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1 MORFOSSINTAXE DA LÍNGUA INGLESA I, II E III 1 Sumário ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA ............................................................................................ 4 ALGUNS TÓPICOS EM MORFOLOGIA DA LÍNGUA INGLESA ....................................... 5 WORD FORMATION ......................................................................................................... 8 Derivation .................................................................................................................................................................................................... 8 Prefixes ........................................................................................................................................................................................................... 10 Suffixes .......................................................................................................................................................................................................... 12 Compound words .................................................................................................................................................................................. 16 INFLECTION ................................................................................................................. 17 ANÁLISE MORFOLÓGICA EM LÍNGUA INGLESA ................................................................ 21 SINTAXE DA LÍNGUA INGLESA ................................................................................................ 25 PHRASES ........................................................................................................................... 27 CLAUSES ........................................................................................................................... 31 SENTENCES ..................................................................................................................... 32 RESUMO ............................................................................................................................. 33 NORMA CULTA, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E PRECONCEITO LINGUÍSTICO ................ 36 INGLÊS PADRÃO E INGLÊS NÃO PADRÃO (STANDARD ENGLISH AND NON- STANDARD ENGLISH) ................................................................................................................. 36 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: A HETEROGENEIDADE DA LÍNGUA .............................................. 40 VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NA LÍNGUA INGLESA .................................... 42 RESUMO ............................................................................................................................. 46 FATORES DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ........................................................................... 47 VARIAÇÕES DIACRÔNICAS .............................................................................................. 48 VARIAÇÕES SINCRÔNICAS .............................................................................................. 49 VARIAÇÕES DIATÓPICAS ......................................................................................... 50 VARIAÇÕES DIASTRÁTICAS ........................................................................................ 58 VARIAÇÕES DIAFÁSICAS .......................................................................................... 60 ANÁLISE SEMÂNTICA ............................................................................................................. 62 SINONÍMIA E ANTONÍMIA .............................................................................................. 63 HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS ....................................................................................... 70 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 71 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA A morfologia e a sintaxe são as áreas de estudo que se relacionam, por isso optamos por abordá-las no mesmo tópico. A seguir, vejamos as contribuições de cada um desses campos do conhecimento e como a análise nesse nível linguístico auxilia o usuário da língua a desenvolver habilidades comunicativas e refletir sobre os usos e funções dos termos nas sentenças. ALGUNS TÓPICOS EM MORFOLOGIA DA LÍNGUA INGLESA Para se fazer uma análise linguística no nível morfológico, primeiramente é preciso compreender o que é morfologia e qual seu objeto de análise. Vejamos uma definição para morfologia encontrada no Dicionário Caldas Aulete: QUADRO 9 – MORFOLOGIA (AULETE) FONTE: Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/morfologia>. Acesso em: 30 jun. 2017. Veja agora o verbete morphology no dicionário Merriam-Webster: morfologia (mor.fo.lo. gi. a) sf. 1. Estudo da forma, estrutura, aparência etc. da matéria. 2. Biol. Estudo das formas e estruturas dos seres vivos. 3. Gram. Parte da gramática que descreve os processos de formação e de flexão das palavras [F.: morf(o)- + -logia. Ver tb. sintaxe.] Morfologia derivacional 1 Ling. Parte da morfologia (3) que trata da formação de palavras por derivação. Morfologia flexional 1 Ling. Parte da morfologia (3) que trata dos paradigmas de formação de flexões das palavras. Morfologia social 1 Soc. Estudo comparativo das estruturas e funcionamento de diferentes sistemas sociais. Morfologia vegetal 1 Bot. O estudo das formas e estruturas dos organismos vegetais. 4 QUADRO 10 – MORPHOLOGY (MERRIAM-WEBSTER) FONTE: Merriam Webster. Disponível em: <https://www.merriam-webster.com/dictionary/ morphology>. Acesso em: 30 jun. 2017. Em comum nas definições encontradas nos dois dicionários está o fato de que a morfologia, em diversos campos do conhecimento, se refere ao estudo da forma e estrutura do objeto de estudo. No caso da morfologia nos estudos linguísticos, trata-se, portanto, do estudo da forma e da estrutura das palavras, ou seja, como as palavras são formadas e quais as estruturas que as compõem. A morfologia estuda a palavra isoladamente, sem se atentar para sua participação na frase. Quando você procura no dicionário uma palavra, por exemplo, o verbo walk, você encontrará apenas essa forma do verbo, no infinitivo. Você não encontrará walks, walked, walking, por exemplo. Em alguns dicionários você até encontra essas formas, mas dentro do verbete walk. Em outros, elas não aparecerão, pois subentende-se que o usuário da língua já conheça essas formas, visto que outras palavras seguem o mesmo padrão de flexões (inflections). Assim, temos o lexema (lexeme), que é anoção de palavra em um sentido abstrato, e as palavras concretas, como usadas nas morphology noun mor·phol·o·gy \mo-r-fä-lə-jē\ Definition of MORPHOLOGY 1 a : a branch of biology that deals with the form and structure of animals and plants b : the form and structure of an organism or any of its parts * amphibian morphology * external and internal eye morphology 2 a : a study and description of word formation (such as inflection, derivation, and compounding) in language b : the system of word-forming elements and processes in a language * According to English morphology, the third person singular present tense of a verb is formed by adding -s. 3 a : a study of structure or form b : STRUCTURE, FORM * the unique morphology of the city — H. J. Nelson 4 the external structure of rocks in relation to the development of erosional forms or topographic features 5 sentenças – walk, walks, walking, walked – do lexema walk. Essas palavras concretas são chamadas word forms (BOOIJ, 2005). Booij (2005) descreve a relação entre as palavras, ou seja, as word forms walk, walks, walking e walked seguem um padrão de flexões que pode ser observado em outras palavras dessa categoria. Assim, esse padrão de flexões que as palavras seguem tem natureza sistemática e relaciona as palavras em suas formas e significados. A subdisciplina da linguística que estuda esses padrões, como denomina Booij (2005), é a morfologia. A morfologia também lida com os constituintes internos das palavras, ou seja, as partes em que uma palavra pode ser segmentada. Por exemplo: walked – walk (lexema) + -ed (partícula que indica que o verbo está no passado). Uma palavra pode ser segmentada em partículas menores, que chamamos de morfemas (morphemes). Morfemas são as unidades mínimas linguísticas que contenham algum significado semântico ou gramatical (BOOIJ, 2005). Por exemplo, consideremos a palavra painter. Temos o lexema paint (que será representado por V, por ser um verbo) + o morfema -er (um sufixo que indica “a pessoa que V”, ou seja, a pessoa que pratica a ação expressa pelo V – verbo – neste caso, paint, ou pintar). Na seção a seguir trataremos dos processos de formação das palavras na língua inglesa (word formation). No decorrer da unidade, termos como inflections, word forms, Standard English podem ser utilizados ora em inglês, ora em português. No entanto, ao citarmos um termo pela primeira vez, as duas formas serão apresentadas. Veja esta apresentação no Prezi, de Sara Montoya e Catalina Franco, sobre Morfologia. É um conteúdo sucinto, ilustrado e muito útil para você fazer anotações sobre essa área de estudos. Acesse: <https://prezi.com/6lki9sdvfcxq/morphology/>. 