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Antimicrobianos que interferem na Síntese ou Ação do Folato (antimetabólitos) Introdução → São fármacos que atuam sobre o metabolismo do ácido fólico – componente essencial precursor para a síntese do DNA bacteriano → Sulfonamidas foram os primeiros agentes antimicrobianos eficazes a serem utilizados por via sistêmica na prevenção e na cura de infecções no homem. → Com o surgimento da penicilina (1941) e posteriormente de outros antibióticos, diminuiu a utilidade das sulfonamidas → Atualmente ocupam um pequeno lugar cenário terapêutico do médico. → Com a introdução da trimetoprima + sulfametoxazol (1970) aumentou o uso das sulfonamidas na profilaxia e no tratamento de infecções microbianas. → As sulfonamidas exibem ampla faixa de atividade antimicrobiana contra bactérias gram positiva e negativa → Porém as cepas resistentes tornaram-se comuns, de modo que a utilidade desses fármacos declinou. → São bacteriostáticos, ou seja, mecanismo de defesa do hospedeiro é essencial para erradicar a infecção. → Em 1970 veio o surgimento da trimetoprima para potencializar a atividade das sulfonamidas que estavam caindo em desuso em virtude da resistência – introdução do cotrimoxazol que é o bactrim Sulfonamidas → São fármacos que inibem a síntese do ácido fólico (precursor para a síntese do DNA bacteriano) → São análogos estruturais do ácido para- aminobenzoico (PABA) → PABA: precursor na síntese de ácido fólico, que é essencial para a produção de DNA nas bactérias → São inibidores competitivos da di- hidropteroato sintase (enzima bacteriana responsável pela incorporação do PABA ao ácido di-hidropteroico, precursor de ácido fólico) – fármaco vai se ligar nessa enzima, e o PABA não se liga e não vai conseguir produzir ácido di-hidrofólico → O efeito bacteriostático induzido pelas sulfas pode ser anulado competitivamente pelo PABA (em excesso). → As bactérias sensíveis são aqueles que precisam sintetizar seu próprio ácido fólico (bactéria que depende da produção endógena – maioria) → As bactérias capazes de utilizar o folato pré-formado não são afetadas (bactérias resistentes) → A toxicidade é seletiva para bactérias porque as células de mamíferos necessitam de ácido fólico pré-formado (exógena), não consegue sintetiza-lo. → PABA reconhecendo e se ligando na enzima di-hidropteroato sintase, para a formação do ácido di-hidrofólico. → A partir da formação do ácido di- hidrofólico, há a participação da di- hidrofolato redutase para formar o ácido tetraidrofólico, e participação de outras enzimas até formar as purinas, pirimidinas, até a síntese do DNA bacteriano. → O fármaco tem uma estrutura química muito semelhante ao PABA, é reconhecido pela enzima, se liga e impede a ligação do PABA, e não vamos tem a formação do ácido di-hidrofólico → Ampla faixa de atividade contra bacteria gram+ e gram- (amplo espectro de ação) → Efeito bacteriostático – qualquer precursor ou excesso de PABA que desloque o fármaco da enzima, ela passa a reconhecer o PABA da bactéria e sintetizar ácido fólico → Microrganismos sensíveis: → São classificadas de acordo com a velocidade de absorção: absorvidas e excretadas rapidamente, absorvidas e excretadas mais lentamente e as que são absorvidas topicamente 1. Absorvidos e excretados rapidamente Sulfisoxazol (t1/2 6h) - ação curta, alta solubilidade urina – cristaliza na urina (cristalúria) Infecções respiratórias, otorrinolaringológicas (otite) e urinárias Sulfadiazina (t1/2 10h) (Suladrin®) Tratamento das infecções estafilocócicas, estreptocócicas Sulfametoxazol (t1/2 12h) Infecções urinárias e sistêmicas 2. Pouco absorvidas pelo TGI Sulfassalazina Tratamento da colite ulcerativa de gravidade moderada Terapia adjuvante na colite ulcerativa grave Terapia adjuvante na doença de Crohn Mecanismo não elucidado: propriedades anti-inflamatórias e imunossupressora – artrite reumatoide Reações muito comuns: dor de cabeça, erupções na pele; náusea, vômito, desconforto abdominal, perda do apetite 3. Sulfonamidas de uso tópico 4. Sulfonamida de ação longa Sulfadoxina (t1/2 de 7 dias a 10) + Pirimetamina (Fansidar®) Tratamento da Malária Prevenção em áreas endêmicas