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Ao ler o livro "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, fui imerso em uma narrativa intensa e emocional que retrata a vida de moradores de um cortiço no Rio de Janeiro do século XIX. A obra me tocou profundamente ao apresentar personagens complexos, suas lutas diárias e as duras realidades sociais enfrentadas naquela época. A história se passa no cortiço de João Romão, um português ambicioso e ganancioso que conseguiu erguer um estabelecimento que abrigava diversos trabalhadores, imigrantes, negros e prostitutas. O cenário é uma verdadeira representação do melting pot social da época, onde as mais diversas camadas da sociedade se encontravam. Dentre os personagens mais marcantes está a portuguesa Bertoleza, uma mulher de origem humilde que se envolve com João Romão e acaba sendo explorada por ele, o que gera muita comoção e indignação no leitor. Senti profunda empatia pela situação de Bertoleza, que luta para sobreviver em meio à dura realidade do cortiço e enfrenta a opressão e a discriminação racial. Outro personagem que me emocionou foi Jerônimo, um trabalhador honesto e esforçado que lida com as tentações do álcool e se afunda cada vez mais em seus vícios. Sua história reflete as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores da época, submetidos a condições precárias e sem perspectivas de melhoras. A vida no cortiço é retratada de forma tão vívida e realista que pude sentir a atmosfera sufocante, a miséria, as disputas, a exploração e as desigualdades que permeavam aquele lugar. A descrição dos ambientes, dos odores, dos sons e das sensações envolveu-me por completo na narrativa, transportando-me para dentro daquele microcosmo social. Além disso, a crítica social presente no livro também me comoveu profundamente. Azevedo denuncia a exploração dos mais pobres pelos mais ricos, o abandono das crianças, a corrupção e a hipocrisia da sociedade da época. Essa crítica é atemporal e ainda ressoa nos dias de hoje, mostrando que as questões sociais abordadas pelo autor continuam relevantes e urgentes. "O Cortiço" é uma obra-prima da literatura brasileira que, além de retratar uma época específica, também trata de questões humanas universais, como amor, ambição, desejo, preconceito e luta pela sobrevivência. A leitura dessa obra me proporcionou uma reflexão profunda sobre a condição humana e a complexidade das relações sociais. Em suma, "O Cortiço" é uma obra que me emocionou, impactou e me fez refletir sobre as mazelas sociais que ainda persistem em nossa sociedade. Aluísio Azevedo criou uma narrativa intensa e realista que vai muito além de sua época, tocando o coração dos leitores e provocando uma profunda reflexão sobre as questões humanas e sociais que permeiam nossa história.