6 WORD FORMATION As palavras em inglês, assim como em português, são formadas por um lexema e por partículas mínimas de significados, as quais chamamos de morfemas. Os processos de formação das palavras podem ser por derivação (derivation) ou composição (compounding) (BOOIJ, 2005). Nos processos de composição, as palavras são formadas pela junção de dois lexemas (por exemplo: girlfriend – girl + friend), que pode resultar ou não em alterações na grafia da palavra. Já nos processos de derivação, são acrescentados afixos às palavras (prefixos e/ou sufixos). Derivation Nos processos de derivação, acrescentam-se afixos no início da palavra (prefixes, ou prefixos) ou no final (sufixes, ou sufixos). Conhecer os afixos auxilia o usuário da língua a compreender com mais facilidade palavras que ele esteja ouvindo ou lendo pela primeira vez, ou seja, melhora sua performance como leitor ou ouvinte. Uma vez que você conhece o significado da raiz da palavra (root), você consegue compreender a palavra derivada conforme o uso de afixos e seus significados e funções. 7 Prefixes Os prefixos são afixos acrescidos no início de alguma palavra e que modificam ou complementam seu significado. Este processo normalmente não altera a classe gramatical da palavra (como acontece em muitos casos com os sufixos, conforme veremos adiante). Os prefixos podem expressar diversos sentidos, conforme o quadro a seguir: QUADRO 11 – PREFIXOS MAIS COMUNS DA LÍNGUA INGLESA PREFIX MEANING EXAMPLES anti- against/opposed to anti-government, anti-racist, anti-war auto- self autobiography, automobile de- reverse or change de-classify, decontaminate, demotivate dis- reverse or remove disagree, displeasure, disqualify down- reduce or lower downgrade, downhearted extra- beyond extraordinary, extraterrestrial hyper- extreme hyperactive, hypertension il-, im-, in-, ir- not illegal, impossible, insecure, irregular PREFIX MEANING EXAMPLES inter- between interactive, international mega- very big, important megabyte, mega-deal, megaton mid- middle midday, midnight, mid-October mis- incorrectly, badly misaligned, mislead, misspelt non- not non-payment, non-smoking over- too much overcook, overcharge, overrate out- go beyond outdoor, out-perform, outrun post- after post-election, post-war pre- before prehistoric, pre-war pro- in favour of pro-communist, pro-democracy re- again reconsider, redo, rewrite semi- half semicircle, semi-retired sub- under, below submarine, sub-Saharan super- above, beyond super-hero, supermodel 8 tele- at a distance television, telepathic trans- across transatlantic, transfer ultra- extremely ultra-compact, ultrasound un- remove, reverse, not undo, unpack, unhappy under- less than, beneath undercook, underestimate PREFIX MEANING EXAMPLES up- make or move higher upgrade, uphill FONTE: Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/pt/gramatica/gramatica-britanica/word- formation/prefixes>. Acesso em: 14 jun. 2017. Quanto ao uso de prefixos, veja a tirinha a seguir: FIGURA 12 – USO DE PREFIXOS FONTE: Disponível em: <https://image.slidesharecdn.com/morphologypresentation-122548067 1855909- 8/95/morphology-presentation-3-728.jpg?cb=1225455811>. Acesso em: 13 jun. 2017. Como você pôde perceber, nem sempre é tão simples utilizar os prefixos, visto que, por exemplo, para indicar negação, temos mais de uma possibilidade 9 de prefixos. Quando você tiver dúvidas sobre qual prefixo utilizar com alguma palavra, pesquise em um dicionário, para garantir que você não está utilizando uma palavra que ainda não existe, ou seja, criando um neologismo. Em alguns casos, outra solução é procurar uma palavra sinônima, pois nem todas as palavras admitem afixos. Suffixes Os afixos acrescidos no final das palavras são chamados de sufixos e formam novas palavras. Em inglês, os sufixos, geralmente, alteram a classe gramatical da palavra original. Em muitos casos, há alterações na grafia das palavras. Por exemplo, analisemos a palavra ability. Esta palavra é formada pelo adjetivo able + o sufixo -ity. Na junção dos dois, a terminação -le altera para -ity. Além disso, houve alteração na classe gramatical, que passou de um adjetivo (able) para um substantivo (ability). Vejamos alguns exemplos de sufixos na língua inglesa, organizados conforme a classe gramatical que determinam. O Quadro 12 apresenta sufixos que originam substantivos, ou noun sufixes: QUADRO 12 – SUFIXOS QUE ORIGINAM SUBSTANTIVOS (NOUN SUFFIXES) SUFFIX EXAMPLES OF NOUNS -age baggage, village, postage -al arrival, burial, deferral -ance/-ence reliance, defence, insistence -dom boredom, freedom, kingdom -ee employee, payee, trainee -er/-or driver, writer, director -hood brotherhood, childhood, neighbourhood -ism capitalism, Marxism, socialism (philosophies) -ist capitalist, Marxist, socialist (followers of 10 philosophies) -ity/-ty brutality, equality, cruelty SUFFIX EXAMPLES OF NOUNS-ment amazement, disappointment, parliament -ness happiness, kindness, usefulness -ry entry, ministry, robbery -ship friendship, membership, workmanship -sion/-tion/- xion expression, population, complexion FONTE: Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/pt/gramatica/gramatica-britanica/word- formation/suffixes>. Acesso em: 14 jun. 2017. No Quadro 13 podemos encontrar sufixos que originam adjetivos: QUADRO 13 – SUFIXOS QUE ORIGINAM ADJETIVOS (ADJECTIVE SUFFIXES) SUFFIX EXAMPLES OF ADJECTIVES -able/-ible drinkable, portable, flexible -al brutal, formal, postal -en broken, golden, wooden -ese Chinese, Japanese, Vietnamese -ful forgetful, helpful, useful -i Iraqi, Pakistani, Yemeni -ic classic, Islamic, poetic SUFFIX EXAMPLES OF ADJECTIVES -ish British, childish, Spanish -ive active, passive, productive -ian Canadian, Malaysian, Peruvian -less homeless, hopeless, useless -ly daily, monthly, yearly -ous cautious, famous, nervous -y cloudy, rainy, windy FONTE: Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/pt/gramatica/gramatica- britanica/word- 11 formation/suffixes>. Acesso em: 14 jun. 2017. Os sufixos que originam verbos são apresentados no Quadro 14: QUADRO 14 – SUFIXOS QUE ORIGINAM VERBOS SUFFIX EXAMPLES OF VERBS -ate complicate, dominate, irritate -en harden, soften, shorten -ify beautify, clarify, identify -ise/-ize economise, realise, industrialize (-ise is most common in British English; -ize is most common in American English). FONTE: Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/pt/gramatica/gramatica- britanica/word- formation/suffixes>. Acesso em: 14 jun. 2017. Por fim, os sufixos que originam alguns advérbios são os seguintes: QUADRO 15 – SUFIXOS QUE ORIGINAM ADVÉRBIOS SUFFIX EXAMPLES OF ADVERBS -ly calmly, easily, quickly -ward(s) downwards, homeward(s), upwards -wise anti-clockwise, clockwise, edgewise FONTE: Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/pt/gramatica/gramatica- britanica/word- formation/suffixes>. Acesso em: 14 jun. 2017. 12 Os sufixos, portanto, nos dão pistas da classe gramatical da palavra e nos auxiliam, assim, a compreender com mais eficiência seu sentido. Na seção a seguir trataremos de outro processo: a formação das palavras compostas (compound words). Compound words Compound words referem-se a combinações de dois ou mais lexemas. Em várias línguas, esse processo de formação de palavras é utilizado por causa de sua clareza de significado e versatilidade (BOOIJ, 2005). Essa composição resulta em uma nova palavra, com um novo significado. Na língua inglesa, algumas dessas palavras são grafadas ligadas, como toothbrush, outras são separadas, como car park. Podemos encontrar palavras compostas em várias classes gramaticais, conforme apresenta o Cambridge Dictionary: QUADRO 16 – COMPOUND WORDS nouns: car park, soap opera pronouns: anyone, everything, nobody adjectives: environmentally-friendly, fat-free numerals: twenty-seven, three-quarters verbs: daydream, dry-clean prepositions: into, onto adverbs: nevertheless, nowadays conjunctions: although, however FONTE: Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/pt/gramatica/gramatica- britanica/word- formation/compounds>. Acesso em: 15 jun. 2017. Na seção a seguir estudaremos as flexões das palavras (inflections), abrangendo, entre outras, as flexões de número dos substantivos e as flexões verbais. 