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Walter Alvim Soares Junior Jornada de Trabalho das Mulheres e Seus Direitos no Direito do Trabalho Brasileiro: Avanços, Desafios e Perspectivas Juiz de Fora 2023 Walter Alvim Soares Junior Jornada de Trabalho das Mulheres e Seus Direitos no Direito do Trabalho Brasileiro: Avanços, Desafios e Perspectivas Monografia apresentada ao curso de pós- graduação em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho do Centro de Ensino Renato Saraiva como requisito parcial para a conclusão do curso. Juiz de Fora 2023 Walter Alvim Soares Junior Jornada de Trabalho das Mulheres e Seus Direitos no Direito do Trabalho Brasileiro: Avanços, Desafios e Perspectivas Monografia apresentada ao curso de pós- graduação em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho do Centro de Ensino Renato Saraiva como requisito parcial para a conclusão do curso. ____________________________ Centro de Ensino Renato Saraiva Juiz de Fora 2023 Agradecimentos Primeiramente, agradeço a Deus, por ter me permitido realizar mais uma conquista e sempre ter iluminado meu caminho. Dedico mais esta conquista, assim como todas as próximas, aos meus pais, pois foram eles que sempre me apoiaram e sempre acreditaram em mim. Ainda, agradeço a todos àqueles que de alguma forma me apoiaram, me incentivaram e me deram forças para nunca desistir. Nunca deixe ninguém te dizer que não pode fazer alguma coisa. Se você tem um sonho tem que correr atrás dele. As pessoas não conseguem vencer e dizem que você também não vai vencer. Se você quer uma coisa corre atrás. Filme: À Procura da Felicidade Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu. Eclesiastes 3, 1 Resumo Este trabalho tem como objetivo aprofundar a análise da jornada de trabalho das mulheres e seus direitos no contexto do Direito do Trabalho. Serão explorados os avanços significativos tanto em termos legais relacionados à proteção dos direitos das mulheres no mercado de trabalho, devendo ser importante reconhecer os desafios persistentes que ainda afetam a igualdade de gênero. Através deste trabalho, pretende-se destacar os principais marcos legais que buscam assegurar a equidade de oportunidades no ambiente de trabalho para as mulheres, como a Lei da Licença Maternidade, a proteção contra a discriminação de gênero e o acesso a cargos de liderança. Apesar dos avanços legislativos e jurisprudenciais, ainda existem obstáculos a serem superados, como a desigualdade salarial, bem como a falta de acesso a oportunidades de carreira e a ocorrência de assédio e discriminação no ambiente de trabalho. Portanto, serão apresentadas formas para a promoção de mudanças efetivas e garantir a plena efetivação dos direitos das mulheres no âmbito trabalhista. Palavra-chave: Jornada de trabalho das mulheres. Direito do Trabalho brasileiro. Avanços legais e jurisprudenciais. Proteção dos direitos das mulheres. Mercado de trabalho. Equidade de oportunidades. Licença Maternidade. Discriminação de gênero. Acesso a cargos de liderança. Desigualdade salarial. Oportunidades de carreira. Assédio e discriminação no trabalho. Plena efetivação dos direitos das mulheres. Abstract This work aims to deepen the analysis of the working hours of women and their rights in the context of Labor Law. Significant advances will be explored both in legal terms related to the protection of women's rights in the labor market, and it should be important to recognize the persistent challenges that still affect gender equality. Through this work, it is intended to highlight the main legal frameworks that seek to ensure equal opportunities in the work environment for women, such as the Maternity Leave Law, protection against gender discrimination and access to leadership positions. Despite legislative and jurisprudential advances, there are still obstacles to be overcome, such as wage inequality, as well as lack of access to career opportunities and the occurrence of harassment and discrimination in the workplace. Therefore, ways to promote effective changes and ensure the full realization of women's rights in the labor field will be presented. Keywords: Women's working conditions. Brazilian Labor Law. Legal and jurisprudential advancements. Protection of women's rights. Labor market. Equal opportunities. Maternity leave. Gender discrimination. Access to leadership positions. Gender pay gap. Career opportunities. Harassment and discrimination in the workplace. Full realization of women's rights. Sumário Introdução ..................................................................................................................... 8 1 - Contextualização da Jornada de Trabalho das Mulheres ....................................... 9 2 - Definição e conceito de jornada de trabalho ........................................................... 10 2.1 - Importância da igualdade de gênero no ambiente de trabalho ............................ 11 2.2 Desafios enfrentados pelas mulheres na conciliação entre trabalho e vida familiar...13 3 - Avanços Legais na Proteção dos Direitos das Mulheres ..........................................15 3.1 Legislação trabalhista brasileira relacionada à jornada de trabalho das mulheres .. 16 3.2 - Licença maternidade: direitos e ampliação do período ......................................... 18 3.3 - Equiparação salarial, luta contra a discriminação de gênero e políticas de prevenção e combate ao assédio sexual ........................................................................................ 18 4 - Análise de casos relevantes envolvendo a jornada de trabalho das mulheres ........ 20 4.1 - Impacto das decisões judiciais na garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho ......................................................................................................................... 21 5 - Desafios e Perspectivas Futuras ............................................................................. 24 5.1 - Questões em aberto e desafios na implementação efetiva da legislação ............ 25 5.2 - Tendências e perspectivas jurídicas para a garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho ....................................................................................................... 26 6 - Recomendações para a Proteção dos Direitos das Mulheres ................................. 28 Conclusão ..................................................................................................................... 