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Slides de Aula II Literatura Brasileira Poesia - Graziela

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Profa. Dra. Lígia Menna
UNIDADE II
Literatura Brasileira:
Poesia
 Com a Independência do Brasil, três fatos sobre a literatura 
no país precisam ser destacados.
1. Sentimento patriótico: os poetas passaram a tematizar 
sobre o país ao valorizar sua natureza e idealizar seu povo 
nativo (não descendente dos europeus).
2. Conscientização sobre a literatura nacional: discussão 
sobre o que é literatura nacional, quais autores são 
brasileiros, há literatura distinta e autônoma, entre outras 
questões, levando a estudos sistematizados sobre a 
história da literatura no Brasil.
Historiografia e escolarização da poesia brasileira
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Exp
osi%C3%A7%C3%A3o_do_Centen%C3%A
1rio_de_1922-_Selo_comemorativo.jpg
3. Escolarização da literatura: o ensino de literatura 
nos colégios passou a ser mais sistematizado devido 
à produção e à adoção de compêndios sobre a 
literatura (história, autores, movimentos).
 No Brasil, a literatura nacional é institucionalizada a 
partir do início do século XIX e, por meio de análise dos 
programas, o Colégio Pedro II serve como modelo para 
um sistema educacional a ser implantado no país.
Historiografia e escolarização da poesia brasileira
Colégio Pedro II e a Igreja de S. 
Joaquim, 1856
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Colegio_Pedro_II_(1856).jpg
 A perspectiva histórica da literatura foi e 
continua sendo sistematizada pelos 
estudiosos da literatura brasileira.
 Tal perspectiva foi adotada na escola no 
século XIX e permanece vigorando até 
hoje nos manuais didáticos e no 
cotidiano da escola.
Historiografia e escolarização da poesia brasileira
Colégio Pedro II, 1957
Fonte: 
https://commons.wikimedi
a.org/wiki/File:In%C3%AD
cio_do_ano_letivo_no_Col
%C3%A9gio_Pedro_II.tif
História da literatura 
Fonte: adaptado de: livro-texto.
Estilo (nome) Época Centro Autores Traços
Literatura
informativa
Século XVI
Litoral brasileiro,
nas pequenas
vilas estabelecidas
(extração de
pau-brasil).
Os viajantes: Caminha,
Léry, os padres,
padre Anchieta.
Literatura afinada com
objetivos pragmáticos
(relatos para o leitor
europeu ou catequese).
Barroco Século XVII
Bahia (açúcar), vida
urbana rala, sem
edição e com pouca
circulação de livros.
Gregório de Matos,
padre Vieira.
Ainda objetivos
pragmáticos, mas já com
ideias estéticas: cultivo de
antíteses, paradoxos.
História da literatura 
Fonte: adaptado de: livro-texto.
Estilo (nome) Época Centro Autores Traços
Arcadismo
Século XVIII
(metade)
Minas Gerais, as
primeiras grandes
cidades brasileiras.
Cláudio Manoel da Costa,
Tomás Antônio Gonzaga,
Basílio da Gama,
Silva Alvarenga.
Reverência às formas
e aos temas clássicos
convencionados:
bucolismo, carpe diem.
Romantismo
Século XIX até
os anos 1870
Rio de Janeiro,
capital do novo país.
Gonçalves Dias,
Álvares de Azevedo,
Fagundes Varela,
Castro Alves...
Busca da identidade
nacional (índio, natureza)
e individualismo.
Realismo e
Naturalismo
1880-1922 Rio de Janeiro.
Machado de Assis,
Aluísio de Azevedo...
Exame da realidade
popular, com lente darwinista.
Continua
História da literatura 
Fonte: adaptado de: livro-texto.
Estilo (nome) Época Centro Autores Traços
Parnasianismo 1880-1922 Rio de Janeiro.
Olavo Bilac,
Alberto de Oliveira,
Raimundo Correia.
Classicismo, afastamento
da realidade social,
refinamento.
Simbolismo 1880-1922 Várias cidades.
Cruz e Sousa,
Alphonsus de 
Guimaraens,
Eduardo Guimaraens.
