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Planejamento e Gestão do Processo Publicitário Aula 6: Estratégias de Gestão de Marcas Apresentação A personalidade de uma marca é construída a partir de suas ações de comunicação, seu design e seu comportamento social. Os novos desa�os dos mercados em constantes mudanças exigem que os pro�ssionais inovem cada vez mais na estratégia de conhecimento das marcas, através de conceitos abrangentes de Marketing, como o de branding. Fazer branding é gerir uma marca com o objetivo de transformá-la em algo desejado e admirado pelo consumidor, algo que desperte sentimentos positivos na mente dele. Objetivos Esclarecer as diferenças entre produto e marca; De�nir o conceito e as aplicações do branding; Analisar a construção de marcas fortes e o conceito de brand equity. Gestão de marca Enquanto os produtos existem em prateleiras e estoques de loja, as marcas habitam a mente e o coração do consumidor. Elas representam, além de produtos e serviços, valores e promessas. Seu valor �nanceiro se torna maior quanto maior for a percepção de valor, pelo público consumidor. E esse valor não se restringe somente a aspectos racionais como durabilidade, funcionalidade, garantia; contempla aspectos emocionais como status, preocupação social, ecológica e política. Quanto maior o valor que um consumidor dá a uma marca, mais forte seu vínculo emocional com ela, e menores são as chances de ele trocar essa marca por uma concorrente. Para isso, é necessário desenvolver um posicionamento diferenciado na mente dos consumidores, ter uma identidade bem de�nida. Certas marcas são sagradas para os consumidores, seus nomes remetem imediatamente a atributos positivos, benefícios e valores. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Pessoa analizando produtos no mercado (Fonte: Freepik). A personalidade de uma marca é construída a partir de suas ações de comunicação, seu design e seu comportamento social. Escolhemos as marcas que amamos, em um misto de decisões racionais e emocionais, utilizando critérios como empatia, a�nidade, desejo. Quando elas estabelecem uma relação conosco, tornam-se símbolos de con�ança para nós. A tabela a seguir apresenta a relação do consumidor com o produto e a marca. Produto Marca Realidade Percepção O que ele faz Valores que associamos a ele Racional Emocional e simbólico Existe para ampliar as escolhas Existe para simpli�car as escolhas Têm atributos e benefícios Têm valores Brand equity A diversidade de opções de comunicação, bem como a complexidade das ofertas, aumentou muito nos últimos anos, o que vem impondo novos desa�os aos pro�ssionais que cuidam da imagem e da estratégia das marcas. Um conceito de Marketing que vem sendo utilizado, cada vez mais, nas estratégias de marcas é o de branding e, por conseguinte, o de brand equity. Icones mostrando Brand Equity (Fonte: Shutterstock). Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Mas o que é branding? Vejamos algumas de�nições: De�nição da American Marketing Association (AMA) Branding é “a ação de fazer com que um potencial consumidor identi�que a sua marca como a única solução que ele busca”. De�nição de Paulino Sulz (2019) “Branding, ou brand management, envolve ações relacionadas ao propósito, valores da marca e o seu posicionamento, gerando uma conexão com o público de modo a in�uenciar suas decisões de compra.” De�nição de Kotler; Keller (2012, p. 258) Branding é “um meio poderoso de garantir vantagem competitiva. Às vezes, os pro�ssionais de Marketing só percebem a real importância da �delidade à marca quando mudam um elemento crucial dela.” Fazer branding é gerir uma marca com o objetivo de transformá-la em algo desejado e admirado pelo consumidor, algo que desperte sentimentos positivos em sua mente. Podemos entender que o termo branding signi�ca gestão de uma marca. Não se trata de trabalhar uma marca apenas em relação à concorrência, mas sim em relação ao seu consumidor. Segundo Luciano Montelatto (2016), essa gestão de marca compreende um conjunto de medidas formadas por três pilares: 1 Detalhamento do público-alvo Com base em segmentação e pesquisas. 2 Posicionamento da marca De�nir a identidade e a personalidade da marca. 