30 Referências Bibliográficas .............................................................................................33 8 Introdução A questão da jornada de trabalho das mulheres é de extrema importância no campo do Direito do Trabalho, pois elas enfrentam desafios específicos relacionados à desigualdade de gênero e às responsabilidades familiares. Neste trabalho, objetivamos realizar uma análise aprofundada dos avanços legais referentes à proteção dos direitos das mulheres no trabalho, bem como examinar as perspectivas futuras nessa área. Significativas conquistas legais foram estabelecidas para garantir a igualdade de oportunidades e proteção das mulheres no mercado de trabalho. Leis que regulamentam a licença maternidade que proíbem a discriminação de gênero e promovem o acesso a cargos de liderança têm sido fundamentais nesse processo. Além disso, a jurisprudência tem desempenhado um papel importante ao consolidar e interpretar esses direitos, trazendo clareza e orientação em casos envolvendo trabalhadoras. Apesar dos progressosalcançados, ainda enfrentamos desafios. A desigualdade salarial persiste, assim como as barreiras ao avanço na carreira e a ocorrência de assédio e discriminação no ambiente de trabalho, sendo essencial analisar perspectivas futuras e identificar estratégias eficazes para assegurar a plena efetivação dos direitos das mulheres, garantindo igualdade de oportunidades e um ambiente laboral mais justo e inclusivo. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo fornecer possíveis ideais para o desenvolvimento de políticas e práticas que promovam a igualdade de gênero no mercado de trabalho, além de apresentar recomendações para fortalecer a proteção legal e jurídica dos direitos das mulheres na jornada de trabalho. Através desses esforços, busca-se alcançar um futuro mais justo e igualitário, onde as contribuições das mulheres sejam valorizadas e reconhecidas em todos os aspectos do ambiente profissional. 9 1 - Contextualização da Jornada de Trabalho das Mulheres A jornada de trabalho das mulheres é uma questão de extrema importância e precisa ser analisada com cuidado e contexto. Historicamente, as mulheres enfrentaram desafios específicos no mercado de trabalho devido à desigualdade de gênero e às exigências familiares. As tradicionais divisões de papéis, que frequentemente colocam as mulheres como responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos, têm um impacto significativo em suas oportunidades de emprego e progressão na carreira. A persistência da desigualdade salarial é uma questão grave, uma vez que as mulheres recebem remuneração inferior em comparação aos homens em muitas profissões. Isso resulta em disparidades econômicas e dificulta a independência financeira para muitas mulheres. Um aspecto importante a ser considerado é a necessidade de equilibrar as demandas do trabalho com as responsabilidades familiares, pois as mulheres frequentemente enfrentam dificuldades ao tentar conciliar a jornada de trabalho com os cuidados dos filhos e as tarefas domésticas, o que pode levar a altos níveis de estresse e sobrecarga. Para enfrentar esses desafios, é essencial implementar políticas e práticas que promovam a igualdade de gênero no mercado de trabalho devendo incluir a criação de leis que garantam a igualdade salarial, a implementação de medidas que apoiem a licença maternidade e paternidade remunerada, bem como a criação de programas para auxiliar na conciliação entre o trabalho e a vida pessoal. Em resumo, entender a jornada de trabalho das mulheres requer uma análise abrangente dos fatores que afetam suas oportunidades e desafios, pois somente por meio de uma análise aprofundada dessas questões e da implementação de políticas adequadas, podemos promover um ambiente de trabalho mais inclusivo, equitativo e justo para as mulheres. 10 2 - Definição e conceito de jornada de trabalho: Sabe-se que, a jornada de trabalho é o período em que um trabalhador está disponível para realizar suas atividades laborais. Nossa Constituição Federal estabelece que a jornada normal é de até 8 horas diárias e 44 horas semanais, com possibilidade de variação mediante acordos ou convenções coletivas, ainda a legislação trabalhista também aborda questões relacionadas ao trabalho noturno, horas extras e descanso remunerado. A igualdade de gênero no ambiente de trabalho é um princípio essencial que visa garantir o pleno respeito aos direitos das mulheres, combatendo a discriminação e promovendo oportunidades iguais. Embora a presença feminina no mercado de trabalho tenha aumentado ao longo dos anos, ainda existem desafios significativos a serem enfrentados. Um desses desafios é a conciliação entre trabalho e vida familiar. As mulheres frequentemente enfrentam a responsabilidade pelos cuidados com os filhos e tarefas domésticas, o que pode dificultar a harmonização dessas demandas com a jornada de trabalho, podendo gerar sobrecarga física e emocional e afetar a carreira das mulheres. Além disso, as mulheres também enfrentam obstáculos relacionados à desigualdade salarial, como a disparidade salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade, mesmo quando desempenham as mesmas funções, refletindo estereótipos de gênero persistentes e a falta de valorização do trabalho feminino. Outro desafio é o assédio sexual no ambiente de trabalho. O assédio sexual é uma forma de violência de gênero que afeta diretamente a saúde física e psicológica das mulheres. A legislação brasileira prevê a proibição e punição do assédio sexual, no entanto, muitas vezes as vítimas enfrentam dificuldades para denunciar e obter justiça. Para superar esses desafios, é fundamental que o Direito do Trabalho continue avançando na proteção dos direitos das mulheres, afinal, sabemos que ainda há muito a ser feito para promover a igualdade e a justiça em nossas vidas profissionais. 11 Embora algumas medidas já tenham sido conquistadas e previstas em nossa legislação, como a licença maternidade, a busca por igualdade salarial e a proibição do assédio sexual, é preciso reforçar e garantir a efetividade dessas ações, pois todas as mulheres merecem condições de trabalho justas e seguras, onde seus direitos sejam respeitados e protegidos. Além disso, é importante que empresas e empregadores adotem políticas que promovam a equidade de gênero em seus ambientes de trabalho, não apenas beneficiará as mulheres, mas também contribuirá para a construção de um ambiente mais inclusivo e produtivo para todos os colaboradores. Promover a igualdade de gênero no ambiente de trabalho não apenas assegura o respeito aos direitos das mulheres, mas também contribui para o desenvolvimento econômico e social do país. Estudos demonstram que a inclusão das mulheres no mercado de trabalho traz benefícios para as empresas e para a sociedade como um todo. Nesse sentido, é importante que as empresas adotem políticas de igualdade de oportunidades, valorizando a diversidade e combatendo a discriminação de gênero, algumas soluções seria investir em programas de conscientização e treinamento para prevenir o assédio sexual e criar um ambiente de trabalho seguro e inclusivo também é fundamental. Dessa forma, a jornada de trabalho das mulheres e seus direitos no Direito do Trabalho são questões que requerem atenção e ação, avanços legislativos, combate à desigualdade salarial, prevenção e punição do assédio sexual, bem como políticas de conciliação entre trabalho e vida familiar, são medidas essenciais para alcançar a plena igualdade de gênero no ambiente de trabalho e promover uma sociedade mais justa e igualitária. 