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Direito Penal - Aplicação das penas

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APLICAÇÃO DAS PENAS 
Por Equipe Juspodivm 
Atualizado em 20/07/2022 
 
Referência bibliográfica: MASSON, Cleber. Manual de Direito Penal. Parte 
Geral. v. 1. 14. ed. São Paulo: Editora Método, 2020. 
SUMÁRIO 
1. TEORIA GERAL DA PENA ........................................................................................................... 4 
1.1. Sanção penal ......................................................................................................................... 4 
1.2. Princípios ............................................................................................................................... 4 
1.3. Teorias da pena ..................................................................................................................... 5 
1.4. Sistemas prisionais .............................................................................................................. 11 
1.4.1. Sistema pensilvânico ................................................................................................. 11 
1.4.2. Sistema auburniano ................................................................................................... 12 
1.4.3. Sistema progressivo ................................................................................................... 12 
1.4.4. Sistema adotado no Brasil ......................................................................................... 13 
1.5. Espécies de penas ............................................................................................................... 13 
1.5.1. Quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela pena ......................................... 13 
1.5.2. Quanto ao critério constitucional ................................................................................ 13 
1.5.3. Quanto ao critério adotado pelo código penal ............................................................ 14 
2. Pena privativa de liberdade ......................................................................................................... 14 
2.1. Conceito ............................................................................................................................... 14 
2.2. Espécies .............................................................................................................................. 14 
2.3. Regimes penitenciários ........................................................................................................ 15 
2.4. Fixação do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade ........................... 15 
2.5. Regras dos regimes ............................................................................................................. 17 
2.5.1. Regime fechado ......................................................................................................... 17 
2.5.2. Regime semiaberto .................................................................................................... 18 
2.5.3. Regime aberto ........................................................................................................... 20 
2.5.4. Comparação entre os regimes ................................................................................... 21 
2.5.5. Súmula vinculante 56: aplicabilidade aos regimes semiaberto e aberto ..................... 22 
2.6. Progressão de regime prisional ............................................................................................ 23 
 
 
Direito Penal – Aplicação das Penas Por Equipe Juspodivm 
 
 
2 
2.6.1. Progressão especial para mulher gestante ou que for mãe ou responsável por 
criança ou pessoa com deficiência ...................................................................................... 25 
2.6.2. Proibição da progressão “por salto” ........................................................................... 25 
2.6.3. Progressão e crimes contra a administração pública ................................................. 26 
2.7. Regressão ........................................................................................................................... 26 
2.7.1. Regressão “por saltos” ............................................................................................... 27 
2.8. Regime especial .................................................................................................................. 28 
2.9. Remição ............................................................................................................................... 29 
2.10. Detração ............................................................................................................................ 31 
2.10.1. Competência para aplicação da detração penal ....................................................... 32 
2.11. Prisão albergue domiciliar .................................................................................................. 32 
3. APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ................................................................ 34 
3.1. Introdução ............................................................................................................................ 34 
3.2. Critérios para aplicação da pena .......................................................................................... 35 
3.3. Elementares e circunstâncias............................................................................................... 35 
3.4. Primeira fase da dosimetria da pena: fixação da pena-base ................................................ 36 
3.5. Segunda fase da dosimetria da pena: circunstâncias atenuantes e agravantes ................... 42 
3.5.1. Circunstâncias agravantes ......................................................................................... 43 
3.5.2. Circunstâncias atenuantes ......................................................................................... 48 
3.5.3. Circunstâncias atenuantes inominadas ...................................................................... 51 
3.5.4. Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes ............................................... 51 
3.6. Terceira fase da dosimetria da pena: causas de aumento e de dimi-nuição da pena ........... 52 
3.7. Aplicação das penas por particulares ................................................................................... 54 
3.8. Súmulas ............................................................................................................................... 54 
4. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ........................................................................................ 56 
4.1. Introdução ............................................................................................................................ 56 
4.2. Espécies .............................................................................................................................. 57 
4.3. Requisitos ............................................................................................................................ 57 
4.4. Duração das penas restritivas de direitos ............................................................................. 58 
4.5. Penas restritivas de direito em espécie ................................................................................ 58 
4.5.1. Prestação pecuniária ................................................................................................. 58 
4.5.1.1. Violência doméstica e familiar contra a mulher ....................................................... 59 
4.5.2. Perda de bens e valores ............................................................................................ 60 
4.5.3. Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas ................................... 63 
4.5.4. Interdição temporária de direitos ................................................................................63 
 
 
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3 
4.5.5. Limitação de fim de semana ...................................................................................... 65 
4.6. Reconversão da pena restritiva de direito em privativa de liberdade ........................................... 65 
4.7. Competência para a execução das penas restritivas de direito ............................................ 66 
4.8. Modificação superveniente da pena restritiva de direitos ..................................................... 66 
5. PENA DE MULTA ....................................................................................................................... 67 
5.1. Introdução ............................................................................................................................ 67 
5.2. Critério do dia-multa ............................................................................................................. 67 
5.3. Aplicação da pena de multa ................................................................................................. 67 
5.4. Valor ineficaz da pena de multa ........................................................................................... 68 
5.5. Pagamento voluntário da multa ............................................................................................ 68 
5.6. Execução da pena de multa ................................................................................................. 69 
 
 
 
 
 
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4 
1. TEORIA GERAL DA PENA 
1.1. SANÇÃO PENAL 
A sanção penal é a resposta estatal, no exercício do jus puniendi e após o devido processo 
legal, ao responsável pela prática de um crime ou de uma contravenção penal. Divide-se em duas 
espécies: penas e medidas de segurança. 
As penas têm como pressuposto a culpabilidade do agente. Destinam-se aos imputáveis e 
aos semi-imputáveis sem periculosidade. 
Em contrapartida, as medidas de segurança têm como pressuposto a periculosidade do 
agente. Dirigem-se aos inimputáveis e aos semi-imputáveis dotados de periculosidade, pois neces-
sitam, no lugar da punição, de especial tratamento curativo. 
Desse modo, o Direito Penal é um sistema de dupla via, pois admite as penas (1ª via) e as 
medidas de segurança (2ª via) como respostas estatais àqueles que violam suas regras. 
Além disso, há quem sustente a existência de uma 3ª via do Direito Penal, consubstanciada 
na situação em que, embora tenha sido praticada uma infração penal, não se impõe pena ou medida 
de segurança, pois a punibilidade estatal cede espaço à reparação do dano causado à vítima. Ex.: A 
composição dos danos civis nos crimes de menor potencial ofensivo de ação penal privada e de ação 
penal pública condicionada à representação do ofendido (art. 74, parágrafo único, da Lei 9.099/95). 
1.2. PRINCÍPIOS 
Os seguintes princípios são aplicados às penas: 
a) Princípio da reserva legal (ou da estrita legalidade): emana do brocardo nulla poena sine 
lege, ou seja, somente a lei pode cominar a pena. Está previsto no art. 5º, XXXIX, da CF (cláusula 
pétrea) e no art. 1º do CP; 
b) Princípio da anterioridade: a lei que comina a pena deve ser anterior ao fato que se 
pretende punir. Não basta o princípio da reserva legal, a lei deve ser prévia ao fato praticado (nulla 
poena sine praevia lege). Está amparado no art. 5º, XXXIX, da CF e no art. 1º do CP; 
c) Princípio da personalidade (ou da intransmissibilidade, intranscendência, responsabili-
dade pessoal): a pena não pode, em hipótese alguma, ultrapassar a pessoa do condenado (art. 5º, 
XLV, da CF). Por conseguinte, é vedado alcançar familiares do acusado ou pessoas alheias à infra-
ção penal. O postulado impede que as sanções e restrições da ordem jurídica superem a dimensão 
 
