da prática escolar e da experiência democrática nela existente. Os conselheiros são voluntários e representantes, no desempenho de suas responsabilidades, cada uma das parcelas da unidade escolar, preservando o interesse de todos no “bem comum", que, para a escola, é o progresso integral de cada aluno em início de carreira escolar. Além disso, os conselheiros devem assumir que, a partir seu pensamento e tomada de decisão, tem o processo reforçado ou não do processo de gestão democráticas no centro da escola de educação básica. Sabemos que não basta uma definição conceitual e um texto normativo para que a gestão democrática e participativa seja vivida nas escolas; assim, os conselheiros necessitam ser conscientizados e fortalecidos para participação das decisões administrativas, pedagógicas e financeiras das escolas, de forma que o espaço público escolar seja concebido e transformado pela comunidade. Entre as fundamentais atribuições do Conselho Escolar compreendidas na literatura que trata o tema, em especial o material que contempla o programa do MEC de fortalecimento dos Conselhos Escolares (BRASIL, 2018a), salientamos que todas essas ações devem estar consubstanciadas nas regras do sistema de ensino a que cabem as escolas, como: Chamada das assembleias comuns com as contribuições de toda a comunidade escolar; Acepção e garantia das formas de efetiva participação da comunidade escola na análise do projeto pedagógico da escola; Acompanhamento dos efeitos dos indicadores educacionais das avaliações externas, assim como os apontadores das avaliações internas e participação no processo de proposição de intervenções e desenvolvimento de planos de ação buscando a melhoria da aprendizagem; Inspeção da gestão administrativa, financeira e pedagógica da escola; Promoção de relações pedagógicas que apreciem e favoreçam o conhecimento e a cultura da comunidade local; Participação no desenvolvimento do calendário escolar anual; Participação de métodos de estudo e reflexão sobre o progresso pedagógico escolar, até mesmo envolvendo acepções didáticas e metodológicas dos meios de ensino e de aprendizagem; Participação prontidão no desenvolvimento do projeto político-pedagógico (PPP) da escola; Preparação de regimentos, como o regimento interno do adequado Conselho, além do regimento escolar; Fomento da a invenção ou do desenvolvimento de diferentes instituições, ou colegiados que requeiram a gestão democrática da escola, como os conselhos de classe recíproco e agremiações estudantis. O cumprimento das normas do superintendente pode ocorrer por meio de reuniões de unidade nas quais são feitos estudos, reflexões sobre as necessidades educacionais e decisões deliberadas, que não ocorrem de forma hierárquica, mas de modo horizontal, avaliando assim o comprometimento de todos no processo educativo vivenciado na escola. Todos os conselhos têm direito à palavra e ao voto; por isso, é fundamental a participação de todos no colegiado, independentemente de sua origem, ocupações ou segmentos que representem experiências e o conhecimento são um fator que acrescenta qualidade no processo decisório democrático. A vivência da cidadania se desenrola por meio desse movimento de diálogo e reflexão, em que decisões são tomadas para alcançar o melhor para o aluno na totalidade, sem deixar de lado as peculiaridades da escola, dos alunos, da cultura e da comunidade local. Trata-se de uma instância em que triunfam as preferências corriqueiras e a isenção para garantir a equilíbrio. Muito mais que a dimensão administrativa, os conselhos agem e decidem em questões pedagógicas e financeiras no âmbito da escola. Como toda instância democrática educacional, seu funcionamento está demarcado em regramentos do sistema de ensino, assim como no seu próprio regimento interno. 7.1 O Conselho Escolar e a formação cidadã Para pensar o desenvolvimento e o fortalecimento da cidadania a partir das experiências de vida na escola, é fundamental, antes de tudo, a constituição de um Conselho Escolar que agregue efetivamente representantes de todos os setores da comunidade escolar. Portanto, uma das principais atribuições de um conselheiro é participar e agir para cumprir as tarefas do coletivo. Outro ponto forte é que esses representantes devem ser escolhidos democraticamente por seus pares e trabalhar com a equipe gestora da escola no processo de tomada de decisão da escola. A gestão democrática da educação está respaldada na legislação brasileira e nesse sentido há condições favoráveis para seu desenvolvimento e implementação, mas a qualidade do desenvolvimento das instituições democráticas da escola depende do comprometimento dos grupos gestores com a democracia e o projeto participativo do país. Conforme Riscal e Luiz (2016, documento on-line): Ao instituir Conselhos Escolares realmente atuantes, possibilitamos que a escola se constitua como local onde se desenvolvam práticas democráticas, voltadas para a concepção de cidadaniabaseada no direito de todos a liberdade de ideias, expressão e participação política. Para favorecer essa formação cidadã, a escola não pode ser vista como uma organização burocrática, em sua estrutura formal, cabendo lugar à estrutura informal, igualmente relevante. Mais do que mera instituição do Estado, a escola é produzida também pelo seu entorno, ao mesmo tempo, em que também propaga, por este mesmo entorno, uma cultura que pode ser tradicional e excludente ou, inversamente, emancipatória. Trata-se de uma relação dinâmica, nem sempre percebida em todo o seu potencial, e nem sempre cultivada com vistas ao benefício mútuo. Desta forma, a equipe de gestão escolar deve legitimar as instâncias democráticas, criando condições efetivas e práticas condições para a implementação, desenvolvimento e cumprimento das suas principais atribuições. Também é importante que o conselho escolar desenvolva um plano de ação anual que inclua autotreinamento e qualificação, além de incluir recomendações para relacionamento e comunicação com outros Conselhos Escolares e outros tipos de conselhos relacionados a comunidade local que pode promover o desenvolvimento e a cidadania de todos na escola e no seu entorno. Aqui também destacamos que são atribuições básicas de todo o Conselho Escolar, desenvolver o regimento interno de funcionamento, coordenar o desenvolvimento e avaliar o desenvolvimento do projeto educacional da escola, bem como construir e modificar regimentos escolares. 