2.1 - Importância da igualdade de gênero no ambiente de trabalho A igualdade de gênero é um princípio fundamental que deve permear todas as esferas da sociedade, incluindo o ambiente de trabalho. A promoção da igualdade de gênero no trabalho é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e 12 inclusiva, ainda, as mulheres devem ter as mesmas oportunidades, direitos e condições de trabalho que os homens, sem sofrer discriminação ou preconceito. A igualdade de gênero no trabalho não apenas beneficia as mulheres individualmente, mas também contribui para o desenvolvimento econômico e social, devendo empresas e organizações promover a igualdade de gênero tendem a ser mais produtivas, inovadoras e lucrativas. Além disso, a diversidade de gênero traz diferentes perspectivas e habilidades para o ambiente de trabalho, enriquecendo a tomada de decisões e a dinâmica organizacional. É fundamental que o Direito do Trabalho acompanhe essa evolução e promova a igualdade de gênero no ambiente laboral. Para isso, algumas recomendações podem ser destacadas como, a) Fortalecimento da legislação de proteção às mulheres no trabalho: É importante revisar e atualizar as leis existentes, garantindo a igualdade de oportunidades,a equidade salarial, a prevenção e punição do assédio sexual, e a promoção de medidas que facilitem a conciliação entre trabalho e vida familiar; b) Incentivo a políticas de equilíbrio entre trabalho e vida familiar: É necessário que as empresas adotem medidas para promover a flexibilidade no horário de trabalho, como a implementação de horários alternativos, teletrabalho, licença parental compartilhada, creches no local de trabalho, entre outras iniciativas que facilitem a conciliação entre as responsabilidades profissionais e familiares; c) Sensibilização e treinamento para combate ao assédio sexual: É essencial promover a conscientização sobre o assédio sexual no ambiente de trabalho, por meio de programas de treinamento e orientação. As empresas devem adotar políticas claras de prevenção e combate ao assédio, garantindo canais de denúncia seguros e eficazes; d) Participação ativa dos sindicatos na defesa dos direitos das mulheres: Os sindicatos desempenham um papel importante na promoção dos direitos das trabalhadoras. Devem incentivar a negociação coletiva em prol da igualdade de gênero, bem como monitorar o cumprimento das normas trabalhistas relacionadas à jornada de trabalho das mulheres. Além dessas recomendações, é fundamental fomentar a conscientização e a educação sobre a importância da igualdade de gênero no ambiente de trabalho, tanto no âmbito acadêmico quanto na sociedade como um todo. A disseminação de informações sobre os direitos das mulheres e a promoção de debates e discussões contribuem para a construção de uma cultura de respeito e igualdade. 13 Assim, a proteção dos direitos das mulheres na jornada de trabalho é um desafio que demanda ações efetivas, avanços legais, políticas organizacionais e conscientização são pilares fundamentais para promover a igualdade de gênero, garantindo o respeito aos direitos das mulheres, a equidade salarial, o combate ao assédio sexual e a criação de um ambiente de trabalho inclusivo e justo. Somente com esforços contínuos e ações concretas será possível alcançar a plena igualdade de gênero. 2.2 Desafios enfrentados pelas mulheres na conciliação entre trabalho e vida familiar As mulheres enfrentam desafios específicos na conciliação entre trabalho e vida familiar, uma vez que são frequentemente responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos e familiares, essa sobrecarga pode resultar em desgaste físico e emocional, afetando negativamente sua saúde e bem-estar. A falta de políticas e programas de apoio à maternidade, como licença maternidade adequada e creches acessíveis, dificulta a participação plena das mulheres no mercado de trabalho, muitas vezes, são obrigadas a fazer escolhas difíceis entre o trabalho e a família, enfrentando discriminação ou renunciando a oportunidades profissionais. A desigualdade na distribuição de tarefas domésticas e no cuidado dos filhos entre homens e mulheres também é um fator que contribui para a desigualdade de gênero no trabalho, sendo necessário promover mudanças culturais e estruturais para incentivar uma divisão mais equilibrada das responsabilidades familiares e permitir que as mulheres tenham uma jornada de trabalho mais equilibrada e satisfatória. Para alcançar essa equidade, é fundamental promover a educação desde cedo, ensinando a importância da igualdade de gênero e da divisão equitativa das tarefas domésticas e do cuidado dos filhos, sendo necessário conscientizar a sociedade sobre os estereótipos de gênero e os impactos negativos da desigualdade nas relações familiares e no trabalho. O Estado tem um papel importante na implementação de políticas que facilitem a conciliação entre trabalho e vida familiar. Isso inclui a ampliação da licença parental, a 14 criação de creches e centros de cuidado infantil acessíveis e de qualidade, a promoção do teletrabalho, entre outras medidas de apoio às famílias. As empresas também podem contribuir adotando políticas que incentivem uma cultura de equilíbrio entre trabalho e vida familiar, como flexibilidade de horários, programas de licença parental remunerada e a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso. É fundamental que os homens participem de forma mais ativa nas tarefas domésticas e no cuidado dos filhos, compartilhando igualmente as responsabilidades com as mulheres, devendo ocorrer mudanças na mentalidade e na cultura, quebrando estereótipos de gênero e promovendo uma nova visão sobre o papel do homem na família e no trabalho. Ao promover uma divisão mais equilibrada das responsabilidades familiares, as mulheres terão mais oportunidades de desenvolvimento profissional e uma jornada de trabalho mais equilibrada, contribuindo para uma maior igualdade de gênero no trabalho, fortalecendo a participação das