Temas espirituais e
filosóficos, trabalho
formal expressivo.
Modernismo 1922-1930
São Paulo, cidade
industrial, moderna.
Mario de Andrade,
Oswald de Andrade,
Manuel Bandeira...
Grande experimentação na
busca de nova definição
da identidade nacional.
História da literatura 
Fonte: adaptado de: livro-texto.
Estilo (nome) Época Centro Autores Traços
1930-1945 Rio de Janeiro
Carlos Drummond
de Andrade,
Vinicius de Moraes,
Mario Quintana,
Cecília Meireles,
Murilo Mendes.
Traço filosófico,
ampla liberdade
formal e temática.
João Cabral de Melo Neto. Poesia seca, contida.
Concretismo 1945-1960
São Paulo,
Rio de Janeiro
Haroldo de Campos,
Décio Pignatari,
Augusto de Campos.
Vanguarda formal,
com aspirações
cosmopolitas.
Poesia
marginal
1960-1970
Grandes
cidades
Ferreira Gullar e outros,
nos anos 1960;
poesia marginal,
próxima da canção.
Poesia fragmentada
e de resistência contra
a ditadura nos anos 1960;
poesia de celebração,
mais singela e
comunicativa,
nos anos 1970.
 Do período colonial (de 1500 a 1822), a literatura 
recebeu tais nomes: Literatura Informativa, Barroco e 
Arcadismo (manifestações culturais).
Literatura Informativa:
 Relaciona-se com a chegada dos portugueses ao Brasil, 
vista como Mundo Novo;
 Além da sua certidão de nascimento na Carta de 
Caminha a D. Manuel, houve no Brasil difusão da 
poesia universal.
Panorama dos estilos literários brasileiros na poesia: fase colonial
Capitanias, 1574
Fonte: 
https://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Capitanias.jpg
Barroco:
 Trata-se de um modo de fazer arte ligado às ideias católicas da Contrarreforma,
movimento nascido na Itália;
 Floresceu nos países em que a religião de Roma triunfava – poemas cheios de tensão
e ambiguidades.
Arcadismo:
 os poemas eram fantasias sobre viver em campos bucólicos, 
onde corriam riachos magníficos e pastavam animais mansos; 
a fantasia complementava com a figura de uma personagem 
pastora, no lugar da mulher amada;
 as expressões latinas usadas eram carpe diem (aproveite o 
dia), fugere urbem (fugir da cidade) e locus amoenus
(local aprazível).
Panorama dos estilos literários brasileiros na poesia: fase colonial
O ensino de literatura no Brasil:
a) Foi formalizado apenas no século XX, com estudiosos como Antonio Candido e
Alfredo Bosi.
b) Segue hoje a formalização historiográfica criada no século XIX.
c) Sofreu alteração radical desde sua formalização no século XIX.
d) Segue com diferentes métodos, entre eles o historiográfico.
e) É versátil e flexível, diferenciando-se muito da formalização inicial.
Interatividade 
O ensino de literatura no Brasil:
a) Foi formalizado apenas no século XX, com estudiosos como Antonio Candido e
Alfredo Bosi.
b) Segue hoje a formalização historiográfica criada no século XIX.
c) Sofreu alteração radical desde sua formalização no século XIX.
d) Segue com diferentes métodos, entre eles o historiográfico.
e) É versátil e flexível, diferenciando-se muito da formalização inicial.
Resposta 
Moraliza o poeta, nos ocidentes do sol, a inconstância dos 
bens do mundo
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.” (MATOS, 1990, p. 230)
Gregório de Matos e o Barroco
Imagem: 
Narciso, de 
Caravaggio
Fonte: 
https://commons.
wikimedia.org/wi
ki/File:Narcissus-
Caravaggio_(15
94-96).jpg
Romantismo:
 1ª geração – tem como características principais a religiosidade, o indianismo, o apego à 
natureza; fazem parte Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.
 2ª geração – chamada também de ultrarromântica ou mal do século, caracteriza-se pelo 
excesso dos sentimentos do poeta, sendo o pessimismo e o desencanto pela vida as 
principais temáticas (Álvares de Azevedo).