3 Construção multissensorial Explorar os cinco sentidos do consumidor na sua experiência com a marca. Em dossiê da Revista HSM (2019), o branding é discutido como uma era que deixa de ser contida pelo Marketing e vai além dele. Seus efeitos são penetrantes. Trata-se de não só entender como conquistar clientes, mas investigar o que ocorre para perdê-los. A atração de novos clientes divide o foco de atenções com a retenção dos já existentes. "Branding signi�ca dotar bens e serviços com o poder de uma marca. Tem tudo a ver com criar diferenças. Os pro�ssionais de Marketing precisam ensinar aos consumidores “quem” é o produto — batizando-o e utilizando outros elementos de marca para identi�cá-lo —, a que ele se presta e por que o consumidor deve se interessar por ele. O branding diz respeito a criar estruturas mentais e ajudar o consumidor a organizar seu conhecimento sobre os produtos de modo a tornar sua tomada de decisão mais clara e, nesse processo, gerar valor à empresa." - Kotler; Keller (2012, p. 259) de�nem que: A gestão da imagem de uma empresa por meio do branding considera como ela deve se instalar na mente do consumidor e produzir nele uma sensação positiva. Keller; Machado (2006) a�rmam que o branding é dotar os produtos/serviços de brand equity, ou seja, atribuir valores agregados a um produto ou serviço, de forma que sua marca seja identi�cada por tais atributos. Pessoas construindo a palavra BRAND (Fonte: Freepik). Esse valor pode se re�etir no modo como os consumidores pensam, sentem e agem em relação à marca, bem como nos preços, na participação de mercado e na lucratividade gerada pela marca." - Kotler; Keller (2012, p. 260) acrescentam que: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Brand equity, portanto, é um conceito que reforça a importância do planejamento estratégico para a gestão de uma marca. Sampaio a�rma que: "Brand equity é o valor adicional da marca sob o prisma do consumidor e da empresa que a possui para diferenciar seus produtos/serviços e a própria organização (ou instituição, pessoa e ideia). Para o consumidor, é o quanto ele se dispõe a pagar a mais devido à síntese da experiência positiva de valor que a somatória do valor que a marca lhe assegura – com base no seu (dela) passado e na perspectiva do futuro. Para a organização, é a somatória do valor de sua franquia de mercado, ou seja, a multiplicação de quantas pessoas a preferem e de quanto cada uma está disposta a pagar adicionalmente ao custo de um bem ou serviço pelo qual ela representa em seu universo de consumo." A seguir, vamos analisar o artigo de Patrícia Winters, "for New Coke, 'what price success?”, extraído da Revista Advertising Age de 20 de março 1989 (apud Keller; Machado, 2006, p. 6). Clique nos botões para ver as informações. Um dos erros mais clássicos do Marketing ocorreu nos Estados Unidos em 1985, quando a Coca-Cola alterou a fórmula de sua marca principal de refrigerante por motivos primordialmente competitivos. A promoção "Desa�o Pepsi" da Pepsi- Cola representou um forte desa�o à supremacia da Coca no mercado das colas. Começando pelo Texas, a promoção envolvia propaganda e degustação em lojas com a realização de testes cegos com o consumidor entre a Coca-Cola e a Pepsi-Cola. A Pepsi invariavelmente ganhava nesses testes. Temendo que a promoção, se ampliada nacionalmente, abocanhasse grande parte de suas vendas, especialmente entre os jovens, a Coca-Cola sentiu-se pressionada a agir. A estratégia da empresa foi mudar a fórmula da Coca para aproximá-la do sabor levemente mais adocicado da Pepsi. Para chegar a essa nova fórmula, a Coca-Cola realizou testes de sabor com um número impressionante de consumidores -190 mil. Essa pesquisa demonstrava claramente que a "esmagadora" maioria dos consumidores preferia o sabor da nova fórmula ao da antiga. Cheia de con�ança, a Coca-Cola anunciou a mudança na fórmula com muito alvoroço. A reação do consumidor foi veloz, mas, infelizmente para a Coca-Cola, negativa. Em Seattle, o investidor imobiliário aposentado Gay Mullins fundou a associação Old Cola Drinkers of America (Bebedores da Antiga Coca dos Estados Unidos) e colocou uma linha telefônica gratuita à disposição de consumidores zangados. Enquanto isso, a sede da Coca-Cola era assolada por cerca de 1.500 telefonemas por dia e por, literalmente, caminhões de cartas, praticamente todas condenando as ações da empresa. Por �m, após vários meses de queda nas vendas, a Coca-Cola anunciou que a antiga fórmula retornaria com o nome de Coca-Cola Classic, juntando-se no mercado à New Coke. A derrocada da New Coke ensinou à Coca uma lição muito importante: a Coca-Cola claramente não é vista pelos consumidores