mulheres em todas as esferas da vida profissional e promovendo a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 15 3 - Avanços Legais na Proteção dos Direitos das Mulheres Os avanços legais na proteção dos direitos das mulheres é um marco importante na busca por igualdade de gênero e empoderamento feminino. Ao longo dos anos, foram implementadas diversas leis e regulamentações para combater a discriminação e promover a equidade no mercado de trabalho. Uma das conquistas mais significativas são os dispositivos legais que estabelecem a igualdade salarial entre homens e mulheres, leis que visam eliminar a disparidade salarial baseada no gênero, garantindo que as mulheres recebam remuneração justa e igual por seu trabalho. Além disso, foram adotadas medidas para combater outras formas de discriminação de gênero, como o assédio sexual e moral no ambiente de trabalho, proporcionando um ambiente seguro e respeitoso para as mulheres. Outro avanço importante esta relacionada à licença maternidade que estabelecem direitos e proteções para as mulheres durante a gravidez, parto e pós-parto, garantindo- lhes tempo adequado para se recuperar e cuidar de seus filhos recém-nascidos, inclusive algumas legislações também contemplam a licença paternidade, incentivando a divisão igualitária das responsabilidades parentais. Além disso, leis foram criadas para promover a participação das mulheres em cargos de liderança e tomada de decisão, visando superar as barreiras e estereótipos de gênero que dificultam o avanço das mulheres em posições de poder e influência estabelecendo cotas e incentivos, algumas leis têm o objetivo de aumentar a representatividade feminina em setores onde as mulheres historicamente estiveram sub- representadas. Ainda, é importante destacar as leis que criminalizam a violência contra as mulheres, que abrangem diversos tipos de violência, como agressão doméstica, estupro e feminicídio, buscando não apenas punir os agressores, mas também conscientizar a sociedade sobre a gravidade desses crimes e garantir apoio e proteção às vítimas. Em suma, os avanços legais na proteção dos direitos das mulheres são fundamentais para promover a igualdade de gênero e criar um ambiente de trabalho e sociedade mais justos. No entanto, apesar desses progressos, ainda há muito trabalho 16 a ser feito para garantir a plena implementação e efetividade dessas leis, bem como para enfrentar os desafios remanescentes e construir um futuro mais igualitário para as mulheres. 3.1 Legislação trabalhista brasileira relacionada à jornada de trabalho das mulheres Nossa legislação trabalhista possui dispositivos importantes relacionados à jornada de trabalho das mulheres, visando proteger seus direitos e promover a igualdade de gênero no ambiente laboral. Um exemplo é a regulamentação da licença maternidade, que garante às trabalhadoras um período de afastamento remunerado antes e após o parto, sendo essencial para proteger a saúde da mulher e do bebê, concedendo tempo adequado para a recuperação pós-parto e oscuidados iniciais com o recém-nascido. Outro aspecto relevante é a determinação de limites de horários para o trabalho noturno e em condições insalubres para as mulheres. Essa proteção visa salvaguardar a saúde e o bem-estar das trabalhadoras, considerando que certas atividades noturnas ou em ambientes insalubres podem representar riscos adicionais à saúde feminina. A legislação trabalhista também prevê a jornada de trabalho flexível para as mães lactantes. Isso assegura o direito de amamentar o filho durante o expediente, mediante intervalos específicos e a disponibilização de local adequado para a amamentação. Essa medida possibilita a conciliação entre a vida profissional e a maternidade, garantindo que as mães tenham condições adequadas para amamentar seus bebês. Além disso, é proibido a discriminação de gênero no ambiente de trabalho, incluindo ações como a recusa de contratação, promoção ou demissão baseadas no sexo do trabalhador. Essa proteção tem como objetivo garantir igualdade de oportunidades e combater a discriminação de gênero, assegurando que as mulheres tenham acesso a todas as áreas e níveis hierárquicos de emprego, de forma justa e equitativa. Apesar dos avanços, é importante ressaltar que ainda existem desafios a serem superados, como a persistência da desigualdade salarial e a necessidade de maior promoção da igualdade de oportunidades. A atualização e o fortalecimento contínuo de leis são fundamentais para garantir a plena efetivação dos direitos das mulheres no 17 mercado de trabalho e para promover um ambiente laboral mais justo e inclusivo para todos. 3.2 - Licença maternidade: direitos e ampliação do período A licença maternidade é um direito fundamental garantido às trabalhadoras, assegurando um período de afastamento remunerado antes e após o parto. Esse direito tem o propósito de proteger a saúde da mãe e do bebê, bem como permitir a adaptação e o cuidado nos primeiros meses de vida da criança. Atualmente, a licença maternidade no Brasil é de 120 dias, mas existe uma discussão em curso sobre a possibilidade de estendê-la para 180 dias, alinhando-se a padrões internacionais. Há estudos que destacam os benefícios da extensão da licença maternidade para a saúde e o desenvolvimento dos bebês, além do bem-estar emocional e da recuperação física das mães. A ampliação dessa licença pode proporcionar às mães um período mais adequado de convívio com seus filhos recém-nascidos, contribuindo para a igualdade de gênero e combatendo a discriminação no mercado de trabalho. Oferecer um período maior de afastamento possibilita às mulheres uma conciliação mais favorável entre a maternidade e suas atividades profissionais, evitando pressões para retornar ao trabalho de forma precoce. Além disso, a extensão da licença maternidade pode incentivar a participação ativa dos pais no cuidado com os filhos, reduzindo a desigualdade nessa responsabilidade. Contudo, é importante ponderar os impactos da ampliação da licença maternidade tanto para as trabalhadoras quanto para as empresas. É necessário buscar um equilíbrio entre a proteção dos direitos maternos e a viabilidade econômica das organizações. Para lidar com o aumento do período de afastamento, é fundamental considerar medidas de incentivo e apoio às empresas, como políticas de licença parental compartilhada e incentivos fiscais. Em resumo, a discussão sobre a ampliação da licença maternidade é relevante e necessária para garantir o bem-estar das mães e o desenvolvimento saudável dos bebês. Essa medida pode promover a igualdade de gênero, fortalecer os laços familiares e criar um ambiente de trabalho mais inclusivo. 