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Farmacologia Aplicada 
à Biomedicina
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Roberta Tancredi Francesco dos Santos 
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Revisão Técnica:
Prof.a Luciana Nogueira
Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Farmacologia Cardiovascular 
e Respiratória
 
 
• Relembrar a fisiologia do Sistema Cardiovascular e respiratório e como atuam os medica-
mentos para as principais doenças relacionadas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Farmacologia do Sistema Cardiovascular: Digitálicos; 
Antiarrítmicos; Anti-hipertensivos e Vasodilatadores Diretos;
• Anti-hipertensivos;
• Antagonistas dos Canais de Cálcio;
• Farmacologia do Sistema Renal;
• Farmacologia da Diabetes: Insulina e Hipoglicemiantes;
• Farmacologia dos Antilipêmicos, Anticoagulantes e Trombolíticos; 
• Farmacologia Respiratória.
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Farmacologia do Sistema Cardiovascular: 
Digitálicos; Antiarrítmicos; Anti-
hipertensivos e Vasodilatadores Diretos
Agora que passamos da Farmacologia do Sistema Nervoso, abordaremos os sis-
temas circulatório e respiratório, e a farmacologia usada para tratar as principais 
patologias que os envolvem. Vamos juntos para mais esse desafio.
O sistema cardiovascular, também chamado de sistema circulatório, é formado 
pelo coração e pelos vasos sanguíneos, cuja função é transportar nutrientes e oxigê-
nio pelo sangue para os diferentes tecidos do nosso corpo. Sabemos que o coração 
é o órgão responsável por garantir o bombeamento do sangue e os vasos sanguíneos 
são estruturas tubulares formadas por um endotélio por onde o sangue percorre. 
O coração, também chamado de miocárdio, é um órgão formado por tecido mus-
cular cardíaco e possui dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são responsáveis por 
garantir o recebimento do sangue no coração, enquanto os ventrículos são respon-
sáveis por bombeá-lo para o restante do corpo. No lado esquerdo do coração circula 
apenas sangue rico em oxigênio, enquanto do lado direito observa-se a presença 
apenas de sangue rico em gás carbônico. Entre os átrios e ventrículos existem válvu-
las que impedem o refluxo do sangue, permitindo, desse modo, um fluxo contínuo.
O bombeamento do miocárdio é realizado por meio de contração e relaxamento, 
sendo a contração chamada de sístole, enquanto o relaxamento é chamado de di-
ástole. Quando ele contrai, bombeia sangue, e quando relaxa, enche-se de sangue. 
Nos seres humanos, os batimentos cardíacos originam-se no próprio coração pelo 
nó sinoatrial, essa capacidade denominou-se de automatismo.
Figura 1 – Desenho esquemático do coração e de parte do sistema circulatório
Fonte: Getty Images
Em relação aos vasos sanguíneos, os três principais tipos são as artérias, veias 
e capilares. As artérias são vasos que levam o sangue em alta pressão, a partir do 
coração, para os órgãos e tecidos do corpo. As artérias ramificam-se em arteríolas 
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e capilares; os capilares são vasos sanguíneos muito delgados, que garantem a troca 
de substâncias entre o sangue e os tecidos do corpo, e as veias capilares sanguíneas 
convergem para as chamadas vênulas, as quais convergem para as veias. As veias 
são os vasos que garantem que o sangue retorne ao coração. Nesses vasos, o sangue 
percorre em baixa pressão, e para evitar o refluxo, as veias são dotadas de valvas. 
Nossa circulação ocorre da seguinte forma: o sangue é ejetado do ventrículo esquer-
do para a aorta, a partir da qual flui rapidamente até os órgãos por meio de artérias 
ricas em elastina e colágeno. A ramificação sucessiva leva, por meio de artérias pro-
gressivamente mais musculares, a arteríolas e capilares, onde ocorre troca de gases 
e nutrientes. Os capilares convalescem para formar vênulas pós-capilares, vênulas e 
veia, que são progressivamente maiores até alcançarem, por meio da veia cava, o co-
ração direito. O sangue desoxigenado ejetado do ventrículo direito circula pela artéria 
pulmonar, capilares pulmonares e veias pulmonares, retornando ao átrio esquerdo. As 
arteríolas e as pequenas artérias musculares constituem os principais vasos de resistên-
cia na circulação, enquanto as veias são vasos de capacitância. Toda essa rede compre-
ende nossa circulação sanguínea, dependente do nosso órgão bombeador, o coração.
Figura 2 – Desenho dos vasos sanguíneos presentes no nosso corpo
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
As artérias, arteríolas, vênulas e veias contêm músculo liso, cujo estado de contra-
ção é controlado por hormônios circulantes e por mediadores liberados localmente 
das terminações nervosas simpáticas das células endoteliais.
Um dos principais controles é o sistema de renina-angiotensina, que atua de 
modo sinérgico com o sistema nervoso simpático. Estimula também a secreção de 
aldosterona e desempenha um papel central no controle da excreção de Na+ e vo-
lume de líquido, bem como do tônus vascular. Alterações fisiológicas podem causar 
a hipertensão, que é uma pressão alta nos vasos sanguíneos a qual pode ser, entre 
outras causas, deficiências no sistema renina-angiotensina. 
A estimulação simpática também pode influenciar significativamente nas adapta-
ções cardíacas e nas respostas do sistema cardiovascular. O sistema nervoso simpá-
tico é estimulado quando somos colocados em uma situação de “luta ou fuga”, ou ao 
realizarmos exercícios físicos.
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UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
No coração, os receptores β-adrenérgicos, que são sensíveis às catecolaminas (epinefri-
na e norepinefrina), ativam a adenilato ciclase, a qual converte ATP em AMPc. O AMPc 
age como segundo mensageiro, ativando a proteína quinase A (PKA). A velocidade de 
contração e relaxamento do miocárdio se torna aumentada com a estimulação simpática. 
O aumento intracelular de AMPc está relacionado com a resposta à ativação da adenilato 
ciclase, pela estimulação da proteína G acoplada ao receptor β-adrenérgico, isso culmina 
na ativação da PKA. A PKA fosforila diversas proteínas, como canal de Ca2+ tipo L, que 
aumenta a corrente de influxo de Ca2+ e, assim, o inotropismo cardíaco.
Desta forma, observamos que o coração humano é controlado intrinsecamente 
tanto de pela ação hormonal mediada pelo sistema nervoso simpático (seria a ação 
mecânica) quanto pelos potenciais de ação (seria a parte elétrica). Para manter a ho-
meostase, os componentes precisam atuar juntos, em harmonia adequada. Quando o 
componente mecânico falha, apesar de um ritmo normal, pode ocorrer insuficiência 
cardíaca. Quando o componente elétrico passa a funcionar de modo inapropriado, 
causa a arritmia, ou seja, uma irregularidade nos batimentos cardíacos. 
Inotropismo é um termo das ciências da saúde para se referir à capacidade de con-
tração do miocárdio. Muitos fármacos atuam causando um efeito inotrópico positivo, ou 
seja, significa que aumenta a força de contração do coração, geralmente aumentando 
o nível de cálcio intracelular do miocárdio. Por outro lado, existem fármacos que agem 
gerando um efeito inotrópico negativo, isso significa que diminui a força de contração, 
diminuindo o débito cardíaco (débito cardíaco ou gasto cardíaco é o volume de sangue 
sendo bombeado pelo coração em um minuto. É igual à frequência cardíaca multiplicada 
pelo volume sistólico. Portanto, se o coração está batendo 70 vezes por minuto e a cada 
batimento 70 mililitros de sangue são ejetados, o débito cardíaco é de 4900 ml/minuto).
Observe o movimento do cálcio no acoplamento excitação-contração no miocárdio, 
a fim de entender melhor o inotropismo dos fármacos.
Figura 3 – Diagrama esquemático do movimento do cálcio no acoplamento 
excitação-contração no músculo cardíaco, resultando em contração e relaxamento
Fonte: ufjf.br
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A Farmacologia cardiovascular está baseada em substâncias que irão afetar, princi-
palmente, a frequência e o ritmo cardíaco, a contração do miocárdio, o metabolismo 
e fluxo sanguíneo. Podemos dividi-las em três grupos: 
• Substâncias que afetam diretamente as células miocárdicas:São os glico-
sídeos cardíacos e outros agentes inotrópicos, neurotransmissores autônomos e 
substâncias relacionadas ou agentes antiarrítmicos;
• Substâncias que afetam indiretamente a função cardíaca: Essas substân-
cias exercem ações em outras partes do sistema vascular. Algumas substâncias 
antianginosas (por exemplo, nitratos) pertencem a essa categoria, assim como 
a maioria dos fármacos utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca (por 
exemplo, diuréticos e inibidores da enzima conversora de angiotensina);
• Antagonistas do cálcio: Afetam a função cardíaca por meio de uma ação direta 
sobre as células miocárdicas, bem como indiretamente, ao relaxar as arteríolas.
Detalharemos algumas dessas categorias de fármacos que exercem ação impor-
tante sobre o sistema cardiovascular e são usados para tratamento de doenças que 
envolvem esse sistema.
O que aconteceria se uma droga que bloqueia os canais de cálcio for colocada no líquido que 
circunda as células miocárdicas? 
Digitálicos
Em 1785, o Dr. William Withering descreveu os benefícios cardiovasculares de 
uma preparação obtida da dedaleira (Digitalis ssp.), também denominada digital. 
Ele utilizou essa preparação para tratar pacientes que sofriam de “hidropisia”, uma 
afecção em que o acúmulo de líquido extravascular leva à dispneia (dificuldade na 
respiração) e formação de edema periférico.
Hoje em dia, esses sintomas são reconhecidos como manifestações características 
da Insuficiência Cardíaca (IC), uma síndrome clínica mais comumente causada por 
disfunção sistólica do Ventrículo Esquerdo (VE). Nessa afecção, o VE é incapaz de 
manter um volume sistólico adequado, apesar do volume de enchimento normal, e o 
volume diastólico final do VE aumenta na tentativa de preservar o volume sistólico. 
Todavia, acima de determinado volume diastólico final, as pressões diastólicas do VE 
começam a aumentar, frequentemente de modo precipitado. Esse aumento da pres-
são diastólica VE resulta em elevação da pressão atrial esquerda e pressão capilar 
pulmonar, as quais, por sua vez, levam à formação de edema pulmonar intersticial e 
alveolar e a um aumento da pressão cardíaca direita e arterial pulmonar. A pressão 
cardíaca direita elevada resulta em hipertensão venosa sistêmica e edema periférico. 
