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CURSO INTENSIVO PARA RESIDÊNCIAS N U T R I ÇÃO TÉCNICA DIETÉTICA PROFESSORAS Cristina Barbosa Pereira Yasmin Rodrigues Xavier Souza Nutricionista, com 9 anos de experiência em Alimentação Coletiva. Atuou em unida- des comerciais, industriais e offshore. Atu- almente, atua como consultora em servi- ços de alimentação. Possui especialização em Gestão da Qualidade de Alimentos e é Mestranda pelo Programa de Pós-Gradua- ção em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFRRJ. Bacharel em Nutrição pela Pontifícia Uni- versidade Católica de Goiás (2017). Espe- cialista em Nutrição Clínica e Estética pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde (2018). Aprovada em 7 concursos para Nutricionista: 5 vezes classificada em 1º lugar em concursos municipais, e 2º lugar geral no último concurso para Nutricionis- ta Fiscal CRN-3. Atualmente, nutricionista concursada com atuação em Saúde Públi- ca. ORGANIZADORA Gabriela Perez Supervisora dos cursos preparatórios de Nutrição da Sanar. Nutricionista graduada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre e Doutora em Alimentos, Nutrição e Saúde pela UFBA com período sanduíche na University of Nottingham, Inglaterra. Es- pecialista em Nutrição Clínica e Nutrição e Saúde Pública. Pesquisadora nos Grupos de Nutrição, Sistema Nervoso e Imunológico; Bases Experimentais e Clínicas da Nutri- ção na UFBA. Possui experiência atuando como Servidora Pública, Nutricionista Clí- nica, Nutricionista de home care e docência para cursos de graduação e pós graduação na área da Nutrição Clínica. Mentora, auto- ra e professora de diversas disciplinas para Concursos e Residências em Nutrição. 2020 © Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. Intensivo para residências em nutrição: Técnica Dietética Karen Nina Nolasco Fabrício Sawczen Fabrício Sawczen Microart Design Editorial Caio Vinicius Menezes Nunes Paulo Costa Lima Sandra de Quadros Uzêda Silvio José Albergaria da Silva Título | Editor | Projeto gráfico e diagramação| Capa | Revisor Ortográfico | Conselho Editorial | Editora Sanar S.A R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office & Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores CEP 41820-770, Salvador - BA Tel.: 0800 337 6262 atendimento@sanar.com www.sanarsaude.com Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP) Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846 P436id Pereira, Cristina Barbosa. Intensivo para residências em Nutrição: Técnica Dietética / Cristina Barbosa Pereira. - 1. ed. - Salvador, BA : Editora Sanar, 2020. 108 p.; il.. E-Book: PDF. Inclui bibliografia. ISBN 978-65-86246-92-6 1. Alimentos. 2. Nutrição. 3. Residências. 4. Técnica Dietética. I. Título. II. Assunto. III. Pereira, Cristina Barbosa. CDD 613 CDU 612.3 ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO 1. Nutrição. 2. Nutrição. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA PEREIRA, Cristina Barbosa. Intensivo para residências em Nutrição: Técnica Dietética. 1 ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2020. EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-92-6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Aquecimento por convecção Figura 2 - Aquecimento por condução Figura 3 - Estrutura do cereal Figura 4 - Estrutura do grão Figura 5 - Corte de vegetais Figura 6 - Proteínas da clara do ovo e suas características Figura 7 - Proteínas da gema do ovo e suas características Figura 8 - Composição do ovo Figura 9 - Fluxo de preparo das leguminosas submetidas ao calor úmido Figura 10 - Fluxograma de preparo de gelatina LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Tipos de trigo e sua utilização Quadro 2 - Classificação das hortaliças de acordo com o teor de glicídios Quadro 3 - Tipos de corte das hortaliças e suas respectivas preparações Quadro 4 - Modificação dos pigmentos quando expostos ao ácido, álcali ou cocção prolongada Quadro 5 - Classificação das frutas de acordo com o teor de glicídios Quadro 6 - Principais componentes do leite Quadro 7 - Tipos de leite de acordo com o seu processamento Quadro 8 - Tipos de pescados e suas características Quadro 9 - Função do ovo em determinadas preparações Quadro 10 - Características da clara em neve Quadro 11 - Uso do industrializado em preparações Quadro 12 - Temperatura do ponto de fumaça de acordo com a gordura utilizada e o tempo de aquecimento Quadro 13 - Poder edulcorante relativo a diferentes tipos de açúcares SUMÁRIO Apresentação .................................................................................... 6 Técnica dietética .............................................................................. 7 Indicadores culinários ..................................................................... 22 Cereais, massas e pães .................................................................... 28 Verduras e legumes ......................................................................... 36 Frutas ................................................................................................. 45 Leite, queijos e iogurtes .................................................................. 51 Carnes ................................................................................................ 59 Ovos ................................................................................................... 68 Leguminosas ..................................................................................... 78 Óleos e gorduras .............................................................................. 84 Açúcares ........................................................................................... 92 Generalidades ................................................................................... 99 Gabarito ............................................................................................. 106 Referências ....................................................................................... 107 Olá, futuro (a) residente! Chegou o momento de estudarmos as modificações às quais os alimentos são submetidos para que possamos aproveitar o melhor deles, de acordo com nossas intenções. Já imaginou qual seria sua prescrição dietética para o paciente com doen- ça renal e disfagia? Mais do que determinar as necessidades nutricionais dele, é preciso entender como essa dieta deve ser preparada e como os alimentos podem fazer parte dela. Esses questionamentos encontram fundamento na técnica dietética, área de domínio do profissional nutri- cionista. Prontos para aprender mais e acertar as questões sobre esse assunto? Vem com a gente! APRESENTAÇÃO Clique no ícone para assistir a apresentação gravada. http://sanar.link/EuNEB 7Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética TÉCNICA DIETÉTICA CONCEITOS E OBJETIVOS A Técnica Dietética é a sistematização e o estudo dos procedimentos para tornar possível a plena utilização dos alimentos, visando à preserva- ção do valor nutritivo e à obtenção dos caracteres sensoriais desejados. Também fazem parte da Técnica Dietética as operações tecnológicas a que são submetidos os alimentos, as modificações ocorridas durante seu processamento até o consumo final e a apresentação sensorial dos ali- mentos. Então, Nutri, não é importante somente preparar o alimento para tor- ná-lo próprio para o consumo, mas também aplicar a técnica mais ade- quada para a preservação das características nutricionais e sensoriais (sabor, odor, coloração…) do alimento. Os principais objetivos da preparação técnica dos alimentos são: • Nutricionais: consiste em selecionar os mais adequados métodos de preparo de alimentospara otimização e conservação máxima do seu valor nutritivo. • Higiênicos: consiste no emprego de técnicas adequadas para seleção, manuseio, preparo, armazenamento e distribuição, contribuindo para a preservação dos alimentos, prevenindo que fatores externos possam prejudicar a qualidade dos alimentos reduzindo sua vida útil. • Digestivos: consiste em modificar os alimentos por meio de processos culinários, a fim de facilitar a digestão. Sabemos que existem alimentos que precisam do processo de cocção para torná-los comestíveis (arroz, feijão, batata, aipim) e outros que, quando são submetidos a alguma 8Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética técnica, possuem melhor digestibilidade (leite, por meio da acidifica- ção, torna-se coalhada, iogurte, e sopas que, pela cocção e/ou liquidifi- cação, adquirem consistência líquida). • Sensoriais: além de tornar os alimentos próprios para o consumo, man- tendo seu valor nutricional, com qualidade higiênica, é importante tam- bém que estejam apetitosos, despertando todos os sentidos (aparên- cia, cor, odor, sabor, consistência ou textura). • Econômicos: consiste em escolher as técnicas a serem empregadas no preparo de alimentos, considerando os custos e os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis. A elaboração do cardápio com an- tecedência, baseado no per capita e o aproveitamento integral dos ali- mentos ajudam na redução dos desperdícios. • Operacional: consiste em preparar e organizar espaços físicos, mate- riais, equipamentos e utensílios; planejar os cardápios e capacitar o pessoal selecionado para o trabalho. • Dietético: consiste em adequar a quantidade, a qualidade e a forma de preparo dos alimentos da dieta às necessidades fisiopatológicas do in- divíduo ou da população. Os alimentos são preparados principalmente para: • Permitir o aproveitamento de alimentos que não poderiam ser consu- midos em seu estado natural; • Melhorar a digestibilidade. Melhorar as características sensoriais; • Melhorar a biodisponibilidade de nutrientes, inativando compostos an- tinutricionais. 9Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Os alimentos podem ser modificados por diversos fatores: 1. Físicos: temperatura, subdivisão, dissolução, união. 2. Químicos: cocção, ação de enzimas, de ácidos e álcalis. 3. Biológicos: fermentos, bactérias e fungos. Ex: fermentação de alimen- tos, uso de enzimas vegetais para abrandar fibras musculares (papaí- na do mamão e a bromelina do abacaxi). TIPOS DE ALIMENTOS TIPOS DE ALIMENTOS: (PHILIPPI, 2014) • Naturais: são todos os alimentos in natura de origem vegetal ou ani- mal, cujo consumo imediato exige apenas a remoção da parte não co- mestível e os tratamentos indicados para perfeita higienização e con- servação. Ex.: arroz, grão-de-bico, batata, mel, nozes, carnes, frutas e verduras. • Industrializados ou processados: alimentos de origem vegetal ou ani- mal que, para serem consumidos, foram submetidos a diversas técni- cas, além da remoção das partes não comestíveis, da adição de outras substâncias que os tornam alimentos tecnologicamente modificados. Ex.: farinha de cereais, conservas, frutas desidratadas, embutidos • Preparações culinárias: receitas realizadas com alimentos naturais ou industrializados em UAN, Laboratórios de Técnica Dietética ou em co- zinhas domésticas.Ex.: entradas, pratos principais, lanches, sobremesa. A maioria dos alimentos que consumimos, de alguma forma, sofreu al- gum tipo de modificação antes do consumo, sendo classificados como industrializados. 10Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética TIPOS DE ALIMENTOS: (ORNELLAS, 2007) • Convencional: produzido com o solo, adubos químicos e agrotóxicos. • Orgânico: produzido com solo equilibrado, sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos ou qualquer outro produto que deixe resíduo no solo, água, no animal ou alimentos. Traz em sua embalagem o “selo verde”. • Hidropônico: produzido em estufas, com o uso de adubos químicos, sem o uso do solo, não contendo contaminantes como bactérias, fun- gos, lesmas, insetos ou vermes. A nutrição das raízes é absorvida dire- tamente de solução que circula em tubos ou de outro recipiente utiliza- do para o cultivo das plantas. • Funcional: alimentos que, quando consumidos com certa frequência, promovem benefícios à saúde. • Transgênico: alimentos geneticamente modificados, conferindo-os outras características genéticas diferentes das originais. Essas modi- ficações geralmente são intencionais, garantindo aos alimentos carac- terísticas que possibilitem a melhora do seu cultivo ou de algum com- ponente em especial. Existem riscos potenciais envolvidos no consumo desses alimentos oriundos da formação de compostos que podem ter atuação tóxica, antinutricional ou causar alguma mudança no valor nu- tricional do alimento. • Enriquecido: enriquecer ou fortificar é adicionar um ou mais nutrientes essenciais contidos ou não naturalmente no alimento. Tem o objetivo de reforçar seu valor nutricional ou prevenir/corrigir deficiências de um ou mais nutrientes demonstradas na população. Ex.: farinhas de tri- go e milho enriquecidas com ferro e ácido fólico. • Nocivos e lesivos: cabe às autoridades sanitárias controlar os alimen- tos liberados ao consumo público, mas é importante que a população entenda quais são as condições dos alimentos que não se enquadram no padrão para o consumo. Eles podem estar adulterados, contendo 11Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética substâncias nocivas à saúde, com suas embalagens lesadas, com falhas no seu processo produtivo, com rótulos infiéis e outras situações que não fazem parte do padrão de qualidade do alimento. LIGHT E DIET, VOCÊ SABE A DIFERENÇA? • Diet: alimento com total ausência de um determinado ingrediente, ou seja, ele pode ser diet em açúcar, sódio, carboidratos, calorias. Pode ser substituído pelos seguintes termos: zero, isento de, livre de, não con- tém. • Light: alimento que possui redução mínima de 25% de um determina- do componente em relação ao produto original. Ex. pão light (redução de pelo menos 25% de calorias em relação ao produto original), maio- nese light (redução de pelo menos 25% de gorduras em relação à maio- nese original). DENSIDADE A densidade de um alimento ou preparação é utilizada nos serviços de ali- mentos, principalmente para o dimensionamento de utensílios e equipa- mentos. Apresentam três estados físicos: líquidos, sólidos e aerados. d = m v Alimentos sólidos: frutas e hortaliças, quando frescas, têm a densidade maior do que quando congeladas. ↓d de acordo com o congelamento da água. Exceção: pescadosfrescos d < congelado 12Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Alimentos aerados: incorporação de ar ao alimento. Quanto mais aerado, menor será a densidade do alimento. ↓d de acordo com ↑de ar TÉCNICAS BÁSICAS Pré-preparo: compreende todas as medidas necessárias antes do pro- cesso de cocção ou do consumo para aqueles que podem ser consumidos crus. Podem ser utilizados métodos secos (escolher arroz ou feijão) ou úmidos (lavar frutas, verduras e legumes). Métodos de divisão de alimentos no pré-preparo: • Divisão simples: divide-se o alimento em várias partes com o auxílio de facas, ou de máquinas (moedor, liquidificador, processador). Ex.: cortar, picar, moer, triturar e amassar. Nesse método, o alimento permanece como um todo, ou seja, não temos a separação de fases ou retirada de algum componente. Apesar de cor- tado, ele permanece com toda a sua constituição, sendo uma amostra do alimento inteiro. • Divisão com separação de partes: o alimento pode ser fracionado em partes menores; cada parte contém diferentes componentes. Ex.: de- cantar, espremer, descascar, coar... Aqui, Nutri, as partes não serão compostas pelo mesmo conteúdo do ali- mento inteiro; teremos partes com a composição e valor nutricional dife- rentes. 13Curso Intensivopara Residências | Nutrição | Técnica Dietética Dois Líquidos Dois Sólidos Um sólido e um líquido decantar centrifugar destilar descascar ou pelar tamisar (passar pela peneira ou tamis sem comprimir moer (separar germes dos cereais) espremer sedimentar coar filtrar centrifugar (extrair suco de frutas e vegetais) É preciso ter atenção aqui!!! A mesma prática pode ser caracterizada como divisão simples e divisão com separação de partes, por exemplo, o “moer”. Nesse caso, precisamos focar o produto final. Se, após o processo, ele mantiver a mesma composição do produto inteiro, será divisão sim- ples; se for diferente, será divisão com separação de partes. Técnicas para união dos alimentos: • Misturar: unir dois ou mais ingredientes facilmente misturáveis, em- pregando-se energia mecânica. Ex.: bolo, salada de frutas. • Bater: unir dois ou mais ingredientes de difícil mistura. Nesse caso, há necessidade de movimento mais rápido, que pode ser feito manual- mente ou com batedeira. Ex.: claras em neve com açúcar, gema de ovo e óleo. • Amassar, sovar: durante o preparo de massas, é importante amassá-las bem para que todos os ingredientes se unam de maneira uniforme, ga- rantindo, assim, o desenvolvimento do glúten. Para massa em grandes quantidades, é necessária a utilização de equipamentos mecânicos. Ex.: farinha de trigo e água + sovar= formação do glúten. 14Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Preparo dos alimentos: O preparo compreende as operações fundamen- tais, por meio de energia mecânica (divisão ou união), energia térmica (ca- lor ou frio), ou pela associação de ambas. As formas de transmissão de calor podem ser: Convecção: aquecimento de líquidos e gases. Ocorre o deslocamento das moléculas aquecidas, que sobem à superfície, substituindo as mais frias e mais densas (processo de fervura). Figura 1 - Aquecimento por convecção água quente sobe água fria desce Fonte: Pachani, 2020. Condução: Aquecimento de alimentos sólidos e semi-sólidos. A transmis- são do calor ocorre pelo contato, uma molécula transmite calor para as mais próximas. Ocorre com superfícies, metais... Figura 2 - Aquecimento por condução Aquecimento Fonte: Pachani, 2020. 15Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Irradiação: transmissão do calor ocorre por meio de ondas ou partículas (micro-ondas, raios solares, infravermelhos). Cocção: o tratamento térmico gera ao alimento algumas modificações como: alteração da sua estrutura, melhora da digestibilidade, caracterís- ticas sensoriais, redução da carga microbiana e inativação de enzimas e fatores antinutricionais. Os processos básicos de cocção realizam-se por meio de calor úmido, seco e misto. • Calor úmido: é uma cocção lenta, na qual um líquido ou o vapor geral- mente hidratam o alimento, abrandando as fibras. Pode afetar o valor nutricional dos alimentos pois possibilita a perda principalmente de vi- taminas hidrossolúveis, sendo diluídas e concentradas na água utili- zada para a cocção. Nesse caso, o que fazer? Simples: • Diminua a água utilizada para o cozimento. Diminua o tempo de cocção. E só coloque os vegetais após a fervura da água. Os métodos mais usados de calor úmido vão variar de acordo com a con- sistência do alimento, sendo eles: 16Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética 1) Água em ebulição 2) Fervura em fogo lento 3) Cocção a vapor propriamente dito 4) Cocção a vapor sob pressão Cozimento ocorre por meio da água Maiores perdas por dissolução de vitam. e minerais Fervura em fogo lento= carnes mais rijas ou alimen- tos mais tenros (cenoura, chuchu, couve-flor). Tem- peratura até 95 °C Água em ebulição= caldos, massas, legumes Temperatura 100 °C Cozimento ocorre por meio do vapor Menores perdas por dissolução de vitam. e minerais Vapor+ pressão= menor tempo de cozimento Cocção a vapor= vegetais Cocção a vapor sob pressão= leguminosas Nutri, é muito importante que você se atente durante a programação do seu per capita que existem alimentos que vão ganhar peso e outros que vão diminuir o peso após a cocção, influenciando