18 3.3 - Equiparação salarial, luta contra a discriminação de gênero e políticas de prevenção e combate ao assédio sexual A busca pela igualdade de gênero no mercado de trabalho envolve temas essenciais, como a equiparação salarial e a luta contra a discriminação de gênero. A disparidade salarial entre homens e mulheres é uma questão preocupante, demonstrando a persistência de estereótipos e preconceitos de gênero. A equiparação salarial é uma medida crucial para combater essa desigualdade, assegurando que mulheres e homens recebam remuneração igual para trabalhos de igual valor, promovendo a equidade e valorizando o trabalho feminino. Para alcançar a equiparação salarial, é importante implementar políticas e práticas que garantam a transparência e a imparcialidade na definição dos salários. É necessário incentivar as empresas a conduzirem análises e auditorias salariais para identificar possíveis discrepâncias e corrigi-las. Além disso, é essencial conscientizar sobre a importância da equiparação salarial e oferecer treinamentos para combater vieses inconscientes que possam perpetuar a discriminação de gênero. Juntamente com a equiparação salarial, é fundamental adotar políticas de prevenção e combate ao assédio sexual no ambiente de trabalho. O assédio sexual é uma forma de violência de gênero que afeta principalmente as mulheres, criando um ambiente hostil e prejudicando sua integridade e desenvolvimento profissional. As empresas devem estabelecer políticas claras de tolerância zero ao assédio sexual, promovendo um ambiente seguro e respeitoso para todos os trabalhadores. As políticas de prevenção e combate ao assédio sexual devem incluir a sensibilização dos colaboradores, fornecendo informações sobre o que constitui o assédio sexual e quais são as consequências para os infratores. Além disso, é crucial estabelecer canais de denúncia confidenciais e acessíveis, para que as vítimas possam relatar casos de assédio sem medo de retaliação, ainda, as empresas devem conduzir investigações imparciais e aplicar medidas disciplinares apropriadas para os responsáveis pelo assédio. 19 É importante enfatizar que a prevenção e o combate ao assédio sexual devem ser um esforço conjunto entre empregadores, colaboradores e a sociedade como um todo. É necessário criar uma cultura organizacional que promova o respeito, a igualdade e a dignidade de todos os trabalhadores, pois somente com a conscientização sobre os direitos e deveres no ambiente de trabalho, bem como o fortalecimento dos mecanismos de proteção, poderão garantir a segurança e o bem-estar das mulheres no mercado de trabalho. A equiparação salarial e as políticas de prevenção e combate ao assédio sexual são instrumentos poderosos na luta pela igualdade de gênero, onde a equiparação salarial é um passo crucial para valorizar o trabalho feminino e promover a igualdade no mercado de trabalho, enquanto as políticas de prevenção e combate ao assédio sexual são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho seguro, livre de violência e discriminação. Dessa forma, somente por meio do engajamento e esforço coletivo, poderemos construir um futuro em que homens e mulheres sejam tratados com igualdade e respeito em todas as esferas da sociedade. 20 4 - Análise de casos relevantes envolvendo a jornada de trabalho das mulheres A análise de casos relevantes envolvendo a jornada de trabalho das mulheres revela desafios e avanços significativos no campo do Direito do Trabalho. Um exemplo é o caso de uma trabalhadora que enfrentou discriminação de gênero ao ser negado o direito à licença maternidade. Esse caso gerou uma discussão jurídica sobre a proteção dos direitos das mulheres no mercado de trabalho e a aplicação adequada da legislação pertinente. Outro caso relevante diz respeito à luta pela equiparação salarial. Mulheres que ocupavam posições equivalentes às dos homens em uma empresa reivindicaram a igualdade de remuneração, alegando discriminação salarial com base no gênero, evidenciando a necessidade de promover políticas de transparência salarial e combater as disparidades injustificadas entre homens e mulheres, contribuindo para um ambientede trabalho mais justo e igualitário. Ainda, existiram casos que trabalhadoras que sofreram assédio sexual no ambiente de trabalho, demonstrando a importância de políticas de prevenção e combate ao assédio, além da necessidade de uma cultura organizacional que promova o respeito e a dignidade de todas as trabalhadoras, reforçando a importância de canais seguros de denúncia e a aplicação rigorosa de medidas disciplinares para coibir esse tipo de comportamento. Outra situação relevante foi o caso de uma mulher que foi impedida de ocupar cargos de liderança em virtude do seu gênero, evidenciando a necessidade de políticas de promoção da igualdade de oportunidades, incluindo a implementação de programas de capacitação e incentivos para que as mulheres possam acessar e ascender em cargos de liderança, contribuindo para a quebra de estereótipos e a construção de ambientes profissionais mais inclusivos. Esses casos são relevantes na análise da jornada de trabalho das mulheres reforçam a importância de um olhar atento às questões de gênero no âmbito do Direito do Trabalho, destacando a necessidade de fortalecer as leis e políticas de proteção aos direitos das mulheres, bem como promover uma cultura organizacional que valorize a igualdade, o respeito e a dignidade no ambiente de trabalho, sendo possível identificar 21 lacunas e desafios a serem superados, embasando recomendações para a efetiva garantia dos direitos das mulheres em suas jornadas de trabalho. Os tribunais têm se posicionado de forma favorável à proteção dos direitos das mulheres, inclusive o Tribunal Superior do Trabalho tem entendido que a licença maternidade de 120 dias é um direito indisponível da trabalhadora, e qualquer renúncia ou redução desse período é nula. Além disso, o Tribunal Superior do Trabalho tem adotado uma postura rigorosa na punição de práticas discriminatórias e assédio no ambiente de trabalho. No Supremo Tribunal Federal, destacam-se decisões relevantes relacionadas à igualdade de gênero, como o reconhecimento da constitucionalidade da Lei Maria da Penha, que trata da proteção às mulheres em situação de violência doméstica, e a equiparação da união estável homoafetiva à união estável heteroafetiva. Esses avanços demonstram o comprometimento dos tribunais em garantir a igualdade de gênero e proteger os direitos das mulheres no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo. 4.1 - Impacto das decisões judiciais na garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho As decisões judiciais desempenham um papel fundamental na garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho, possuindo força para interpretar e aplicar a legislação, estabelecendo precedentes e orientando ações futuras. Um exemplo impactante foi uma decisão que reconheceu o direito das mulheres a intervalos especiais durante a jornada de trabalho para amamentação., tal medida contribuiu para promover a conciliação da maternidade com o trabalho, assegurando um ambiente favorável às mulheres lactantes. Outra decisão judicial relevante foi a que reconheceu o direito das mulheres à estabilidade no emprego durante a gravidez, visando evitar a discriminação e o desligamento injusto das gestantes, reafirmando a importância de garantir a segurança e a estabilidade no emprego para as mulheres grávidas, resguardando seus direitos e incentivando uma cultura de igualdade no mercado de trabalho. 