Veja mais sobre Insuficiência Cardíaca em: https://msdmnls.co/2Dey9d1
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UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
A digoxina, um membro da família de glicosídeos cardíacos, tem sido usada no 
tratamento de afecções em que ocorre comprometimento da contratilidade do mio-
cárdio. Os glicosídeos cardíacos são agentes inotrópicos positivos, definidos como 
agentes que aumentam a força contrátil dos miócitos cardíacos. Desde o advento da 
digital, a elucidação do mecanismo celular da contração cardíaca facilitou o desenvol-
vimento de outros agentes inotrópicos.
A digoxina, um dos medicamentos mais antigos para o tratamento da insuficiên-
cia cardíaca, aumenta a força de cada batimento cardíaco e diminui a frequência car-
díaca quando esta é muito rápida. A digoxina ajuda a aliviar os sintomas em algumas 
pessoas com insuficiência cardíaca sistólica.
Figura 4
Fonte: Adaptado de plantgenera.org | Wikimedia commons
A) representa a planta com nome científico: Digitalis purpurea L, cujo nome 
popular é Dedaleira, Abeloura, Digital, Digitalina, entre outros. As suas par-
tes utilizadas são as folhas e flores. B) apresenta a estrutura do fármaco ou 
princípio ativo: digitalina, digitoxina e digitonina.
12
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Os mecanismos básicos da ação dos glicosídeos cardíacos consistem em um 
aumento da atividade vagal e inibição da bomba Na+/K+.
O aumento de Na+ diminui a extrusão de Ca2+. Isso melhora a contração mio-
cárdica e a função sistólica global do coração. Durante muito tempo, acreditou-se 
ser esse o mecanismo único de ação desses fármacos. No entanto, evidências mais 
recentes sugerem que digitálicos atuam inibindo a enzima Na+-K+-ATPase em tecidos 
não cardíacos. A inibição enzimática em fibras aferentes vagais, por exemplo, sensi-
biliza barorreceptores, o que reduz o fluxo simpático proveniente do sistema nervoso 
central. A inibição da Na+K+- ATPase nos rins reduz a reabsorção tubular de Na+, 
aumentando a disponibilidade do íon em nível tubular distal, o que, ultimamente, 
suprime a secreção renal de renina. A ação da digoxina sobre o sistema nervoso 
autônomo reduz o fluxo simpático e aumenta o tônus parassimpático. O efeito an-
tiadrenérgico é interessante na insuficiência cardíaca, especialmente em pacientes 
portadores de fibrilação atrial com alta frequência cardíaca, pois provoca lentificação 
da resposta ventricular e contribui para o controle dos sintomas de doença.
Figura 5 
Fonte: Adaptado de wishqatar.org 
Os glicosídeos cardíacos, grupo onde se insere a digitoxina, têm como me-
canismo de ação a inibição da bomba Na+/K+ ATPase. São glicosídeos que 
exercem um grande efeito sobre o músculo cardíaco. Têm efeito específico 
sobre a contração miocárdica e na condução atrioventricular.
Os efeitos são aumentados com a hipocalemia (baixo nível de potássio). Os di-
gitálicos também alteram a excitabilidade de vários núcleos neuronais e do sistema 
nervoso intestinal, do que decorrem efeitos colaterais, tais como náusea, vômitos, 
diarreia, ligeira ginecomastia nos homens, confusão mental, alterações visuais, alu-
cinações (raras).
Leia um artigo que aborda a importância da digoxina no século XXI.
Disponível em: https://bit.ly/2P9m8bn
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UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Outras drogas que aumentam a contratilidade do miocárdio são agonistas dos 
receptores β1 adrenérgicos, como a dobutamina. São utilizados no tratamento de 
insuficiência cardíaca aguda. A dobutamina produz menos taquicardia do que os 
outros agonistas β1 adrenérgicos, é administrada por via endovenosa, não sendo 
usada por via oral em pacientes crônicos. O xamoterol é um agonista parcial, 
causa melhora moderada da hemodinâmica nas IC leves, porém é deletério em 
doenças mais graves, tornando seu uso problemático.
Antiarrítmicos
Também conhecida como disritmia ou “palpitação”, a arritmia cardíaca é uma 
alteração nos batimentos do coração.
Essa arritmia pode ser devido ao aumento dos batimentos cardíacos, que é co-
nhecida como taquicardia e, ao contrário, se forem batimentos mais lentos do que o 
esperado, é chamada bradicardia. Os miócitos cardíacos não conseguem se contrair 
de modo sincrônico e ocorre comprometimento do bombeamento efetivo. 
A ocorrência de alterações no potencial de membranas das células cardíacas afeta 
diretamente o ritmo cardíaco, e os agentes antiarrítmicos atuam, em sua maioria, ao 
modular a atividade dos canais iônicos na membrana plasmática. Quando ocorre um 
desequilíbrio ou quebra do controle e alterações nos vasos, surgem algumas doenças, 
tais como a hipertensão.
Nós
sinusal
Vias
elétricas
normais
Nó
atrioventricular
Impulsos de 
brilação atrial
Sinais caóticos
Impulsos 
ventriculares
rápidos 
Coração normal Fibrilação atrial
Arritmia Cardíaca
Figura 6 – Arritmia cardíaca ou pulsação do coração irregular. Ilustração médica
Fonte: Adaptado de Getty Images
As arritmias podem ser benignas, que causam apenas desconforto, ou malignas, com 
alto risco de morte súbita. A doença pode fazer com que o coração não consiga bombear 
sangue suficiente para suprir as necessidades do corpo, o que pode causar infarto.
A arritmia mais comum é a fibrilação atrial. Ela ocorre devido ao ritmo irregular 
proveniente dos átrios, que mandam estímulos de forma desorganizada e rápida. 
Como resultado, há um ritmo irregular, que pode fazer com que o sangue não cir-
cule como deveria, podendo gerar a formação de um trombo. O problema de saúde 
aumenta com o avançar da idade. Para o tratamento são usados antiarrítmicos.
14
15
Em 1970, os antiarrítmicos são classificados conforme proposto por Singh-Vaughan-
Williams, o que proporcionou uma base útil para discussão dos seus mecanismos de 
ação. As classesestão descritas na Tabela 1, a seguir:
Tabela 1 – Classes de antiarrítmicos
Classe Mecanismo Droga
I Bloqueadores dos canais de sódio
IA: quinidina, procainamida,
disopiramida
IB: lidocaína, fenitoína,
metilxantina
IC: flecainida, propafenona
II Betabloqueadores Propranolol, metoprolol
III Bloqueadores dos canaisde potássio Amiodarona, bretílio, sotalol
IV Bloqueadores dos canais de cálcio Diltiazem, verapamil
Fonte: Adaptado de PebMed
Fármacos antiarrítmicos da classe I
Os mecanismos de ação dos fármacos antiarrítmicos da classe I consistem em 
bloquear os canais de sódio, diminuindo a velocidade de condução nos tecidos com 
canais rápidos (miócitos atriais e ventriculares e sistema de His-Purkinje). 
Seu efeito característico sobre o potencial de ação consiste em reduzir a taxa 
máxima de despolarização durante a fase 0. Os canais de sódio existem em três 
estados funcionais distintos: em repouso, aberto ou refratário. Os canais sofrem 
rápida mudança do estado de repouso para o aberto em resposta à despolarização 
– processo conhecido como ativação. A despolarização mantida faz com que se mo-
difique mais lentamente o seu estado aberto para o refratário (inativação), devendo 
a membrana ser repolarizada por algum tempo para restaurar o estado de repouso 
do canal antes de poder ser novamente ativado. Os fármacos da classe IA ligam-se 
mais fortemente aos canais no estado aberto ou refratário e menos fortemente aos 
canais no estado de repouso, sendo eles: quinidina, procainamida, disopiramida. 
As drogas da classe IB associam-se e dissociam-se rapidamente dentro do tempo do 
batimento cardíaco normal, por exemplo: lidocaína, fenitoína, metilxantina. E as 
drogas da classe IC associam-se e dissociam-se muito mais lentamente, atingindo 
assim um nível de bloqueio em estado de equilíbrio dinâmico que não varia de modo 
apreciável durante o ciclo cardíaco: flecainida, propafenona.
São, portanto, subdivididos com base na cinética dos efeitos dos canais de sódio:
• Fármacos da classe IB têm cinética rápida;
• Fármacos da classe IC têm cinética lenta;
• Fármacos da classe IA têm cinética intermediária.
Os fármacos da classe IA também bloqueiam os canais de potássio repolarizantes, 
prolongando os períodos refratários dos tecidos com canais rápidos. Os fármacos 
das classes IB e IC não bloqueiam os canais de potássio diretamente.
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UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Fármacos antiarrítmicos da classe II
Fármacos antiarrítmicos da classe II são antagonistas dos receptores β adrenérgi-
cos (betabloqueadores) que afetam predominantemente os tecidos com canais len-
tos (nó sinoatrial e atrioventricular), onde diminuem a frequência de automatismo, 
desaceleram a velocidade de condução e prolongam a refratariedade, sendo eles o 
propranolol e o metoprolol.
Mais recentemente, a atenção foi direcionada para o uso de antagonistas dos 
receptores β-adrenérgicos no tratamento de pacientes com IC. Embora o uso de 
antagonistas β possa parecer intuitivamente paradoxal, os estudos clínicos condu-
zidos estabeleceram que esses fármacos aumentam a sobrevida de pacientes com 
insuficiência cardíaca. Os benefícios dos antagonistas β em paciente com insufici-
ência cardíaca foram variavelmente atribuídos a: (1) inibição da liberação de renina, 
(2) atenuação dos efeitos citotóxicos e de sinalização das catecolaminas circulantes 
elevadas e, de modo mais geral, (3) prevenção das síndromes coronarianas agudas. 
Por conseguinte, os antagonistas β, à semelhança dos inibidores da ECA (Enzima 
Conversora de Angiotensina), podem atenuar os efeitos adversos dos reguladores 
neuro-humorais em pacientes com insuficiência cardíaca. Além disso, como os an-
tagonistas β e os inibidores da ECA (ver em anti-hipertensivos) atuam por meio de 
mecanismos distintos e apresentam toxicidades que não se superpõem, é razoável 
administrar esses fármacos concomitantemente a pacientes com IC.
