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Monica - Revisão Unidade I



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REVISÃO UNIDADE I – 25/10/2016
PESQUISA E DIMENSÃO INVESTIGATIVA NO SESO (GUERRA, NETTO)
- Dimensão investigativa + dimensão interventiva = dialética do modo de ser da profissão
- Dimensão investigativa: constitutiva do exercício profissional e da formação profissional
- Pesquisa orienta e instrumentaliza a ação profissional e a ação interventiva  contribui para o entendimento das
demandas imediatas e sua reconstrução numa perspectiva crítica.
PESQUISA NO SESO
- Elemento essencial e subtantivo da formação profissional
- Projeto pedagógico (1996)
- Lei de regulamentação (1993): atribuições e competências
- Código de Ética (1993): compromisso com a qualidade dos serviços prestados e aprimoramento intelectual.
- Atesta a maioridade intelectual do SESO
- Déc. 70: reconhecimento da pesquisa como elemento substantivo da profissão.
- Déc. 80: consolidação com as revisões curriculares e reconhecimento como área de produção de conhecimento
(CNPQ)
- Maioridade intelectual  adoção do referencial teórico-metodológico marxista, unidade dialética entre
investigação/intervenção, teoria/prática.
- Diferenças entre o exercício investigativo do pesquisador acadêmico e o profissional do SESO (NETTO):
Pesquisador acadêmico: produção de conhecimento, pesquisa em tempo integral, sem compromisso imediato com
a prática.
Profissional: pesquisa como subsídio para uma intervenção determinada.
No exercício profissional: precondição para um exercício profissional qualificado; inerente ao exercício profissional,
competências e atribuições.
A pesquisa deve ser atividade permanente do assistente social.
Pesquisa sobre
a) Condições e relações sob as quais se exerce a profissão
b) Condições e relações de vida, trabalho e resistência dos que recebem os serviços – clareza teórica sobre a
questão social.
A pesquisa sobre a questão social e seus fundamentos incide sobre os “modos e meios de responder às demandas
profissionais”.
O que é pesquisa: mediação entre realidade e conhecimento
O que é o conhecimento Processo de elucidação da realidade.
Graus e níveis de conhecimento:
a) Pela intuição: apreensão imediata (aparência) da realidade pelos sentidos -> utilitarista e pragmática.
b) Pelo entendimento: leitura da realidade pelos seus elementos empíricos. Não questiona a aparência.
c) Pela razão crítico-dialética: apreensão da essência do real.
Questiona e nega a aparência  nível de conhecimento mais alto.
Ponto de partida do conhecimento: o que é dado, a aparência, o empírico  superação da aparência
para apreensão da essência.
SE APARÊNCIA E ESSÊNCIA COINCIDISSEM, A CIÊNCIA SERIA SUPÉRFLUA.
Método dialético: reprodução ideal do movimento do real
Categorias nucleares do método dialético de Marx (reflexivas e ontológicas):
a) Totalidade: realidade é totalidade em processo. Composta por “totalidades parciais” também em
processo que estabelecem conexões/nexos entre si O TODO É MAIS QUE A SOMA DAS PARTES!
Ponto de vista da totalidade para análise de indicadores: conexão entre o indicado pelos
indicadores e a realidade mais ampla
Perspectiva crítica: questionar o que os indicadores apresentam pela inserção numa realidade mais
ampla e complexa.
b) Mediação: se refere à relação entre os processos e totalidades. Conexão entre os níveis do real:
universal, particular e singular é por mediações.
O universal e o singular se relacionam pela mediação do particular  mediação para recompor a
dimensão mediata/mediada da realidade.
c) Contradição: “princípio básico do movimento constitutivo da realidade”
Forças que se opõem e se confrontam permanentemente.
PESQUISA COM BASE NAS CATEGORIAS NUCLEARES – capacidades do assistente social:
a) Teórico-metodológica
b) Ético-política
c) Técnico-operativa
A pesquisa passa por essas três esferas  pesquisa como elemento constitutivo da
própria intervenção do AS.
Dimensão investigativa + dimensão interventiva = dialética do modo de ser do
profissional.
“Se o conhecimento crítico é um dos caminhos para a liberdade, autonomia, competência e compromisso, não se compreende os
novos cenários, não se enfrenta a barbárie social, não se combate a ofensiva neoliberal, se não estabelece alianças com a
sociedade civil organizada, não se alcança novas legitimidades profissionais, não se efetiva os princípios e valores do projeto
profissional, não se forma profissionais críticos e competentes, sem a pesquisa científica” (guerra, p. 17)
INDICADORES SOCIAIS: CONCEITOS MAIS USADOS E HISTÓRICO
Utilizados para planejamento governamental, subsídio nas atividades de planejamento público e formulação e
avaliação de políticas sociais.