 3ª geração – marcada pela poesia social devido ao desejo de
transformação da sociedade (Castro Alves).
Panorama dos estilos literários brasileiros na poesia: fase da
identidade nacional
Caspar David Friedrich, 1818
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wanderer_above_the_Sea_of_Fog.jpg
Parnasianismo:
 poemas revelam gosto pela descrição nítida, por metrificação 
tradicional, preocupação formal e um ideal de impessoalidade.
Simbolismo:
 avanço para posições mais universais. Musicalidade e 
linguagem hermética e simbólica. É preciso decifrar.
Modernismo:
 visava atualizar culturalmente o 
país, colocando-o no mesmo 
nível dos países que haviam 
atingido a independência tanto 
no plano político quanto no 
cenário das artes plásticas, da 
música e da literatura.
Panorama dos estilos literários brasileiros na poesia: fase da
identidade nacional
Flores do Mal, de Charles Baudelaire, 1857
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fleurs-du-mal_titel.jpg
Modernismo:
 Primeira fase, de 1922 a 1930 – foi, evidentemente, de grande efervescência, pois ainda 
enfrentava muito próximo e frontalmente o paradoxismo de uma metrópole provinciana, os 
estilos e os críticos favoráveis à estética e às ideias contra as quais os modernistas
se insurgiam;
 Segunda fase, de 1930 a 1945 – literatura politizada, crítica da situação
político-social vigente;
Terceira fase, de 1945 a 1956 – coincidiu com dois
eventos políticos:
 no cenário mundial, o fim da Segunda Guerra Mundial;
 e no nacional, o fim da ditadura Vargas.
 No plano literário, a poesia volta a buscar as formas estéticas, 
retomando-se o conceito de “arte pela arte”, porém nem tanto 
“arte pela arte”, já que operava com temas sociais.
Panorama dos estilos literários brasileiros na poesia: fase de transgressão
e inovação
 Corresponde à desmontagem do sistema vigente. 
 Essa literatura leva à emergência de uma consciência crítica e à inclusão sistemática de 
temas e processos retirados da cultura popular oral. 
 Os poetas modernistas tentaram captar o discurso do excluído, escutar as vozes até então 
mantidas marginalizadas.
 Marco do Modernismo – Semana de Arte Moderna (100 anos em 2022).
Literatura dessacralizadora
Anita Malfati, Mario de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Group_of_Five_collage.png
“Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15”
ANDRADE, Oswald. In: GALVÃO, W. N. Modernismo. São Paulo: Global, 2008, p. 118.
Canto de regresso à pátria, de Oswald de Andrade
Zumbi dos Palmares, Alagoas
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki
/File:Zumbi_dos_palmares.jpg
 Paródia; tomada de consciência crítica à terra natal.
 A identidade nacional não está apenas no indianismo, ou seja, na busca da figura idealizada 
do primeiro povo americano. 
 “Minha terra tem palmares / onde gorjeia o mar”. 
 O Brasil passou a ser constituído também por outro grupo social: os africanos, que chegaram 
às terras brasileiras, por mar, na condição de escravos. Na luta contra a escravidão, 
formaram local de fuga e proteção: os palmares.
Canto de regresso à pátria, de Oswald de Andrade
A poesia apresenta uma
revolução literária: 
 novas ideias e novas temáticas; 
 fuga das fórmulas e dos 
preconceitos estabelecidos; 
 ruptura do tradicional; 
 destruição do espírito conservador;
 atualização de uma
consciência criadora.
Literatura dessacralizadora
Pintura Operários, de Anita Malfati. Projeção em comemoração ao 100 anos da 
Semana de Arte Moderna (Palácio do Governo do Estado de São Paulo, 13/02/22)
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Imagens_da_proje%C3%A7%C3%A3o_de
_obras_de_arte_em_comemora%C3%A7%C3%A3o_aos_100_anos_da_Semana_
de_Arte_Moderna_(51880554104).jpg
Ode ao burguês
“Eu insulto o burguês! O burguês-níquel
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, 
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os ‘Printemps’ com as unhas!
(...)”