no porcionamen- to final. Por exemplo: A cocção por calor úmido favorece a hidratação de alimentos que contêm amido (cereais, massas, leguminosas...) e estes aumentam de 2 a 3 vezes o seu volume e massa devido à absorção de água. Por sua vez, os alimen- tos ricos em proteína animal (carnes) reduzem seu tamanho pela retra- ção de fibras musculares e coagulação de proteínas. Lembrou do índice de cocção (IC)? É ele mesmo. • Calor seco: o calor seco promove a desidratação do alimento, concen- trando nutrientes e compostos sensoriais e, consequentemente, favo- recendo o seu sabor. Os métodos mais usados são: 17Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Meio indireto Meio direto aquecimento do ar livre (grelha e espeto) aquecimento do ar condicionado (forno) gordura (fritar, dourar, saltear, frigir) prancha chapa raios infravermelhos micro-ondas Lembre-se que, na fritura, o óleo não pode passar de 180 °C; acima disso, ele atinge seu ponto de fumaça, formando compostos nocivos à saúde, como acroleína. Isso também acontece com alimentos grelhados e no churrasco, os quais, quando muito passados, podem apresentar a forma- ção de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. O calor seco promove: • Coagulação das proteínas; • Dextrinização do amido; • Caramelização do açúcar; • Decomposição de gorduras quando submetidas a altas temperaturas. Devido à perda de água do alimento para o meio externo, os alimentos submetidos ao calor seco sempre terão o volume e a massa reduzidos. Atenção!! É importante o controle da temperatura e do tempo de cocção para preservar ao máximo o valor nutricional do alimento. • Calor misto: aqui, o alimento é submetido tanto ao calor seco quanto ao úmido. Sendo o primeiro, o calor seco em gordura, para formar uma camada protetora em volta do alimento (selar o alimento) e impedir a Saltear: alimento em pouca gordura, bem quente, mantendo a frigideira em constante movimento para que os alimentos não grudem no fundo. Ex.: batata sauté. Frigir: alimento em pouca gordura, bem quente, sem movimentar o recipiente de cocção. Ex.: ovos. 18Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética saída dos sucos; posteriormente, submete-se o alimento a calor úmido, adicionando-se pequenas quantidades de líquido. Os métodos de coc- ção por misto são: » Brasear: dourar em pouca gordura e em seguida adicionar líquido, mantendo o ponto de fervura até o alimento ficar macio. Ex.: carne de panela. » Refogar ou guisar: fritar em pouca gordura, terminando de ser cozi- do no próprio vapor que se desprende. Pode-se acrescentar peque- na quantidade de líquido. Ex.: cebola, chuchu, abobrinha. » Ensopar: refogar em gordura quente, em seguida acrescentar líquido para cozinhar até que o alimento esteja macio e com molho encorpado. Ex.: frango com batata. Outras técnicas de cocção (PHILIPPI, 2014): • Sous-Vide: evita a perda de umidade e sabor. A cocção ocorre com os alimentos em sacolas plásticas seladas a vácuo, em temperaturas me- nores que os métodos tradicionais por um tempo maior. O tempo pode variar entre 2 e 72 horas e em temperatura estável (entre 40ºC e 70ºC). • Cocção no micro-ondas: o aquecimento nesse tipo de forno se dá à me- dida que as ondas penetram no alimento, causando fricção entre as mo- léculas e, consequentemente, produção calor. Esse método é utilizado para cozinhar, gratinar, aquecer e descongelar alimentos. É um equipa- mento capaz de agilizar o preparo, o aquecimento e o descongelamen- to dos alimentos. Permite, ainda, uma melhor preservação do valor nu- tritivo dos alimentos, quando da cocção de vegetais sem a presença de água. 19Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Atenção à cocção por banho-maria!!! É usado para cozinhar molhos, pudins, derreter chocolate,e outras preparações que não podem ir diretamente ao ca- lor intenso, ou que não devem ferver. Favorece uma distribuição de calor mais uniforme. Pode ser método de calor úmido ou seco: • se houver água na vasilha interna, a cocção será por calor úmido; • se não houver água na vasilha interna, será por calor seco, evaporando-se a água do alimento. Assista agora a Pocket Aula sobre Técnica Dietética clicando no ícone ao lado 01. O domínio sobre os métodos de cocção e a escolha adequada desses métodos são essenciais para a obtenção de preparações culinárias com características sensoriais satisfatórias, pois dife- rentes técnicas produzem diferentes resultados conforme o tipo de alimento. Tomando por base os processos de cocção existentes, são considerados métodos de cocção por calor misto: 🅐 Ensopar, saltear e grelhar. 🅑 Assar em forno, ensopar e saltear. 🅒 Brasear, guisar e ensopar. 🅓 Refogar, fritar por imersão e brasear. Clique aqui para ver o gabarito da questão. http://sanar.link/U3asd 20Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética 02. A técnica dietética estuda os processos aos quais os alimen- tos são submetidos com a finalidade de preservar os respectivos aspectos nutricionais, aumentar a digestibilidade, melhorar ren- dimento e características organolépticas, além de fornecer segu- rança sanitária. Com relação a esse tema, julgue o item a seguir: A cocção breve e utilizando pouca água ajuda a preservar o sabor de vegetais frescos. Esse preparo pode ser realizado por cocção a vapor ou no micro-ondas. ] ̣ CERTO ] ̣ ERRADO Clique aqui para ver o gabarito da questão. 03. A técnica dietética é a sistematização e o estudo dos procedi- mentos para tornar possível a utilização dos alimentos, visando à preservação do valor nutritivo e à obtenção dos caracteres senso- riais desejados. A respeito dessa técnica, julgue o item a seguir: Os processos básicos de cocção são feitos por meio de calor úmido, de calor seco e de calor misto. ] ̣ CERTO ] ̣ ERRADO Clique aqui para ver o gabarito da questão. 21 ANOTAÇÕES 22Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética INDICADORES CULINÁRIOS Nesta parte da aula, teremos algumas fórmulas matemáticas. São sim- ples e só precisam ser treinadas. Vamos aos conceitos: • Peso bruto (PB): é o peso do alimento no momento da compra, ou seja, é aquele peso que você vai solicitar ao seu fornecedor, pagar por ele e receber. • Peso líquido (PL): é o peso do alimento depois que você retirou as par- tes não comestíveis (cascas, sementes, partes deterioradas); é o ali- mento que está pronto para ir à panela ou ser consumido, para os que são consumidos crus. • Fator de correção (FC) ou indicador de parte comestível (IPC): é utiliza- do para indicar o desperdício, contribuindo para dimensionar a compra, o custo e o consumo per capita de alimentos. Aqui você verifica o quan- to cada alimento está perdendo no seu pré-preparo, durante a retirada das cascas, sementes, talos… O peso antes do pré-preparo é o PB e o que sobrou é o PL! FC ou IPC = PB PL Lembrando que PB e PL devem estar com a mesma medida: kg ou g. Quanto maior o valor resultante desse cálculo, significa que maior foi a perda que o alimento sofreu depois de retiradas as partes não comestí- veis. Um FC alto deve chamar sua atenção para questões como: desperdí- cio, utensílio empregado, treinamento do manipulador de alimentos, re- 23Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética cebimento de matérias-primas de baixa qualidade. O ideal é que a unidade tenha seus próprios índices, pois, como mencionamos, ele sofre influência de muitos fatores, mas é de comum acordo que, quanto menor for, menor será o desperdício. Para alimentos que não precisam retirar partes ou sujidades (arroz, bana- na servida inteira, por exemplo), o FC será igual a 1, porque o PB será igual ao PL. • Índice de rendimento (IR) ou índice de cocção (IC) ou indicador de conversão (IC) ou fator térmico (FT): lembram-se de que falamos que um alimento pode perder água ou sofrer hidratação segundo o método de cocção? Isso faz com que o peso do alimento depois do tratamento térmico se modifique. Essa alteração também pode ocorrer durante o congelamento, descongelamento, adição de fermento... Como exemplo, temos o arroz: os 10 kg que você comprou vão pesar, no mínimo, 2x mais depois de cozido; isso significa que o arroz absorve água e apresenta índice de rendimento alto. IC = alimento cozido (kg) alimento cru (kg) Para o caso de alimentos processados: IC = alimento processado (kg) alimento estado inicial (kg) No caso de preparações elaboradas (feijoada, macarronada), usamos o peso final da preparação (é preciso pesá-la) dividido pelo somatório de todos os pesos líquidos dos ingredientes empregados. Assim: 24Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética IC = peso final da preparação/soma dos pesos líquidos dos ingredientes • Índice ou indicador de reidratação (IR): este índice nos mostra o au- mento de peso que um alimento sofre quando o deixamos de remo- lho (imerso em água), como o feijão ou o trigo usado para quibe. Esses alimentos absorvem a água, aumentando de volume e massa. Quanto maior o tempo de remolho, menor o tempo na cocção. IR = alimento reidratado (kg) alimento seco (kg) • Per capita e porção: o per capita é o peso do alimento/ingrediente cru (sem as aparas, sujidades, cascas) por pessoa; a porção é o peso do ali- mento/ingrediente já cozido por pessoa, ou seja, do alimento pronto para o consumo. Exemplo… Você, Nutri, tem 250 comensais na sua UAN. Você pediu para o seu for- necedor lhe entregar 10 kg de arroz polido. Qual a porção servida a cada comensal? Adote 2 para IC deste arroz. Muito simples, vamos lá: Arroz polido, PB é igual ao PL, não tem IPC. Certo. Arroz, depois de cozido, rende, não é? No exemplo, o IC é de 2 (rende o dobro). Certo. 