 
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5 
estritamente pessoal do infrator. Todavia, é possível que a obrigação de reparar o dano e a decreta-
ção do perdimento de bens, compreendidos como efeitos da condenação, sejam estendidas aos 
sucessores, até o limite do valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da CF); 
d) Princípio da inderrogabilidade (ou inevitabilidade): o princípio é consectário lógico da 
reserva legal. Se os requisitos necessários à condenação estiverem presentes, a pena não poderá 
deixar de ser aplicada e cumprida integralmente. Contudo, o princípio é mitigado por alguns institutos 
penais. Exemplos: O perdão judicial, o sursis, o livramento condicional, a prescrição e etc.; 
e) Princípio da intervenção mínima: a pena é legítima apenas nos casos estritamente ne-
cessários à tutela do bem jurídico penalmente reconhecido. Esse princípio pode ser subdividido em: 
fragmentariedade e subsidiariedade; 
f) Princípio da humanidade (ou humanização das penas): a pena deve respeitar os direitos 
fundamentais do condenado enquanto ser humano, de modo que não pode violar a integridade física 
ou moral do condenado (art. 5º, XLIX, da CF). De igual forma, o Estado não pode dispensar nenhum 
tipo de tratamento cruel, desumano ou degradante ao preso. Com efeito, o art. 5º, XLVII, da CF 
proíbe as penas de morte (excetuados os casos de guerra declarada, nos termos da Constituição), 
de trabalhos forçados, de banimento e cruéis e a prisão perpétua; 
g) Princípio da proporcionalidade: a resposta penal deve ser justa e suficiente para cumprir 
o papel de reprovação do ilícito, bem como para prevenir novas infrações penais. É concretizado na 
atividade legislativa (funciona como barreira ao legislador) e judicial (orienta o juiz na dosimetria da 
pena). Assim, na cominação e na aplicação da pena, deve existir correspondência entre o ilícito 
cometido e o grau de sanção penal imposta. Além disso, deve-se considerar o aspecto subjetivo do 
acusado (art. 5º, XLVI, da CF); 
h) Princípio da individualização: o princípio foi previsto expressamente no art. 5º, XLVI, da 
CF, e repousa no ideal de justiça, segundo o qual se deve distribuir, a cada indivíduo, o que lhe cabe, 
de acordo com as circunstâncias específicas do seu comportamento. Em matéria penal, isso significa 
que a aplicação da pena não deve considerar a norma penal em abstrato, e sim os aspectos subje-
tivos e objetivos do crime. 
1.3. TEORIAS DA PENA 
a) Teoria absoluta (ou retributiva): a teoria absoluta da pena prevê que a condenação 
é um fim em si mesma, ou seja, é um castigo, uma reação, uma retribuição ao autor de um crime 
pelo fato por ele cometido. O mal que é imposto ao autor equilibra e expia a sua culpabilidade. A 
teoria é absoluta, pois não visa qualquer efeito social; 
 
 
Direito Penal – Aplicação das Penas Por Equipe Juspodivm 
 
 
6 
b) Teoria relativa (ou preventiva): a pena é o meio de se evitar futuros crimes, ou seja, 
ao invés de afirmar que a pena serve como retribuição ao condenado, diz-se que ela serve somente 
como meio de proteção social. 
O art. 59, “caput”, do Código Penal adotou a teoria mista (também chamada de teoria da 
união eclética, intermediária, conciliatória ou unitária), pois dispõe que a pena será estabelecida pelo 
juiz “conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime”. 
Como se não bastasse, o ordenamento jurídico brasileiro aponta, em diversos dispositivos, a 
opção pela teoria mista. 
Com efeito, o Código Penal aponta o acolhimento da teoria mista nos arts. 121, § 5º, e 129, 
§ 8º, quando institui o perdão judicial aos crimes de homicídio culposo e lesões corporais culposas. 
Nesses casos, é possível a extinção da punibilidade quando as “consequências da infração atingirem 
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. O perdão judicial 
é cabível, quando o agente já foi punido. Já houve, portanto, retribuição. 
Ademais, a Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal – LEP, responsável por apresentar as dire-
trizes que deverão ser adotadasna execução da pena) enfatiza a adoção da finalidade preventiva 
da pena, em suas duas vertentes (geral e especial). Nesse diapasão, o art. 10, caput, da LEP estatui 
que: “A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar 
o retorno à convivência em sociedade”. E, ainda, o art. 22: “A assistência social tem por finalidade 
amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade”. O trabalho do preso tem 
finalidade educativa (art. 28). 
Para justificar as penas, inicialmente havia as teorias morais (ou absolutas) (do latim abso-
lutus, desvinculado) ou retributivas, que não se vinculam ou pretendem justificar a pena a partir de 
um fim socialmente útil, pois se fundamentam numa ideia abstrata de justiça (ex.: Lei de Talião). A 
Lei de Talião foi relevante no momento de seu surgimento, pois estabeleceu um parâmetro para a 
pena, evitando a desproporcionalidade. 
Uma das teorias desse grupo é a da retribuição divina: o delito seria um pecado, e a punição 
seria uma reação divina. Essa ideia esteve presente na Antiguidade e na Idade Média. Há também 
a teoria da retribuição expiatória, segundo a qual todo sofrimento teria um poder de purificação dos 
pecados: quanto maior o sofrimento, maior a purificação. É uma teoria muito perigosa, pois não tem 
limites e depende de crenças. A teoria da retribuição moral de Kant dizia que a aplicação da pena 
era uma questão de justiça, uma exigência ética absoluta. Impõe-se um mal em razão de um mal 
causado. Não há, em Kant, qualquer viés utilitarista na pena, ou seja, ela não tem a finalidade de 
exemplo na sociedade ou algo do tipo. “Apenas” é algo cuja necessidade se impõe por si mesma. 
 
 
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7 
Por fim, há a teoria da retribuição jurídica de Hegel, segundo a qual a pena não deveria 
ser considerada como um mal. O crime nega o direito; assim, a pena seria uma negação do delito, 
e, portanto, uma reafirmação do direito. 
Mais modernamente, temos em Bettiol o grande defensor do caráter exclusivamente retri-
butivo da pena privativa de liberdade. Para o pensador italiano “a ideia da retribuição é ideia cen-
tral do Direito Penal. A pena encontra razão de ser no seu caráter retributivo. A retribuição é uma das 
ideias-força de nossa civilização. Pode mesmo dizer-se que a ideia da retribuição é própria de todo 
tipo de civilização que não renegue os valores supremos e se ajuste às exigências espirituais da 
natureza humana”. 
Dessume-se que para Bettiol a pena é, portanto, um sofrimento impingido ao delinquente por 
causa do delito praticado. A ideia de retribuição se encontra de tal modo intrinsecamente ligada ao 
conceito de pena, que, fora dessa justificação, a pena não existe. 
A doutrina critica essas teorias. Não seria razoável que um Estado de Direito impusesse um 
mal sem utilidade, apenas por uma questão abstrata de justiça. Não se pode hoje invocar um funda-
mento divino ou de crença para as penas. Por isso, as teorias absolutas são adotadas por poucas 
legislações. Assim, surgiram as teorias relativas (do latim refere, estar vinculado) ou utilitárias, que 
pregam uma finalidade socialmente útil para a pena. Platão dizia que não faz sentido punir pelo 
pecado causado, mas sim para evitar que se peque no futuro. 
Deve-se a Feuerbach a formulação da teoria da coação psicológica, que alicerça a pre-
venção geral, sustentando que, através da pena, combate-se a criminalidade: com a cominação pe-
nal intimida-se, a ameaça da pena informa aos membros da sociedade contra quais condutas injustas 
o direito reagirá; por outro lado, com a aplicação da pena cominada, deixa-se patente a disposição 
de cumprir a ameaça realizada. 
Nesse contexto enquadram-se as teorias da prevenção geral: o fim da pena seria evitar que 
outras pessoas da sociedade, e não o agente do crime em questão, venham a cometer crimes. A 
prevenção geral negativa (Feuerbach) baseava-se na teoria da coação psicológica, isto é, o poder 
de intimidação da pena, que impediria a prática de crimes. Zaffaroni critica essa ideia, pois a imensa 
maioria dos crimes não é punida: assim, a coação psicológica seria muito fraca. Isso acaba fomen-
tando a criatividade do agente para não ser punido, mas não coíbe a prática de crimes. Guilherme 
Raposo discorda em parte, pois entende que o direito penal exerce algum grau de coação psicológica 
como forma de controle social. Mas este não é o papel preponderante da pena: do contrário, quanto 
maior a pena, maior seria a coação psicológica, e menor o número de crimes. Porém, a coação 
psicológica teria o seu papel. 
 