Geralmente, os betabloqueadores são bem tolerados e os efeitos colaterais envolvem 
fadiga, distúrbios do sono e desarranjo gastrointestinal. Esses fármacos são contraindica-
dos para os portadores de asma. Vale ressaltar também que, para o tratamento de emer-
gência das disritmias graves, habitualmente usam-se os meios físicos (p. ex.: marca-passo 
ou cardioversão elétrica por meio da aplicação de choque de corrente direta no tórax).
Fármacos antiarrítmicos da classe III
A categoria de ação antidisrítmica da classe III baseou-se, originalmente, no com-
portamento incomum de uma droga, a amiodarona, e outras com efeito semelhante, 
como sotalol. Ambos os fármacos da classe III apresentam mais de uma classe de 
ações antidisrítmicas, mas seu principal efeito é prolongar significativamente o po-
tencial de ação cardíaco. São fármacos estabilizadores de membrana, principalmente 
bloqueadores dos canais de potássio, que prolongam a duração do potencial de ação e 
a refratariedade dos tecidos com canais rápidos e lentos. Assim, a capacidade de todos 
os tecidos cardíacos transmitir impulsos a frequências mais elevadas é reduzida, mas a 
velocidade de condução não é significativamente afetada. Como há prolongamento do 
potencial de ação, o índice de automatismo é reduzido. 
Fármacos antiarrítmicos da classe IV
Os fármacos da classe IV são bloqueadores dos canais de cálcio sensíveis à volta-
gem. Todas as drogas da classe IV de uso terapêutico, como verapamil, atuam nos 
canais de cálcio tipo L. As drogas diminuem a velocidade de condução nos nódulos 
S.A. (sinoatrial) e AV (atrioventricular), onde a propagação depende de Ca2+, que 
16
17
deprimem os potenciais de ação dependentes de cálcio de tecidos com canais lentos, 
diminuindo o índice de automatismo e a velocidade de condução, e prolongando a 
refratariedade e interrompendo as taquicardias supraventriculares ao produzir blo-
queio AV parcial.
Os principais efeitos colaterais são: bradicardia excessiva, bloqueio AV, cansaço, 
vertigem, cefaleia e, principalmente, obstipação intestinal (por VO), dor muscular, 
náusea, palpitações e dispneia. Por via IV (em bolus), a hipotensão figura como 
principal efeito adverso. Bradicardia sinusal grave ou bloqueio AV podem ocorrer, 
principalmente, em pacientes que estejam fazendo uso concomitante de betabloque-
adores. Também são usados no tratamento de angina. Veremos adiante.
Antiarrítmicos que não se enquadram
na classificação de Vaughan Williams 
A digoxina, abordada anteriormente nos casos de IC, tem indicação potencial 
também no controle dos pacientes que apresentam essas arritmias crônicas, com o 
mesmo objetivo de controle da resposta ventricular. São muito utilizados nessa indi-
cação quando associados a betabloqueadores, pois têm pouco efeito para controle da 
resposta ventricular no esforço, o que o betabloqueador faz muito bem. Esse fármaco 
é contraindicado na presença de bloqueio cardíaco completo intermitente. 
Os efeitos colaterais mais comuns são vertigem, distúrbios visuais (visão turva ou 
amarelada), arritmia, transtornos de condução, bigeminismo (alternância entre um 
batimento normal e outro anormal), trigeminismo (dois batimentos normais e uma 
extrassístole ventricular), bradicardia sinusal, náusea, vômito, diarreia e rash cutâneo, 
podendo ser acompanhado de eosinofilia pronunciada. 
A digoxina é um fármaco bem tolerado, desde que seja usado nas faixas de dose 
recomendadas e com atenção aos fatores de risco para intoxicação (p. ex., hipoca-
lemia), insuficiência renal e associação com fármacos que aumentam sua meia-vida. 
A toxicidade por digitálicos pode ser um problema clínico grave, podendo ser fatal 
e apresentando sintomas como náusea, vômito, anorexia, cólicas, distúrbios visuais, 
agitação, delírio e arritmias significantes (disfunção do NSA, bloqueio AV, taquicar-
dias atriais com condução AV variável, taquicardia juncional e TV). As manifestações 
de toxicidade digitálica são exacerbadas por hipocalemia, e manter níveis normais de 
K+ sérico é uma medida terapêutica importante.O tratamento da toxicidade por digoxina consiste em suspender a medicação, 
corrigir os possíveis distúrbios eletrolíticos (p. ex., hipocalemia e hipomagnesemia), 
uso de lidocaína ou fenitoína para as arritmias ventriculares e uso de anticorpos an-
tidigoxina em casos graves. 
Existe a interação com outros fármacos, no caso os níveis séricos de digoxina 
podem ser elevados por tratamento concomitante com amiodarona, verapamil, 
espironolactona, triantereno e eritromicina. Os níveis séricos de digoxina podem ser 
diminuídos por colestiramina. 
17
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
O deslanosídeo é um glicosídeo cardíaco (um dos glicosídeos naturais da Digitalis 
lanata) com as mesmas ações farmacológicas da digoxina, aumentando a força de 
contração do miocárdio e o período refratário do Nodo Átrio Ventricular, bem como 
alterando o Nodo Sino Atrial por meio do sistema nervoso autonômico. O deslanosí-
deo C, administrado por vias IV ou IM, é indicado na ICC aguda e crônica de todos 
os tipos e fases. Também é indicado para o tratamento de taquicardia.
 Por ter início de ação ligeiramente mais rápido, seu uso pode ser mais vantajoso 
do que a digoxina em digitalizações de emergência. 
As contraindicações e precauções desse fármaco incluem não ser usado por pa-
cientes com bloqueio átrio ventricular completo, bloqueio átrio ventricular de 2º grau, 
parada sinusal ou bradicardia sinusal excessiva. Durante o tratamento com digitáli-
cos, o paciente deve ser mantido sob controle, a fim de evitar efeitos secundários 
devido a uma dosagem excessiva, devendo ser evitada a administração de Ca2+ por 
via parenteral a pacientes que utilizem esse fármaco. Na presença de insuficiência 
coronariana, distúrbios eletrolíticos, insuficiência renal ou hepática, a posologia deve 
ser reduzida. Isso implica em um ajuste cuidadoso também em pacientes idosos, nos 
quais uma ou mais dessas doenças podem estar presentes. 
A adenosina é produzida endogenamente; entre suas funções, no músculo car-
díaco hiperpolariza o tecido de condução cardíaco. Esse nucleosídeo natural diminui 
a condução nodal por meio da inibição da corrente de Ca2+, que é provocada pela 
metabolização e consequente redução do AMPc. Os efeitos transitórios e específicos 
da adenosina fazem dela o agente de escolha nas taquiarritmias SV (Sino Ventricular) 
que têm origem no nodo sinoatrial e no nodo sinoventricular. 
Os efeitos colaterais mais comuns são rubor facial, dor de cabeça, sudorese e 
tontura, mas os sintomas desvanecem rapidamente após o uso. Casos raros de exa-
cerbação de asma foram relatados. 
Sulfato de magnésio (MgSO4). A administração IV de MgSO4 é tratamento de 
primeira linha em casos agudos de torsades de pointes (arritmia pode cessar espon-
taneamente ou degenerar em fibrilação ventricular). O Mg2+ suprime o desenvolvi-
mento de pós-potenciais precoces responsáveis por essa arritmia. O MgSO4 também 
pode ser utilizado para tratar arritmias associadas à intoxicação digitálica. 
Na verdade, a deficiência de Mg2+ pode ter um papel na intoxicação digitálica, 
uma vez que a digoxina tende a causar uma depleção de Mg2+ por aumento da fração 
renal excretada desse íon. Uma vez que o Mg2+ retarda a condução no NAV, alguns 
relatos de uso para supressão de taquiarritmias SV por administração IV de MgSO4 
existem na literatura médica. 
Existe também um número menor de relatos sugerindo o uso de MgSO4 em casos 
de taquicardia atrial multifocal e para prevenir arritmias pós-operatórias, após cirur-
gias cardíacas. O mecanismo pelo qual o Mg2+ é benéfico para essas arritmias não é 
plenamente conhecido; no entanto, o Mg2+ é cofator de muitas enzimas. 
A ranolazina, um derivado da piperazina, é um fármaco liberado para o tra-
tamento de angina estável, mas que tem propriedades antiarrítmicas interessantes 
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tanto em arritmias atriais quanto em ArV. Também representa, do ponto de vista de 
mecanismo de ação, uma abordagem nova, tendo melhor ação sobre tecido isquêmi-
co e lesado, mas não no tecido íntegro, impedindo sobrecarga de Ca2+ e apoptose. 
A ranolazina inibe a corrente tardia de Na+, que causa sobrecarga intracelular de Na+ 
e por ativação da forma reversa do trocador Na+/Ca2+). Estudos clínicos recentes 
demonstraram sua potente atividade antiarrítmica, mostrando que a ranolazina pode 
suprimir ASV e ArV em pacientes com síndrome coronariana aguda. No entanto, 
esse fármaco está liberado apenas para uso como antianginoso.
Leia reportagem completa de antiarrítmicos na Revista de Cardiologia, das páginas 23 a 50. 
“Drogas Antiarrítmicas – Da Quinidina ao Vernalakan”.
Disponível em: https://bit.ly/39INYVj
Antianginosos
A angina de peito ou angina pectoris é uma dor torácica devido ao baixo abaste-
cimento de oxigênio e nutrientes, conhecido como isquemia, no miocárdio. A prin-
cipal causa de angina é a aterosclerose ou trombo, definida como uma doença que 
surge devido ao acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias, o que 
causa obstrução do fluxo sanguíneo. As placas podem se romper e provocar oclusão 
aguda da artéria por meio de coágulos; como mostra a figura, é um acumulo de 
lipídeos nos vasos, formando uma placa de ateroma que impede o fluxo sanguíneo. 
O termo deriva do latim angere (“estrangular”) e pectus (“peito”), e pode, portanto, 
ser traduzido como estrangulamento do peito. 
Figura 7 – Representação da angina de peito ou angina pectoris, como mostra, é uma dor torácica
devido ao baixo abastecimento de oxigênio e nutrientes por causa da aterosclerose ou do trombo
Fonte: Wikimedia Commons
19
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Os fármacos antianginosos são utilizados na prevenção e/ou no tratamento da 
doença coronariana. Enquanto os fármacos antiarrítmicos são indicados para resta-
belecer ou modificar o ritmo cardíaco com o objetivo de tratamento dos distúrbios 
da formação ou da condução do impulso elétrico ou por combinação de ambos por 
meio do miocárdio.