(ANDRADE, 1980, p. 275)
Ode ao burguês, Mário de Andrade
Mário de Andrade 
(1893-1945)
Fonte: 
https://commons.w
ikimedia.org/wiki/F
ile:Mario_de_andr
ade_1928b.png
Sobre literatura brasileira:
I. O Romantismo deu à literatura o caráter de literatura nacional, agindo como força 
sacralizante ao recuperar e solidificar seus mitos fundadores.
II. O Modernismo procurou refletir sobre a formação identitária do brasileiro em um processo 
em permanente movimento de construção/desconstrução.
III. Na procura do discurso do excluído, o Modernismo caracterizou-se pela dessacralização.
Está correto o que se afirma em:
a) I.
b) II.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) III.
Interatividade 
Sobre literatura brasileira:
I. O Romantismo deu à literatura o caráter de literatura nacional, agindo como força 
sacralizante ao recuperar e solidificar seus mitos fundadores.
II. O Modernismo procurou refletir sobre a formação identitária do brasileiro em um processo 
em permanente movimento de construção/desconstrução.
III. Na procura do discurso do excluído, o Modernismo caracterizou-se pela dessacralização.
Está correto o que se afirma em:
a) I.
b) II.
c) I e III.
d) I, II e III.
e) III.
Resposta
“Cai, cai balão
Cai, cai balão
Na Rua do Sabão!
O que custou arranjar aquele balãozinho de papel! 
Quem fez foi o filho da lavadeira. 
Um que trabalha na composição do jornal e tosse muito. 
Comprou o papel de seda, cortou-o com amor, compôs os gomos 
oblongos... 
Depois ajustou o morrão de pez ao bocal de arame.
Ei-lo agora que sobe – pequena coisa tocante na escuridão do céu. 
(continua)
Fonte: https://www.academia.org.br/academicos/manuel-
bandeira/biografia
Na rua do sabão, de Manuel Bandeira
Manuel Bandeira (1866-1968)
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/Fi
le:Carlos_Drummond_de_Andrade_e
_Manuel_Bandeira_(cropped).tif
Levou tempo para criar fôlego. 
Bambeava, tremia todo e mudava de cor. 
A molecada da Rua do Sabão 
Gritava com maldade: 
Cai cai balão!
Subitamente, porém, entesou, enfunou-se e arrancou das mãos que o tenteavam. 
E foi subindo... 
para longe... 
serenamente... 
Como se o enchesse o soprinho tísico do José.
Cai cai balão!
(continua)
Na rua do sabão, de Manuel Bandeira
Fonte: 
https://pixabay.com/pt/vectors/bal%c3%a3o-
de-ar-quente-bal%c3%a3o-listrado-312574/
A molecada salteou-o com atiradeiras 
assobios 
apupos 
pedradas.
Cai cai balão!
Um senhor advertiu que os balões são proibidos pelas posturas municipais. 
Ele foi subindo... 
muito serenamente... 
para muito longe...
Não caiu na Rua do Sabão. 
Caiu muito longe... Caiu no mar – nas águas puras do mar alto.”
BANDEIRA, Manuel. Bandeira a vida inteira.
Rio de Janeiro: Alumbramento, 1986, p. 70.
Na rua do sabão, de Manuel Bandeira
Fonte: 
https://pixabay.com/pt/vectors/bal%c3%a3o-
de-ar-quente-bal%c3%a3o-listrado-312574/
Inclusão da cultura popular:
 Cantiga junina, anunciando assim, de chofre, um motivo popular: “Cai cai balão / Cai cai 
balão / Na Rua do Sabão!”;
 Predominam no poema os versos brancos, mas se há na abertura uma rima simples e 
ingênua, é própria de cantigas populares e folclóricas; 
 A canção popular também remonta ao discurso oral, presente nas sociedades mais pobres.
Na rua do sabão, de Manuel Bandeira
 Obra de formas multifacetadas do imaginário oral e 
popular brasileiro. 
 Esse poema épico, de 1931, é constituído de 33 cantos 
breves e evoca mitos amazônicos.