 
Direito Penal – Aplicação das Penas Por Equipe Juspodivm 
 
 
8 
A teoria da prevenção geral positiva diz que a pena tem a função de reforçar ou conservar 
a crença das pessoas na validade da norma. O descumprimento reiterado e não-sancionado de uma 
norma faz com que as pessoas acreditem que ela não vale. A pena teria ainda uma função educativa: 
a sanção pela violação a um valor mostra que tal valor é relevante, e que as pessoas devem pautar 
sua conduta para não violar este valor. Assim, a pena não só impediria a violação do valor, como 
faria com que as pessoas se comportassem positivamente de acordo com o valor. Critica-se a teoria, 
pois segundo essa ideia o direito penal não protegeria bens jurídicos, e sim a validade de normas. A 
função educativa também é criticada, pois parte da premissa de que a sociedade é homogênea, e 
de que há certos valores que devem ser impostos pelo Estado. “Seriam os valores da classe domi-
nante?”, pergunta Nilo Batista. Para Raposo, as críticas devem ser levadas em conta, mas não inva-
lidam a teoria. 
Já a prevenção especial se dirige ao agente do fato específico, procurando evitar que 
ele cometa novos crimes. Pode ser positiva ou negativa. A positiva é a ideia de ressocialização. 
Na prática, essa ideia é uma falácia, mas não deixa de ser um ideal a ser perseguido. Já a 
negativa está relacionada com a segregação: coíbe-se a prática de crimes trancafiando o agente. 
Critica-se essa teoria por utilizar o indivíduo como um meio para um fim socialmente útil (isto se 
aplica a todas as teorias relativas, mas especialmente à prevenção especial negativa). Em última 
análise, o sujeito poderia ser preso para o resto da vida em nome desta finalidade da pena, 
segundo a crítica de Kant. A objeção é pertinente, mas, para Raposo, se levada ao extremo, 
invalidaria qualquer pena. A imposição de sanções no direito em geral é necessária para permitir 
a vida em sociedade. De certa forma, a pessoa pode ser usada como um meio para atingir alguns 
fins. Não se deve adotar uma concepção liberal clássica de 300 anos atrás sobre o indivíduo. 
Mas deve-se ter cuidado para evitar o totalitarismo. 
Ainda há as teorias mistas, ecléticas ou unificadoras, que encontram acolhida em boa parte 
das legislações (ex.: o art. 59 do CP fala em prevenção e repressão). A retribuição existe e serve 
como um parâmetro de proporcionalidade para evitar excessos na sanção com justificativas preven-
tiva, mas não é o único fim da pena. No processo de execução da pena, utilizam-se ferramentas para 
a prevenção (ex.: progressão de regime, trabalho etc.). Pode-se falar, ainda, na teoria unificadora 
dialética de Roxin, que vincula o fim da pena aos momentos da cominação (legislador – prevenção 
geral), condenação (juiz – prevenção geral e especial) e da execução (juiz – prevenção especial). 
Zaffaroni também critica as teorias mistas, pois a conjugação da prevenção com a repressão preju-
dicaria a lógica de cada uma dessas teorias. Além disso, a teoria mista poderia dar margem a abusos: 
o juiz poderia aplicar uma pena maior invocando a prevenção ou a repressão. 
 
 
Direito Penal – Aplicação das Penas Por Equipe Juspodivm 
 
 
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Zaffaroni propõe a teoria negativa ou agnóstica (gnose = conhecimento). A pena seria uma 
manifestação do estadode polícia no Estado Democrático. Não há como fundamentar positivamente 
a pena num Estado Democrático. Assim, o correto seria ter uma postura crítica. Ele reconhece que 
não consegue identificar o fim da pena. Portanto, a pena deveria ser reconhecida como um mal, e 
aplicada de forma excepcional. Para Raposo, se se admitir essa ideia, a pena deveria ser extinta. 
Mas abolir o direito penal seria voltar à barbárie. A violência do Estado é muito mais controlável do 
que a violência particular do mais forte. 
Há ainda o penal, que vê na aplicação e execução da pena a consolidação do sentimento 
coletivo de confiança na autoridade do Estado e na eficiência da ordem jurídica, reforçando no cida-
dão uma atitude durável de fidelidade à Lei. Defende essa corrente o Günther Jakobs. 
Qual a diferença entre o neorretribucionismo e a função preventiva geral em seu aspecto 
positivo, já que ambos visam à reafirmação do Direito e da confiança no Estado? 
Para os preventivistas, atribuem-se esses fins à função preventiva da pena; enquanto, para 
os neorretribucionistas, tal desiderato advém da função retributiva da pena, pois como diz Morselli: 
“O erro dos autores da chamada prevenção geral integradora ou positiva consiste em atribuir tudo isto 
à função geral preventiva da pena, quando, na nossa maneira de ver, trata-se simplesmente dos efeitos 
típicos da função retributiva, exatamente conforme a ótica da concepção clássica, iluminada pela visão 
psicodinâmica neorretributiva. Em síntese, é um erro considerar a consolidação e o reforço dos senti-
mentos de justiça, de fidelidade à Lei e de consciência jurídica coletiva, como objetivos finais da pena 
na concepção de prevenção geral. Devemos, aliás, considerá-los como 'efeitos induzidos', ou seja, 
indiretos, da função retributiva da pena”. 
Teorias sobre as penas 
Teorias absolutas ou retributivas 
(não se vinculam a um fim socialmente útil) 
Retribuição divina 
Retribuição expiatória 
Retribuição moral (Kant) 
Retribuição jurídica (Hegel) 
Retribuição teleológica (Bettiol) 
 Prevenção geral negativa (coação psicológica para a 
inocorrência de crimes) 
Teorias relativas, utilitárias ou preventivas Prevenção geral positiva (reafirmar a norma) 
 
 
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(vinculam-se a um fim socialmente útil) Prevenção especial negativa (trancafiamento, evita 
que sujeito volte a delinquir) 
 Prevenção especial positiva (ressocialização) 
Teorias mistas ou ecléticas ou 
unificadoras 
(conciliam retribuição e prevenção) 
Exemplos: Art. 59 do CP 
Teoria unificadora dialética (Roxin) 
Teoria negativa ou agnóstica Não há nada de positivo na pena (Zaffaroni) 
Neorretribucionismo penal Confirmar a autoridade da norma pela retribuição ao 
seu transgressor (Jakobs) 
Teoria preventiva pode ser 
Geral (voltada para a sociedade) 
Especial (voltada para o infrator) 
Positiva (valor da norma) 
Negativa (coibir a criminalidade) 
É importante destacar um dos princípios fundamentais que regem o Direito Penal, com espe-
cial aplicação na dosimetria penal: o da vedação ao bis in idem. Trata-se do princípio que tem uma 
incidência tanto global, no sentido de se vedar que a pessoa seja, a qualquer tempo, novamente 
julgada por fato em relação ao qual já o foi, e uma incidência dentro do processo, evitando-se a 
consideração de elementares e circunstâncias por mais de uma vez quando da fixação da pena. 
Nesse sentido: 
Dosimetria: tráfico de droga e “bis in idem” 
No HC 112.776/MS, o Tribunal, por maioria, concedeu, em parte, a ordem, para determinar ao juízo 
competente que procedesse à nova fixação da pena imposta ao paciente e fixasse o regime prisional, 
à luz do art. 33 do CP. 
O Plenário destacou que o Pacto de São José da Costa Rica, ratificado no Brasil pelo Decreto 678/92, 
acolhera o princípio do non bis in idem em contexto específico, ao estabelecer que o acusado absolvido 
por sentença passada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos 
(art. 8º, 4). 
Asseverou-se que, a partir de uma compreensão ampliada desse princípio, não restrito à impossibili-
dade das persecuções penais múltiplas, desenvolveu-se uma das mais relevantes funções no direito 
 
 
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penal constitucional: balizar a individualização da pena, com vistas a impedir mais de uma puni-
ção individual pelo mesmo fato em momentos diversos do sistema trifásico adotado pelo 
Código Penal. 
Consignou-se que, embora o art. 42 da Lei 11.343/2006 estabelecesse que o juiz, na fixação das pe-
nas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a 
quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente, nada impediria 
que determinada circunstância — por exemplo, a quantidade de droga apreendida — pudesse ser 
considerada, alternativamente, ou para fixação da pena-base ou para cálculo da fração de redução a 
ser imposta na última etapa da dosimetria (Lei 11.343/2006, art. 33, § 4º). 
Pontuou-se que esse critério, além de afastar ocorrência de bis in idem, prestigiaria o princípio da 
individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI), a possibilitar um sancionamento mais adequado e condi-
zente com a realidade processual. 
HC 112776/MS, Plenário, rel. Min. Teori Zavascki, 19.12.2013. (HC-112776) 
HC 109193/MG, Plenário, rel. Min. Teori Zavascki, 19.12.2013. (HC-109193) 
1.4. SISTEMAS PRISIONAIS 
Historicamente, destacaram-se três sistemas penitenciários: pensilvânico, auburniano e pro-
gressivo. 
1.4.1. Sistema pensilvânico 
O sistema pensilvânico (ou celular) foi introduzido em 1829, na Eastern State Penitentiary, 
localizada na Filadélfia, nos EUA. 
O sistema pensilvânico se caracteriza pelo completo isolamento do condenado, que não pode 
receber visitas, exceto do funcionário, além da obrigação estrita do silêncio. 
No entanto, o sistema foi criticado em razão do completo rigor com que era aplicado. Afinal 
de contas, o preso ficava isolado em cela individual, de tamanho reduzido, recolhido nos três 
turnos, sem atividades laborais e sem visitas, exceto do capelão, do diretor da prisão e dos mem-
bros da sociedade das prisões públicas da Filadélfia. Além disso, os presos eram expostos aos olhos 
dos visitantes como exemplos atemorizantes. 
No mais, o isolamento dos internos configurava uma espécie de tortura refinada, pois causava 
graves transtornos psicológicos. O desespero por interação humana era tamanho que os presos 
tentavam se comunicar com os outros batendo em canos ou sussurrando pela janela. Se os presos 
fossem flagrados pelos guardas agindo dessa forma, sofriam penalidades severas. 
Finalmente, a ofensa à dignidade da pessoa humana, o completo fracasso do objetivo resso-
cializador e os altos custos operacionais do separate system ensejaram severas críticas. Outrossim, 
 