norte-americanos apenas como uma bebida ou um refrigerante para matar a sede; ela é vista mais como um ícone norte-americano e muito do seu apelo não se deve a seus ingredientes, mas sim ao que ela representa em termos de cultura norte-americana e nostalgia e a seu legado e relacionamento com os consumidores. A imagem de marca da Coca-Cola certamente tem componentes emocionais, e os consumidores nutrem muitos sentimentos fortes pela marca. Embora a Coca-Cola tenha cometido muitos outros erros no lançamento da New Coke (a propaganda e a embalagem não conseguiam diferenciar claramente a marca nem comunicavam sua qualidade mais adocicada), seu maior "escorregão" foi perder de vista o que a marca representa para os consumidores em seu conjunto. A reação psicológica a uma marca pode ser tão importante quanto a reação �siológica ao produto. Ao mesmo tempo, o consumidor norte-americano também aprendeu uma lição - quanto a marca Coca-Cola realmente signi�ca para ele. Depois desse �asco de Marketing da Coca-Cola, é pouco provável que qualquer dos lados venha a menosprezar a importância do outro. O case da Coca-Cola �cou famoso mundialmente como um dos piores erros de pesquisa de mercado da história, e ganhou proporção maior ainda por ser da gigante Coca-Cola. Recentemente, em 2019, em ação genial, o produto malfadado da empresa foi relançado, em edição limitada, na terceira temporada da série Stranger Things, da Net�ix. Como a série se passa no ano de 1985 e traz diversos referenciais nostálgicos da época, inclusive mostra marcas e produtos muito consumidos naquela década, um dos episódios fez menção à New Coke. Os idealizadores da série é que tiveram essa ideia e não cobraram nenhum centavo pela inserção da marca no episódio, no entanto, a Coca-Cola colocou a marca Net�ix nas cerca de 500 mil latinhas da New Coke, que foram vendidas apenas no Estados Unidos. O público pôde adquirir o produto de três formas: comprando a edição limitada em um pack de Stranger Things contendo uma garrafa de vidro da Coca-Cola tradicional, uma latinha de Coca Zero e uma latinha de New Coke; em vending machines temáticas da série espalhadas pelas grandes cidades americanas no período do verão; ou comprando ingressos para o museu da Coca-Cola em Atlanta. A intenção da empresa não foi dar uma segunda chance para a fórmula da New Coke, mas sim fortalecer ainda mais sua marca, cumprindo a premissa básica do brand equity baseado no cliente, a de que a força de uma marca está na presença que ela consegue registrar na mente do consumidor a partir de sua experiência com ela. Estudo de caso: lição de Branding da Coca-cola Keller; Machado (2006, p. 36) a�rmam que “o desa�o que se apresenta aos pro�ssionais de Marketing para construir uma marca forte é assegurar que os clientes tenham os tipos certos de experiências com produtos, serviços e seus programas de Marketing.” O brand equity baseado no cliente, ou customer-based-brand-equity (CBBE) busca entender o comportamento do consumidor para avaliar de que forma os diferenciais de uma marca atuam sobre a resposta do consumidor a ela. Se um cliente reage favoravelmente a um produto ou serviço cuja marca foi identi�cada na divulgação, isso signi�ca que a marca possui um brand equity positivo. Quando a marca se torna um diferencial na escolha do cliente, entende-se que ela possui um brand equity positivo. Pessoa empilhando blocos de madeira Fonte: Freepik. Atividade 1. Analise o case das Sandálias Havaianas sob a perspectiva do brand equity, de Kotler; Keller (2012, p. 288). Baseado na texto, faça uma comparação do brand equity da marca Havaianas nas décadas de 1970 e 1980 com o atual brand equity da marca. 2. A partir do estudo de caso da Havaianas, essa estratégia de branding adotada pela empresa possui força e garante que a empresa conquiste a �delidade de seu público? 3. Conceitue branding, branded content e brand equity. Fatores de de�nição de brand equity De acordo com Kotler; Keller (2012), existem três componentes que atuam na de�nição de um brand equity positivo ou negativo: javascript:void(0); 1 Diferença na resposta do consumidor Se o produto não se diferencia pela marca, não existe brand equity e o produto é um commodity e provavelmente a concorrência ocorre pelo preço. 