13 INFLECTION São as variações das palavras, ou as flexões delas de acordo com o contexto gramatical (CARSTAIRS-MCCARTHY, 2002). Por exemplo, as flexões de número (singular e plural, no caso dos substantivos – book/books) e as flexões dos verbos (passado, terceira pessoa do singular, gerúndio – love/loved/loves/loving). Carstairs- McCarthy (2002) postula, no entanto, que o número de flexões possíveis no inglês não é demasiado grande, conforme podemos observar no quadro a seguir: QUADRO 17 – INFLECTION Part of speech Number of inflections Examples Nouns 2 Cat, cats Verbs 5 Gives, gave, giving, given, give Adjectives 3 Green, greener, greenest Adverbs 3 Soon, sooner, soonest FONTE: Adaptado de Carstairs-McCarthy (2002, p. 42) De acordo com as informações obtidas pelo quadro, podemos inferir que os substantivos (nouns) possuem apenas duas flexões quanto ao número (como ocorre no português): singular (cat) e plural (cats). Alguns substantivos, no entanto, apresentam plural irregular, como nos exemplos a seguir: 14 • Child – children • Man – men • Person – people • Foot – feet • Tooth – teeth • Mouse – mice Já os verbos (verbs), quanto aos tempos verbais, possuem menos flexões do que as possíveis no português. Carstairs-McCarthy (2002) apresenta cinco: terceira pessoa do singular (gives), passado simples (gave), gerúndio (giving), passado particípio (given) e infinitivo (give). Lembramos que cada uma dessas formas participa na formação de outros tempos verbais, como a forma give, que é usada no presente (I give), no futuro (I will give), no infinitivo (to give) etc. Veja alguns exemplos de verbos com formas irregulares no passado: • Break – broke – broken • Lie – lay – lain • Lose – lost – lost • Ride – rode – ridden • Tell – told – told O verbo to give também é irregular no passado. As formas no passado de um verbo regular fariam a terminação com -ed, como é o caso do verbo to love: love – loved – loved. Os adjetivos, quanto ao grau, podem apresentar três formas: grau normal (green), comparativo de superioridade (greener) e superlativo (greenest). Estas flexões dos adjetivos em inglês somente serão possíveis quando o adjetivo possuir uma sílaba, ou quando for dissílabo terminado em -le, -ow e -er. Nos demais casos, o grau é indicado como nos exemplos a seguir: 15 John is more intelligent than Richard. (comparativo de superioridade) This is the most beautiful picture I've ever seen. (superlativo) Por fim, os advérbios também possuem três formas: grau normal (soon), comparativo de superioridade (sooner) e superlativo (soonest). Veja outros casos em que o advérbio é flexionado: QUADRO 18 – FLEXÃO DOS ADVÉRBIOS Adverb Comparative Superlative well better best badly worse worst far farther / further farthest / furthest little less least much more most FONTE: Disponível em: <http://www.solinguainglesa.com.br/conteudo/adverbio12.php>. Acesso em: 30 jun. 2017 O grau de grande parte dos advérbios pode ser indicado utilizando as expressões more than e the most , como exemplificamos com os adjetivos. Agora que estudamos as partes que compõem uma palavra, vamos conferir, na próxima seção, como fazer uma análise morfológica em língua inglesa. 16 ANÁLISE MORFOLÓGICA EM LÍNGUA INGLESA Como estudamos na seção anterior, a morfologia é o estudo da formação das palavras – como as palavras são formadas a partir de pedaços menores, os morfemas. Para fazer uma análise morfológica, precisamos responder a perguntas como: quais morfemas formam essa palavra? O que eles significam? Como são combinados? É possível encontrar padrões nessas combinações? Assim, fazer uma análise morfológica em linguística significa analisar a estrutura das palavras, considerando os processos de formação das palavras e/ ou a classe gramatical a que pertencem. Na análise morfológica, diferentemente da análise sintática, que veremos na seção a seguir, a palavra é considerada isoladamente, sem considerar sua função na sentença. Veja este roteiro para se fazer uma árvore morfológica, uma maneira de se representar a análise morfológica de uma palavra: FIGURA 13 – MORPHOLOGY TREE - REPRIVATISE 1 2 3 Re privat ( e ) iseBreak word down into morphemes Private (Root) Identify the root and label it 17 V Privat ( e ) ise Root s Base Join the suffix to the root to form the base V Re V Privat ( e ) ise P Root s Join the prefix to the base FONTE: Disponível em: <http://all-about-linguistics.group.shef.ac.uk/wp-content/ uploads/2016/03/outline.png>. Acesso em: 15 jun. 2017. Seguindo este roteiro, inicialmente precisamos segmentar a palavra em morfemas. A palavra utilizada no exemplo foi reprivatise, portanto, teríamos re/ privat(e)/ise. O próximo passo é identificar a raiz (root), que neste caso é privat(e). Em seguida, é preciso juntar o sufixo à raiz para formar a base (veja na figura: o “s” abaixo de “ise” significa suffixe; o “V” acima da árvore indica que esta base formou um verbo). Por fim, junta-se o prefixo à base, e temos a palavra analisada por completo. Assim, as informações que representamos foram: Reprivatise - Verb Re – preffixe (P) Privat(e) – root (R) Ise – suffixe (S) Cada um desses morfemas nos auxilia a compreender o significado da palavra e sua classe gramatical. Privat(e), a raiz da palavra, é um substantivo (noun), que significa privado. No entanto, ao utilizarmos o sufixo -ise a transformamos em um verbo, privatise, que em português significa privatizar. Além do sufixo, foi acrescentado também um prefixo: re-, que indica repetição, portanto, a palavra passa a significar privatizar novamente, ou reprivatizar. 18 Vamos analisar mais um exemplo? A palavra a ser analisada agora é denationalisation. Nesta palavra, temos uma raiz, três sufixos e um prefixo. Portanto, temos vários morfemas a analisar para compreender o processo de formação desta palavra. Lembremos que os sufixos geralmente alteram a classe gramatical da palavra (verbo, substantivo, adjetivo etc.) e os prefixos alteram o significado. Vejamos detalhadamente como ocorreu esse processo: 1) Raiz da palavra: nation (substantivo). 2) Acréscimo do sufixo -al: national (adjetivo). 3) Acréscimo do sufixo -is(e): nationalise (verbo). 4) Acréscimo do prefixo de-: denationalise (verbo). Alteração no significado da palavra, este prefixo tem o significado de “reverter” ou “mudar”. Portanto, denationalise significa desnacionalizar, ou seja, reverter a ação de nacionalizar. 5) Acréscimo do sufixo -ation: denationalisation (substantivo). Esta é uma palavra com muitos afixos e não tão comum de se ouvir na língua inglesa, não é mesmo? No entanto, escolhemos essa palavra justamente para ilustrar que, ao conhecer os processos de formação das palavras e as funções e significados dos afixos, aprimoramos nossa capacidade de compreender palavras que nunca havíamos ouvido ou lido antes. Desta forma, desenvolvemos nossa performance no uso da língua. Algumas palavras são formadas por afixos e também por morfemas flexionais (morfemas que indicam a flexão de verbos, por exemplo). Nestes A letra (e), na raiz da palavra analisada foi representada entre parênteses, pois com o acréscimo do sufixo ela foi suprimida. 19 casos, existe uma hierarquia para a formação de palavras. Os afixos derivacionais atacam antes dos morfemas flexionais, portanto, na análise, os afixos devem ser identificados antes. Vejamos, como exemplo, o verbo misunderstands. Nesta palavra, temos a raiz understand, que significa compreender, entender. A ela foi acrescido inicialmente o prefixo mis-, que significa incorretamente, de maneira errada. Assim, formou-se o verbo misunderstand, que significa compreender de maneira equivocada, ou não compreender. Somente depois de se ter formado esse verbo é que ele pôde ser conjugado, no caso do nosso exemplo, acrescentando o morfema flexional -s, que indica que o verbo está na terceira pessoa do singular do presente, misunderstands. A invenção de novas palavras acontece muitas vezes para preenchimento lexical, ou seja, às vezes não existe palavra para a ideia que o usuário da língua quer expressar, ou não corresponde tão precisamente a ela. Assim, ele combina palavras, acrescenta morfemas para se expressar com mais precisão. Algumas dessas palavras, com o tempo, passam a ser tão utilizadas que podem até ser incluídas nos dicionários. Outras, no entanto, têm o papel apenas de cumprir alguma lacuna na comunicação em determinado momento, não sendo o seu uso disseminado entre a comunidade de falantes. Nesta seção estudamos a morfologia, considerando as palavras isoladamente. Agora, vamos analisar, a partir da sintaxe, o papel que as palavras desempenham em uma frase e como se relacionam. SINTAXE DA LÍNGUA INGLESA Huddleston (1984) diferencia morfologia e sintaxe da seguinte maneira: morfologia estuda a forma das palavras, enquanto a sintaxe estuda a maneira como as palavras se combinam para formar sentenças. Na seção anterior tratamos da morfologia, estudando a estrutura e a forma das palavras, os processos de formação que as originam, além de estudarmos a análise morfológica. Na seção que iniciamos aqui trataremos da sintaxe, ou seja, de 20 acordo com a definição de Huddleston (1984) apresentada anteriormente, estudaremos a relação que as palavras estabelecem entre si e as funções dos termos na sentença. Morfologia e sintaxe são áreas de conhecimento linguístico que têm uma estreita relação e podem servir de base para uma análise única, que chamamos de análise morfossintática. Vejamos um exemplo apresentado por Huddleston (1984). O fato de que teeth é a forma plural de tooth é de interesse da morfologia. Já para a sintaxe, se tooth vier acompanhado do pronome this, deve haver concordância de número, ou seja, ou ambos devem estar no singular (this tooth) ou ambos no plural (these teeth). Burton-Roberts (2011) postula que para compreender sintaxe é fundamental compreender o termo estrutura. De acordo com o autor, estrutura é um conceito muito amplo e que pode ser aplicado a vários itens complexos, como uma bicicleta, uma empresa, ou uma molécula de carbono. Aqui compreende- se complexo, de acordo com Burton-Roberts (2011), como algo que pode ser dividido em partes, denominadas constituintes. Essas partes possuem diversos tipos ou categorias. Os constituintes dessas partes são organizados de maneiras específicas e cada constituinte tem uma função na estrutura como um todo. Algo que apresente essas características pode ser descrito como algo que tenha estrutura. Nesse caso, cada constituinte também é complexo e também pode ser dividido em partes menores, o que significa ainda que a estrutura obedece a uma hierarquia. Ainda é necessário analisar as funções dos constituintes na sentença. Mas o que é uma sentença? Em inglês existem os termos phrase, sentence e clause. Antes de continuarmos a discutir a estrutura das sentenças, vamos esclarecer esses termos nas seções a seguir. 