Os fármacos antianginosos são classificados em: Nitratos orgânicos – betablo-
queadores – bloqueadores de canal de cálcio. Esses fármacos podem ser utili-
zados isoladamente ou associados, sempre com o objetivo de aliviar a dor torácica 
provocada pela insuficiência de fluxo coronariano para a demanda de oxigênio do 
miocárdio. Geralmente, são recomendados dois fármacos, sendo um de cada grupo, 
podendo se utilizar, de acordo com o quadro clínico, a terapia tríplice combinada. 
O ácido acetil salicílico (aspirina) em doses baixas é utilizado também no tratamento 
da doença coronariana devido à ação antiplaquetária.
Nitratos orgânicos
O mecanismo de ação dos nitratos orgânicos é que agem como vasodilatadores 
potentes e constituem ésteres dos ácidos nítrico e nitroso de álcoois. Os nitritos, na 
camada média muscular da parede dos vasos, são convertidos em óxido nítrico que 
estimula a guanilato ciclase a produzir guanosina monofosfato cíclico (GMP cíclico ou 
GMPc). O GMPc provoca a desfosforilação da cadeia leve de miosina, inibindo a en-
trada de cálcio para a célula muscular lisa dos vasos sanguíneos e, consequentemente, 
levando à vasodilatação. Os nitritos apresentam, principalmente, dois efeitos, um deles 
é a dilatação dos vasos coronarianos aumentando o suprimento sanguíneo e, portanto, 
do oxigênio para o miocárdio, e o segundo efeito é a dilatação das grandes veias, o 
que diminui a pré-carga, assim, diminuindo também o trabalho cardíaco e o consumo 
de oxigênio pelo miocárdio, seguindo-se do alívio imediato dos sintomas. Portanto, os 
nitratos atuam diretamente na musculatura lisa vascular coronariana (provocando o re-
laxamento dessa musculatura), diminuindo também o consumo de oxigênio pelo mio-
cárdio, sem depender de receptores adrenérgicos ou colinérgicos, nem de inervação. 
A redução da pré-carga e da pressão arterial, além do efeito vasodilatador dos 
vasos coronarianos, é considerada mecanismo primário de ação do seguinte grupo 
de medicamentos denominados de nitratos orgânicos,utilizados no tratamento da 
angina pectoris.
Indicações dos nitratos orgânicos
Tratamento sintomático de crises de angina de peito estável e instável. Alívio sinto-
mático de edema agudo de pulmão e insuficiência ventricular esquerda aguda. Redu-
ção de morbimortalidade em insuficiência ventricular esquerda de pacientes intoleran-
tes a inibidores da ECA (em associação com hidralazina). Emergências hipertensivas, 
no controle da pressão arterial. Prevenção de crises de angina de peito estável.
Os nitratos são rapidamente biotransformados pelo fígado pela enzima nitrato glu-
tationa redutase. A nitroglicerina, moderadamente volátil, é convertida em nitrito inor-
gânico e metabólitos não nitratos, com reduzida ou nenhuma atividade vasodilatadora. 
A nitroglicerina, o dinitrato de isossorbida e o propatilnitrato são administrados 
20
21
por via sublingual e chegam rapidamente até a circulação venosa, evitando a primeira 
passagem no fígado, com imediata ação terapêutica, principalmente, com a nitroglice-
rina em que o pico do nível plasmático é atingido em um a dois minutos, e tem a meia-
-vida de sete minutos. Se usada de modo profilático, a meia-vida pode alcançar uma 
hora. A nitroglicerina administrada por via transdérmica também tem efeito imediato e 
não sofre o metabolismo de primeira passagem. A administração por via endovenosa 
deve ser por infusão contínua ou lenta, sendo contraindicada em pacientes com hipo-
tensão arterial e glaucoma. 
O dinitrato de isossorbida, sólido em temperatura ambiente, é metabolizado em 
2-mononitrato de isossorbida que é inativo, e 5-mononitrato de isossorbida que tem 
propriedade vasodilatadora. 
O dinitrato de isossorbida é ativo por via oral, não é metabolizado pelo fígado ou 
músculo liso e possui menor potência do que a nitroglicerina para relaxar a muscula-
tura lisa dos vasos sanguíneos. A administração contínua do dinitrato de isossorbida 
ou do 5-mononitrato de isossorbida resulta em níveis plasmáticos mais elevados.
O principal efeito adverso dos nitratos orgânicos é a cefaleia (a enfermagem deve 
informar ao paciente que esse efeito adverso é comum), podendo ocorrer também 
hipotensão ortostática, levando a sincope, rubor facial e taquicardia. Suspensão 
abrupta pode provocar vasoespasmo espontâneo e infarto agudo do miocárdio.
Betabloqueadores
Os betabloqueadores são as drogas de primeira linha na terapia antianginosa e 
são particularmente úteis nos pacientes com angina após infarto, pois nesses pacien-
tes os estudos mostraram diminuição da mortalidade. Exemplo: o propranolol (ver 
mecanismo descrito em antiarrítmicos da classe II).
Bloqueadores de canal de cálcio
Os bloqueadores do canal de cálcio utilizados no tratamento da angina pectoris
são: nifedipina – verapamil – diltiazem. Utilizados também no tratamento de arrit-
mias (ver mecanismo descrito em antiarrítmicos da classe IV) A nifedipina atua, prin-
cipalmente, como vasodilatador arteriolar e é útil no tratamento da angina causada 
por espasmo coronário espontâneo. 
Os efeitos adversos são cefaleia, rubor, edema maleolar, tontura e sensação de 
fadiga. O verapamil, como visto, diminui a frequência cardíaca e a demanda de 
oxigênio, devendo ser usado com cautela em pacientes digitalizados, pois aumenta 
os níveis de digoxina e é contraindicado em pacientes com função cardíaca alterada 
preexistente ou anormalidades na condução atrioventricular (AV). A via de adminis-
tração e os efeitos adversos são semelhantes aos da nifedipina.
O diltiazem tem efeitos semelhantes ao verapamil, porém, com incidência menor de 
efeitos adversos. Estudos realizados indicam que em pacientes da raça negra os bloquea-
dores dos canais de cálcio são mais efetivos do que os inibidores de ECA ou betabloque-
adores, e na faixa etária inferior a 60 anos, o diltiazem é mais eficaz do que a nifedipina. 
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UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Antagonistas do canal de cálcio, especialmente verapamil e diltiazem, são alterna-
tivas para pacientes que não toleram betabloqueadores. Em caso de infarto miocár-
dico recente, não é recomendável o uso de bloqueadores de canal de cálcio.
Figura 8 – Estrutura química do Verapamil
Fonte: Acervo do conteudista
Anti-hipertensivos
A hipertensão é uma doença amplamente prevalente, que representa um impor-
tante fator de risco para eventos cardiovasculares adversos, como acidente vascular 
cerebral, coronariopatias, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca e doença 
renal crônica. O reconhecimento cada vez maior da importância da hipertensão con-
tribuiu para revisões periódicas da abordagem clínica dessa doença.
Um dos principais obstáculos no tratamento da hipertensão consiste na natureza 
em grande parte assintomática da doença, mesmo com elevação pronunciada da 
pressão arterial sistêmica. O objetivo sempre é manter os níveis da pressão arterial 
na faixa de 120 mm Hg para a pressão sistólica e 80 mm Hg para a pressão diastó-
lica, que é o saudável. Embora os alvos clínicos finais do tratamento possam variar 
ligeiramente de um paciente para outro, o foco do tratamento sempre consiste em 
reduzir a pressão arterial para essa medida. 
Tipicamente, a hipertensão é classificada em hipertensão primária (essencial) ou 
secundária. A hipertensão essencial, cuja causa responsável pela elevação da pres-
são arterial permanece desconhecida, afeta de 90% a 95% da população hipertensa. 
A etiologia da hipertensão essencial é multifatorial, incluindo fatores tanto genéticos 
quanto ambientais, como consumo de álcool, obesidade e ingestão de sal, e está 
relacionada com o estilo de vida, sedentarismo, consumo de nicotina. A hipertensão 
secundária ocorre em cerca de 5% dos casos da doença e resulta de uma desordem 
preexistente, como doenças renais que afetam o controle do volume sanguíneo e 
aumentam a atividade de sistemas reguladores da pressão arterial, como o sistema 
renina-angiotensina e os tumores na medula e córtex da glândula suprarrenal.
Independentemente da hipertensão essencial ou hipertensão devido a uma con-
dição subjacente, isso pode aumentar o débito cardíaco, a resistência para o sangue 
22
23
fluir causada pelo tônus muscular e o diâmetro dos vasos sanguíneos, conhecido 
como resistência periférica, ou ambos.
Leia o artigo sobre hipertensão, disponível em: https://bit.ly/3hV9EAq 
A pressão arterial é o produto do Débito Cardíaco (DC) pela Resistência Vascular 
Sistêmica (RVS), e o DC é o produto da Frequência Cardíaca (FC) pelo Volume Sistólico 
(VS). Esses determinantes são alterados por diversos mecanismos homeostáticos. A fre-
quência cardíaca é aumentada pelo Sistema Nervoso Simpático (SNS) e pelas cateco-
laminas, enquanto é reduzida pelo Sistema Nervoso Parassimpático (SNPS). O volume 
sistólico é aumentado pela contratilidade e pré-carga e diminuído pela pós-carga (não 
indicada); todos esses determinantes constituem parâmetros importantes da função cardí-
aca. A pré-carga é alterada por mudanças no tônus venoso e no volume intravascular. O 
SNS e os hormônios, incluindo a aldosterona, o hormônio antidiurético (ADH) e os pep-
tídios natriuréticos, constituem os principais fatores que afetam o volume intravascular. 
Por outro lado, existe a Resistência Vascular Sistêmica (RVS), que é uma função 
da inervação direta, dos reguladores circulantes e dos reguladores locais. A inervação 
direta inclui os receptores 1-adrenérgicos (1-AR), que aumentam a RVS. Os regulado-
res circulantes incluem as catecolaminas e a angiotensina II (AT II), que aumentam a 
RVS. Diversos reguladores locais também alteram a RVS. Esses reguladores incluem 
moléculas de sinalização derivadas do endotélio, como óxido nítrico (NO), prostaciclina, 
endotelina e AT II; e reguladores metabólicos locais, como O2, H
+ e adenosina. A RVS 
constitui o principal componente da pós-carga, que está inversamente relacionada com 
o volume sistólico. A combinação do efeito direto da RVS sobre a pressão arterial e o 
efeito inverso da pós-carga sobreo volume sistólico ilustra a complexidade do sistema.