7.2 Elaboração do regimento interno do Conselho Escolar O regimento interno de uma instituição é de fundamental importância, pois são um instrumento normativo interno em que são estabelecidas normas de desempenho, são determinados os papéis dos membros da instituição, são criadas regras gerais e específicas, são elaborados horários de trabalho, entre outros. As normas e regulamentos são instrumentos legítimos de qualquer governabilidade democrática, pois, por meio de processos regulatórios, visam assegurar o exercício dos direitos e deveres de todos, buscando assim experiência na justiça e eliminação de atitudes e decisões autocráticas, unilaterais ou corporativas (BRASIL, 2018b). A simples existência de marcos regulatórios não garante uma experiência democrática e participativa, pois a ação popular é fundamental. Situações de manipulação e interesse próprio devem ser rompidas, porque, numa democracia de valores e direitos, o que deve prevalecer é o “bem comum” sobre quaisquer interesses individuais. A liderança do diretor ou da administração escolar deve ser muito convincente e unida para não perder de vista a missão do Conselho Escolar, que é essencialmente democrática e participativa; portanto, temos que respeitar a diferença e as pessoas diferentes, tendo em vista que o colegiado é composto por pessoas diferentes, com crenças e personalidades diferentes, mas que têm em comum a escola. É preciso desenvolver a escuta ativa, respeitar e delegar ao outro, voz, acolhê-lo e no processo de cooperação construtiva, elaborar um documento contendo regras claras, objetivas, que agregue e proporcione o desenvolvimento da instituição e escola. É importante que a gestão da escola se concentre primeiro no que deve ser contemplado no regime do colegiado, delineando, de forma consensual, o que pode e o que não pode ser feito, considerando, pelo menos, os itens listados abaixo (SÃO PAULO, 2014; CURY, 2006; PARANÁ, 2023): Atribuições do conselho; Frequência das reuniões; Maneiras de tomada de decisão; Maneiras de substituições dos conselheiros; Atribuições de cada conselheiro; Como serão preparadas as eleições; Tempo de ocupação e exercício; Como seus membros podem sair ou ser demitidos; Atribuições do Conselho; Os objetivos do Conselho; Composição do Conselho (observando que a participação deve ser paritária entre segmentos e preferencialmente com número ímpar de participantes); Frequência das reuniões regulares; Procedimentos para convocação de reuniões extraordinárias; Direitos, deveres e poderes dos conselheiros; O que é considerado violação ou desrespeito à função de Conselho; Sanções em caso de infrações ou descumprimento de função; Sessões de formação da turma e de participação da vida escolar. Após as primeiras definições, a organização do texto será necessária, pois, estruturalmente, um regimento está sujeito a seguir protocolos legais, considerando artigos, parágrafos, incisos, alíneas, itens e subitens que não deve entrar em conflito com leis, regras e regulamentos em geral, mas especialmente os do sistema da educação a que pertencem. Nesse sentido, o desenvolvimento de regimentos internos do Conselho Escolar é sua primeira tarefa com sua importância. Assim, durante a construção, os dirigentes escolares devem mediar, orientar e esclarecer todas as dúvidas e pontos de discórdia, auxiliando a equipe na tomada de decisões, sem, no entanto, afetá-lo. Outro ponto relevante para a atuação da equipe gestora no processo de desenvolvimento de regimentos internos e atividades do Conselho, de forma geral, é incentivar e valorizar a participação de cada conselheiro, que muitas vezes se calam porque sentem que suas opiniões não irão qualificar ou ser ouvida, tendo em conta o envolvimento de profissionais na mesma unidade. Como já podemos deduzir, o desenvolvimento de um regimento interno visa garantir os princípios da democracia. Considerando o Conselho Escolar como uma organização participativa e democrática, a própria construção do regimento é um importante movimento de diálogo para o exercício democrático responsável, pois a ênfase na missão da escola vem à tona. Mesmo com a tarefa de construir regimentos internos, a constituição de um grupo escolar comprometido com reuniões mais leves, facilitando a integração dos membros. Assim, se tornam mais produtivas as reuniões estratégicas que incluem a dinâmica de pequenos grupos onde os participantes podem falar um pouco sobre si, oferecendo mais integração entre pessoas que buscam um relacionamento ou um ponto de interesse comum. Nesse contexto, é importante que os conselheiros se sintam acolhidos, integrados e aceiros. Quando se sentem incluídos, a confiança em sua importância e a eficácia de sua participação aumentam, mas o mediador da reunião não deve dirigir a ação ou a participação do grupo, pois é relevante o desenvolvimento da liderança intermediária positiva e da autorregularão do grupo. Outro ponto forte é a integração emocional, pois, em um colegiado, como em qualquer trabalho em equipe, existem momentos de satisfação, de alegria, mas também de hostilidade. Por este caminho, a mediação pelo diretor ou membro da equipe de gestão em análise, características democráticas e participativas e ações voltadas para a missão da escola será extremamente importante, porque a governança democrática não se consolida por meio de registro de normas, mas pela experiência das pessoas. 7.3 Conselho Escolar e projeto pedagógico: uma articulação necessária Conforme destacam Barreto e Castro (2015, documento on-line): O Conselho existe para dizer aos dirigentes o que a comunidade quer da escola e, no âmbito de sua competência, o que deve ser feito e são formados por estudantes, funcionários, pais, professores ou coordenadores pedagógicos para cujo funcionamento requer políticas de descentralização, criando condições básicas para que a comunidade e a escola possam diagnosticar seus problemas e deliberar como resolvê-los. O Conselho Escolar deve se constituir na própria expressão da escola, como seu instrumento de tomada de decisão. Outra atribuição do Conselho Escolar que merece evidência em implicação da sua relevância social e educacional é o projeto político-pedagógico (PPP) da escola, importante bússola para a realização do processo educativoescolar que necessita ser construída coletivamente, ou seja, com a ajuda de toda a conformidade escolar. A construção coletiva decorre da precisão de atender os anseios educativos de toda a comunidade, da estima do contexto social e cultural da comunidade, do conceito de que a educação não é apenas um movimento de transporte de conteúdos selecionados pelas normas de ensino para a população, mas que se trata de uma interpretação destes diante da veracidade de cada comunidade. O Conselho Escolar é, portanto, um órgão mobilizador, pedagógico, consultivo e fiscalizador, pois é por meio de sua participação ativa que a comunidade escolar é representada no PPP escolar (BRASIL, 2004a). O foco principal do PPP da escola é o desenvolvimento integral dos alunos e inclui o desenvolvimento de habilidades e competências para a vida e a preparação para o mundo do trabalho. O processo de desenvolvimento do aluno é permeado por questões sociais, econômicas e políticas. Diante disso, a atuação do Conselho Escolar é fundamental, conforme pode ser observado na Figura 1 abaixo. Figura 1 - Fluxograma das fases do PPP na escola 7.4 Do ideal planejado no projeto político-pedagógico para a prática O PPP Escolar é um documento elaborado em conjunto, com o envolvimento efetivo do Conselho Escolar, como evidência a experiência neste processo, democrático e participativo. Em particular, ele considera a importância de um projeto consubstanciado no conteúdo de reconhecer e respeitar a diversidade e busca a unidade em um trabalho coletivo, voltado para desenvolver a qualidade escolar, com base nos princípios da formação indispensável para todos os alunos. Os PPPs escolares precisam ser amplamente divulgados para toda a comunidade escolar, em prol da transparência no trabalho do Conselho e da gestão escolar são necessárias no processo de alcançar a democracia representativa e ajudar o processo de envolver pessoas em um projeto