21 PHRASES Phrases são um pequeno grupo de palavras que formam uma unidade significativa em uma oração (OXFORD DICTIONARY, 2017a). Poderíamos chamá-las, em português, de locuções. Há várias categorias de phrases, que são descritas por Carter et al. (2011): Noun phrases: são formadas em torno de um substantivo (noun) ou pronome (pronoun), que se constituem em núcleos (head). Podem exercer a função de sujeito ou objeto. Alguns termos podem ser ligados a eles para dar uma descrição mais detalhada (determiners), como artigos, pronomes demonstrativos ou possessivos etc. Exemplo: The telephone is ringing. Noun phrase: The telephone Determiner: The (article) Head: telephone (noun) Verb phrases: são formadas por um verbo, ou um verbo principal mais verbos auxiliares ou modais. O verbo principal sempre é o último a aparecer. As verb phrases, por conterem verbos, exercem a funçãode predicado (predicate). Veja, no quadro a seguir, a ordem em que os verbos devem aparecer: QUADRO 19 – VERB PHRASES 1 2 3 4 5 SUBJECT MODAL VERB PERFECT HAVE CONTINUOUS BE PASSIVE BE MAIN VERB must be followed must be followed must be followed by - ing form must be followed by - 22 by base form by -ed form ed form Prices rose. 1 2 3 4 5 SUBJECT MODAL VERB PERFECT HAVE CONTINUOUS BE PASSIVE BE MAIN VERB must be followed by base form must be followed by -ed form must be followed by - ing form must be followed by - ed form She will understand. The builders had arrived. The show is starting. Four people were arrested. Seats cannot be reserved. The printer should be working. He must Have forgotten. Temperatures Have been rising. William has been promoted. You could have been killed! FONTE: Disponível em: <http://dictionary.cambridge.org/grammar/british-grammar/about-verbs/ verb-phrases>. Acesso em: 2 jul. 2017. Adjective phrases: são phrases em que obrigatoriamente o adjetivo (adjective) será o núcleo (head). Podem ou não ser acompanhados de palavras que o modificam. Veja o exemplo: That’s a lovely cake. Adjective phrase: lovely (head) That soup is pretty cold. Adjective phrase: pretty cold. Pretty: modifier 23 Cold: head Adverb phrases: o núcleo das adverb phrases é um advérbio (adverb), que pode estar sozinho ou acompanhado por um modifier. Veja os exemplos a seguir: We usually have dinner together. Adverb phrase: usually Time goes very quickly. Adverb phrase: very quickly Head: quickly Modifier: very Prepositional phrases: de acordo com Cartel et al. (2011), são phrases compostas por uma preposição (preposition) mais um complemento. Assim, as prepositional phrases podem ser compostas da seguinte maneira, de acordo com o autor: Preposition + noun phrase: Mary and Samantha first met at a party. at: preposition noun phrase: a party Preposition + pronoun: Would you like to come with me? with: preposition me: pronoun 24 Preposition + adverb: From here you can almost see the sea. From: preposition here: adverb Preposition + adverb phrase: Until quite recently, no one knew about his paintings. Until: preposition Quite recently: adverb phrase Preposition + -ing clause: It´s a machine for making ice- cream. for: preposition making ice-cream: -ing clause Preposition + wh-clause: They were surprised at what we said. at: preposition what we said: wh-clause 25 CLAUSES Clause é a unidade básica da gramática. Geralmente, a clause possui um subject (noun phrase) e uma verb phrase, que pode ou não ser seguida por complementos. Podemos dizer que a clause é o equivalente à oração, em português. Exemplo: I missed the bus yesterday. (clause) Subject: I Verb phrase: missed the buss Complement: yesterday SENTENCES Uma sentença não é apenas uma sequência de palavras soltas. Ela é constituída por palavras, mas que são ordenadas de uma determinada maneira e que desempenham funções específicas. Sentence, de acordo com o Oxford Dictionary (2017b), é um grupo de palavras que tem sentido completo, contém um verbo principal e começam com letra maiúscula. É uma unidade gramatical, que pode ser de três tipos: simple, compound ou complex. Vejamos a descrição e exemplos de cada uma delas de acordo com Carter et al. (2011): Simple: sentences que têm apenas uma main clause (oração principal). Exemplo: They are going to the party this Saturday. Compound: são sentences compostas por duas ou mais clauses e são unidas por uma conjunção coordenativa. Exemplo: I invited them for the party, but they didn’t come. 26 Clause 1: I invited them for the party onjunção coordenativa: but Clause 2: they didn’t come. Complex: são sentences que têm uma main clause e também uma ou mais subordinate clause (oração subordinada). As subordinate clauses iniciam com uma conjunção subordinativa. Exemplo: You can call me if you have any problems. Main clause: You can call me Subordinate clause: if you have any problems. Agora que discutimos os termos phrase, clause e sentence, estudaremos o que são os constituents (constituintes) nas sentenças em inglês. RESUMO Neste tópico, você viu que: A morfologia, em diversos campos do conhecimento, se refere ao estudo da forma e estrutura do objeto de estudo. No caso da morfologia nos estudos linguísticos, trata-se, portanto, do estudo da forma e da estrutura das palavras, ou seja, como as palavras são formadas e quais as estruturas que as compõem. Uma palavra pode ser segmentada em partículas menores, que chamamos de morfemas (morphemes). Morfemas são as unidades mínimas linguísticas que contenham algum significado semântico ou gramatical (BOOIJ, 2005). 27 Os prefixos são afixos acrescidos no início de alguma palavra e que modificam ou complementam seu significado. Os sufixos são afixos acrescidos no final das palavras, formando novas palavras. Em inglês, os sufixos, geralmente, alteram a classe gramatical da palavra original. Em muitos casos, há alterações na grafia das palavras. Inflections são as variações das palavras, ou as flexões delas de acordo com o contexto gramatical (CARSTAIRS-MCCARTHY, 2002). Compounds referem-se a combinações de dois ou mais lexemas. Em várias línguas, esse processo de formação de palavras é utilizado por sua clareza de significado e versatilidade (BOOIJ, 2005). Essa composição resulta em uma nova palavra, com um novo significado. Fazer uma análise morfológica em linguística significa analisar a estrutura das palavras, considerando os processos de formação das palavras e/ou a classe gramatical a que pertencem. Na análise morfológica, diferentemente da análise sintática, a palavra é considerada isoladamente, sem considerar sua função na sentença. Huddleston (1984) diferencia morfologia e sintaxe da seguinte maneira: morfologia estuda a forma das palavras, enquanto a sintaxe estuda a maneira como as palavras se combinam para formar sentenças. Morfologia e sintaxe são áreas de conhecimento linguístico que têm uma estreita relação e podem servir de base para uma análise única, que chamamos de análise morfossintática. Phrases são um pequeno grupo de palavras que formam uma unidade significativa em uma clause (OXFORD DICTIONARY, 2017a). Há vários tipos de phrases em língua inglesa: noun phrase, verb phrase, adjective phrase, adverb phrase, prepositional phrase. Clause é a unidade básica da gramática. Geralmente, a clause possui um subject (noun phrase) e uma verb phrase, que pode ou não ser seguida por 28 complementos. Podemos dizer que a clause é o equivalente à oração, em português. Sentence, de acordo com o Oxford Dictionary (2017b), é um grupo de palavras que tem sentido completo, contém um verbo principal e começa com letra maiúscula. Sentence é uma unidade gramatical, que pode ser de três tipos: simple, compound e complex. Constituent structure: para analisar a sentença, existem partes que a compõem que são maiores que a palavra e menores que a sentença num todo. Isso quer dizer que não partimos da sentença diretamente para a palavra, mas há unidades intermediárias em que a sentença pode ser segmentada. Essas unidades são as constituent structures. 29 NORMA CULTA, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E PRECONCEITO LINGUÍSTICO No tópico anterior estudamos a estrutura da língua, conforme as normas gramaticais (morfológicas e sintáticas) determinam. No entanto, nos usos efetivos da língua em situações reais de interação, nem sempre esses padrões são seguidos. Existem diferentes formas dese utilizar uma mesma língua, que variam de acordo com o contexto em que os interlocutores se encontram e também de acordo com a identidade social e cultural dos falantes. A essas diferentes formas que uma língua pode assumir chamamos variedades linguísticas. A linguagem culta e a linguagem coloquial são expressões de uma mesma língua que servem a necessidades e situações próprias de comunicação. Compreender essas diferenças e as situações em que cada uma é requerida é o que pretendemos neste tópico. Ademais, vamos refletir também sobre o preconceito linguístico a que são sujeitos os falantes de algumas variedades da língua. INGLÊS PADRÃO E INGLÊS NÃO PADRÃO (STANDARD ENGLISH AND NON-STANDARD ENGLISH) Imagine que você está na sua casa, preparando uma refeição e sentiu falta de um ingrediente. Você precisa deste item, portanto, vai ao supermercado mais próximo para adquiri- lo. Agora, imagine outra situação: você recebeu um convite para assistir à premiação do Oscar ao vivo no local do evento. Como você se vestiria para cada um destes eventos? Provavelmente, de maneira bem diferente em cada um deles, não é mesmo? Isso porque escolhemos a maneira de nos vestir de acordo com o ambiente em que estaremos, com as pessoas que encontraremos neste lugar e com o grau de formalidade que a situação compreenda. Esta adequação e transição de estilo também perpassa o uso da linguagem. Modulamos a maneira de nos comunicarmos levando em consideração determinados fatores, com maior ou menor monitoramento da língua. 