Cobra Norato, de Raul Bopp
Fonte: 
https://www.amazon.com.br/Cobra-
Norato-Raul-Bopp/dp/850300528X O núcleo temático é o mito das cobras, o qual 
procede da Amazônia e parece ter interseção 
com o mito da Teiniaguá, a enorme serpente 
que se escondia nos subterrâneos da igreja 
de São Miguel. 
 Há, portanto, níveis de hibridação cultural no 
poema ao subverter ao mesmo tempo a 
interpretação mítico-popular e a interpretação 
da Igreja Católica para a lenda da
Cobra Grande.
Cobra Norato, de Raul Bopp
Fonte: 
https://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Boitata.png
“I
Um dia 
eu hei de morar nas terras do Sem-fim
Vou andando caminhando caminhando
Me misturo no ventre do mato mordendo raízes
Depois
faço puçanga de flor de tajá de lagoa
e mando chamar a Cobra Norato
[...]
Brinco então de amarrar uma fita no pescoço
e estrangulo a Cobra.
(continua)
Cobra Norato, de Raul Bopp
Fonte: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-
brasileira/cobra-norato-nas-aguas-amazonicas.htm
Agora sim
me enfio nessa pele de seda elástica 
e saio a correr mundo
Vou visitar a rainha Luzia
Quero me casar com sua filha
– Então você tem que apagar os olhos primeiro
O sono escorregou nas pálpebras pesadas”
BOPP, Raul. Cobra Norato. 28. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009, p. 3.
Cobra Norato, de Raul Bopp
Por ser um poema épico, embora com muito lirismo, há necessidade de:
 um herói – Cobra Norato;
 um objeto de busca – a filha da rainha Luzia;
 um opositor – a Cobra Grande;
 personagens que auxiliem o herói a realizar seu objetivo – o tatu-de-bunda-seca.
 A viagem de Cobra Norato é para decifrar a “floresta cifrada”.
Raul Bopp superpõe:
 referenciais míticos, poéticos e mágicos (dos contos infantis);
 falares brasileiros, como o erudito e o popular, misturando 
vocábulos africanos e indígenas;
 o ritual antropofágico da devoração cultural e, especialmente, 
o congraçamento heterogêneo da festa de casamento, da 
identidade nacional.
Cobra Norato, de Raul Bopp
 Até o final do século XIX, a relação entre a literatura (a arte, de forma geral) e a religião 
baseava-se no modelo confrontativo: acreditava-se que a arte era incompatível com o rigor e 
a clareza da doutrina.
 Depois, a arte passou a ser vista com base em valores cognitivos e mesmo espirituais para a 
reflexão e a prática teológica.
 Nesse novo modelo, o correlativo, a literatura não é julgada como “literatura cristã”, mas pela 
relevância que as obras podem ter para a reflexão sobre a religião de maneira geral, com 
base no lugar e na posição própria em que surgem.
A poesia e sua relação com o sagrado
Fonte: 
https://pixabay.com/pt/photos/velas-
luz-de-vela-luzes-chama-64177/
 A imagem usual que os leitores brasileiros têm do poeta 
Augusto dos Anjos é de ser um poeta maldito, famoso pelo 
materialismo e por seu pessimismo. 
 O materialista não é ateu, é aquele que vê na base material 
da existência, seja a natureza, universo, sociedade, cultura, 
corpo e tantos outros aspectos e realidades, a explicação 
para tudo.
 Augusto dos Anjos passou a ser identificado como 
materialista e, em sua obra poética, assume postura 
existencial e emprega vocabulário rebuscado e científico.
Augusto dos Anjos: um místico com Deus
Augusto dos Anjos (1884-1914)
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Augusto_Anjos.jpg
Sobre as relações entre literatura e religião, é correto afirmar que: 
a) Há sempre muita distância entre literatura e religião.
b) A literatura sempre foi e continua sendo sagrada.
c) Sua relação tem mudado ao longo dos tempos, depende o estilo literário.
d) Não há religiosidade na literatura.
e) Não há a temática “religiosidade” em textos literários.
