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EDUCAÇÃO DE JOVENS-ADULTOS: UM CAMPO DE DIREITOS E DE RESPONSABILIDADE PÚBLICA
- Miguel González Arroyo
Um dos grandes problemas da EJA se trata de sua indefinição e de suas características que impedem a correta efetivação do direito à educação, como o voluntarismo, as campanhas emergenciais as soluções conjunturais, bem como a potencialidade de se tornar um campo desprofissionalizado e a falta de especificidade.
Segundo o autor, a EJA se trata de um campo ainda não muito bem explorado pelas políticas públicas e diretrizes educacionais, se tratando de uma seara inconsolidada no contexto brasileiro, a qual apresenta diversos problemas, sobretudo decorrentes da falta de políticas públicas.
Dessa forma, com o objetivo de nos desviar desse paradigma, a concepção da EJA como um campo específico de responsabilidade pública do Estado é uma das vertentes mais presentes na atualidade, o que é fortemente explorado pelas universidades e os centros de pesquisa e de formação, os quais assumem os jovens e adultos e seus processos de formação como foco de pesquisas e de reflexão teórica e se voltam para a educação de jovens e adultos.
A EJA, além de ser um bom campo de pesquisa e de formação, se trata de uma área que encontra condição favorável para se configurar como um campo específico de políticas públicas, de formação de educadores, de produção teoria e de intervenções pedagógicas.
Atualmente, há demonstração de que tanto o Estado quanto a sociedade são mais sensíveis aos jovens e adultos e a seus direitos à educação. Assim, há uma mudança de paradigma, com a formação de novos educadores com competências especificas de formação para EJA, assim como maior produção teórica específicos para esses tempos educativos e a de cursos específicos para dar conta das especificidades do direito à educação EJA. 
O protagonismo da juventude na sociedade teve um papel importante nessa virada, à medida em que se tratou de um fenômeno que permitiu que a sociedade e o Estado reconhecessem a urgência de elaborar e implementar politicas publicas da juventude dirigidas à garantia da pluralidade de seus direitos e ao reconhecimento de seu protagonismo na construção de projetos de sociedade, de campo ou de cidade. Tal quadro exerce grande influencia no campo da EJA, uma vez que as politicas de educação passaram a se aproximar do novo equacionamento que se pretende para as políticas da juventude.
Entretanto, o autor destaca que o sistema escolar continua a pensar em sua logica e estrutura interna convencional, o que nem sempre facilita a entrada de jovens e adultos e o que também prejudica a instituição de uma EJA realmente efetiva. Assim, é preciso que haja uma intencionalidade política, acadêmica, profissional e pedagógica no sentido de colocar a EJA na agenda escolar e docente, de pesquisa, de formação e de formulações de políticas, a necessidade de pensar, idealizar e arquitetar a construção dessa especificidade da EJA no conjunto das políticas públicas e na peculiaridade das políticas educativas, constituindo a EJA como um campo de responsabilidade pública.
Um ponto importante destacado pelo autor é que, na atualidade, a EJA continua sendo vista como urna política de continuidade na escolarização, sob a ótica de que os jovens e adultos possuem carências escolares, ou seja, não tiveram acesso ao ensino fundamental ou dele se evadiram ou foram excluídos. Entretanto, é importante que essa noção seja desconstruída, a fim de que a EJA não mais seja entendida como uma segunda chance à educação. O novo olhar a ser reconstruído deve considerar os percursos sociais dos jovens e adultos enquanto sujeitos de direitos humanos, reconhecendo e entendendo seu protagonismo e sua individualidade.
Não se trata de secundarizar a universalização do direito ao ensino fundamental para os jovens e adultos, mas, sim, de não separar esse direito das formas concretas em que ele é negado e limitado no conjunto da negação dos seus direitos e na vulnerabilidade e precariedade de suas trajetórias humanas.
Ao analisarmos a EJA sob essa perspectiva, ela passará a configurar uma política pública, como dever de Estado. Assim, a EJA apenas será reconfigurada se for assumida como politica publica e equacionada no campo dos direitos e deveres públicos. Até o presente momento, isso não ocorreu, pelo que diversos agentes sociais tiveram de tomar a responsabilidade de garantir o direito à educação de jovens e adultos, o que resultou na indefinição acerca do termo. 
A CONSTRUÇÃO DOS DIREITOS DOS JOVENS E ADULTOS Á EDUCAÇÃO NA HISTÓRIA BRASILEIRA RECENTE
- Maria Clara Di Pierro
- Roberto Catelli Jr
Após o fim do Regime Militar em 1985, percebeu-se que havia um grande retrocesso na educação dos brasileiros, sobretudo no âmbito da população jovem. Isso se deu devido ao atraso na expansão das escolas públicas, vez que houve negligencia por parte das elites com relação à educação das camadas populares. Assim, nesse período, o Brasil contava com cerca de 17,5 milhões de analfabetos absolutos, sendo que os brasileiros apenas estudavam, em média, por 4 anos.
Mas, após a promulgação da Constituição de 1988, começou-se uma mudança de paradigma, de modo que nas três décadas que se seguiram os direitos educativos dos jovens e adultos foram reafirmados e ampliados pela legislação federal, e reproduzidos nas cartas dos Estados e leis orgânicas dos Municípios. 
Ao final de 1996, as Diretrizes e Bases da Educação Nacional finalmente reafirmou o direito á educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola. 
Além dessa reafirmação, a DBEN ainda estabeleceu que os jovens deveriam ter oportunidades apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, bem como previu a viabilidade e estimulo do acesso e permanência do trabalhador na escola. 
Não apenas no âmbito nacional, como no âmbito internacional diversas medidas legais foram tomadas para viabilizar a consubstanciação do direito à educação aos jovens e adultos brasileiros, como A V Confintea, a qual estabeleceu um conceito amplo de formação de adultos e argumentou que, nas sociedades contemporâneas em que a informação, a ciência e as tecnologias ocupam papel cada vez mais destacado, a educação de adultos é não só um direito humano, mas uma necessidade para a participação informada dos cidadãos,, e um dos fundamentos da prosperidade e da justiça social.
O financiamento da educação pública no Brasil está regulamentado pelo art. 12 da CF, a qual estabelece um orçamento mínimo de 12% da receita de impostos da União e 25% da arrecadação dos Estados e Municipios. Nesse sentido, o investimento da educação depende diretamente da economia do país, vez que esta determina o volume dos impostos arrecadados.

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