 
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12 
um dos fatores que contribuiu para a sua derrocada foi o aumento da população carcerária, o que 
tornou inviável manter um preso por cela. 
1.4.2. Sistema auburniano 
Em 1796, o governador John Jay, de Nova Iorque, enviou uma comissão à Pensilvânia para 
estudar o sistema celular (sistema do isolamento) que lá se empregava. Nesse mesmo ano, a pena 
de morte e os castigos corporais foram substituídos pela pena de prisão em Nova Iorque. 
Assim, em 1816, com base no sistema pensilvânico, o Capitão Elaes Lynds, da Penitenciária 
de Auburn, em Nova Iorque, adotou o sistema que ficou conhecido como “sistema auburniano” (ou 
sistema do silêncio). 
A rigor, não há grandes diferenças entre o sistema auburniano e o pensilvânico, visto que 
ambos separam os reclusos em celas individuais e preconizam o estrito silêncio. A principal diferença 
é que o sistema auburniano, sobretudo por motivações econômicas, fomentava o trabalho dos presos 
no período diurno e o isolamentono período noturno. 
Por fim, é válido anotar que a prisão de Auburn é uma das mais antigas ainda em funciona-
mento, embora não adote mais o mencionado sistema. 
1.4.3. Sistema progressivo 
O sistema progressivo é considerado um avanço nos sistemas prisionais. Surgiu em 1840, na 
Ilha Norfolk, localizada entre a Nova Zelândia e Nova Caledônia. 
O capitão inglês Maconochie criou o regime de mark system (denominado atualmente de 
“sistema inglês”), no qual distribuía marcas ou vales aos condenados, conforme o comportamento e 
o trabalho realizado. 
A progressão ocorreu em três períodos: 
a) Isolamento celular diurno e noturno: É caracterizado pelo trabalho árduo e pela alimen-
tação escassa; 
b) Trabalho em comum sob a regra do silêncio: O apenado era recolhido em um estabe-
lecimento denominado de public workhouse, sob o regime de trabalho em comum, com a regra do 
silêncio absoluto, durante o dia, mantendo-se a segregação noturna; 
c) Liberdade condicional: O condenado obtinha uma liberdade com restrições, por um perí-
odo determinado. Passado esse período, sem nada que determinasse sua revogação, era-lhe con-
cedida a liberdade de forma definitiva. 
 
 
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13 
1.4.4. Sistema adotado no brasil 
O Brasil adota o sistema prisional progressivo, de modo que o condenado deverá, neces-
sariamente, começar a cumprir a pena em regime mais grave, obtendo a gradação de regime, na 
medida em que cumpre os requisitos objetivos e subjetivos previstos na Lei de Execução Penal. 
1.5. ESPÉCIES DE PENAS 
1.5.1. Quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela pena 
A pena pode ser classificada em cinco espécies: 
a) Pena privativa de liberdade: retira o condenado o seu direito de locomoção, em ra-
zão da prisão por tempo determinado. Não se admite a privação perpétua da liberdade (art. 5º, XLVII, 
“b”, da CF), porém somente a de natureza temporária, pelo máximo de 40 anos para crimes (art. 75 
do CP) ou de 5 anos para contravenções penais (art. 10 da Lei das Contravenções Penais - LCP); 
b) Pena restritiva de direitos: limita um ou mais direitos do condenado, em substituição 
à pena privativa de liberdade. Está prevista no art. 43 do CP e em alguns dispositivos da legislação 
extravagante; 
c) Multa: incide sobre o patrimônio do condenado; 
d) Pena restritiva da liberdade: restringe o direito de locomoção do condenado, sem 
privá-lo da liberdade, ou seja, sem submetê-lo à prisão. Ex.: O banimento é a expulsão de brasileiro 
do território nacional. É vedada pelo art. 5º, XLVII, “d”, da CF. Outrossim, é possível a instituição, por 
lei, de pena restritiva da liberdade, em virtude do art. 5º, XLVI, “a”, da CF. Ex.: O condenado por 
crime sexual é proibido de se aproximar da residência da vítima. A deportação, a expulsão e a extra-
dição de estrangeiros são admitidas, pois têm natureza administrativa, e não de pena, e estão pre-
vistas na Lei 13.445/2017 (Lei da Migração); 
e) Pena corporal: viola a integridade física do condenado. Ex.: penas de açoite, mutila-
ções e marcas de ferro quente. Essas penas são vedadas pelo art. 5º, XLVII, “e”, da CF, em razão 
da crueldade de que se revestem. Excepcionalmente, admite-se a pena de morte, no caso de guerra 
declarada contra agressão estrangeira (art. 5º, XLVII, “a”, da CF) nas hipóteses previstas no Código 
Penal Militar. 
1.5.2. Quanto ao critério constitucional 
Essa classificação de penas está prevista no art. 5º, XLVI e XLVII, da CF. 
 
 
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O art. 5º, XLVI, da CF contempla as penas permitidas. O rol é exemplificativo, porquanto 
são admitidas outras penas. Exemplos.: As penas de privação ou restrição da liberdade, perda de 
bens, multa, prestação social alternativa e a suspensão ou interdição de direitos. 
Em contrapartida, o art. 5º, XLVII, da CF elenca as penas proibidas: a) de morte, salvo em 
caso de guerra declarada; b) caráter perpétuo; c) trabalho forçado; d) banimento; e) cruéis. 
1.5.3. Quanto ao critério adotado pelo Código Penal 
O art. 32 do CP prevê três espécies de pena: a) privativas de liberdade; b) restritivas de direito; 
c) multa. 
2. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
2.1. CONCEITO 
A pena privativa de liberdade é a modalidade de sanção penal que retira o direito de loco-
moção do condenado, em virtude da prisão por tempo determinado. 
2.2. ESPÉCIES 
O ordenamento jurídico brasileiro admite três espécies de penas privativas de liberdade (art. 
33, caput, do CP e art. 5º, I, da LCP): a) reclusão; b) detenção; c) prisão simples. 
Em síntese, temos: 
 Reclusão Detenção Prisão Simples 
Característica 
Reservada para os cri-
mes mais graves 
Reservada para os cri-
mes menos graves 
Reservada para as con-
travenções penais 
Regime inicial de cum-
primento da pena 
Pode ser fechado (art. 34 
do CP), semiaberto (art. 
35 do CP) ou aberto (art. 
36 do CP). 
Só pode ser o semiaberto 
ou aberto. 
Obs.: não cabe regime 
inicial fechado, mas por 
meio da regressão é pos-
sível cumprimento da de-
Semiaberto ou aberto 
Obs.1: não cabe regime 
fechado, nem mesmo por 
meio da regressão. 
Obs.2: deve ser cumprida 
em local distinto dos ape-
nados por crime, sem os 
 