comum. Além disso, para que o PPP vai além do registro e se torne uma realidade de formação dos alunos, são necessárias ações de acompanhamento e intervenções (RISCAL; LUIZ, 2016; APROVA BRASIL, 2023; BRASIL, 2004 b). No âmbito do processo democrático realizado na escola por meio da criação do Conselho Escolar, é fundamental que não haja uma divisão entre os responsáveis pelo planejamento e os responsáveis pela execução. Nesse sentido, cabe ao Conselho também deliberar com a equipe gestora sobre as formas de implementação, acompanhamento e avaliação do Projeto Político- Pedagógico (PPP). Essa operacionalização precisa ser organizada de maneira a viabilizar o desenvolvimento do trabalho pedagógico, considerando a realidade da escola e as normas do sistema de ensino correspondente. Todo esse processo de operacionalização é consubstanciado no regimento escolar, cuja elaboração também conta com o apoio do Conselho Escolar. Vale ressaltar que esse documento é de caráter obrigatório ao nível nacional e sua redação deve seguir critérios técnicos. No regimento escolar estão estabelecidas todas as regras referentes ao funcionamento administrativo e pedagógico da escola, bem como os direitos e deveres de todos os segmentos envolvidos, critérios e formas de avaliação, recuperação, convivência, entre outros aspectos. Um dos principais objetivos desse documento é regular as ações da escola, conforme os princípios democráticos e participativos, a fim de cumprir a missão estabelecida no PPP, considerando as normas do sistema de ensino. Em outras palavras, o regimento escolar deve contemplar as diretrizes para a implementação, acompanhamento e avaliação do PPP da escola. Para avaliar o êxito alcançado na implementação do PPP e, consequentemente, a qualidade da formação dos estudantes, o Conselho Escolar precisa estabelecer indicadores e prazos. A monitoração inicial do progresso da aprendizagem, definida no PPP, pode ser realizada periodicamente por meio de avaliações internas, complementadas pelos resultados de avaliações nacionais, como o SAEB, ou outras avaliações específicas dos respectivos sistemas de ensino regionais, nas quais são identificados os resultados, investigadas as causas, os pontos fracos e as medidas para melhoria (RISCAL; LUIZ, 2016; APROVA BRASIL, 2023; BRASIL, 2004b). Para acompanhar os resultados de aprendizagem obtidos nas avaliações internas, o Conselho Escolar pode contar com um conselho de classe, que é um colegiado composto por todos os professores da turma. Esse colegiado tem uma natureza pedagógica, uma vez que analisa o desenvolvimento de cada aluno em relação a cada disciplina definida pela escola. Com o desenvolvimento do processo de gestão democrática, o conselho de classe passou gradualmente a incluir a participação dos estudantes e de seus responsáveis, sendo agora chamado de conselho de classe participativo. Valoriza-se o compromisso compartilhado com a aprendizagem dos alunos, pois se passa a analisar o planejamento do desenvolvimento da aprendizagem, como o trabalho pedagógico foi conduzido, o processo de avaliação, o progresso da turma e de cada aluno, e o que precisa ser ajustado. As causas do insucesso ou os fatores que contribuem para o sucesso do trabalho são discutidas por cada segmento participante do conselho de classe, sendo esse processo uma análise da consecução do PPP e uma oportunidade de correção. De acordo com Neto (2019, documento on-line) os conselhos participativos são reuniões das quais: [...] participam pessoas de todos os segmentos da escola: professores, alunos, pais, coordenação pedagógica e direção, visando analisar o desempenho dos estudantes. Em outras palavras, o conselho participativo é um colegiado representativo de caráter consultivo e deliberativo, voltado para a avaliação e o acompanhamento do desempenho escolar dos alunos. Embora todas as escolas (públicas e privadas) façam uma reunião bimestral com o mesmo objetivo, a restrição da participação aos professores, coordenação e direção faz com que ela seja conhecida como conselho de classe. É amplamente reconhecido que, para promover melhorias na educação, é crucial o trabalho dos professores junto aos alunos. No entanto, há outros aspectos igualmente importantes que devem ser considerados e que dizem respeito à infraestrutura e aos recursos adequados. Nesse sentido, o trabalho do conselho de classe participativo é fundamental, mas é necessário ir além. Assim, é essencial verificar e avaliar as condições das dependências da escola, o acesso aos espaços, a oferta e a qualidade dos recursos pedagógicos, como salas de aula, bibliotecas ou salas de leitura, laboratórios e o acesso à tecnologia. Também é importante analisar as condições dos materiais pedagógicos e garantir o acesso a eles. Caso se constate espaços ou equipamentos em condições inadequadas para a realização do PPP, o Conselho Escolar deve verificar o plano de aplicação de recursos financeiros da escola, o cronograma de recebimento de materiais e/ou reformas, e estabelecer um plano de melhoria dos recursos, equipamentos e instalações da instituição. Além disso, é necessário elaborar um plano alternativo para promover o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes. Com isso, o processo de acompanhamento do PPP pelo Conselho Escolar deve ser contínuo, com uma periodicidade definida previamente, abrangendo aspectos materiais, estruturais e pedagógicos relacionados ao espaço físico e ao contexto escolar. Para concluir, enfatizamos que a escola deve ser um ambiente privilegiado para a formação das pessoas, pois reúne diferentes gerações, especialmente os jovens. Além disso, existem outras instâncias colegiadas no contexto escolar, como o grêmio estudantil, cujo protagonismo é exclusivo dos estudantes, e a associação de pais, entre outras, que podem fortalecer a construção democrática por meio da participação nasdecisões da escola. 8 AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL ATUAL Existem diversas versões das teorias contemporâneas da educação, abrangendo desde abordagens conservadoras até aquelas consideradas críticas e modernas. Essa classificação considera diversos aspectos do trabalho pedagógico, como a relação entre sociedade e educação, os objetivos da formação, as metodologias de ensino, o papel do professor e do aluno, a concepção de sociedade, a relação educativa e a interação entre professor e aluno. Na literatura educacional, são encontradas classificações que englobam teorias, tendências, correntes e paradigmas da educação (RODRIGUES, 2020). As abordagens teóricas que resultaram nas diferentes teorias pedagógicas são conhecidas como teorias liberais e predominaram até o século XIX. As teorias liberais da educação são classificadas em diferentes correntes, sendo elas: Pedagogia tradicional; Escola Nova; Tecnicismo educacional. Além disso, existem as teorias progressistas da educação, caracterizadas como pedagogias críticas e são influenciadas pela tradição moderna. Essas teorias progressistas são classificadas em: Pedagogia crítico-social; Pedagogia libertadora; Pedagogia libertária. Os modelos e teorias da educação estão em constante evolução e acompanham as mudanças estruturais nas esferas econômica, social, política e cultural da sociedade. Isso resulta em reflexões profundas e adaptações sobre