10 kg de arroz vão render 20 Kg de arroz ao final, procede? Observe a fór- mula para ficar mais claro: 25Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética IC = peso do alimento cozido/peso do alimento cru 2 = peso do alimento cozido/10 kg peso do alimento cozido = 20 kg 20 kg = 20.000 g (usamos em gramas só para facilitar, porque falamos de porção) Então, você vai servir 20.000 g de arroz para 250 comensais. Basta dividir e obteremos o valor de 80 g por comensal. Esse é o valor da sua porção. A partir dele, podemos descobrir o valor do per capita. Per capita não é o alimento cru por pessoa? Vamos usar a mesma fórmula, apenas substituindo os valores: IC = peso do alimento cozido/peso do alimento cru 2 = 80 g/peso do alimento cru peso do alimento cru = 40 g 40 g de per capita e 80 g de porção. Assista agora a Pocket Aula sobre Indicadores Culinários clicando no ícone ao lado http://sanar.link/QFIsH 26Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética 04. A técnica dietética estuda os processos aos quais os alimen- tos são submetidos com a finalidade de preservar os respecti- vos aspectos nutricionais, aumentar a digestibilidade, melhorar rendimento e características organolépticas, além de fornecer segurança sanitária. Com relação a esse tema, julgue o item a seguir: O indicador de parte comestível (IPC) prevê as perdas inevitáveis das partes dos alimentos durante as etapas de pré- -preparo, na retirada de cascas, sementes e partes não utilizá- veis. Alimentos como frutas e vegetais folhosos possuem IPCs padronizados e invariáveis. ] ̣ CERTO ] ̣ ERRADO Clique aqui para ver o gabarito da questão. 05. A técnica dietética é a sistematização e o estudo dos proce- dimentos para tornar possível a utilização dos alimentos, visan- do à preservação do valor nutritivo e à obtenção dos caracteres sensoriais desejados. A respeito dessa técnica, julgue o item a seguir: O indicador de reidratação (IR) é normalmente utiliza- do para cereais, leguminosase alimentos deixados de remolho (imersos em água). Quanto maior o tempo de reidratação, maior o tempo de cocção. ] ̣ CERTO ] ̣ ERRADO Clique aqui para ver o gabarito da questão. Acesse aqui o comentário das cinco questões anteriores http://sanar.link/wiMLx 27 ANOTAÇÕES 28Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética CEREAIS, MASSAS E PÃES CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E VALOR NUTRITIVO Cereais são alimentos de origem vegetal, constituídos de grãos e lar- gamente consumidos pelos povos do mundo todo. Os principais cereais cultivados e que fazem parte do hábito alimentar de diversos povos são: arroz, trigo, milho, aveia, centeio, cevada e triticale. São facilmente culti- váveis, apresentam alto rendimento e baixo custo, além de grande varie- dade de formas de uso. São excelentes fontes de carboidrato e energia, contendo, também, pro- teína e vitaminas como tiamina, riboflavina e niacina. No entanto, são de- ficientes em aminoácidos, como lisina, treonina e triptofano. Essa defi- ciência pode ser compensada com a combinação de leguminosas (feijão, por exemplo). A mistura arroz e feijão se complementa, pois o arroz, pobre em lisina e rico em metionina, é compensado pelo o feijão, rico em lisina e pobre em metionina. Deu pra entender? Sabia que a proporção adequada entre feijão e arroz é de 1 parte de feijão para 3 de arroz? (PHILIPPI, 2014). Observe, na imagem, um exemplo de estrutura de um grão de cereal: Figura 3 - Estrutura do cereal casca endosperma película germe Fonte: http://www.cookie.com.br/cereais-integrais-caloricos/. 29Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Na imagem seguinte, temos descritos a estrutura do grão e seus respec- tivos nutrientes: Figura 4 - Estrutura do grão Casca e películas envolventes (pericarpo) → celulose, minerais e vitaminas Endosperma → amido, proteínas de baixo valor biológico Germe → fonte de gordura, proteína de baixo valor biológico, vitaminas lipossolúveis Fonte: http://www.cookie.com.br/cereais-integrais-caloricos/. Agora ficou mais fácil entender as estruturas das três formas de arroz mais consumidas no Brasil: • Arroz polido: é o nosso arroz “branco”; dele retiram-se a casca, a cama- da de aleurona e gérmen, restando apenas amido e proteína de baixo valor biológico. • Arroz parboilizado: é o arroz submetido a cozimento sob pressão, an- tes do beneficiamento; devido à umidade e à pressão elevadas, ocor- rem gelatinização do amido do grão e a migração dos nutrientes origi- nalmente presentes no farelo para o centro do grão. • Arroz integral: deste arroz remove-se apenas a casca, permanecendo com o farelo (fina película em que se concentra a maior parte dos nu- trientes, localizada entre a casca e o grão de arroz); o arroz integral é mais nutritivo do que o polido, pois a presença do farelo atua como uma barreira à penetração de água. Entendeu por que cozinhar esse arroz demora tanto? Além do arroz, o trigo, a aveia, o centeio e a cevada são largamente utilizados em diversas preparações. No entanto, existem dois cereais que são pouco conhecidos por nós, brasileiros: o trigo sarraceno e o triticale. 30Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética O trigo sarraceno não é utilizado para fabricação de pães porque não pos- sui glúten (proteína importantíssima para crescimento de pães e algumas massas). Deve ser consumido na forma de grãos cozidos, panquecas ou mingaus. Já o triticale é um cereal híbrido, proveniente do cruzamento en- tre trigo e centeio (PHILIPPI, 2014). Vamos entender sobre algumas características funcionais dos cereais: • Glúten: é uma proteína presente no trigo, na aveia, na cevada e no centeio (é importante você decorar isso), composta de gliadina e glu- tenina; quando misturado com água, forma um complexo elástico res- ponsável pela elasticidade na produção de pães. O glúten faz com que a massa tenha liga e possibilita a retenção de gás carbônico para o seu crescimento; assim, quanto maior a proporção de glúten na farinha, me- lhor é sua qualidade para produção de pães. • Amido: é um polissacarídeo constituído de unidades de glicose; apresenta-se na forma de grânulos brancos, insolúvel em água, sem sabor, encontrado no endosperma dos cereais. O amido pode sofrer modificações por meio de processos, como a gelatinização, dextrini- zação e retrogradação. • Gelatinização: é a dilatação dos grânulos de amido quando submetidos à água aquecida, com consequente aumento de volume. Isso acontece porque o amido é hidrófilo e a membrana que o envolve torna-se per- meável com o aquecimento. O máximo de gelatinização é atingido a 95ºC, quando há formação de uma massa translúcida que constitui a goma do amido, como no caso do mingau de aveia, papa de amido e ar- roz cozido. • Dextrinização: é a hidrólise do amido, ocorre no aquecimento prolongado, quando há um rompimento gradativo das membranas que envolvem os grãos de amido, liberando dextrina (substância semisso- lúvel). Exemplo desse processo é a farofa (farinha de mandioca aqueci- 31Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética da). Substâncias ácidas também hidrolisam o amido, como o acréscimo de suco de laranja ou de limão em preparações como pudim ou mingau. Nesse caso, as receitas deverão conter uma proporção maior de farinha do que a usualmente usada nas preparações à base de leite (no pudim de laranja, o ácido reduz o engrossamento). A dextrinização melhora a digestão do amido, por isso as farinhas dextrinizadas são também utili- zadas na alimentação infantil. • Retrogradação: durante a cocção, em presença de água, o amido ge- latiniza, pois os grânulos incham quando entram em contato com um líquido. As partículas de amido escapam dos grânulos e ligam-se umas às outras, produzindo uma rede, dentro da qual mantêm uma grande quantidade de água e, dessa forma, o produto torna-se espesso. Em re- pouso, porém, a rede do amido pode começar a contrair-se e espremer para fora a maior parte da água. Essa reversão do amido à sua inso- lubilidade em água fria é chamada de retrogradação (exemplo: molho branco ou pudim deixados em repouso) (PHILIPPI, 2014). MASSAS E PÃES O legal mesmo dessa disciplina é aprender a função de cada ingrediente em algumas preparações. Vamos ver alguns tipos de massas e, depois, so- bre a função de cada ingrediente na fabricação de pães. A consistência da massa varia de acordo com a presença e a proporção de certos ingredientes, de maneira que pode ser leve, pesada ou fermen- tada. A massa é considerada leve quando contém maior quantidade de ar, devido à ação do fermento ou das claras em neve (como o pão de ló). É considerada pesada quando contém maior quantidade de gordura (geral- mente, bolos úmidos); e considerada massa fermentada quando é empre- gado um dos tipos de fermento (em pó ou em tablete). 32Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Antes de falarmos sobre os ingredientes que compõem o pão, é importan- te sabermos algumas informações importantes sobre a farinha de trigo. Veja: A escolha apropriada da farinha a ser utilizada é de primordial importância. Suas proteínas gliadinam e glutenina, formam uma rede de glúten, que retém o gás carbônico liberado pela fermentação, o que propicia o crescimento do pão, deixando-o macio. O tipo do grão de trigo utilizado para fazer a farinha determina sua elasticidade e extensibilidade e, portanto, sua aplicação para determinadas preparações. Assim, a farinha feita de trigo duro é indicada para o preparo de pão, enquanto a de trigo mole é melhor para bolos e biscoitos. A farinha extraída do trigo durum é usada para o preparo de massas, devido ao seu alto conteúdo proteico. Quadro 1 - Tipos de trigo e sua utilização Tipo de trigo Utilização Trigo duro (Triticum vulgares) Pão Trigo durum (Triticum durum) Massas Trigo club/mole (Triticum compactum) Biscoitos e bolos Fonte: Philippi, 2006. O pão é elaboradopor meio de três ingredientes básicos: farinha, leve- do ou fermento e água, podendo ser adicionado de outros ingredientes, como sal, gordura, açúcar, ovos e leite. • Fermento: sua função é provocar a fermentação que vai produzir o gás carbônico (lembre-se de que é a rede de glúten que “segura” o gás), res- ponsável pelo aumento do volume da massa. A fermentação pode ocor- rer como resultado da ação de fermentos químicos (em pó) ou biológi- cos (em tablete). Os químicos são uma combinação de ácido (presente 33Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética no alimento ou no próprio fermento) e bicarbonato que, em presença de água e sob a ação do calor, produzem gás carbônico; possui uma ação rápida, por isso deve-se adicioná-lo somente no final da preparação. Já os fermentos biológicos produzem gás carbônico pela ação do levedo, havendo a necessidade de deixar a massa em repouso (descansar) por conta de sua ação mais lenta. • Sal: retém água na massa, controla a fermentação, realça o sabor, auxi- lia na conservação e fortalece a rede de glúten; o sal em excesso inter- fere na velocidade de crescimento do fermento. • Açúcar: responsável pelo aumento da velocidade de fermentação, au- mento da maciez, desenvolvimento de coloração, retenção de umidade e sabor; quando usado em excesso, o resultado é um pão esfarelado. • Água: essencial na mistura dos ingredientes; permite, ainda, a formação da rede de glúten, controlando e distribuindo a temperatura da massa; é essencial para a atuação do fermento e responsável pela consistên- cia da massa; um volume menor de líquidos do que o necessário resulta em um pão de má qualidade. • Gordura: óleo, margarina, manteiga ou banha podem ser usados; na medida certa, favorecem a retenção de gás, garantindo maciez e conferindo umidade à massa; em excesso, dificulta a ação do fermento. • Ovos: apresentam várias funções na massa: ligante (ligam as partículas de farinha de uma massa), coagulante (formação de gel pela ação do calor), aromático, aeração (pelo batimento, a clara do ovo incorpora bo- lhas de ar, obtendo produtos mais aerados), emulsificante (presença de lecitina na gema) e corante (a gema confere cor à massa). • Leite: confere sabor e valor nutritivo ao produto, favorece a coloração e a maciez, além de aumentar a durabilidade do pão (PHILIPPI, 2014). 34Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Assista agora a Pocket Aula sobre Cereais, Massas e Pães clicando no ícone ao lado http://sanar.link/lzc0r 35 ANOTAÇÕES 36Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética VERDURAS E LEGUMES Verduras e legumes são plantas ou partes de plantas que servem para o consumo humano, como folhas, flores, frutos, caules, sementes, tubércu- los e raízes. Hortaliça é a denominação genérica para legumes e verduras. CLASSIFICAÇÃO Quadro 2 - Classificação das hortaliças de acordo com o teor de glicídios Grupo A- 5% de glicídios abobrinha, acelga, aipo, alface, berinjela, bertalha, brócolis, couve-flor, coentro, couve, cebolinha, espinafre, folhas, pal- mito, pepino, pimentão, repolho, jiló; Grupo B- 10% de glicídios abóbora, beterraba,cenoura,chuchu, ervilha verde,nabo, quia-bo, vagem, repolho-de-bruxelas, bardana, rábano, tupinambo; Grupo C- 20% de glicídios aipim, araruta, batatas, cará, cogumelo, fruta pão, inhame, jujuba, mandioca, milho verde, pinhão. Fonte: Philippi, 2014. Atenção à classificação glicídica dos vegetais. Você pode ser solicitada(o) a trocar itens da dieta do seu paciente sem alterar o teor glicídico e consequen- temente o valor calórico de determinada refeição. VALOR NUTRITIVO • Fatores antinutricionais: nos vegetais são encontrados alguns fatores antinutricionais que vão prejudicar a absorção de certos nutrientes. Com isso, é importante saber como inativá-los. Veja a seguir: 1. Ácido oxálico e ácido fítico: formam complexos com alguns mi- nerais como Ca, Fe, Zn, dificultando sua absorção. São encontra- dos principalmente na cenoura, couve-flor, espinafre e repolho (ácido oxálico); aipo, cebola e espinafre (ácido fítico). 37Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética 2. Hemaglutinas: enzimas capazes de desnaturar as proteínas. Inativadas pelo calor. 3. Saponinas: presentes no aspargo, no açafrão e no espinafre, têm sabor amargo, capazes de produzir espuma e hemólise dos eritrócitos in vitro. 4. Solanina: tóxico, encontrado em brotos de batata, parcialmente destruída pela cocção após completa remoção dos brotos. 5. Ácido cianídrico: encontrado na mandioca brava, é venenosa a partir de certa dosagem. A preparação (industrial ou artesanal) promove a evaporação do ácido. • Ácidos orgânicos: ácidos responsáveis pelos sabores e aromas, sendo sua quantidade influenciada pelo grau de maturação do alimento. Em geral, diminui de acordo com o avanço da maturação. São exemplos: ácido málico (maçã), cítrico (limão, laranja), tartárico (uva), oxálico (es- pinafre, ruibarbo, carambola). • Constituintes odoríferos: conferem aroma e sabor às hortaliças, exis- tindo grande variedade. Ex.: » Compostos sulfurados voláteis: alilsulfídrico (cebola e alho); isotio- cianato de alilo (mostarda), sinigrina (repolho, couve-flor e bróco- lis), por meio do calor transforma-se em alilamina e gás sulfídrico, responsável pelo cheiro desagradável. » Compostos inorgânicos: sulfuretos, capsaicina e piperina (pimen- tas). » Taninos: conferem adstringência ao alimento. • Enzimas: promovem o escurecimento do alimento (polifenoloxida- se que atua sobre os taninos e peroxidase), degradação de vitaminas e pigmentos, são inativadas pelo calor. Para que as hortaliças sejam conservadas por mais tempo, além da redução da carga microbiana me- diante o tratamento térmico, é necessária a inativação dessas enzimas. Então, como podemos fazer? 38Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Utilizamos a técnica do branqueamento, que é um processo que antece- de o congelamento, realizamos o cozimento a 70°C a 80°C, seguido de res- friamento em água bem fria e depois congelamos a hortaliça, aumentando o tempo de vida útil do produto. Para obter um produto de boa qualidade, o tempo de congelamento deve ser o mais rápido possível, principalmente na faixa de O a -4 ºC (zona de cristalização da água), pois o congelamento de forma inadequada leva a alterações de textura, cor, sabor e aroma do alimento in natura. Algumas enzimas (proteases) podem atuar no amaciamento de carnes: bromelina (abacaxi) e papaína (mamão). Além do calor, alterações no pH, adição de sulfito ou dióxido de enxofre e congelamento inativam atuação enzimática. ARMAZENAMENTO E PREPARO As hortaliças devem ser cortadas com faca afiada para impedir macera- ção e consequente destruição das vitaminas. Podem ser cortadas em for- matos diferentes para atender à necessidade de cada receita: 39Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Quadro 3 - Tipos de corte das hortaliças e suas respectivas preparações Corte Formato Preparações Juliana (tirinhas) 1* 4-5 cm de comprimento/ 2 a 3 mm de largura Sopas Brunoise 2* 2 a 3 mm2 Guarnição ou sopas de horta-liças Paisana ou Campone- sa 3* ¼ do círculo sopas e ensopados Noisette 4* Bolinhas Fritura e guarnição Chateau (castelo) 5* Amêndoa carnes e legumes Bâton 6* Bastõezinhos de 5 a 6 cm de compri-mento e 1 ½ a 2 cm de largura Legumes Alumetts (fósforo) 7* 1 ½ a 2 mm de largura e 5 a 6 cm de comprimento Frituras Paille (palha) 8* corte igual a juliana, porém mais fino Frituras Liard 9* cilindros de 3 a 4 cm vegetais Chip 10* Lâminas finas frituras para aperitivos e mistas Jardineira Corte em cubo de 1 cm Guarnições simples e mistas de vegetais Fonte: Philippi, 2014. Figura 5 - Corte de vegetais Fonte: Ornellas, 2007. 40Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética • Cuidados no armazenamento: As hortaliças devem ser mantidas sob refrigeração (4 a 16°C), comexceção da batata, pois reduzem 50% de vitamina C, se colocadas à temperatura de refrigeração; recomen- da-se 20°C para manter o teor vitamínico. • Cuidados no preparo: adição de 0,7% de sódio na água de cocção favo- rece o sabor, diminui perdas por dissolução e facilita o abrandamento dos vegetais. O remolho pode abreviar o tempo de cocção, colocando os grãos de molho em uma solução isotônica de cloreto de sódio (sal de cozinha) a 0,7%. Regras gerais para cocção de hortaliças: 1. O pré-preparo deve ocorrer o mais próximo do momento de cozinhá- -las, assim como o preparo deve ser feito o mais próximo de o prato ser servido. 2. Preferir cozinhá-las inteiras, sempre que possível com casca, ou divi- di-las o menos possível. 3. Cozinhar com pequenas quantidades de água. Quanto maior o volume de água, maior será a perda dos componentes hidrossolúveis. 4. Acrescentar sal depois de estarem quase cozidas. 5. Nunca adicionar bicarbonato de sódio ao meio de cocção. 6. Não deixar que passe do ponto de cocção, desintegrando-se. 7. Colocar na água já em ebulição. 8. Vegetais de folha dura devem ser cozidos em panelas destampa- das, com bastante água em ebulição e por pouco tempo. Essas medi- das ajudam a conservar a cor do alimento. 9. Folhas tenras e novas devem ser cozidas com pouca água e por pou- co tempo, em panela tampada. 10. Cozinhar couve-flor e brócolis com o talo voltado para baixo. 41Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética 11. Colocar vinagre ou limão na água de cozimento dos vegetais verme- lhos (beterraba, repolho-roxo). 12. Aproveitar a água da cocção dos legumes e verduras para o preparo de sopas e caldos. O líquido estará composto de vários nutrientes ex- traídos do alimento. PIGMENTOS As hortaliças também podem ser classificadas de acordo com o seu pig- mento: 1. Hortaliças verdes: principal pigmento é a clorofila, pouco solúvel na água. Na presença de ácido, a clorofila transforma-se em feofitina de cor verde-oliva ou marrom. As substâncias alcalinas intensificam a cor verde, daí o uso de bicarbonato de sódio, que é contraindicado do ponto de vista técnico por destruir vitaminas hidrossolúveis. 