O que é resistência vascular periférica? Assista ao vídeo em: https://youtu.be/yUv9SNTs6oI 
Os fármacos usados no tratamento da hipertensão podem afetar os vasos san-
guíneos diretamente, atuando sobre a musculatura lisa, ou indiretamente, atuando 
sobre as células endoteliais ou sobre as terminações nervosas simpáticas. São eles 
alguns já estudados, como betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, e 
em alguns iremos nos aprofundar, como vasodilatadores, diuréticos e Inibidores da 
Enzima Conversora de Angiotensina (IECA). Vamos lá!
Betabloqueadores
Seu mecanismo anti-hipertensivo envolve diminuição inicial do débito cardíaco, 
redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e diminuição das 
catecolaminas nas sinapses nervosas. Betabloqueadores de geração mais recente 
(terceira geração), como o carvedilol e o nebivolol, diferentemente dos betabloque-
adores de primeira e segunda gerações, também proporcionam vasodilatação, que, 
no caso do carvedilol, decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante 
23
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
do receptor alfa-1 adrenérgico, e no caso do nebivolol, de aumento da síntese e libe-
ração endotelial de óxido nítrico.
Estudos com carvedilol, metoprolol, bisoprolol e, recentemente, com nebivolol 
têm demonstrado que esses fármacos são úteis na redução de mortalidade e morbi-
dade cardiovasculares de pacientes com insuficiência cardíaca, hipertensos ou não, 
independentemente da faixa etária. O propranolol se mostra também útil em pacien-
tes com tremor essencial, síndromes hipercinéticas, cefaleia de origem vascular e 
naqueles com hipertensão portal.
As principais reações adversas são broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da 
condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, depressão 
psíquica, astenia e disfunção sexual.
Betabloqueadores de primeira e segunda gerações podem acarretar também into-
lerância à glicose, induzir ao aparecimento de novos casos de diabetes, hipertriglice-
ridemia com elevação do LDL-colesterol e redução da fração HDL-colesterol. O im-
pacto sobre o metabolismo da glicose é potencializado quando os betabloqueadores 
são utilizados em combinação com diuréticos. O efeito sobre o metabolismo lipídico 
parece estar relacionado à dose e à seletividade, sendo de pequena monta, com o 
uso de baixas doses de betabloqueadores cardiosseletivos.
Diferentemente, betabloqueadores de terceira geração, como o carvedilol e o ne-
bivolol, têm impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e 
lipídico, possivelmente em decorrência do efeito de vasodilatação com diminuição 
da resistência à insulina e melhora da captação de glicose pelos tecidos periféricos.
Estudos com o nebivolol também têm apontado para uma menor interferência 
na função sexual, possivelmente em decorrência do efeito sobre a síntese de óxido 
nítrico endotelial.
A suspensão brusca dos betabloqueadores pode provocar hiperatividade sim-
pática, com hipertensão de rebote e/ou manifestações de isquemia miocárdica, 
sobretudo em hipertensos com pressão arterial prévia muito elevada. Devem ser 
utilizados com cautela em pacientes com doença vascular de extremidade.
Os betabloqueadores de primeira e segunda gerações são formalmente contrain-
dicados a pacientes com asma brônquica, DPOC e bloqueio atrioventricular de se-
gundo e terceiro graus.
Antagonistas dos Canais de Cálcio
A ação anti-hipertensiva decorre da redução da resistência vascular periférica por 
diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas vasculares. 
Leia sobre os antagonistas de canais de cálcio mais empregados na prática médica diária, 
disponível em: https://bit.ly/30pM4G1 
24
25
Vasodilatadores de ação direta
Atuam sobre a musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento mus-
cular com consequente vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. 
São utilizados em associação com diuréticos e/ou betabloqueadores. Hidralazina e 
minoxidil são dois dos principais representantes desse grupo.
O minoxidil e a hidralazina estão disponíveis por via oral utilizados no tratamento 
em longo prazo da hipertensão. O minoxidil é um ativador do canal de K+ metabo-
trópico que hiperpolariza as células musculares lisas vasculares, atenuando, assim, a 
resposta celular a estímulos despolarizantes. A hidralazina é um vasodilatador menos 
poderoso, cujo mecanismo de ação permanece incerto. Tanto o minoxidil quanto 
a hidralazina podem causar retenção compensatória de Na+ e H2O, bem como ta-
quicardia reflexa; esses efeitos adversos são mais frequentes e mais graves com o 
minoxidil do que com a hidralazina. O uso concomitante de um antagonista β e de 
um diurético pode atenuar esses efeitos adversos compensatórios.
As principais reações adversas são a retenção hídrica e taquicardia reflexa, o que 
contraindica seu uso como monoterapia.
Vasodilatação e VasoconstriçãoVasVas e Ve V çãoçãoç
Artéria
normal
Artéria 
vasodilatada
Artéria de 
vasoconstrição
Figura 9 – Exemplo do calibre das artérias mostra a ação dos vasodilatadores
Fonte: Adaptado de Getty Images
Farmacologia do Sistema Renal
Diuréticos
O mecanismo de ação anti-hipertensivo dos diuréticos se relaciona com a dimi-
nuição do volume extracelular. Posteriormente, após cerca de quatro a seis semanas, 
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UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
o volume circulante praticamente se normaliza e há redução da resistência vascular 
periférica. É eficaz no tratamento da hipertensão arterial, tendo sido comprovada 
sua eficácia na redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. 
Além de serem usados como anti-hipertensivo, são utilizados quando o coração en-
tra em insuficiência cardíaca. Com consequência da IC, há o aumento da pressão final 
do ventrículo esquerdo (tesão de sua parede) e o aumento das dimensões das cavidades 
esquerdas acabam por impedir a manutenção do débito cardíaco, levando à congestão 
pulmonar e ao edema periférico. Assim, o mecanismo básico dos diuréticos é aumen-
tar a eliminação renal de sal e água, reduzindo o volume de fluido intravascular inters-
ticial e a pressão de enchimento ventricular (pré-carga), diminuindo, em consequência, 
a retenção de fluido e eliminando a congestão pulmonar e os edemas periféricos. 
Principais Diuréticos são: Diuréticos de alça, diuréticos tiazídicos e diuréticos pou-
padores de potássio. Para uso como anti-hipertensivos, são preferidos os diuréticos 
tiazídicos e similares, em baixas doses. Vamos analisá-los.
• Diuréticos de alça: são os mais potentes e utilizados em IC. Atuam inibindo o íon 
transportador NaK2Cl encontrado na membrana apical de células epiteliais renais 
no ramo ascendente da alça de Henle. A inibição do NaK2Cl resulta em aumento 
acentuado da excreção de sódio (Na+) e Cloro (Cl–), indiretamente de Ca2+ e Mg+ 
e, com a queda de concentração de solutos no interstício medular, diminui a reab-
sorção de água no túbulo coletor, aumentando a sua eliminação. A eliminação de 
sódio e água aumenta a eliminação de K+ e H+, processo acelerado pela aldoste-
rona. Os principais diuréticos de alça são a Furosemida e a Bumetanida;
• Diuréticos tiazídicos: seu mecanismo de ação é inibir a ação do íon transporta-
dor Na+Cl– no túbulo distal com aumento de eliminação de Na+, Cl–, K+ e água. 
Dos tiazídicos, os mais empregados são a hidroclorotiazida e a clortalidona;
• Diuréticos poupadores de potássio: são diuréticos que eliminam sal e água, 
porém poupam o potássio. Agem inibindo os canais condutores de sódio no 
túbulo coletor, como a amilorida e triantereno, ou bloqueando a aldosterona, 
como a espironolactona.
Para uso como anti-hipertensivos, são preferidos os diuréticos tiazídicos e simi-
lares, em baixas doses. Os diuréticos de alça são reservados para situações de hi-
pertensão associada à insuficiência renal com taxa de filtração glomerular abaixo de 
30 mL/min./1,73 m2(D) e na insuficiência cardíaca com retenção de volume. Em 
pacientes com aumento do volume extracelular (insuficiências cardíaca e renal), o uso 
associado de diurético de alça e tiazídico pode ser benéfico tanto para o controle do 
edema quanto da pressão arterial, ressalvando-se o risco maior de eventos adversos. 
Os diuréticos poupadores de potássio apresentam pequena eficácia diurética, mas, 
quando associados aos tiazídicos e aos diuréticos de alça, são úteis na prevenção e 
no tratamento de hipopotassemia. Seu uso em pacientes com redução da função 
renal poderá acarretar hiperpotassemia.
A rigor, não existe contraindicação aos diuréticos, mas podem ocorrer reações 
adversas, tais como são hipopotassemia, por vezes acompanhada de hipomagnese-
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mia, que pode induzir arritmias ventriculares, e hiperuricemia. O emprego de baixas 
doses diminui o risco de efeitos adversos, sem prejuízo da eficácia anti-hipertensiva, 
especialmente quando em associação com outros anti-hipertensivos. 
Os diuréticos também podem provocar intolerância à glicose, aumentar o risco do 
aparecimento do diabetes melito, além de promover aumento de triglicérides, efeitos 
esses, em geral, dependentes da dose.
Representação esquemática do néfron demonstrando os principais locais de ação dos 
diuréticos. PK: Poupadores de potássio (espironolactona), osmóticos (manitol e glicose), 
diuréticos de alça (furosemida e torasemida) e tiazídicos (hidroclorotiazida).
Disponível em: https://bit.ly/3hM7m6P
Inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona
O sistema de renina angiotensina atua de modo sinérgico com o sistema nervoso 
simpático e estimula a secreção de aldosterona. Exerce atividade essencial no controle 
da excreção do sódio e no volume de líquido, bem como do tônus vascular.
A renina é uma enzima proteolítica secretada na circulação por células do apa-
relho justaglomerular, no túbulo distal do néfron. O controle para secreção de 
renina é complexo, mas ela é secretada a partir de estímulos que incluem a redução 
de sódio do líquido do túbulo distal ao qual a mácula densa é exposta. A atividade 
simpática renal, os agonistas dos receptores β adrenérgicos e as prostaciclinas esti-
mulam diretamente a secreção de renina, enquanto a angiotensina II produz inibição 
por retroalimentação.