Profilaxia de pneumonia por Pneumocystis carinii Tratamento Toxoplasmose (2 comprimidos uma vezpor semana durante 6 a 8 semanas.) Tratamento curativo da malária com dose única. Adultos (> 45 kg) deverão tomar 3 comprimidos. → Diminuiu número de distúrbios nos quais as sulfonamidas são úteis devido desenvolvimento de novos fármacos e ao aumento da resistência Feridas e queimaduras infectadas: sulfacetamina e sulfadiazina – uso tópico Infecções do trato urinário: sulfisoxazol: 1,0g 4x/dia/5 a 10 dias ou sulfametoxazol 1,0g, 3x/dia. Malária: sulfadoxina 500mg + 25mg de pirimetamina Toxoplasmose: sulfadiazina; 1g/4x/dia/3 a 6 semanas (combinada com pirimetamina 25mg/dia) → Náuseas, vômitos e diarreia → Reações de hipersensibilidade (dermatite e eritema) – erupções cutâneas → Cristalúria – As sulfas mais antigas são insolúveis e podem se precipitar formando cristais passíveis de causar obstrução urinária. Sulfisoxazol: raramente (alta solubilidade) Sulfametoxazol: cuidado devido a elevada % forma acetilada insolúvel do fármaco. Sulfadiazina: É menos solúvel, mais propenso a causar. → Cautela: ingestão de líquidos – no mínimo dois litros de água por dia para evitar o risco das sulfas precipitarem e formarem esses cristais. → A resistência é devido alguma alteração enzimática da célula bacteriana: Diminuição da permeabilidade bacteriana ou efluxo ativo do fármaco (bomba de efluxo) Via metabólica alternativa para síntese de um metabólito essencial - folato pré- formado Produção aumentada de um metabólito essencial (PABA) – pode deslocar o fármaco da enzima Transferência de resistência por meio de plasmídeo (di-hidropteroato sintase resistente codificada por plasmídeos) Menor afinidade da enzima di- hidropteroato sintase pelas sulfas – se a estrutura tiver modificada o fármaco não reconhece a enzima → Combinação (1970) aumentou o uso das sulfas na profilaxia e no tratamento de infecções microbianas. → Representou um avanço no desenvolvimento de agentes antimicrobianos clinicamente eficazes → Fármacos que atuam sobre etapas sequenciais na reação enzimática obrigatória nas bactérias: A combinação é conhecida como COTRIMOXAZOL - bactrim® → A trimetoprima é um dos agentes mais ativos que exerce efeito sinérgico quando utilizado com a sulfonamida → A administração simultânea de sulfa e trimetoprima leva a bloqueios sequenciais na via da síntese do ácido tetraidrofólico – bactericidas (associados) – se forem utilizados de formas isoladas são bacteriostáticos → A Trimetoprima está disponível na forma isolada (100mg, 2x/dia nas infecções agudas do trato urinário) → O espectro antibacteriano é semelhante ao sulfametoxazol, porém menos potente → Pode observar resistência bacteriana quando utilizado isoladamente, por isso que acabam não sendo utilizados de forma isolada e sim na sua forma combinada. Mecanismo de ação → A trimetoprima compete pela enzima di- hidrofolato redutase bacteriana e impede a conversão do ácido di-hidrofólico em ácido tetraidrofólico → Ação bactericida associada, bacteriostática somente de forma isolada Uso terapêutico → Infecções urinárias não complicadas → Infecções por Pneumocystis jiroveci (pneumonia) – principalmente em pacientes HIV positivo – tratamento de primeira escolha → Infecções do trato respiratório superior e inferior (Dose: 800 mg + 160mg T, 2x/dia) → Otitese sinusites → Infecções do TGI: Shigelose (infecção aguda do intestino – Shigella sp) Salmoneloses (disenteria bacteriana) (Dose: 800mg S + 160mg T, 2x/dia/3 semanas) Resistência bacteriana → Menor quando comparada com seu uso isolado → Produção excessiva da di-hidrofolato redutase – desloca o fármaco da enzima e passa a converter o ácido di-hidrofólico em ácido tetraidrofólico → Produção de uma redutase alterada com ligação reduzida do fármaco – fármaco não consegue reconhecer essa enzima alterada ou que foi mutada → Di-hidrofolato redutase resistente codificadas por plasmídeos – modificada na sua estrutura e gera resistência Reações adversas → Pouca toxicidade: Reações dermatológicas (75% dos efeitos) Náuseas e vômitos Cefaléia, depressão e alucinações Anemia por deficiência de ácido fólico
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