2. Hortaliças amarelas e alaranjadas: principal pigmento é o caroteno (cenoura, abóbora, manga) e a xantofila (milho). Esses pigmentos não são solúveis nem se modificam pela cocção ou acréscimo de álcali ao meio de cocção. 3. Hortaliças vermelhas: principal pigmento licopeno, pigmento seme- lhante ao caroteno, tendo as mesmas propriedades de estabilidade. É encontrado no tomate, pimentão etc. 4. Hortaliças vermelho-arroxeadas: principal pigmento antocianina, pigmento muito solúvel, que na presença de ácido se torna mais ver- melho e na de álcali se modifica para um tom arroxeado. Esse pigmen- to é encontrado na beterraba e no repolho de Bruxelas. 5. Beterraba: pigmentos de coloração vermelha da beterraba, betalaí- nas, semelhantes a antocianina. São destruídas quando submetidas a altas temperaturas e tempo prolongado de cocção. Priorizar o cozi- mento de beterrabas com a casca. 42Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética 6. Hortaliças branco-amareladas: principais pigmentos flavinas ou fla- vonas, pigmentos muito solúveis que na presença de álcali tornam-se amarelados e escurecem com a cocção prolongada. Na presença de ferro, podem adquirir cor esverdeada ou parda, por exemplo, couve- -flor. 7. Hortaliças vermelho-amarronzadas: conferem sabor adstringente (cica); em meio alcalino ou na presença de oxigênio, apresentam colo- ração escura. Para a escolha do método de cocção mais adequado, devemos conhecer as possíveis modificações que os pigmentos podem sofrer durante a coc- ção: Quadro 4 - Modificação dos pigmentos quando expostos ao ácido, álcali ou cocção prolongada Pigmentos Cor Hidrossolu-bilidade Ação ácido Ação álcali Ação da cocção prolongada Clorofila Verde Pequena Torna verde--oliva Torna mais verdes Torna verde- -oliva Caroteno Xantofila Licopeno Alaranjado Amarelo Vermelho Insolúvel Pouco solúvel Insolúvel Mínima Mínima Mínima Mínima Mínima Mínima Escurece Escurece Escurece Antocianina Vermelho Muito solúvel Intensifica o vermelho Torna roxo ou azul Não altera Flavinas ou Flavonas Branco-ama- reladas Solúveis Ficam bran- cas Ficam amareladas Escurecem e, na presença de ferro, ficam esverdeadas ou pardas Taninos incolor Insolúvel Não altera Escurece Anula Fonte: Philippi, 2014. 43Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Assista agora a Pocket Aula sobre Verduras e Legumes clicando no ícone ao lado 06. A classificação das hortaliças nos grupos A, B e C, segundo a concentração em glicídios, permite uma flexibilidade maior nos cardápios, substituindo-se as hortaliças do mesmo grupo uma pelas outras, sem modificar o valor calórico da dieta. Em função de dificuldades no abastecimento de hortifruti, a nutricionista de um hospital precisou substituir a guarnição repolho refogado por um dos itens disponíveis em estoque. 🅐 Chuchu. 🅑 Berinjela. 🅒 Batata doce. 🅓 Repolho de Bruxelas. Clique aqui para ver o gabarito da questão. http://sanar.link/mEvtw 44 ANOTAÇÕES 45Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética FRUTAS Chama-se fruta a parte polposa que envolve a semente de plantas. Possui aroma característico, é rica em suco, normalmente de sabor doce e pode, na maioria das vezes, ser consumida crua. CARACTERÍSTICAS GERAIS De maneira geral, são ricas em açúcares mais simples, mono e dissacarídeos, açúcares solúveis que garantem o sabor doce às frutas. O valor nutricional pode variar de acordo com: o grau de amadurecimento, o solo de cultivo e o modo de colheita e conservação. São fontes de vitami- nas, como a vitamina C e de fibras. • Sabor e aroma: a presença dos açúcares, minerais, ésteres, compostos aromáticos, ácidos orgânicos; ácido málico (maçã); tartárico (uva); cítri- co (limão e laranja); oxálico (morango) e benzoico (ameixa), garantem o sabor e o aroma das frutas. • Consistência: a consistência das frutas é dada pela celulose e por com- postos pécticos. A pectina é substância considerada cimentante e va- ria de acordo com o grau de maturação das frutas. Pró-pectina (frutas verdes) ↓ Pectinas ↓ Ácido péctico (frutas muito maduras, determina a desintegração da fruta) 46Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética As pectinas são glicídios não aproveitados pelo organismo, é hidrófilo, tendo a capacidade de reter e fixar água. Formam gel em meio ácido, por isso, somadas a uma concentração de 60% de açúcar são a substância responsável pela produção das geleias. Encontradas em maior quantida- de nas maçãs, bananas e marmelos. Os cereais também contêm, principal- mente o arroz. • Pigmentos: são basicamente os mesmos encontrados nos vegetais, predominando os carotenoides; antociânicos; flavonoides (quercetina maçã, ameixa e uva); flavonas (luteolina, na casca do limão e na laranja). Os sucos de diferentes frutas podem gerar colorações indesejáveis. De- vem ser consumidos logo após o preparo e, se não for possível, devem ser armazenados sob refrigeração. Suco de abacaxi + frutas de coloração vermelha-arroxeadas = coloração azul Suco de limão = intensifica a coloração vermelha Suco de laranja = cor pardacenta quando misturado a outros PROCESSO DE AMADURECIMENTO • Amadurecimento natural: ocorre de forma natural pela produção de etileno. Intensificação do colorido; Abrandamento da pparte polposa pela conversão da pró-pectina em pectina e da ação enzimática sobre o amido (↑ os sólidos solúveis); ↓ da acidez e de taninos (reduzindo a “cica”) 47Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética • Amadurecimento artificial: os gases etileno são empregados para o amadurecimento. Esse tipo de amadurecimento promove as mesmas características citadas anteriormente, porém o amadurecimento arti- ficial exerce influênciana perda do teor vitamínico, principalmente da vitamina C. CLASSIFICAÇÃO Quadro 5 - Classificação das frutas de acordo com o teor de glicídios Grupo Composição Fruta A 5 a 10% até 5% → abacaxi, açaí, araçá, biribá, buriti, caju, carambo- la, goiaba, groselha, melancia, melão, pitanga, umbu; 5 a 10% → abiu, abricó, bacaba, cajá, jaca, jambo, pêssego, romã, tucumã B 15 a 20% 10 a 15% → abacate, ameixa, amora, bacuri, cereja, con- dessa, cupuaçu, damasco, figo, framboesa, graviola, pera, maçã, mamão, manga 15 a 20% → anona, banana, caqui, fruta-pão, uva frutas especiais 35% tuturubá, uchi, tamarindo (53% de glicídios) Frutas oleaginosas 16% de glicídios; 20% de ptn e 60% de lipídio amêndoas, avelãs, castanhas, nozes, patauá, sementes de jabot. Ricas em selênio, cobre, magnésio e possuem alto valor calórico,↑teor de gordura dificultando a digestão Fonte: Philippi, 2014. CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO E PREPARO • A casca das frutas é a sua proteção contra perdas de vitaminas e de outras substâncias nutritivas. Também evita a sua contaminação; • Algumas frutas apresentam grande taxa de desperdício devido à casca grossa e caroços grandes e numerosos, aproximadamente 50% (melan- cia, abacaxi e abacate). O FC de correção das frutas é alto.→Possuem alta atividade de água (cerca de 85%), o que favorece a deterioração natural e microbiana; 48Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética • Se a fruta foi colhida antes do seu amadurecimento, ela deve ser man- tida sob temperatura ambiente até atingir o grau de maturação deseja- do; depois deve ser armazenada sob temperatura ao redor de 10°C (no gavetão da geladeira). • As frutas colhidas maduras são mais ricas em vitamina C, e à medida que se prolonga o armazenamento inadequado, a concentração vai di- minuindo, podendo chegar até 50% de perda. • O congelamento tem seu uso limitado com relação às frutas frescas, pois formam cristais de gelo no interior da fruta, alterando a sua con- sistência. • As preparações com frutas frescas como purês, saladas, batidas... po- dem perder o teor de vitamina C quando expostas por muito tempo sob temperatura ambiente e à luz, assim como pela adição de açúcar. • Sucos concentrados de diferentes frutas produzidos pela indústria po- dem ser mantidos sob congelamento por até um ano, perdendo somen- te 5% de vitamina C. • Frutas como mamão, abacaxi e figo, se batidas com leite, devem ser consumidas no mesmo momento, pois possuem enzimas proteolíticas que vão coagular a proteína do leite, alterando a consistência da bebida. A remoção da casca, a subdivisão e a cocção tornam a fruta mais fácil de ser digerida, principalmente quando ainda não estiver totalmente madu- ra. Essas práticas são recomendadas para crianças e enfermos ou em ca- sos de necessidades especiais (grande oferta de determinada fruta): • Fruta assada: banana, maçã, fruta-pão. • Compota de fruta: fruta descascada e cortada, adicionada de calda rala (30% de açúcar) ou em solução de edulcorante não calórico. Deixar co- zinhar. 49Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética • Doce de corte: cozinhar frutas cortadas com casca, depois passar pela peneira e acrescentada de 60% a 70% de açúcar e cozinhar. • Geleia de fruta: frutas ricas em pectina (maçã, laranja, morango), quan- do não tiver o grau de acidez e pectina necessários, adicionar suco de limão e pectina extraída da casca da laranja ou pectina comercial. Para a produção de geleia: pectina 0,75% a 1,95% ph 3 a 3,1 açúcar a 60% Assista agora a Pocket Aula sobre Frutas clicando no ícone ao lado http://sanar.link/EmdSZ 50 ANOTAÇÕES 51Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética LEITE, QUEIJOS E IOGURTES CONCEITOS E VALOR NUTRITIVO Leite é o produto da secreção das glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos. Pode ser considerado uma dispersão coloidal de proteínas em emulsão com gorduras, em uma solução de minerais, vitaminas, peptí- deos e outros componentes. Os principais nutrientes do leite são: proteínas, carboidratos, lipídios, vi- taminas (especialmente a vitamina A) e minerais (cálcio e fósforo). A pro- porção dos nutrientes varia de acordo com a espécie do animal, sua ali- mentação, a estação do ano e a época da lactação. Observe os principais componentes do leite na tabela a seguir: Quadro 6 - Principais componentes do leite Nutriente Especificidades Proteína Soro: lactoalbuminas, lactoglobulinas e caseína Carboidrato Lactose (dissacarídeo que se transforma em glicose e galactose após a digestão); a lactose é menos solúvel do que a sacarose e, algumas vezes, ela cristaliza-se quando submetida ao aquecimento Lipídio Triacilglicerois com ácidos graxos saturados e insaturados, fosfolipídios (lecitina) e esterois (colesterol); os glóbulos de gordura, menos densos do que a água, sobem à superfície; o processo de homogeneização diminui o tamanho dos glóbulos de gordura, que ficam mais distribuídos no fluido, dificultando, portanto, a separação da gordura do leite Vitaminas e minerais Vitaminas hidrossolúveis (riboflavina) e lipossolúveis (vitaminas A e D); os principais minerais são o cálcio, magnésio, sódio e potássio Fonte: Philippi, 2006. 52Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética CONSERVAÇÃO, PROCESSAMENTO E TIPOS DE LEITE Os prazos para conservação do leite variam conforme o seu processa- mento. O leite pasteurizado apresenta tempo médio de conservação (TMC) de 24 horas, devendo ser fervido antes do consumo e conservado em geladeira. O leite longa vida possui TMC de até três meses! Ele sequer precisa ser armazenado sob refrigeração. No entanto, após aberto, de- vemos guardar na geladeira e consumi-lo em até 48 horas. Já o leite em pó tem um TMC de até 12 meses, devendo ser guardado em local fresco e sem umidade. Interessante, não é? Ao observar os modos de conservação de cada tipo de leite, você consegue saber qual é o melhor para a sua uni- dade de alimentação. Se você não possuir espaço suficiente para armaze- namento sob refrigeração, já sabe por qual desses leites deve optar. As formas mais comuns de processamento térmico do leite são a pasteu- rização e a ultrapasteurização (UHT). Além do processamento térmico, os leites industrializados são submetidos ainda à homogeneização, objeti- vando impedir a separação da gordura do leite (PHILIPPI, 2014). • Pasteurização: combinação de tempo e temperatura para destruir os microrganismos patogênicos e reduzir o número total de bactérias; o leite é aquecido de 72ºC a 76ºC, por 15 a 20 segundos, e resfriado a seguir. • Ultrapasteurização (UHT): aque- cimento do leite de 130ºC a 150ºC, por 2 a 4 segundos, e resfriamen- to imediato, destruindo todos os microrganismos. Pessoal, é muito impor- tante vocês decorarem essas relações tempo x temperatura dos pro- cessamentos, certo? 53Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética • Homogeneização: processo pelo qual ocorre redução do tamanho dos glóbulos de gordura presentes no leite, tornando-o homogêneo e impe- dindo a separação da gordura. O leite comumente comercializado é o leite de vaca, que pode ser subme- tido a diferentes processos industriais, visando a maior conservação do produto. O resultado desses processos oferece ao consumidor variados tipos de leite; observe: Quadro 7 - Tipos de leite de acordo com o seu processamento Tipo de leite Especificidades Leite pasteurizado Leite submetido à pasteurização e livre de bactérias patogênicas; deve ser armazenado e transportado sob refrigeração; pode ser de 3 tipos: Leite pasteurizado tipo A, B e C A diferença básica entre eles está na qualidade microbiológica e em- prego ou não de mecanização na ordenha. O leite tipo A é o de maior qualidade microbiológica, enquanto o tipo C é o de menor qualidade Leite ultrapasteurizado (UHT) Submetido ao processo de ultrapasteuização; pode ser transportado e armazenado em temperatura ambiente Leite semidesnatadoRetirada parcial de gordura Leite desnatado Retirada, praticamente, total da gordura Leite em pó Leite tratado termicamente, desidratado e de boa qualidade micro- biológica, desde que reconstituído com água de boa procedência ou fervida; pode ser integral ou desnatado Leite evaporado Leite integral tratado termicamente, com retirada parcial de água e sem adição de açúcar; indicado para preparações culinárias Leite fermentado Fermentado pelos lactobacilos Caseishirota, que resistem à acidez do estômago e chegam vivos e em grandes quantidades no intestino Leite condensado Leite pasteurizado, desidratado parcialmente e com adição de açúcar Leite modificado Formulado com acréscimo ou redução de nutrientes (acrescido de ferro ou com lactose reduzida) Fonte: Philippi, 2006. 54Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética O creme de leite é um produto obtido a partir da nata (parte gordurosa) do leite integral, por meio de evaporação e centrifugação. Existem dois tipos de creme de leite: o de uso industrial (usado na fabricação da man- teiga) e o disponível ao consumidor. O creme de leite adquirido pelo consumidor pode ser fresco ou em con- serva (lata ou embalagem longa vida). O creme em lata é espesso, de cor ligeiramente amarelada e de consistência bem cremosa. O creme de leite fresco é mais ralo, com cor semelhante ao em lata e de consistência quase líquida; é ele que, quando batido, torna-se chantili. Não deve ser deixado em temperatura ambiente, pois fica ácido com facilidade (PHILIPPI, 2014). MODIFICAÇÕES O calor, os ácidos e os taninos provocam algumas mudanças no leite, va- mos ver? • Efeitos do calor: à temperatura de 60ºC a 65ºC, há formação de uma fina película sobre a superfície do leite (nata), complexo formado a partir da caseína e do cálcio, resultante da evaporação da água na superfície, que causa a concentração de proteínas; durante a fervura, pode-se evitar a formação da película tampando o recipiente ou mexendo o leite frequentemente. A albumina precipita-se quando o leite é fervi- do, formando um precipitado que se adere sobre o fundo e as paredes do recipiente; para evitar que isso aconteça, o leite também pode ser aquecido em banho-maria. O sabor modificado pela perda de H2 e O2, resultante da temperatura elevada, pode ser recuperado batendo-se o leite depois de frio. • Efeitos dos ácidos: o leite fresco sofre ação das bactérias que produ- zem ácido láctico, há precipitação da caseína e formação da coalhada; outros alimentos que possuem agentes ácidos (vinagre, limão, laranja, 55Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética tomates) também podem provocar a coagulação do leite. A cocção na presença de ácido provoca o coalhar do leite, sendo possível obter uma aparência de coalhada, se forem acrescentadas grandes moléculas de goma ou celulose, às quais as moléculas de proteína aderem; a lactose e as proteínas reagem formando pigmentos escuros, especialmente nas películas formadas, e provocam uma mudança do sabor. Com um pH superior, essa reação, conhecida como reação de Maillard, é acelerada. • Efeitos dos taninos e do sal: os taninos componentes de muitas hortali- ças (aspargos, repolho, ervilha) provocam a precipitação das proteínas do leite, o que pode ser evitado cozinhando-se o leite com algum amilá- ceo, pois o amido evita que as proteínas se unam, separando-se do soro do leite. O sal, quando presente em alta concentração, provoca a preci- pitação das proteínas do leite (ex.: a preparação de bacalhau com leite, na qual deve ser acrescentado leite frio aos poucos, durante o período de cocção no forno) (PHILIPPI, 2014). QUEIJOS Queijo é o produto fresco ou maturado, sólido ou cremoso, obtido pela co- agulação do leite pasteurizado por meio de ação isolada ou combinada do coalho, fermento láctico, calor ou outro agente coagulante seguido pela dre- nagem parcial do soro, presente na massa resultante dessa coagulação. Os queijos podem ser classificados em queijo fresco (pronto para o con- sumo logo após a fabricação) e queijo maturado (aquele que é submetido ao processo de cura). A maturação ou amadurecimento é a fase final do processo de fabricação dos queijos. Consiste na sua manutenção em câmaras com temperaturas e umidade controladas. É a maturação adequada que confere aos queijos 56Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética aroma, consistência e textura característica de cada variedade. Os quei- jos dividem-se em quatro grupos, segundo a quantidade de umidade pre- sente na massa: • Moles: os principais exemplos são o requeijão e o cream cheese; com o tempo, esses queijos vão endurecendo e concentrando o sabor. • Semimoles: como a muçarela e o roquefort; alguns apresentam veios de mofo, de cor azulada ou esverdeada, provocados por um processo especial de fabricação, conferindo sabor e odor peculiares. • Duros: os mais conhecidos são o Edam, o cheddar e o gruyère; carac- terizam-se pelos buracos, chamados “olhos”, que se formam pela ação das bactérias introduzidas no coalho; essas bactérias produzem bolhas de ar que se transformam em buracos visíveis ao cortar o queijo; • Muito duros: são queijos envelhecidos durante mais tempo, como o parmesão, e costumam ser consumidos ralados. De forma geral, os queijos brancos (queijo fresco, requeijão, ricota) devem ser conservados sob refrigeração. Como o queijo é um alimento “vivo”, que sofre constantemente ação dos microrganismos, aqueles de massa mui- to delicada (camembert e o roquefort) não podem ser guardados em ge- ladeira, pois o frio retarda a ação dos microrganismos. Os queijos de mas- sa meio dura e seca têm menos problemas de conservação e podem ser guardados por mais tempo em locais frescos e arejados (PHILIPPI, 2006). IOGURTES Iogurte é leite fermentado natural ou artificialmente. Uma cultura de fermentos lácteos (Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermo- philus) é adicionada ao leite, a uma temperatura de, aproximadamente, 57Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética 45ºC, mantendo-se o