 
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15 
tenção em regime mais ri-
goroso. 
rigores penitenciários 
(art. 6º da LCP). 
Efeitos extrapenais da 
condenação 
Pode ter como efeito a in-
capacidade para o exer-
cício do poder familiar, tu-
tela ou curatela, nos cri-
mes dolosos praticados 
contra os filhos, tutelados 
e curatelados (art. 92, II, 
do CP). 
Esse efeito não é possí-
vel no crime doloso pu-
nido com detenção. 
A prisão simples não so-
fre os efeitos extrapenais 
da condenação referidos 
nos arts. 91 e 92 do CP. 
Interceptação 
Telefônica 
Admite, como meio de in-
vestigação, a intercepta-
ção telefônica do sus-
peito. 
Não admite (a não ser 
que o crime seja conexo 
com um apenado com 
reclusão – STF, AI 
626.214). 
Não admite. 
2.3. REGIMES PENITENCIÁRIOS 
O regime penitenciário é o meio pelo qual se efetiva o cumprimento da pena privativa de 
liberdade. O art. 33, §1º, do Código Penal elenca três regimes: 
a) Fechado: a pena privativa de liberdade é executada em estabelecimento de segurança 
máxima ou média. A Lei 11.671/2008, com as modificações promovidas pela Lei 13.964/2019, disci-
plina o regime fechado de segurança máxima; 
b) Semiaberto: a pena privativa de liberdade é executada em colônia agrícola, industrial ou 
estabelecimento similar; 
c) Aberto: a pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou estabeleci-
mento adequado. 
2.4. FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LI-
BERDADE 
Segundo Cleber Masson, os fatores decisivos na escolha do regime inicial do cumprimento 
da pena privativa de liberdade são (art. 33, §§ 2º e 3º, do CP): a) reincidência; b) quantidade da 
pena; c) circunstâncias judiciais. 
 
 
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De acordo com o STJ, “o regime inicial de cumprimento de pena deve considerar a quantidade 
de pena imposta e a análise das circunstâncias judiciais, assim como eventual reincidência. A gravi-
dade abstrata do crime, por si só, não pode levar à determinação do regime fechado inicialmente, 
pois esta já foi considerada na escala penal a ele cominada.” (6ª Turma. HC 97.656/SP, Rel. Min. 
Jane Silva (Desembargadora convoca do TJ/MG), j. 03/04/2008). 
O juiz sentenciante fixa o regime inicial do cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 
59, III, do CP). No caso de concurso de crimes, considera-se o total das penas impostas, somadas 
(concurso material e concurso formal imperfeito) ou exasperadas de determinado percentual (con-
curso formal perfeito e crime continuado). 
Todavia, se surgirem outras condenações criminais transitadas em julgado durante a exe-
cução da pena, ojuízo da execução deverá somar o restante da pena objeto de execução com 
as novas penas. Em seguida, deverá estabelecer o regime de cumprimento para todas as repri-
mendas. 
Nos crimes hediondos e nos delitos equiparados, o art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 (Lei dos 
Crimes Hediondos) determina que a pena privativa de liberdade seja cumprida em regime inicial-
mente fechado, independentemente de sua quantidade e do perfil subjetivo do acusado (primarie-
dade ou reincidência e circunstâncias judiciais, favoráveis ou desfavoráveis). Noutros termos, o ma-
gistrado não tem discricionariedade no tocante à fixação do regime prisional. 
Entretanto, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, por viola-
ção aos princípios da individualização da pena e da proporcionalidade (Plenário. HC 111.840/ES. 
Rel. Min. Dias Toffoli, j. 27/06/2012) (Info 672). 
Sob esse prisma, o STF já aplicou os regimes semiaberto e aberto aos réus condenados por 
tráfico de drogas, com base nas penas aplicadas e nas circunstâncias judiciais reveladas no caso 
concreto (2ª Turma. HC 133.308/SP. Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 29/03/2016) (Info 819) 
No entanto, o STF reconheceu a constitucionalidade do art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, o qual 
impõe o regime inicial fechado ao condenado pelo crime de tortura (1ª Turma. HC 123.316/SE, Rel. 
Min. Marco Aurélio, j. 09/06/2015) (Info 789). 
Dessa forma, o STF criou uma situação inusitada, uma vez que confere valores diversos a 
crimes que recebem tratamento igual pelo art. 5º, XLIII, da CF. Afinal de contas, a Corte classifica 
como inconstitucional o regime inicial fechado nos crimes hediondos, no tráfico de drogas e no ter-
rorismo e, concomitantemente, reputa-o constitucional no crime de tortura. 
 
 
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No que se refere ao tráfico de drogas privilegiado (art. 33, §4º, da Lei 11.343/06), nota-se 
que se trata de um crime constitucionalmente equiparado ao hediondo, porém acompanhado de uma 
minorante. 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofere-
cer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou 
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui-
nhentos) dias-multa. (...) 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto 
a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja primário, 
de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização crimi-
nosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 
Contudo, o STF decidiu que o tráfico de drogas não se submete às disposições da Lei 
8.072/90, pois não se assemelha aos delitos dessa estirpe (Plenário. HC 118.533/MS, Rel. Min. Cár-
men Lúcia, j. 23/06/2016) (Info 831). 
O STJ, em um primeiro momento, acolheu entendimento diverso e editou a súmula 512: “A 
aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, §4º, da Lei 11.343/2006 não afasta a 
hediondez do crime de tráfico de drogas”. Todavia, com a superveniência da posição adotada pelo 
STF, essa súmula foi cancelada no dia 23 de novembro de 2016. 
2.5. REGRAS DOS REGIMES 
2.5.1. Regime fechado 
O condenado somente poderá ser encaminhado à penitenciária após expedição da Guia de 
Recolhimento (art. 107 da LEP). O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a 
exame criminológico (art. 34 do CP) para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada 
classificação e com vista à individualização da execução. Ele ficará sujeito ao trabalho no período 
diurno e ao isolamento durante o repouso noturno. O trabalho deverá ser viabilizado de acordo com 
as aptidões do preso e desde que compatível com a execução da pena: 
Regras do Código Penal 
Art. 34. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de 
classificação para individualização da execução. 
§ 1º O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. 
§ 2º O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupa-
ções anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Congresso/RSF-05-2012.htm
 
 
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§ 3º O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. 
Regras da LEP 
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas apti-
dões e capacidade. 
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no 
interior do estabelecimento. 
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as 
necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. 
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica, salvo nas 
regiões de turismo. 
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade. 
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado. 
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com 
descanso nos domingos e feriados. 
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os 
serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. 
O trabalho externo somente é admitido em serviços ou obras públicas, realizadas por órgãos 
da Administração Pública direta e indireta, ou por entidades privadas, desde que seja garantida a 
disciplina e a segurança contra fugas, e que não ultrapasse 10% da mão de obra. 
Regras da LEP 
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou 
obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde 
que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. 
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na 
obra. 
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse 
trabalho. 
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso. 
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá 
de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. 
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato de-
finido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabe-
lecidos neste artigo. 
2.5.2. Regime semiaberto 
A pena privativa de liberdade em regime prisional semiaberto deve ser cumprida em colô-
nia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (art. 91 da LEP). 
 
 
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19 
O condenado pode ser alojado em compartimento coletivo, com salubridade do ambiente pela 
concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência 
humana. 
No mais, as dependências coletivas devem ter os seguintes requisitos (art. 92, parágrafo 
único, da LEP): a) seleção adequada dos presos; e b) o limite de capacidade máxima que atenda os 
objetivos de individualização da pena. 
Consoante o art. 35, caput, do CP, o exame criminológico, a exemplo do que ocorre com o 
fechado, é obrigatório no início do cumprimento da pena no regime semiaberto.No entanto, preva-
lece o entendimento de que esse exame é facultativo, em virtude da regra do art. 8º, parágrafo único, 
da LEP (princípio da especialidade): “Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o 
condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto”. 
De qualquer forma, é imprescindível a expedição da Guia de Recolhimento para que a pena 
seja cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. 
Art. 8º da LEP. O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será 
submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada clas-
sificação e com vistas à individualização da execução. 
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento 
da pena privativa de liberdade em regime semiaberto. 
O condenado fica sujeito ao trabalho em comum durante o período diurno. É admissível o 
trabalho externo, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de 
segundo grau ou superior (art. 35, §§ 1º e 2º, do CP). Além disso, assim como no regime fechado, o 
trabalho externo deve ser efetuado sob vigilância, porém não depende do prévio cumprimento de no 
mínimo 1/6 da pena (art. 37 da LEP). 
Art. 35 do CP. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumpri-
mento da pena em regime semiaberto. 
§ 1º. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, 
industrial ou estabelecimento similar. 
§ 2º. O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, 
de instrução de segundo grau ou superior. 
De acordo com a Súmula 269 do STJ, é admissível a adoção do regime prisional semiaberto 
aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias 
judiciais. 
 