22 Além disso, a atuação judicial tem sido crucial na responsabilização de empresas que praticam discriminação salarial com base no gênero., onde algumas decisões judiciais têm reconhecido o direito das mulheres a receber salários justos e iguais para trabalhos de igual valor, fortalecendo a busca pela equidade salarial, tais decisões não apenas reparam as vítimas da discriminação, mas também estabelecem precedentes que sinalizam a importância da igualdade de remuneração e desencorajam práticas discriminatórias. A obrigação de empresas adotarem medidas efetivas para prevenir e combater o assédio sexual no ambiente de trabalho, ressaltando a responsabilidade das empresas em garantir um ambiente seguro e saudável para suas trabalhadoras, promovendo uma cultura de respeito e igualdade, onde as vítimas de assédio sexual devem ser amparadas e a sociedade como um todo foi alertada para a importância de combater essa forma de violência de gênero. Além disso, as decisões judiciais têm impactado a promoção da igualdade de oportunidades no acesso a cargos de liderança. Tribunais têm determinado a necessidade de adoção de políticas e medidas afirmativas que incentivem a participação das mulheres em posições de liderança, buscando superar as barreiras e estereótipos de gênero, sendo um importante instrumento na transformação do mercado de trabalho, fomentando a inclusão e a diversidade nas esferas de poder e decisão. Em resumo, as decisões judiciais têm um impacto significativo na garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho, têm o poder de interpretar e aplicar as leis de forma a proteger e promover a igualdade de gênero, sendo possível estabelecer precedentes, responsabilizar infratores e promover a conscientização sobre a importância dos direitos das mulheres no ambiente de trabalho. É essencial que os tribunais continuem atuando de forma justa e efetiva, contribuindo para a construção de uma sociedade mais igualitária e inclusiva. 23 5 - Desafios e Perspectivas Futuras Os avanços na proteção dos direitos das mulheres são inegáveis, contudo, ainda persistem desafios significativos que necessitam ser enfrentados para fortalecer ainda mais essa proteção na sociedade. Uma das conquistas notáveis é o estabelecimento de legislações que buscam garantir a igualdade de gênero e a proteção das mulheres no mercado de trabalho. Leis relacionadas à licença maternidade, à equiparação salarial e à prevenção do assédio sexual têm sido criadas e atualizadas constantemente para atender às demandas das mulheres e promover a igualdade de oportunidades. Entretanto, apesar desses avanços legais, desafios persistentes ainda existem. A desigualdade salarial é um exemplo, com mulheres recebendo remuneração inferior em comparação aos homens, mesmo quando desempenham funções equivalentes essa disparidade salarial reflete estereótipos de gênero arraigados e a desvalorização do trabalho feminino. Além disso, a falta de acesso a cargos de liderança é outro obstáculo significativo. Algumas mulheres estão sub-representadas em posições de poder e decisão, limitando suas oportunidades de crescimento profissional e influência nas organizações, sendo fundamental implementar políticas e medidas efetivas para promover a igualdade de oportunidades e garantir a participação das mulheres em todos os níveis hierárquicos. O enfrentamento do assédio sexual no ambiente de trabalho também continua sendo um desafio relevante e mesmo apesar dos esforços na conscientização sobre o tema, muitas mulheres ainda enfrentam assédio, afetando negativamente sua segurança, bem-estar e desenvolvimento profissional, sendo essencial uma cooperação entre empresas, órgãos governamentais e sociedade civil para prevenir e combater efetivamente o assédio sexual, proporcionando ambientes de trabalho seguros e respeitosos. A maternidade também traz desafios específicos para as mulheres no contexto profissional e embora a licença maternidade seja garantida por lei, ainda existem dificuldades na sua efetivação, pois algumas mulheres sofrem com preconceitos e até mesmo perda de oportunidades de carreira devido à maternidade, devendo as empresas 24 criem políticas que favoreçam a conciliação entre maternidade e trabalho, incentivando a plena participação das mulheres no mercado de trabalho. Adicionalmente a esses desafios, é crucial destacar a importância de uma educação inclusiva, que promovaa igualdade de gênero desde a infância, desconstruindo estereótipos de gênero com intuito de garantir uma sociedade mais justa e igualitária. Resumidamente, embora tenhamos feito avanços significativos na proteção dos direitos das mulheres, ainda enfrentamos desafios complexos, sendo essencial continuar lutando pela igualdade de gênero, promovendo a conscientização, fortalecendo as leis e políticas de proteção e trabalhando em conjunto para superar as barreiras que impedem o pleno exercício dos direitos das mulheres, pois poderá ser construido uma sociedade verdadeiramente igualitária, onde todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades e sejam valorizadas em suas trajetórias profissionais. 