Movimento dos indicadores sociais: década 1960 para monitorar as mudanças sociais resultantes da intervenção
social do Estado.
Abordagem funcionalista “disfunções” do “organismo social” que precisam ser “corrigidas”.
Estado como árbitro do bem-comum - corrigir as “disfunções” por procedimentos técnicos supostamente neutros.
Fetiche da técnica.
Visão tecnicista e otimista dos indicadores sociais: capazes de orientar ações do Estado para promover o bem-
comum.
Déc. 70: “boom” dos indicadores  por organismos internacionais (ONU e BM), estudos comparativos em escala
mundial, elaboração de relatórios (PNUD e BM).
Déc. 80: desprezo pelos indicadores sociais privilegiamento dos indicadores estritamente econômicos.
Reação burguesa à crise: retraimento da intervenção social do Estado, reconfiguração sistemas de proteção social.
Déc. 90: contexto neoliberal ressurgimento dos indicadores sociais, destaque indicadores de pobreza.
PNUD cria novos índices para medir “desenvolvimento humano” e pobreza.
Novo significado pobreza multidimensional, não apenas insuficiência de renda.
Brasil: planejamento governamental déc. 70, contexto de crise do regime autoritário.
Planejamento governamental e visão tecnicista: técnica como neutra e eficiente  afastamento das massas do
planejamento governamental.
Planejamento governamental e controle social.
HOJE: gestão pública, sob véu da neutralidade da técnica e “ótica gerencialista” do Estado.
CONCEITUAÇÃO DE INDICADORES SOCIAIS – Paulo Jannuzzi
a) “medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para
substituir, qualificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico
(para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas)”
b) “recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da
realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma”
c) “traduz em cifras tangíveis e operacionais várias das dimensões relevantes, específicas e
dinâmicas da realidade social”
Pesquisa acadêmica: “elo de ligação entre os modelos explicativos da teoria social e a evidência
empírica dos fenômenos sociais observados”
Implementação de políticas: “instrumento operacional para monitoramento da realidade social,
para fins de formulação e reformulação de políticas públicas”
Dados brutos ou estatísticas públicas para a construção de indicadoresmatéria prima.
“Estatísticas públicas correspondem ao dado social na sua forma bruta, não inteiramente
contextualizado em uma teoria social ou finalidade programática, só parcialmente preparado para
uso na interpretação empírica da realidade” (Jannuzzi).
Estatísticas públicas proveem de censos demográficos, pesquisas amostrais e cadastros públicos 
IBGE, Agências Estaduais de Estatística, Secretarias e Ministérios.
Um indicador social isolado não representa um determinado aspecto da realidade elaboração de
sistemas de indicadores sociais.
CONSTRUÇÃO
1. Definição operacional preliminar do conceito abstrato ou temática a que se refere o sistema
2. Especificação das dimensões do conceito abstrato
3. Obtenção das estatísticas públicas pertinentes
4. Combinação das estatísticas disponíveis para computação dos indicadores.
Exemplo:
1. Conceito abstrato ou temática: Condições de vida – nível de atendimento das
necessidades materiais básicas para sobrevivência e reproduçãosocial da
comunidade
2. Dimensões: a) condições de saúde; b) educação; c) habitação; d) trabalho
3. Dados ou estatísticas públicas: a) atendimento médico oferecido, óbitos
registados; b) matrículas realizadas; c) quantidade de domicílios com acesso à
infra-estrutura de serviços urbanos; d) volume de empregados e desempregados
4. Combinação de dados, para computação de indicadores sociais: Taxa de
mortalidade infantil, taxa de cobertura escolar, taxa de desemprego, etc.
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES SOCIAIS SEGUNDO JANNUZZI
1. Por área temática: temáticas simples; temáticas complexas.
2. Objetivos (ocorrências concretas, empíricas, quantitativas, construídas a partir de estatísticas públicas);
subjetivos (pela avaliação de indivíduos ou especialistas, qualitativo, construídos por pesquisas de opinião).
3. Por quantidade de informação: simples/analíticos (análise de questões específicas) e complexos/sintéticos
(sintetizar mais de uma dimensão da realidade, índices).
4. Por natureza do indicado, para avaliação de políticas e programas sociais:
a) indicador-insumo: recursos disponíveis (humanos, financeiros, infra);
b) indicador processo ou fluxo: esforço operacional de alocação de recursos para obtenção de resultados;
c) indicador-resultado: avaliação da eficácia do programa;
d) indicador-impacto: efeitos e desdobramentos gerais da programa ou política.
Exemplo de avaliação de programa transferência de renda por indicadores de
natureza do indicado:
Avaliação da relação custo-benefício das políticas e programas sociais  resultados devem ser compatíveis com os
recursos e esforços dispendidos, gastados.