2 Conhecimento da marca pelo consumidor Resultado da experiência do consumidor com a marca, crenças pensamentos e imagens associadas a ela. 3 Reações a partir do marketing da marca Percepções e comportamentos relacionados com a maior ou menor força de comunicação de uma marca. Vejamos, a partir do case da Knorr, como a empresa vem trabalhando o brand equity. Clique nos botões para ver as informações. A marca da sopa do consumidor trocou descrições de produtos por contação de histórias e ganhou valor da marca. A marca global de alimentos Unilever Knorr tem uma coleção de produtos pouco interessantes, como sopas, molhos e molhos, mas ganha mais de US$ 3 bilhões por ano. Duas vezes nos últimos dois anos, ela contou histórias que se tornaram virais - uma conquista incrível que fornece aprendizado a outras pessoas. Knorr é uma marca cujas raízes remontam a uma sopa de ervilha seca em 1889 e ao cubo de caldo de carne em 1912. A marca registrada sempre foi o sabor, proporcionando às donas de casa e cozinheiros pro�ssionais acesso aos aromas e gostos mais interessantes, deliciosos e únicos. O desa�o é como comunicar essa missão e os produtos que a habilitam. Sabor de Casa O primeiro vídeo viral, lançado em 25 de março de 2015, foi inspirado em duas realizações: uma pesquisa que constatou que mais de 80% dos entrevistados consideram que cozinhar é uma expressão de amor e que sabor é mais que sabor; trata-se de emoções provocadas por momentos signi�cativos, comprometidos com a memória e ligados ao sentido. (Fonte: David Aaker, 10.01.2017, para o site da American Marketing Association – tradução nossa). O case demonstra a força de se trabalhar um valor de marca na mente do consumidor. A Knorr que, aparentemente, possui produtos com pouco apelo e diferenciação, busca trabalhar sua diferenciação através do sabor, atributo com o qual sempre trabalhou, e com uma nova estratégia de comunicação, que é o storytelling. Estudo de caso: receita de Knorr para conteúdo viral Etapas para construção de uma marca forte Para construir uma marca forte, algumas etapas são importantes neste processo (KELLER; MACHADO, 2006): Criar identi�cação da marca Buscar uma associação da marca com uma categoria especí�ca ou com alguma necessidade do cliente. Criar um signi�cado para a marca Estabelecer um vínculo da marca na mente do cliente, criar um conjunto de associações que façam a marca ter um signi�cado singular para o consumidor. Estimular respostas à marca Provocar respostas adequadas a essa identi�cação e signi�cados que atribuem à marca. Conversão em relacionamento Fazer com que a resposta à marca se transforme em �delidade de marca.A partir desse modelo, entende-se que a construção de uma marca pressupõe a estruturação de um amplo e profundo conhecimento da marca, cujo relacionamento com o cliente é harmonioso e próximo, com alto de grau de �delidade e compartilhamento dessa experiência positiva. Ao proporcionar experiências únicas e memoráveis para o cliente, as empresas estabelecem com eles relações duradouras e posicionam suas marcas entre as favoritas pelo mercado consumidor. Atividade 4. Leia a reportagem, com texto adaptado, sobre a Skol. Depois de ter lido o texto, responda qual seria a estratégia de branding da Skol a partir desse investimento. javascript:void(0); 5. Cite as quatro etapas do processo de construção de marcas. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências HSM. Branding, muito além o Marketing. Set. 2019. Disponível em: https://www.revistahsm.com.br/post/branding-muito-alem- do-Marketing KELLER, Kevin Lane; MACHADO, Marcos. Gestão Estratégica de Marcas. Tradução: Arlete Simille Marques. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2006. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. MONTELATTO, Luciano. A�nal, o que é Branding? Abr. 2016. Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/a�nal-o-que- e-branding. SAMPAIO, Rafael. Marcas de A a Z - como construir e manter marcas de sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. SULZ, Paulino. O que é Branding: aprenda como fazer uma gestão de marca incrível. Disponível em: https://rockcontent.com/blog/branding/ Acesso em: 22 ago. 2019. Próxima aula O pro�ssional de Atendimento e suas principais atribuições; O brie�ng e sua aplicabilidade no dia a dia; javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); O per�l do pro�ssional de Planejamento e seu papel estratégico. Explore mais Conheça a American Marketing Association; Assista ao vídeo Philip Kotler on the importance of brand equity. javascript:void(0); javascript:void(0);
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