30 As línguas são dinâmicas, moldadas conforme a situação em que necessitamos utilizá- las, conforme nossos interlocutores e ainda conforme quem somos e de onde viemos. Assim como na língua portuguesa, na língua inglesa também existem diferenças entre a língua padrão (Standard English) e a língua não padrão (Non-Standard English). O contexto de interação e fatores sociais, como nível de escolarização e classe social, são fatores que determinam o uso de uma variedade ou outra. Apesar de denominarmos cada uma de “língua”, ambas são variedades de uma mesma língua: o inglês. A língua padrão segue os preceitos da gramática normativa, é uma língua “modelo”. Trata-se de uma língua utilizada em certo momento da história e em determinada sociedade, tida como a língua que deve servir de referência para os usuários. Tendo em vista a dinamicidade da língua, algumas formas de se utilizar a linguagem que não eram aceitas podem passar a sê-las, e outras caem em desuso (SANTOMAURO, 2009). Oliveira (2003, s. p.) atenta para uma necessária distinção entre língua padrão e língua culta: A língua padrão, que na sociolinguística anglófona se denomina standard language, é a variedade culta formal do idioma. Há quem tome o termo norma culta, indevidamente, como sinônimo de língua padrão. Ocorre que a língua culta, isto é, a das pessoas com nível elevado de instrução, pode ser formal ou informal. A língua padrão é a culta, sim, mas limitada à sua vertente formal. É, pois, necessário distinguir os dois conceitos. Língua culta é um termo mais amplo que língua padrão, uma vez que abrange não só o padrão, que é suprarregional, mas também as variedades cultas informais de cada região. Entendam-se como cultos os dialetos sociais das pessoas acima de determinado grau de escolaridade. Desse modo o termo adquire objetividade e nos desvencilhamos do ranço de preconceito de que está impregnado. A língua culta informal, portanto, não é padrão. A variedade padrão da língua “lidera” um conjunto de códigos que se influenciam mutuamente, a saber: (a) as variedades orais cultas informais das diversas áreas geográficas; (b) a língua escrita culta informal; (c) as variedades literárias do idioma, que se baseiam no padrão, mas, no caso do Brasil, nem sempre correspondem fielmente a ele. 31 A linguagem culta formal é utilizada nas situações formais de comunicação, especialmente na modalidade escrita. No entanto, também é requerida em situações da oralidade, como discursos, apresentações acadêmicas, entrevistas de emprego etc. Ao utilizar esta variedade, o falante segue as normas gramaticais da língua (a língua padrão) e utiliza um léxico característico desta modalidade. Os documentos oficiais e institucionais são redigidos utilizando-se essa variedade. É a linguagem utilizada por grupos de prestígio da sociedade, como governantes, comunidade acadêmica e científica em produções orais ou escritas inerentes a suas funções. O Standard English é a variedade da língua ensinada nas escolas de países em que se fala inglês e também a variedade ensinada aos estudantes de inglês como língua estrangeira. De acordo com Carter et al. (2011), existem várias formas do Standard English no mundo, como inglês norte-americano, inglês australiano, inglês britânico etc. Cada uma dessas diferentes formas de inglês representa a linguagem culta utilizada oficial e institucionalmente em determinado país. Variam em alguns aspectos na pronúncia, mas não há muita variação nos aspectos gramaticais. A linguagem culta informal, ou coloquial, é espontânea, utilizada por muitos falantes, especialmente nas comunicações orais. É a linguagem do dia a dia, que utilizamos para conversas informais em nosso cotidiano, seja na modalidade oral, ou ainda na escrita, em mensagens de celular, por exemplo, ou outras formas de comunicação em que a norma culta não seja requerida. Tanto a linguagem culta formal quanto a informal são formas legítimas de comunicação, uma vez que ambas são reconhecidas pelos usuários e possibilitam a interação dos interlocutores. Assista a esse vídeo, com o professor David Crystal, sobre Standard English e Non-Standard English. 32 Os falantes, em geral, podem transitar entre a linguagem formal e a informal de acordo com o que é esperado em determinados contextos. No entanto, alguns falantes, por diversos motivos, entre eles, nível de escolaridade, classe social, ou outros, não têm acesso à língua culta formal. Além disso, não existem somente duas variedades da língua, a formal e a informal. Cada uma delas pode apresentar diversas outras variações, conforme veremos na seção a seguir. 33 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: A HETEROGENEIDADE DA LÍNGUA Como vimos na seção anterior, a língua apresenta variações que podem ser determinadas por diversos fatores. A língua está relacionada com a identidade dos povos, portanto, as variações da língua também representam traços identitários de comunidades de fala, que são observados em grupos que partilham uma mesma cultura, seja um grupo social, um grupo regional ou diversas outras segmentações possíveis. A Sociolinguística é uma área de estudos da Linguística que se ocupa da língua em uso, em situações reais de fala e que considera o contexto social de produção. Variação linguística, bilinguismo, políticas linguísticas são algumas das questões de estudo da Sociolinguística. É a partir desta área de conhecimento que estudamos as variedades linguísticas. Bagno (2007, p. 36) assim descreve a concepção de língua na Sociolinguística: Ao contrário da norma-padrão, que é tradicionalmente como um produto homogêneo, [...] a língua, na concepção dos sociolinguistas, é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável e está sempre em desconstrução e em reconstrução. Ao contrário de um produto pronto e acabado, de um monumento histórico feito de pedra e cimento, a língua é um processo, um fazer-se permanente e nunca concluído. A língua é uma atividade social, um trabalho coletivo, empreendido por todos os seus falantes, cada vez que eles se põem a interagir por meio da fala ou da escrita (grifos do autor). As línguas são dinâmicas, evoluem, modificam-se, todas elas, no mundo todo. Essas mudanças são impulsionadaspor diversos fatores: sociais, regionais, históricos, culturais, e podem afetar diferentes níveis linguísticos: fonológicos, semânticos, sintáticos ou outros. Veja o caso do /r/ em posição de coda, descrito por Alves e Battisti (2014, p. 294-295): [...] a não realização preponderante de /r/ em coda silábica é um dos traços de variedades do inglês britânico, a realização preponderante de /r/ é um dos traços de variedades do inglês americano. [...] no inglês americano, o /r/ tende a ser realizado em comunidades de fala cujos membros pertencem a estratos socioeconômicos mais altos, e a não ser realizado na fala de grupos pertencentes a classes sociais mais baixas. No 34 primeiro caso, a variação na realização do /r/ é um dos traços que distinguem variedades geográficas ou regionais. No segundo caso, o processo distingue variedades ou dialetos sociais. Neste caso apresentado pelos autores, a mesma variação na produção do fonema foi motivada por fatores diversos e denota traços que diferenciam, no primeiro caso (de falantes do inglês britânico e de falantes do inglês americano) grupos de usuários da língua separados geograficamente, ou seja, neste caso a evolução da língua ocorreu de forma diversa em regiões diversas. Já no segundo caso (variação presente em grupos sociais diversos), o traço de variação diferencia os usuários de acordo com o grupo social ao qual pertencem. Ora, se a língua é parte da identidade de um povo, como afirmamos na Unidade 1, nada mais natural de que cada grupo social, geográfico, histórico, produza e utilize sua própria variedade, moldada de acordo com suas necessidades e características. Ter consciência de que essas variedades existem e saber lidar com elas é importante para o falante se comunicar em diferentes situações e contextos. Para tanto, Rajagopalan (2009, p. 45-46) postula que, como professores de língua inglesa, [...] é nosso dever preparar nossos alunos para serem cidadãos do mundo novo que se descortina diante dos nossos olhos. [...] Para atuar nesse admirável mundo novo, os nossos alunos têm de aprender a lidar com todas as formas de falar inglês. Isso requer um bom “jogo de cintura”, ou seja, uma habilidade de se adaptar às maneiras mais diferentes de falar inglês. [...] Cabe ao professor do World English expor a seus alunos a um grande número de variedades de ritmos e sotaques, pouco importando se eles são “nativos” ou não. Alguns denominam essas variedades de dialeto, mas optamos por não utilizar esse termo, tendo em vista as representações que o acompanham. Utilizamos o termo variedades e não o termo dialeto, pois esse último, conforme pontua Calvet (2002), carrega uma visão pejorativa, que qualifica de forma inferior algum modo de falar. Já o termo variedades refere-se a um “sistema de expressão linguística que pode ser identificado pelo cruzamento de variáveis linguísticas (fonéticas, morfológicas, sintáticas etc.) e de variáveis sociais (idade, sexo, região de origem, grau de escolarização etc.)” (CALVET, 2002, p. 157). Acreditamos que nenhuma variedade é inferior a outra, todas têm igual valor. Sabemos, no entanto, que algumas são variedades de prestígio e outras são variedades utilizadas por minorias (não no sentido numérico da palavra minoria, mas no sentido social). 