Os indicadores devem avaliar a
a) Eficiência: recursos empregados, formas e esforço de alocação
b) Eficácia: alcance dos objetivos
c) Efetividade: desdobramentos sociais dos programas e políticas sociais
FASES PARA AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS E POLÍTIAS SOCIAIS COM USO DE INDICADORES:
CRÍTICAS DE IVANETE BOSCHETTI A ESSAS METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS/POLÍTICAS
a) Abordagem sequencial, linear
b) Separa a teoria do método
c) Abordagem tecnicista
d) Operacional/utilitarista
Proposta de Boschetti: avaliação do quadro institucional + análise qualitativa
Concepção que alia teoria e método concepção teórico-metodológica
Objetivo “perspectivas correntes”  determinar, definir, identificar o valor, a validade de algo; medir ou
apreciar o merecimento, a intensidade de uma política social numa determinada conjuntura.
Juízo de valor pela relação entre objetivos e resultados/efeitos
Indicadores para medir ações públicas e fornecer “receita” para um “bom governo”.
Indicadores instrumentos de avaliação de políticas/programas que se baseiam na suposta neutralidade da
técnica para um melhor planejamento e ação governamental.
Déc. 90: ótica gerencialista dos recursos públicos e da ação do Estado  lógica da relação
custo-benefício.
Lógica de mercado X lógica pública
Avaliação de PS deve determinar e apontar em que medida elas são capazes de expandir e
garantir direitos, reduzir desigualdade social e promover equidade.
Implementação de políticas socais é processo de formulação, execução e consolidação de
direitos e serviços sociais não apenas uma sucessão linear e etapista de ações.
PROPOSTA DE BOSCHETTI AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS SOCIAIS
Avaliação + análise do significado e conteúdo das políticas sociais e programas.
Análise qualitativa e concepção teórico-metodológica de políticas sociais.
O que é PS
A avaliação de PS deve ir além da elaboração e utilização de métodos e técnicas  deve considerar o significado do papel do Estado e
das classes sociais no enfrentamento à questão social, na construção de direitos, cidadania e democracia.
Superação de abordagens unilaterais
a) Gênese da política social
b) Efeitos da política social
Combinação/dialética: é resultado da luta da classe trabalhadora e da ação do Estado; é funcional ao capital mas também ao trabalho.
Multicausal, multidimensional, multifuncional.
Gênese e desenvolvimento de PS conecta 3 elementos:
1. Natureza do capitalismo, grau de desenvolvimento capitalista e padrão de acumulação.
2. Papel do Estado na regulamentação e implementação das políticas sociais
3. Papel das classes sociais.
Com base nessa concepção de PS que Boschetti constrói sua proposta de avaliação de políticas sociais.
Adoção de um rigoroso instrumental metodológico, mas sempre determinadas e direcionadas pelas referências teóricas adotadas
pelos avaliadores, que atribuirão sentido e significado ao conteúdo da avaliação.
SUGESTÃO DE BOSCHETTI DE ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS PARA AVALIAÇÃO DE
POLÍTICAS E PROGRAMAS SOCIAIS
Conhecimento do quadro institucional: análise do quadro institucional atribui sentido aos
indicadores levantados/produzidos.
Os objetivos da proposta :
a) Analise da política social em sua totalidade
b) Revelar o caráter contraditório entre as dimensões normativas e operacionais
c) Articular os determinantes estruturais e econômicos da PS com seus determinantes
políticos
Eliminar o simplismo teórico, a visão etapista e a supervalorização da PS, compreendendo seus
limites mas também suas possibilidades.
1. Direitos e benefícios estabelecidos X assegurados/implementados
Indicadores sociais vão servir para explicitar:
A) Natureza
B) Função,
C) Abrangência
D) Critérios de acesso e permanência
E) Articulação com outras políticas
2. Configuração do financiamento
Indicadores para explicitar:
A) Fontes de recursos
B) Direção dos gastos
C) Magnitude dos gastos
3. Gestão e controle social democrático: CF88
Indicadores:
A) Relação entre esferas governamentais (gestão descentralizada)
B) Relação entre Estado e ONGs
C) Participação e controle social democrático
Indicadores sociais servem para:
a) Primeira aproximação dos fenômenos e processos sociais
b) Instrumentalizar análises e qualificar as lutas dos movimentos sociais
c) Pesquisa das manifestações da questão social em sua expressão imediata
d) Pesquisa das condições de vida e trabalho dos usuários
e) Pesquisa sobre as condições de formação e trabalho dos AS
f) Avaliação dos limites e possibilidades das PS na garantia de direitos e serviços
g) Questionar hipóteses e teorias, derrubar preconceitos e estigmas, superar a
aparência e o senso comum.