como conceber e desenvolver as práticas pedagógicas. Ao examinar as práticas pedagógicas atuais, podemos observar que elas possuem peculiaridades e estão sujeitas a inovações visando superar o paradigma newtoniano ou cartesiano, que enfatiza a fragmentação do conhecimento e a racionalidade científica. Busca-se um modelo de educação que seja coerente com o perfil dos estudantes contemporâneos. Nesse contexto, essas práticas pedagógicas são constituídas por diferentes compreensões sobre as formas de conhecimento, as interações interpessoais, a cooperação na construção do conhecimento, o papel da ciência e os conceitos de autonomia, democracia e liberdade. A contemporaneidade é caracterizada por um mundo em constante transformação, marcado pela globalização e individualização, o que impacta os sentidos e significados dos indivíduos e grupos. Isso resulta em uma multiplicidade de culturas e sujeitos plurais. Enquanto a práxis pedagógica busca explicitar seu objeto e intencionalidade, esse objeto demanda ser compreendido em toda a sua complexidade (RODRIGUES, 2020). Nesse contexto, Libâneo e Santos (2010) destacam a importância de fazer escolhas pedagógicas diante das exigências da educação em um mundo em constante mudança. Isso implica assumir uma posição sobre objetivos e formas de promover o desenvolvimento e a aprendizagem de sujeitos inseridos em contextos socioculturais e institucionais específicos. É essencial reconhecer que práticas pedagógicas passivas, em que os estudantes apenas consomem informações transmitidas pelo professor, não são mais adequadas. Carbonell (2016) enfoca ações concretas que combinam teoria e prática, apresentando uma pedagogia contemporânea. Ele explora por que é tão desafiador introduzir mudanças significativas para esclarecer o significado de ensinar e aprender, e instiga a reflexão sobre como são construídos os novos discursos e práticas pedagógicas. O autor exemplifica esse processo com o campo da medicina, ressaltando que um médico não se baseia apenas em conhecimentos de 20 anos atrás em sua prática profissional, mas sim se mantém atualizado (CARBONELL, 2016). Então, por que pensamos de maneira diferente quando se trata de educação? Por que ainda há tanta resistência à mudança? Diante das constantes e diversas transformações que a sociedade enfrenta ao longo do tempo, Gadotti (2000, p. 6) afirma que: De um novo milênio, a educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações. Existe, de fato, uma diversidade de pedagogias reconhecidas pela sua relevância, como as pedagogias sistêmicas, lentas, críticas, inclusivas, não diretivas, relacionadas a projetos de trabalho ou inteligências múltiplas. Carbonell (2016) divide sua obra em capítulos que abordam "As pedagogias não institucionais", "As pedagogias críticas", "As pedagogias livres não diretivas", "As pedagogias de inclusão e cooperação", "A pedagogia lenta, serena e sustentável", "A pedagogia sistêmica", "As pedagogias do conhecimento integrado" e "As pedagogias das diversas inteligências". Essas oito formas de compreender a educação são baseadas em diferentes concepções (RODRIGUES, 2020). Ao explorar algumas dessas pedagogias mencionadas pelo autor, quando se trata das pedagogias não institucionais, Carbonell (2016) se refere à educação fora da escola, como a aprendizagem-serviço ou a Wikipedia, que são exemplos representativos dessas abordagens. Howard (2001) utiliza o termo "academic service-learning" para descrever ações que vão além do estágio ou da prestação de serviço à comunidade. Trata-se de um modelo de aprendizagem que integra o serviço comunitário ao currículo acadêmico, promovendo aprendizado e prática da cidadania. Quanto às pedagogias livres e não diretivas, Carbonell (2016) aborda a educação em liberdade, uma abordagem multidimensional que vai além da razão, permitindo a escolha do que se deseja aprender, uma jornada de ensino flexível, sem horários e disciplinas rígidas, e a criação de ambientes, materiais e possibilidades diversificados. Um exemplo disso é a escola psicopedagógica “O Pelouro, na Galícia”. Já a pedagogia do conhecimento integrado está relacionada a projetos de trabalho e conhecimento integrado, baseado na aprendizagem relacional entre conhecimento e contexto, com uma visão transdisciplinar. Segundo Carbonell (2016), a informação em si não é conhecimento; ela se torna conhecimento quando estabelecemos conexões, contextualizamos, identificamos diferenças e semelhanças, organizamos e interpretamos. Dessa forma, reforça-se a ideia de que tanto os educadores quanto os alunos são concebidos como autores e responsáveis por seus próprios processos de aprendizagem, exercendo suas capacidades de ser e aprender sem subordinação mútua. O conhecimento não é concebido apenas como um conjunto de conceitos, mas como um diálogo contínuo entre alunos e professores. Na relação pedagógica, o aluno é o protagonista, incentivado a se desenvolver e a dar o melhor de si. A avaliação não se limita a medir o conhecimento adquirido pelo aluno, mas avalia a qualidade dos processos, os resultados alcançados e a capacidade de transferência para diferentes situações (RODRIGUES, 2020). As abordagens pedagógicas alternativas visam aprimorar as relações educacionais, promover uma maior cooperação, estimular o protagonismo dos alunos, bem como a participação e a democratização da gestão escolar. Além disso, buscam incentivar a curiosidade dos estudantes, transformando a sala de aula em um espaço de pesquisa e diálogo, aproximando a escola da realidade e a realidade da escola. Diante disso, tanto as escolas quanto os professores precisam estar sempre atentos às tendências pedagógicas, às práticas educacionais em vigor e, principalmente, às leis que regulamentam a educação. Nesse contexto, é de suma importância considerar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento que estabelece as diretrizes e os processos educacionais na educação básica. A BNCC, homologada em 20 de dezembro de 2017, é norteada por princípios éticos e políticos traçados pelas Diretrizes CurricularesNacionais da Educação Básica. Somada aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade, é baseada na democracia, direcionando o desenvolvimento de habilidades e os conhecimentos dos estudantes durante a escolaridade básica. A BNCC deve nortear os currículos dos sistemas e das redes de ensino das unidades federativas, bem como as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio em território nacional (BRASIL, 2018). Quando as escolas utilizam a BNCC, significa que as decisões pedagógicas serão orientadas para o desenvolvimento de competências, mediante: [...] indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho) (BRASIL, 2018, p. 13). Essa explicação esclarece a relação da BNCC com as pedagogias do século XXI, que enfatizam o movimento e a aplicação dos conhecimentos dos alunos para resolver diferentes situações. Isso está alinhado com a perspectiva de Carbonell (2016), que destaca que a informação se transforma em conhecimento quando o professor a contextualiza para o aluno, permitindo que ele estabeleça conexões entre o aprendizado e sua aplicação em situações diversas, como na pedagogia do conhecimento integrado (RODRIGUES, 2020). Portanto, é fundamental valorizar a relação do aluno com suas