 
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 Importante: O STJ reconhece que o condenado em regime semiaberto, que cumpre prisão 
domiciliar, tem direito à remição pelo trabalho (http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunica 
cao/Noticias-antigas/2018/2018-04-03_08-08_Sexta-Turma-reconhece-remicao-de-pena-por-traba-
lho-durante-prisao-domiciliar.aspx) 
2.5.3. Regime aberto 
O regime aberto se baseia na autodisciplina e no senso de responsabilidade do conde-
nado (art. 36, caput, do CP). 
De acordo com o STJ, é possível impor o regime inicial aberto ao agente primário condenado 
a pena igual ou inferior a quatro anos se, embora negativas as circunstâncias judiciais, não há ele-
mentos concretos que indiquem a necessidade de regime mais severo: 
“A despeito de o § 3º do art. 33 do Código Penal dispor que para a escolha do modo inicial de cumpri-
mento da pena deverão ser observados os critérios do art. 59, não fica o julgador compelido a fixar 
regime mais gravoso do que o cabível em razão do quantitativo da sanção imposta, ainda que presente 
circunstância judicial desfavorável. 
Assim, embora a definição da pena-base acima do mínimo legalmente previsto autorize, nos termos 
do art. 33, § 3º, do Código Penal, a fixação do regime inicial imediatamente mais grave do que o esta-
belecido em razão do quantum da pena aplicada, nada impede que o julgador deixe de recrudescer o 
modo prisional se entender que aquele cominado ao montante da pena imposta se mostra suficiente à 
reprovação do delito. 
É possível, portanto, concluir que a negativação de circunstâncias judiciais, ao contrário do que ocorre 
quando reconhecida a agravante da reincidência, confere ao julgador a faculdade - e não a obrigatori-
edade - de recrudescer o regime prisional.” (REsp 1.970.578/SC, rel. min. Olindo Menezes (Desem-
bargador convocado do TRF1ª Região), Sexta Turma, j. 03/05/2022). 
A pena é cumprida na Casa de Albergado, cujo prédio deve se situar em centro urbano, 
separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra 
a fuga. Em cada região, haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além 
dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras. O estabelecimento 
terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados (arts. 93 a 95 da LEP). 
O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso 
ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias 
de folga (art. 36, §1º, do CP). 
O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das con-
dições impostas pelo juiz (art. 113 da LEP). 
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunica
 
 
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21 
De acordo com o art. 114 da LEP, somente poderá ingressar no regime aberto o condenado 
que: a) estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; b) apresentar, 
pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de 
que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime. 
Algumas pessoas podem ser dispensadas do trabalho em virtude de sua condição especial 
(art. 114, parágrafo único, da LEP): 
a) Condenado maior de 70 anos; 
b) Condenado acometido de doença grave; 
c) Condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; 
d) Condenada gestante. 
O juiz pode modificar as condições estabelecidas para o regime aberto, de ofício, a requeri-
mento do Ministério Público, da autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circuns-
tâncias assim o recomendem (art. 116 da LEP). 
2.5.4. Comparação entre os regimes 
 Regime fechado Regime semiaberto Regime aberto 
Local de cumprimento 
Estabelecimento de segu-
rança máxima ou média 
(penitenciárias). 
Colônia agrícola, industrial 
ou estabelecimento simi-
lar. 
Casa do albergado ou esta-
belecimento adequado 
Características principais 
1. Limitação das atividades 
em comum dos presos; 
2. Maior controle e vigilân-
cia sobre o preso; 
3. Regime reservado ao 
preso de maior periculosi-
dade; 
4. O preso trabalha no pe-
ríodo diurno e fica isolado 
no período noturno; 
5. A realização de exame 
criminológico é obrigató-
ria; 
6. Permissão de saída; 
7. Remição (trabalho e es-
tudo). 
1. Trabalho em comum 
dos presos; 
2. Mínimo de segurança e 
vigilância sobre o preso; 
3. Regime reservado ao 
preso de menor periculosi-
dade; 
4. O preso trabalha em co-
mum durante o período 
diurno; 
5. A realização do exame 
criminológico é facultativa; 
6. Permissão de saída; 
7. Saída temporária; 
8. Remição (trabalho e es-
tudo). 
1. Baseia-se na autodisci-
plina e no senso de res-
ponsabilidade dos conde-
nados; 
2. O preso, fora do estabe-
lecimento e sem vigilância, 
pode trabalhar, frequentar 
cursos ou exercer outra 
atividade autorizada, per-
manecendo recolhido du-
rante o período noturno e 
nos dias de folga; 
3. Não existe previsão de 
exame criminológico nesse 
regime; 
4. Remição (estudo). 
 
 
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22 
2.5.5. Súmula Vinculante 56: aplicabilidade aos regimes semiaberto e aberto 
No dia 29 de junho de 2016, o STF aprovou a súmula vinculante 56: “A falta de estabeleci-
mento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, 
devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros focados no RE 641.320/RS''. 
O enunciado foi criado com o objetivo de evitar o cumprimento da pena privativa de liberdade 
em regime prisional mais gravoso do que o determinado na sentença ou no acórdão, ou do que o 
autorizado por lei, em razão da ausência de vagas ou de condições específicas que o possibilitem. 
As deficiências estruturais do sistema penitenciário e a incapacidade do Estado de prover 
recursos materiais que viabilizem a implementação de determinações impostaspela Lei de Execução 
Penal não podem frustrar o exercício, pelo condenado, de direitos subjetivos que lhe foram conferidos 
pelo ordenamento jurídico, sob pena de caracterizar o excesso de execução, o qual é vedado pelo 
art. 185 da LEP. 
Registre-se, ainda, que a realidade do sistema prisional brasileiro revela a violação do sistema 
progressivo, pois os regimes semiaberto e aberto foram praticamente abandonados no âmbito da 
execução penal. Assim, não são raras as vezes que a reprimenda é cumprida integralmente no re-
gime fechado, misturando os detentos que se encontram corretamente nele com aqueles que já de-
veriam estar em regimes menos gravosos. 
Notadamente, a situação viola os princípios constitucionais da individualização da pena e da 
legalidade, pois a pena é cumprida em regime diverso daquele previsto em lei. 
Ademais, o precedente jurisprudencial citado na súmula vinculante foi o RE 641.320, no qual 
a Suprema Corte fixou os seguintes parâmetros: 
a) A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em 
regime prisional mais gravoso; 
b) Os juízes da execução penal podem avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes 
semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabeleci-
mentos que não se qualificassem como "colônia agrícola ou industrial" (regime semiaberto) ou "casa 
de albergado ou estabelecimento adequado” (regime aberto) (CP, art. 33, §1º, “b” e “c”); 
c) havendo déficit de vagas, deve ser determinada: (1) a saída antecipada de sentenciado no 
regime com falta de vagas; (2) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que saia 
 
 
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23 
antecipadamente ou seja posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (3) o cumprimento de penas 
restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que obtenha a progressão ao regime aberto.1 
Por fim, para o STJ, a Súmula Vinculante 56 do STF não se aplica aos presos provisórios. 
Em sede de custódia cautelar, não existe propriamente cumprimento de pena, razão pela qual sequer 
se pode falar em diferenciação entre regimes prisionais durante a prisão preventiva (ou temporária).2 
2.6. PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL 
Como foi visto, existem três sistemas clássicos que disciplinam a progressão de regime de 
cumprimento de pena privativa de liberdade: 
a) Sistema da Filadélfia: o preso fica isolado em sua cela, sem sair dela, salvo esporadica-
mente para passeios em pátios fechados; 
b) Sistema de Auburn: o condenado, em silêncio, trabalha durante o dia com outros presos 
e se submete ao isolamento no período noturno; 
c) Sistema progressivo: o condenado fica isolado no início do cumprimento da pena privativa 
de liberdade, porém, posteriormente, é autorizado a trabalhar na companhia de outros presos. Na 
última etapa, é colocado em liberdade condicional. 
No Brasil, o art. 33, § 2º, do Código Penal e o art. 112, caput, da Lei de Execução Penal 
adotaram o sistema progressivo. 
A progressão de regime integra a individualização da pena, em sua fase executória, e des-
tina-se ao cumprimento de sua finalidade de prevenção especial, mediante a busca da preparação 
do condenado para reinserção na sociedade. 
O benefício depende do preenchimento de dois requisitos cumulativos: objetivo e subjetivo. 
O requisito objetivo é o cumprimento de parte da pena no regime anterior. 
O art. 112 da LEP estabelecia em regra como critério objetivo o cumprimento de no mínimo 
um sexto da pena (ou 2/5 ou 3/5 da pena, em caso de crimes hediondos ou equiparados, se primário 
ou reincidente, respectivamente) no regime anterior. 
 