35 Precisamos lembrar que as variedades não são línguas diferentes, mas formas diferentes de se utilizar uma mesma língua. As variedades, em geral, não impossibilitam a comunicação entre os falantes de uma língua, seja qual for a variedade que utilizam no seu cotidiano. No entanto, socialmente, é atribuída uma carga valorativa diferente a cada variedade, e assim como a roupa que usamos, a variedade linguística da qual fazemos uso está sujeita a avaliações positivas ou negativas. Assim, o falante que utiliza uma variedade de menor prestígio sofre o que chamamos em sociolinguística de preconceito linguístico, termo do qual trataremos na seção a seguir. VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NA LÍNGUA INGLESA Todas as variedades de uma língua são sistemas complexos e completos que permitem a comunicação eficiente entre seus falantes. Essas variedades caracterizam a identidade de seus falantes e atendem às suas necessidades de comunicação. Assim, todas são legítimas e têm igual valor. Para Bagno (2005, p. 124): Todo falante nativo de uma língua é um falante plenamente competente dessa língua, capaz de discernir intuitivamente a gramaticalidade ou agramaticalidade de um enunciado, isto é, se um enunciado obedece ou não às normas de funcionamento da língua. Ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna, assim como ninguém comete erros ao andar ou respirar. Nesse sentido, não existe correto ou incorreto quando se descreve a língua materna de um falante. A variedade utilizada por um falante em sua comunidade cumpre suas funções de comunicação e apresenta uma organização gramatical e lógica, ainda que difira em alguns aspectos da língua padrão, seja em aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos, lexicais ou outros ainda. Essa diferença pode ser vista por alguns como errada, como variedade incorreta. Quanto ao aprendiz de uma língua estrangeira, como o aprendiz de língua inglesa, é comum que, por interferência de sua língua materna, produza alguns desvios na sua fala ou escrita. Sua produção, assim como qualquer variedade da língua, está sujeita a avaliações, que podem ser negativas ou positivas. 36 Como acontece com a Língua Portuguesa, as variedades na Língua Inglesa também sofrem preconceito, são discriminadas. É preciso considerar o contexto social de produção pelos falantes de cada variedade. Como qualquer tipo de preconceito, o linguístico é decorrente de um pré- julgamento e de um desejo de unificar algo que sempre será diverso, por acreditar que uma variedade é superior às demais e mais importante que elas. Nos Estados Unidos existe um grupo de pessoas conhecido como language mavens (ou especialistas da linguagem), que apontam um declínio do “bom inglês” no linguajar de jornais e outras publicações que não utilizam o inglês que denominam de “real”. Diante disso, podemos nos perguntar: o que é o “inglês real” para estas pessoas? E o que é um “bom inglês”? Para este grupo, apenas a variedade padrão da língua é a correta, sendo as demais variedades formas ilegítimas de se utilizar a língua inglesa. Esta concepção, porém, não considera a diversidade decorrente de fatores geográficos, sociais, culturais, identitários e tantos outros que influenciam no surgimento e utilização de uma variedade linguística. Mediante os pontos apresentados, qual o papel da escola com relação ao preconceito linguístico? Como devemos lidar com essas diferenças na sala de aula e buscar sensibilizar os alunos para combater este preconceito? De acordo com Cagliari (1996, p. 83), é preciso explorar as variedades linguísticas na sala de aula, seu funcionamento e os valores sociais que são atribuídos a elas: A escola deve respeitar os dialetos, entendê-los e até mesmo ensinar como essas variedades da língua funcionam, comparando-as entre si; entre eles deve estar incluído o próprio dialeto de prestígio, em condições de igualdade linguística. A escola também deve mostrar aos alunos que a sociedade atribui valores sociais diferentes aos diferentes modos de falar a língua e que esses valores, embora se baseiem em preconceitos e falsas interpretações do certo e do errado linguísticos, têm consequências econômicas, políticas e sociais muito sérias para as pessoas. O preconceito linguístico está associado ao preconceito social. As variedades consideradas “bonitas”, “corretas” são justamente aquelas utilizadas pelas elites de um país. As demais são consideradas “menores”, “incorretas”. O preconceito não é somente contra as variedades que as pessoasfalam, mas contra as pessoas em si, que geralmente são pessoas que vivem à margem da sociedade de elite. As variedades utilizadas pelas camadas mais pobres da população geralmente são alvo de preconceito, assim como as pessoas que as 37 utilizam. Conhecer as variedades, compreender por que elas existem e qual função desempenham na sociedade auxilia a combater o preconceito linguístico. 38 Assista ao filme “My Fair Lady”, de George Cukor, que aborda, entre outros aspectos, a questão da variação linguística, especialmente a variação decorrente de classes sociais diferentes. O filme, de 1964, é um clássico dos cinemas e nos faz pensar sobre preconceito linguístico e outras questões, abordadas já na década de 1960. 39 RESUMO A linguagem culta e a linguagem coloquial são expressões de uma mesma língua que servem a necessidades e situações próprias de comunicação. As línguas são dinâmicas, moldadas conforme a situação em que necessitamos utilizá-las, conforme nossos interlocutores e ainda conforme quem somos e de onde viemos. Assim como na língua portuguesa, na língua inglesa também existem diferenças entre a língua padrão (Standard English) e a língua não padrão (Non-Standard English). A língua padrão segue os preceitos da gramática normativa, é uma língua “modelo”. Trata-se de uma língua utilizada em certo momento da história e em determinada sociedade, tida como a língua que deve servir de referência para os usuários. A linguagem culta informal, ou coloquial, é espontânea, utilizada por muitos falantes, especialmente nas comunicações orais. É a linguagem do dia a dia, que utilizamos para conversas informais em nosso cotidiano, seja na modalidade oral, ou ainda na escrita, em mensagens de celular, por exemplo, ou outras formas de comunicação em que a norma culta não seja requerida. As línguas são dinâmicas, evoluem, modificam-se, todas elas, no mundo todo. Essas mudanças são impulsionadas por diversos fatores: sociais, regionais, históricos, culturais, e podem afetar diferentes níveis linguísticos: fonológicos, semânticos, sintáticos ou outros. Ter consciência de que as variedades linguísticas existem e saber lidar com elas é importante para o falante se comunicar em diferentes situações e contextos. As variedades não são línguas diferentes, mas formas diferentes de se utilizar uma mesma língua. As variedades, em geral, não impossibilitam a comunicação entre os falantes de uma língua, seja qual for a variedade que utilizam no seu cotidiano. Todas as variedades de uma língua são sistemas complexos e completos que permitem a comunicação eficiente entre seus falantes. Essas variedades caracterizam a identidade de seus falantes e atendem às suas necessidades de comunicação. Como acontece com a Língua Portuguesa, as variedades na Língua Inglesa também sofrem preconceito, são discriminadas. É preciso considerar o contexto social de produção pelos falantes de cada variedade. Como 40 qualquer tipo de preconceito, o linguístico é decorrente de um pré-julgamento e de um desejo de unificar algo que sempre será diverso, por acreditar que uma variedade é superior às demais e mais importante que elas. O preconceito linguístico está associado ao preconceito social. As variedades consideradas “bonitas”, “corretas” são justamente aquelas utilizadas pelas elites de um país. As demais são consideradas “menores”, “incorretas”. O preconceito não é somente contra as variedades que as pessoas falam, mas contra as pessoas em si, que geralmente são pessoas que vivem à margem da sociedade de elite. As variedades utilizadas pelas camadas mais pobres da população geralmente são alvo de preconceito, assim como as pessoas que as utilizam. FATORES DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA No tópico anterior estudamos que a língua é dinâmica, está em movimento e apresenta variações que estão relacionadas a fatores diversos. Estes fatores serão nosso objeto de estudo neste tópico. Para Saussure (2006), a língua poderia ser analisada a partir de suas variações diacrônicas (a evolução através do tempo) e sincrônicas (as variações linguísticas em determinada época). A variação diacrônica se refere às mudanças pelas quais a língua passa ao longo do tempo, a evolução histórica da língua. A variação sincrônica diz respeito às mudanças na língua dentro de um recorte de tempo, que podem ser originadas por fatores regionais ou geográficos (variação diatópica), fatores sociais, como idade, gênero, classe social (diastrática) e a variação estilística, que é decorrente de adequação a um determinado contexto (variação diafásica). A seguir, vejamos os fatores que podem impulsionar variações linguísticas diacrônicas e sincrônicas. 