vivências, experiências, sociedade e conteúdos que possam ser explorados de forma tangível. De acordo com Davis e Oliveira (1990), a concepção interacionista do desenvolvimento se baseia no processo de aprendizagem e na interação entre o organismo e o ambiente. Assim, a aquisição de conhecimento é considerada um processo construído pelo indivíduo ao longo de sua vida, não sendo inato nem adquirido passivamente através da influência do ambiente. O interacionismo transforma todos os espaços em ambientes de aprendizagem, ensinando o indivíduo a pensar. Esse intercâmbio entre o indivíduo e o ambiente, sua interação com o espaço em que vive e com os ambientes de aprendizagem que frequenta, é abordado por Vygotsky (2007) ao apresentar sua premissa de que o ser humano se constitui por meio de suas interações sociais. Segundo o psicólogo russo, o indivíduo é transformado pelo ambiente, de maneira contextualizada, mediada e relacionada às atividades do cotidiano. O aprendizado real não ocorre apenas através da leitura, memorização de dados e acumulação de informações, mas também despertando a curiosidade de aprender no aluno, levando-o a ambientes onde os processos educativos serão conduzidos de uma forma prática e significativa. A abordagem interacionista proporciona a adoção e promoção de uma visão de mundo diferenciada, mais ampla e humanizada, permitindo estabelecer conexões significativas com conhecimentos anteriores de maneira ainda mais relevante. Esse enfoque é semelhante ao que ocorre na pedagogia por competências na educação contemporânea, onde a ênfase é dada à capacidade de estabelecer conexões e aplicar os conhecimentos adquiridos de forma prática e significativa. Conforme previsto na BNCC e discutido por Carbonell (2016), a valorização da experiência é mencionada na visão interacionista da aprendizagem, que prevê que o fazer de fato, o colocar em prática, é o que transformará a informação em conhecimento. Considere o seguinte exemplo. O professor vai trabalhar o tema “alimentação saudável” e falar sobre os benefícios da vitamina C, presente, por exemplo, em laranjas. Assim, pode realizar uma aula expositiva dialogada, mas também pode levar os alunos a um ambiente externo à sala de aula, onde haja um pomar, com laranjeiras, para ministrar a sua aula. Desse modo, possibilita o estabelecimento de conexões com outras áreas do conhecimento, permitindo que os alunos observem o contexto, troquem informações e, por consequência, construam conhecimentos por meio de um processo de aprendizagem efetivo (BRASIL, 2018). No contexto educacional atual, é necessário que os alunos sejam proativos. Dessa forma, o papel do professor vai além de simplesmente transmitir o conteúdo. É essencial buscar alternativas para transformá-lo em aprendizagem significativa, gerando conhecimento. É preciso envolver o aluno em ações concretas, conectando sua experiência fora da sala de aula com o conteúdo proposto, estabelecendo claramente os objetivos e mediando o processo de ensino e aprendizagem, de modo que ele construa seu conhecimento de forma colaborativa (RODRIGUES, 2020). Na próxima seção, serão explorados materiais curriculares, estratégias e práticas pedagógicas que podem ser adotadas pelo professor. Além disso, será explicado como relacioná-los com as propostas pedagógicas, para tornar as aulas mais atrativas e incentivar o aluno a se tornar protagonista de seu próprio aprendizado, em constante movimento. 8.1 Os materiais curriculares e as intenções pedagógicas Ao refletir sobre aprimorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem na atualidade, é necessário considerar e planejar os materiais curriculares que serão utilizados nas práticas educacionais. Nesse sentido, é importante refletir sobre a intencionalidade por trás do uso de recursos materiais no contexto educativo. Segundo Pedreira e Carneiro (2017, p. 1.344): O professor, ao planejar a sua aula, define os conteúdos, estabelece os objetivos, escolhe o método e, naturalmente, os materiais de ensino que serão usados. Nesse sentido, o conteúdo, o objetivo e o método são variáveis determinantes na seleção e no uso dos materiais curriculares. Mas não podemos esquecer que essa escolha não é feita de forma isolada, ela está vinculada a uma determinada ideologia educativa. Conforme Pedreira e Carneiro (2017, p. 1.344), materiais curriculares: São todos aqueles instrumentos que proporcionam, ao educador, referências e critérios para tomar decisões, tanto no planejamento quanto na intervenção direta no processo de ensino/aprendizagem e em sua avaliação. Assim, pois, consideramos materiais curriculares aqueles meios que ajudam os professores a responder aos problemas concretos que as diferentes fases dos processos de planejamento, execução e avaliação lhes apresentam. Os materiais curriculares utilizados pelos professores podem variar conforme os critérios adotados em suas práticas educativas. É fundamental destacar a importância do planejamento, que envolve alinhar as intenções pedagógicas aos desafios e ações necessárias para alcançar objetivos específicos. Segundo Libâneo (2013, p. 222), “o planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”. Ou seja, planejar não é uma ação isolada, que envolve apenas pensar sobre o conteúdo didático que será trabalhado. O planejamento envolve uma reflexão mais ampla que considera o contexto da escola, a organização do trabalho pedagógico, as oportunidades de inovação e a disponibilidade dos recursos. Castro, Tucunduva e Arns (2008, p. 53) complementam que: Planejar é organizar ações. Essa é uma definição simples, mas que mostra uma dimensão da importância do ato de planejar, uma vez que o planejamento deve existir para facilitar tanto o trabalho do professor quanto do aluno. O planejamento deve ser uma organização das ideias e informações. Ao planejar as ações pedagógicas, é essencial compreender as diversas funções desempenhadas pelos materiais curriculares, tanto de forma geral quanto específica. De acordo com Pedreira e Carneiro (2017), essas funções podem ser descritas da seguintemaneira: Função motivadora: envolve a capacidade de captar a atenção do aluno, despertando seu interesse e engajamento no processo de aprendizagem. Função estruturadora da realidade: relaciona-se à forma como a realidade é apresentada por meio dos materiais curriculares, oferecendo uma organização e estruturação adequadas. Função configuradora da relação com o conteúdo: influencia a maneira como o aluno se relaciona e interage com o conteúdo, facilitando sua compreensão e apropriação. Função controladora do conteúdo: estabelece os limites e o conteúdo que será ensinado, oferecendo direcionamento para o processo educativo. Função solicitadora: atua como um guia metodológico, auxiliando na organização dos processos formativos e comunicativos entre professor e aluno. Função formativa: contribui para o desenvolvimento de atitudes, habilidades e competências, de forma global ou didática. Função de depósito de métodos: muitas vezes, os materiais curriculares se adaptam às necessidades dos professores e influenciam seus métodos e práticas de ensino. Como mentor e orientador do processo de ensino e aprendizagem, é fundamental para o professor considerar a realidade dos alunos ao definir as estratégias de suas práticas educativas. Planejar uma