Interatividade 
Sobre as relações entre literatura e religião, é correto afirmar que: 
a) Há sempre muita distância entre literatura e religião.
b) A literatura sempre foi e continua sendo sagrada.
c) Sua relação tem mudado ao longo dos tempos, depende o estilo literário.
d) Não há religiosidade na literatura.
e) Não há a temática “religiosidade” em textos literários.
Resposta
“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!”
ANJOS, Augusto dos. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 280.
Versos íntimos, de Augusto dos Anjos
Fonte: 
https://www.amazon.com.br
/Toda-poesia-Augusto-dos-
Anjos/dp/8503010941/ref=a
sc_df_8503010941/?tag=go
ogleshopp00-
20&linkCode=df0&hvadid=3
79792153187&hvpos=&hvn
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711220590&hvpone=&hvpt
wo=&hvqmt=&hvdev=c&hvd
vcmdl=&hvlocint=&hvlocphy
=1001773&hvtargid=pla-
787091196414&psc=1
 A presença do divino se manifesta sob a forma de um sentimento doloroso de privação 
espiritual diante da explicação meramente materialista do mundo. Essa manifestação se dá 
de forma negativa.
 Os tercetos, principalmente, opõem-se ao mandamento cristão “Ama a teu próximo como
a ti mesmo”. 
 Pensamento filosófico brasileiro do final do século XIX e do início do século XX, em que 
predominava o sanchismo. 
 Francisco Sanches (1552-1623), médico e filósofo, encarna a postura da “alma medieval”.
Versos íntimos, de Augusto dos Anjos
 Poeta cristão como poucos escritores do século XX entre 
os nacionais e estrangeiros.
 Influência seminal sobre o poeta exercida pela 
religiosidade católica de sua infância, junto à paisagem 
solar de sua terra natal (Alagoas) e aos ritos e mitos de 
seu povo, mas sobretudo ao reencontro com a fé cristã em 
meio às bruscas transformações sociais e ideológicas do 
século XX.
Jorge de Lima: terra sagrada, religião na poesia
Jorge de Lima (1893-1953)
Fonte: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/Fil
e:Jorge_de_Lima,_anos_1940.tif
“Louvado seja N. S. Jesus Cristo
E a mãe dele – Nossa Senhora, minha madrinha.
Louvado seja o que é d’Ele e d’Ele vem:
ritos, amitos, benditos, são beneditos
Louvadas sejam suas palavras tão bonitas:
Gloria Patri, Aleluia, Salve Rainha e também suas palavras 
misteriosas: per omnia secula, vita eterna, amen. 
(continua)
Poema de Jorge de Lima 
Sagrada Família (Santa Ana, Maria e José), El Greco, 
1600
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:BMVB_-
_Dom%C3%A9nico_Theotok%C3%B3poulus_-
_La_Sagrada_Fam%C3%ADlia_amb_Santa_Anna_i_Sant
_Joanet_-_8606.jpg
Louvado seja este louvado em nome d’Ele
E mais louvado que este ‘louvado’ – Jesus 
Cristo mais a mãe d’Ele – Nossa Senhora, 
minha madrinha.
Louvadas sejam as virtudes teologais e entre 
elas três seja louvada a Fé.
Louvados sejam os santos nacionais 
martirizados pelos caetés.
Poema de Jorge de Lima 
Louvadas sejam as coisas religiosas:
santas missões e procissões, sermões.
Louvado seja o meu país cristão
pelo tempo da Páscoa descoberto
todo enfeitado como um céu aberto.
Louvado seja esse Jesus d’aqui.
Jesus camarada, Cristo bonzão,
a quem todo brasileiro ofende tanto
contando sempre com o seu perdão.”
LIMA, Jorge de. Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958, p. 
306-307.
 Nos versos “Louvado seja o meu país cristão / pelo tempo da Páscoa descoberto / todo 
enfeitado como um céu aberto”, verificamos a inserção de um eu poético em seu povo
de origem. 
 Ser cristão é dádiva de nascença, e nascer no chão pátrio, em contrapartida, é uma bênção, 
como ressaltam os versos “Louvados sejam os santos nacionais / martirizados pelos caetés”.
 O poeta recorre ao imaginário provinciano nordestino como forma de resistência aos ideais 
republicanos que separaram definitivamente os campos eclesial e civil. 