41 VARIAÇÕES DIACRÔNICAS A variação diacrônica da língua é a evolução que essa língua sofreu ao longo do tempo. Conforme o passar do tempo, as relações sociais, de trabalho, o lazer, as comunicações, as necessidades das pessoas mudam, e todas essas mudanças se refletem também na língua. Assim, novas palavras surgem, outras deixam de ser utilizadas, pronúncias são modificadas, conforme o uso efetivo de certa pronúncia pelos falantes, enfim, a língua, um mecanismo vivo e dinâmico, acompanha e se adéqua às mudanças da sociedade 42 A língua inglesa, desde seu surgimento até os dias atuais, passou por vários processos de variação linguística. Alves e Battisti (2014, p. 296) assim descrevem essa evolução: A língua inglesa tal qual hoje a conhecemos tem pelo menos quinze séculos de existência, ao longo dos quais passou por processos de variação e mudança linguística. Foi introduzida na Bretanha há aproximadamente 1500 anos por invasores do Mar do Norte. Inicialmente analfabetos, esses invasores adquiriram a escrita em alguns séculos, com o que começaram a escrever crônicas históricas, textos religiosos, registros administrativos, textos literários. Reconhecendo-se pelo menos quatro grandes períodos evolutivos – Old English (Inglês Antigo), Middle English (Inglês [do final] da Idade Média), Early Modern English (Inglês Moderno Inicial), e Modern English (Inglês Moderno) – e comparando registros escritos disponíveis, pôde-se constatar que a língua inglesa sofreu transformações substanciais de natureza fonético-fonológica (em sua sonoridade), morfológica (no formato das palavras) e sintática (na ordem dos elementos nas orações). As transformações da língua continuarão ocorrendo com o passar dos tempos. Assim, formas de se utilizar a língua que não são aceitas hoje podem vir a se consolidar no futuro, de acordo com o uso efetivo pelos falantes. Da mesma forma, outras palavras, expressões, pronúncias ou construções sintáticas poderão cair em desuso. VARIAÇÕES SINCRÔNICAS As variações sincrônicas são as mudanças que ocorrem na língua em um determinado recorte de tempo, impulsionadas por fatores como região geográfica, fatores sociais, culturais e de estilo. Vejamos como ocorrem as variações impulsionadas por cada um desses fatores. Assista a esse interessante vídeo sobre a origem da língua inglesa! Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=YEaSxhcns7Y>. 43 VARIAÇÕES DIATÓPICAS As variações linguísticas diatópicas ocorrem de acordo com a região dos falantes. Assim, podemos observar diferenças entre o inglês britânico, o inglês americano, o inglês canadense, o inglês australiano e outros “ingleses” que são utilizados no mundo todo. No entanto, não é preciso distanciar-se tanto para observar variações. Dentro de um mesmo país há diversas variações, conforme a região do falante. Veja, por exemplo, no Brasil. Os falares da Região Sul e da Região Norte são muito diferentes, e não somente no acento, ou sotaque, mas também em aspectos fonológicos, lexicais e sintáticos. Diminuindo a distância,dentro de um mesmo estado também temos variações, reconhecemos a origem de uma pessoa, muitas vezes, apenas por ouvi- la falar, não é mesmo? Essas variações linguísticas dentro de um mesmo país também ocorrem nos países de língua inglesa. Inicialmente, discutiremos algumas diferenças entre o inglês britânico e o americano, que talvez sejam aquelas com as quais mais temos contato em nossas aulas de língua inglesa. O Standard English, ou inglês padrão, é dividido em dois principais subsistemas: a vertente britânica (que se subdivide em vários: escocês, irlandês, galês, inglês – da Inglaterra) e a vertente americana (que ainda é subdividido em inglês estadunidense e canadense). Ambos representam um padrão nacional de inglês e possuem diferenças gramaticais, lexicais e na pronúncia (além de ortográficas, como veremos adiante). A maior parte das diferenças entre o inglês americano (American English, ou AmE) e o inglês britânico (British English, ou BrE) é relacionada ao vocabulário, à pronúncia e à ortografia, e algumas diferenças também podem ser observadas no uso da gramática. Carter et al. (2011) afirmam que há menos diferenças na escrita do que na fala. Veja as seis principais diferenças ortográficas entre o BrE e o AmE, de acordo com Crispino (2015): Algumas palavras que terminam em -ter no AmE são escritas com -tre no BrE: Exemplos: AmE: center, fiber, theater. Você sabia que os Estados Unidos não têm uma língua oficial em sua constituição? Cada estado americano pode definir a língua (ou as línguas) que será oficial em seu território. Para saber mais, leia o artigo no link a seguir: 44 BrE: centre, fibre, theatre. Algumas palavras que terminam em -or no AmE são escritas com -our no BrE: Exemplos: AmE: neighbor, honor, color. BrE: neighbour, honour, colour. Alguns verbos terminados em -ize no AmE são escritos com -ise no BrE: Exemplos: AmE: apologize, realize, organize. BrE: apologise, realise, organise. a) A letra L pode ser duplicada em uma variedade ou outra: Exemplos: AmE: counselor, enroll, traveling. BrE: counsellor, enrol, travelling. b) Algumas palavras que terminam em -og no AmE são escritas com -ogue no BrE: Exemplo: AmE: analog, catalog, dialog. BrE: analogue, catalogue, dialogue. c) Algumas palavras que terminam em -ense no AmE são escritas com -ence no BrE: Exemplo: AmE: defense, license, offense. BrE: defence, licence, ofence. Diferenças lexicais entre inglês britânico e americano: alguns vocábulos diferem entre uma variedade e outra. Diferentes palavras podem indicar o mesmo significado, bem como uma palavra pode ter um significado diferente em cada variedade. Veja a ilustração a seguir: 45 FIGURA 18 – DIFERENÇAS LEXICAIS TE: Disponível em: <http://www.sk.com.br/USvsUK2.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2017. Chips, em AmE, refere-se às batatas fritas em fatias finas, enquanto no BrE refere-se às tradicionais batatas fritas em formato de palito. First floor, em AmE, equivale ao nível térreo, enquanto no BrE refere-se ao segundo piso de uma edificação. Football, em AmE é o que chamamos em português de futebol americano, e em BrE refere-se ao futebol jogado com os pés. Esses são alguns exemplos das diferenças nos significados de um mesmo vocábulo. Veja agora alguns exemplos de palavras diferentes com o mesmo significado: QUADRO 20 – DIFERENÇAS LEXICAIS PARA O MESMO SIGNIFICADO Português Inglês Americano Inglês Britânico apartamento apartment flat armário closet wardrobe avião airplane aeroplane balas candy sweets banheiro lavatory/bathroom toilet 46 biscoito, doce cookie biscuit borracha de apagar eraser rubber calçada sidewalk pavement, footpath calças pants trousers centro (de uma cidade) downtown city centre, town centre cinema movie theater cinema currículo resume curriculum vitae curso de graduação undergraduate school degree diretor (de escola) principal head teacher, headmaster elevador elevator lift estacionamento parking lot car park farmácia drugstore chemist's metrô subway underground, tube outono fall autumn ponto (final de frase) period full stop refrigerante pop, soda soft drink, pop, fizzy drink telefone celular cell phone mobile phone térreo first floor US: 1st, 2nd, 3rd, ... ground floor UK: ground, 1st, 2nd, ... FONTE: Disponível em: <http://www.sk.com.br/sk-usxuk.html>. Acesso em: 15 jul. 2017. Quanto à pronúncia nas duas variedades, eis algumas diferenças que podemos observar: Vogais tônicas – no AmE são mais longas. Exemplo: packet. /a/ - em palavras como can’t, class e fast, no AmE o a é pronunciado na parte da frente da boca, e no BrE, na parte de trás. /r/ - no BrE é pronunciado somente quando estiver antes de uma vogal, como em bedroom, red. Nos demais casos, não é pronunciado, como em car, over. /t/ - no AmE o t entre vogais é pronunciado de forma bem suave, quase como um d. Assim, writer e rider têm pronúncia bem parecida. No BrE o t é pronunciado como o fazemos na língua portuguesa. 