aula inovadora com recursos digitais pode ser insuficiente se a escola não fornecer os materiais necessários ou se algum aluno da turma não tiver condições de adquiri-los. Nesse caso, o planejamento não seria adequado, pois o aluno sem o recurso didático ficaria excluído da atividade ou poderia se sentir constrangido diante dos colegas (RODRIGUES, 2020). Por esses e outros motivos, o professor deve associar o conteúdo a exemplos e situações que os alunos percebam como significativos para suas vidas, considerando suas realidades. É preferível que o professor torne o processo de ensino e aprendizagem mais dinâmicos, envolvendo os alunos na construção e produção de seus próprios materiais curriculares (cultura maker). Dessa forma, é necessário ampliar o repertório de práticas e pensar em aulas mais interessantes e contextualizadas, alinhadas aos objetivos propostos no projeto político-pedagógico (PPP) da escola. Expandindo a reflexão sobre o planejamento, vale lembrar do conceito de planejamento reverso, desenvolvido por Wiggins e McTighe (2019). Os autores sugerem que os planejadores comecem com uma definição mais precisa dos resultados desejados e desenvolvam o currículo a partir dos desempenhos necessários ou implícitos nos objetivos. Para isso, eles indicam três etapas do planejamento reverso e orientam a busca por respostas a algumas perguntas. Vejamos a seguir: Identificar os resultados desejados: O que os alunos devem saber, compreender e ser capazes de fazer? Quais conteúdos merecem ser abordados e avaliados? Determinar evidências aceitáveis: Como saber se o aluno alcançou o resultado esperado? O que considerar para avaliar a proficiência desse aluno? Planejar experiências de aprendizagem e ensino: quais conhecimentos e habilidades os alunos precisam ter e desenvolver para atingir os objetivos? Que atividades irão capacitar os alunos com as habilidades e conhecimentos necessários? A preocupação com como os alunos aprendem tem aumentado, pois compreender esse processo permite ao professor aumentar as chances de garantir uma aprendizagem eficaz. A seguir, apresentamos a pirâmide de aprendizagem proposta pelo psiquiatra norte-americano William Glasser. Figura 1. A pirâmide da aprendizagem proposta por William Glasser. Fonte: Adaptada de Lyceum (2021). Ao analisarmos a pirâmide de Glasser, podemos concluir que as ações de aprendizagem ativa são as mais efetivas para consolidar o aprendizado. Até aqui, não há surpresas, certo? Mas a pergunta que surge é: quais materiais curriculares o professor deve utilizar para alcançar as porcentagens mais altas indicadas por William Glasser? De acordo com Schneider e Krajcik (2002), os materiais curriculares podem fornecer informações como sequenciamento de ações, exemplos de planejamento, relatos de professores, vídeos de aulas, entre outros, a fim de apoiar o trabalho dos educadores. Além disso, o uso de novas tecnologias na educação amplia as possibilidades de materiais, incluindo recursos impressos, audiovisuais e midiáticos. Nesse contexto, percebe-se que os elementos educativos são valiosos tanto para alunos quanto para professores, pois representam uma fonte de novas aprendizagens e oferecem alternativas para a organização das aulas. Portanto, é importante destacar que não há um material curricular mais adequado para uma determinada prática em particular: a escolha do material dependerá das intenções do professor. Na próxima seção, exploraremos como os recursos didáticos podem impulsionar as práticas pedagógicas contemporâneas. Discutiremos especificamente os recursos didáticos que podem ser utilizados para promover o ensino e aprendizagem em aulas inovadoras (RODRIGUES, 2020). 8.2 O recurso didático como potencializador das práticas pedagógicas atuais Conforme mencionado por Machado (2017), os recursos didáticos desempenham várias funções, incluindo: Desenvolver a capacidade de observação. Ilustrar situações mais abstratas. Aproximar o aluno da sua realidade e da realidade do outro. Motivar os alunos. Concretizar os conteúdos da aprendizagem. Fixar a aprendizagem. Desenvolver a experimentação concreta. A aplicação de metodologias pedagógicas que envolvam ludicidade, leituras e debates, estudos de casos, trabalhos práticos, pesquisa de campo, jogos e brincadeiras, estudos de grupos, entre outros, propicia maior envolvimento dos alunos na produção do próprio conhecimento. O ensino convencional, baseado na mera exposição do conteúdo pelo professor, mostrou- se ineficaz diante do avanço tecnológico, principalmente com a internet. Os alunos precisam enxergar a aplicabilidade da teoria em atividades do seu cotidiano. Portanto, é fundamental que os professores reconheçam a importância de incorporar tecnologias em sala de aula. Atualmente, existem diversas ferramentas e estratégias disponíveis para os educadores, mas é essencial avaliar quais são mais adequadas aos objetivos de aprendizagem e ao público-alvo. Para utilizar os recursos didáticos adequados, é necessário que a escola e os educadores estejam familiarizados com a variedade de ferramentas disponíveis, especialmente as tecnologias de informação e comunicação (TICs). Dessa forma, será possível capacitar todos os envolvidos no uso apropriado desses recursos no processo educativo. As TICs são beneficiais e possibilidades para o processo de ensino e aprendizagem, oferecendo novas formas de trabalhar os conteúdos com os alunos e promovendo interações mais ricas entre os participantes. Ao integrar as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) aos objetivos educacionais e ao público-alvo, as aulas se tornam mais atrativas e motivadoras, considerando que os estudantes estão imersos em tecnologias digitais em seu dia a dia. Nesse contexto, os professores podem propor atividades envolvendo e- books, hipertextos e podcasts. Por exemplo, os alunos podem colaborativamente criar um livro, onde cada equipe escreve um capítulo, desenvolvendo proatividade, criatividade, habilidades de elaboração e interpretação de textos, entre outras competências. O hipertexto, por sua vez, é uma criação eletrônica de um texto não sequencial que leva o leitor a outros textos por meio de links. Essa abordagem permite trabalhar o conteúdo de forma mais expansiva e não hierárquica, permitindo que os alunos explorem o material de maneira dinâmica. Os podcasts são produções em formato de áudio que podem ser ouvidas a qualquer momento, já que são gravadas. Eles são estratégias interessantes para trabalharconteúdos, permitindo o desenvolvimento de habilidades além da leitura e da escrita. Além disso, os podcasts são recursos inclusivos para alunos com deficiência visual. Por exemplo, o professor pode solicitar que os alunos elaborem resumos de aulas no formato de podcasts ou apresentem, por meio deles, os resultados de pesquisas realizadas em equipe sobre determinados temas (RODRIGUES, 2020). Outra ferramenta interessante é o blog, que possibilita a publicação de diversos conteúdos, como notícias, poesias, diários, artigos, imagens, vídeos, entre outros. Por meio de um blog, é possível permitir comentários dos leitores, promovendo a interação entre os alunos, que podem discutir o que foi publicado. O trabalho com jogos também apresenta excelentes resultados em sala de aula. No entanto, assim como qualquer outra ferramenta, é