O aparelho justaglomerular tem duas funções principais: regular o fluxo sanguíneo glome-
rular e a taxa de filtração e regular a pressão sanguínea sistêmica.
Disponível em: https://bit.ly/2DicnoU
A angiotensina I não tem atividade apreciável em si, porém é convertida pela 
ação da enzima conversora de angiotensina (ECA) em angiotensina II, que é um 
potente vasoconstritor. A ECA é uma enzima ligada à membrana na superfície das 
células endoteliais, que é particularmente abundante no pulmão dotado de uma vasta 
superfície de endotélio vascular. A isoforma comum da ECA também está presente 
em outros tecidos vasculares, incluindo coração, cérebro, músculo estriado e rim, e 
não se limita às células endoteliais. Consequentemente, pode ocorrer a formação de 
angiotensina II em diferentes leitos vasculares. A ECA também inibe a bradicinina e 
vários outros peptídeos vasodilatadores. Isso acaba contribuindo para os fármacos, 
conforme é discutido adiante. Os principais efeitos da angiotensina II são mediados 
por um receptor específico acoplado à proteína G, denominado receptor de angio-
tensina II do subtipo I, ou receptor AT1. 
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UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
O sistema funciona da seguinte forma: a renina é liberada por diversos fatores, como 
a estimulação por queda de pressão dos barorreceptores localizados na parede das arterí-
olas aferentes ou queda da concentração de NaCl no início do túbulo distal, fazendo com 
que também haja diminuição na mácula densa. Ao chegar ao plasma, a renina catalisa o 
angiotensinogênio à angiotensina I, e esta é convertida em angiotensina II, nos pulmões e 
nos rins, pela enzima conversora de angiotensina (ECA). A angiotensina II atua diretamen-
te nos rins, estimulando a troca Na+/H+ no túbulo proximal e aumenta a reabsorção de 
Na+ e HCO3–. Atua nas arteríolas causando vasoconstrição e atua aumentando a sede e 
fazendo com que seja liberado o hormônio antidiurético (ADH). A angiotensina II também 
atua no córtex adrenal, fazendo com que haja a síntese e liberação da aldosterona, cuja 
função é estimular a reabsorção de sódio (Na+) e a secreção de potássio (K+) e hidrogênio 
(H+), agindo, principalmente, no ducto coletor, como mostrado no esquema a seguir:
Angiotensinogênio
Angiotensina I
Angiotensina II
Liberação de
ALDOSTERONA
(rins)
Retensão de
sódio e água
EdemaAumento da
volemia
Aumento 
da PA
Vasoconstrição periférica
(efeito direto)
ECA (Enzima Conversora
de Angiotensina)
Renina
Fígado
Rim
Figura 10 – Representação do Sistema Renina-Angiotensina
Fonte: Acervo do conteudista
Os fármacos que estão sendo cada vez mais utilizados no tratamento da hiper-
tensão são denominados inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona e 
incluem os inibidores da ECA e os antagonistas do receptor de angiotensina (AT1). 
Inibidores da ECA: Esses fármacos agem fundamentalmente pela inibição 
da enzima conversora da angiotensina (ECA), bloqueando a transformação da 
angiotensina I em II no sangue e nos tecidos, embora outros fatores possam estar 
envolvidos nesse mecanismo de ação. São eficazes no tratamento da HAS, reduzindo a 
morbidade e a mortalidade cardiovasculares nos pacientes com insuficiência cardíaca, 
com infarto agudo do miocárdio, em especial quando apresentam baixa fração de 
ejeção de alto risco para doença aterosclerótica, sendo também úteis na prevenção 
secundária do acidente vascular encefálico. Os medicamentos conhecidos como 
inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA) – Captopril, Enalapril, 
Lisinopril, Benazepril, Fosinopril, Cilazapril, Ramipril, Quinapril, Perindopril, 
Trandolapril, Delapril e outros da mesma classe atuam por meio da inibição da 
formação da angiotensina II, um potente vasoconstritor e estimulador de aldosterona 
(hormônio esteroide, produzido no córtex das glândulas suprarrenais, que regula a 
retenção do sódio pelos rins). Esses fármacos também parecem inibir a degradação 
28
29
da bradicinina, potente vasodilatador que, portanto, tem sua ação aumentada. Tais 
mecanismos estão envolvidos com a ação anti-hipertensiva desses medicamentos.
As principais reações adversas são tosse seca, alteração do paladar e, mais rara-
mente, reações de hipersensibilidade com erupção cutânea e edema angioneurótico.
Em indivíduos com insuficiência renal crônica, podem eventualmente agravar a 
hiperpotassemia. Em pacientes com hipertensão renovascular bilateral ou unilate-
ral associada a rim único, podem promover redução da filtração glomerular com 
aumento dos níveis séricos de ureia e creatinina. Seu uso em pacientes com função 
renal reduzida pode causar aumento de até 30% da creatininemia, mas em longo 
prazo prepondera seu efeito nefroprotetor.
Seu uso é contraindicado na gravidez, pelo risco de complicações fetais. Desta 
forma, seu emprego deve ser cauteloso e frequentemente monitorado em adolescen-
tes e mulheres em idade fértil.
Os rins detectam a 
diminuição da TA
Renina
Angiotensinogênio Angiotensina I
Angiotensina II
Enzima conversora
da angiotensina
Os inibidores ECA
bloqueiam a ação
desta enzima
x
Sistema da Renina-Angiotensina-Aldosterona
Figura 11 – Esquema apresenta o mecanismo de ação da IECA
Fonte: Adaptado de aneste.org
Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRA): a angiotensina II, 
em contato com receptores, é responsável por inúmeras ações, inclusive elevação dos 
níveis da pressão arterial por vasoconstrição secundária à ação direta na camada mus-
cular da parede vascular, aumentando a contratilidade miocárdica, estimulando a libe-
ração da aldosterona nas adrenais, provocando retenção hídrica, também estimulando 
a secreção de catecolaminas e da ação do sistemasimpático. A angiotensina II também 
está envolvida em proliferação celular e em outras múltiplas ações. Os bloqueadores dos 
receptores AT1 da angiotensina II antagonizam a ação da angiotensina II por meio do 
bloqueio específico de seus receptores AT1. São eficazes no tratamento da hipertensão. 
No tratamento da hipertensão arterial, especialmente em populações de alto risco car-
diovascular ou com comorbidades, proporcionam redução da morbidade e mortalidade 
cardiovascular. Estudos também comprovam seu efeito benéfico em insuficiência car-
díaca congestiva, e são úteis na prevenção do acidente vascular cerebral. Fazem parte 
dessa classe o losartan, o valsartan, o irbesartan, o candesartan e o telmisartan.
Os bloqueadores do receptor AT1 apresentam bom perfil de tolerabilidade. 
As principais reações adversas que foram relatadas são tontura e, raramente, reação 
de hipersensibilidade cutânea (“rash”). As precauções para seu uso são semelhantes 
às descritas para os IECA.
29
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Inibidores diretos da renina: alisquireno, único representante da classe atual-
mente disponível para uso clínico, promove uma inibição direta da ação da renina 
com consequente diminuição da formação de angiotensina II. Há, ainda, especula-
ção sobre outras ações, como redução da atividade plasmática de renina, bloqueio de 
um receptor celular próprio de renina/pró-renina e diminuição da síntese intracelular 
de angiotensina II. Estudos de eficácia anti-hipertensiva comprovam sua capacida-
de, em monoterapia, de redução da pressão arterial de intensidade semelhante aos 
demais anti-hipertensivos. Estudos clínicos de curta duração indicam efeito benéfico 
na redução de morbidade cardiovascular e renal, hipertrofia de ventrículo esquerdo 
e proteinúria. São aguardados os resultados de estudos de desfecho com avaliação 
do impacto desse medicamento na mortalidade e morbidade cardiovascular e renal.
Apresentam boa tolerabilidade, mas as principais reações adversas são “rash” 
cutâneo, diarreia e tosse; são os eventos mais frequentes, porém, em geral, com 
incidência inferior a 1%. Seu uso é contraindicado na gravidez.
Angiotensinogênio
Angiotensina I
(ANG I)
Angiotensina II
(ANG II)
Renina
ECA
Feedback
negativo
Inibidor da Renina
Enibidores da ECA
Enibidores de ATR1T
· Alisquireno
· Captopril
· Enalapril
· Ramipril
· Losartana
 · Valsartana
 · Candersartana
AT1 AT2
Figura 12 – Esquema que mostra os fármacos que atuam no SRA (Sistema Renina-Angiotensina)
Fonte: Adaptada de GRADMAN e KAD (2008)
Assista ao vídeo sobre resumo da farmacologia dos anti-hipertensivos. 
Disponível em: https://youtu.be/6aYkX1lGOOQ
Farmacologia da Diabetes: 
Insulina e Hipoglicemiantes
Abordaremos, inicialmente, o conceito de diabetes para depois relacionar com 
a sua farmacologia. Podemos definir diabetes mellitus como uma doença crônica, 
30
31
que compromete o metabolismo dos carboidratos devido à ausência de secreção de 
insulina ou por redução da sensibilidade dos tecidos à insulina que se manifesta na 
utilização inadequada da glicose, com consequente hiperglicemia. 
Pode ser de dois tipos. O diabetes tipo 1 é o mais agressivo, ocorre na infância e 
adolescência e provoca o emagrecimento rápido. O organismo não consegue metabo-
lizar a glicose, pois há destruição das células β das Ilhotas de Langherans, o que causa 
incapacidade em produzir insulina porque as células β pancreáticas foram destruídas 
por um processo autoimune e os indivíduos, portanto, são insulinodependentes. Já o 
diabetes tipo 2 resulta de defeitos na secreção e na ação da insulina, sendo que a pa-
togênese de ambos os mecanismos está relacionada a fatores genéticos e ambientais. 
Sua incidência e prevalência vêm aumentando em várias populações, tornando-se 
uma das doenças mais prevalentes no mundo. É causada pela resistência à insulina 
e obesidade. Ocorre em pessoas com mais de 40 anos. O pâncreas secreta insulina 
normalmente, mas sobram insulina e glicose no sangue e células com pouca glicose. 
O pâncreas libera muita insulina, levando as células β a se deteriorarem. Células β des-
truídas não têm produção de insulina e o indivíduo passa a ter a necessidade de tomar 
insulina e medicamentos para aumentar a sensibilidade a esse hormônio.