1 STF. Plenário. RE 641.320/RS. Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 11/05/2016 (Info 825). 
2 STJ. 5ª Turma. RHC 99.006/PA. Rel. Min. Jorge Mussi, j. 07/02/2009 (Info 642). 
 
 
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24 
Com o advento da Lei 13.964/2019, o tema sofreu grandes modificações. Agora, existem 
diversas escalas de valores, variando de 16% a 70% do cumprimento da pena no regime anterior, 
em razão da natureza do crime, de eventual resultado morte e do perfil do condenado. 
Nesse sentido, confira o teor do art. 112, I ao VIII, da LEP: 
“Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para 
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: 
I – 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem 
violência à pessoa ou grave ameaça; 
II – 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à 
pessoa ou grave ameaça; 
III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com 
violência à pessoa ou grave ameaça; 
IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à 
pessoa ou grave ameaça; 
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou 
equiparado, se for primário; 
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, 
vedado o livramento condicional; 
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada 
para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou 
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; 
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou 
equiparado; 
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado 
com resultado morte, vedado o livramento condicional. 
O requisito subjetivo é o mérito, presente quando o condenado ostentar “boa conduta car-
cerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento” (art. 112, §1º, da LEP). Esse requisito deve ser 
demonstrado pelo condenado, no curso da execução, para merecer a progressão. 
É necessário que se reconheça a provável capacidade do condenado de adaptar-se ao re-
gime menos rigoroso. Nesse contexto, o comportamento mau ou sofrível normalmente indica a inap-
tidão para o regime mais brando, ou seja, o apenado não apresenta condições para se ajustar ao 
novo regime. Essa análise deve ser efetuada pelo magistrado no caso em concreto, de forma funda-
mentada, levado em conta os elementos efetivamente presentes na situação apresentada ao seu 
julgamento. 
 
 
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2.6.1. Progressão especial para mulher gestante ou que for mãe ou responsável por 
criança ou pessoa com deficiência 
O art. 112, §3º, da LEP contempla uma modalidade especial de progressão de regime prisio-
nal para a mulher gestante e para a mulher que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas 
com deficiência. 
A gravidez, qualquer que seja seu estágio, deve ser provada por exame pericial (ultrassono-
grafia ou meio equivalente). Diante do silêncio da lei, a gravidez pode ser anterior ou posterior ao 
início de cumprimento da pena. Logo, nada impede que a mulher, já presa em virtude de condenação 
definitiva, venha propositalmente a engravidar durante uma visita íntima, com a finalidade de ser 
beneficiada pela progressão especial. 
Por outro lado, a filiação e a idade do filho devem ser comprovadas pela certidão de nasci-
mento (ou documento similar) da criança. Já a condição de pessoa com deficiência deve ser provada 
por laudo médico ou outro documento idôneo. Ex.: A sentença de interdição civil. 
Notadamente, a condenada não terá direito à progressão especial, quando tiver sido judicial-
mente decretada sua suspensão ou destituição do poder familiar (nos termos do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, art. 155 e seguintes), por qualquer motivo diverso do cumprimentoda pena. 
A progressão especial depende de requisitos cumulativos. 
Os requisitos objetivos são (art. 112, § 3º, da LEP): a) não ter cometido crime com violência 
ou grave ameaça a pessoa; b) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; c) ter cum-
prido, pelo menos, o lapso de 1/8 da pena no regime anterior. 
Os requisitos subjetivos, por seu turno, são (art. 112, § 3º, da LEP): a) ser primária e ter 
bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; b) não ter integrado 
organização criminosa. 
Por derradeiro, o benefício será revogado, quando a condenada praticar novo crime doloso 
ou falta grave (art. 112, §4º, da LEP). Essa revogação depende de decisão judicial, com respeito à 
ampla defesa, e não exclui a regressão a qualquer dos regimes mais gravosos (art. 118, I, da LEP). 
2.6.2. Proibição da progressão “por salto” 
O ordenamento jurídico pátrio não admite a progressão "por saltos'', consistente na passagem 
direta do regime fechado para o aberto. Não se pode pular o estágio no regime semiaberto, em razão 
da necessidade de recuperação gradativa do condenado para retornar à sociedade. 
 
 
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Para afastar qualquer controvérsia, o STJ editou a súmula 491: “É inadmissível a chamada 
progressão per saltum de regime prisional”. 
A corroborar o exposto acima, confira o entendimento externado pelo STF; 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. INTEMPESTIVI-
DADE. PROGRESSÃO, PER SALTUM, DE REGIME PRISIONAL. IMPOSSIBILIDADE. Recurso ordi-
nário em habeas corpus intempestivo. Ainda que se pudesse ultrapassar o óbice processual, o recor-
rente não teria direito à progressão de regime per saltum. Precedentes. Recurso ordinário em habeas 
corpus não conhecido. 
(RHC 99776, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 03/11/2009, DJe-027 DI-
VULG 11-02-2010 PUBLIC 12-02-2010 EMENT VOL-02389-03 PP-00471 LEXSTF v. 32, n. 374, 2010, 
p. 396-398) 
No mais, a progressão “por salto” somente é admitida em casos teratológicos. Ex.: O conde-
nado, depois de já ter cumprido 16% da pena no regime fechado e conseguido progressão para o 
regime semiaberto, não obtém vaga nesse regime. Assim, o condenado permanece mais 16% no 
regime fechado. Logo, será possível, por ineficiência do Estado, o salto para o regime aberto. 
2.6.3. Progressão e crimes contra a Administração Pública 
De acordo com o art. 33, § 4º, do CP, nos crimes contra a Administração Pública, a progressão 
está condicionada, além do cumprimento do percentual previsto em lei e do mérito do condenado, 
ao requisito específico, consistente na reparação do dano causado ou na devolução do produto 
do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
2.7. REGRESSÃO 
A regressão é a transferência do condenado para o regime prisional mais severo do que 
aquele em que se encontra. Ex: O preso estava no regime semiaberto e é removido para o regime 
fechado. 
As hipóteses que autorizam a regressão de regime estão previstas no art. 118, I e II, §1º, 
da LEP: 
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transfe-
rência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: 
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; 
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne 
incabível o regime (artigo 111). 
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos an-
teriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. 
 
 
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No que se refere ao art. 118, I, da LEP, se a falta grave for praticada no regime fechado, o 
prazo para a obtenção da progressão será interrompido, caso em que o reinício da contagem do 
requisito objetivo terá como base a pena remanescente (art. 112, § 6º, da LEP). 
A relação de faltas graves está prevista, taxativamente, no art. 50, caput, da LEP: 
Art. 50 da LEP. “Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: 
I – Incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; 
II – Fugir; 
III – Possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; 
IV – Provocar acidente de trabalho; 
V – Descumprir, no regime aberto, as condições impostas; 
VI – Inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39 da LEP. 
VII – Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a 
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo; 
VIII – recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.” 
No que concerne ao crime doloso, basta a sua prática para autorizar-se a regressão, de modo 
que não se exige a existência de condenação definitiva. Aliás, a prática de crime doloso constitui, por 
si só, falta grave (art. 52, caput, da LEP). 
Art. 52 da LEP. “A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar 
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou 
estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes ca-
racterísticas:” (...) 
Essa também é a orientação consagrada na Súmula 526 do STJ: 
O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no 
cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo 
penal instaurado para apuração do fato. 
Em respeito à ampla defesa, no caso de falta grave, a regressão somente poderá ser deter-
minada após o condenado ser ouvido (art. 118, § 2º, da LEP). 
2.7.1. Regressão “por saltos” 
Ao contrário do que se prevê para a Progressão de Regime, é admitida a regressão “por 
saltos”, isto é, a passagem direta do regime aberto para o fechado. Isso é o que podemos compre-
ender com a leitura do art. 118, caput, da LEP, que se refere à “transferência para qualquer dos 
regimes mais rigorosos”. 
 