fundamental que o professor explique claramente os objetivos do jogo e os relacione ao conteúdo, especialmente porque se trata de uma abordagem lúdica. Em atividades lúdicas, é comum que os alunos se distraiam, sendo importante informá-los e lembrá-los regularmente sobre os objetivos do jogo. Além disso, é válido oferecer recompensas para despertar o interesse e motivar os alunos. Existem outras metodologias ativas que também podem ser aplicadas em sala de aula. O debate, por exemplo, consiste em uma discussão formal visando desenvolver nos alunos a capacidade de argumentação fundamentada, contra- argumentação, agilidade mental, conforto intelectual e lógico, autoconfiança e fluência na habilidade de ouvir e aceitar opiniões divergentes. Durante o debate, diferentes opiniões sobre um tema polêmico são apresentadas e os alunos buscam a aprovação de um terceiro ou uma votação favorável. Caso os alunos não possam ser reunidos fisicamente, uma opção é realizar o debate por videoconferência utilizando aplicativos como o Microsoft Teams, em que um horário é agendado e o link de participação é enviado aos alunos. Outra metodologia ativa interessante é o storytelling, que consiste em contar histórias fundamentadas e com propósito. Inicialmente, o storytelling foi desenvolvido para introduzir um assunto em sala de aula, mas também pode ser utilizado como uma atividade para trabalhar habilidades conceituais, procedimentais e atitudinais relacionadas à narrativa. Durante a contação de histórias, o professor desperta diferentes emoções nos alunos, que tentam relacionar o que estão ouvindo com suas experiências passadas, iniciando um processo cognitivo que leva à aprendizagem. Portanto, a história precisa ter uma estrutura bem definida, com início, meio e fim, contexto, situação dramática, clímax e desfecho (RODRIGUES, 2020). O professor também pode utilizar mapas conceituais ou mentais, que foram desenvolvidos na década de 1970 por Joseph Novak. Os mapas conceituais são eficazes para o aprendizado, pois durante o processo de elaboração, o aluno identifica conceitos importantes, organiza-os espacialmente, estabelece relações entre esses conceitos, atribui rótulos a essas relações e reorganiza o conhecimento. Esse processo melhora a retenção e a compreensão do conteúdo, permitindo que o aluno aplique esse conhecimento em novas situações. Atualmente, existem sites nos quais os alunos podem criar mapas mentais, como o MindMeister. Por fim, o professor pode recorrer à árvore de problemas, uma estratégia que visa analisar problemas identificando suas causas e efeitos. O problema central é representado no tronco, as causas são identificadas nas raízes e os efeitos são explorados nos galhos e folhas. Essa estratégia promove a associação e o desenvolvimento de ideias, bem como habilidades de análise, reflexão, tomada de decisão e trabalho em equipe. Com base nessas diferentes opções de recursos didáticos, fica evidente a ampla gama de ferramentas disponíveis para os professores. No entanto, é crucial que eles alinhem esses recursos aos objetivos pedagógicos. Em vez de ajustar os objetivos pedagógicos aos recursos, é importante avaliar o objetivo do conteúdo, onde os alunos precisam chegar, quais habilidades, atitudes e valores serão desenvolvidos e que conhecimentos serão adquiridos. Somente depois disso o professor deve escolher os recursos apropriados para possibilitar e dar sentido à aprendizagem dos alunos. A educação está em constante transformação, em resposta às mudanças políticas, econômicas e culturais da sociedade ao longo dos anos. Nesse contexto, as práticas pedagógicas precisam se adaptar e evoluir. O papel do professor é cada vez mais o de um facilitador dos processos de aprendizagem, mediando e impulsionando o aprendizado dos alunos, sendo os verdadeiros protagonistas na construção de seus conhecimentos, valores, habilidades e atitudes (RODRIGUES, 2020). Neste capítulo, foi destacada a importância de o professor ler e analisar os documentos que definem a educação em sua escola e em seu país. Somente assim ele poderá iniciar um planejamento eficiente de suas aulas, consoante a legislação e as diretrizes governamentais na área educacional. O planejamento tem um impacto significativo no processo de ensino e aprendizagem, sendo essencial para garantir os resultados desejados. Para auxiliar os educadores, há uma variedade de recursos, ferramentas, metodologias e estratégias disponíveis. No entanto, é crucial saber quais utilizar em cada contexto, considerando as possibilidades e os objetivos de aprendizagem. É por meio do planejamento que essas decisões serão adequadamente avaliadas e alinhadas às metas do professor para sua turma. Independentemente das metas estabelecidas, o professor deve sempre buscar um processo de ensino e aprendizagem que valorize a construção significativa do conhecimento, onde o conteúdo e a forma de ensino estejam conectados à realidade dos alunos (RODRIGUES, 2020). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIRES, A. S.; SILVA, Ronaldo Cardoso. A Importância do coordenador pedagógico no contexto social. 2011. ALMEIDA, L. R. et al. (Org). O Coordenador Pedagógico e o Espaço da Mudança. 5ª ed. Ed. Loyola, 2006. ANDRADE, M. R.; ANJOS, R. As interfaces da atuação do coordenador pedagógico: contribuições aos docentes. In: Educere, 2007. ANTUNES, C. Um método para o ensino fundamental: o projeto. 7a.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. ANTÚNEZ, I. Del Proyecto Educativo a la Programación de Aula. Barcelona: Graó, 2003. BARROS, D. F.; COSTA. M. G. Prática educativa em ambientes escolares e não-escolares: atribuições profissionais do pedagogo social, empresarial e hospitalar. Piauí, 2019. BARTMAN, T. S. Administração: Construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. BRANDÃO, C. R. O que é educação. 33ª Ed. São Paulo: Brasiliense,1995. BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Medica e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, 1998. BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Medica e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, 1998. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.394 de 23 de dezembro de 1996. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educar é a base. DF: MEC. Brasília, 2018. BRASIL. Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf. Acesso: 13 de jun. 2023. BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF,1998. CAPPELLETTI, I. F. (org.) Avaliação educacional: fundamentos e práticas. São Paulo: Articulação Universidade/Escola, 1999. CARBONELL, J. Pedagogias do século XXI: bases para a inovação educativa. 3. ed. Penso. Porto Alegre, 2016. CARVALHO, H. Introdução à teoria do planejamento. São Paulo: Brasiliense, 1979. CASTRO, P. A. P. P.; TUCUNDUVA, C. C.; ARNS, E. M. A importância do planejamento das aulas para organização do trabalho do professor em sua prática docente. Athena: Revista Científica de Educação, v. 10, n. 10, p. 49- 62, 2008. CHARLOT, B. A Mistificação Pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação. Rio de Janeiro: Editora Cortes, 2013. COHEN, E.; FRANCO, R. Avaliação de projetos sociais. São Paulo: vozes, 2000. DAMATTA, R. O que é o Brasil. 