O diabetes está associado ao aumento da mortalidade e ao alto risco de desenvol-
vimento de complicações micro e macrovasculares, como também de neuropatias. 
Pode resultar em cegueiras, insuficiência renal e amputações de membros, sendo 
responsável por gastos excessivos em saúde e substancial redução da capacidade de 
trabalho e da expectativa de vida.
Figura 13 – Fisiopatologia do diabetes
Fonte: Acervo do conteudista
Hipoglicemiantes
O DM é uma enfermidade heterogênea, que compreende diversas alterações me-
tabólicas associadas à hiperglicemia. Por isso, seu tratamento requer uma abordagem 
ampla e multifatorial, desde educação e mudanças no estilo de vida, que incluem a 
suspensão do fumo, aumento da atividade física e reorganização dos hábitos alimen-
tares, até intervenções farmacológicas. Nesse sentido, a participação do paciente é 
fundamental para o sucesso do tratamento.
31
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
Quando o paciente com DM-2 não adere à mudança no estilo de vida ou deixa 
de fazer adequadamente as medidas não medicamentosas, deve ser iniciada a far-
macoterapia para o controle da hiperglicemia. Os antidiabéticos orais constituem a 
primeira escolha para o tratamento do DM-2.
O objetivo do tratamento com o uso de antidiabéticos é promover o controle glicê-
mico, ou seja, baixar a glicemia e mantê-la normal (jejum < 100 mg/dl e pós-prandial 
< 140 mg/ dl). Sob esse conceito amplo, de acordo com o mecanismo de ação prin-
cipal, os antidiabéticos orais podem ser classificados de acordo com o seu mecanismo 
de ação em 1) hipoglicemiantes orais propriamente ditos ou secretagogos, que 
incluem as sulfonilureias e as metiglinidas, que estimulam as células β e aumentam 
a insulinemia; 2) sensibilizadores da ação da insulina: tiazolidinodionas, os quais 
possuem ação periférica, melhorando a ação insulínica e a captação de glicose pelas 
células; 3) redutores da neoglicogênese: biguanidinas, os quais reduzem a glice-
mia, principalmente pela redução da formação de glicose hepática; 4) redutores da 
velocidade de absorção de glicídios: inibidores da α-glicosidase, os quais retardam 
a absorção de carboidratos, fazendo diminuir a glicemia pós-prandial. Veja a tabela:
Tabela 2 – Antidiabéticos orais
Medicamento Mecanismo de Ação Contraindicações Efeitos indesejáveis
Outros efeitos 
benéficos
Sulfonilureia Aumento da secreção de insulina.
Gravidez, lactação, 
insuficiência renal e 
hepática grave.
Hipoglicemia e ganho 
de peso.
Metiglinida Aumento da secreção de insulina.
Gravidez, lactação, 
insuficiência renal e 
hepática grave.
Hipoglicemia leve e 
ganho de peso discreto.
Biguadina
Reduz a produção de 
glicose com menor ação 
sensibilizadora da ação 
da insulina.
Gravidez, lactação, 
insuficiência renal, 
cardíaca, hepática, 
pulmonar e risco 
aumentado de 
acidose láctica.
Desconforto abdominal, 
diarreia e náuseas.
Diminuição de eventos 
cardiovasculares, me-
lhora do perfil lipídico e 
diminuição do peso.
Inibidores da 
α-glicosidase
Retardo da absorção 
de carboidratos.
Gravidez, lactação, doen-
ça intestinal inflamatória 
e grave insuficiência he-
pática e renal.
Desconforto abdominal, 
diarreia e flatulência.
Diminuição de eventos 
cardiovasculares e me-
lhora do perfil lipídico.
Glitazonas
Aumento da sensibi-
lidade à insulina em 
músculos, hepatócitos 
e adipócitos.
Gravidez, lactação, 
insuficiência hepática 
e insuficiência cardíaca 
das classes III e IV.
Edema, anemia e ganho 
de peso.
Aumento da sensibilidade 
à insulina em músculos, 
hepatócitos e adipócitos; 
Gravidez, lactação, insufi-
ciência hepática e insufici-
ência cardíaca das classes 
III e IV; Edema, anemia e 
ganho depeso; Melhora 
do perfil lipídico, redução 
da gordura hepática.
Sulfonilureias: as sulfonilureias são os medicamentos mais antigos para o trata-
mento do DM-2 e ainda são amplamente prescritos. A principal ação das sulfonilu-
reias é exercida sobre as células β das ilhotas pancreáticas e consiste em aumentar 
a secreção de insulina. Adicionalmente a esse efeito, os medicamentos dessa clas-
32
33
se reduzem os níveis séricos de glucagon. É importante salientar que esses fárma-
cos reduzem a glicemia pós-prandial, desenvolvem uma ação hipoglicemiante mais 
prolongada durante todo o dia, em especial pelo estímulo à secreção pancreática 
de insulina, e requerem, portanto, células β funcionantes para que possam atuar. 
As sulfonilureias são classificadas de acordo com sua potência e época de surgimento 
como de primeira e segunda geração. As drogas consideradas de primeira geração 
incluem: tolbutamida, aceto-hexamida e clorpropamida, mas só a clorpropamida 
é comercializada no Brasil. As demais sulfonilureias (glibenclamida, gliclazida, gli-
pizida e glimepirida) são classificadas como de segunda geração. As sulfonilureias 
estão, particularmente, indicadas para pacientes com diabete não obesos ou quando 
há perda de peso e na fase inicial da doença, visto que a evolução da doença está re-
lacionada a uma maior disfunção das células β e, consequentemente, uma ineficácia 
desses fármacos. Os pacientes obesos, por sua vez, respondem mal às sulfonilureias, 
possivelmente como decorrência da resistência à insulina que costuma acompanhar 
a obesidade. Os fármacos dessa classe estabelecem uma resposta terapêutica satis-
fatória, entretanto, cerca de 75% dos pacientes com DM-2 tratado com uma sulfoni-
lureia não irá alcançar o efeito desejado e exigirá, além da sulfonilureia, um segundo 
agente oral. Com o tempo, a sua eficácia começa a declinar, caracterizando a falên-
cia secundária pancreática, isto é, a incapacidade de manter uma resposta satisfató-
ria à terapia com as sulfonilureias em longo prazo. Alguns fatores podem contribuir 
para essa falha secundária, como a diminuição progressiva das células β, o declínio 
da massa corporal magra ou o acúmulo de gordura e o sedentarismo.
Metiglinidas (glinidas): atualmente, existem dois compostos disponíveis dessa 
classe: a repaglinida, derivada do ácido benzoico, e a nateglinida, que é derivada do 
aminoácido D-fenilalanina. Esses fármacos apresentam a mesma ação secretagoga 
das sulfonilureias e com rápido início de ação; a nateglinida começa a agir após quatro 
minutos da sua administração e sua ação dura duas horas; já a repaglinida apresenta 
início de ação após 10 minutos e duração da ação de 3-5 horas. As metiglinidas são 
indicadas no tratamento inicial de pacientes com DM-2, quando a hiperglicemia 
pós-prandial pode ser a alteração principal e não é possível controlá-la apenas 
com medidas não farmacológicas. Podem ser usadas na insuficiência renal 
ou hepática leve ou moderada, neste caso, com pequenos ajustes de dose. 
As indicações dos fármacos dessa classe são muito semelhantes às indicações das 
sulfonilureias. Portanto, podem ser utilizados como alternativa às sulfonilureias 
em pacientes intolerantes a estes fármacos, alérgicos a enxofre, em idosos e 
quando houver predomínio de hiperglicemia pós-prandial. Quando comparadas 
com as sulfonilureias, as metiglinidas apresentam um início de ação mais rápido, 
possibilitando o controle mais efetivo da hiperglicemia pós-prandial, possuem um 
tempo de ação curto, estando, portanto, menos associadas à hipoglicemia grave, 
e causam menor ganho de peso. Entretanto, são menos eficazes no controle da 
hemoglobina glicada (HbA1c) e da glicemia em jejum.
Biguanidinas: os dois principais representantes desse grupo são a metformina e 
a fenformina, entretanto, esta última foi retirada do mercado no Brasil, uma vez que 
leva a um maior risco de acidose láctica quando comparada à metformina. Os pa-
33
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
cientes com DM-2 apresentam um grau considerável de menor hiperglicemia em 
jejum, bem como níveis menores de glicemia pós-prandial após a administração da 
metformina. Como monoterapia, a metformina reduz a glicemia de jejum de 20% a 
30%, a glicemia pós-prandial de 30% a 40% e a HbA1c de 1% a 2%. A metformina 
é indicada a pacientes cuja hiperglicemia está relacionada com uma ação ineficaz 
da insulina, ou seja, a uma síndrome de resistência insulínica. Como se trata de um 
agente poupador de insulina, que não aumenta o peso corporal, é particularmente 
indicada no tratamento inicial dos pacientes obesos, de modo usual, é a primeira 
escolha no tratamento do indivíduo obeso com DM-2, mas também pode ser utili-
zada em pacientes não obesos. A metformina é indicada também no tratamento da 
Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), esteato-hepatite não alcoólica e em pa-
cientes com tolerância diminuída à glicose, a fim de prevenir o surgimento do DM-2. 
O uso da metformina induz melhoras no perfil lipídico, caracterizadas pela redução 
nos níveis de triglicerídeos e Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL) em cerca de 
10% a 15%, enquanto os níveis de colesterol HDL não se alteram, ou aumentam 
discretamente. Esses efeitos são benéficos para a redução dos riscos de doenças car-
diovasculares e mortalidade relacionada ao diabete. A metformina é o único agente 
terapêutico que reduz os eventos macrovasculares no DM-2.
Tiazolidinodionas (Glitazonas): As duas tiazolidinodionas disponíveis, a prin-
cípio, no Brasil, foram a rosiglitazona e a pioglitazona. Em 2010, a rosiglitazona 
teve sua comercialização proibida no País, após a identificação da relação benefício-
-risco desfavorável, pela alta probabilidade de desenvolver doenças isquêmicas em 
usuários desse medicamento. Um terceiro composto dessa classe, a troglitazona, 
também foi retirado do mercado em virtude de sua hepatotoxicidade. Esses fárma-
cos mostram-se eficientes em pacientes obesos e não obesos, sendo eficazes em 
70% dos usuários iniciais. As glitazonas reduzem a glicemia em torno de 20% e 
a HbA1c em 1% a 1,5%, e apresentam bom resultado na prevenção da progres-
são para DM-2. As tiazolidinodionas apresentam um custo mais elevado quando 
comparadas com a metformina, entretanto, são vantajosas por não apresentarem 
predisposição a acidose láctica, causarem menos efeitos gastrintestinais, além de 
oferecerem a possibilidade da sua administração em pacientes com insuficiência 
renal leve a moderada. As glitazonas podem ter efeito benéfico sobre o perfil 
lipídico, reduzindo o colesterol total e triglicerídeos (10% a 20%) e elevando o 
colesterol HDL em cerca de 10%. Esses fármacos podem também aumentar os 
níveis de LDL em até 12%, entretanto, predominando a elevação de partículas 
com maior poder de flutuação e menos susceptíveis a oxidação e, portanto, me-
nos aterogênicas.