leite em incubação. Podem ser empregados na fa- bricação de iogurtes ingredientes que caracterizam o sabor de cada va- riedade do produto: açúcar, mel, frutas ou cereais. Devem ser conserva- dos sob refrigeração. Existem os chamados iogurtes funcionais, que contêm bacilos probióti- cos. São microrganismos que sobrevivem à passagem pelo trato gastroin- testinal, chegando vivo e em grandes quantidades ao intestino. Dentre outras importantes funções, contribuem para a melhora da composição da microbiota intestinal e regulação do trânsito intestinal. Assista agora a Pocket Aula sobre Leite, Queijos e Iogurte clicando no ícone ao lado http://sanar.link/wfn5t 58 ANOTAÇÕES 59Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética CARNES CONCEITOS E ESTRUTURA O conceito de carne engloba todos os tecidos que recobrem o esqueleto dos animais; comercialmente, “carne” é a parte comestível do animal. As carnes apresentam, basicamente, tecido muscular, conjuntivo/conectivo e gorduroso/adiposo (ORNELLAS, 2007; PHILIPPI, 2014). Vejamos cada um de maneira resumida: Tecido muscular Composto por unidades chamadas fibras; conjunto de fibras = feixe mus- cular; conjunto de feixes = músculo. Os feixes musculares são ligados pelo tecido conectivo. O tamanho dos feixes musculares e a quantidade de te- cido conjuntivo determinam a textura da carne, veja o esquema: ↓ menor o diâmetro das fibras musculares ↑ maciez Animais mais novos e fêmeas também possuem carne mais macia. Outros fatores que influenciam a textura da carne são: espécie do animal, alimen- tação e atividade física. As proteínas actina e miosina representam 55% do total das proteínas miofibrilares. O pigmento muscular mioglobina, de coloração vermelho- -púrpura, aparente em cortes recentes, é formado por uma fração protei- ca chamada globina e por um grupo prostético denominado grupo heme. É o tecidomuscular que, após processos bioquímicos, transforma-se em carne (ORNELLAS, 2007). 60Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética Tecido conjuntivo/conectivo: Tem a função de unir e sustentar os demais tecidos. Influencia direta- mente a textura da carne por ser composto de colágeno (tecido conjunti- vo branco) e elastina (tecido conjuntivo amarelo), pois representa a fra- ção mais insolúvel e menos digerível da carne. É o tecido conjuntivo branco que, com a cocção em calor úmido, transforma-se em gelatina. A maciez da carne depende da temperatura e do tempo de cocção. Quando as car- nes são bem cozidas, ocorre maior rigidez (endurecimento proteico), de- vido à coagulação das proteínas miofibrilares (PHILIPPI, 2014). Com o calor, o colágeno transfor- ma-se em gelatina, amaciando a carne; o amaciamento do tecido con- juntivo ocorre entre 57ºC e 60ºC. Recomenda-se a cocção lenta, em temperatura baixa, para a carne rica em tecido conjunto (ex.: caldo com músculo). Tecido adiposo/gorduroso Os principais depósitos estão situa- dos ao redor dos órgãos internos, entre os músculos e em volta destes. A gordura melhora o sabor, a suculência e a maciez da carne cozida, reduz o tempo de cocção e diminui perdas de sucos por evaporação. Curiosidade: A gelatina e a geleia de mocotó são produtos de origem animal for- mados, principalmente, por quantidades eleva- das de glicina, prolina e hidroxiprolina (amino- ácidos não essenciais) (ORNELLAS, 2007). 61Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética COR DA CARNE E RELAÇÃO ESTRUTURA X MACIEZ O pigmento mioglobina, conforme dito, apresenta coloração verme- lho-púrpura, aparente em cortes recentes ou no tecido animal vivo. Na presença de oxigênio, ocorre a substituição da molécula de água pela de oxigênio, formando a oximioglobina, pigmento vermelho-vivo/ver- melho-brilhante associado à carne fresca. Tanto a mioglobina como a oximioglobina podem sofrer oxidação, formando a metamioglobina, de coloração castanho-clara, que se associa a um longo período de armaze- namento (ORNELLAS, 2007; PHILIPPI, 2014). mioglobina e hemoglobina – vermelho-púrpura (pigmentos responsáveis pela coloração vermelha da carne) ↓O2 oximioglobina – vermelho-brilhante ↓cocção desnaturação da mioglobina – cor amarronzada Curiosidade: A carne embalada a vácuo tem cor mais escura em virtude da ausência de oxi- gênio na embalagem, que inibe a ação da oximioglobina, responsável pela cor avermelhada da carne. Em alguns minutos, após a abertura da embalagem, a carne readquire sua cor vermelho-púrpura original (ORNELLAS, 2007). A carne de animais mais novos é mais clara do que a de animais mais ve- lhos (carnes bovinas). Há menos pigmentos na carne de porco do que na de outros animais. Você se lembra de quando falamos sobre a atividade física do animal in- terferir na maciez de sua carne? Pois é! 62Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética As partes mais exercitadas do animal (músculos do pescoço, das pernas e do quarto dianteiro) têm tecido conjuntivo mais denso e, por consequên- cia, a carne é menos macia. Cortes mais duros, por exemplo, são acém, pa- leta, coxão duro e músculo. No entanto, eles podem se tornar mais macios se utilizarmos as técnicas de cocção adequadas (ex.: calor úmido para o músculo). Exemplos de cortes mais macios são filé mignon, lombo e cos- telas (PHILIPPI, 2014). Quando falamos sobre carnes, é importante que você saiba sobre o rigor mortis. VALOR NUTRITIVO E AGENTES AMACIADORES As carnes são ricas em proteína de alto valor biológico. Também têm quantidade variável de gordura, vitaminas (especialmente as do comple- xo B) e minerais (ferro heme). Ressalta-se, aqui, que o ferro de origem ani- mal tem maior taxa de absorção quando comparado com o ferro de ori- gem vegetal. Quando falamos em agentes amaciadores, estamos nos referindo a subs- tâncias e/ou procedimentos que podem ser usados com o objetivo de tor- nar a carne mais macia. Podemos usar meios mecânicos, enzimáticos, quí- micos ou a maturação a vácuo: • Ação mecânica: é o batedor de bife de uso doméstico ou equipamentos específicos em nível industrial, os quais seccionam as fibras da carne, tornando-a mais macia. Rigor mortis: o estado de maturação influi na consistência da carne. O glicogênio, encontrado no músculo, continua desdo- brando-se e, mesmo depois de abatido, o animal produz glicose e ácido láctico. Por não haver circulação, ambos depositam-se, fazendo com que a carcaça se torne rígida – é o rigor mortis (rigidez cadavérica). Contudo, o ácido láctico possui ação reversível, agindo depois sobre as proteínas e hidrolisando-as, fazendo com que o músculo volte a ser macio, abrandando a carne. 63Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética • Ação enzimática: uso de enzimas naturais (papaína, extraída do ma- mão, e bromelina, do abacaxi) ou industrializadas, que promovem uma desorganização estrutural da fibra, aumentando a maciez da carne, re- sultando em consistência gelatinosa. Cuidado! Se usadas em excesso, as enzimas podem deixar a carne com uma estrutura friável (semelhan- te ao fígado). • Ação química: comumente, usa-se a vinha-d’alhos (carne é deixada em temperos e vinagre ou vinho). O pH ácido desse composto hidrolisa as proteínas, continuando a maturação natural conferida pelo ácido lácti- co. • Maturação a vácuo: a carne é embalada a vácuo em sacos plásticos la- minados, mantida em câmara frigorífica de baixa temperatura e pode ser conservada por até 60 dias; a embalagem usada protege a carne de microrganismos e de variações de umidade, conservando sua colo- ração, sabor e valor nutritivo. Com relação à cocção, cortes de carne que contenham pouco colágeno (paleta, acém, fraldinha, peito e capa de filé) devem ser preparados sob calor úmido. Já os cortes mais macios (alcatra, lagarto, filé mignon) po- dem ser submetidos ao calor seco (PHILIPPI, 2014). Segundo Ornellas (2007), de acordo com a temperatura da carne, o ponto de cocção a ser considerado pode ser: 40ºC a 50ºC → cru 50ºC a 60ºC → mal passado 60ºC a 70ºC → ao ponto 70ºC a 80ºC → bem passado Acima de 80ºC → muito bem passado 64Curso Intensivo para Residências | Nutrição | Técnica Dietética TIPOS DE CARNE: BOVINA, SUÍNA, AVES E PESCADOS • Carnes bovinas: todos os cortes têm praticamente o mesmo valor nu- tritivo. O boi pode ser dividido em duas partes: quarto dianteiro e quar- to traseiro. Os cortes de carne do quarto dianteiro costumam ser mais baratos, por exemplo: pescoço, acém, peito, paleta, cupim. Podemos citar como exemplos de cortes do quarto traseiro a fraldinha, ponta de agulha e filé mignon. As carnes bovinas também podem ser divididas em cortes de carne magra (lagarto, coxão duro, patinho, alcatra) e de carne gorda (picanha, acém, contrafilé), considerando uma carne gorda quando a quantidade de gordura excede a 50% do valor calórico total proveniente da gordura. • Carnes suínas: é muito nutritiva, fonte de vitamina A, cálcio, ferro e fós- foro. Do porco também podemos obter toucinho, presunto, miúdos e vários embutidos. A carne suína deve ser rosada, firme, com gordura branca e consistente; a carne com qualidade inferior apresenta muita gordura, é menos firme e os ossos são menos vermelhos. Exemplos de cortes suínos: lombo, pernil, toucinho, barriga, joelho. • Carnes de aves: os tipos mais consumidos são frango, peru, pato, mar- reco, ganso e chester. O frango é a ave mais comum, podendo ser classi- ficada em: frango de leite/galeto (ave de até 3 meses de idade), frango comum (entre 3 e 7 meses, podendo pesar mais de 1 kg), galo ou gali- nha (aves adultas, com mais de 7 meses e mais pesadas) e frango capão (frango castrado para que possa engordar mais). Sabia que a carne da galinha é mais macia que a do galo? Isso porque a galinha apresenta mais gordura. Os principais cortes de frango são: peito, coxa, sobreco- xa, pés e pescoço. 65Curso Intensivo
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