1ª ed. Racco. Rio de Janeiro, 2003. DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na educação. Cortez. São Paulo, 1990. DE ROSSI, V. L. S. Coordenador pedagógico: tecelão do projeto políticopedagógico. In.: VICENTINI et al., A. A. F. O coordenador pedagógico: práticas, saberes e produção de conhecimentos. Campinas: Gráfica FE, 2006, p. 59-72. EGITO, E. G. B. O COORDENADOR PEDAGÓGICO NO COTIDIANO ESCOLAR: dificuldades e possibilidades. João Pessoa, 2014. FAZENDA, I. C. A Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 6ª ed. 2011. FONSÊCA, F. N. O papel do coordenador pedagógico na escola. Disponível em: <http://fabionfonseca.blogspot.com.br/2013/04/o-papel-docoordenador- pedagogicona.html> Acesso em 01 jun. 2023. FREINET. C. Pedagogia do bom senso; tradução J. Baptista. 7. ed. Martins Fontes. São Paulo, 2004. FREIRE, P. Educação: Sonho possível. In: BRANDÃO, Carlos R. (org). O educador: vida e morte. 2 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1982. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. São Paulo, 1996. FUSARI, J.C. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas de respostas. In: A construção do projeto de ensino e avaliação, 1998. GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Perspectiva, v. 14, n. 2, p. 3- 11. São Paulo, 2000. GALVÃO, S. M. B. Metodologia de Projetos no Processo Educativo. Minerva Magazine of Science, 2019. GALVÃO, S. M. B. Metodologia de Projetos no Processo Educativo. Minerva Magazine of Science, 2019. GONZÁLEZ, E. Necessidades educacionais específicas. Trad. Daisy Vaz de Moraes. Artmed. Porto Alegre, 2007. HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. HIGINO, A. F. F. A Pedagogia de Projetos na Educação em Ciências & Tecnologia à luz da ciência da complexidade e de uma teoria da negociação: um estudo de caso no ensino de Física dos cursos de Engenharia Industrial do CEFET-MG.2002. HOWARD, J. Service-learning course design workbook. Washington, DC: Corporation for National Service, 2001. JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. KILPATRICK, W. H. Educação para uma civilização em mudança. 8. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978. KILPATRICK, W. H. Educação para uma civilização em mudança. 8. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978. LIBÂNEO, J. C. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o pedagogo, o que deve ser o curso de pedagogia. In: PIMENTA, S. G. (Org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. Cortez. p. 59-97. São Paulo, 2002. LIBÂNEO, J. C. Didática. 2. ed. Cortez. São Paulo, 2013. LIBÂNEO, J. C.; SANTOS, A. (org.). Educação na era do conhecimento em rede e transdisciplinaridade. 3. ed. Átomo & Alínea. São Paulo, 2010. LIMA, P. G.; SANTOS, S. M. O coordenador pedagógico na educação básica: desafios e perspectivas. Educere et Educare vol. 2, nº 4, p. 77-90, jul./dez. 2007. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011. LYCEUM, R. Metodologias Ativas de Aprendizagem: o que são e como aplicá- las. 2021. MACHADO, M. F. R. C. Uso dos recursos didático-tecnológicos como potencializadores ao processo de ensino e aprendizagem. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 8., 2017, Curitiba. Anais [...]. Educere. Curitiba, 2017. MARTINS, J. S. O trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio. 3.ed. Campinas, SP: Papirus, 2001. MATOS, E. L. M.; MUGIATTI. M. M. T. F. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 4ª Ed. Vozes. Rio de Janeiro, 2009. MONTEIRO, E.; AMADO, C. Introdução. Coordenação pedagógica em foco. Salto para o Futuro. Ano XXII - Boletim 1 - Abril 2012, p. 4-8. MORAES, C. A. Pedagogia Social comunidade e formação de educadores: na busca do saber sócio-educativo. Disponível em: www.smec.salvador.ba.gov.br/site/.../espaco.../pedagogia-social.pdf. Acesso em: 24/05/2023. MORIN, E. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2007. MOTTA, N. S. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições, 1984. MOURA, D. G.; BARBOSA, E. F. Trabalhando com Projetos – Planejamento e Gestão de Projetos Educacionais. Editora Vozes, Petrópolis-RJ, 2009. NÉRICI, I. G., Introdução à Didáctica Geral, Ibrasa, 2ª edição, São Paulo, 1998. NICOLESCU, B. La Transdisciplinarité – Manifeste, Éditions du Rocher, Monaco, 2005. NOVAK, J. D. Learning, creating, and using knowledge: concept maps as facilitative tools in schools and corporations. Mahwah: Lawrence Erlbaum, 1998. PEDREIRA, A. J.; CARNEIRO, M. H. S. O significado que os alunos atribuem aos materiais curriculares utilizados por professores de biologia, em escolas de ensino médio da rede pública de Brasília. Enseñanza de las Ciencias, p. 1343- 1348. Brasil, 2017. PILETTI, C. Didática geral. São Paulo: Ática, 2011. PILETTI, N. Estrutura e funcionamento do ensino fundamental. São Paulo: Ática, 1998. PINTO, Á. V. Sete lições sobre educação de adultos. 16ª ed. São Paulo, Cortez, 2010. RAGAN, W. R. IN: Currículo Primário Moderno. Trad. Ruth Cabral. Porto Alegre: Globo,1973. RIBEIRO, A. E. A. Pedagogia Empresarial: Atuação do pedagogo na empresa. 5º Ed. Wak. Rio de Janeiro, 2008. RODRIGUES, K. G. Práticas pedagógicas: materiais curriculares e recursos didáticos. Porto Alegre, 2020. RODRIGUES, L. H., GALVÃO, Zenaide. Novas formas de organização dos conteúdos. In: Educação física no ensino superior: educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 80-102. RORTY, R. Contingência, ironia e solidariedade. Tradução Vera Ribeiro. Martins. São Paulo, 2007. SANT‘ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar? Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. SANTOS, L. L. C. P.; OLIVEIRA, N. H. O coordenador pedagógico no contexto de gestão democrática da escola. Brasília: 2008. SCHNEIDER, R. M.; KRAJCIK, J. S. Supporting science teacher learning: the role of educative curriculum materials. Journal of Science Teacher Education, v. 13, n. 3, 2002. SILVA, T. T. Documentos de identidade- uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. SILVEIRA, M. A. A organização da rotina e a gestão da aprendizagem. In: Coordenação pedagógica em foco. Salto para o Futuro. Ano XXII - Boletim 1 - Abril 2012, p. 13-19. SURUBLI, M.I. Curriculum. Buenos Aires: Stella, 2005. TURRA, C. M. G.; ENRICONE, D.; SANT´ANNA, F. M.; ANDRÉ, LENIR CANCELLA. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra- DC Luzzato, 1996. VALENTE, J. A.; PRADO, M. E. B. E ALMEIDA, M. E. B. (Org.). Educação A Distância Via Internet. São Paulo: Avercamp, 2003. VASCONCELLOS, C. S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político - pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 3ªed. São Paulo: Libertad, 2002. VASCONCELLOS, C. S. Coordenaçãodo trabalho pedagógico: do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 8ªed. São Paulo: Libertad Editora, 2007. VEIGA, I. P. A. (Org.). Aula: gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas: Papirus, 2008. VIDIELLA, A. Z. La práctica educativa: cómo enseñar. Colofón: Graó, 2006. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. Martins Fontes. São Paulo, 2007. WIGGINS, G. J.; MCTIGHE, J. Planejamento para a compreensão: alinhando currículo, avaliação e ensino por meio da prática do planejamento reverso. 2. ed. Penso. Porto Alegre, 2019. ZEN, G. C. O papel da Coordenação Pedagógica na escola. In: Coordenação pedagógica em foco. Salto para o Futuro. Ano XXII - Boletim 1 - Abril 2012, p. 8-12.