Inibidores da α-glicosidase: os inibidores da α-glicosidase incluem: acarbose, 
voglibose e miglitol, entretanto, somente a acarbose é comercializada no Brasil. 
A monoterapia com acarbose está relacionada a uma pequena redução nos níveis de 
HbA1c (0,5-1%) e a um declínio de 20-25 mg dL-1 nos níveis de glicose em jejum, 
sendo seu efeito mais pronunciado em pacientes com alta ingestão de carboidratos. 
Devido ao seu modesto efeito redutor da glicemia e HbA1c, bem como seus efeitos 
colaterais gastrintestinais, o emprego dessa droga, apesar de poder ser utilizada 
34
35
como terapia inicial do DM-2, é mais indicado para situações especiais, incluindo: 
hiperglicemia predominantemente pós-prandial; pacientes idosos, não obesos, com 
hipoglicemias frequentes ao usarem sulfonilureias e glinidas; como terapia adicional 
combinado com outros antidiabéticos oral. Esse fármaco também pode ser útil em 
pacientes com tolerância alterada à glicose, impedindo a evolução para o DM-2, es-
tando ainda ligados à restauração da função das células β. 
Leia o artigo “Medicamentos orais no tratamento do diabetes mellitus: como selecioná-losde acordo com as características clínicas dos pacientes”, disponível em: https://bit.ly/3gvaSCd
Insulina na diabetes tipo 2
A insulinoterapia deve ser considerada em diabéticos tipo 2, apesar do tratamento 
com agentes antidiabéticos orais, quando uma destas ocorrências comprometerem a 
saúde dos pacientes: 
• Os pacientes são muito sintomáticos;
• Os pacientes têm HbA1c > 7%;
• O surgimento de disfunção hepática e renal grave.
Indicada também, temporariamente, durante a gestação e doenças agudas, como 
sepse e infarto agudo do miocárdio ou complicações agudas hiperglicêmicas. Além 
disso, deve ser considerada na ocasião do diagnóstico, quando os níveis de glicose 
estiverem muito elevados (275 - 300 mg dL-1 ) de forma individualizada, principal-
mente, de acordo com o grau de hiperglicemia e os momentos em que esta ocorre. 
In
su
lin
a S
ér
ica
 (m
U/
L)
Tempo (horas)
Necessidade de Insulina Basal
Necessidade de
Insulina Bolus
Refeição Refeição Refeição
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Figura 14 – Necessidade de insulina no dia
Fonte: Acervo do conteudista
As insulinas disponíveis têm origem suína, bovino-suína (mista) e humana, além 
dos análogos, e são classificadas de acordo com a farmacocinética em: de ação 
rápida (o único representante desse grupo é a Insulina Regular (IR)); ultrarrápida, 
representada pelos análogos Lispro, Aspart e Glulisina; intermediária, que inclui a
Neutral Protamine Hagedorn (NPH); e lenta, que engloba a ultralenta, a Glargina
35
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
e Detemir. A insulina de ação rápida, IR, tem seu início de ação após injeção 
subcutânea, entre 30 e 60 minutos; seu efeito máximo é observado em 2 a 3 horas 
e apresenta duração efetiva de 8-10 horas. 
A variabilidade inter e intraindividual é baixa, o que contribui para a previsibi-
lidade de seus efeitos terapêuticos. A principal indicação é o controle da glicemia 
pós-prandial.
A Insulina Regular (IR) deve ser administrada 30 a 60 minutos antes das refeições, 
para evitar o desencontro entre o seu pico de ação e a absorção de carboidratos da 
refeição (1 a 2 horas após o início da refeição). 
A insulina de ação ultrarrápida tem início de ação mais rápido e duração mais curta 
em comparação à IR com a qual compartilha a mesma indicação. Assim, pode ser apli-
cada logo antes das refeições, enquanto a IR requer administração 30 minutos antes. 
Em uso subcutâneo, ambos têm início entre 5 e 15 minutos com pico entre 1 e 2 horas 
e término de ação entre 4 e 6 horas. Apresenta um perfil farmacocinético que se apro-
xima da secreção fisiológica de insulina pelas células β em resposta à alimentação rica 
em carboidratos em indivíduos não diabéticos. Dessa forma, propiciam melhor controle 
da glicemia pós-prandial e menor risco de hipoglicemias quando comparadas à IR. Pode 
ser utilizada por via intravenosa ou intramuscular, e pode ser associada a uma insulina de 
ação intermediária ou longa para melhor mimetizar a secreção hormonal diária normal.
A NPH, insulina de ação intermediária, após a injeção subcutânea, tem início de 
ação em 2-4 horas, pico de ação de 4-10 horas e duração efetiva de 12-18 horas. 
Já a insulina lenta, que também é uma insulina de ação intermediária, apresenta a 
duração efetiva de até 20 horas. A principal finalidade das insulinas NPH e lenta é o 
controle glicêmico durante a noite e madrugada, bem como nos períodos interpran-
diais, por meio da suspensão da glicogenólise e gliconeogênese hepática.
A insulina de ação lenta tem como principal representante a Glargina, cujo início de 
ação ocorre dentro de 2 a 4 horas, após injeção subcutânea. Tem duração uniforme du-
rante, aproximadamente, 24 horas, sem picos, com variabilidade inter e intraindividual 
baixa, menor do que a encontrada com a insulina NPH. É a insulina que mais se apro-
xima do perfil insulínico obtido com a infusão subcutânea contínua (bomba de insulina). 
A insulina ultralenta é pouco utilizada devido a sua variabilidade inter e 
intraindividual, o que dificulta a padronização de doses e, consequentemente, gera 
resultados terapêuticos pouco satisfatórios. A insulina Detemir apresenta ação lenta, 
nas doses usuais, de até 20 horas. A principal indicação das insulinas Glargina 
e Detemir é prover a insulina basal. Portanto, é necessária a coadministração da 
IR, Lispro, Aspart ou Glulisina para evitar hiperglicemia pós-prandial. Tem como 
vantagens sobre a NPH o fato de necessitar apenas de uma aplicação diária (no caso 
da Glargina), ter melhor previsibilidade de ação, ausência de picos e menores riscos 
de hipoglicemia, principalmente noturna.
Os principais efeitos indesejáveis relacionados à insulinoterapia incluem: a hipo-
glicemia, sendo mais comum com a insulinoterapia intensiva, omissão de refeição, 
36
37
erro na dose da insulina, bem como excessiva atividade física e ingestão de bebidas 
alcoólicas; o ganho de peso; e as reações alérgicas, principalmente no local da in-
jeção, caracterizadas por eritema, endurecimento, prurido ou sensação de queimor, 
mais presente no tratamento com a insulina animal, estando presente em menos de 
1% dos pacientes tratados com insulina humana. A alergia sistêmica é rara, devido, 
principalmente, ao alto grau de pureza com que a insulina é fabricada.
NPH
Detemir
Glargina
Horas
Lispro, aspart,
glulisina
Regular
Ef
ei
to
 gl
icê
m
ico
 re
la
tiv
o
0 12 24
Figura 15 – Curva esquemática do tempo de ação das preparações de insulina
Fonte: Acervo do conteudista
Uma nova opção para a insulinoterapia é o advento da insulina inalada. Trata-
-se de uma insulina de ação rápida, em pó, para administração de maneira inalável. 
Após a inalação, a insulina é absorvida pelos pulmões, atingindo, em seguida, a 
corrente sanguínea. Apresenta controle glicêmico semelhante ao observado com a 
administração subcutânea de uma insulina de ação rápida, sendo indicada a pacien-
tes com DM-2 maior de 18 anos que necessitem da insulina para atingir um controle 
glicêmico e deve ser administrada antes das refeições. Possui sua biodisponibilidade 
aumentada pelo tabagismo e diminuída pela asma. Os efeitos indesejáveis mais co-
muns são a tosse e a hipoglicemia.
Anvisa aprova a insulina inalável, disponível em: https://bit.ly/39Y90PP
Farmacologia dos Antilipêmicos, 
Anticoagulantes e Trombolíticos 
As lipoproteínas (complexos macromoleculares de lipídios e proteínas) transpor-
tam os lipídios e o colesterol por meio da corrente sanguínea. Esse tipo de transporte 
37
UNIDADE Farmacologia Cardiovascular e Respiratória
é essencial à vida, porém, concentrações excessivas no plasma de uma importante 
classe de lipoproteínas, conhecidas como lipoproteínas de baixa densidade (LDL), 
aumenta o risco de cardiopatia isquêmica. Como essa doença representa uma causa 
significativa de morte, especialmente em sociedades industrializadas, existe grande 
interesse nas drogas que reduzem as concentrações plasmáticas de LDL.
A hiperlipidemia é a principal causa de aterosclerose e doenças associadas à ate-
rosclerose, tais como cardiopatia isquêmica, doença cardíaca coronariana, doença 
cerebrovascular isquêmica e doença vascular periférica.
A cardiopatia isquêmica é causada por placas de ateroma nas artérias coronárias. 
Na fisiopatologia da cardiopatia isquêmica, dois processos estão implicados: a oferta 
e a demanda de oxigênio pelo miocárdio. A isquemia (diminuição do fornecimento 
de sangue) do miocárdio ocorre quando há desequilíbrio na oferta e na demanda de 
oxigênio. Em algumas condições, o comprometimento da oferta de oxigênio é se-
cundário à diminuição do fluxo sanguíneo, sendo essa a fisiopatologia da maioria dos 
casos de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e dos episódios de angina instável. Em 
outras situações, como a hipertrofia ventricular, o aumento na demanda de oxigênio 
é o principal responsável pela isquemia miocárdica. Além disso, o sinergismo desses 
dois mecanismos é o principal fator na determinação de isquemia.

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