 
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2.8. REGIME ESPECIAL 
De acordo com o art. 37 do CP, as mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, 
observando os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal. 
O art. 83, § 2º, da LEP determina que os estabelecimentos penais destinados às mulheres 
deverão ser dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar dos seus filhos, inclusive ama-
mentá-los, no mínimo, até 6 meses de idade. 
Os estabelecimentos penais destinados às mulheres deverão possuir, exclusivamente, agen-
tes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas (art. 83, §3º, da LEP). 
Tais regras se coadunam com o art. 5º, XLVIII, da CF, segundo o qual: “a pena será cumprida 
em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do penado”. De 
igual modo, o art. 82, § 1º, da LEP estabelece que: “a mulher e o maior de 60 (sessenta) anos, 
separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal.” 
Por oportuno, o STF já reconheceu a viabilidade do habeas corpus coletivo e, concomitan-
temente, determinou “a substituição da prisão preventiva pela domiciliar – sem prejuízo da aplica-
ção concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP – de todas as mulheres 
presas, gestantes, puérperas, ou mães de crianças e deficientes sob sua guarda, nos termos do 
art. 2º do ECA e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiências”. Assim, segue a 
síntese do julgado: 
A Turma, preliminarmente, por votação unânime, entendeu cabível a impetração coletiva e, por maioria, 
conheceu do pedido de habeas corpus, vencidos os Ministros Dias Toffoli e Edson Fachin, que dele 
conheciam emparte. Prosseguindo no julgamento, a Turma, por maioria, concedeu a ordem para de-
terminar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar – sem prejuízo da aplicação concomitante 
das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP – de todas as mulheres presas, gestantes, 
puérperas, ou mães de crianças e deficientes sob sua guarda, nos termos do art. 2º do ECA e da 
Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiências (Decreto Legislativo 186/2008 e Lei 
13.146/2015), relacionadas nesse processo pelo DEPEN e outras autoridades estaduais, enquanto 
perdurar tal condição, excetuados os casos de crimes praticados por elas mediante violência ou grave 
ameaça, contra seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser 
devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício. Estendeu a ordem, de ofício, às 
demais mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e de pessoas com deficiência, 
bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica situação no território na-
cional, observadas as restrições previstas acima. Quando a detida for tecnicamente reincidente, o juiz 
deverá proceder em atenção às circunstâncias do caso concreto, mas sempre tendo por norte os prin-
cípios e as regras acima enunciadas, observando, ademais, a diretriz de excepcionalidade da prisão. 
Se o juiz entender que a prisão domiciliar se mostra inviável ou inadequada em determinadas situa-
ções, poderá substitui-la por medidas alternativas arroladas no já mencionado art. 319 do CPP. Para 
apurar a situação de guardiã dos filhos da mulher presa, dever-se-á dar credibilidade à palavra da mãe. 
Faculta-se ao juiz, sem prejuízo de cumprir, desde logo, a presente determinação, requisitar a elabo-
ração de laudo social para eventual reanálise do benefício. Caso se constate a suspensão ou destitui-
ção do poder familiar por outros motivos que não a prisão, a presente ordem não se aplicará. A fim de 
se dar cumprimento imediato a esta decisão, deverão ser comunicados os Presidentes dos Tribunais 
 
 
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Estaduais e Federais, inclusive da Justiça Militar Estadual e Federal, para que prestem informações e, 
no prazo máximo de 60 dias a contar de sua publicação, implementem de modo integral as determina-
ções estabelecidas no presente julgamento, à luz dos parâmetros ora enunciados. Com vistas a con-
ferir maior agilidade, e sem prejuízo da medida determinada acima, também deverá ser oficiado ao 
DEPEN para que comunique aos estabelecimentos prisionais a decisão, cabendo a estes, indepen-
dentemente de outra provocação, informar aos respectivos juízos a condição de gestante ou mãe das 
presas preventivas sob sua custódia. Deverá ser oficiado, igualmente, ao Conselho Nacional de Justiça 
– CNJ, para que, no âmbito de atuação do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema 
Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas, avalie o cabimento de intervenção 
nos termos preconizados no art. 1º, § 1º, II, da Lei 12.106/2009, sem prejuízo de outras medidas de 
reinserção social para as beneficiárias desta decisão. O CNJ poderá ainda, no contexto do Projeto 
Saúde Prisional, atuar junto às esferas competentes para que o protocolo de entrada no ambiente 
prisional seja precedido de exame apto a verificar a situação de gestante da mulher. Tal diretriz está 
de acordo com o Eixo 2 do referido programa, que prioriza a saúde das mulheres privadas de liberdade. 
Os juízes responsáveis pela realização das audiências de custódia, bem como aqueles perante os 
quais se processam ações penais em que há mulheres presas preventivamente, deverão proceder à 
análise do cabimento da prisão, à luz das diretrizes ora firmadas, de ofício. Embora a provocação por 
meio de advogado não seja vedada para o cumprimento desta decisão, ela é dispensável, pois o que 
se almeja é, justamente, suprir falhas estruturais de acesso à Justiça da população presa. Cabe ao 
Judiciário adotar postura ativa ao dar pleno cumprimento a esta ordem judicial. Nas hipóteses de des-
cumprimento da presente decisão, a ferramenta a ser utilizada é o recurso, e não a reclamação, como 
já explicitado na ADPF 347. Tudo nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Edson Fachin. 
Falaram: pelas pacientes, o Dr. Carlos Eduardo Barbosa Paz, Defensor Público-Geral Federal, pelo 
Coletivo de Advogados em Direitos Humanos (CADHU), as Dras. Eloisa Machado de Almeida e Na-
thalie Fragoso e Silva Ferro; pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o Dr. Rafael Muneratti; 
pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, o Dr. Pedro Paulo Carriello; pelo Instituto Brasi-
leiro de Ciências Criminais – IBCCRIM, pelo Instituto Terra Trabalho e Cidadania – ITTC e Pastoral 
Carcerária, a Dra. Débora Nachmanowicz de Lima; pelo Instituto Alana, o Dr. Pedro Affonso Duarte 
Hartung; pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), a Dra. Luciana Simas; e pelo 
Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), a Dra. Dora Cavalcanti. Presidência do Ministro Edson 
Fachin. 2ª Turma, 20.2.2018. 
2.9. REMIÇÃO 
Entende-se como remição o benefício, de competência do juízo da execução, consistente no 
abatimento de parte da pena privativa de liberdade pelo trabalho ou pelo estudo. 
Em relação ao trabalho, a remição consiste no desconto de 1 dia de pena a cada 3 dias de 
trabalho, exclusivamente em favor do preso que cumpre pena no regime fechado ou semiaberto (art. 
126, §1º, II, da LEP). 
A atividade laborativa pode ser realizada no estabelecimento penal onde a pena é cumprida 
ou em local externo. É o que se extrai da Súmula 562 do STJ: É possível a remição de parte do 
tempo de execução da pena, quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha 
atividade laborativa, ainda que extramuros”. 
A remição não pode ser aplicada ao condenado que cumpre a pena no regime aberto. Com 
efeito, o art. 126, caput, da LEP limita o instituto aos regimes fechado e semiaberto. Além disso, o 
regime aberto pressupõe o trabalho do preso, de modo que sua recusa autoriza até mesmo a regres-
são de regime prisional (art. 36, §§ 1º e 2º, da LEP). 
 
 
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Conforme o art. 33 da LEP, somente pode ser considerada, para fins de remição, a jornada 
completa de trabalho, ou seja, quem laborar menos de 6 horas em um dia não terá direito ao abati-
mento. Não é possível o condenado aproveitar o excedente às 8 horas de trabalho na mesma data. 
Todavia, o STF já admitiu a remição na hipótese de jornada de trabalho diária inferior a 6 
horas, quando isso ocorreu em razão do cumprimento de determinação do estabelecimento prisional. 
(2ª Turma, RHC 136.509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 04/04/2017). (Info 860). 
Segundo o STJ, no cálculo da remição devem ser considerados os dias efetivamente traba-
lhados, ainda que nos domingos e feriados e sem autorização do juízo da execução ou da direção 
do estabelecimento prisional. O que importa é a busca pela ressocialização, a qual fica mais próxima 
com o desempenho da atividade laborativa. (5ª Turma. HC 346.948/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares 
da Fonseca, j. 21/06/2016) (Info 586). 
No que tange ao estudo, a remição consiste no desconto de 1 dia de pena a cada 12 horas 
de frequência escolar, divididas em, no mínimo, 3 dias, em atividade de ensino fundamental, 
médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional (art. 126, §1º, 
I, da LEP). 
O limite máximo para o estudo do preso é de 4 horas diárias. As atividades superiores a 
esta quantidade não podem ser reconhecidas para fins de remição, porém nada impede o acú-
mulo de 12 horas de estudo em período mais dilatado. Ex.: O condenado estuda 2 horas diárias 
ao longo de 6 dias. 
Ademais, o tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 no caso de 
conclusão do ensino fundamental, médio ou superior

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