5.1 - Questões em aberto e desafios na implementação efetiva da legislação Apesar dos avanços na legislação para proteger os direitos das mulheres, ainda existem questões em aberto e desafios significativos na implementação efetiva dessas leis, sendo um dos desafios a falta de conscientização e conhecimento sobre os direitos das mulheres, tanto por parte das próprias mulheres quanto por parte dos empregadores, pois as trabalhadoras não têm ciência dos direitos que lhes são garantidos e podem enfrentar dificuldades para reivindicá-los. Outro desafio é a falta de fiscalização e monitoramento adequados por parte das autoridades competentes, embora as leis estejam em vigor, é fundamental que haja mecanismos efetivos para garantir sua aplicação e cumprimento, pois a ausência de uma fiscalização rigorosa pode levar à impunidade e à persistência de práticas discriminatórias e violações dos direitos das mulheres no ambiente de trabalho. A cultura organizacional e os estereótipos de gênero também representam desafios na implementação efetiva da legislação. Muitas empresas possuem estruturas e práticas arraigadas que perpetuam a desigualdade de gênero. Nessa situação, a superação desses obstáculos requer uma mudança de mentalidade e a promoção de 25 uma cultura de igualdade, onde mulheres sejam valorizadas e tenham oportunidades iguais de progresso e desenvolvimento profissional. A falta de medidas de apoio e suporte às mulheres no mercado de trabalho também é um desafio a ser enfrentado. Por exemplo, a licença maternidade, embora prevista na legislação, nem sempre é acompanhada de políticas e práticas que facilitem o retorno das mulheres ao trabalho após o período de afastamento, podendo resultar em dificuldades para conciliar a maternidade com as demandas profissionais, levando muitas mulheres a enfrentarem obstáculos na progressão de suas carreiras. Por fim, a falta de conscientização e engajamento dos empregadores também representa um desafio, pois muitas empresas não reconhecem plenamente a importância da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres no ambiente de trabalho, sendo fundamental promover a conscientização e o diálogo entre as partes interessadas, incentivando os empregadores a adotarem práticas inclusivas e a estabelecerem políticas que garantam a equidade e a proteção dos direitos das mulheres. Portanto, apesar dos avanços na legislação, ainda existem desafios na implementação efetiva dos direitos das mulheres no ambiente de trabalho, sendo necessário investir em conscientização, fiscalização, mudança cultural e políticas de apoio para garantir que esses direitos sejam efetivamente cumpridos, pois, somente assim, poderemos alcançar uma sociedade mais justa e igualitária para todas as mulheres. 5.2 - Tendências e perspectivas jurídicas para a garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho As tendências e perspectivas jurídicas para a garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho são promissoras, havendo um movimento crescente de conscientização e engajamento em relação à igualdade de gênero e aos direitos das mulheres, o que tem impulsionado a criação de novas políticas e leis para fortalecer essa proteção. Uma das tendências é o aumento da exigência de transparência salarial. Exemplo disso, é a adoção por alguns países ao redor do mundo a implementação de medidas para promover a igualdade salarial, exigindo que as empresas divulguem informações 26 sobre a remuneração de seus funcionários, tal transparência visa identificar disparidades salariais injustas e promover a equidade salarial entre homens e mulheres. Outra tendência é o fortalecimento das leis de licença parental. Além da licença maternidade, está havendo um movimento para estender o período de licença e incluir a licença paternidade, reconhecendo a importância da participação ativa dos pais na criação dos filhos, buscando promover a igualdade de gênero no cuidado infantil e reduzir o impacto negativo na carreira das mulheres. Além disso, observa-se uma crescente atenção ao assédio e à discriminação no local de trabalho, onde novas leis estão sendo implementadas para fortalecer a proteção contra o assédio sexual e a discriminação de gênero, estabelecendo diretrizes claras e consequências mais severas para os infratores, visando criar um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para as mulheres. No contexto internacional, há uma tendência de maior cooperação e intercâmbio entre os países para fortalecer a proteção dos direitos das mulheres. Organizações internacionais e acordos multilaterais têm sido estabelecidos para compartilhar melhores práticas, promover a igualdade de gênero e fortalecer a implementação das leis existentes. Ainda, a tecnologia também desempenha um papel importante nas perspectivas jurídicas para a garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho, onde a utilização de ferramentas digitais, como plataformas de denúncia online e monitoramento eletrônico de igualdade salarial, pode facilitar a identificação de violações e contribuir para a aplicação mais efetiva das leis. As tendências e perspectivas jurídicas para a garantia dos direitos das mulheres na jornada de trabalho indicam um movimento contínuo em direção à igualdade de gênero e à proteção dos direitos das mulheres, devendo a transparência salarial, o fortalecimento das licenças parentais, a atenção ao assédio e à discriminação, a cooperação internacional e o uso da tecnologia são elementos-chave nesse processo, esperando-se uma maior efetividade na proteção dos direitos das mulheres e na promoção da igualdade no ambiente de trabalho. 27 6 - Recomendações para a Proteção dos Direitos das Mulheres O fortalecimento da legislação de proteção às mulheres no trabalho é um passo crucial para combater a desigualdade de gênero e garantir condições justas e seguras no ambiente profissional. Para isso, é essencial atualizar e ampliar as leis trabalhistas para abordar questões específicas enfrentadas pelas mulheres, sendo necessárias estão a igualdade salarial, a proteção contra discriminação no processo de contratação, e avanços na licença-maternidade e licença-paternidade. Ademais, a promoção de políticas que incentivem o equilíbrio entre trabalho e vida familiar é fundamental para permitir que as mulheres conciliem suas responsabilidades profissionais e pessoais de forma equitativa, como a flexibilidade de horários, teletrabalho, creches e licenças remuneradas para pais e mães são medidas importantes a serem adotadas pelas empresas e governos para possibilitar essa conciliação, tais políticas permitem que as mulheres atendam às necessidades familiares enquanto continuam a avançar em suas carreiras, beneficiando a satisfação, bem-estar e produtividade de todos os profissionais. No entanto, é crucial evitar a exclusividade das políticas de equilíbrio entre trabalho e vida familiar para as mulheres. Homens e mulheres devem ter igualdade de oportunidades para usufruir dessas políticas e romper com os estereótipos de gênero relacionados aos papéis familiares, criando uma cultura organizacional que valoriza a igualdadede gênero e promove a conciliação entre trabalho e vida pessoal é essencial para um ambiente de trabalho saudável e produtivo. As empresas têm um papel fundamental no incentivo e implementação dessas políticas, assumindo a responsabilidade de adotar medidas que apoiem o equilíbrio entre trabalho e vida familiar, promovendo