 O “povo cristão”, no poema, concerne ao povo-nação, sujeito coletivo de uma história,língua 
e estilo de vida, bem como ao povo pobre, excluído dos privilégios do poder e do saber.
Poema de Jorge de Lima 
 Bagagem, publicado em 1976, é o primeiro livro 
de Adélia Prado, considerado original por 
despontar no contexto político da ditadura, mas 
comprometido mais com a lírica doméstico-
religiosa do que com o lado político-ideológico. 
 Além disso, a obra não se filia aos ideais 
feministas nem segue o experimentalismo formal, 
em voga entre os poetas.
Adélia Prado: poesia materno-teologal
Adélia Prado (1935-)
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Adelia_prado_2014_flickr.jpg
 Nos poemas de Adélia Prado perpassam a fé e a crença, as 
quais atravessam igualmente as correntes mais puramente 
humanas da vida cotidiana, descobrindo ali o transcendente. 
 Para Adélia Prado, sua poesia é derivada e nascida da 
mesma fonte de todo Poema, que é a Palavra de Deus. 
 Ela também poetiza o cotidiano.
Adélia Prado: poesia materno-teologal
Fonte: https://www.amazon.com.br/Poesia-reunida-Capa-
Ad%C3%A9lia-
Prado/dp/8501069353/ref=d_pd_sbs_sccl_2_3/144-
3273754-3910731?pd_rd_w=VsXN8&content-
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b0d48b8e39ac&pd_rd_i=8501069353&psc=1
“Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o ‘de’, o ‘aliás’, o ‘o’, o ‘porém’ 
e o ‘que’, esta incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é o Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada. 
Em momentos de graça, infrequentíssimos, 
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.”
PRADO, Adélia. Poesia reunida. 8. ed. São Paulo: Siciliano, 1999, p. 22.
Antes do nome, de Adélia Prado
A inspiração é assumidamente divina. Antes do nome está o Nome que a tudo nomeia e por 
nada e ninguém pode ser nomeado. 
O Nome apresenta-se impronunciável pelos humanos, mas, de forma misericordiosa, faz-se 
acessível à carne perecível e mortal, destinada à morte e transpassada de finitude.
O ser humano, além de ser um ouvinte da Palavra, é um ser criador e emissor de palavra, um 
ser de linguagem. A linguagem da fé tem o potencial de criar e transformar a realidade. 
A palavra pronunciada antes que tudo fosse nomeado será a transcrição teografada dessa 
Palavra que era “no princípio”, quando só existia “o caos esplendido”
– Palavra que um dia se fez carne, o Verbo encarnado.
Antes do nome, de Adélia Prado
“Confeito
Quero comer bolo de noiva,
puro açúcar, puro amor carnal
disfarçado de corações e sininhos:
um branco, outro cor-de-rosa,
um branco, outro cor-de-rosa.” 
O poema de Adélia Prado:
a) Trata de uma questão do mundo masculino.
b) Rompe com as tradições.
c) Poetiza o cotidiano.
d) Foge das referências religiosas.
e) Assume tom pessimista.
Interatividade 
“Confeito
Quero comer bolo de noiva,
puro açúcar, puro amor carnal
disfarçado de corações e sininhos:
um branco, outro cor-de-rosa,
um branco, outro cor-de-rosa.” 
O poema de Adélia Prado:
a) Trata de uma questão do mundo masculino.
b) Rompe com as tradições.
c) Poetiza o cotidiano.
d) Foge das referências religiosas.
e) Assume tom pessimista.
Resposta
ANDRADE, M. de. Poesias Completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.
ANJOS, A. dos. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
BANDEIRA, M. Bandeira a vida inteira. Rio de Janeiro: Alumbramento, 1986.
BOPP, R. Cobra Norato. 28. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.
GALVÃO, W. N. Modernismo. São Paulo: Global, 2008.
LIMA, J. de. Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958.
MATOS, G. de. Obra poética. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1990.
PRADO, A. Poesia reunida. 8. ed. São Paulo: Siciliano, 1999.
Referências
ATÉ A PRÓXIMA!

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