47 Carter et al. (2011) apresentam as diferenças gramaticais entre o inglês americano e o britânico: Verbos: Be going to: para dar orientações, no AmE normalmente se utiliza be going to, ou gonna. No BrE, para este fim se utiliza imperativo, com ou sem you, e o presente simples ou futuro simples com will. Exemplos: AmE: You’re gonna go three blocks and then you’re gonna see an apartment building. BrE: Take this street here on the right, then go about two hundred yards. BrE: You turn left at the lights, go about another hundred yards and you’ll see the station. Burn, learn, dream: no BrE pode-se usar a forma no passado simples ou particípio de verbos como estes com -ed ou -t. No AmE utiliza-se preferencialmente a forma com -ed. Exemplos: BrE: burned, learned, dreamed ou BrE: burnt, learnt, dreamt AmE: burned, learned, dreamed Have/ have got: falantes de BrE utilizam have got para indicar posse, em qualquer tipo de frase. No AmE é mais comum utilizar somente o have. Em frases interrogativas e negativas não é possível utilizar o have got no AmE. Exemplos: They have/have got two cars. (BrE e AmE) Have you got a car? Yes, I have. (BrE) Dou you have a car? Yes, I do. (AmE) 48 Have got to/ have to: o primeiro é mais comum no BrE e o segundo no AmE. Exemplos: We’ve got to be back in San Francisco next Sunday. (BrE) We have to be back in San Francisco next Sunday. (AmE) • Shall: no BrE pode-se usar o modal shall para indicar futuro com I e we, especialmente em situações mais formais. No AmE usa-se o will, como nas outras pessoas. Exemplos: I shall be back in a minute. (BrE) I will be back in a minute. (AmE) a) Verb Tenses: • Present perfect: é mais comum no BrE. No AmE utilizam mais o simple past, mesmo em situações em que falantes de BrE usariam present perfect, como com os advérbios already, just e yet. Veja o quadro a seguir como exemplo: QUADRO 21 – PRESENT PERFECT (BrE) (AmE) I have already given her the present. I already gave her the present. I've just seen her. I just saw her. Have you heard the news yet? Did you heard the news yet? FONTE: Disponível em: <http://www.solinguainglesa.com.br/conteudo/brit_amer5.php>. Acesso em: 15 jul. • Past perfect: é mais comum no AmE, principalmente em situações que descrevem um evento que aconteceu antes de outro no passado. Exemplos: We had watched the news, then we watched a documentary. (AmE) We watched the news, then we watched a documentary. (BrE) b) Prepositions: Algumas preposições costumam ser usadas de maneiras diferentes no BrE e no AmE. Veja alguns casos: QUADRO 22 – PREPOSIÇÕES BrE AmE At the weekend What are you doing at the weekend? On the weekend So we’ll get together and barbecue on the weekend.49 For + período de tempo depois de sentença negativa I haven’t talked to my brother for three years. In + período de tempo depois de sentença negativa I haven’t talked to my brother in three years. In + nome de rua They lived in Walton Street. On + nome de rua I used to live on Perot Street. FONTE: Adaptado de Carter et al. (2011) Assim como as diferenças entre o inglês britânico e o americano, também existem outras variedades do inglês, como o inglês australiano, o inglês canadense, o inglês sul-africano e outros. Quanto aos regionalismos dentro do país, iniciemos tratando do caso dos Estados Unidos. Godinho (2001) descreve a pluralidade de culturas que colonizaram os Estados Unidos (africanos, escoceses, ingleses, irlandeses, entre outros). No entanto, apesar de ter sido formado por grupos tão diversos, e de haver locais no país em que se falava outro idioma (alemães em Wisconsin e Indiana, noruegueses em Minnesota e nas Dakotas, suecos em Nebraska, entre outros), o inglês americano falado em todo o país é relativamente uniforme, com poucas variações, considerando a extensão do país (GODINHO, 2001). Há algumas variações fonológicas e lexicais entre as regiões do país (que fazem com que os americanos reconheçam o estado de origem do falante), mas pouco significativas se comparadas com os muitos dialetos britânicos. Esta relativa uniformidade, ainda de acordo com Godinho (2001), deve- se ao fato de os americanos transitarem constantemente de uma região a outra no país, convivendo com muitas nacionalidades, o que evitou a formação de variedades. O fator identidade também foi determinante. As pessoas buscavam fazer parte de uma identidade nacional, o que reforçava o uso de uma forma padrão da língua. Apesar de relatada por Godinho essa relativa uniformidade, existem sotaques que caracterizam as regiões americanas, bem como algumas variações lexicais Leia este artigo sobre diferenças entre inglês britânico e inglês americano para conhecer mais sobre o assunto tratado nesta seção: A sua forma de falar inglês se parece com a variedade de alguma região americana? Responda a este quiz do The New York Times e descubra! 50 VARIAÇÕES DIASTRÁTICAS São variações utilizadas por determinados grupos que partilham de conhecimento em comum, atividade laboral ou grupos sociais de amigos, por exemplo. Ocorrem em razão da convivência entre os grupos sociais. Assim, este tipo de variação pode indicar tanto as gírias utilizadas por um grupo de amigos como os jargões técnicos utilizados por profissionais de algumas áreas, como médico, profissionais de informática, advogados etc. Conforme Camacho (1988, p. 32), “a variação social é o resultado da tendência para maior semelhança entre os atos verbais dos membros de um mesmo setor sociocultural da comunidade”. Além do inglês americano e do inglês britânico, como já dissemos, cada país que fala a língua inglesa possui características próprias nessa língua, constrói sua variedade do inglês. Veja o seguinte artigo sobre o inglês sul-africano: <http://www.inglesnapontadalingua.com.br/2010/06/ingles-no- O inglês britânico teve algumas influências do inglês americano, devido à influência cultural dos Estados Unidos sobre a Inglaterra (por meio da cultura popular, como filmes, músicas e outros). Veja no link a seguir os principais sotaques da Inglaterra, que representam algumas das variedades utilizadas no país. Acesse: <http://molhoingles.com/ sotaques-da-inglaterra/>. 51 As gírias são parte do vocabulário de alguns grupos, e cada grupo possui e utiliza suas próprias gírias. Como exemplo, podemos citar os surfistas, um grupo de estudantes, cantores de rap etc. Em inglês, as gírias são denominadas slangs. Um tipo de gíria que vem se tornando muito utilizado são as internet slangs, ou seja, a linguagem utilizada em mensagens de texto e em redes sociais, como Whatsapp e Facebook. Veja a figura a seguir que ilustra A conversa entre uma mãe e seu filho em uma rede social: FIGURA 19 – INTERNET SLANGS FONTE: Disponível em: <http://www.cy8cy.com/wp-content/uploads/2012/09/ Dont-let-Internet-slang-stump- you.jpg>. Acesso em: 29 jul. 2017. Nesta conversa, a mãe tem dúvidas a respeito das abreviações IDK (I don´t know), LY (love you) e TTYL (talk to you later). O filho responde ao que a mãe está solicitando, mas a mãe não compreende, criando humor ao diálogo. As variações diastráticas também são motivadas por fatores relacionados à faixa etária, ao estrato social dos falantes, ou a grupos que partilham uma mesma identidade cultural. Neste último caso podemos mencionar, como exemplo, o uso por grupos de negros americanos, da variedade conhecida como Black English. Assista a este episódio da série Everybody Hates Chris (Todo mundo odeia o Chris), em que a variedade Black English é utilizada pelos personagens. 52 VARIAÇÕES DIAFÁSICAS Neste tipo de variação, o mesmo falante pode alterar a variedade que está utilizando de acordo com a situação comunicacional da qual está fazendo parte. Assim, transita de uma linguagem formal para informal, por exemplo, de acordo com suas necessidades. Para Camacho (1988, p. 33), “numa comunidade linguística em que todos os membros tenham nascido e vivido no mesmo local e no mesmo âmbito social, a simples observação de sua atividade verbal revela diferenças notáveis de estilo, de acordo com a variação das circunstâncias em que o ato se produz”. A variação diafásica, portanto, indica uma variação de estilo. Nas situações de comunicação das quais participamos, é importante que nossa linguagem seja adequada ao contexto e aos interlocutores. É como vestir uma roupa adequada para determinado evento. Não seria adequado vestir roupas de banho em um tribunal, bem como não seria adequado vestir trajes formais em um momento de descontração na praia, certo? Assim também acontece com a linguagem que utilizamos: algumas expressões e construções frasais são mais adequadas em contextos informais, outras em contextos formais. Conhecer a diferença entre esses dois tipos de linguagem é muito importante para comunicar-se adequadamente e eficientemente em inglês. Veja este vídeo do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em um discurso: <https:// www.youtube.com/watch?v=2hOp408Ib5w>. E agora, veja este, também de Obama, concedendo uma entrevista ao programa televisivo The Ellen Show: <https://www.youtube.com/watch?v=rZnX bPZ6R3w>. Você percebe diferenças entre a linguagem utilizada por Obama nas duas situações? Podemos notar diferenças nas construções das frases, escolha de vocabulário e no grau de formalidade em cada situação. 53 Agora, veja a figura a seguir: FIGURA 20 – HOW TO BE POLITE FONTE: Disponível em: <http://i1290.photobucket.com/albums/b523/thebestking2012/24-03-2 01318-48- 11_zpsa9e1febb.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2017. A figura, evidentemente, representa um exagero na necessidade de ser polido, de ser formal. Em uma situação de emergência, é claro que você não precisa utilizar tanta formalidade para pedir socorro, mas é justamente aí que reside o humor da figura. É uma questão de adequação da linguagem ao contexto comunicativo, como já dissemos anteriormente. Já que estamos tratando de adequação da linguagem, aproveitamos para finalizar esta unidade reforçando que a língua é um mecanismo dinâmico. Apesar de serem estabelecidos preceitos que determinam como a língua deve ser utilizada, de haver uma estrutura relativamente estável que a descreva, os falantes, nos processos de comunicação oral ou escrita, moldam a linguagem de acordo com suas necessidades, com a característica de seu estilo, com a afirmação de sua identidade. Esses movimentos
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