uma cultura de inclusão e respeito, ainda, é importante que as organizações forneçam recursos e programas de treinamento para seus colaboradores, abordando questões relacionadas ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, bem como oferecendo suporte emocional e psicológico para aqueles que enfrentam dificuldades nessa conciliação. A sociedade civil também desempenha um papel ativo na promoção da igualdade de gênero no ambiente de trabalho, através de campanhas de conscientização e pressionando por mudanças sociais que valorizem o equilíbrio entre trabalho e vida familiar, pois com o incentivo a políticas de equilíbrio entre trabalho e vida familiar deve 28 ser uma responsabilidade compartilhada entre governos, empresas e sociedade civil, por meio de esforços conjuntos podem garantir que todas as mulheres tenham oportunidades iguais de desenvolvimento profissional e pessoal. Além disso, é fundamental conscientizar e treinar os funcionários para combater o assédio sexual no ambiente de trabalho, informando-os sobre o que constitui assédio sexual, suas consequências e a importância de prevenir e combater essa prática. Ainda, a participação ativa dos sindicatos na defesa dos direitos das mulheres é outro fator determinante para avançar na igualdade de gênero no ambiente de trabalho, podendo desempenhar um papel crucial na conscientização sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho, bem como na promoção da inclusão e diversidade nos locais de trabalho. Concluindo, é essencial fortalecer a legislação de proteção às mulheres no trabalho e incentivar políticas de equilíbrio entre trabalho e vida familiar para promover a igualdade de gênero e criar ambientes de trabalho mais justos e saudáveis, tais ações devem ser realizadas através de esforços conjuntos entre governos, empresas e sociedade civil, para garantir que todas as mulheres tenham oportunidades iguais de desenvolvimento profissional e pessoal, e que possam desfrutar de um ambiente de trabalho seguro, justo e livre de discriminação e assédio. 29 Conclusão Ao longo deste trabalho, foram abordados temas cruciais relacionados ao direito do trabalho e ao direito das mulheres, visando promover a igualdade de gênero e garantir condições justas e seguras no ambiente profissional. Questões como a proteção contra a discriminação, a licença-maternidade, a equidade salarial e o combate ao assédio sexual foram discutidos, destacando a importância de medidas concretas para enfrentar as desigualdades de gênero presentes na sociedade. Para garantir os direitos das trabalhadoras, é essencial que as leis trabalhistas sejam sólidas e atualizadas, assegurando salários justos, condições de trabalho seguras e proteção contra a exploração e abuso, mecanismos efetivos de solução de disputas e formas de organização coletiva, como sindicatos, devem ser acessíveis aos trabalhadores para fortalecer sua voz e defender seus interesses. No campo do direito das mulheres, a promoção da igualdade de gênero é fundamental, envolvendo a erradicação da discriminação de gênero em todas as esferas da sociedade, bem como a criação de oportunidades iguais de emprego, desenvolvimento profissional e progressão na carreira para homens e mulheres, ambientes de trabalho seguros, livres de assédio sexual, devem ser garantidos para que as mulheres possam exercer suas atividades laborais sem medo ou constrangimento. O reconhecimento e valorização do trabalho não remunerado realizado pelas mulheres também devem ser enfatizados, buscando políticas e medidas que promovam a divisão equitativa das tarefas domésticas e de cuidado entre homens e mulheres, além do reconhecimento dessas atividades como trabalho legítimo com benefícios e proteção social adequados. Assegurar a proteção da maternidade e paternidade no local de trabalho é outro aspecto crucial, como a Licenças-maternidade remuneradas adequadas devem ser garantidas para que as mulheres tenham a segurança de retornar ao emprego após o período de cuidado com seus filhos, ainda, as políticas que permitam aos homens se envolverem ativamente na paternidade, com licenças paternidade remuneradas e conciliação entre trabalho e família, devem ser incentivadas. A promoção da equidade salarial é uma das lutas mais importantes na garantia dos direitos das mulheres no trabalho, medidas de transparência salarial e combate à 30 discriminação salarial devem ser implementadas para garantir que homens e mulheres recebam salários iguais por trabalho igual ou de igual valor. Ademais, a conscientização e educação sobre igualdade de gênero no ambiente de trabalho são fundamentais. Treinamentos sobre diversidade, assédio sexual, preconceitos inconscientes e estereótipos de gênero devem ser realizados para sensibilizar empregadores e trabalhadores sobre a importância da igualdade e do respeito mútuo. Por fim, a luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres é uma responsabilidade coletiva. Governos, empregadores, sindicatos, organizações da sociedade civil e indivíduos têm um papel a desempenhar nesse processo, sendo necessária uma abordagem colaborativa para criar um ambiente de trabalho justo, inclusivo e igualitário, onde homens e mulheres possam exercer seus direitos e potenciais plenamente, sem discriminação ou obstáculos baseados no gênero, pois, somente assim, poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária. 31 Referências Bibliográficas 1. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 2. Brasil. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 3. Brasil. Lei nº 13.467/2017 - Reforma Trabalhista. 4. Brasil. 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Requião, Rubens. Curso de Direito do Trabalho. Editora Saraiva, 2021. 17. Nascimento, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. Editora Saraiva, 2021. 32 18. Moura, M. C. S., & Moura, M. G. (2020). A igualdade de gênero no ambiente de trabalho: desafios e perspectivas. Revista Direito & Justiça, 34(1), 95-115. 19. Ribeiro, J. R. (2019). A jornada de trabalho da mulher: análise à luz do princípio da igualdade de gênero. Revista Direito e Liberdade, 21(1), 1-18. 20. Rocha, M. A. S., & Ferreira, R. P. (2021). O direito à amamentação e a garantia de intervalos durante a jornada de trabalho da mãe trabalhadora. Revista de Direito e Justiça, 23(1), 224-245. 21. Araújo, M. P. (2018). Jornada de trabalho feminina no Brasil: desafios para a promoção da igualdade de gênero. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 22. Gonçalves, A. S. (2017).Direito do trabalho e igualdade de gênero: reflexões sobre as condições de trabalho da mulher na sociedade contemporânea. 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